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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12402: Controvérsias (129): Pequena reflexão


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem.

Pequena reflexão

Hoje venho exercitar a função de copy / paste dum texto meu no facebook mas que teve na sua génese um conjunto de opiniões que me pareceram pouco consistentes com uma postura mais digna de ex combatentes ao lado dos quais tive muito orgulho em combater e com quem, periodicamente, também relembro e conjecturo sobre o passado.

A tarefa é-me difícil pois pode criar mal-entendidos mas esse é o risco que quero correr.

Caríssimos camaradas, não misturemos as coisas!

No real confronto com um cenário de guerra, todos nós fomos actores de atitudes, gestos, opiniões enfim, das quais hoje não nos orgulharemos, mas que nem por isso deixaram de fazer parte do nosso ADN alterado com essa dura realidade. 

A temática "minas" é uma daquelas à qual não se passa indiferentemente quer na perspectiva de quem as montou, de quem as desmontou, de quem por elas cravou os dentes na terra e se retorceu com as dores, quer mesmo daqueles que viveram aqueles horrores apenas pelo som das detonações...

Tudo isso alterou o tal nosso ADN psicológico ( para não falar de outros ) mas temos que continuar a viver sem falsos pudores pois fomos coagidos a fazê-lo.

Não nos martirizemos com esse passado, de nada nos valendo agora atirarmo-nos como gato a bofe a gajos que não tiveram nada a ver com isso!

Os nossos políticos, por exemplo, são uma camada de putos imbecis que nem à tropa foram pelo que não podem ser intitulados de cobardes ! Refiro-me à enorme maioria que hoje engrossam as fileiras dos partidos desde a extrema esquerda à extrema direita!!

O nosso problema deve ser outro ! Por razões que os sociólogos melhor nos explicarão, o povo português tem nas suas características intrínsecas, coisas absolutamente extraordinárias mas também ostenta genes da mais baixa índole dentre os quais menciono a maledicência, a inveja perante o sucesso dos outros e a incapacidade total de elogiar o parceiro do lado e de o aplaudir.

Pelo contrário, somos mesquinhos e isso reflecte-se de geração em geração e agora, cá estamos a zurzir as nossas frustrações nas orelhas de inocentes... Para quem me estiver a ler, não confunda ! Estamos a falar de guerra e de minas e nada mais!!!

Confrontemos os nossos (des)governantes com as actuais políticas e sobre isso exijamos-lhes responsabilidade e punição pelas atitudes dolosas!

Tudo o mais, ao aceitarmos entrar numa discussão de culpabilização tipo caça às bruxas, põe-nos ao nível deles.

Eu não entro nessa.

Abraços para todos e bom Natal para cada um e respectiva família.
____________ 
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12167: Blogoterapia (238): Descansa em paz, Luís Faria (1948-2013), meu amigo, meu camarada (António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72)

1. Comentário do António Matos (ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72) (*):


À laia de discurso fúnebre e para os amigos e conhecidos comuns, deixo aqui a minha homenagem póstuma ao Luis Faria que a emoção não permitiu verbalizá-la in loco.

"Luís,

A bombástica e surpreendente notícia do teu falecimento tolhe-me o discernimento para articular as palavras que gostava de te dirigir aqui e agora.

Contudo, recordo que bastos foram os bons 
e os menos bons momentos que passaram a constituir o acervo da nossa amizade.

Foram várias as fases das nossas vidas que, ao se cruzarem, alicerçaram essa amizade e a tornaram muito sincera, verdadeira, fraterna e sempre condimentada com o sal das nossas diferenças comportamentais, os feitios e a postura face às agruras e felicidades do momento.

Recordo-te desde os tempos liceais em Guimarães onde, um dia, te "contratei" para fazeres parte dum número musical numa récita de finalistas atendendo à tua mestria no domínio da viola...


Posteriormente, viemos a encontrar-nos aquando dos nossos tempos militares...

Apresentámos-nos ambos nas Caldas da Rainha mas logo nos separámos com o meu ingresso em Mafra...

Com os preparativos da ida para o ultramar, fui para os Açores de onde embarquei.

Um dia, na viagem a bordo do Carvalho Araújo, alto mar, descubro que seguias também nessa odisseia ...




Uma vez na Guiné, fomos para locais diferentes; tu para Teixeira Pinto e eu para Bula mas em 1971/72, voltamos encontrar-nos fazendo parte da equipa de montagem (e posterior desmontagem) daquele imenso campo de minas ao longo de cerca de 10 kms ...

Foram tempos terríveis mas que executámos com a perícia, a garra e a sorte que só a frescura dos nossos 20 anos permitiu ...

Regressados e com arraiais montados na zona de Lisboa, cada um a seu tempo casou, apareceram os filhos, e partilhámos vidas ...

Integrámos os nossos familiares no núcleo duro do nosso habitat ...

Conheci os teus pais, os teus sogros, conheço os teus irmãos, cunhados, sobrinhos ...Apadrinhei o teu filho ...

