Mostrar mensagens com a etiqueta COVID-19. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta COVID-19. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22677: Efemérides (354): No Dia de Finados, lembremos os nossos queridos mortos: nos últimos dois anos, em 2020 e 2021, em plena pandemia de Covid-19, a morte levou 36 de nós (31,3%) num total de 115 mortes registadas (13,8% dos 854 membros da Tabanca Grande)


Vouzels > Campia > Junho de 2021 >  Um das últimas fotos de grupo (*)  com o Victor Barata (1953-2021) (**), aqui sentado à mesa,  ao centro. Era carinhosamente tratado por "Vitinho". Foi o fundador e o grande animador do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74.

Um grupo de  camaradas e amigos de Coimbra foi visitá-lo (e homenageá-lo) na sua casa, em Campia, Vouzela,  no no distrito de Viseu, nos princípios de junho de 2021, já ele já estava bastante debilitado pela doença crónica degenerativa que virá a   causar  a sua morte, em 25 de outubro último. A foto é de Augusto Ferreira, 2º Srgt Mil Melec/Inst/Av (*). Reproduzida aqui com a devida vénia.


1. Entre vivos e mortos, a lista dos amigos/as e camaradas  da Guiné, pertencentes à Tabanca Grande, soma já 854... Ao fim de 17 anos e meio de existência (, vamos fazer 18, em 23 de abril de 2022, se lá chegarmos).

No entanto, aqueles e aquelas que "da lei da morte já se foram libertando" (n=115), representam já 13,8% do total.  Os seus nomes constam da coluna estática do blogue, no lado esquerdo. Os dois últimos, e mais recentes, foram o Victor Barata (1953-2021) e o Queta Baldé (1943-2021).

Dos nossos queridos mortos, mais recentes, nos últimos dois anos, registamos, com grande pesar, que ultrapassaram as 3 dezenas, mais exatamemte 36: 11 em 2020 e 25 em 2021... (Estes últimos estão destacados a vernelha, na lista alfabétoca dos membros da Tabanca Grande, na coluna do lado esquerdo.)

Não sabemos com rigor quantos deles morreram na sequência directa ou indireta da pandemia de Convid-19, mas este número (36) representa  quase um terço )31,3%) do total das mortes ocorridas nestes anos todos... 

Será uma sobremortalidade, a deste ano, ou o resultado inevitável do nosso progressivo e irreversível envelhecimento, com tendência, portanto, a aumentar nos próximos anos ?

Por outro lado, estes números das nossas "baixas mortais" devem pecar por defeito: há membros da Tabanca Grande de que não temos notícias há anos, ou seja, são camaradas que não fazem "prova de vida", por email, telefone ou colaboração no blogue... (Razão pela qual, também, deixámos de celebrar o seu aniversário, nos casos em que estávamos autorizados a fazê-lo). Alguns, como o António Paiva, por exemplo, já terão morrido... Mas não temos confirmação (ofcial ou oficiosa) do seu falecimento.

Recordemos hoje, isso sim, no Dia de Finados (, habitualmente comemorado no feriado de 1 de Novembro), e mais uma vez, os nomes dos nossos amigos e camaradas que nos deixaram nestes últimos 22 meses (e que vão destacados a negrito), mas também, todos os demais que estão no nosso mural (n=115).

Saibamos honrar a sua memória, deposi de os ter resgatado da "vala comum do esquecimento" (***).

A

Agostinho Jesus (1950-2016) 
Alcídio Marinho (1940-2021)
Alfredo Dinis Tapado (1949-2010)
Alfredo Roque Gameiro Martins Barata (1938-2017)
Amadu Bailo Jaló (1940-2015)
Américo Marques (1951-2019)
Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021)
António da Silva Batista (1950-2016)
António Dias das Neves (1947-2001)
António Domingos Rodrigues (1947-2010)
António Manuel Carlão (1947-2018)
António Manuel Martins Branquinho (1947-2013)
António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018)
António Rebelo (1950-2014)
António Teixeira (1948-2013)
António Vaz (1936-2015)
Armandino Alves (1944-2014)
Armando Teixeira da Silva (1944-2018)
Augusto Lenine Gonçalves Abreu (1933-2012)
Aurélio Duarte (1947-2017)

C/H

Carlos Azeredo (1930-2021)
Carlos Cordeiro (1946-2018)
Carlos Domingos Gomes (Cadogo Pai) (1929-2021)
Carlos Filipe Coelho (1950-2017)
Carlos Geraldes (1941-2012)
Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Carlos Rebelo (1948-2009)
Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014)
Celestino Bandeira (1946-2021)
Clara Schwarz da Silva (1915-2016)
Cláudio Ferreira (1950-2021)
Cristina Allen (1943-2021)

Cristóvão de Aguiar (1940-2021)

Daniel Matos (1949-2011)
Domingos Fernandes (1946-2020)

Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)

Fernando Brito (1932-2014)
Fernando [de Sousa] Henriques (1949-2011)
Fernando Franco (1951-2020)
Fernando Rodrigues (1933-2013)
Francisco Parreira (1948-2012)
França Soares (1949-2009)

Gertrudes da Silva (1943-2018)

Humberto Duarte (1951-2010)

I/J

Inácio J. Carola Figueira (1950-2017)
Isabel Levezinho (1953-2020)
Ivo da Silva Correia (.c 1974-2017)

João Barge (1945-2010)
João Cupido (1936-2021)
João Caramba (1950-2013)
João Diniz (1941-2021)
João Henrique Pinho dos Santos (1941-2014)
João Rebola (1945-2018)
João Rocha (1944-2018)
Joaquim Cardoso Veríssimo (1949-2010)
Joaquim da Silva Correia (1946-2021)
Joaquim Peixoto (1949-2018)
Joaquim Vicente Silva (1951-2011)
Joaquim Vidal Saraiva (1936-2015)
Jorge Rosales (1939-2019)
Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017)
José António Almeida Rodrigues (1950-2016)
José Augusto Ribeiro (1939-2020)
José Barreto Pires (1945-2020)
José Ceitil (1947-2020)
José Eduardo Alves (1950-2016)
José Eduardo Oliveira (JERO) (1940-2021)
José Fernando de Andrade Rodrigues (1947-2014)
José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017)
José Manuel Dinis (1948-2021)
José Manuel P. Quadrado (1947-2016)
José Martins Rosado Piça (1933-2021)
José Maria da Silva Valente (1946-2020)
José Marques Alves (1947-2013)
José Moreira (1943-2016)
José (ou Zé) Neto (1929-2007)
José Pardete Ferreira (1941-2021)

L/N

Leopoldo Amado (1960-2021)
Libório Tavares (Padre) (1933-2020)
Lúcio Vieira (1943-2020)

Luís Borrega (1948-2013)
Luís Encarnação (1948-2018)
Luís Faria (1948-2013)
Luís F. Moreira (1948-2013)
Luís Henriques (1920-2012)
Luís Rosa (1939-2020)

