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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21571: In Memoriam (373): Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte I (Rui Chamusco e João Crisóstomo)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Lourinhã, Vimeiro,  1 out 1952- Torres Vedras, 23 nov 2019). Ingressou na nossa Tabanca Grande em 31 de agosto de 2011 (*). 

Tem cerca de 60 referências no nosso blogue.  Hoje, às 11h30,  é-lhe prestado uma pequena homenagem no cemitério do Vimeiro onde respousam os seus restos mortais. 

Um número muito restrito de amigos,colegas e camaradas juntam-se à São (esposa) e ao João (filho, que vive em  Lisboa,o outro,o Rui, está em Inglaterra), para juntos fazermos-lhe a pequena homenagem que esteve prevista para o 12 dia de Outubro, 2ª feira, no grande convívio anual, tradicionalmente organizado por ele (até 2019), por ocasião da Festa de Ribamar, e que este ano não se realizou por causa da pandemia de Covid-19. (**)



Lourinhã > Praia do Areal Sul > 19 de novembro de 2020 >Pôr do sol. 

Foto de L.G. (2020)


In Memoriam >  Eduardo Jorge Ferreira (Vimeiro, Lourinhã, 1 out 1952 - Torres Vedras, 23 nov 2019): um ano de saudade - Testemunhos: Parte I (Rui Chamusco e João Crisóstomo) (***)



Rui Chamusco, natural da Malcata, Sabugal, professor de música, reformado,
 Escola C + S de Ribamar, e amimador do projeto de solidariedade 
"Uma Escola por Timor"


(i) Rui Chamusco (Sabugal e Lourinhã) > Eduardo, o professor, o colega, o amigo, o irmão que toda a gente quer (queria) ter. 

Foi em finais de Julho de 1995 que tive a ocasião de encontrar pela primeira vez o Eduardo. Ele como presidente do conselho diretivo da Escola C+S de Ribamar, e eu como professor de Educação Musical colocado em concurso nacional nesta escola. As primeiras impressões não foram das melhores, uma vez que o informei logo do meu pedido de destacamento ao serviço do município do Sabugal de onde provinha.

A reação do Eduardo, que posteriormente veio a revelar a mim e a muitos outros amigos, foi de pensar para consigo: “ oxalá que lhe dêm o destacamento. Caso contrário será mais um grande ausente, com muitas faltas, uma vez que vem de tão longe (mais de trezentos quilómetros)”.

E porque Deus escreve direito por linhas tortas, o destacamento não me foi concedido, pelo que tive de arrumar a minha trouxa e vir lecionar para a C+S de Ribamar. Entretanto, tive a promessa de que poderia contar com o destacamento para o próximo ano letivo 1996/1997.

Só que durante este ano já começado criou-se tal empatia com os alunos, colegas, pessoal administrativo e auxiliar, e sobretudo com o professor Edurdo Jorge, que no final do ano letivo decidi continuar nesta escola até que um dia decidisse outra coisa. De ano em ano, assim se passaram quinze anos, até ao momento da minha aposentação.

Recordo com muita saudade o nosso envolvimento em tantos projetos educativos: Recordo com saudade as pontes e os laços que criamos e promovemos entra as gentes da serra (Malcata) e do mar(Ribamar). Recordo as caminhadas por ele organizadas no oeste e nas beiras. Recordo as muitas amizades, comuns, que nos mantinham em constante contato e atividade. Mas, recordo e agradeço sobretudo toda a atenção e solicitude que ele me dedicava, particularmente durante a última década, uma vez que a minha ausência da minha residência oficial na Lourinhã era muito comum, nomeadamente durante as minhas três estadias em Timor Leste. Não esqueço de que foi ele que me deu a conhecer os grandes amigos e irmãos João e Vilma Crisóstomo. 

Agora mesmo estou banhado em lágrimas, porque o Eduardo foi, particularmente durante o últimno mês da sua vida, o meu amparo e protção, cuidando de mim como se fosse o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs, durante todo tempo que estive internado no hospital de Torres Vedras. Afinal, eu que estava doente e foi ele que morreu. Ainda hoje pergunto a Deus, autor da vida, porquê foi assim. Os desígnios de Deus são insondáveis...

Continuo a contar com a presença espiritual do Eduardo, falando com ele sem o ver nem ouvir, mas sei que ele me vê ouve, e por isso nunca o esquecerei, até ao dia em que nos encontremos de novo, num estado diferente mas real e verdadeiro.

Amigos assim SEMPRE!...


Ter um amigo é bom
Vê-lo partir faz sofrer 

Encontrei no meu caminho
Um rosto que me sorriu
E passei a ter saudades
Quando esse bem me fugiu... 

Fiquei olhando as estrelas
Cada noite à luz do luar
Confiei-lhe a minha dor
E aprendi a esperar...

O meu amigo voltou
Abri-lhe as minhas janelas
Quando procurei sorrir
Só encontrei as estrelas... 

Voltou a mim a saudade
Foi-se embora o meu amigo
Mas eu fiquei a ter asas
Só por o ter conhecido...



Nota: Esta canção era para ter sido tocada e cantada por mim no dia do seu funeral. Mas a emoção não mo permitiu, pelo que aqui vos deixo o poema.  

Nota do editor LG: Em 3 de outubro passado o Rui Chamusco mandou-nos o  texto  reproduzido acima, com a seguinte mensagem, por email:

(...) Caro amigo Luís Graça:

Espero que tudo esteja bem convosco.

Como bem compreenderás, não podia ficar indiferente ao teu repto de dar testemunho sobre o nosso amigo Eduardo. Pus-me a escrever e ao corrente do pensamento saiu este pequeno artigo que te envio. As memórias e recordações concernantes à nossa cumplicidade e amizade são imensas, incapaz de as descrever em livro ou artigo. Por isso a insignificância do que acabo de escrever.

Penso que, embora a homenagem do dia 12 do corrente mês não possa ter lugar, devemos pensar em algo para o dia 23 de Novembro, passado um ano da sua partida. Espero indicações tuas. (...)




João Crisóstomo, ativista social, e a esposa Vilma Kracum 
(Queens, Nova Iorque)


(ii) João Crisóstomo e Vilma Kracun (Nova Iorque) > Lembrando o Eduardo a 23 de Novembro
Caro Luís Graca e demais camaradas “Eduardianos”,

Não posso estar pessoalmente no Vimeiro. amanhã, mas como todos aqueles em semelhantes condições, alguns dos quais até já expressaram neste blogue a dor pela perca e a sua saudade do nosso Eduardo. Estarei lá bem presente também em espírito e saudade.

Numa tentativa de mitigar esta minha frustração de não me poder aí deslocar, peguei no telefone: Não consegui falar com os filhos (,não sei se tenho o número certo do João em Lisboa, mas não consegui ligação; e quanto ao Rui na Inglaterra, na falta de resposta, tive de deixar mensagem na máquina; saberá pelo menos que eu, e outros com certeza, voaremos amanhã a Inglaterra para lhe dar o nosso abraço de amizade); mas consegui falar com a São, na sua casa no Sobreiro Curvo, Torres Vedras onde estive várias vezes (, além de grandes amigos somos vizinhos, da mesma freguesia de A-dos-Cunhados, a uns escassos minutos um do outro.) 

