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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15707: (De)caras (29): Por mor da verdade... contra as mentiras do Arquivo Amílcar Cabral: comentários de António J. Pereira da Costa, Antº Rosinha, Carlos Vinhal, José Colaço, Luís Graça e Valdemar Queiroz

Fotograma do documentário dos suecos  Lennart Malmer e Ingela Romare  "En Nations Födelse" [Birth of a Nation (Nascimento de uma Nação), Sweden / Suécia, 1973, 48'']:  o único filme que existe sobre a declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau  em 24 de setembro 1973. Passou no DocLisboa 2011.

Não cheguei a ver o filme. Quanto à imagem à esquerda,  julgo tratar-se de uma operadora de radiotelegrafia (código de Morse)  do PAIGC. (LG)

Fonte: Arsenal – Institut für film und videokunst  e.V., Berlim, com a devida vénia.


Alguns comentários dos nossos camaradas ao poste P15702 (*)

1. José Manuel Cancela [ ex-soldado apontador de metralhadora,  CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70]

Caros amigos: há aqui qualquer coisa que na bate certo. Estive enm Nhala,  entre novembro de 1968 e meados de janeiro de 1969. O meu pelotão foi rendido por um  outro da minha companhia, a CCAÇ 2382. É possível que os meus camaradas tivessem sido atacados em 20 de janeiro de 69, mas tenho a certeza absoluta que não  houve nenhum morto, nem tão pouco feridos...


2. António J. Pereira da Costa [coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74)]

Olá, camaradas: O problema é que, enquanto nós fazíamos relatórios verdadeiros no que aos feridos e mortos dizia respeito, o insidioso, ardiloso e mauzinho IN  "tinha que apresentar serviço" , daí que os camaradas (guerrilheiros/patriotas/revolucionários) "matassem que se fartavam" (como o Shelltox) e destruíssem tudo, ou quase tudo, nos Campos Entrincheirados dos Colonialistas, Salazaristas, Fascistas e Lacaios do Imperialismo.

Aquela dos dois helicópteros a descer por duas vezes é de partir a moca. E uma mensagem manuscrita com a palavra STOP a servir de ponto final é-o ainda mais.

Claro que, com amigos como estes,  o povo guineense, hoje não precisa de inimigos.


3. Antº Rosinha 

[o último "colonialista português", ou pelo menos o único que faz questão de "dar a cara";  emigrou para Angola nos anos 50, foi fur mil em 1961/62;  saiu de Angola com a independência, emigrou para o Brasil e finalmente foi topógrafo da Tecncil, Guiné-Bissau, em 1979/93, como "cooperante";  resumindo, é um "ex-colon e retornado", como vem no seu cartão de visita;  é membro sénior da nossa Tabanca Grande, o "nosso mais velho", como se diz em África, e por isso, ouvido e respeitado; gosta de dizer o que pensa, sem pensar no politicamente correto]:

É imensamente útil para a história que um dia este blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  vai deixar para a posteridade, estas transcrições arquivadas na Fundação Mário Soares.

Vários motivos: um dos motivos, enorme contradição, este arquivo pertencer à Fundação de Mário Soares, figura anticolonialista a toda a prova, e que em Bissau, MS seja muito pouco apreciado quer pelos antigos guerrilheiros do PAIGC, quer pelos sobreviventes à matança sofrida pelos comandos guineenses que lutaram ao nosso lado (posso explicar noutro lugar esta minha constatação, se interessar).

Outro motivo é que os relatos estão escritos em Português correctíssimo, idioma que corre sérios riscos por aquelas bandas, sempre fica a memória que ali alguém falava um bom português.

Estes relatos também servem para mostrar que não havia áreas libertadas. Poderia apenas áreas abandonadas, o que não era a mesma coisa.


4. José Botelho Colaço [ex-soldado trms, CCAÇ 557, Cachil,Bissau e Bafatá, 1963/65)]

Os comunicados do PAIGC eram assim,  passe a publicidade,"com Dum-Dum não escapa um".

A Companhia de Caçadores 557 no Cachil na noite de 16 de Novembro de 1964, no noticiário do dia 17 da emissora Voz da Liberdade, os militares colonialistas tinha sido dizimados, não escapou um! De facto fizeram um ataque ao quartel em 16-11-1964 mas nem um único ferido sofremos nessa noite.




5. António J. Pereira da Costa

Volto à antena para lembrar que a Fundação Mário Soares é tida como uma entidade fiável.
Porém é capaz de não ser bem assim...
É mau que assim seja e que esteja recheada com "pérolas operacionais" deste tipo.
Será uma maneira de agranelar a nossa memória colectiva. Dentro de alguns anos, estes "relatórios" serão valorizadíssimos por investigadores "independentes", oriundos da Suécia ou de outro país democrático similar,  que se fundamentarão em documentos como estes para contraditar o que os documentos militares portugueses disserem.

Não será uma maneira muito curial, mas lá que vai dar resultado, isso vai...


6. Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

Como curiosidade. Os dois primeiros documentos são escritos pela mesma pessoa, embora remetidos por 'Marga' [' Nino' Vieira] e 'Iafai Camará'... Ou tratava-se de uma transcrição de transmissão via rádio/morse? (daí o Stop). 

O terceiro documento, do 'Gazela' [Agostinho Cabral de Almada], parece escrito por alguém com Curso Superior,  muito habituado a escrever.

É evidente, que em tempo de guerra, as forças beligerantes utilizavam métodos de informação/contra- informação para iludir o IN e empolgar as suas tropas.
Cheguei a ouvir a rádio do PAIGC relatando um ataque a Canquelifá, numa noite em que eu lá estava, mas eu nunca sofri nenhum ataque em Canquelifá.
Estes documentos não deixam de ser muito importantes mas, no meu ponto de vista, devem ser analisados como informação/contra informação.