Mamadu Camará (c. 1940-2021)
Manuel Amaral Campos (1945-2021)

Manuel Carneiro (1952-2018)
Manuel Castro Sampaio (1949-2006)
Manuel Dias Sequeira (1944-2008)
Manuel Martins (1950-2013)
Manuel Moreira (1945-2014)
Manuel Moreira de Castro (1946-2015)
Manuel Varanda Lucas (1942-2010)
Marcelino da Mata (1940-2021)
Maria da Piedade Gouveia (1939-2011)
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)
Mário Vasconcelos (1945-2017)

Nelson Batalha (1948-2017)

O/V

Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021)

Paulo Fragoso (c.1947-2021)

Queta Baldé (1943-2021)

Raul Albino (1945-2020)
Renato Monteiro (1946-2021)

Rogério da Silva Leitão (1935-2010)

Teresa Reis (1947-2011)
Torcato Mendonça (1944-2021)

Umaru Baldé (1953-2004)

Vasco Pires (1948-2016)
Victor Alves (1949-2016)
Victor Barata (1951-2021)
Victor Condeço (1943-2010)
Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014)

Total=115
____________

Notas do editor:

(*) Vd. Blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 > terça-feira, 8 de junho de 2021 > Voo 3599 – Visista ao nosso ComandanteI

(**) Vd. poste de 25 de outiubro de  2021 > Guiné 61/74 - P22660: In Memoriam (416): Victor Barata (1951-2021), ex-1.º Cabo da FAP, Especialista de Instrumentos de Bordo, BA 12, Bissalanca, 1971/73; membro da Tabanca da Grande desde maio de 2006 e fundador, em junho de 2007, do blogue Especialistas da BA 12... Era um "Zé Especial", tratado com muito carinho por "Vitinho"... Velório: hoje, a partir das 16h00 em Campia; Vouzela; missa de corpo presente às 15h00 de amanhã, seguindo depois o féretro para a Casa Crematória de Viseu

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22581: Convívios (918): Cerca de 70 participantes no XXV Convívio Anual da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852, "Os Incendiários" (Buba, 1971/73)... Comemorou-se também os 50 anos da sua formação e mobilização para o CTIG (Joaquim Pinto Carvalho)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6

Foto nº7

Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10


Foto nº 11


Foto nº 12


Foto nº 13



Foto nº 14

Cadaval > CCAÇ 3398. "Os Incendiários"  (Bula, 1071/73) > XXV Convívio Anual > 18 de setembro de 2021

Fotos (e legendas): © Victor Duarte ( J. Pinto Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Trinta e três antigos combatentes e respetivas famílias, a maior parte oriundos do Norte, reuniram-se no passado dia 18 de setembro no Cadaval, no XXV convívio anual para comemorar 50 anos da constituição e mobilização da CCAÇ 3398 – os “Incendiários” de Buba - que, nos anos de 1971 a 1973, esteve no teatro de operações da Guiné (Sector Sul S-2), fazendo parte do Batalhão de Caçadores 3852.


O evento, organizado pelo ex-alferes miliciano Joaquim Pinto de Carvalho, natural do Cadaval (, membro da nossa Tabanca Grande, e régulo da Tabanca do Aira-te ao Mar) contou com a participação de cerca de 70 pessoas. (Vd. Foto n.º 1, com o Pinto de Carvalho, à frente como porta-estandarte.)

A comemoração iniciou-se com uma pequena sessão no Auditório Valentina Abreu,  da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Cadaval, instituição que este ano comemora 100 anos de existência, com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal do Cadaval, Dr. José Bernardo, e do Presidente daquela Associação, Dr. Ricardo Coelho (Foto nº 2).






Capa e contracapa (detallhe) da brochura de Joaquim Pinto de Carvalho,  "A 'Chama' que nos chamou: um contributo para a história da CCAÇ 3398, "Os Incenidários", Buba, Guiné (1971/73), na comemoração do seu cinquentenário.(2021, 88 pp., il.)




Medalha comemorativa dos 50 anos da CCAÇ 3398 / BCAÇ 3852, "Viver, lutar, vencer" (1971/2021). 

Fotos (e legendas): Blogue Luis Graça & Camarads da Guiné (2021


A sessão abriu com uma saudação de boas vindas feita pelo organizador do evento e pelas entidades oficiais presentes, seguindo-se a apresentação do livro comemorativo deste cinquentenário “A Chama Que Nos Chamou -  um contributo para a história da CCaç 3398" e a condecoração com a “Medalha de Ouro” de todos os antigos combatentes que responderam à chamada; alguns foram condecorados a título póstumo, representados por familiares que quiseram estar presentes. 

Procedeu à imposição das medalhas o comandante da Companhia, ex-Cap Filipe Lopes, hoje coronel reformado. (Fotos nºs 3,4,5, e 6).


Após a condecoração, momento alto e mais emotivo desta sessão, foi projetado um pequeno video sobre Buba, filmado por um grupo de expedicionários que, na guerra colonial, combateram na região sul da Guiné e que, em 2013, lá se deslocaram (“Nina”, Lobo e Rainho). (Será oportunamente divulgado no nosso blogue.)

Por fim, registou-se um breve momento musical oferecido por Júlio Pina, fadista bem conhecido na zona oeste onde reside e atua, que, sendo também um ex-combatente da Guiné, invocou esse acontecimento e dedicou duas peças musicais, com reminiscências à guerra da Guiné, designadamente “piriquito vai no mato” (Foto nº 7).

Terminada esta sessão, junto do “Monumento do Combatentes”, no Largo do Combatentes, junto ao posto da GNR do Cadaval, foi feita uma breve homenagem aos antigos combatentes falecidos com a deposição de uma coroa de flores (Foto nº 8).

O convívio prosseguiu com um almoço na “Quinta do Castro” (Pragança, Cadaval) (Fotos nºs 9, 10, 12, 13 e 14) com um bolo comemorativo, cujo formato foi inspirado também num elemento natural presente na paisagem guineense: o monte formigueiro “baga-baga” (Foto nº 11).

A edição do filme exibido bem como a recolha de imagens do evento foi efetuada por Vítor Duarte, que tem ligação ao Cadaval por ser neto e biógrafo do “Patriarca do Fado”, o grande fadista Alfredo Marceneiro, que, segundo rezam as crónicas, terá sido gerado no Cadaval; não tendo sido combatente, soube disparar a sua objetiva  para deixar à memória futura os principais momentos deste encontro memorável, não só pela efeméride “ouro e prata” que representou para a companhia mas por ser o primeiro convívio após o início da pandemia COVID-19.

Devo tambémfazer aqui uma referência ao nosso amigo e camarada Belarmino Sardinha, antigo combatente na Guiné (Foto nº 14, ao centro de T-shirt azul e óculos). Vive no concelho do Cadaval. Fez questão de me dar alguma colaboração, embora não fazendo parte da CCAÇ 3398:  nomeadamente, a chamada dos condecorados esteve a seu cargo.