Não preciso entrar em detalhes, salvo que me senti assim muito mais perto dela por ter podido ouvir do outro lado da linha a sua própria voz. E falei também com o Rui Chamusco, grande e especial amigo de Eduardo, com quem falo quase todos os dias. 

Foi o Eduardo que um dia na praia de Santa Rita , no restaurante ‘Grão de Areia” nos apresentou,"para que pudéssemos partilhar idéias", uma vez que ambos estávamos envolvidos em Timor Leste. Hoje a conversa foi ainda mais vivida do que normalmente, pois ao fim de uns minutos falávamos do Eduardo.

E quando o Rui me disse "Olha, João, dentro de minutos vai fazer exactamente um ano que nos reunimos para almoçar ; mal sabiamos nós que era o nosso almoço de despedida e que não nos tornaríamos a ver" , eu não pude deixar de ver a sua emoção que, contagiante, eu experimentei também.

Creio que não preciso dizer mais.

Amanhã vou estar com todos vocês.

João (e Vilma) Crisóstomo, Nova Iorque, 22 de novembro de 2020

PS - Já com este E mail acabado, quando me preparava para o enviar, o telefone tocou: Era o Rui, respondendo da Inglaterra à chamada/mensagem que lhe deixei há uma hora atrás. E com esta chamada veio de novo a emoção: eu estava a falar com o filho do Eduardo, que "parecia nem saber o que dizer”, comovido e grato pelo homenagem de todos nós ao seu pai, não só pelo que vai ter lugar amanhã no Vimeiro mas pela enchurrada de mensagens e sentimentos de todos nós e de que tem estado a tomar conhecimento.

A ele e ao seu irmão gémeo, João, assim como à São o meu/nosso muito especial abraço.
João e Vilma
___________

Notas do editor:



(...) Estive [, na Guiné, em Bissalanca,] na BA12 de 20 de janeiro de 1973 (, triste data, a do assassínio de Amilcar Cabral, ) a 2 de setembro de 1974, colocado na EDT (Esquadra de Defesa Terrestre) como Alferes miliciano da Polícia Aérea, onde era conhecido por Ferreira.

Quero aqui enviar um abraço especial ao (então Tenente PilAv) [Miguel]Pessoa, um dos primeiros senão o primeiro piloto a ser atingido por um míssil Strela e que felizmente conseguiu ejectar-se e ser resgatado pelos paraquedistas. Constato com satisfação que está de boa saúde e tem responsabilidades no blogue e fiquei agora a saber também que casou com a Enf Pára-quedista Giselda a quem saúdo igualmente. Pela foto actual e tanto quanto me lembro das suas feições, passados estes 38 anos, não mudou muito, está com óptimo aspecto, o que é de saudar.

Depois de vir da Guiné, e como era voluntário na Força Aérea por 6 anos,  passei pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS (Gabinete de Imprensa) e pelo Estado Maior General das Forças Armadas (1ª Divisão) donde passei à disponibilidade em junho de 1977.

Entretanto tirei o curso de Instrutores de Educação Física e, mais tarde, a licenciatura em Administração Escolar, realizando o percurso normal de professor até uma determinada altura,  a que se seguiram 15 anos de ligação à gestão escolar, dos quais 12 como presidente. Voltei a ser unicamente professor nestes últimos 9 anos lectivos acabando a minha carreira profissional em Abril último. (...)

(**) Vd, postes de


25 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20380: In Memoriam (355): Um alfabravo (ABraço), Eduardo, até qualquer dia!

(***) Último poste da série > 22 de outubro de  2020 > Guiné 61/74 - P21474: In Memoriam (372): Soldado At Art João Fernandes Caridade (1946-1969), falecido em acidente de viação no dia 4 de Maio de 1969, em Buruntuma (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

domingo, 6 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21328: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (1): vozes e cavaquinhos contra a guerra, os do Jaime Bonifácio Marques da Silva e Joaquim Pinto de Carvalho, em tempo de pandemia


Tabanca da Lourinhã, ensaio do tema tradicional "Ó Laurindinha, vem à janela". Cavaquinhos e vozes: Jaime Bonifácio Marques da Silva e Joaquim Pinto Carvalho. Sítio; Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, 5 de setembro de 2020.  Em homenagem ao nosso saudoso amigo, camarada e régulo da Tabanca de Porto Dinheiro, Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)



Vídeo (1' 16''). Alojado em Luís Graça / You Tube


Letra e música: Tradicional

Oh Laurindinha, vem à janela.
Oh Laurindinha, vem à janela.
Ver o teu amor, ai ai ai, que ele vai p'ra guerra.
Ver o teu amor, ai ai ai, que ele vai p´ra guerra.

Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir.
Se ele vai pra guerra, deixá-lo ir.
Ele é rapaz novo, ai ai ai, ele torna a vir.
Ele é rapaz novo, ai ai ai, ele torna a vir.

Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ele torna a vir, se Deus quiser.
Ainda vem a tempo, ai ai ai, de arranjar mulher.
Ainda vem a tempo, ai ai ai, de arranjar mulher.



1.  Ontem, almoçamos com a São, viúva do nosso saudoso camarada Eduardo Jorge Ferreira ( 1952-2019). depois de uma caminhada entre a Maceira e o Porto Novo, nas imediações da sua terra natal, Vimeiro, Lourinhã... Nunca é demais esquecer que ele foi o régulo da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, e que nos reuníamos, de vez em quando num restaurante dessa praia piscatória da Lourinhã, para comer uma caldeirada... e celebrar a amizade e a camaradagem que nos unia. 

Ontem, o petisco não foi uma caldeirada, mas uma feijoada do mar, no 100 Pratus, na Praia da Areia Branca. A São foi convidada dos casais, Maria do Céu / Joaquim Pinto Carvalho e  Alice Carneiro / Luís Graça. 

Fomos depois tomar o café ao Atira-te ao Mar, no Porto das Barcas, que tem desempenhado um papel importante na quarentena e no confinamento, resultantes da pandemia de Covid-19.  O Atira-te ao Mar passa a ser um digno sucedâneo da Tabanca de Porto Dinheiro, mantendo a "chama viva" das nossas melhores memórias e vivências. 

Daí a nova designação da Tabanca de Porto Dinheiro (que, com a morte do Eduardo, ficou órfã do seu insubstituível régulo). Como temos horror ao vazio, criámos a Tabanca do Atira-te ao Mar, no Porto das Barcas, Lourinhã, ao alcance de um tiro de canhão do Porto Dinheiro, Ribamar, Lourinhã. Fazem as honras da casa, o Joaquim Pinto Carvalho e a Maria do Céu Pinteus, os "duques do Cadaval", que nos dão o indispensável apoio logístico.

Ao fim da tarde, e a pretexto de ver o novo bandolim. adquirido pelo Pinto de Carvalho, apareceu o Jaime Bonifácio Marques da Silva, que também toca cavaquinho. O pequeno vídeo que publicamos acima marca a inauguração, oficiosa, da nova Tabanca, o Atira-te ao Mar.  