7. Carlos Vinhal,  Leça da Palmeira, editor [ ex-fur mil art MA, CART 2732, Mansabá, abril de 1970/março de 1972]

Não sei qual a utilidade prática da divulgação destes "documentos". É tal a aldrabice que nem de consolo servem a quem, à luz de hoje, é crítico à actuação da nossa tropa na guerra do ultramar ou colonial de então.


8. Luís Graça, editor [ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, jun 69/ mar 71]

É por estas e por outras que o editor LG fez a seguinte observação:

(...) "Reprodução feita aqui com a devida vénia, e para fins exclusivos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. A divulgação destes documentos não implica a validação da sua informação ou a sua aceitação, mas tão apenas o reconhecimento do seu eventual interesse documental para os nossos leitores (e para a historiografia da presença portuguesa em África).

"Compulsados os elementos de que dispomos, para as datas em questão (20/1/1969, 23/3/1969 e 26/7/1971), só encontramos um morto, das NT, em combate, em 20/1/1969: trata-se do sold at Alberto Gonçalves Pinto, natural de Semelhe, Braga, que pertencia à CART 1744, 20/7/1967 - 25/5/1969... Mas esta companhia esteve no norte, na região do Cacheu, em São Domingos, não no sul, em Nhala, ao que apurámos... (LG)"

Amigos e camaradas: para mim, que sou sociólogo, e investigador na área das ciências sociais em saúde, todos os arquivos são "valiosos", o que não quer dizer que tenhamos que considerar, à partida, que a informação que lá vamos encontrar é válida e fiável... Nos arquivos, não há sequer informação, há dados, que depois de "tratados" e "analisados",  podem e devem dar origem a informação e conhecimento, ou seja, "produto científico"... É o caso dos arquivos da PIDE/DGS, ou do arquivo pessoal de Salazar e dos outros, milhares, de arquivos que estão na nossa Torre do Tombo, a nossa "memória coletiva"...

Espero que daqui a 100 anos, o nosso blogue também sirva para alguma coisa...


9. António J. Pereira da Costa

OK, mas talvez fosse bom começar já exarar comentários que permitam desmontar o que é falso e não corresponde à realidade e a própria realidade.

Nos Arquivo Amílcar Cabral [, alojado no portal Casa Comum, organizado pela Fundação Mário Soares,]  a documentação está manipulada e de modo grosseiro e desonesto, com a finalidade única de agradar ao chefe ou "ao partido".

Sendo assim, quem falasse verdade ficava, pelo menos, mal visto.

Os resultados de uma flagelação ou de uma emboscada são difíceis de contabilizar. Por alguma razão nos nossos relatórios aparece a expressão "Grupo In não estimado", só contavam os "mortos confirmados",  isto é, os cadáveres abandonados na fuga ou os feridos efectivamente capturados. As poças de sangue, ou os arbustos partidos pelo "arrastamento dos corpos dos feridos" não contavam como efeitos e nós não tínhamos que agradar ao Partido, o que nos tornava mais honestos nas nossas declarações.

Isto para dizer que os nossos relatórios são mais fiáveis do que os do PAIGC.

Em que é que se fundamentaria aquele chefe para redigir o seu "relatório"? Na sua observação directa? Em elementos infiltrados?

Se calhar será boa ideia que se tenha em conta as características dos procedimentos habituais dos responsáveis de ambas as forças em presença. Além disso, se há coisas que todos sabemos é o número de mortos e feridos e respectivas condições que, vêm sempre à memória nos nossos encontros.

No fundo, estamos perante uma inquinação da informação, ditada por motivos pouco honestos e necessidade de apresentar resultados, mas sempre uma inquinação determinada por povos que nem memória têm e fazem gala nisso. Não esqueçamos que a História da Guiné só pode ser escrita do exterior, visto que as fontes são imprecisas, no mínimo, quando as há. E ainda hoje, como é?

Estamos distraídos? A título de exemplo recordo só "o golpe do Ansumane Mané"...

Claro que Arquivos são Arquivos, mas... não é só com uma correcta interpretação que devem ser abordados. Nas respectivas documentações encontramos montanhas de documentos que não corresponde nem aproximadamente à verdade. (**)
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15577: Blogpoesia (432): O Meu Agradecimento, poema de Francisco Santos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 557

1. Por intermédio do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), chegou até nós, no dia 29 de Dezembro passado, um poema de agradecimento do outro nosso camarada Francisco Santos, ex-1.º Cabo TRMS, também da CCAÇ 557, a propósito do seu aniversário ocorrido no passado dia 15 de Dezembro.


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Nota do editor

Último poste da série de 3 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15571: Blogpoesia (431): Como se... (Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728)

domingo, 8 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15341: Convívios (717): Rescaldo do XXVIII Encontro do pessoal da CCAÇ 557, levado a efeito no passado dia 7 de Novembro de 2015 (José Colaço)

XXVIII ALMOÇO/CONVÍVIO DO PESSOAL DA CCAÇ 557
DIA 7 DE NOVEMBRO EM FERNÃO FERRO

Fernão Ferro, 7 de Novembro de 2015 - Pessoal da CCAÇ 557 (Cachil e Bafatá, 1963/65)


1. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 7 de Novembro de 2015:

Caro Luís Graça e editores,
No passado dia 07 de Novembro, no Restaurante Quinta dos Girassóis, em Fernão Ferro, realizou-se o 28.º Almoço de Convívio dos ex-combatentes da CCaç 557, guerra da Guiné, com os que vão teimando e resistindo à inexorável roda da vida, mas nesta fase, nos convíviosn têm sempre a triste notícia de camaradas que tomaram a barca do barqueiro de caronte. Paciência é um facto, mas os filhos e netos que de ano para ano em maior numero nos acompanham, dão-nos a força da alegria de viver e ter vivido.
Envio em anexo o poema que nosso poeta popular, Francisco dos Santos, nos dedicou este ano, mais três fotos.
É tudo se for possível um espaço no nosso blogue os resistentes agradecem.