Os “Incendiários” de Buba estão, pois, de parabéns. Espera-se que, para o ano, libertos desta guerra pandémica que nos colonizou, estas comemorações possam continuar por terras nortenha, donde, aliás, é oriunda a maioria dos combatentes que deram corpo a esta Companhia.(*)

Joaquim Pinto Carvalho (**)

___________

Notas do editor:

(*) Repare-se qie este poste, da série "Convívios", é o primeiro que se publica desde há mais de um ano: o último foi em 22 de junho de 2020... E o anterior em 19 d fevereiro de 2020. Por causa da pandemia de Covid-19, foi decretado o estado de alarme em 12 de março e logo a seguir a 19 o estado de emergência.  Este convívio da CCAÇ 3398 deve ser dos primeiros que se realiza em contexto  pós -pandémico. Parabéns ao Joaquim Pinto de Carvalho e demais "Incendiários" de Buba...


(**) Sobre o Joaquim Pinto Carvalho: advogado, músico e poeta, natural do Cadaval, a viver na Lourinhã, membro da Tabanca Grande desde 7/12/2013, ex-alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e da CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73); tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue.

domingo, 5 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22516: Tabanca da Diáspora Lusófona (18): Lembrando, há 20 anos, o ataque às Torres Gémeas... E anunciando a minha primeira saída pós-pandémica à Eslovénia e a Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)


1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):


Data - sábado, 4/09, 15:26 

Assunto - 11 de setembro... e um abraço


Caro Luís Graça,

Há dias ao telefone disse-te que ainda não tinha coragem de viajar de avião e por isso um abraço mesmo real teria de esperar mais uns tempos. Mas depois de ter falado contigo fiz outros telefonemas; alguns dos meus amigos a quem eu fazia estarem aqui,  responderam-me nos seus móveis de Portugal; a minha filha e meu neto também não hesitaram em pegar o avião,  estão lá agora ; e de toda a parte a pergunta é sempre a mesma: "quando é que vens cá"? Mas se a vontade de ir era grande , a minha cobardia era ainda maior .

Entretanto a Vilma, mais afoita,  já tinha decidido ir à Eslovénia… e a mim não me apetecia mesmo nada ficar aqui sozinho…

Olha, para não te fazer perder mais tempo...já compramos bilhetes para Zagreb… ainda por cima na TAP… com escala por Lisboa. Depois da Eslovénia iremos dois dias a Paris onde temos bons amigos que não quero deixar de ver. E daí iremos passar pelo menos umas duas semanas em Portugal.

Ainda não sei as datas certas que tudo agora é feito “ em cima dois joelhos” . Mas conta connosco em princípios de Outubro. E podes avisar os nosso comuns amigos e camaradas que "vou ficar zangado" se não me for dada a possibilidade de lhes apertar bem as costelas…

Mas antes disso quero falar-te de um outro encontro muito importante para mim:
como sabes o nosso querido camarada e  amigo Valdemar Queiroz diz não estar em condições de saúde para se deslocar a algum encontro . E eu gostava mesmo de o ir ver e dar-lhe um grande abraço. 

Acabo de falar com ele ao telefone ( falamos frequentemente) e combinei com ele o seguinte: como eu vou fazer escala em Lisboa e vou ter a tarde do dia 14 de Setembro livre, vai ser essa a ocasião para o ir ver. Em princípio o Rui Chamusco vai-nos esperar ao aeroporto e leva-nos ao Valdemar em Agualva-Cacém. E se o Rui não puder fazê-lo , outra solução haverá, nem que seja um taxi…

Lembrei-me de te dar a conhecer isto, para o caso de haver mais alguém que queira fazer uma visita ao Valdemar nessa altura, uma vez que ele não pode deslocar-se a algum outro encontro que venha a acontecer. Não foram os teus problemas de locomoção, e eu estaria a convidar-te ou a desafiar-te para ires também. Vou tentar contactar o João Ferreira, filho do nosso saudoso Eduardo. Como ele vive em Lisboa, quem sabe possa e queira vir connosco...

Deixei ao Valdemar decidir  onde e como nos vamos encontrar, e logo que receba instruções dele eu informo-te. OK?

Entretanto aproxima-se o 20º aniversário do atentado às torres gémeas e com ele imagens, memórias e experiências desses dia e dias seguintes . Se por um lado "lembrar um mau passado para que se não repita” pode ser benéfico, mais vantagens ainda podem advir duma atitude de "esquecer o negativo e salientar o positivo” .

 Pois como vou esquecer o medo, o silêncio quase sepulcral que se apoderou de todos os nova-iorquinos nesta ocasião?  Recordo-me de tomar o “subway”, cada um olhando para o vizinho do lado receoso de que algum deles fosse um terrrorista suicida, que rumores desses não faltavam e não havia ninguém que dissesse uma palavra; as situações aflitivas,  especialmente nos arredores das torres,  de não se poder respirar fundo, obrigando-nos a uso de lenços e máscaras; as cenas dantescas dos escombros e da espessa camada de cinza que cobria toda a zona… se não posso esquecer tudo isto eu quase me esforço para lembrar antes boas memórias como foram as visitas de amigos que nessa altura aqui vieram: a do Sr. Bispo de Leiria/Fátima, Dom Serafim Ferreira que fez questão de, acompanhados dos dirigentes da “Blue Army “ carregando uma imagem da Senhora de Fátima, fez questão de visitar o “ground zero”; ou o Oscar Mascarenhas, nessa altura editor do “Diário de Notícias”, a quem sem esperar servi de cicerone e desenrasquei: é que a cidade por motivos e segurança tinha imposto as maiores restrições de entrada em toda a parte, incluindo a jornalistas que se apresentassem sem especiais autorizações emitidas para cada caso, especialmente jornalistas estrangeiros. 

O Oscar não tinha tido tempo de arranjar esse documento e sentia-se frustrado ter vindo a Nova Iorque para nada. Foi então que me lembrei de experimentar usar um cartão que me tinha sido emitido pelas Nãções Unidas na ocasião da preparação da Exposição "Visas for Life”, a cuja direcção eu tinha pertencido; e com ele tinha tido fácil acesso a toda a parte. Foi remédio santo: a apresentação desse cartão deu-me a mim e ao Oscar imediata entrada em toda a parte, para surpresa do Oscar que me creditava com conhecimentos muito maiores em Nova Iorque do que eu jamais tive.

Se são estas as memórias que sempre me vêm, mas há uma memória muito especial que me ficou para sempre:

Era dia de eleições. Vivia já no endereço actual em Queens, nos arredores de Nova Iorque,  e tinha decidido tirar o dia de folga para, além de votar , tratar de vários assuntos relacionados com a minha nova residência. Minha filha já estava a viver em Nova Iorque e minha esposa estava com ela nesse dia. As notícias e imagens do que se estava a passar deixaram-me duplamente aflito pois o meu filho trabalhava na altura no “ Goldman Sacks”, situado bem perto do Word Trade Center.