Aproveitamos também para publicar uma mensagem deste nosso amigo e camarada, o Jaime Bonifácio Marques da Silva (, ou simplesmente Jaime Silva), natural de (e agora residente em) Seixal, Lourinhã, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, e ex-autarca em Fafe.

Data: 28 de julho de 2020, 23:26:33 
Assunto: Crónica

Caro Sobrinho

Acabei de ler o teu texto [, que publicaste no teu blogue, em 30 de julho passado, e que me mandaste por email] (*). 

Obrigado por teres a coragem de o escrever. É o primeiro texto que leio de um jovem da tua idade, já nascido após o fim da Guerra Colonial.

A reflexão que fazes sobre a inutilidade das guerras e, nesta particularmente pelos traumas que causaram a muitos dos que a viveram (combatentes, famílias, amigos) é um contributo importante que prestas aos jovens das novas gerações para a reflexão que deve ser feita nos dias de hoje face a tal pesadelo.

Disse alguém: "Pior do que uma Guerra, é fazer de conta que ela nunca aconteceu"..E muitos jovens não sabem que a Guerra Colonial aconteceu.

Há cerca de quinze dias,falava com uma jovem mulher sobre Guerra Colonial, quando às tantas ela me pergunta: "Mas o que foi a Guerra Colonial?"

Em Março de 2021 vai fazer 60 anos que a Guerra Colonial rebentou em Angola.

Obviamente que podes divulgar o texto.

Vou enviar-te dois textos que escrevi. Um deles terminei-o ontem - porque para mim: "Na Guerra não valeu tudo!"

Abraço do
Tio Jaime

2. O Diogo Picão, músico e compositor, tinha enviado a sua "crónica" ao tio Jaime, através deste email, o qual merece ser divulgado, com a devida autorização dos dois:

Olá, tio.

Como estás? Nunca consegui escrever a canção que me pediste mas saiu-me há uns dias uma crónica sobre ti e o primo Arsénio. Gostava que lesses, me desses a tua opinião, e de te perguntar se te parece bem que eu a publique no meu blogue. Se não te sentires confortável fica para ti e eu guardo-a na gaveta.

Se te apetecer dá um olhada no meu blogue: http://dpicao.blogspot.com/

Um grande abraço

Claro que o Diogo Picão fica, desde já convidado, para integrar a nossa nova tertúlia, o Atira-te ao Mar, no Porto das Barcas, Atalaia,  Lourinhã. E oxalá um dia destes ele consiga ter a inspiração e sobretudo a disponibilidade para escrever a tal canção que o tio que foi à guerra, lhe pediu. Talento e sensibilidade não lhe faltam, oxalá / enxalé / inshallah a maldita pandemia o não penalise mais, deixando-o voltar à estrada e aos palcos da música, que é o seu ganha-pão.
____________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 2 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21216: Blogues da nossa blogosfera (133): Diogo Picão: "A guerra do meu tio"

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20531: Efemérides (317): "Cantar & pintar os reis" na aldeia serrana de Pereiro, Cadaval, 5-6 de janeiro de 2016, com o Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)


Serra de Montejunto > Cadaval > Vilar > Pereiro > Noite de Reis, 5-6 janeiro de 2016 > Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge, João Batista, Esmeralda, Alice, Luís Graça e Dina...


Numa da casas da aldeia de Pereiro, que abre as suas portas a todos os "reiseiros", sejam os de dentro ou os de  fora... E são muitos, alguns "reiseiros" foram-no pela primeira vez, como eu e a Alice (na foto, à direita, em segundo plano), os "condes da Lourinhã".

Do lado esquerdo, de boné, por causa do frio da noite, o nosso saudoso camarada Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), o "visconde do Vimeiro",  um dos quatro camaradas, membros da Tabanca Grande, que perdemos em 2019, e cuja memória prometemos honrar e manter aqui viva:

Carlos Marques dos Santos (1943-2019)
Jorge Rosales (1939-2019)
Mário Gualter Pinto (1945-2019)

Na foto, ao lado do Eduardo, está o nosso amigo comum João Tomás Gomes Batista, o "barão de Óbidos" (, engenheiro técnico agrícola, safou-se da guerra colonial, mas estagiou em Angola, enquanto aluno da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém; é natural do Bombarral, é empresário em Óbidos).


Faltava, na foto, o "marquês do Seixal",  Jaime Bonifácio Marques da Silva, nosso grã-tabanqueiro, que também alinhou nesta noitada, e que não ficou na foto por mero acaso; mas tínhamos a Dina, sua esposa, em primeiro plano, à direita, e a Esmeralda, sua irmã mais nova, ao centro.



O "duque do Cadaval", o Joaquim Pinto Carvalho, que é natural do Cadaval, fora também convidado (ou, melhor, "desafiado"), mas não pôde comparecer por razões de agenda. Os duques têm sempre agendas mais complicados do que os marquese, condes, viscondes e barões...

Foto: © Eduardo Jorge Ferreira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se a origem desta história que é bonita: na véspera de partir para a Guiné, em 1973, o Eduardo (, voluntário na FAP, foi ex-alf mil, da polícia área, BA 12, Bissalanca, 1972/74,) descobriu aqui essa tradição da serra de Montejunto: os BRM (os "bons reis magos") cantam-se, há muito, em duas aldeias, Avenal e Pereiro, do concelho de Cadaval (e, ao que parece, também, do outro lado da serra de Montejunto, na Ota, em Alenquer). 

Foi à aldeia de Pereiro, pela primeira vez, na noite de Reis, na véspera de partir para a Guiné.  Ficou encantado pelo calor humano e a a hospitalidade daquela gente serrana. E prometeu lá voltar, no regresso a casa, são e salvo.

Nestas duas aldeias serranas  do lado ocidental das faldas de Montejunto, Pereiro e Avenal, em todas as casas onde há vivos, e que abram as suas portas aos "reiseiros",  são feitas pichagens (hoje com spray e com moldes), com  as seguintes inscrições BRM ["Bons Reis Magos"] + estrela de David + ano. E, claro, cantam-se os reis, e abrem-se as adegas.


Há uns anos atrás, o Eduardo (que vivia em A-dos-Cunhados, Torres Vedras) voltara a Pereiro, conforme o prometido,  para o "cantar & pintar os reis"... E no início de 2016 desafiou alguns amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, de que ele era o régulo. 

Confesso que foi das noites mais lindas que passámos juntos, em vida dele.



Encontrámo-nos no Vimeiro, ao fim da tarde, do dia 5 de janeiro de 2016 (*). Jantámos no Restaurante Residencial Braga, e dali partimos para a serra (menos de 25 km, cerca de meia hora de carro)... Ao chegar a Pereiro, concluímos logo que  fora uma grandessíssima asneira jantar no Vimeiro: em dia de Reis, no Pereiro, come-se e bebe-se toda noite, anda-se em bando, de casa em casa, que as portas estão escancaradas!... Tudo à borla!... Só tem que se comprar o copo de barro, que anda ao peito, com uma fita (, vd. foto acima,) para não se perder!... É uma noite de fraternidade e de festa!...