O tempo passava ...

Mantivemos sempre o contacto quer pessoal quer através das redes sociais quer mesmo através das intervenções que ambos fazíamos no blog da Guiné ...

Hoje, sem aviso prévio, de surpresa, com a saudade a instalar-se em todos nós, foste embora ...

Descansa em paz, Luis Faria !" (**)

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 16 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12157: In Memoriam (162): Faleceu ontem, dia 15, o Luís Sampaio Faria, que foi Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72; tinha 65 anos (1948/2013), era natural de Felgueiras, vivia em Paranhos, Porto. O funeral é 5ª feira, dia 17, pelas 15h00, na igreja de Paranhos (Magalhães Ribeiro)

(**) Último poste da série >  14 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12149: Blogoterapia (236): Sê feliz, Cátia (Paulo Santiago)

domingo, 21 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11437: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (20): Resposta (nº 36): António Matos, ex-alf mil minas e armadilhas, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72

1. Resposa do António [Garcia de] Matos,  ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72,


Assunto: 9º aniversário do blogue + prova de vida + questionário ao leitor

Caríssimo Luís Graça,

Bons olhos te vejam, bons ouvidos te ouçam e bons postes te bloguem !

Tenho imenso prazer em te dizer que continuo vivo e como tal aqui venho dar a minha prova de vida respondendo ao inquérito (*). Lá vai :


(1/2)  Quando descobri o blogue ? A data ? Não sei responder a essa tão prosaica questão mas, calcula, foi na festa de casamento da filha do camarada Luís Faria ! Nessa altura ele falou-me da existência do blogue e quando regressei a Lisboa tive a curiosidade de ver do que se tratava.... Gostei e fiz a minha "apresentação"...

(3) Foi um período que recordo de grande dinamismo do blogue onde eu tive ocasião de participar activamente durante uma catrefada de tempo com as minhas intervenções. Depois ...

(4)... depois a coisa foi esmorecendo (é usual com o passar dos anos ... ) , foram aparecendo questiúnculas e outras interessantes participações noutros foruns em desfavor do MEU blogue sobre os tempos de guerra

(5) Hoje visito-o muito esporadicamente ... Por isso não tenho participado como gostaria

(6) Conheço o espaço facebookiano.

(7) Pelas razões já abordadas, é tão esporádico ir ao facebook como ao próprio blogue.

(8/9) Sou um grande utilizador do facebook mas acho que o blogue torna-se mais "friendly" [amigável] do que ele.

(10) Não tenho notado [ dificuldades no acesso] ...

(11) Refiro-me ao blogue ( a minha opinião é sustentada na experiência que tive e admito que esteja ultrapassada ); este blogue teve um impacto imenso em mim. Fui dos que vim da Guiné com os meus problemas TODOS resolvidos,  daí que não precisei de catarse para restabelecer os meus índices de integridade, felizmente.

Porém, a constatação do abandono que os combatentes portugueses tiveram face ao carinho, admiração, elogio, gratidão, etc. com que os nossos pares são tratados no estrangeiro, revoltou-me particularmente.  As homenagens, por exemplo, aos americanos, mortos ou vivos, envolvidos no Vietname, continuam a ter aquele efeito demolidor de me pôr o beiço a tremer e as lágrimas a saltarem num sentimento de total solidariedade com eles !

Cá, e porque pertenci ao oficialato do exército português, sou agraciado com 0,40 € por dia !! Sujeito a descontos !! E ainda tenho que ser solidário com uma governança que, numa grande maioria, ainda andava de fraldas naquela altura ...

(12) Não [, nunca participei em encontros anteriores].

(13 )  Não estou a pensar [participar neste].

(14 ) Desculpa, Luís Graça, mas eu acho que o blogue sofre do que tudo na vida sofre : cansaço. Sou
de opinião que deveria ser reinventado pois as potencialidades do acervo que já adquiriu o merece ! O trabalho dos colaboradores mais activos será sempre de elogiar mas, parece-me, com conteúdos esgotados. Digo isto com todo o respeito por quem participa mas se neste momento eu abrir o blogue, não vou ser surpreendido com temas fora dos aniversários, das mortes, das notícias de que vai haver um encontro e ... e ... pouco ou nada mais.

Pedir-me-às alternativas e eu respondo que a tanto não me permite o engenho e a arte ... Isto não pode ser impeditivo de se estudar um voltar de página ! Porque não as histórias de vida de cada um nos 40 anos subsequentes aos da nossa guerra ? Como se processou a reintegração individual ? Como vivem ? De que forma se amarfanham com as recordações do tempo de armas ? Que traumas carregamos ? Não só os físicos mas também os psíquicos !

Que estórias contámos aos nossos filhos ? E aos nossos netos ? E às nossas companheiras ? E aos nossos pais ? Que sabemos nós dos seus sofrimentos por nós ?

Luís Graça, o que acabo de escrever não foi sujeito a qualquer re-leitura. Foi ao correr da pena com o coração nas mãos !