Se esse dia nos marcou a todos, que razões não faltaram, eu lembro esse dia também com muito orgulho. Aponta-se , muito apropriadamente, a abnegação, coragem e heroísmo dos bombeiros, polícias e e tantos outros que, mesmo conscientes dos perigos, e quem sabe de outros que podiam ainda estar para acontecer, sem pestanejar puseram todos os receios de lado e voaram ao local. Todos eles foram heróis; e muitos deles pagaram o seu heroísmo de acorrer e salvar vidas com a sua própria vida, como foi o caso do frade franciscano, Michael Judge, capelão dos bombeiros duma unidade no meio da cidade, a primeira vítima conhecida de entre os que acorreram ao local.

Mas, certos do heroísmo de todos eles cujas profissões os levaram ao local, outros casos de heroísmo sucederam, pouco mencionados: houve casos de altruísmo que pelo que mostram e inspiram merecem ser sempre lembrados e jamais esquecidos. Falo do heroísmo daqueles que em vez de seguirem o natural instinto de sobrevivência de fugir imediatamente para longe, se lembraram de que no local havia gente a necessitar da ajuda, gente mesmo desconhecida , cuja vida ou morte dependia talvez da bondade e coragem de outros. O meu filho, e segundo ele me contou depois ele, não foi o único, foi um destes.

Meu filho estava já no escritório quando o ataque às torres gémeas começou. Alertados, todos os que se encontravam no seu edifício foram instruidos para descerem ao abrigo subterrâneo , na base desse edifício. Entretanto eu estava em minha casa sem saber o que fazer; mas cedo eu recebia um telefonema dele: “ Pai , sei que deves estar preocupado, mas não há razão para isso. Encontro-me no abrigo subterrâneo do prédio do “Goldman Sacks” e temos água e víveres por muito tempo para todos nós; portanto não te preocupes comigo, que está tudo certo.”

Respirei fundo e agora aliviado decidi sair de casa e ir para a grande artéria de Queens Boulevard, esperando o seu regresso. Tudo parado, não havia transportes e quando lá cheguei esta artéria parecia já um rio de grosso caudal, que se alongava tão longe quanto a vista podia alcançar, de gente que de Nova Iorque a pé voltava para suas casas.

Esperei e esperei . E todo o dia não chegou. Chegou a noite e voltei a casa . Meu filho só voltou no dia seguinte. Logo que lhes foi dado autorização para deixarem o abrigo, em vez de voltar para casa ele decidiu dirigir-se ao local do atentado que eram agora os escombros das torres. Aí começou a acartar garrafões de água que dava aos bombeiros e a todos os que dessa ajuda necessitavam. A certa altura a polícia decidiu mandar embora todos os civis, mas ele, pretendendo acatar e seguir as instruções recebidas, logo voltava carregando garrafões. Nesta e noutras tarefas de que me falou na altura mas que agora prefere não falar mas esquecer, passou toda a noite. Só se decidiu a voltar a casa quando exausto não se podia aguentar mais em pé.

O meu filho insiste agora em não falar de tudo isto, e muito menos de relatar à imprensa as suas vivências desse dia. É que ele ficou muito aborrecido mesmo nessa altura quando notícias na imprensa falaram que ele se dirigiu às torres , "depois de ter saido dos escombros". situação em que nunca se encontrou.

Meu filho não se considera um herói pelo que fez. Mas eu não tenho dúvidas em assumir para mim o orgulho de ter um filho assim.

João Crisóstomo, Nova Iorque (*)
_________

Nota do editor:

sábado, 28 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22494: Tabanca da Diáspora Lusófona (17): A(s) nossa(s) Academia(s) do Bacalhau: Long Island, Nova Iorque: "Gavião do penacho, de bico p'ra cima, de bico p'ra baixo, vai acima, vai abaixo"... (João Crisóstomo)


Estados Unidos da América >  Long Island, Nova Iorque > 25 de julho de 2021 > O João e a Vilma na festa de aniversário da Academia do Bacalhau de L.I., criada em 2008. 

Foto: cortesia da página do Facebook da Academia do Bacalhau de L.I., comunidade.



1. Mensagem do João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - terça, 27/07, 05:20

Assunto - Academias de Bacalhau no Mundo




Meus caros Luís Graca e demais camaradas,

Com a melhoria da situação pandémica, a vida pouco a pouco está a voltar ao normal .

Ontem, dia 25 de Julho, fomos a uma “festa de aniversario " da Academia de bacalhau de Long Island onde eu e a Vilma nos fizemos membros há três anos.

As reuniões mensais desse "clube" deixaram de ser possíveis desde que começou a pandemia de Covid -19, mas agora foi uma satisfação grande rever os nossos amigos que não víamos há mais de um ano. E a Vilma, embora não seja portuguesa, é também membro de pleno direito. Aliás, até me surpreendeu pelos seus "conhecimentos de português" …

Estávamos nós a fazer uma saudação "Gavião do Penacho”... a que associamos em uníssono o apropriado refrão, "Gavião do Penacho, de bico p'ra cima, de bico pr’a baixo, vai acima, vai abaixo…(isto enquanto com os copos fazemos os respectivos movimentos)... E eu, entusiasmado, esqueci-me da frase e, "passando em vão” a frase seguinte, adiantava-me já para beber o meu copo, cantando "bota pr’a dentro", quando a Vilma me agarrou o meu copo e me parou : "Não, João, before "bota pr’a dentro" you have to say ”vai ao centro” … and then "bota p’ra dentro"…

Ora eu… que pensava que ela nunca mais ia falar português…

Por descuido meu ( até há duas horas não tencionava falar sobre isto), não fiz fotos, mas fica para a próxima vez! O repasto é sempre generoso: desta vez foi: bacalhau cozido com batatas; carme de porco à alentejana; arroz/paelha de mariscos; bacalhau no forno; galinha assada…salada de grão de bico, etc etc … para não falar já da variada sobremesa que é de fazer um santo franciscano pecar de gula…

E depois há dança. Ora como a minha “ciática" ainda me inibe para tanto, a Vilma não teve outro remédio e foi dançar com a fotógrafa… e pela foto podem ver que não estava a chorar…

Isto tudo vem a propósito das Academias de Bacalhau. Estive a falar com o Valdemar Queiroz e fiquei surpreendido que ele nunca tivesse ouvido falar dessa associação. E como não temos aqui ( por enquanto!) nenhuma “Tabanca", como vocês têm em Portugal, resolvi aproveitar o que tenho para vos dizer que não perdemos o nosso tempo. "Quem não tem cão, caça com gato", certo?

Mas, para os que não conhecem, aproveito para dar uma ideia do que são as Academias de Bacalhau. O nome não foi escolhido pelo seu relacionamento com o nosso popular pescado. Ou aliás foi, mas não directamente: O bacalhau foi desde sempre , e continua a ser, um “elo” comum a todos os portugueses espalhados pelo mundo; o nosso "fiel amigo", onde quer que estejamos.