Infelizmente, este ano o Eduardo já não foi à aldeia do Pereira "cantar e pintar os reis", como o fazia religiosamente todos os anos, desde do regresso da Guiné, "são e salvo"...  Este ano ele já não foi "reiseiro"... A morte surpreendeu-o, estupidamente, na Clínica da CUF em Torres Vedras, na sequência de uma vulgar cirurgia ambulatória!... Em 23 de novembro de 2019... Que raiva!... 


Este ano pensei em ti, meu "reiseiro", e tive pena de não ter forças (e oportunidade) para te substituir na aldeia do Pereiro, pegar no teu "testemunho" e honrar a tua memória (**)... 


Fica esta dívida por saldar, mas vamos ver se para o ano, a "nobreza" toda do Oeste, ou pelo menos os teus amigos e camaradas mais chegados, os "duques do Cadaval" (o Joaquim Pinto de Carvalho e a Céu), o "marquês do Seixal" (o Jaime Sikva) os "condes da Lourinhã" (, eu e a Alice), o "barão de Óbidos" (o João Batista), e outros mais, "nobres" e "plebeus", que se queiram juntar, conseguem "arranjar agenda" para te poder homenagear, em Pereiro, na noite de 5 para 6 de janeiro de 2021...  


Para Ribamar, em 12 de outubro de 2020, segunda-feira da festa de N. Sra. de Monserrate, já temos lugar marcado!... E até os "reis de Nova Iorque", o dom João Crisóstomo e a dona Vilma Kracun, virão de propósito, das luzes da ribalta, para se juntar a nó
s!... E tu não vais faltar, meu querido amigo e camarada Eduardo!... E a tua São também vai lá estar, e pelo menos um dos teus filhos gémeos (, o que estiver mais perto, o João, que o Rui está em Inglaterra, não é isso ?!).


2. Homenagem ao "reiseiro" Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019)(*)



Em louvor dos "reiseiros" de Pereiro, Cadaval, Montejunto!


por Luís Graça


Que importa a noite fria de janeiro,
Se o desafio é ir a Montejunto,
Os Reis cantar na aldeia de Pereiro
E a amizade celebrar em conjunto?!

E a amizade celebrar em conjunto,
Homens e mulheres, velhos e moços,
E, se não houver salpicão nem presunto,
Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços.

Come-se o chouriço, as pevides e os tremoços,
Que o Eduardo Jorge é o nosso guia,
Em voltando da Guiné com todos os ossos,
Prometeu que a Pereiro voltaria.

Prometeu que a Pereiro voltaria.
Lá nas faldas daquela bela serra,
As janeiras cantar com alegria,
Com mais alguns camaradas de guerra.

Com mais alguns camaradas de guerra,
Qual frio, qual carapuça, qual nevoeiro,
Viemos de longe cantar os reis nesta terra,
Que Portugal hoje chama-se Pereiro.

Que Portugal hoje chama-se Pereiro,
E tem da brisa atlântica um cheirinho,
Pode não haver, como no Norte, o fumeiro,
Mas há o branco, o tinto e o abafadinho.


Mas há o branco, o tinto e o abafadinho,
E quem canta e pinta os reis é reiseiro,
Nesta noite é rei, e não está sozinho,
O nosso Eduardo, grã-tabanqueiro.

Pereiro, Vilar, Cadaval
5-6 de janeiro de 2016. 
Revisto hoje, dia de Reis.


2. Excerto so sítio Câmara Municipal de Cadaval > Eventos >  Cultura > Cantar e Pintar de Reis



(...) O Cantar e Pintar de Reis é uma tradição originária das aldeias serranas do concelho do Cadaval (e também de Alenquer), que pretendia ser um voto para o novo ano, o qual, no calendário romano se inicia a 6 de janeiro.

Como manda a tradição, na madrugada de 5 de Janeiro (a partir das 22 h aprox.), um grupo munido de lanternas, pincéis e tintas voltará a percorrer as ruas das aldeias de Avenal e Pereiro, assinalando as casas com símbolos tradicionais, enquanto, atrás, segue uma multidão espontânea, reunindo comunidade e visitantes, cantando versos essencialmente alusivos aos reis Magos, bem como aos proprietários das casas que vão pintando. Em cada casa, far-se-á a habitual paragem para comer e beber. A festa durará, como sempre, até de madrugada e enquanto o público resistir.

É habitual no dia seguinte, realizar-se um “almoço de reis”, pelas respetivas coletividades locais.


Vale a pena participar, partilhando do espírito e do calor humano da população destas aldeias e contribuindo para manter viva esta tradição tão profundamente implantada no concelho do Cadaval. (...)


______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16925: Manuscrito(s) (Luís Graça) (108): Com o Eduardo Jorge Ferreira, o Jaime Bonifácio Marques da Silva e outros amigos da Tabanca do Oeste, cantando as janeiras em Pereiro, nas faldas da serra de Montejunto


(**) Último poste da série > 6 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20419: Efemérides (316): Foi há 50 anos que desembarquei em Bissau: fomos para a guerra, privilegiámos a paz! (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

sábado, 30 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20397: In Memoriam (357): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019): missa do 7º dia, na igreja do Vimeiro, Lourinhã, domingo, 1 de dezembro, às 11h00... Testemunhos do filho Rui Ferreira (Inglaterra) e dos amigos Rui Chamusco (Malcata, Sabugal; e Lourinhã) e João Crisóstomo (A-dos-Cunhados, Torres Vedras; e Nova Iorque)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Vimeiro, 1952 - 
Torres Vedras, 2019):
foi nosso camarada na Guiné, ex-alf mil, Polícia Aérea, 
Bissalanca, BA 12, 1973/74.


1. Mensagem do Rui Ferreira (filho do Eduardo Jorge):

O teu momento chegou sem esperarmos. Não deu tempo para despedidas, últimos recados ou orientações, simplesmente partiste...


E partiste cedo demais! Tinhas tantos planos, projectos e batalhas para travar, tantos amigos para desfrutar e a família para amar e ser amado!~

No entanto, nesta hora tão penosa e difícil conseguimos encontrar conforto nos momentos intensos e sempre emotivos de quem de ti se veio despedir e só podemos sentirmo-nos felizes e agradecidos.
Felizes por termos tido o privilégio de ser a tua família e de termos recebido tanto. Agradecidos pelos inúmeros gestos, palavras ou, em alguns casos, sentidos silêncios, de todos aqueles que te prestaram homenagem.

Foi um momento especial, tão difícil quanto emotivo, que reflecte a dimensão da tua obra humana. Esta demonstração de profunda e genuína amizade, fraterna em muitos dos casos, tem-nos ajudado a suportar a nossa dor e, acima de tudo, tem nos dado muita força para seguirmos em frente e perpetuar o legado que nos deixaste!

A todos um grande Muito Obrigado!


