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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10795: In Memoriam (135): Dona Berta de Bissau (1930-2012) (Hélder Sousa / Patrício Ribeiro / Antº Rosinha)



Página de ontem, 12, do sítio Pensão Berta..."É com muita tristeza, mas também alguma paz no coração, que escrevo aqui a noticia da morte da Avó Berta. Cumprido que estava o seu enorme papel na vida de cada um de nós, partiu em paz e ficara para sempre no nosso coração como uma inspiração e modelo de vida. Obrigada, Avó, por tudo! A partir do início da tarde estará na Igreja de Santo Contestável, em Campo de Ourique,  para que nos possamos despedir."... E hoje a editora da página acrescentava a seguinte informação: "Despedida da D. Berta  >  Exéquias da D. Berta Bento: amanhã (dia 14) chegada do corpo à Basílica da Estrela. Sábado (dia 15) pelas 10h30 missa, 11h00 funeral para o crematório da Póvoa de Santa Iria."

O blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, também conhecido por Tabanca Grande, deixa aqui, publicamente, os seu votos de pesar pela perda desta grande mulher do povo, e ao mesmo tempo de homenagem pelo seu exemplo de humanidade: ela teve o condão  de tocar todos aqueles que com ela conviveram, que a conheceram, ou que simples beneficiaram da sua hospitalidade, nesse porto de abrigo que era a Pensão da Dona Berta, em Bissau, durante e depois da guerra colonial.


1. Texto enviado hoje mesmo pelo Hélder Sousa:

À DONA BERTA DE BISSAU

Caros camaradas, amigos e outros…

Devia estar agora a fazer um breve relato do que foi o lançamento do livro de José Ceitil dedicado à Dona Berta, ao qual assisti.

É sabido que esse livro, a que foi dado o nome de “Dona Berta de Bissau”, pretende ser a concretização da homenagem escrita feita a essa grande Senhora, homenagem várias vezes tentada, agora concretizada e inteiramente merecida. Mas hoje, agora mesmo, é também já uma ‘homenagem póstuma’ pois foi dado conhecimento que a Dona Berta faleceu.

Deste modo, este relato assume então uma função dupla: o registo da apresentação/lançamento do livro com a “homenagem à sua vida”, consubstanciada nos relatos do seu conteúdo e também a referida “homenagem póstuma”. (*)

A sessão decorreu, em minha opinião, com elevado nível e boa representação de público variado, sendo certo que a ligação à Guiné estava, evidentemente, presente em todo o lado. Há no livro referências ao nosso Blogue, como fonte de recolha de informação e há depoimentos de pessoas que são ‘tabanqueiros’. Ao dirigir-me para o local da sessão cruzei-me no pátio de acesso com o Mário Beja Santos e lá dentro, com o auditório cheio, estive e falei com o João Paulo Dinis e no final com o Eustácio. Vi, mas não cheguei a falar, com o Francisco Henriques da Silva e outro elemento que não me ocorre agora o nome.


Foto nº 1 

Na foto nº 1,  pode-se ver a mesa que presidiu à sessão, estando da esquerda para a direita, no uso da palavra, Marta Jorge, jornalista da RTP e ex-delegada da RTP na Guiné-Bissau durante vários anos e que fez o prefácio do livro, Mónica Azevedo, agente da cooperação portuguesa e administradora do Blogue “Pensão D. Berta Bissau”, António Baptista Lopes, proprietário da editora Âncora, José Ceitil, autor do livro, Céu Marques, sobrinha da D. Berta, Gisela Rocolle, agente da cooperação portuguesa. Vêm-se também dois músicos guineenses, o Mamadu Baio e outro que não colhi o nome.


Foto nº 2

Na outra foto (foto nº 2) com a panorâmica do auditório temos na primeira fila vários familiares da Dona Berta, vendo-se também, mais à direita, a Marta Ceitil que continua o seu trabalho na Guiné, levando já lá mais tempo que o que utilizámos nas nossas comissões. Na fila a seguir vê-se o embaixador Francisco H. da Silva e eu encontro-me em pé, na coxia, que acabou por também encher.

Da leitura do livro (, vd. foto nº 3, expositor),  que, na prática é um misto do percurso da vida da Dona Berta desde que chegou à Guiné, “para passar um mês”, ficando todo este tempo por lá, entrelaçando esse percurso com a própria história da Guiné, vamos conhecendo mais e melhor a Dona Berta e a razão porque tantos se consideram hoje seus “filhos” e “netos”, não escondendo a sua grande admiração e gratidão a uma personagem que se tornou amiga, “mãe”, confidente, e até ‘milagreira’, no modo como do ‘nada’ conseguia desencantar o que era preciso, e não nos esqueçamos que se atravessam os períodos da luta pela independência, de guerras civis, de intervenções estrangeiras e de conflitos sempre latentes e sempre presentes.