Um abraço.
José Colaço


Eu de pé a falar com o ex-alferes Goulart; o Sr. Coronel Ares, que continua a ser para nós o nosso capitão; ao lado a sua esposa e, por ultimo, a D. Mercês Goulart, esposa do ex-alferes Goulart
 
Bolo Comemorativo


O Poema do poeta Francisco Santos

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Nota do editor

Último poste da série de 14 de outubro de 2015 Guiné 63/74 - P15250: Convívios (716): Rescaldo do XX Encontro dos Combatentes da Guiné da Vila de Guifões, levado a efeito no passado dia 11 de Outubro de 2015, em Baião (Albano Costa)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14999: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (20): Recordações "non gratas" da guerra da Guiné Operação Tridente (José Colaço)

1. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 4 de Março de 2015:

Recordações da CCAÇ 557, cinquenta e cinco dias a ração de combate, cerca sessenta dias sem mudar de roupa e banho idem. Se a água era racionada para beber pensem bem no que seria em termos de higiene, excepção à secção que fazia escolta à lancha de reabastecimento de agua e géneros, que aproveitavam a ida a Catió para fazerem um pouco de higiene pessoal "e outras necessidades fisiológicas".

Mas o subsector do Cachil era de facto um mundo à parte, nunca o comandante, Tenente-Coronel Matias ou os seus oficiais, fizeram qualquer chamada de atenção para a apresentação dos militares como alguém lhe chamou "a esquálida e esgroviada" Companhia de Caçadores 557.
Outras estórias há para contar mas fico por estas duas que considero mais dignas de registo.

Abrigo "Cova do Comando" da CCAÇ 557 no Cachil. A começar da esquerda: o 1.º Cabo Enfermeiro Leiria; 1.º Cabo Rádiotelegrafista Joaquim Robalo Dias; Dr. Rogério Leitão, que já partiu; atrás o 1.º Cabo Enfermeiro António Salvador, e por último, de quico, a sair do buraco, eu, Soldado de Transmissões José Colaço. 

As barbas com cerca de 90 dias. Os cabelos já tinham levado um corte para melhor se aguentar o calor. Aquela "divisória" entre o 1.º Cabo Dias e Dr. Rogério, é uma cobra que durante a noite se lembrou de nos assaltar o abrigo e que só de manhã com a luz do dia foi detectada a um canto da cova. Foi condenada à morte pela catana de um milícia. 
 
Foto tirada antes da nossa retirada do Cachil, na saída do aquartelamento para o cais. A partir da esquerda: 1.º Cabo Mecânico Burrica, que também já nos deixou, o tal Cabo que deu lixa de água ao Furriel Santos Oliveira para recuperar o tubo do morteiro 81 danificado por uma granada que ficou encravada na noite de 16/11/1964; segue-se o Condutor Russo (por ser louro); eu, José Colaço, e o 1.º Cabo Operador Cripto Bernardino Lourenço Valadas.

Um abraço
Colaço
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Último poste da série de 12 de Agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14994: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (19): Festa de Ferrel, 2015 - a burricada... Afinal, o que é faz correr o/a burro/a, a cenoura ou o chicote?... E hoje há sardinhada na nova tabanca de Ferrel, organização do régulo Joaquim Jorge, coadjuvado pelo régulo da tabanca de Porto Dinheiro, Eduardo Jorge Ferreira... De Lisboa vem expressamente o João Sacôto (Luís Graça)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14831: Memória dos lugares (302): os meus dois rios, o Cagopère (Cachil, no sul) e o Geba (Bafatá, no leste) (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > A lancha no cais do Cachil, responsável pelo transporte dos géneros de Catió para o Cachil... A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade) a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère (em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió)]

Foto (e legenda): © José Colaço (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. Mensagem de José Colaço, com data de 2 do corrente:

José Colaço, ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)]

Assunto: Sondagem sobre ss nossos rios da Guiné > 20 horas para votar...

Caríssimo Luís

Sem querer ser vidente parece-me que esta sondagem tem à partida um vencedor absoluto, pela sua grandiosidade, beleza inconfundível,  o macaréu, as suas águas cristalinas a partir do macaréu, mas essas águas genuínas,  puras, tépidas,  também têm os seu reveses, foram elas que em Bafatá abraçaram para sempre a vida do soldado da CCAÇ 557, Domingos Gomes Nabais [, em 13 de abril de 1965]

Além disso quase todos os militares navegaram nas suas águas, saída quase obrigatória para as companhias seguirem para os aquartelamentos no mato ou mesmo as companhias especiais de combate para qualquer operação militar [, no leste].

O meu voto não é secreto e foi para o rio que corria no local onde estive em quadricula, a maior parte do tempo de comissão o rio Cagopere.  uma beleza medieval ver os jacarés no seu vai e vem atravessar de margem para margem e toda a fauna e flora no seu estado primitivo,  aqui a intervenção humana ainda não tinha acontecido.

Mas sem querer votei clandestinamente no rio que,  como disse,  me parece ser o vencedor absoluto, primeiro corria para o local onde estive,  Bissau,  40 dias no início da comissão e mais 180 dias quando fomos rendidos no Cachil, a seguir o rio corria em Bafatá local onde terminei a comissão cerca de 180 dias.
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domingo, 19 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13763: Convívios (638): Encontro do pessoal da velhinha CCAÇ 557 (Cachil e Bafatá, 1963/65), dia 8 de Novembro de 2014 no Cartaxo

1. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 12 de Outubro de 2014:

O nosso camarigo poeta popular Francisco dos Santos [foto à esquerda] com os seus valorosos versos roubou-me todas as palavras que seria normal utilizar para anunciar o convívio da CCAÇ 557.