P.S. Este domingo dia 1 Dezembro pelas 11.00 celebrar-se-á a Missa do 7º dia na Igreja do Vimeiro (Lourinhã).


Rui Camusco, Lourinhã (2016)

2. Mensagem de Rui Chamusco (colega e amigo do Eduardo Jorge, natural de Malcata /  Sabugal, a viver na Lourinhã, onde foi professor; o Eduardo Jorge apresentou-o ao João Crisóstomo e ao Luís Graça, há uns anos atrás)



A vida e a morte: À memória do amigo Eduardo Jorge


Há acontecimentos nas nossas vidas que nos interpelam e fazem pensar, fazendo perguntas sem resposta imediata (não estamos em condições de aceitar), tal é a dor que carregamos. A revolta, as lágrimas, os gritos que nos dilaceram o coração são a via mais comum para descarregarmos tanta pressão no corpo e na alma.

Quando a morte nos rouba alguém que muito amamos ficamos dilacerados, desfeitos, porque quando morre um nosso amigo alo de nós morre também.

A partida inesperada do grande amigo e irmão Eduardo Jorge deixou-nos a todos estupefactos e a não querer acreditar que era verdade. E eu, cúmplice em tantos momentos das nossas vidas, com tanta proximidade sobretudo em que ele cuidou de mim neste dias de internamento hospitalar, não me conformo com a sua ausência física. Quando quis saber de como tinha decorrido a intervenção cirúrgica a que momentos antes tinha sido submetido, a voz do seu filho João soou que nem uma bomba que me esfrangalhou: “Rui, o meu pai já não está entre nós. Morreu...” Não consegui fazer mais nada senão gritar, chorar, dar murros em tudo o que encontrava, fazer perguntas sem resposta.

Eduardo, quero que saibas que a tua partida para o outro mundo nos está a fazer sofrer imenso: eu, a tua amada Sãozinha (é assim que tu a chamas, náo é?), os teus filhos João e Rui, os teus netos, os teus familiares, os teus amigos (tantos!...), tanta e tanta gente que usufruiu da tua generosidade na organização de eventos, de caminhadas, o Vimeiro, o Sobreiro Curvo, a Lourinhã, Fornos de Algodres, Almeida, Sabugal e, de um modo especial Malcata com todos os amigos que tanto te admiram e onde tu tanto gostavas de ir. 

Não. Não te livras de nós, porque todos te lembrarão para sempre. E se estás onde todos pensamos que estejas, com direito próprio por todo o bem que fizeste nesta terra, junto de Deus e de todos os seus santos gozando a vida em toda a plenitude, terás que interceder por todos nós e ser nosso protetor. Quando olhar para o céu em noites estreladas, vou procurar uma estrela que brilhe muito, porque sei que serás tu. Depois da tua partida, já me aconteceram coisas muito importantes que, tenho a certeza, são já fruto da tua intercessão nesse teu novo estado de vida.

Obrigado, Eduardo. Obrigado por tanta amizade e dedicação que me dispensaste ao longo dos 24 anos que passamos juntos, na escola de Ribamar, nas associações culturais e desportivas/recreativas do Vimeiro e de Malcata, no cuidado que tiveste com as minhas coisas enquanto estive ausente, nos almoços que frequentemente partilhamos ( o último foi sexta feira antes do sábado em que foste operado e te foste embora, foste tu que pagaste: estou a dever-te o próximo almoço, que não sei quando será nem em que forma).

Esta manhã fui a tua casa como tu sabes, e a São, os teus filhos Rui e João, o meu primo Carlos e eu fizemos a promessa de continuarmos as nossas vidas e relações como se tu estivesses também presente fisicamente.. Sabes bem o que foi dito e, mesmo sem ouvirmos a tua voz, sentimos que estavas ao nosso lado bem presente.

Caro amigo, sei que nunca te puseste em bicos de pé para seres admirado e louvado, mas não resisti a publicar tudo o que escrevi, porque tu bem o mereces. Talvez não escreva mais sobre a nossa relação e a nossa amizade. Doravante, falarei contigo sempre que me apeteça, na intimidade dos nossos corações. 

Um abraço grande para os amigos que conhecemos neste mundo e que jé estão desse lado contigo. Um abraço especial para o Carlos que partiu nesta ano, e para os nossos amigos e colegas Artur Mário e António Cação. Olhai por nós que recorremos a vós, ok?

Junto anexo o poema/canção que enviei quando o Carlos se foi. Não tive a coragem nem as forças físicas necessárias para o cantar e tocar durante a missa do teu corpo presente, como o amigo Luís Graça me pediu Por isso, está devidamente enquadrado e exposto na tua casa.

Abraço forte e grande deste teu amigo que te não pode esquecer, mesmo que a tua partida e ausência muito me façam sofrer. Um grande abraço também do amigo João Crisóstomo. Foste tu que nos deste a conhecer. Um abraço de todos os amigos que lamentam e choram a tua partida

Adeus. Eduardo!...

Rui Chamusco
Lourinhã, 27/11/2019
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EDUARDO JORGE FERREIRA

O Eduardo nasceu no dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música. Eis o meu preito...

Refrão: Ter um amigo é bom … Vê-lo partir faz sofrer ) bis


1. Encontrei no meu caminho… um rosto que me sorriu
E passei a ter saudades… quando esse bem me fugiu.

2. Fiquei olhando as estrelas… cada noite à luz do luar
Confiei-lhe a minha dor … e aprendi a esperar.

3. O meu amigo voltou … abri-lhe as minhas janelas
Quando procurei sorrir … só encontrei as estrelas.

4. Voltou a mim a saudade … foi-se embora o meu amigo
Mas eu fiquei a ter asas … só por o ter conhecido


AMIGOS PARA SEMPRE!...
Rui chamusco
João Crisóstomo.
Nova Iorque (2018)

3. Mensagem do João Crisóstomo (, que o Luís Graça apresentou ao Eduardo Jorge, há uns atrás)

Caro Luis Graça,

Esta é para ti e para todos os nossos bons camaradas, a quem este momento nos faz sentir ainda mais irmãos.


Graças ao Rui Chamusco que me deu os contactos que pedi, acabei agora de falar com a São e com o filho Rui. Eu sei bem o quanto significa uma palavra amiga nestes momentos e eu quis fazer-lhes sentir que também eu e a Vilma  - como vocês todos têm feito pelo que tenho acompanhado e lido no blogue e facebook etc)  - estamos com eles. E podem continuar a contar connosco. O Eduardo continua em todos nós: também em nós eles podem continuar a sentir a presença do Eduardo, da mesma maneira que neles nós vivemos e sentimos a sua continuada presença.

É uma grande idéia essa de lhe fazer  "uma pequena homenagem, a ele e à São, a mulher da sua vida".

Faço minhas também as palavras do Jorge Pinto que disse: "é uma forma muito bonita de o homenagearmos, valorizando todo o empenho, generosidade e alegria que ele depositava em iniciativas deste género que nós tanto admiramos". 