Foto nº 3

Todos os depoimentos que estão plasmados no livro são unânimes em reconhecer a importância do papel que a Dona Berta teve na sociedade de Bissau, nos pequenos pormenores e nos momentos de maior angústia, nas recordações dos momentos agradáveis passados na Pensão Central, nas conversas na varanda, nos gelados saborosos, etc.

A história da Dona Berta faz-nos lembrar que em qualquer lugar e circunstância a atitude marca a diferença e isso pode ser muitas vezes a separação entre a esperança, a alegria, a confiança e o desespero, a amargura, a descrença, e essa postura é o que mais ressalta do que foi o comportamento da Dona Berta.

Um abraço para toda a Tabanca!

Hélder Sousa  [, foto à direita]
Fur Mil Transmissões TSF

Créditos fotográficos: Sofia Lima / Editora Âncora. (**)


2. Mensagem de Patrício Ribeiro, enviada esta manhã, de Bissau  [, foto à direita]

 Sobre a noticia que tive ontem há noite em Bissau, quero passar a todos.

D. Berta de Bissau, a sua morte em Lisboa.

Hoje aqui em Bissau, resta-me passar junto ao edifício, que o foi a Pensão Central, olhar para a escada que durante três décadas subi para ir almoçar e para a varanda onde descansava um pouco depois do almoço.

Bem haja ao José Ceitil, pela publicação do livro, ela esperou e depois foi …

É assim a vida...

Patricio Ribeiro
IMPAR Lda
Av. DomingosRamos 43D - C.P. 489 - Bissau , 
Tel / Fax 00 245 3214385, 6623168, 7202645, Guiné Bissau
Tel / Fax 00 351 218966014 
Lisboa www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com 


3. Depoimento de António Rosinha:

 A Dona Berta tinha a imagem típica dos velhos "portugueses tropicais" que possuiam um carácter português diferente do português metropolitano.

Os Portugueses tropicais tinham defeitos e qualidades diferentes dos portugueses metropolitanos. Esses portugueses estão em extinção lá, no antigo Ultramar, têm vindo a "refugiar-se" na antiga Metrópole,  no Brasil e na Europa em geral.

Passei anos maravilhosos em companhia de pessoas como a Dona Berta em Bissau e em Luanda, e também fui comensal da pensão da Dona Berta.

Como todas as centenas ou milhares(?) de cooperantes portugueses que foram seus hóspedes, também eu a lembro com saudade.

Paz à sua alma.
_________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >17 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10685: In Memoriam (134): Amália Martins Reimão, enfermeira paraquedista do 3º Curso (1963)... Cumpriu a sua missão nos TO da Guiné e Angola e no HM Força Aérea... Família, amigos e camaradas despedem-se hoje, às 16h30, na igreja de Queijas (Oeiras) e no cemitério de Rio de Mouro (Sintra)

(**)  Ficha técnica:

Título: Dona Berta de Bissau
Autor: José Ceitil
Editora. Âncora
Local: Lisboa
Preço de capa
€16,00
Número de páginas 200
Formato 150 mm x 230 mm
Código: 6031
ISBN 978 972 780 374 3

Sinopse:

 História oficial dos povos realça os nomes e feitos dos governantes vencedores e os defeitos dos vencidos mas raramente refere as pessoas singulares que não pertencem às elites próximas do poder, mesmo que tenham enorme dimensão humana. Como é o caso de Berta Bento.

Berta Bento viveu em Bissau a maior e também a melhor parte da sua vida. Embora tenha nascido em Cabo Verde e ser filha de cabo-verdianos, desde que chegou à Guiné em 1948, sentiu-se em casa e aos poucos começou a sentir-se também parte desse povo, um povo que se tal lhe fosse permitido apenas o desejaria ser.

Narrar o seu percurso numa terra habitada por povos antigos e diferentes entre si, caldeados numa convivência interétnica precária geradora de visões culturais e divisões políticas que tornam difíceis os dias de quem, como a D. Berta, apenas deseja viver em paz é o desígnio desta biografia.
A biografia é uma homenagem e um tributo a que só têm direito aqueles que se destacaram no seu tempo e por isso merecem que o registo do que fizeram perdure para além dele. O que se segue é o resultado das entrevistas por mim feitas à D. Berta na Pensão Central em Maio e Dezembro de 2010.