Por esse motivo só me resta adicionar esta foto com alguns camaradas no convívio de 2013 realizado no restaurante o Cortiço nas Caldas da Rainha.

Um aparte saudar o comandante Jorge Rosales que muito nos honra com a sua presença. O Rosales nos convívios da 557 não é um elemento de rendição individual, mas sim um ex-alferes miliciano que desde que nos conhecemos graças ao blogue e aos convívios da tabanca da linha faz parte integrante dos quadros dos ex-militares da CCAÇ 557.

Se algum camarigo quiser confraternizar com os velhinos do Como é só contactarem o Colaço, cujo o endereço está no blogue.

Um alfa bravo
Colaço



Convívio da Companhia Caçadores 557 

Cartaxo 8 de Novembro de 2014

Ao camarada Luís Graça
E o nosso blogue na Internet,
Ponha nele o que se passa
Deste grupo com muita raça 
Da C. C. 557

O convívio é no Cartaxo
Vai ser uma guerra diferente,
Vamos lá provar o tacho
O tinto que leva a baixo
O soldado mais valente

Neste grupo sou membro
Mas quero que o Mundo saiba,
Por isso a todos eu lembro
Que é a 8 de Novembro
Lá na quinta do Saraiva

Se és ex-combatente
Desta companhia ou não,
Vem conviver com a gente
Que o Valentim está á frente
Da grande organização

Toda a família é pilar
Desde a Guiné ao Cartaxo,
Se queres algo recordar
Vem cá confraternizar
Que o contacto está em baixo

Autor Francisco Santos
__________

Companhia de Caçadores n. º 557 
1963/65 na Guiné. 

Contacto: Valentim Caramelo 
Telefone - 243 759 599 e  Telemóvel - 910 090 831
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13761: Convívios (637): Convívio da CART 1802 (Nova Sintra, 1987/69)... 27 de Setembro, em Vila Velha de Rodão (Silvério Dias)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13707: Álbum fotográfico do Victor Neto, ex-fur mil, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Cachil: parte II: tempo de lutar, tempo de folgar, tempo de rezar


Foto nº 8 > Tempo de lutar...



Foto nº 20 > Tempo de folgar...



Foto nº  22 > Tempo de rezar

Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) >



Fotos (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. Fotos falantes do Cachil, diz o José Colaço. E, se são falantes, (quase) não precisam de legenda... Pertencem ao álbum do ex-fur mil Victor Neto (CCAÇ 557, Cachil, Bissau, Bafatá, 1963/65).

Continuamos a aguardar uma resposta ao convite (público)  para ele, Victor Neto,  ingressar na Tabanca Grande. É um camarada do tempo da caqui amarelo, que pertenceu, tal como o José Colaço, aos bravos do Cachil, um buraco, um inferno feito de mosquitos e pântanos, no dizer do nosso Jorge Portoxo... (LG)

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Nota do editor:

domingo, 5 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13692: Álbum fotográfico do Victor Neto, ex-fur mil, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Cachil: parte I



Guiné > Região de Tombali > Cachil >  CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 3 > Mata destruída e a vista parcial do quartel do Cachil do lado do cais... porque no lado oposto seria muito perigoso para o fotógrafo, nunca se sabia quando é que um turra poderia  estar  na mata grande do Cachil... Uma das baixas que a companhia teve logo quase à chegada foi de um tiro isolado quando o soldado estava a cavar o abrigo. Além disso era uma zona que estava armadilhada e pessoal estava avisado para não a usar, embora durante o dia e nos dias em que havia batidas à mata do Cachil as armadilhas eram desactivadas para evitar acidentes.



Guiné > Região de Tombali > Cachil >  CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 3 A > O sistema de deteção de intrusos... As famosas garrafas de cerveja vazias, presas ao arame farpado... Mas um exemplo prtático da arte do desenrascanço dos tugas... (LG)




Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 2 > .> Cais do Cachil ainda na época seca.
..


Guiné > Região de Tombali > Cachil >  CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 7 > A lancha do Cachil [, que vinha de Catió,]  o lodo e a lama e o trabalho de escravos.




Guiné > Região de Tombali > Cachil >  CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 9 > Escravatura em ação.... O transporte dos toros para a construção da paliçada e casernas.


Fotos (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição : LG]


1. Fotos falantes do Cachil, diz o José Colaço. E, se são falantes, (quase) não precisam de legenda... Pertencem ao do álbum do ex-fur mil Victor Neto  (CCAÇ 557, Cachil, Bissau, Bafatá, 1963/65).

Cá aqui fizemos o convite público para ele ingressar na Tabanca Grande (*). É um camarada do tempo da caqui amarelo.  Vou mandar um mail, à esposa, Maria Elisa Neto. Só preciso de uma foto atual...

Um grupo de combate da CCAÇ 557 também participou diretamente na Op Tridente (jan-mar 1964) (**)



Guiné > Ilha do Como > 1964 > Op Tridente (de 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964) > Posição relativa de Cachil, a sudoeste de Catió, na ilha de Caiar... As outras ilhas eram Como e Catundo... Croquis de Mário Dias.  

Infografia: © Mário Dias (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


[As ilhas de Caiar, Como e Catunco estavam separadas do continente, a norte pelo Rio Cobade, a oeste pelo Rio Tombali, a leste pelo Rio Cumbijã, e a sul pelo oceano Atlântico... A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade) a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère (em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió)] (LG)

[ "A designada Ilha do Como é, na realidade, constituída por 3 ilhas: Caiar, Como e Catunco mas que formam na prática um todo, já que a separação entre elas é feita por canais relativamente estreitos e apenas na maré-cheia essa separação é notória.