Um abração! António
__________________________

Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Se não, porquê ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

______________

Nota do editor:

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9888: (Ex)citações (178): Estrutura do campo de minas (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos uma mensagem a propósito da guerra das minas em Bula, publicada em 4 de Maio de 2012 no poste P9850, da autoria do nosso Camarada Luís Faria e onde havia colocado o seguinte comentário: 

"Caro Luís, viva!

Mais uma vez dou uma espreitadela ao blog, rodopio o botão do rato 1/2 dúzia de vezes e detenho-me nesta tua dissertação àquelas aventuras danadas que vivemos conjuntamente. 

Venho aqui para te mandar um abraço e faço-o com a possibilidade de ser extensível a toda a rapaziada que o queira receber.

Falaste de minas e provocaste-me aquele ódio de estimação que elas ainda hoje me causam.

Regredindo àqueles anos 1970/72, plantados que fomos em terra Balanta, acampados em Bula e na área que hoje chamaríamos de grande Bula (à semelhança do grande Porto ou grande Lisboa)- Augusto Barros, Mato Dingal e João Landin - dou por mim, uma vez mais, a suar frio e a acelerar o ritmo cardíaco enquanto desfilam em frente aos meus olhos fechados as mais dilacerantes cenas de gritos de dor por partes do corpo arrancadas brutalmente pela deslocação de ar e perante a impotência de evitar o mal que se instalara já...

Aproveito, entretanto, para mandar uma boca sobre o croqui que desenhaste sobre a disposição das minas nos cachos pois não está correcto.

A incorrecção está no facto de mencionares ( se bem entendo o desenho ) 5 minas por cacho quando elas eram apenas 4: a célebre portuguesa colocada na perpendicular à linha imaginária entre os dois pontos escolhidos como referência do troço e a 1 metro e 1/2 dessa linha; depois e em relação a esta mina, havia outra a 1 metro e 1/2 para a esquerda, outra a 1 metro e 1/2 para a direita e outra ainda a 1 metro e 1/2 para a frente.


Estas 4 minas desenhavam um semi-círculo cujo seguinte mantinha a mesma estrutura mas do lado oposto à tal linha imaginária e assim sucessivamente ao longo de 9 kms e em duas fiadas mais ou menos paralelas.


A densidade de minas por metro quadrado era imensa e tornava-se tarefa quase impossível atravessar o campo sem accionar uma delas.

Já muito se escreveu sobre o número que tu referes como tendo sido um total de 10.000 engenhos.

Eu faço um desafio: se calcularem haver 12 minas colocadas por cada 10,5 metros e se depois multiplicarem por 2 (foram 2 fiadas paralelas), verão que o total foi de 20.000 minas!

Quanto à finalidade daquele campo de minas, tens razão nos teus argumentos pois aquela arma de guerra tinha como finalidade primeira o dificultar dos reabastecimentos entre o IN instalado em Ponta Matar e o de Choquemone (este mais saltitão).

A esta distância ponho-me a pensar no confrangedor amadorismo com que encetámos aquela tarefa a qual era observada pelo inimigo empoleirado nas árvores de tal modo que só apanhámos indivíduos avulso enquanto o Nino passava com várias dezenas de guerrilheiros e não accionavam uma única!

Sirva-nos a experiência para sermos fervorosos pedagogos na abolição de tão execrável material de guerra nos conflitos que por aí andam..."

Camaradas,

Aproveito também para referir que ao reler um comentário que fiz ao poste P9850 do Luís Faria - "Viagens... 52"- convenci-me que pode ter ficado pouco clara a descrição que feita.

Peguei numa folha de papel e rabisquei a estrutura do campo de minas (Bula - S. Vicente) em complemento ao tal comentário.

Anexo esse papelucho pela curiosidade que possa provocar aos que não viveram este tipo de situações. 


Abraços fraternos,
António Matos
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
_____________
Nota de M.R.:

domingo, 27 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9105: (Ex)citações (160): Na convicção que a ideia possa germinar (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem: 

Camaradas,

Na sequência do meu anterior texto, e perante um comentário do Manuel Maia, aqui deixo um desafio para consideração dos tabanqueiros. 



Na convicção que a ideia possa germinar 


Não me peçam para corroborar as palavras de Otelo Saraiva de Carvalho! 

Não me peçam para encarneirar com as palavras de Vasco Lourenço! 

Peçam-me, sim, para ser coerente! 

Realista! 

Homem do meu tempo! 

Sem pretensões mediáticas! 

Solidário! 

Amigo! 

Após o meu último post e ainda que na versão dum "encore", li e reli os amáveis comentários que agradeço e sobre os quais reflito. 

Chama-me uma particular atenção o do Manuel Maia. 

Acho-o extraordinário de pertinência e adiro incondicionalmente à escolha duma data fora de todo e qualquer contexto, para homenagearmos os nossos camaradas mortos na guerra do ultramar. 