Se foi isto que me quis contar então é porque a verdade é assim mesmo, tal e qual, pois é sabido que na linguagem dos sábios mesmo que a verdade com que traduzem a realidade seja contada através de algumas metáforas, não deixa de ser menos real.  Por outro lado se é uma quase evidência que as lendas podem ser mais úteis do que os factos, então a realidade pode muito bem continuar ao alcance da verdade de cada narrador que neste caso, procurando completá-la com outros olhares, socorreu-se do testemunho de pessoas que conheceram e gostosamente acederam em partilhar as memórias que têm desta admirável Senhora. (Da Introdução).-

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10670: Agenda cultural (235): Lançamento do livro Dª Berta de Bissau, de José Ceitil, no dia 21, 4ª feira, pelas 18h00, na sede da CPLP, em Lisboa, Rua de São Mamede (ao Caldas), nº 27, com atuação do músico Mamadu Baio, natural de Tabatô (José Ceitil / Hélder Sousa)


1. Mensagem,com data de 10 do corrente, enviada por José Ceitil:



Boa noite, Luís Graça
Junto convite e o pedido de divulgação no seu blogue. Seia um prazer contar com a sua presença.

Cumprimentos, José Ceitil.





Página de rosto do blogue Pensão D. Berta Bissau, criado em 21 de agosto de 2008, por uma das suas "netas", a Mónica Rodrigues:

Cantinho da Avó Berta na Net!... Finalmente um ponto de encontro no ciber espaço para todos os que passaram pela Pensão Central da D. Berta e têm saudades da Avó, da sopa de ostras, da cachupa, das omeletes de camarão e do Alves, é claro!!!!! E que querem divulgar a Pensão Central a outros que vão a Bissau!"... 




Guiné-Bissau > Bissau > Pensão Central, da Dona Berta, uma verdadeira instituição, com direito a foto na Wikipedia, the free encyclopedia... Ver aqui a entrevista que a Dona Berta, aos 80 anos, deu, em Cabo Verde, ao Expresso das Ilhas, em 15/8/2010.

2. Comentário do nosso colaborador permanente, Hélder Sousa, com data de 11 do corrente, a pedido do editor L.G.:


Olá,  Luís:
Estou sempre na esperança de 'ter tempo', mas isto está difícil...

Pois, relativamente à divulgação deste evento, a apresentação/lançamento do "Dª. Berta de Bissau", acho que não ferirá muito a sensibilidade dos que reclamam, com alguma pertinência, é certo, haver recentemente muita divulgação de acontecimentos de carácter cultural que, aparentemente, não estariam no que eles entendem ser o âmbito do Blogue.

Não conheço o conteúdo do livro mas sei que pretende ser a história de vida da Dª. Berta, concomitante da "Pensão Central". O título escolhido de "Dª. Berta de Bissau" parece-me feliz e permite 'visualizar' o conteúdo, marcando-o bem.

Nessa perspectiva considero uma justa iniciativa, bem merecida, já que tanto o estabelecimento como a pessoa que lhe dava, e dá ainda, rosto, estão no imaginário de muitos dos nossos camaradas que 'fizeram a guerra', hospedando-se lá, circulando por lá, fosse em regime mais demorado fosse em alojamento de passagem. 

Já depois da independência é a "Pensão Central" um local incontornável no que respeita ao apoio e identificação de muitos que por foram e estiveram em regime de cooperação.

E ainda hoje assim é. O autor, o meu conterrâneo, amigo e colega de Escola Técnica de Vila Franca de Xira, o José Ceitil, é um homem que gosta de retratar a vida que vê desenvolver-se à sua volta. Tem um outro pequeno livro a que deu o título de "Vidas Simples, Pensamentos Elevados", sendo esse título uma homenagem a um amigo comum, falecido precocemente, Carlos Macieira, que deve ter sido colega de curso em medicina, mais ano menos ano, do Caria Martins, e que a costumava usar com uma outra expressão antecedente: "Luta Dura, Vidas Simples e Pensamentos Elevados", preconizando assim um modo de estar, uma fórmula para 'bem viver'.

O Zé Ceitil, pai da Marta Ceitil que já leva mais tempo de vivência na Guiné do que nós nas nossas comissões, naturalmente que foi visitar a filha à Guiné, várias vezes, para ver 'in loco' como a 'caçulinha' vivia e o que a 'prendia' àquele país, mesmo com todas as dificuldades e perturbações que sabemos e daí a conhecer, estar e aprender com a Dª. Berta foi um passo. Se se acrescentar que a sua sensibilidade o levou a entender a importância da "Pensão Central" e o papel da Dª Berta e o levou a passar ao papel esses sentimentos, somado ao facto de também conseguir 'ver' a Guiné com olhos que não exclusivamente os da desgraça, aguardo com expectativa pelo conteúdo do livro.