"Na ilha não existia qualquer autoridade administrativa nem força militar pelo que o PAIGC a ocupou (não conquistou) sem qualquer dificuldade em 1963. As tabancas existentes são relativamente pequenas e muito dispersas. Possui numerosos arrozais, o que convinha aos guerrilheiros pois aí tinham uma bela fonte de abastecimento, acrescido do factor estratégico da proximidade com a fronteira marítima Sul e o estabelecimento de uma base num local que facilitava a penetração na península de Tombali e daí poderia ir progredindo para Norte.

"Não tinha estradas. Apenas existia uma picada que ligava as instalações do comerciante de arroz, Manuel Pinho Brandão (na prática, o dono da ilha) a Cachil. A partir desta localidade o acesso ao continente (Catió) era feito de canoa ou por outra qualquer embarcação. A casa deste comerciante era, se não estou em erro, a única construída de cimento e coberta a telha.

"Portugal não exercia, de facto, qualquer espécie de soberania sobre a ilha. Tornava-se imperioso a recuperação do Como. Foi então planeada pelo Com-Chefe a Operação Tridente na qual foram envolvidos numerosos efectivos, divididos em 4 Agrupamentos (...), num total de cerca de 1200/1300 homens"] (Mário Dias)


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13688: Fotos à procura de uma legenda (36): Uma vacada... no Cachil (Victor Neto / José Colaço, CCAÇ 557, 1963/65)

(**) Vd. poste de 20 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2970: Ilha do Como, Cachil, Cassacá, 1964: O pós-Operação Tridente (José Colaço)

(...) Li com muito apreço o relato correcto que o camarada Mário Dias escreve sobre a Operação Tridente, em Cauane - a que nós que estávamos no Cachil chamávamos a Praia - , os desmentidos a João de Melo e a José Freire Antunes. OK, nós, companhia de caçadores 557, também lá tínhamos um pelotão que era uma força activa às ordens do Tenente-coronel Fernando Cavaleiro.

Parece que o Mário desconhece este facto, pelo menos não li nada em que o Mário fizesse referência a esses homens.

As declarações que o Coronel Fernando Cavaleiro faz ao programa A Guerra, de Joaquim Furtado, são de uma veracidade a toda a prova embora, como se compreende, bastante resumidas. Os meus parabéns a ambos. (...)

sábado, 4 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13688: Fotos à procura de... uma legenda (36): Uma vacada... no Cachil (Victor Neto / José Colaço, CCAÇ 557, 1963/65)




Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)  > "Tourada no Cachil... uns camaradas a demonstrar os seu dotes de Pedrito de Portugal... A malta dava largas à imaginação para se distrair"...

Fotos (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. São fotos falantes, diz o José Colaço. E,  se são falantes, não precisam de legenda... Mas comentários serão bem vindos...  E o tema, tauromático, presta-se a isso...

Uma ajuda: as fotos são do álbum do ex-fur mil Victor Neto, camarada do José Colaço (CCAÇ 557, Cachil, 1963/65)  Já cá estão (estas e outras) desde, pelo menos, 22 de agosto último...

Eis p que ele me escreveu, na sequência do poste P13188 (*):

 "Caro amigo Luís,  procurando satisfazer em parte o teu pedido,  tentei abordar o tema com alguns camaradas da CCAÇ  557 mas só o camarada ex-furriel Victor Neto disponibilizou o seu álbum genuíno com fotos do Cachil, 

"O Neto já na altura era um apaixonado pela fotografia, uma certa altura o Neto com a sua Yashica 

"No meio de uma emboscada surge o alferes comandante de pelotão:
- Ó Neto,  porra, porra!...  estamos na guerra ou em reportagem fotográfica!?" (**).
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Notas do editor:

(**) Último poster da série >  29 de setembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13666: Fotos à procura de... uma legenda (35): 4º pelotão, CART 11, junho de 1970, Nova Lamego... Uma grande e enigmática foto (Valdemar Queiroz)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13274: Artistas de variedades no mato (3): Cachil, ao tempo da CCAÇ 557 (1963/65): a prata da casa, para levantar o moral ao pessoal... (José Colaço)


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 24  > Junho de 1964: secção de milícias adida à CCAÇ  557, executando um batuque



Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 23 >  Junho de 1964: o grupo de teatro que veio de Catió



Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)  > Foto nº 16 > A LDM 300, encalhado em terra, à espera da maré-cheia. Fotos do álbum do José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65).

Fotos (e legendas): © José Colaço (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, de 5 do corrente,  do nosso camarada José Colaço, respondendo a desafio dos nossos editores (*)

Camaradas: Quem se tembra de espetáculo de variedades no mato ? E com que artistas ? E em que épocas ? Podiam ser iniciativas do Programa das Forças Armadas ou o Movimento Nacional Feminino... Se sim, mandem histórias e fotos... Obrigado. Luís Graça


Caro amigo Luís Graça:

Podia ser  copy & paste do poste do Gabriel Gonçalves, já que muitos  espectáculos de variedades no mato durante os treze anos da guerra da Guiné terão sido feitos... com a "prata da casa" (*)

Quanto à questão que pões), lembro-me que no tempo do BCAÇ 2852 (ambadinca, 1968/70), os espectáculos eram feitos com a prata da casa, [Gabriel Gonçalves].

Recuando no tempo... Vivia-se o ano de 1964,  princípio do mês de Junho no quartel do Cachil . que aqui alguém baptizou como quartel do fim do mundo. O moral dos militares portugueses estava de facto a bater no fundo. Para os católicos praticantes o comando de Catió emanou uma ordem para o capelão da unidade quando possível dar a missa no Cachil e fazer uma homilia  de conforto.