Façamos algo que nos possa encher o coração e nos aproxime daqueles que tombaram ao nosso lado só porque aquela bala os escolheu e nos deixou prolongar esta nossa existência à qual merece ser dado um sentido humanista e de grande perenidade. 

Desconheço qualquer estatística que distribua geograficamente os camaradas desta tabanca afim de estabelecermos o local da 1ª concentração magna de quem assim o entender, mas estarei presente onde quer que seja para recordarmos todos aqueles com quem partilhámos parte das nossas vidas e de quem nem sempre tivemos tempo para nos despedirmos condignamente. 

Não misturemos as coisas; o Natal tem já o seu significado; a Páscoa também; os feriados alusivos a isto ou aquilo, reservam-se a isso mesmo. 

A homenagem aos nossos mortos é quando um homem quiser e não faltam sábados ao longo do ano para deles dedicarmos 1 a esta efeméride. Assim haja vontade! 

Nada como dar o 1º passo! Temos tempo para programar as nossas vidas mas alvitro já o dia 14 de Janeiro

Porquê? Simplesmente porque sim! 

Onde? Eu estou em Lisboa pelo que opto por Coimbra

Se isto tiver pernas para andar (depende apenas das adesões expressas), deixava já o desafio a um dos camaradas (Vasco da Gama não é da zona?) para apenas tratar duma cerimónia alusiva e propícia a uma recolhida saudade. Que me dizem? Vamos nisso? 

Aqui o blog será o repositório das adesões pelo que ficamos à espera, não de desculpas para não irmos mas sim de manifestações positivas desta nossa vontade! 

Bem hajam! 
António Matos 
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790 
__________ 
Notas de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9092: (Ex)citações (158): Homenagem aos nossos mortos não tem data! É quando um homem quiser! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:

Homenagem aos nossos mortos não tem data! É quando um homem quiser!

Camaradas,

Para lá duma forte comoção que me invadiu o coração em dia de greve geral a qual me permitiu dedicar o tempo "à limpeza" de muito lixo acumulado no computador, descubro inadvertidamente este texto nos meus arquivos que me sobressaltou pela saudade, pela dor e pela juventude passada...

Fiquei confuso sobre a oportunidade de uma re-publicação mas isso deixo ao critério dos editores e o que decidirem está bem decidido.

Dizia eu em 2008 :

Cá volto eu outra vez nestes primeiros contactos de Tabanca, recordando outras tabancas lá por terras de poucas saudades, onde deixei muita da pureza da minha meninice, alguns dos amigos que fiz desde os Arrifes em Ponta Delgada e que tinha jurado trazê-los de volta ao colo das suas Mães, aos abraços enternecedores dos Pais, aos beijos das namoradas...

Tal não se concretizou e hoje, ao ver os rostos daqueles que eram meninos, confrange-me o sofrimento incalculável de quem tenha recebido um telegrama a anunciar uma morte por actos de bravura em defesa da Pátria !!!!

Caramba, muitos dos nossos camaradas morreram tão simplesmente por serem os homens errados, no sítio errado à hora errada!

Muitos de nós não tinham tido sequer tempo de interiorizarem o quanto essa Pátria ( que hoje os esquece em favor de outros que seguem para missões de meia dúzia de meses e a troco de belas fortunas ), lhes pediu, de borla, para que fossem heróis na medida das suas forças!

Caramba, eu vi miúdos a chorar na caserna com saudades dos seus familiares !

Caramba, eu vi miúdos a baterem-se com uma heroicidade contagiante pela defesa do camarada em apuros que lhe estava ao lado!

Caramba, eu vi miúdos a fazerem frente a um contingente de guerrilheiros liderados pelo Nino Vieira!

Caramba, eu vi miúdos a caírem nas minas e a ficarem decepados!

Caramba, meus caros, eu vejo, todos vemos, o abandono a que esta Pátria nos relegou!

Não, não faço parte de qualquer associação de apoio aos ex-combatentes; nunca me disponibilizei a engordar as filas de manifestantes que se propõem zelar pelos interesses de todos nós; nunca expus publicamente o meu desencanto com os sucessivos (des)governantes que têm passado pelos corredores dos Passos Perdidos numa atitude de vil desrespeito por esta geração que é a minha; mas agora, do alto da palhota da minha Tabanca, tento compreender o meu tempo e as novas gerações onde já pontuam os meus filhos, os meus netos, e os filhos e os netos dos meus camaradas de armas.

Os tempos deram uma grande cambalhota e os valores alteraram a sua ordem hierárquica.

Hoje pertencemos a uma geração que sendo sobrevivente a uma guerra, assiste à transformação do paradigma da vida.

Hoje há filhos a morrer antes dos pais pelas mais diversas razões: droga, uso indevido de armas, acidentes viários, gangsterismo, AVC's, stress, incertezas profissionais, etc., etc., etc.

Duvido que esta juventude tenha alguma simpatia pelo conhecimento desta aventura africana na qual os seus pais se envolveram.

Têm tanto com que se preocupar...