Abraço
Hélder Sousa





Mamadu Baio, foto do Facebook

(...) "No estilo afro-mandinga, este músico da Guiné-Bissau, traz a tradição de griots e os instrumentos tradicionais (balafon, kora, djambé, dundumbá, etc.) da sua aldeia Tabatô. Mamadu esteve no Mali a gravar um cd de originais, no estúdio Moffou de Salif Keita, com o seu grupo Super Camarimba. Este conjunto dinâmico de jovens artistas de Tabatô utiliza instrumentos e estilos de dança tradicionais, desenvolve técnicas novas que combinam diferentes influências musicais, promove as tradições “Afro-mandinga” dos seus anciãos em atuações na Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Senegal e Gâmbia. Neste momento Mamadu Baio encontra-se em Lisboa por três meses para se desenvolver musicalmente e conhecer outros artistas com quem possa trocar experiências e promover o trabalho dos Super Camarimba." (...) [Fonte: Lisboa Africana, 12/3/2012].

Recorde-se aqui que o João Graça, membro da nossa Tabanca Grande e da banda musical portuguesa Melech Mechaya (, neste momento em digressão por Cabo Verde e Brasil, no âmbito da 20ª edição do Festival Sete Sois Sete Luas),  conheceu, em finais de 2009, a  mítica Tabatô (que é, na Guiné-Bissau, a tabanca que tem mais músicos por metro quadrado) bem como os Super Camarimba, de que o Mamadu Baio faz parte.

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 13 de novembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10664: Agenda cultural (234): Série "A Guerra", de Joaquim Furtado, RTP1 , às quartas feiras, 22h30: os três G, Guidaje, Guileje, Gadamael, em maio/junho de 1973 (Pedro Lauret)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8928: A nossa expedição à Guiné (Tina Kramer) (1): Gabu - Lugadjole (de 28 de Março a 7 de Abril de 2011)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Outubro de 2011:

Queridos Amigos,
A Tina envia este relatório para o blogue. Por mim, não mexeria no português, é tudo compreensível, afectuoso, um olhar compenetrado de uma antropóloga que descobriu um povo amável com gente da nossa idade ferida até ao tutano, os do PAIGC, que se sentem desprezados e ignorados pelas novas gerações, os que combaterem sob a nossa bandeira que aguardam uma reparação na velhice.
Enfim, sofrimento a rodos, um constrangimento para nós.

Um abraço do
Mário


2. Mensagem de Tina Kramer* para Mário Beja Santos:

Querido Mário,
Como está e como corre o trabalho?
Falei com o Abdu na semana passada e ele contou-me me que foi assaltado. Que horrível! Espero que ele esteja melhor agora.


Enfim escrevi um pequeno relatório sobre a nossa viagem à Guiné. Espero que não tenha muitos erros e que seja aceitável para o blog. Caso tenha dúvida, avisa.

Senão tenho mais uma pergunta: O Mário sabe onde eu podia encontrar informações quanto aos leis portugueses e guineenses sobre as reformas para os antigos combatentes?

Um abraço
Tina


A nossa expedição à Guiné
Escrito por Tina Kramer

Para a minha tese sobre as memórias da Guerra Colonial/Luta de libertação eu fui para a Guiné no mês de Fevereiro até Junho em 2011

Felizmente através do Doutor Mário Beja Santos eu conheci o Abduramame Serifo Sonco, um homem muito inteligente e bem educado, oriundo da Guiné e um neto do grande Régulo Infali Sonco de Missirá, perto de Bambadinca. O Abdu passou a ser o meu assistente na Guiné e acompanhou-me a maior parte do tempo lá. Graças à indispensável ajuda do Mário antes da minha partida e do Abdu durante a minha estada, a Guiné foi uma experiência extraordinária para mim e eu podia colecionar muitos dados interessantes para o meu trabalho. De seguida queria mostrar alguns aspectos da nossa viagem.

Logo depois da nossa chegada em Bissau o Abdu apresentou-me à família dele e como a família é grande também durante as viagens ao interior do país encontrámos outros membros da família. Todos foram muito hospitaleiros e assim muitas vezes tivemos um alojamento em família.

Durante a minha estada em Bissau fiquei na Pensão Central. Felizmente eu podia ainda conhecer o encanto da Pensão e sobretudo da avó Berta. Gostei muito dos almoços deliciosos, quando havia visitas e a avó fazia o seu sorriso cheio de alegria e humor. Também apreciei muito os momentos à noite com a avó e os empregados dela na varanda quando a avó começava a cantar e contar algumas anedotas da vida dela. Parece que com a partida da avó Berta de Bissau uma parte importante da história da Guiné do século vinte terminou.