Mas havia os católicos não praticantes, nos quais me incluo... Então o comando de Catió resolve enviar um grupo de artistas militares de teatro de Catió para darem um espectáculo no Cachil. Monta-se o palco, a plateia tudo genuíno como podem ver pelas fotos em anexo. Estas é que de genuíno não têm quase nada, estão fartas de serem clonadas de imagens que  passaram que de CD a DVD e de DVD a fotos.

Agora o espectáculo: como tínhamos na companhia uma secção de milícias,  eles abriram o espectáculo com uma dança de batuque. A seguir, vieram os artistas de teatro de Catió com a representação de uma  peça de teatro que, passados 49 anos, não consigo recordar o nome.

Como de noite não havia meio fluvial de transporte para Catió,  passou a haver mais uns quantos que,   puderam contar aos filhos e netos que também frequentaram e gozaram, embora só por uma noite,  as  suites do Cachil  (Ilha do Como).

Um abraço.

Colaço.

PS - Como sempre, se te parecer que tem sumo para publicar após as devidas correcções, utiliza.

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Nota do editor:

(*) Postes anteriores da série > 

4 dce junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

domingo, 25 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13191: Memória dos lugares (268): Cachil, que eu conheci em julho/agosto de 1966... Suplício de Sísifo... e de Tântalo: rodeados de água, mas a potável tinha que vir de barco, em garrafões, de Catió ... (Benito Neves, ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)


Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) Julho de 1966



Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) Um abrigo (T 3)



Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67) > 1966 > Intrerior do aquartelamento  

Fotos (e legendas): © Benito Neevs (2010). Todos os direitos reservados.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, e não Cadima, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do Victor Condeço (1943-2010)> Foto 11 > "Marinheiros da lancha LP2 de reabastecimento ao Cachil". [, Em cima, no cais os garrafões de vridro, que eram, usados no transporte de vinho, e que foram aqui adaptados para o transporte de água potável de Catió para o Cachil]".

Foto (e legenda): © Victor Condeço (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de ontem, do Benito Neves:

Caro Luís, espero que te encontres muito melhor e em franca recuperação.

Pois, na verdade, estava convencido que te tinha transmitido as minhas "notas" sobre a estadia da minha CCav 1484 no Cachil onde, embora por pouco tempo, demos cobertura à rendição da CCaç 726 pela CCaç 1587 no período de Julho/Agosto de 1966.

Mas a "odisseia" do transporte da água não se circunscreveu apenas àquele período. A lancha LP2 (ou batelão que a substituía) estava estacionado no porto interior de Catió e a "guarnição militar", ao longo de 16 meses (salvaguardada a necessidade operacional),  era composta por elementos da CCav 1484 - diariamente.

A "odisseia" da água já a tinha relatado em comentário ao Poste 6944 onde o Alberto Branquinho fez um excelente trabalho sobre a água que se bebia.(*)

Aqui vão mais duas ou três fotos sobre o Cachil, que já anteriormente havia enviado. (**)

2. Comentário de L.G.:

Segundo informação do José Colaço, a última companhia que passou pelo Cachil foi a CCAÇ 1620 (esteve lá de 20/3 a 11/7/1968). Portanto, o aquartelamento (?) só foi abandonado no tempo do Spínola.... Escreveu ele: "É do conhecimento geral que à minha companhia [, CCAÇ 557,[]  e ao 7º destacamento de fuzileiros coube-lhes a missão de ocupar o Cachil na operação Tridente. Tterminada a operação,  a missão foi concluir o forte apache ou a fortaleza de troncos de palmeira, como lhe chamou o sargento comando Mário Dias, onde permanecemos 10 meses e uma semana de 23-01 a 27-11-1964.A ultima companhia do abençoado trotil foi a CCaç 1620 (de  20/03 a 11/07 de 1968). Temos alguém no blogue desta companhia que nos relate o encerramento?" (***).

Cachil, tal como outros aquartelamentos do sul, foi "desatividado", ou em linguiagem mais prosaica, abandonado, devido ao isolamento, às dificuldades de abastecimento e, provavelmente, ao baixo moral das tropas. Como é sabido, isso aconteceu na sequência da nova orientação estratégica dada por Spínola que chega à Guiné como brigadeiro, em maio de 1968. Na região de Tombali, há outros aquartelamentos e destacamentos que são abandonados, dentro de uma lógica de custo-benefício, e não propriamente por mérito (militar) do PAIGC: estou-me a lembrar de Cacoca, Sangonhá, Ganturé, Gandembel... Mas também no leste, Ponta do Inglês (subsetor do Xime), Béli, Madina do Boé... E outros mais, incluindo tabancas em autodefesa e destacamentos de milícias (por ex., Madina Xaquili). Cito de cor... Este processo de reestruturação do nosso dispositivo militar no 2º semestre de 1968 e 1º semestre de 1969, ainda está mal documentada no nosso blogue. Acho que devíamos continuar a falar do Cachil...

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(***) Vd. também poste 24 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13188: Memória dos lugares (266): Cachil, o meu suplício de Sísifo durante 30 dias (Benito Neves, ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13071: In Memoriam (189): Domingos Gomes Nabais, soldado da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), morto por afogamento nas tranquilas águas do Rio Geba, em Bafatá, em 13/4/65 (José Colaço / Francisco dos Santos)



Guiné-Bissau > Bafatá > Rio Geba > Margem direita > Duas fotos do mesmo local, com 40 anos de distãncia: a primeira, em cima, de 1968; a segunda, de 2010... Cortesia de Fernando Gouveia.