Em 1968 na África do Sul no meio da comunidade portuguesa surgiu a ideia de se juntarem para celebrarem Portugal (o dia 10 de Junho) e a amizade que a todos os unia. 

Essa associação tinha também como finalidade ajudar alguém que precisasse de ajuda, uma associação de amigo para amigo. O símbolo e nome de bacalhau foi o escolhido por representar o amigo comum de todos os portugueses sempre e onde quer que estes se encontrem.

"A ideia pegou” e a essa primeira associação que é chamada desde então a "Academia Mãe" seguiram-se outras, primeiro na África do Sul, hoje com onze "academias" e depois pouco a pouco pelo mundo fora.

Neste momento há Academias de Bacalhau por toda a parte. Vim a saber que existem em Portugal dezoito academias, duas destas na Madeira e Porto Santo e três nos Açores. 

Na última lista que me foi dado ver encontrei duas no Canadá , cinco nos Estados Unidos, oito no Brasil, três na Venezuela, cinco na França; Moçambique e Suazilândia com duas cada. Bélgica, Luxemburgo, Inglaterra; Angola, Namíbia e Austrália cada um com a sua Academia.

A pandemia veio alterar os planos mais recentes, mas sei que no 48º congresso que teve lugar em Portugal, no Porto, em 2019, foram aprovadas três novas academias, uma em Macedo de cavaleiros, uma em Sydney, Austrália e outra em Quito, no Equador.

Se bem que o propósito ou fim desta associação seja, como na maioria dos outros clubes , além de de proporcionar tempos e meios de recreação, promover os nossos valores e assim conservar e manter unidas as comunidades onde existem,  é de salientar no caso especial das Academias de Bacalhau o espírito primordial de generosidade que caracteriza e anima estas Academias. Em todas as reuniões esse fim de altruísmo e de cuidado pelos que precisam é sempre relembrado; e sempre se é dado a conhecer o que se fez ou o que vai acontecer nesse sentido.

Lembro que, l
ogo que entrei para o clube, sem saber ainda desta sua notável característica especial de ajudar os outros, eu fui informado que aquela Academia do Bacalhau tinha decidido ajudar a escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Eu não tinha pedido nada, mas eles souberam, nem sei como, que eu, o Rui Chamusco, o casal Sobral e mais mais dúzia de pessoas estávamos a construir essa escola para as crianças esquecidas nas montanhas.

Foi pois uma surpresa grande quando me apresentaram um cheque de mil dólares para essa escola ; e logo essa quantia foi mais que dobrada pois houve um membro dessa Associação que decidiu de sua lavra aumentar essa quantia com uma ajuda pessoal no mesmo valor. E como os bons exemplos, quando conhecidos por vezes também se multiplicam, passados umas semanas depois esse gesto de solidariedade foi repetido pelas escolas portuguesas Antero de Figueiredo, de Farmingville e pela escola S. Teotónio,  de Brentwood.

Bom, meus caros, vamos gozando as nossas tertúlias e academias enquanto ciáticas e outras coisas da idade não nos chateiam e nos obrigam a "ter mais juízo” e a ficarmos de observadores, sentados nas mesas.

João Crisóstomo, Nova Iorque


Fotos: © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

domingo, 22 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22476: Manuscrito(s) (Luís Graça) (204): Caminhando contigo pela picada da vida...





1. A Alice Carneiro, minha panheira de uma vida e mãe dos nossos filhos, agradece todos as mensagens de parabéns que lhe dirigiram no seu dia de aniversário, 18 de agosto de 2021 (*)...

E,depois,  autoriza-me que partilhe no blogue o texto (poético) que eu lhe li, em voz alta, na Tabanca do Atira-te ao Mar, num almoço que reuniu alguns amigos e que teve, como  cereja no bolo, a visita, de surpresa, da sua/nossa netinha, Clara Klut da Graça, que está com 21 meses.


Caminhando contigo 
pela picada da vida



1. Ao fim de um ano e meio de pandemia, estamos vivos.
Tu e eu, e os que nos são queridos, amigos e familiares.
Pelo menos, estamos vivos.
E foi a pandemia das nossas vidas.
Há três pandemias em cada século,
Mas uma com mais morbimortalidade do que as outras duas.
Não creio que voltemos a apanhar uma pandemia, como esta,
No tempo que nos resta para viver.

2. Estamos vivos, mas mais velhos, claro.
E sobretudo com mais mazelas.
Eu, pelo menos com mais mazelas, e já não são poucas.
Ao “annus horribilis” de 2020
Sucedeu o “annus horribilis” de 2021.
De resto, já tivemos muitos,
Nos vinte e tal primeiros anos das nossas vidas.
Para mim, a guerra, por exemplo.

3. Mas, hoje, no dia dos teus anos,
Não quero recordar o passado,
Nem sequer o nosso passado vivido em comum.
Feitas as contas lá vão 46 anos, desde 1975.
Estamos quase a celebrar as “bodas de ouro”…
Não quero muito menos fazer o balanço desse tempo,
Porque, se calhar, sobre a garrafa da vida e dos sonhos, para mim “meia cheia”,
Tu virias dizer que está… “meia vazia”.

4. Quero viver o futuro,
Ou imaginar um futuro em que continuemos a caber os dois,
Com todos aqueles que amamos,
Os nossos filhos, a Clarinha, a Catarina,
E todo o resto da nossa família da Lourinhã e de Candoz,
Mais os nossos queridos amigos do peito de todo o lado,
Alguns dos quais estão aqui à nossa mesa.
Quero ainda pensar que há lugar para nós os dois,
No comboio do futuro.
A isso se chama esperança.
Que não pode ser uma ilha só para nós,
Mas um arquipélago,
Tão grande como o mundo,
Abarcando oceanos e continentes.


5. As palavras, ao fim desta pandemia e destes anos todos, já estão muito gastas.
Há uma fadiga, não apenas pandémica, mas também existencial.
Às vezes dizes: “Estou cansada… Estou cansada de muito dar e pouco receber”…
Felicidade, por exemplo…. O que quer dizer “ser feliz” ?
Não sei o que é ser feliz, em abstracto,
Se calhar não é preciso muito para se ser feliz, hoje e aqui,
Por uma tarde,
Por um fim de tarde.
Não digo já um dia, um ano, uma vida.
Nem ninguém poderá ser feliz uma vida toda.
Nem os deuses, os santos ou os heróis.