Na totalidade fizemos mais ou menos três viagens prolongadas no interior do país. Como os transportes públicos não são muito seguros e não chegam a todas as localidades que nós queríamos visitar, comprámos uma motorizada pequena para começar a nossa aventura.

Avó Berta e eu em Bissau, 18 de Fevereiro de 2011
Foto ©: Tina Kramer

O Abdu com a nossa motorizada em Lugadjole, 2 de Abril de 2011
Foto ©: Tina Kramer

1. Gabu - Lugadjole (de 29 de Março a 7 de Abril 2011)

A nossa primeira viagem levou-nos ao nordeste do país (Bambadinca-Bafatá-Gabu-Beli-Lugadjole). Por causa dos buracos na estrada empanámos muitas vezes o que nos deu a possibilidade de ver tabancas (=aldeias) outras que planificadas e de falar com a gente lá. Ao contrário de Bissau com o seu barulho, o lixo, os abutres e a poeira, as tabancas da Guiné são calmas, lindas e limpas. Os habitantes são simpáticos, a peito descobertos, solícitos e hospitaleiros.

Durante todas as viagens que fizemos foi fácil encontrar antigos combatentes do PAIGC que estavam prontos para uma entrevista. Mesmo em tabancas pequeninas pelo menos um. Ao contrário foi difícil para nós encontrar antigos combatentes do exército português que queriam falar connosco. Muitos ainda têm medo de falar sobre a guerra e de mostrar que eles combateram do lado português. A perseguição e os fuzilamentos dos camaradas deles pelos combatentes do PAIGC logo depois da independência são ainda experiências traumáticas na memória destes guineenses.

Mas quando tínhamos chegado a Gabu, encontrámos dois combatentes da Associação dos Ex-Militares das Forças Armadas Portuguesas na Guiné. Iniciada pelos membros da Liga do Combatente e legalizada em 2002 esta associação e bem conhecida também noutras partes da Guiné, por exemplo em Bissau, em São Domingos e em Buba. Mas por causa dos grandes problemas financeiros não executam actividades há alguns anos. Muitos dos antigos combatentes do exército português com quem falámos desejam um apoio e sentem-se atraiçoados pelo governo português. Também muitos queriam entrar de novo em contacto com os antigos camaradas portugueses, mas não têm meios para isso.

Ao lado do mercado em Gabu, 31 de Março de 2011
Foto ©: Tina Kramer

Deixámos Gabu atrás de nós com os seus comerciantes Fulas, as mulheres bonitas, tantos burros e vacas, bicicletas e motorizadas. Continuámos para Lugadjole com a sua colina Orre Fello, onde no dia 24 de Setembro 1973 o PAIGC proclamou a independência da Guiné-Bissau. Com um trajecto de ca. 100 km pensámos que íamos chegar logo, mas o caminho foi muito mais difícil do que esperávamos. Com uma estrada de terra batida e cascalhos grandes e calores que podíamos sentir durante umas caídas com a mota. Sofremos sede e fome e queimámos no sol rigoroso. Assim eu podia imaginar um bocado como os antigos combatentes deviam sofrer durante as marchas extensas no mato.

Finalmente chegámos e encontrámos uma tabanca que não tinha luz nem captação, mas com habitantes hospitaleiros e generosos, que nos deram um telhado e comida. No dia seguinte de madrugada um antigo combatente do PAIGC e o filho dele que trabalha como professor mostraram-nos o sítio histórico no Orre Fello. Infelizmente só existem ruínas duma pequena casa, o que o Amílcar Cabral devia habitar. Mas o orgulho está ainda visível nos olhos do velho e a gente da aldeia esperam um apoio do governo guineense para recuperar este lugar importante para a história da Guiné.

Ruínas da proclamação da independência em Lugadjole (Madina de Boé), 2 de Abril de 2011
Foto ©: Tina Kramer

(Continua)
____________

Nota do Editor:

(*) Vd. postes de:

22 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6774: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (1): Pedido de colaboração da doutoranda alemã Tina Kramer

26 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6791: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (2): Tina Kramer, etnóloga, Universidade de Frankfurt, em trabalho de campo, em Lisboa

31 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6813: Tabanca Grande (234): Tina Kramer, 27 anos, etnóloga, da Universidade de Frankfurt, Alemanha

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8470: Em Busca de... (166): Precisa-se de depoimentos para fazer a História da Pensão Central da Dona Berta (Hélder Sousa / José Ceitil)

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 24 de Junho de 2011:

Caros camarigos
Em anexo envio-vos um "apelo" que me chegou por um amigo, um vilafranquense, o José Ceitil, pai da Marta Ceitil, jovem cooperante e trabalhadora na Guiné e de que já vos enviei algumas das suas experiências na "terra sabi".