Enfim, em dia de todos os mortos, rendo-me à memória de todos aqueles que partiram dirigindo às respectivas famílias o meu sentido silêncio já que as palavras teimam em não sair pelo nó que se forma na garganta.

Voltarei mais tarde para me dedicar também às ocasiões que nos faziam rir.

E foram muitas...

Abraços,
António Matos
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
__________
Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

15 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9046: (Ex)citações (156): A recensão a Pami Na Dondo foi feita não ao livro mas à pessoa do autor (Mário Fitas)


domingo, 17 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8118: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (4) : Não é o filho pródigo de volta a uma casa que tem como sua! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 15 de Abril, a seguinte mensagem:
Um pequeno texto em tom de olá a todos!
Não! Não é o filho pródigo de volta a uma casa que tem como sua;
que ajudou a construir enquanto teve tijolos disponíveis;
que refez uma ou outra parede que se inclinava perigosamente desacautelando a integridade intelectual bem mais do que a física;
que se ausentou para outras paragens;
que tentou novas abordagens que a expectativa espicaçava;
que se emociona num crescendo à medida que o tempo passa e lhe vêm à memória cenas duma vida ultrajada;
não! não! não!
Não é um filho pródigo quem aqui vos vem visitar por um mero sentimentalismo bacoco a pedir meças às exaltadas consciências de outros pródigos mais ou menos bacocos também...
Em 10 de Novembro de 1971, comemorei o meu 23º aniversário.
Em vez dum bolo tive um prato de arroz com arroz;
Em vez de velas, iluminava aquela noite um petromax;
Em vez do frio invernoso a que estava habituado nos Novembros, tive uma noite quentíssima...
Em vez de palmas e alfarreás, tive um tiroteio!

Passaram-se 40 anos e sou localizado por um ex-furriel do Esquadrão das Panhards de Bula que me socorreu em Augusto Barros naquela longínqua noite...

Os bons demónios que há em nós também dormem e também se agitam quando sobressaltados...

Comoveu-me o Leonel Olhero pela gentileza do seu contacto via facebook naquele dia de 2010...

Daí a ser convidado para o almoço de confraternização das suas gentes, foi um ápice!

Estive lá (Coimbra) e foi muito bom reconhecer outros camaradas como o ex-alferes Barbosa (O Bigodes) e o ex-capitão Ruben.

O ambiente e o espírito foi-me familiar, razão pela qual considerei um verdadeiro clik para vir aqui postar este testemunho em prol das amizades feitas naqueles tempos e que perduram, pesem embora as 4 dezenas de anos de silêncios que as tecnologias, finalmente, desfizeram.

Abraços,
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
__________
Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:
16 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8113: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (3): Que rica é a nossa Tabanca (Albino Silva)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7268: Nome de código Chaminé (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 11 de Novembro de 2010, a seguinte mensagem:

Nome de código Chaminé

A operação foi preparada discretamente…

Ao fim da tarde reuni os meus mais exímios soldados e pedi-lhes que se preparassem para a acção.

Objectivo, estratégia e progressão, seriam desvendados em cima da hora para evitar fugas de informação e as consequentes interferências.

Ao cair da noite, fiz o ponto de situação e dei os últimos retoques no atavio daqueles homens.

Homens e algumas mulheres pois naquele dia havia mulheres grandes da tabanca que se mostraram absolutamente determinantes no sucesso da investida na sua qualidade de apoio psicológico uma vez que mantinham relações de parentesco com eles.

No total éramos 11 a formar o grupo de assalto que levaria a cabo o golpe de mão.

O resto do pessoal foi dispensado ainda que só o viessem a saber no dia seguinte estranhando, contudo, a ausência de alguns dos camaradas com quem costumavam disputar longas sessões de lerpa.

Debruçados sobre o mapa da zona, indiquei-lhes o ponto onde perpetraríamos o assalto.

Elegi quem tomaria o comando caso um azar me pusesse KO.

Verificámos as munições e partimos.

Numa 1ª fase avançámos rapidamente até se detectar o primeiro obstáculo.

Tomámos posições defensivas e eu avancei para uma observação pormenorizada.

Era uma mina, porra!

Não estava enterrada mas estava armada o que fazia supor ter sido assim colocada para nos distraírem de eventuais outras armadilhas.

Era de forma cilíndrica com o percutor bem à vista e o detonador pronto a estoirar.

O material explosivo não era sólido o que dificultava o manuseamento.

Calculei os riscos e optei por desmontá-la para que um rebentamento provocado não viesse a denunciar a nossa aproximação.

Parecia não estar armadilhada e não tinha cordão de tropeçar.

Inspeccionei-a pela esquerda, depois pela direita.

Felizmente a temperatura fria da noite jogava a nosso favor.

Hoje recordo que os homens (não tanto as mulheres) se entusiasmaram demasiado e aproximaram-se para além dos limites de segurança para verem os pormenores.

Uuaauuuu! esta já estava!

Recolhidas as peças, continuámos em direcção ao nosso objectivo.