6. A felicidade é onde a gente a põe,

E a gente deve pô-la onde está,
O que nunca ou raramente acontece.
A felicidade está apenas nos pequenos detalhes,
Uma frase batida, que gostávamos de repetir, lembras-te ?!,
Quando, em Espanha, gostávamos de ir para os hotéis NH.
Uma treta, são todos iguais, os hotéis,  em toda a parte,
Desde que tenham uma boa cama e lençóis limpos.
Aqui e hoje, a felicidade pode ser apenas
Uma esplanada em cima do mar.
Uma mesa, umas cadeiras,
Para mim, para ti, e para aqueles que amamos.
Um prato de choco frito ou de sardinhas,
Um copo de cerveja Bohemia, ou simples copo de vinho,
Um céu azul,
O sol a uma hora antes de se pôr,
Uma temperatura amena, uma brisa suave,
No nosso querido mês de agosto,
No dia dos teus anos,
Com o Mar do Cerro em frente,
Os surfistas espreguiçando-se,
As traineiras das sardinhas a 300 metros da praia,
Restos de caravelas e naus de outrora,
Dos nossos avoengos que tinham uma terra estreita,
Apertada como uma camisa curta,
E um mar sem fim à sua frente.

7. A felicidade não existe, minha querida Chita,
Ou então é apenas a nossa capacidade de sonhar
E de concretizar pequenas coisas, pequenos projectos.
E é isso que eu quero para ti e para mim,
Já não quero nem posso dar a volta ao mundo em 100 dias,
Só quero ter um planeta mais maneirinho e habitável
Para os nossos filhos e netos.

8. Vamos viver o resto dos nossos dias
Com a pressão do legado ambiental e societal que vamos deixar aos nossos vindouros.
Sou moderadamente otimista em relação à nossa capacidade coletiva:
Quem sabe equacionar um problema também é capaz de o resolver.
Mas temos que começar por nós.
Como eu te escrevi há 3 anos, em 8 de março de 2019,
Sinto que nos temos de proteger mais, um ao outro,
Quando chegarmos, dentro em breve, ao círculo polar ártico da vida.
Temos que nos proteger também do egoísmo geriátrico,
Temos que nos acarinhar mais
E receber mais carinho dos nossos filhos e amigos.
Receber e dar carinho, é um dos pressupostos do programa para se ser feliz,
Estou plenamente de acordo contigo.

9. E hoje continuo a dizer-te,
No dia em que fazes 76 anos:
Não temos outro jeito de estarmos juntos,
Ao caminhar pela picada da vida,
Uma imagem que me vem do tempo de guerra,
E que, tal como nesse tempo, está cheia de minas e armadilhas.
E o amor é essa capacidade de sermos as duas metades da vida fundidas,
Separadas e cada uma para seu lado,
Morreriam na floresta da solidão,
No deserto do sofrimento,
No vazio da noite sem madrugada.

10. Neste dia, tão especial para ti, e para mim,
Só posso exprimir a minha alegria e gratidão por existires
E teres, mal ou bem (,mas acho que mais bem do que mal),
Decidido fazer junto comigo essa caminhada pela picada da vida.
Vou-te pagando com alguns pobres versos, e textos poéticos, como estes,
Mas acumulando dívidas para contigo
Que ainda espero poder pagar em vida.
Não quero levar dívidas para o inferno
E, muito menos, que escrevas no meu epitáfio: “Caloteiro”.

Teu Nhicas, que não tem outro jeito de te dizer que te ama. (**)
Lourinhã, 18 de agosto de 2021

________

Notas  do editor:

(*) Vd. poste de 18 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22464: Parabéns a você (1984): Maria Alice Carneiro, Amiga Grã-Tabanqueira, esposa do nosso Editor Luís Graça

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22470: Meu pai, meu velho, meu camarada (66): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte IV


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Lazareto [?] > Novembro de 1941 > "Em diligência no paiol [?], eu e 30 colegas. Eu, ao centro”… Pormenor do grupo: ao centro. Luís Henriques está assinalado com um retângulo a amarelo. Foto: arquivo da família.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Num dos funerais que cá se realizou , ao passar nas salinas (?) em São Vicente. 1942. Luis Henriques" Foto: arquivo da família.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > No dia 15 de Fevereiro de 1942, os três amigos íntimos [, da direita para a esquerda,] Luís Henriques, António F. Delgado e José Leonardo... os três bigodinhos, à revelia do RDM,  querem é dizer que têm bigode... discreto, à Clark Gable (1901-1960)... [Eram três 1ºs cabos inseparáveis, todos da mesma companhia, sendo o José Leonardo, da Serra do Calvo, Lourinhã: emigrará depois para a América onde irá faleceu]. Foto: arquivo da família.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Duas secções [. Menos de um pelotão,] em diligência. No paiol, São Vicente, novembro de 1941. Luis Henriques". Foto: arquivo da família



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > "Duas secções [. Menos de um pelotão,] em diligência. No paiol, São Vicente, novembro de 1941. Luis Henriques". Pormenor da foto anterior: o 1º cabo inf Luís Henriques é o segundo a contar da direita para a esquerda. Foto: arquivo da família


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Novembro de 1941. "(Ao fundo, navio italiano) Para as refeições [ilegível] nos juntávamos todos os 30 [do pelotão]". [Ao lado esquerdo, um grupo de miúdos, à espera dos restos...]. Foto: arquivo de família.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > RI 23 > 1941 > O primeiro Natal passado na ilha. Foto: arquivo de família.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


Lembrando, no centenário do seu nascimento,
 a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, 
o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte IV




Cabo Verde > São Vicente > Mindelo > 1941 > Luís Henriques.
1º Cabo Inf da 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5. unidade mais tarde
integrada no RI 2.  Esteve no Mindelo entre julho de 1941 e setembro de 1943.  
Foto: arquivo de família.



4.  Figura muita popular e querida da sua terra natal, Lourinhã, e ainda ali  lembrado com saudade, nasceu há 101 anos,  em 19 de agosto de 1920 e morreu com 91 anos, os últimos cinco dos quais passados no Lar e Centro de Dia de N. Sra da Guia, na Atalaia. Foi um pequeno empresário (sapateiro), seccionista e treinador de futebol de camadas jovens do SC Lourinhanse (, de que era,antes de morrer, o sócio nº 1). 