E por isso embora nós tivéssemos decidido não ir a Portugal este ano  [de 2020] pois que vamos passar dois meses na Eslovénia, regressando depois directamente a Nova Iorque, esta vossa feliz decisão fez-nos mudar de idéias imediatamente: Nós queremos estar e viver convosco (e com o Horácio e a Helena e muitos outros que com certeza vocês não deixarão de avisar também ) essa justa homenagem ao Eduardo, à São e filhos. Nós vamos a Portugal para estar com vocês nesse dia 12 de Outubro no próximo ano.

E a todos os que no Blogue, Facebook,  etc-,  têm dado o seu ombro aos que estando longe dele necessitavam, eu quero dizer o meu pessoal "muito obrigado". Este golpe, duro para todos, foi-me agravado por esta separação física, obrigado a aguentar sozinho a perca deste nosso irmão. … 

Obrigado especialmente ao Rui Chamusco que por telefone me dia dizendo onde se encontrava e assim, diminuindo distâncias, me possibilitava a minha presença: "Olha, João, estou na casa da São"..."Estamos agora na Igreja"..., "no cemitério"… Obrigado,  Rui, Obrigado, Luis Graça e a todos vocês.

Um abraço de coração,

João
Nova Iorque, 27/11/2019


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20391: (De)Caras (144): A liberdade que as motos e as motorizadas nos davam... Ia-se de Bissau a Safim, Nhacra, Ensalma, João Landim... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAC 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)



Foto nº 1 >  Guiné > Região de Bissau >  11 de março de 1968 > Ponte sobre o rio Mansoa, em Ensalmá (, inaugurada em 1952). De motorizada, o fur mil SAM Riquito (Peugeot) e o alf mil SAM Virgílio Teixeira (Honda)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bissau > 11 de agosto de 1968 > Rio Mansoa, João Landim, junto à "famosa jangada"---


Foto nº 3 > Guiné > Região de Bissau > Nhacra, piscina do quartel, 11 de março de 1968


Foto nº 4 >  Guiné > Região de Bissau > Nhacra, piscina do quartel, 11 de março de 1968: um salto mortal...


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira  (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário ao poste P20386 , com data de 27 nov 2019, 23h33,  de Virgílio Teixeira,   ex-al mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1965/67) (*):


Luís, só agora estou a ver estas fotos, excelentes, e de motas a sério, bem como esta mensagem.

Virgílio Teixeira (*)
A minha foto de Safim, está correcta, é em março de 1968, quando o meu batalhão esteve um mês em Brá. Era uma Peugeot, acho que de 50 cc, uma coisa de dar gás, mas que me levava a todo o lado.

Virgílio Teixeira (*)
Depois temos outra em Bissau, na minha nova Honda de 50 cc, ali ao lado era onde se realizava o famoso mercado de Bandim.

Não sei se já foi enviada, estão tantas em postes, mas esta em João Landim (Foto nº 2), junto à jangada que me levou para a outra margem, já não sei o nome do local. Jugudul,  talvez, A mota, que não sei a marca, era de um outro militar, furriel, que está junto de mim.

Tenho outra que também junto, numa outra altura, em que estou eu e o meu Furriel Riquito, na ponte de Ensalma (foto nº 1), e são ambas minhas, a Peugeot e a Honda, mais nova, que tinha lugar para passageiro.

Vejo agora que não tinham matrículas, não devia ser preciso, há aqui uns anos de diferença, ou as motas tinham que ter a matricula ?!

Ambas foram compradas na mesma casa aqui referida, era o representante da Peugeot, e outras marcas e comprei lá ambas, acho que custaram uns 5 contos cada. Não sei o que fiz delas, penso que as deixei por lá, não vendi nada, isso eu sei.

António Martins de Matos (*)
Com aquela de 200 cc [, do ten pilav António Martins de Matos] (*), podia 'abrir' à vontade, e fugir dos turras que por acaso aparecessem, o que não foi o caso.

Em Nhacra no meu tempo, não se comia ostras em parte nenhuma, e em Safim, eram camarões, e talvez ostras, mas não me lembro. Ostras comia por todas as esplanadas em Bissau.

Em Nhacra ia dar uns mergulhos à piscina do quartel, lá de cima da prancha. Junto duas fotos, para os devidos efeitos, estão todas fracas, mas ainda não tinha os dons da fotografia {Fotos nº 3 e 4].

Não parava de contar aventuras, mas tenho receio (medo!) que me venham a dizer que eu fazia a guerra a andar de motorizada, quer pelas aldeias e cidades à volta de Bissau, ou a percorrer o Pilão.

Eduardo Jorge Ferreira
 (1952-2019) e Jorge Pinto (*)
Como se pode ver, quem podia, comprava uma, porque era uma grande independência para a gente desfrutar por todo o lado, sem horários, sem stress [, como era o caso do alf mil Polícia Aérea, Eduardo Jorge Ferreira (1952-2'0199]

Por agora é tudo, gostei de ver novamente as minhas fotos nas minhas loucuras pela Guiné. Tempos, de saudade, pois tinha muito menos idade, e por tudo o mais que não posso aqui  'introduzir' !

P.S. Ressalvo, quaisquer erros, omissões e outras bestialidades que possa ter escrito em cada foto.

Um abraço, podes publicar o meu comentário, se for de interesse.

Um abraço, Virgilio



Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bissau, Bissalanca, Safim, Ensalma, Nhacra, ... De Nhacra a Bissau eram cerca de 20 km. De Bissalanca a Nhacra, por Safim, devia ser um pouco mais... E não havia problemas de segurança na região de Bissau, até ao fim da guerra... 

Decididamente o PAIGC nunca optou pela guerrilha urbana...Pelo menos, não consta que tenha morto ou apanhado à mão algum militar que circulava, de moto, ou de motorizada, pela região de Bissau, na maior das calmas... Afinal de contas, Bissau era uma "ilha" e uma "fortaleza"...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019).
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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 27 de novembro de 2019  > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (143): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)


Guiné > Bissalanca > BA 12 > s/d > c. 1973/74 > O Eduardo Jorge Ferreira, alf mil da Polícia Aérea, à porta dos seus aposentos, pronto para partir para Nhacra,  para comer umas ostras, à civil, de sandálias, e com capacete de segurança, conduzindo a sua motorizada, de 50 cm3 (?), Yahama, matrícula G5907, e levando à boleia o seu amigo Jorge Pinto, alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)... 


 Pormenor digno de registo: o Jorge Pinto, também à civil, de sapatinho de vela, meiinha branca, leva um capacete de segurança pouco ortodoxo: um capacete, branco, da polícia aérea... A ideia só podia ser do nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), um homem prático e desenrascado...


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem de Jorge Pinto, ex-mil, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74); tem cerca de 40 referências no nosso blogue:



Luís, eu é que fico agradecido pela iniciativa de aproveitares o meu texto. (*)

Para o ilustrar, lembrei-me hoje de procurar uma velhinha foto, tirada à porta dos aposentos dele, na base de Bissalanca, sentados na motoreta, prontos a partir para Nhacra, onde íamos saborear as referidas ostras.