Esse "apelo", como podem ler, tem a ver com a tarefa a que ele se propôs, de fazer a "História da Pensão Central" e para tal pretende obter mais alguns depoimentos de camaradas que por lá tenham passado, que tenham as suas recordações 'em dia' e que não se importem de as partilhar.

Se entenderem que tem cabimento, peço então que o façam ter visibilidade.

Abraço
Hélder Sousa

Era assim a Pensão Central em 1997, fora retocada, pintada de branco imaculado, agora está de azul e há muita ferrugem à mostra. Ainda é possível andar num destes táxis azuis, com um ou até quatro passageiros. Importa não esquecer o bem que aqui se fez a quem chegou com fome e à procura de abrigo, de todas as partidas do mundo (foto retirada do site: www.guinee-bissau.net, com os devidos agradecimentos).


Apelo para contributo para a história da “Pensão Central”

Caros camaradas, amigos e outros
Calculo que não é estranho para nenhum dos que “vivem” ou visitam este nosso espaço que uma figura incontornável da História da Guiné-Bissau, da actual mas e principalmente da ‘do nosso tempo’ é a figura da D.ª Berta, intimamente ligada à “Pensão Central”, em Bissau.

Julgo ser do conhecimento geral que a D.ª Berta se encontra bastante doente, que veio há alguns meses (já este ano, salvo erro) para Portugal, que está em tratamento, que se tem aguentado, embora a ‘lei da vida’ não permita alimentar esperanças de eternidade, pelo menos ‘nesta vida’.

Deste modo, um amigo meu, José Ceitil, de seu nome, que também teve o previlégio de conhecer essa grande senhora em Bissau aquando das visitas que fez à sua filha Marta (da qual já dei conta aqui no Blogue de algumas das suas observações enquanto cooperante e trabalhadora na Guiné) e que ganhou por ela uma estima e consideração notáveis, propôs-se fazer a “História da Pensão Central”, partindo das suas memórias.
O José Ceitil é autor de um livro comemorativo dos 90 anos de “Os Belenenses”.

O objectivo deste apelo é para que todos aqueles que tenham como referência a “Pensão Central”, com a memória de episódios ali vividos, ou o relacionamento com a D.ª Berta, que possam e queiram, que entrem em contacto com esse amigo a fim de se poder considerar o contributo para o conteúdo da “História”.

Para além dos que se voluntariem a fazer esse contacto há, para já, um grande interesse em encontrar o “Comandante Pombo”, de que o José Ceitil me disse a D.ª Berta falar bastante, assim como um tal “Cartaxo”, que não sei exactamente se é nome próprio ou referência à eventual terra de origem.


Guiné-Bissau, 18 de Novembro de 2010 > A Avó Berta e Mário Beja Santos.
 Foto de Mário Beja Santos, com a devida vénia

Para contactar o José Ceitil pode-se usar o mail joseceitil@gmail.com

Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
Fur Mil TRMS TSF
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8336: Blogues da nossa blogosfera (44): Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau, um Blogue formado por trabalhadores de uma empresa de construção civil, hoje com saudades da Guiné-Bissau (Hélder Sousa)

Vd. último poste da série de 18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8442: Em Busca de... (165): Malta do BCAV 757 “Sete de Espadas”, BCAÇ 4514/72 e Pelotão de Caçadores Nativo 64, Bafatá (Mário Fitas)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5828: Memória dos lugares (70): Pensão Central ou Pensão da Dona Berta: Faço parte da mobília, almoço lá há 25 anos sempre que estou em Bissau (Patrício Ribeiro)

1. Mensagem do nosso amigo Patrício Ribeiro (foto à direita, quando grumete fuzileiro, em 1969, em Angola)(*), com data de 9 do corrente:


Olá,  Luis!

Agradeço o envio para comentário, P5788 do Beja Santos (Não sei como se faz )

Tendo lido o P5788 do Beja Santos, informo que a D. Berta embarcou para Bissau, no início de 2010, após ter estado uns meses em Lisboa, a fazer tratamentos hospitalares e felizmente tudo correu bem.

Ela no aeroporto estava muito contente, mas cheia de saudades de Bissau, dos seus amigos e da sua casa, a Pensão Central.

A Pensão Central continua a ser um local de encontro de amigos, com ambiente familiar; tem as paredes cobertas de Condecorações, tal como do Presidente Mário Soares, do Presidente Pedro Pires, etc. Com fotos de quem por lá passou e gostou, gente importante e outros só amigos.