Fotos: © Fernando Gouveia (2010). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem com data de 28 do corrente, do José Colaço [ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil,Bissau e Bafatá, 1963/65]:

Para facilitar quando vasculhares o blogue sobre os mortos por afogamento na guerra da Guiné: aqui só há a rectificar o nome,  que é Domingos Gomes Nabais e não Fernando ou Francisco como por lapso aparece escrito (*), inclusive na lista do António Marques Lopes dos que nem no caixão tiveram direito a regressar (**).

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Zé. Já corrigi o poste P4199 (*). Mas vamos republicá-lo,  com data de hoje. Até por respeito à memória do teu/nosso camarada Domingos Gomes Nabais. Também pode ser que apareçam mais casos. Afinal houve 143  afogamentos, no TO da Guiné, em 11 anos de guerra...


3. Quem era o Domingos Gomes  Nabais ? Pertencia à  CCAÇ 557... e morreu por acidente, quando se banhava nas águas tranquilas do Rio Geba, em Bafatá... A nossa curiosidade foi despertada pelos versos do Francisco dos Santos (***) e logo prontamente satisfeito pelo seu e nosso camarada José Colaço:

(...) Éramos a família unida,
Por isso não digo nomes,
Sacrificámos a vida,
Que heróis todos nós fomos.

Mas veio então a mudança,
Bafatá que era a norte,
Havia mais esperança
E talvez melhor sorte.

Não queríamos muito mais,
O tempo passa a correr,
Mas o soldado Nabais
No rio viria a morrer.

A morte por afogamento
Que já ninguém o previa,
Este triste acontecimento
Chocou muito a Companhia....


Francisco dos Santos

4. Ficha necrológica (*):

Nome: Domingos Gomes Nabais,
Posto: Soldado
Subunidade: CCAÇ 557, Cachil, Bissau e  Bafatá, 1963/65,
Local e data: Bafatá, Rio Geba, 13 de Abril de 1965
Causa: Afogamento
Naturalidade: Aldeia Velha, Sabugal
Última morada: Cemitério de Bafatá, Guiné-Bissau.


5. Escreveu  o José Colaço, em 16/4/2009:

o Nabais era um rapaz muito simples, por esse motivo era muito apoiado por todos os camaradas. Quem lhe escrevia as cartas e os aerogramas era o Francisco dos Santos.

A sua morte não teve nada a ver com combates de guerra, não sei se por ironia do destino, ou sei lá, assisti praticamente aos últimos minutos de vida do Nabais.

Era uma tarde bonita, cheia de sol, o Geba, em Bafatá, convidava-nos a tomar banho. Então um grupo de 10 ou 12 militares fomos tomar banho. O Nabais não sabia nadar, ele estava neste caso mais ou menos à beira rio...

Entretanto notou-se a falta do Nabais mas, como do grupo nenhum sabia mergulhar com capacidade para procurar o Nabais, houve uma corrida até ao quartel para chamar o Fernando, 1º cabo condutor auto, óptimo mergulhador que, em poucos segundos, aparece com o Nabais na palma da mão,  ao cimo da água mas sem sinais de vida.

Ainda se tentou a recuperação mas o Nabais estava morto, não se sabe se por afogamento ou problemas por estar a fazer a digestão.

Ficou sepultado em Bafatá,  no talhão dos militares. Morreu em 13/04/1965. (****)
___________

Notas de L.G

(*) Vd. poste de 16 de abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4199: In Memoriam (18): Domingos  Gomes Nabais, morto por afogamento no Rio Geba, Bafatá, 13/4/65 (José Colaço / Francisco dos Santos).

(**) Vd. poste de 30 de abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2802: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (2): 1965 (A. Marques Lopes)

(***) 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4196: Blogpoesia (39): CCAÇ 557, Missão cumprida na Guiné (José Colaço/Francisco dos Santos)

domingo, 23 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12888: Blogoterapia (251): O programa com um vírus que não consigo apagar, remover ou formatar (José Colaço)

1. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 19 de Março de 2014:


O programa com um vírus que não consigo apagar, remover ou formatar

Alguns dados sobre o tema em questão, ou é o povo, os amigos, a família, ou o sistema

Dois exemplos:

Começo pelo primeiro, dado como é do conhecimento público, a ponte sobre o Tejo já teve pelo menos dois nomes no seu registo: "Ponte Salazar" e "Ponte 25 de Abril", mas grande parte da população da minha geração que acompanhou o nascimento desta ponte foi e será a "Ponte sobre o Tejo".

"Ponte Marechal Óscar Carmona". Pergunta: Onde fica?
E uma grande percentagem das respostas é desconhecerem pura e simplesmente, mas o mais hilariante é que alguns, devido à sua vida profissional, a usam quase diariamente.
Mas se a pergunta for: "Ponte de Vila Franca", o nome com que o povo a baptizou, qualquer leigo responde acertadamente.

Guerra da Guiné.
A maioria das Companhias adoptou o seu nome de guerra, desde os Laças de Cufar aos Gringos ou Piratas de Guilege, etc.

Na Companhia de Caçadores 557 nenhum dos seus elementos teve a ideia de criar um nome para a Unidade, talvez por nenhum dos seus graduados ter pertencido ou ter instrução ranger, a não ser o Comandante. Além disso o 2.º Comandante de Companhia era, e é, um anti-guerra colonial.

Mas como referi no início desta narrativa, os amigos ou o povo, neste caso até pode ter sido o inimigo, encarregaram-se de cognominar ou baptizar a CCaç 557. Não é que quando saímos dos dez meses e uma semana do isolamento do Cachil, a 557 começou a ser, sem nós nos apercebermos, conhecida, respeitada, e porque não dizê-lo, temida, pela "Companhia do Como", o que para nós era motivo, me desculpem o termo, de uma certa “vaidade”.