Tem muito pouca qualidade esta foto mas para mim, passou a ter muito significado, como podes imaginar. Podes usá-la também se achares conveniente. (Segue em anexo : Eu e Eduardo)

A ideia de já teres marcado encontro para outubro 2020, é esplêndida. É uma forma muito bonita de o homenagearmos, valorizando todo o empenho, generosidade e alegria que ele depositava em iniciativas deste género e que nós tanto admiramos.

Quanto às fotos do porco no espeto (*), lembro-me perfeitamente. Foi mais uma das iniciativas sociais que ele promoveu, em que até os filhos dele, a esposa e pessoal da terra também se envolveram.


Resto boa noite para ti. Forte abraço.

Jorge Pinto


Guiné > Bissalanca > c. 1972/74 > O então ten pilav António Martins de Matos com a sua potente Yamaha, de 200 cm3, a 2 tempos,matrícula G-6388,  comprada numa loja da Av da República (hoje, Av Amílcar Cabral) por 16 contos da metrópole (em 1972 era o equivalente hoje a 3.807,75 €). 

Diz ele que havia 4 motos destas na Base. Pormenor curioso: comparando as matrículas da motorizada do Eduardo (G5907) com a moto do António (G6388), a do Eduardo parece ser mais antiga...possivelmente tendo sido comprada em segunda mão. (Mas não sabemos em que data, exatamente, foi comprada a moto do António, terá sido seguramente entre 1972, 1973 ou 1974).

Foto (e legenda): © António Martins de Matos (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bissau, Bissalanca, Safim, Nhacra... De Nhacra a Bissau eram cerca de 20 km. De Bissalanca a Nhacra, por Safim, devia ser um pouco mais... E não havia problemas de segurança na região de Bissau, até ao fim da guerra... Decididamente o PAIGC nunca optou pela guerrilha urbana...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019).




Guiné >  Região de Bissau > Bissau > c. 1967/69 >  O alf mil SAM Virgílio Teixeira, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), de motorizada às portas de Bissau, na estrada para o aeroporto de Bissalanca.





Guiné > Região de Bissau > O alf mil SAM Virgílio Teixeira,  de motorizada, em Safim, a caminho de Nhacra. Em Safim, havia um cruzamento: para norte seguia-se para João Landim e Bula; para leste, seguia-se para Nhacra e depois Mansoa.



Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20385: (De)Caras (142): O Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) ou a arte do dom: "um homem não bebe um copo sozinho" (Luís Graça / Jorge Pinto)


Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > O Eduardo Jorge  Ferreira (1952-2019) e o Jorge Pinto (Sintra)


Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > O Fernando Policarpo  (Lisboa) e o Eduardo Jorge: ambos estiveram na Guiné na mesma altura (1973/74). O Policarpo prometeu-me, ontem, no cemitério do Vimeiro que vai integrar a nossa Tabanca Grande em homenagem ao amigo e camarada Eduardo. O Policarpo tem pelo menos 6 referências no nosso blogue.


Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 >  O Eduardo Jorge, à direita, o organizador: era sempre o último a sentar-se à mesa, zelando pelo bem-estar de todos os convivas...


Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > Sempre proativo, o Eduardo Jorge era sempre quem fazia o papel "chato" nestes encontros, que ninguém gosta de fazer: o de receber a massa e pagar a conta... 



Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > A nossa querida São mais o marido... Em segundo plano, o João Baptista (Óbidos). Inspetora do trabalho, ainda no ativo, a São não podia, muitas vezes, acompanhar-nos... a não ser aos fins-de-semana.



Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > A nossa querida São mais o marido... A São viveu e cresceu em Bissau: o pai era funcionário dos CTT... Mas ela e o Eduardo conheceram-se cá. Têm dois gémeos, o João (Lisboa) e o Rui (Londres).



Lourinhã > Vimeiro > Convívio de ex-seminaristas do Oeste > 28 de junho de 2014 > O Jorge Pinto e a esposa, Ana.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) 
e a arte do dom

por Luís Graça

Contou-me uma vez o Eduardo a seguinte história: o pai, que deve ter nascido nos anos 20 do século passado, tinha uma junta de bois e costumava deslocar-se na região para comprar vinho a granel. No carro, devia levar um ou mais pipas. Ia muitas vezes do Vimeiro à Moita dos Ferreiros, via Marteleira e Miragaia, no concelho da Lourinhã.  A Moita dos Ferreiras era uma freguesia de grande produção vinícola, nessa época (anos 50/60). Pelas estradas de hoje, são cerca de 15 quilómetros. Com o carro de bois, deviam ser umas duas horas e meia ou três. 


Chegava lá cansado, e com sede. Parava numa tasca, para beber um copo. Mas sabia por experiência própria que um homem não bebe um copo de vinho sozinho. Se há gente na tasca, oferece-se de beber a toda a gente. Era a tradição, era a cultura de convivialidade da terra (e em geral da região). Um homem que entrasse numa tasca, pedisse e bebesse sozinho um copo de vinho,  era um homem “marcado”. Para a próxima poderia vir a ter encontros desagradáveis… e os negócios podiam vir a correr mal. 

O pai do Eduardo, que já não é vivo, tal como de resto toda a família (mãe e irmãos), aprendeu, portanto, cultivar a “arte do dom”, a arte de dar, receber e retribuir… E transmitiu isso ao filho...

O Eduardo era daquelas pessoas que, numa época de forte individualismo como a nossa (em que o dinheiro é que define o estatuto social da pessoa), recebeu do pai (e do “caldo de cultura” da sua região) esta tradição do dom, esta arte do dom: um copo de vinho não se bebe sozinho, partilha-se…

Um dos seus traços de carácter mais sublinhados, nestes dias, em que a família e os amigos lhe fizeram a “última despedida”,  foi justamente a sua “generosidade”, “amabilidade”, “dedicação ao bem comum”, “solidariedade”, "empatia" (*)…

Escreveu, na sua página do Facebook,  a Associação Memória da Batalha do Vimeiro de que ele foi cofundador e dirigente: 


“Hoje perdemos um amigo, um companheiro que pertencia à categoria rara das pessoas que irradiam simpatia, dedicação e generosidade.”

Contou um dos filhos gémeos, ontem, na igreja do Vimeiro, nas bonitas, singelas e comovidas palavras que disse do pai, numa igreja completamente cheia de familiares, vizinhos e amigos, a seguinte história: 

“O meu pai era um homens de valores e princípios. Num dia de Natal, celebrámos o dia e almoçámos juntos. Ainda éramos pequenos. Depois, ele levantou-se e disse que tinha que ir a Alcoentre acompanhar um amigo que tinha o pai na prisão. Era Natal e esse filho também tinha o direito que estar com o pai”.

Dos vários testemunhos (incluindo o meu próprio) que foram partilhados na igreja (*), antes do saída do caixão para o cemitério, ressalta a ideia que o Eduardo Jorge era um homem com um coração grande, daqueles corações que não cabem no peito. Ele cultivava, por excelência, a arte do dom: por isso tinha muitos amigos, e amigos sinceros.