Devido à pandemia de Covid-19, a família e os amigos  tiveram  que adiar a singela homenagem que tencionavam fazer-lhe, no dia 22 agosto de 2020, no centenário do seu nascimento. Também não será ainda neste ano da (des)graça de 2021, que essa homenagem se fará. Mas a família, no próximo domingo, irá recordar, em cerimónia privada, a sua figura: faria ontem 101 anos, se fosse vivo. Vamos continuar a publicar uma série de postes que já preparados, há um ano,  sobre a sua história de vida,  para publicação no nosso blogue  (*)


 
O RI 23 foi constituído em Cabo Verde, na Ilha de S. Vicente, sob o comando do Brigadeiro Augusto Martins Nogueira Soares (Agosto de 1941 a Dezembro de 1944). Faziam parte deste regimento as seguintes unidades (**):

  • 1 Batalhão do RI 5 (Caldas Rainha) ( a que pertencia o Luís Henriques e outros camaradas, naturais do concelho da Lourinhã)
  • 1 Batalhão do RI 7 (Leiria)
  • 1 Batalhão do RI 15 (Tomar)
  • Bateria de Artilharia Costa 1
  • Bateria de Artilharia Costa 2
  • Bateria Artilharia Contra Aeronaves 9,4 cm
  • Bateria Artilharia Contra Aeronaves 4 cm
  • Bateria de Referenciação, a 2 Divisões
  • 2ª Companhia de Sapadores Mineiros do Regimento de Engenharia 2

Ao RI 23 pertenciam ainda os seguintes serviços de apoio:

  • Parque de Engenharia
  • Secção de Padaria
  • Depósito de Subsistências e Material
  • Laboratório de Análise de Águas
  • Hospital Militar Principal de Cabo Verde
  • Depósito Sanitário
  • Tribunal Militar

À semelhança dos Açores (cuja guarnição militar foi reforçada com 30 mil homens, bem como da Madeira, com mil homens), para a defesa de Cabo Verde, e sobretudo das duas ilhas com maior importância geoestratégica, a ilha de São Vicente e a ilha do Sal, foram mobilizados 6358 militares, entre 1941 e 1944, assim distribuídos por 3 ilhas (i) 3361 (São Vicente): (ii) 753 (Santo Antão); e (iii) 2244 (Sal).

Mais de 2/3 dos efetivos estavam afetos à defesa do Mindelo (, ou seja, do porto atlântico, Porto Grande, ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos).

Os portugueses, hoje, desconhecem ou conhecem mal o enorme esforço militar que o país fez, na época da II Guerra Mundial, para garantir a soberania portuguesa nos territórios ultramarinos. Cerca de 180 mil homens foram mobilizados nessa época.

Em Cabo Verde chegou a temer-se a invasão dos alemães, dado o valor estratégico do arquipélago, à semelhança do arquipélago dos Açores, cobiçado pelos aliados. Quantas vezes me falava disso, o “meu pai, meu velho, meu camarada”... Ele, que simpatizava com os Aliados, falava-me da presença discreta dos alemães na ilha: chegaram a fazer um desafio de futebol com a tripulação de um navio alemão (, não posso afirmar se civil ou militar). E antes do reforço do nosso dispositivo de defesa da ilha de São Vicente e Santo Antão, o que só começa a ocorrer em meados de 1941, os submarinos alemãs eram com relativa frequência avistados ao la largo da ilha de São Vicente,e  das que estão mais próximas (Santo Antão, São Nicolau mas também Santiago) (Vd. Adriono Miranda Lima - Forças Expedicionárias  a Cbo Verde na II Guerra Mundial, edião de autor, Tipografia S. Vicente, Mindelo, 2020,  pp. 105 e ss.)

No Mindelo, tal como em Lisboa, havia espiões de um lado e do outro, alemães, italianos, ingleses, portugueses... E terá sido nesta época de fome, de guerra e de desgraça que se começou a desenvolver o nacionalismo cabo-verdiano que estará na origem do futuro PAIGC, fundado e liderado por Amílcar Cabral (a partir de 1956).

Só havia “vapor” (barco), com mantimentos e correio, de dois em dois meses… A saudade da terra era mitigada pela presença de diversos lourinhanenses, o furriel miliciano Caxaria, o Jaime Filipe, ambos da Atalaia, o Boaventura Horta, da Lourinhã, o Leonardo, da Serra do Calvo, e outros, que pertenciam à mesma unidade (RI 23, constituído na Ilha de São Vicente, 1941/44). 

Todos, infelizmente, já falecidos, o último, o António Caxaria, com 102 anos (**)... Já há não sobreviventes dessa geração... Para mais, foi uma geração sem cronistas. É uma pena que as suas memórias desapareçam com a sua morte física, a  morte física nossos pais, últimos soldados do império tal como nós... Mas todos eles trouxeram consigo algumas lembranças da ilha, e nomeadamente fotografias do célebre estúdio Foto Melo... 

Enfim, estas pequenas histórias que aqui se deixam, do Luís Henriques e outros "expedicionários",  fazem parte da história comum de Portugal e Cabo Verde (**)...

Numa época de elevado analfabetismo (, mais de 40% dos homens no grupo etário dos 20-24 anos, em 1940, eram analfabetos!), o Luís Henriques sacrificava, com gosto, os seus tempos livres, escrevendo dezenas de cartas por semana em nome de muitos dos seus camaradas. Aos 91 anos ainda se lembrava dos números de tropa (!) de alguns dos seus camaradas, dos seus nomes completos e até das moradas (!) para onde enviava as cartas.

Em nome do Fortunato Borda d'Água, do Cercal, Azambuja, por exemplo, chegava a escrever 22 cartas por semana... O Fortunato tinha duas namoradas, uma morena e outra loura, "uma que chorava ao pé da mãe dele, e outra que se ria, em plena rua" (sic)... O meu pai um dia teve que o ajudar a decidir-se:

- Ó Fortunato, afinal de quem é que tu gostas mais ? Com quem queres casar, quando voltares à terra ? Quem é que vai a ser a mãe dos teus filhos ? A que se ri, na rua, ou a que chora no ombro da tua mãe ?...

- Ó Luís, claro que é da que chora np ombro da minha mãezinha...que eu gosto mais.

Durante anos, visitaram-se mutuamente.

Lembrava-se também dos nomes e de algumas histórias dos seus oficiais, alguns, bem “prussianos, militaristas, germanófilos”, de acordo com figurino da época, um deles herói da Guerra de Espanha, "com as pernas todas furadas por balas" (sic)...

Lembrava-se até dos resultados dos renhidos torneios de futebol e de voleibol que se realizavam no Lazareto, entre o Mindelo e o Monte Cara, entre tropas de diferentes subunidades... e em que ele participava. 

Claro, lembrava-se das praias e dos tubarões, dos navios, e até dos espiões (que lá também os havia, como em Lisboa, ao serviço de um lado ou do outro das potências beligerante)... E a chegada de qualquer navio era uma festa, tanto para os expedicionários como para os naturais da ilha...Chegou a ir a bordo de um navio da marinha mercante para estar com um vizinho, membro da tripulação, que era natural de uma povoação vizinha da Lourinhã (, Atougia da Baleia, se não erro).

Ia a missa aos domingos, como bom católico. E tinha uma menina, uma "Bia", que gostava dele, encontravam-se na igreja de N. Sra. Luz... O sonho das raparigas da ilha era arranjar um namorado metropolitano e sair daquela miséria...

Tinha o bom hábito de ler. Tinha uma bela caligrafia e uma escrita com desenvoltura. Fez a 4ª classe com 9 anos, e começou logo trabalhar. Era bom em números... No Mindelo, escreverá centenas e centenas de cartas, em nome daqueles que na época (e eram muitos...) não sabiam ler e escrever... Escrevia uma média de 20 e tal cartas por semana...