Também aqui o nosso desconhecimento de quem terá sido o incógnito padrinho. Terminada a comissão, regresso a casa, penso que a julgar por mim a 557 diluiu-se e os seus elementos, na sua grande maioria, quiseram enterrar o machado de guerra e tentar esquecer aqueles dois anos de guerra, recomeçar as suas vidas que tinham interrompido.

Como eu e muitos outros ex-combatentes dizem, a guerra além de tudo o que tem de mau, tem uma coisa em que é superior e se distingue, cria e faz amizades que duram e perduram. Não é que passados vinte e dois anos do nosso regresso da guerra, o nosso ex-1.º Cabo João Casimiro Coelho tem a ideia brilhante de reunir na parada civil a 557?

Recorre a todos os seus conhecimentos e contactos, conseguindo reunir em Leiria parte da 557 num almoço de convívio, onde, se a palavra "Como" foi pronunciada, deve ter sido no sentido verbal da mesma, pois do Encontro faziam parte umas entradas, um fabuloso almoço, e a terminar, um óptimo lanche.

Foi dado o mote, e a partir daí, todos os anos a família da 557 se reúne em almoço de convívio, o próximo será o vigésimo sétimo.
Só uma coisa há a lamentar, os ex-combatentes da CCaç 557 são cada vez menos, mas aqui nada há a fazer, é o movimento da roda da vida que não pára.

Para terminar, devido às novas tecnologias e à minha participação no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, tenho conhecido nestes últimos anos vários camaradas (ou camarigos como dizemos no blogue) que andaram na guerra da Guiné em várias Companhias. Não é que quando um camarigo me quer apresentar a outro diz: tens aqui o homem da companhia do Como.
Por este motivo o titulo desta crónica: o vírus ou a doença crónica que não há antivírus que o proteja, ou formato que o remova.

OBS:
Camarigo - Contracção das palavras camarada e amigo.

Um abraço
Colaço
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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12800: Blogoterapia (250): Assim, com muita honra, sou um "tabanqueiro", e só tenho pena de a falta de tempo me impedir de participar com mais assiduidade (Adriano Lima, Cor Inf Ref)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12623: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (8): Beja, Mafra, Évora e Cachil (José Colaço)

1. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 18 de Janeiro de 2014:


As cidades ou vilas que mais amei ou odiei antes de ser mobilizado para a Guiné.

Fiz a Recruta no Regimento de Infantaria em Beja, cidade que conhecia por ser capital do distrito onde nasci e morava.
Visitava periodicamente Beja porque como cidade tinha algumas mordomias que na vila não desfrutávamos. Então uma das visitas era à célebre rua da Branca onde por hábito dizíamos ir mudar a água às azeitonas, mas com o decreto-lei 44579 de 19 de Setembro de 1962 a rua da Branca ficou escura como a noite.

Na recruta, em Beja, durante o dia tinha a instrução militar por esse motivo só à noite, até ao toque de recolher, tinha tempo para passear. Aos fins-de-semana o destino era a terra.

O Pelourinho da cidade de Beja 
Foto WIKIPÈDIA com a devida vénia.


A seguir fui para a Escola Prática de Infantaria em Mafra para tirar a especialidade de transmissões.
A Mafra, durante a tropa, aplica-se a mesma rotina que em Beja só que as viagens ao fim-de-semana de Beja para a terra eram feitas de motorizada, em Mafra ia para estrada pedir boleia para Moscavide, onde morava a minha irmã, e aproveitava para conhecer Lisboa, um mundo totalmente diferente do que tinha sido toda a minha vivência.

Da então vila de Mafra guardo em memória toda a imponência e beleza do convento e da tapada.


Convento de Mafra e paisagem 
Foto rcmafra.com com a devida vénia


Já mobilizado fui para Évora para aguardar embarque sem saber para onde ia.
Évora, cidade que também conhecia, tal como Beja, mas por ter estado lá a trabalhar como eventual na C.P.
Évora além de cidade museu, na minha juventude gozava do estatuto das jovens bonitas, as eborenses, que não deixavam os seus créditos por mãos alheias. Será que é uma das razões do título da canção do Vitorino "Alentejanas e amorosas?"
Em Évora, como estávamos a aguardar embarque, até parecia que não estávamos na tropa. A começar pelo RAL3, Regimento de Artilharia Ligeira nº3, onde ficámos aquartelados após as semanas de mato ou sobrevivência, que tinha quase como finalidade aquartelar os soldados que estavam mobilizados a aguardar embarque, pois mantinha um pequeno grupo de militares para a manutenção dos equipamentos.
A vida militar a sério era logo ali, com dizem os meus conterrâneos. No RI16 e no quartel General. Daí que tínhamos a preparação física na parte da manhã pois ela era importante porque quase de certeza iríamos enfrentar uma guerra, a seguir umas palestra sobre a vida militar e em parte sobre o que nos esperava, mas não adiantavam muito porque dependia para a província ou "Colónia" que nos saísse em sorte.
Pelo que acabo de citar, tínhamos muito tempo para dar largas aos nossos passeios. Pelo que acabei de escrever, não odiei nenhuma cidade ou Vila por onde, por força das circunstâncias, passei de todas gostei umas mais outras um pouco menos.

Foto página do município com a devida vénia

A ter que escolher a que mais amei, sem qualquer dúvida Évora.
Lugar ou local que odiei, foi o Cachil na Guiné, não cometi nada para sofrer um castigo de dez meses e uma semana de isolamento e uns extras como complemento que não desejo a ninguém.

José Botelho Colaço
Soldado TRMS
CCAÇ 557
Cachil, Bissau, Bafatá
1963/65
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12617: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (7): As localidades por onde passei, sofri e amei (Veríssimo Cardoso)