O Jorge Pinto, nosso camarada de armas, que se deslocou também ao Vimeiro, para o “último adeus” ao Eduardo, escreveu o seguinte, como comentário ao poste P20382 (*).

“Hoje foi um dia muito triste. Fui ao funeral do Eduardo Jorge, meu amigo e colega de longa data. Durante a cerimónia religiosa foram proferidas palavras que me fizeram reviver muitos momentos… mas a recordação que mais me assaltava à memória relacionava-se com Bissau: Quando, eu todo mordido pelos mosquitos e suado até ao tutano, chegava de Fulacunda na Dornier do nosso saudoso comandante Pombo e o Eduardo Jorge, ainda no aeroporto Bissalanca, pegava em mim e me levava para os seus aposentos na Base Aérea. Ligava o ar condicionado e dizia: 'pá, agora, já te podes coçar à vontade e tomar banho, porque aqui a guerra é outra'...Depois, passado uma hora pegava na motoreta e levava-me até Nhacra comer umas ostras… Era assim o Eduardo Jorge, generoso, ativo, pensando sempre no bem dos outros. Hoje é um dia muito triste”…


Não sou desse tempo, de Bissalanca, sou um amigo mais recente. Já nem recordo quando e quem mo apresentou. Talvez num dos convívios anuais que ele organizava, por ocasião da festa anual de Ribamar, e cuja origem remontava ao ano de 1994, fez agora 25 anos (vd. poste P20380).

Começamos a conviver mais quando ele se reformou em 2009. No blogue está registada a data de 16 de agosto de 2011. Num comentário ao poste P8694 (**), eu deixo um agradecimento, entre outros amigos e camaradas da região do Oeste,  "também ao Eduardo Jorge (professor de educação física, também já aposentado; antigo presidente da assembleia de freguesia do Vimeiro); e ao João Tomás Gomes Baptista, natural das Gamelas/Bombarral, empresário agro-turístico, que nos proporcionou uma tarde maravilhosa em Óbidos"... 

Deve ter sido nessa semana que nos conhecemos, e eu fiquei a saber que tinha estado na Guiné em 1973/74, tendo-o convidado a inscrever-se na nossa Tabanca Grande, o que ele fez no final desse mês (***). 

O nosso convívio intensificou-se a partir daí, tendo o Eduardo sido o primeiro lourinhanense a participar num Encontro Nacional da Tabanca Grande, o VII, em Monte Real, em 21/4/2012. 

Depois disso, começamos a conviver muito mais regularmente, nomeadamente no Vimeiro e em Porto Dinheiro / Ribamar. O primeiro convívio da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã terá sido em 12/7/2015, com a presença do João Crisóstomo e do Horácio Fernandes,entre outros (****). Descobrimos, entretanto, que o João era seu vizinho, de Paradas, A-dos-Cunhados, embora vivesse em Nova Iorque desde 1975. O Eduardo, por sua vez, apresentou-nos o Rui Chamusco, seu colega do Agrupamento de Escolas de Ribamar.

A morte, inesperada, traiçoeira, veio interromper este tão saudável convívio, dentro e fora da Tabanca Grande (*****). Mas, no dia 12 de outubro de 2020, se formos vivos, lá estaremos na festa de Ribamar para lhe fazer uma pequena homenagem, a ele e à  São, a mulher da sua vida. Todos sentimos, os que o amavam e estimavam, que com a sua morte, todos perdemos: "quando um de nós morre, também morremos todos um pouco", lembrei ontem na hora da despedida (*).


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Momte Real > VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 21 de Abril de 2012 > Dois homens da FAP e de Bissalanca, BA 12: O António Martins de Matos (Lisboa) e o Eduardo Ferreira, lourinhanense, que vive em A-dos-Cunhados, Torres Vedras, uma das "caras novs" do encontro deste ano. "Um foi um dos melhores pilotos de Fiat G91, de toda a guerra da Guiné; o outro foi alferes mil da polícia aérea... Ambos da mesma altura (1972/74, o António Martins de Matos); 1973/74, o Eduardo Jorge Ferreira).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > A "bajuda do Enxalé", Maria Helena Carvalho (que adotou - e foi adotada por - o pessoal da CCAÇ 1439), e o Eduardo Jorge Ferreira, o organizador do convívio. O Eduardo anda tão entusiasmado com a reconstituição histórica da batalha do Vimeiro, de 17 a 19 deste mês, na sua terra, que até conseguiu convencer o Álvaro Carvalho a fazer a cobertura fotográfico do evento!...





Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Da esquerda para a direita, (i) primeira fila, António Nunes Lopes (ex-fur mil, CCAÇ 1439); João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439); Vilma Crisóstomo; Luís Graça; Helena Carvalho (, filha do Pereira do Enxalé, que morreu em Bissau, em agosto de 1974); (ii) segunda fila, Maria Alice Carneiro, Dina (esposa do Jaime), e Álvaro Carvalho; (terceira fila, Eduardo Jorge Ferreira (ex-alf mil, PA, Bissalanca, 1973/74); Alexandre Rato, presidente da junta de freguesia de Ribamar (que, apanhado à boa fila, teve a gentileza de se juntar a foto de grupo "para mais tarde recordar"; Jaime Bonifácio Marques da Silva (ex-alf mil PQ, BCP 21, Angola, 1970/72); Horácio Fernandes (ex-alf mil capelão, de rendição individual, Catió e Bambadinca, 1967/69) e esposa, Milita.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

25 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20382: In Memoriam (356): Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019): elegia fúnebre para um amigo e camarada: quando morre um de nós, também morremos todos um pouco (Luís Graça)

25 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20380: In Memoriam (355): Um alfabravo (ABraço), Eduardo, até qualquer dia!

24 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20379: In Memoriam (354): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952 - 2019), ex-alf mil, Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1972/74, régulo da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã: o funeral é amanhã, 2ª feira, no Vimeiro, às 14h00


(...) Camarada (de várias frentes!) Luís Graça:

Pois conforme o prometido, aqui estou a inscrever-me no magnífico blogue que em boa hora criaste e que com os contributos dos muitos aderentes se tem continuado a afirmar como espaço de partilha e de amizade entre aqueles que tiveram (e tem) a Guiné como cenário de passagem.

Confesso que fiquei maravilhado e entusiamado com o (ainda pouco) que li e vi no blogue do qual desconhecia a (já sua longa) existência. (...)



(****) 13 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14872: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (2): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte I): organização 'impex' do Eduardo Jorge Ferreira (ex-1º cabo inf, do exército luso-britânico que se cobriu de glória na batalha no Vimeiro, em 21/8/1808; ex-alf mil, PA, Bissau, Bissalanca, BA 12, 1973/74)


(*****) Último poste da série > 14 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20343: (De)Caras )115): "Nha Maria Barba" ou Maria da Purificação Pinheiro (Boavista, 1900 - Bissau, 1975): expoente máximo da morna e da morabeza da Boavista, esteve no Porto, no Palácio de Cristal, em 1934, na 1ª Exposição Colonial Portuguesa: notas de leitura de um trabalho de pesquisa biográfica, feita por Antonio Germano Lima, da Universidade de Cabo Verde