Muitas vezes eram os próprios rapazes cabo-verdianos, engraxadores de rua, escolarizados, alguns estudantes do liceu Gil Eanes (o único que havia nas ilhas, e cujo reitor era um professor goês, culto...) que liam as cartas recebidas pelos expedicionários, metropolitanos, analfabetos... Que triste ironia!... 

Para mais numa época de pavorosa seca e epidemia de fome que roubou a vida a milhares de cabo-verdianos (cerca de 25 mil) (**)... Apesar de menos sentida na ilha de São Vicente do que nas outras ilhas, a fome foi também aqui mitigada graças à solidariedade dos "nossos pais, nossos velhos, nossos camaradas"...

Mas, coisa linda e fantástica, os ex-expedicionários de Cabo Verde desta época continuaram a encontrar-se durante muitos e muitos anos, até à década de 1990... O meu velhote costumava ir aos encontros do 1º Batalhão do RI 5, nas Caldas da Rainha... até que as pernas começarem a fraquejar  e a maior parte deles, dos seus camaradas, acabou por morrer.  O António Caxaria  costumava dar-lhe boleia,de carro (***). 

O mesmo se passava com os outros regimentos: RI 7 (Leiria), RI (11 (Setúbal), RI 15 (Tomar)... Cabo Verde ficou-lhes no coração para sempre...

Capa do romance de Manuel Ferreira (1917-1992), que fazia parte da exposição comemorativa
do 1º centenário do escritor Manuel Ferreira (1917-1992), também ele expedicionário em São Vicente, neste período, com o posto de furriel miliciano


O autor de "Hora di Bai" (1962) era natural da Gândara dos Olivais, Leiria, onde tenho amigos e familiares que o conheceram em vida. Morreu em Linda a Velha, Oeiras.

Expedicionário do RI 7 (Leiria), o fur mil Manuel Ferreira (1917-1992), futuro capitão SGE e escritor, conheceu, no Liceu Gil Eanes, aquela que virá a ser a sua muher e mãe dos seus filhos, também ela escritora, notável contista, Orlanda Amarílis (1924-2014). Ambos frequentavam este liceu. Orlanda era colega de turma do Amílcar Cabral (1924-1973) ... A família de Amílcar Cabral mudou-se para o Mindelo em 1937: é de todo provável que nos dois anos e tal que lé esteve, entre julho de 1941 e setembro de 1943, o meu pai se tenha cruzado com o futuro dirigente do PAIGC.

Manuel Ferreira acabou por ficar seis anos no Mindelo (1941-1947) e ser um dos cofundadores e animadores da revista literária "Certeza" (1944), de vida efémera mas com grande impacto na vida cultural da ilha.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Dia 14 de agosto [de 1942], data gloriosa para a nossa gente lusa (Aljubarrota). Recordando essa data em Mindelo com o içar da bandeira nacional junto ao liceu Gil Eanes e marchando o regimento de infantaria 5 nas ruas da cidade". Foto: arquivo de família.

É um edifício com história, hoje conhecido como Liceu Velho... A elite do Mindelo passou por aqui... O liceu Gil Eanes (antes, Infante Dom Henrique) funcionou aqui de 1938 a 1968. A sua construção data de meados do séc. XIX. Teve vários usos, além de estabelecimento de ensino, foi quartel e correios...



A seca e a fome que assolaram Cabo Verde nessa época, e que fizeram milhares e milhares de mortos (inspirando o romance de Manuel Ferreira (1917-1992), “Hora di Bai”, publicado em 1962), tiveram impacto na consciência de bom português, bom cristão e bom lourinhanense, que era o 1º cabo Luís Henriques. O seu "impedido", o Joãozinho, que ele alimentava com as suas próprias sobras do rancho, também ele morreria, de fome e de doença, em meados de 1943.

Ainda se comovia, passados tantos anos, ao dizer-me que deu à família do miúdo todo o dinheiro que tinha em seu poder (c. de 16$00) - na altura, estava hospitalizado -, para ajudá-la nas despesas do enterro. 

Lembro-me de ele me dizer que um 1º cabo, em comissão em Cabo Verde, ganhava na época qualquer coisa como 130$00 por mês... De volta à metrópole, não terá mais do que 200$00 ou 300$00 no bolso. Para ele o dinheiro “nunca foi fêmea”...

Para se ter um ideia do valor do dinheiro nessa época de racionamento alimentar e especulação de preços dos géneros mais essenciais, podemos acrescentar o seguinte: 

(i) um quilo de bacalhau, em 1943, no Porto, custava 10$40, preço tabelado, ou 16$00, no mercado negro; 

(ii) um quilo de arroz, em 1941, na Guarda variava entre os 2$80, preço tabelado, e os 4$00, no mercado negro; 

(iii) o preço de um litro de azeite, em 1941, na Guarda, variava entre os 7$50 (azeite corrente) e os 8$50 (azeite extra), mas no mercado negro os preços podiam atingir 3, 4 ou 5 vezes mas;

(iv) um assalariado agrícola, na década de 1950, dez anos depois, não ganhava mais do que 20$00.

Numa população, como a do Mindelo, que não devia ultrapassar os 15 mil habitantes, a passar por graves problemas como o desemprego crónica, a seca, a fome e a emigração forçada, a presença de mais de 3300 “expedicionários” na ilha, entre 1941 e 1944, teve um grande impacto, com aspetos positivos e negativos (Vd. o livro do nosso camarada Adriano  Lima, 2020)(**). Manuel Ferreira, por ex., refere o seguinte, no seu livro “Morabeza” (1ª edição, 1958):

“Durante a última guerra, com a presença da tropa, o ritmo da vida do arquipélago, em muitos aspetos foi alterado, e daí terem surgido várias mornas alusivas a factos que mais chocaram a população, principalmente a de São Vicente [B.leza, pseudónimo de Xavier Cruz, compôs uma morna intitulada “punhal de vingança” onde refere que as moças agora só se encantam com “furrié”]. [p. 30]

 [ Citado por João Serra, in: 4 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17507: Memória dos lugares (361): Mindelo em plena II Guerra Mundial, visto por Manuel Ferreira (1917-1992) (João Serra). Disponível em https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2017/06/guine-6174-p175007-memoria-dos-lugares.html   ]

(Continua)
__________


Notas do editor:

(*) Vd. postes anteriores:

22 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21282: Meu pai, meu velho, meu camarada (65): Lembrando, no centenário do seu nascimento, a popular figura do lourinhanense Luís Henriques, o “Ti Luís Sapateiro” (1920-2012) - Parte III


(**) Vd. também:

14 de junho de  2021  > Guiné 61/74 - P22279: Notas de leitura (1361): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", de Adriano Miranda Lima; Março de 2020, Edição de Autor (Mário Beja Santos)

11 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21346: Notas de leitura (1306): "Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial", livro de Adriano Miranda Lima (edição de autor, Mindelo, 2020, 241 pp.): a história escrita com paixão, memória e coração (José Martins)