As netinhas, cooperantres das ONG, com muito carinho, vão ajudando na gestão da Pensão. Fotos minhas não há nas paredes, como dizem as netinhas; faço parte da mobília, só porque almoço lá sempre que estou em Bissau há 25 anos…
Um abraço a todos.

Patricio Ribeiro

________________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 12 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5099: História de vida (16): Patrício Ribeiro, 62 anos, ex-fuzileiro, empresário, apanhado do clima...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3850: Os meus 53 dias de brasa em Bissau (Cristina Allen) (2): Quarto, precisa-se, por favor!


O Marechal Spínola, a partir de retrato oficial na Presidência da República 
 

1. Mensagem de Joana Santos:

Caro Luís Graça,

A pedido da minha mãe, junto um texto seu,  destinado ao Blogue.
Depois seguirão mais dois e um outro para o Carnaval, segundo me disse.

Cumprimentos nossos,

Joana Beja Santos


2. Há uns dias atrás a Cristina Allen tinha-me respondido a um mail meu, em que procurava inteirar-me da sua saúde (ela acabava de ser sujeita a uma intervenção cirúrgica) ao mesmo tempo que lhe dava notícias de uma família com que ela havia privado na sua lua de mel em Bissau.

Caro Luís Graça,

Estou a recuperar bem, em casa, e agradeço o seu cuidado. Reenviou-me uma mensagem preciosa que me traz notícias da família que mais me acarinhou em Bissau.É interessante saber como o seu Blogue tem vindo a ser um ponto de encontro de pessoas que considerava perdidas para sempre. Já cumpri os meus 53 dias, e em breve receberá notícias minhas. Aterrei na Portela com todo o vigor.

Um abraço, Cristina


3. Os meus 53 dias de brasa em Bissau > Desespero controlado (II) (*)


Breve história do alguidar comunitário, com fim feliz

(Ao Cabral, que me desejou força!)


Referi, no último texto que enviei, que deixara o Alferes Beja Santos em “banho de Maria”, no Hospital Militar.

Para quem cozinha, nada de especial nesta comparação. O calor insuportável daquele quarto de três, a atmosfera carregada de fumo, o fervilhar dos ânimos, tinham qualquer coisa de um pudim, cozido em calor lento, que, por vezes, se deslaçava e tinha, lá no fundo, uma camada espessa, inexoravelmente queimada. O que estava certo. Aquela terapia só de leve se exercia, à superfície dos comportamentos. O resto descia ao fundo da memória e se, por vezes, se soltavam bolhas de agressividade libertadora e benfazeja, afadigavam-se logo os enfermeiros em alisá-las, à força de injecções e tranquilizantes comprimidos.

Considerações à parte, vivia-se o quotidiano.


Fachada do HM 241, Bissau


Nessa manhã em que seria hospitalizado, o Mário e eu faríamos as malas e procuraríamos outro quarto, na “Berta”. Estava ali um espaço fresco e sombrio, com uma larga cama. Sem desfazer as malas, desci para o almoço e deparei com uma execrável salada de feijão-frade com atum. Os feijões, minúsculos e mal cozidos, o atum, na prática inexistente, cebola avonde, a gritar pela intervenção rápida da escova e pasta de dentes! Pousei ainda os talheres, mas (“saco limpo cá tá firma!”) enfrentei o questionável cozinhado.

Uma mãozinha leve tocou-me no ombro. Era a Berta, untuosa, que me perguntava se gostara do almoço (“sim.”), se o meu marido vinha almoçar (“não, foi hospitalizado.”), por quanto tempo (“não sei”) e, por fim, o tiro certeiro: num quarto de casal, eu não podia ficar, seria perder dinheiro com uma pessoa que ocupava um quarto de duas… mas ela conhecia uma senhora que alugava quartos, pessoa muito decente, e eu poderia ir comer ali as refeições (“é o vais!”, pensei…).

A senhora trabalhava nos Correios, queria eu ir já? Respondi-lhe que me arranjassem um táxi, quanto antes, me dessem a morada, e ela prontificou-se. O motorista chegou e era ali mesmo, ao cimo de uma avenida, que terminava na Praça do Império. Conheci, assim, o João Carlos, e o seu táxi.