Felizmente que tudo estava muito bem planeado pois pelo caminho ainda tive que desactivar mais 4 engenhos semelhantes e mesmo assim, às 4 da manhã estávamos emboscados em semi-círculo frente a umas sentinelas que não se aperceberam da nossa aproximação.

Havia agora que as eliminar e para isso munimo-nos de facas e numa deslocação de verdadeiro bailado em pontas, surpreendemo-las sem grande alarido.

Num excesso de zelo que se justificava, a cada inimigo a quem espetávamos a faca, confirmávamos o seu aniquilamento com um género de forquilha com que lhe perfurávamos as entranhas.

Recuperadas todas as armas e munições que estavam naquele acampamento, apressámo-nos no regresso evitando qualquer reacção de algum grupelho que por ali andasse.

Chegámos ao quartel e reunimos para de imediato se fazer o relatório da operação.

As minas tinham inscrições em português!

Fabricadas num depósito de armamento ofensivo no Alentejo!

Estavam numeradas.

O explosivo, líquido e escuro, desaparecera, deixando-nos sem qualquer hipótese de o estudar.

Tivemos sorte pois deve ter-se vertido sem contudo provocar qualquer acidente.

Não era corrosivo o que afectaria o soldado que o trazia no burnal caso lhe chegasse à pele.

Tinha o nome de código Chaminé.

Passámos ao segundo ponto do relatório.

O inimigo era muito numeroso mas apanhado de surpresa como foi, soube-nos a pouco.

As facas, esmeradamente afiadas, cortavam as fatias do lombo do porco com batatas e castanhas de maneira exímia.

Não ficou nenhuma para contar como foi!

O bacalhau bem tentou fugir mas não conseguiu!

Finalmente, o inimigo dos inimigos apareceu disfarçado de leite creme, de toucinho do céu, de tiramisu, mas teve a mesma sorte: completamente dizimado!

Demos por terminado o relatório e todos o assinaram.

Uma última formatura e cada um seguiu para a sua caserna para um merecido descanso.

Pessoalmente dormi como um justo mas acordei cedo com uma dor de cabeça dos diabos.

Estávamos a 10 de Novembro de 2010, 39 anos depois de um outro incidente em Augusto Barros com direito a Panhards e tudo.

Recordações dum guerreiro que diz daquela longínqua guerra o que Moisés não disse do toucinho!

António Matos

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Nota de M.R.:

Vd. último poste deste autor em:

8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7243: (Ex)citações (106): Netos ou peluches, tudo por uma boa saúde mental! (António Matos)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7243: (Ex)citações (106): Netos ou peluches, tudo por uma boa saúde mental! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 8 de Novembro de 2010, a seguinte mensagem:
Guiné, netos ou peluches, tudo por uma boa saúde mental!
Afinal o problema da política no blogue quase se tornou um caso político!
Como se sabe, um caso político pode ser provocado e não faltariam exemplos para o demonstrar, mas para evitar tentativas veladas numa altura em que se começa a falar de campanhas eleitorais que terão lugar daqui a um valente par de meses, fico-me por aqui para não ferir susceptibilidades.
Já uma última reflexão sobre o uso do facebook merece atenção.
Hoje mesmo, a Comissão Europeia decidiu elaborar um conjunto normativo tendo em vista a protecção de dados dos cidadãos ao abrigo dos direitos e liberdades dos mesmos, uma vez que há sérias dúvidas sobre o bom uso e preservação das nossas intimidades.
É bom que todos o saibam que, uma vez inscritos como aderentes ao facebook, jamais os dados disponibilizados serão apagados!
Isto far-vos-à repensar o que já se escreveu sobre o assunto?
Na tentativa de, mais uma vez, prevenir antes de remediar, levanto o assunto para que aqueles que eventualmente estejam menos conscientes das implicações destas modernidades possam decidir em consciência.
Posto isto, e porque o que interessa é falar da Guiné e quem diz da Guiné diz dos netos, é com o chapéu de trisavô que tomo a palavra.
À semelhança de outros velhos babados que voltaram aos tempos de meninice jogando a bola em plena sala de estar com os biblôts a escaqueirarem-se,
os vizinhos de baixo a baterem com o toco da vassoura no tecto a pedir silêncio,
ou montando um estafermo dum cavalinho que relincha cada vez que se lhe apertam as orelhas e nunca mais se cala,
até à hora do banho onde o pantanal final pede meças aos dias em que se dá banho ao cão,
passando pela espectacular cagada que o puto fez na exacta altura em que se preparava para sair de manhã para a escolinha e ficou imundo e mal cheiroso até ao pescoço a necessitar de novo banho,
à semelhança deles, dizia, também eu lhes vou dando primazia em detrimento do blogue!
A verdade é que, não fossem estes faits-divers que fazem parte integrante da minha vivência e esbarraria sistematicamente em recordações duma força intimista potentíssima, é certo, mas destruidora dum salutar bem estar quotidiano que não se justificaria - a guerra do ultramar.
Tenho-a como uma experiência de mais valia não transacionável e que guardo com um carinho muito particular, mas está devidamente guardada numa gaveta do armário psicológico devidamente arquivada por datas, por assuntos, por amigos e camaradas, por antecedências, por consequências, por sonhos, por desgostos, enfim, por uma panóplia de separadores de fácil consulta mas em nenhum lado existe lugar para "pendentes"!
Para tanto colabora a exacta medida de importância que dou à importância que as coisas têm.
Os blogues e as redes sociais, entretêm-nos tanto mais quanto mais participativos nos tornemos e nesse sentido dou-lhes atenção.
Cada um com o seu conjunto de interesses, assim vai seleccionando opiniões, palpites, más-línguas, amizades virtuais, compondo parte do ramalhete que o forma enquanto cidadão vivo e activo.
E estarmos abertos a novas ideias só nos engrandece e enriquece.
É, pois, em jeito de homenagem que abraço o Branquinho e todos aqueles que lhe pegaram igualmente na genialidade do conselho para tratarmos dos netos (ou nos peluches se não tiverem netos ) colocando este post como testemunha.
Bem hajam!
António Matos
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

7 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7236: (Ex)citações (105): Netos, ká tem (Miguel Pessoa)

sábado, 6 de novembro de 2010

Guiné 63/74 – P7231: Controvérsias (109): As novas tecnologias ao serviço do blogue. A política ao serviço das nossas ideias. (António Matos)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 4 de Novembro de 2010, a seguinte mensagem:

Camaradas,


As novas tecnologias ao serviço do blogue;
A política ao serviço das nossas ideias

Sendo eu utilizador assíduo do facebook, não poderia deixar de me regozijar com a adesão que os mentores deste blogue fizeram a esta rede social por lhe reconhecer virtualidades irrefutáveis a par, evidentemente, de toda uma panóplia de possíveis abusos a acautelar.
Supondo que nem toda a população de ex-combatentes possa estar suficientemente alertada com as diversas normas que lhe são inerentes, permitam-me as reticências sobre as indiscrições a que se sujeitam e que deverão ser minimamente abordadas.
Em termos pessoais gostava de saber se um poste colocado no blogue por via de um e-mail dirigido aos editores tem entrada directa no facebook ou não.
Isto é, acho que o facebook deve ser "alimentado" por vontade expressa do "escritor" e não automaticamente.
Dito isto, e querendo (desejando) que os meus postes se mantenham no blogue sem darem entrada no facebook (exposição é planetária o que poderá inibir a escrita) vou incidir agora num dos credos do Luís Graça & Camaradas da Guiné que, não sabendo onde, recordo ter lido ser este blogue avesso a problemas de ordem política, religiosa e outras.
A única destas temáticas à qual achava conveniente alargar o âmbito é a política.
Não que eu tenha qualquer intervenção pessoal ou institucional fora de ambientes de pura tertúlia mas porque o conceito em si mesmo se alterou e hoje tudo, repito, tudo o que fazemos nas nossas vidas é político!
Nesse sentido é impossível falar da nossa guerra sem alusões directas ou indirectas à política;
É impossível opinar sobre a retirada de Guileje e abstrairmo-nos de motivações políticas;
Falar de Spínola é falar de política;
Falar de Manuel Alegre é política;
E falar de Amílcar Cabral, não o é?
Como explicar a invasão da Guiné Conacry sem contexto político?
E a droga que grassa hoje no território daquele país está separada da política?
A visita de Sá Viana Rebelo (ministro do exército e da defesa) a Bula no exacto dia em que eu estava de oficial de dia e aguentei a estucha, não é política no seu melhor?
A psico spinolista foi só política!
Se o tema merecer a vossa concordância, não advogo agora passarmos a discutir o orçamento do estado, obviamente, mas a contextualização dos acontecimentos por nós relatados poderão e deverão ser aprimorados com os nossos pontos de vista políticos, que acham?
Em bom rigor isso já se faz hoje mas quis trazer o assunto à colação para que fique oficialmente aceite. Ou não.
António Matos
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Nota de MR:
Vd. poste anterior desta série em:

5 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 – P7229: Controvérsias (108): O que era ser ranger entre 1960 e 1974? (2) (Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do BCAÇ 4612/74)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Guiné 63/74 – P7190: Controvérsias (106): Venho aqui para vos dizer que estou vivo! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos, em 29 de Outubro de 2010, a seguinte mensagem:
Camaradas,
Este é um curto intervalo na minha ausência e anexo este pequeno texto de "Olá, tudo bem?".
Venho aqui para vos dizer que estou vivo!
Não, não me venho apresentar batendo os calcanhares pois esses, coitados, têm-se aguentado é certo, mas precisam de carinhos e até os deixo arrastar de vez em quando pela calçada para não os forçar na colaboração que prestam aos dedos na acção de levantarem os sapatos...
Também não me porei em sentido, de peito feito, com a gravata entre o 2º e o 3º botão da camisa uma vez que já estou um tanto pitosga para depois pegar na agulha e na linha e voltar a pregá-los por terem disparado como balas perante tão ilustre assembleia de barrigudos...
Não cortarei as barbas por estas não estarem de acordo com os regulamentos em vigor...
Não usarei a boina uma vez que a troquei pelo palhinhas...
Não falarei da África, daquela África que foi minha durante 2 anos, onde deixei muito do que de melhor tinha, em prol da libertação do que quer que fosse porque hoje me entristece verificar que se transformou num ponto negro (passe o pleonasmo) da convivência multi-étnica, que não me entusiasma, que me fartou com o espectro da morte, da droga, da degradação generalizada...
Sim, venho aqui para vos dizer que estou vivo!
Venho aqui para mandar um abraço a todos aqueles que ao longo de uns anos me habituei a reflectir sobre as suas reflexões, concordando ou discordando dos respectivos pontos de vista!
Vim aqui para folhear um pouco o blogue e ver que os primeiros postes são, calcule-se!!, sobre Gadamael!
Vim aqui para me certificar que continuam a haver problemas mal resolvidos, quiçá traumas pós-traumáticos que se confundem muitas vezes com protagonismos exacerbados!
Vim aqui e descobri mais um belo naco de prosa na sua capacidade narrativa do Luís Faria!
Vim aqui para me certificar que vocês estão todos muito mais novos do que há um ano atrás o que prova que o sossego que vos possa ter dado foi frutuoso!
Talvez volte por estes lados mais amiudadas vezes mas reconheço que neste momento tenho as minhas atenções mais concentradas na vida nacional quando este ano quintuplicou o número de pessoas a recorrer aos bancos alimentares!
Talvez volte por estes lados mais amiudadas vezes pois o número de entradas ultrapassou os 2 milhões que,  sendo menos do que o nosso défice, já é uma meta bonita!
Por tudo isto, aqui vos deixo um abraço na expectativa de ser postado tão rapidamente quanto possível.
Oxalá.

António Matos
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:

17 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7139: Controvérsias (105): Sensatez e rigor no nosso blogue (Mário Gualter Rodrigues Pinto)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5042: (Ex)citações (49): Réplica ao camarada José Belo (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 29 de Setembro de 2009 a seguinte mensagem:


Camaradas,

Aqui fica uma réplica ponderada ao camarada José Belo, hoje que vivemos as consequências
dum dia pós eleitoral, onde alguns conceitos adquiriram estatuto de desactualização ainda que os nossos concidadãos ausentes da realidade nacional deles possam não se aperceber.
Nem mesmo Ruy Belo teria razão nos dias de hoje, pese embora o lindíssimo poema que o Luís Graça nos recorda!

Camarada José Belo,

Estou perfeitamente convicto que dizer-se que Portugal é um país de tolerância e humanismo ou, quiçá, de brandos costumes, é chão que já deu uvas e nem a sua repetição à exaustão consegue hoje disfarçar a falácia que se lhe associa.

Percebo que todos aqueles que engrossam a nossa diáspora exprimam essa ideia, mas atribuo-a a um sentimento de saudade e ao fado que a necessidade intrínseca de se perfilarem ao lado da nação-mãe num misto de patriotismo e falta do seu colo implica.

A falta de tolerância está muito bem patenteada neste dia pós eleições onde, não tendo despontado qualquer maioria absoluta, são constantes as declarações dos vários partidos com assento parlamentar na indisponibilidade de viabilização da governabilidade do país.

Aproximamo-nos inexoravelmente dum precipício social de dimensões incalculáveis e onde os brandos costumes já deixaram de ser paradigma de Portugal.

Estamos um país muito moderno;

Já nos matamos nas ruas em tiroteios de fazer calar um qualquer cowboy do farwest americano;

Já silenciamos uma estação de televisão privada onde um governo mexe (ou é mexido?) pelos cordões das marionetas em mãos hábeis escondidas atrás do biombo ;

Já se escuta clandestinamente, dizem, o gabinete do Presidente da República;

Criam-se inventonas e intentonas ao nível de um qualquer Watergate;

Sustentam-se até ao limite da prescrição, crimes tipo Casa Pia onde a culpa só não morre solteira porque havia um estúpido dum Bibi que serviu de cobaia;

Enfim, até tentamos envolver a figura do Santo Padre nas eleições do bairro!

Não queria deixar este texto ao tratamento de mero e singelo comentário mas antes dar-lhe uma exposição de poste ao nível do que melhor se faz neste blog uma vez que discordo da opinião do José Belo ao se confranger com a crítica irónica a que se sujeitam os brandos costumes.

Meu caro, já lá vai esse tempo, mas agora, a globalização que bem conhecerás aí pelos lados nórdicos dos fleumáticos senhores das neves, também nos trouxe a crua realidade da vida moderna com as suas vantagens, é certo, mas com injustiças pungentes que uma democracia permite na sua qualidade da pior forma de governo exceptuando todas as outras já tentadas (Churchill dixit).

Com amizade,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790


Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Notas de M.R.:

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