A nova senhoria mostrou-me um quarto em cuja cama eu mal cabia, e, de seguida, a casa de banho, à qual não chegava água corrente, e onde nada funcionava, a não ser um enorme alguidar onde, desculpava-se, eu teria que mergulhar a esponja. O democrático alguidar tinha um suspeito fundo de sarro, mas lá lhe fui dando a semana adiantada, que me exigia. Farejei o armário, que cheirava a desinfectante e a naftalina, espalhei pelo quarto umas gotas de Miss Dior (oh vanitas!) e adormeci exausta. Acordei a tempo de sair, comprar água “Perrier” (não havia “Vichy”) e mais um frasco de álcool.

Pior seria a noite. Comecei por secar a bacia do lavatório com a toalha comunal. Entornei-lhe dentro uma boa porção de álcool e acendi um fósforo. Ali estava a labareda das minhas desinfecções. Porém, daquela vez queimei a franja. E, de novo, a toalha me ajudou. Só então deitei a “Perrier” no lavatório, aguardando que as bolhas se desfizessem. Lavei a cara, limpando-a à fralda da camisa. 

Nessa noite, ainda tive que ouvir o Roberto Carlos, aos berros. E travei uma incansável batalha com uma grande barata de asas. Acendi a luz para ler e lá estava ela, em cima da mesa-de-cabeceira. Parecia olhar-me e saber, de antemão, o que faria. Tinha o chinelo na mão e, mal o erguia, a barata voava. Perseguia-a, brandindo a arma de arremesso, e ela voava, zumbia. Quando voltava a atirar-lha, ela saltava e, atraída pela luz do candeeiro, voltava, inocentemente, ao seu poiso. Recomeçava a batalha, e ficávamos na mesma. Deixei-a, enfim, gozar do espaço conquistado. Experimentando um “Vesparax” do David [Payne], dormi a sono solto.

Pois foi exactamente à esplanada da aleivosa Berta que, repetidos os rituais do álcool, dos fósforos e sumárias abluções, eu fui parar para um frugal pequeno-almoço, na manhã seguinte.

Talvez o Padre Afonso, que tinha sempre um cafezinho e biscoitos das suas “confessadas” para repartir comigo, conhecesse alguém que me albergasse com alguma dignidade. Pus-me a caminho, mas não fui longe. As tiras da sandália do pé direito soltaram-se quase todas da sola e, chinelando, fui até à praça de táxis – uma eternidade a alcançá-la. 

De novo, o João Carlos, o motorista que falava português. “Para o Pintozinho!”, disse, e ele: “Mas é já ali”. Mostrei-lhe a sandália e ele riu-se, dizendo que já tinha reparado. Ríamos os dois. Fiz-lhe um gesto com a sandália desfeita – ou parava de rir ou levava com ela! Ameaça vã, o rapaz não parava de rir. Recusou a gorjeta, e disse-me que, quando precisasse, bastava telefonar para a praça, estacionava sempre lá. Escreveu o nome e o número num papel. A pária da “Berta” encontrara transporte privado.

Tirei a outra sandália e subi descalça as escadas interiores. Da secção dos relógios e ourivesaria saltou uma mulher jovem, aos gritos: “MariCristina! MariCristina!” Reconheci o sotaque alentejano de Aljustrel, a minha terra. Houve um apertado abraço. Inesperada, estava ali a Fernanda Ramires, das mãos e agulha de ouro que, tão jovem, fazia maravilhas de costura. 

Desabei em lágrimas para cima dela, que também limpava as suas, comovida. Sua mãe, sua avó, tinham sido nossas vizinhas, acudido às nossas doenças, às nossas mortes, e havia, entre nós todas, uma cumplicidade amiga. Não tinha a Ilda, sua mãe, ajudado a amortalhar a minha avó? 

Contei-lhe da Berta, do alguidar, da franja queimada. Fizemos planos. O Quito, seu marido, havia de estar de acordo. E eu, já de sandálias novas, tinha na mão o molho de chaves da sua casa. Eram minhas. Tudo estaria por minha conta. Passava a ter uma sala, com aparelhagem para a minha música, cozinha, sala de jantar, um quarto fresco, uma casa de banho de luxo, pátio, lavadeira-engomadeira e a “bajuda” que escolhi, Joana. Bem podia o meu marido mandar-me embora, que eu não ia! Estava ali eu, a minha rocha, o meu respeito, o meu quartel.

Em uma dessas manhãs calmas que ali vivi, vi passar Spínola, quase nosso vizinho, num carro assustador (!), pernas abertas, entre sacos (de quê?) – outra pose para o seu retrato. Fiz-lhe um largo e divertido adeus. Um breve aceno seu – na minha rua, tinha ele público.

Foi o Luís Graça que colocou o seu retrato no Blogue? E, junto a ele, não estará o Bruno? – “Bruno, aponta!” (outro dito de Bissau).


Cristina Allen, Fevereiro de 2009

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Nota do editor L.G.: