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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12464: Conto de Natal (14): Recordações de 1964, de um Alentejo longe de África, onde os jovens de então matavam e morriam (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa Grã-Tabanqueira e Amiga Felismina Costa com algumas recordações do Natal de 1964:


Paisagem no Alentejo (foto: Digitalsignal / wikimedia), com a devida vénia


É Natal!

Sob um céu de chumbo, tão baixo, que parecia tocar a minha cabeça, o dia manteve-se igual do princípio ao fim. Nasceu e morreu igual a si mesmo, único, pois que não recordo outro assim…
Gelado!
Ninguém na rua podia estar parado!
Na lareira grande, onde cabíamos todos, ardia o madeiro de Natal!

Encostada às brasas, a panela de ferro, mantinha quente a água, qual esquentador do passado. Uma cafeteira de barro, onde a mãe fazia o café, passava lá os anos. De manhã, o seu cheiro aquecia e confortava, e o leite de cabra, directamente da produtora, promovia os nossos pequenos-almoços, que tinham à mistura, os sorrisos e as belas palavras dos nossos pais. Às vezes, um cheiro a migas ou a fatias de ovos, vinha ao nosso encontro e preparavam-nos para mais um dia de trabalho duro, mas gostoso. O vento livre, assobiava por entre as árvores e o canavial.

O frio, só se sentia lá fora. Ali, reinava o calor humano, a compreensão, o amor e o carinho. Na ampla e bela cozinha, uma janela, que se abria a nascente, enchia-a de luz. Às vezes, debruçava-me nela para olhar o sabugueiro que permanecia ali ao lado e o topo da cerca, que partilhava o muro já velho e em derrocada em vários pontos, com a cerca do ”Ti Zé das Corgas Fundas”, partilhávamos igualmente as ameixeiras, que ignorando divisões infiltraram as suas raízes por debaixo do muro, oferecendo aos dois proprietários os seus frutos temporãos.

A poente, uma fila de oliveiras fazia o traçado da quinta, antecedendo a figueira que se situava já perto do tanque, onde um cardo leiteiro, morria e renascia, todos os anos.

Sentado sobre o tanque, vejo com frequência, uma personagem que marcou os dias da minha juventude, na sua voz característica, no seu perfil incomparável, na sua convicção, no seu querer. O poço, donde tirava a água com um caldeirão, estava ali ao lado, deixando apenas uma entrada para a quinta, entre os dois.

Aonde vais coração?
Isso, já foi há muito tempo! Meio século atrás! Mas, não sei como estão tão presentes esses dias!

Era 1964!
25 de Dezembro de 1964!
Esse dia de Natal gelado e cinzento, cor de chumbo, aliava-se ao espírito dos portugueses da época!

Lá longe, os jovens de então, matavam e morriam, e ali, chorava-se a saudade, o medo da perda, o desespero de nada se saber ao certo, pois as notícias nunca eram do dia, e, as que chegavam mais rápidas, ninguém as queria.

Felismina Mealha
Em cada dia deste espaço de tempo.
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12452: Conto de Natal (13): Um Menino Jesus antecipado na família Brian (Tony Borié)

domingo, 15 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12454: Boas Festas (2013/14) (7): Alberto Sousa e Silva, Manuel Maia, Jorge Teixeira, Giselda e Miguel Pessoa, Felismina Costa, Hilário Peixeiro, Manuel Lema Santos e Joaquim Cardoso

1. Postal de Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70



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2. Mensagem de Natal do nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74:

Para o Luís Graça e sus muchachos (co-editores do Blogue...) bem como para todos os camarigos, daqui envio os votos de um Natal cheio de saúde e alegria.

Que o 2014 possa surgir no horizonte coo um ano de esperança.

Um grande abraço
MM

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3. Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira, (ex-Fur Mil Art, CART 2412, Bigene - Guidage e Barro, 1968/70):

Caro Carlos Vinhal, amigo.
Na altura do Natal aproveitamos sempre para desejar Boas Festas, o problema é que de há uns tempos a esta parte, as "festas" têm sido todo o ano. Infelizmente muitos, ainda correm o risco de na altura que deviam ter Boas Festas, terem "amargos de boca"!...
Apesar de tudo desejo a todos Festas Felizes... dentro do possível, claro!

Um abraço
cumprim/jteix


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4. Dos nossos camaradas da FAP, BA 12 (Bissau), ex-2SAR Enf.ª Giselda Pessoa e Cor Pilav Ref Miguel Pessoa:


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5. Mensagem da nossa Grã-Tabanqueira e Amiga Felismina Costa:

Caríssimos Amigos Luís Graça e Carlos Vinhal
Não queria deixar passar esta quadra Natalícia, sem vos desejar um tempo de advento, de alegrias e Paz.
Que à vossa volta todos se sintam irmanados no espírito da quadra, e que prevaleça esse espírito para além, sempre para além do tempo.
Estendo a todos os vossos familiares os desejos de um Feliz-Natal e envio um abraço colectivo e sincero.

Amiga para sempre
Felismina Mealha


Mensagem Natalícia:

Caríssimos amigos da Tabanca Grande
Permitam-me uma saudação Natalícia!

Nem sempre a vida nos dá dias bonitos e inspiradores, e esse tem sido o meu caso!
Porém, a minha dívida para convosco, é imensa e eterna!
Somos irmãos no tempo que vivemos e vivemos. Partilhamos ao longo da vida, uma vida comum, se bem que “per si”. Cada um de nós partilhou e tomou conhecimento da evolução e do recuo da civilização, da evolução tecnológica, que nos permite o “encontro” à distância de um clic, e o reviver do passado, sempre presente.
E nesta contemporaneidade, nesta recta, que pretendo muito longa e de fácil caminhada para todos nós, à luz do conhecimento adquirido, do respeito e do carinho que todos me merecem, estou aqui para vos desejar para este Natal, uma reunião familiar, calorosa e sincera, onde cada um de nós, dê provas e passe a mensagem do valor da família, do saber quem somos, e porque somos.
Somos a geração responsável pelo próximo futuro e até mesmo já, pelo presente!
Gostava de deixar aos nossos filhos e netos um mundo de que se orgulhassem, mas contra as melhores vontades… as menos boas!
Desejo porém, que dias mais felizes cheguem, pois convenço-me cada vez mais, que as situações são cíclicas e portanto, o ciclo positivo chegará risonho no tempo aprazado!

Até lá, amigos, desejo-vos o melhor que houver, o melhor que conseguirdes para vós e para os vossos.

Renovo os desejos de Boas-Festas e envio aquele abraço fraterno que a todos contempla e o meu eterno obrigada!

Felismina mealha
Natal de 2013

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6. Mensagem do nosso camarada Hilário Peixeiro, ex-Cap Mil da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70:

A todos os meus amigos desejo um Santo Natal e um Feliz Ano Novo e uma longa vida com qualidade, desejos que através do nosso chefe de Tabanca, Luis Graça, torno extensivos a todos os camaradas tabanqueiros.

Hilário Peixeiro

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7. Postal de Natal do nosso camarada ex-1.º Tenente da Reserva Naval Manuel Lema Santos


Votos sinceros para todos os Camaradas e Amigos, extensivos aos respectivos Familiares.
Manuel Lema Santos

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7. Mensagem natalícia do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74):

Caríssimos Editores e Camaradas em geral
Eis que se aproxima a passos de gigante as Festas de Natal.
De seguida, o fim deste ano 2013, estando o novo 2014, já à "espreita" para lhe tomar o lugar.
Como este Natal é o primeiro que passo no "aconchego" da tabanca, é não só, mas também por isso, que venho desejar a todos que dela fazem parte, bem como aos seus familiares, um feliz Natal e, que o Ano Novo lhes traga tudo o desejam. 

Muita saúde e Boas Festas para todos.
Castelões-Penafiel 16/12/2013
J.Cardoso
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12445: Boas Festas (2013/14) (6): José Martins, José Rodrigues, José Santos, Joaquim Mexia Alves e Ernestino Caniço

terça-feira, 18 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11727: Blogpoesia (346): O Menino Homem (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa, com data de 17 de Junho de 2013:

Caríssimo Amigo Carlos Vinhal
Na sequência das recentes homenagens prestadas, a título póstumo, aos militares que tombaram durante a guerra colonial, pretendo também prestar a minha homenagem a quantos deram a sua vida em nome de Portugal, com um modesto e sentido poema.

É a minha sentida homenagem.

Abraço colectivo a toda a tertúlia
Felismina Mealha




O Menino Homem

Cresceu o menino, que é de sua mãe 
E a Pátria o reclama! 
Chama-o apressada, porque estão em risco 
Os interesses de uns, que não lhe são nada. 
E rouba-o à vida, até aí tranquila, 
Somente pequena. 
Tão só madrugada! 
E o alvorecer, virou tempestade, 
Que caiu sobre os dias dessa curta idade. 
Que fazer dos sonhos dessa Mocidade? 
Congelar os sonhos? 
É pura maldade! 
E a terra vermelha, grávida de espanto 
Aborta atónita seus frutos em pranto… 
Terra que se oferece, que acolhe a raça 
Convive com uns, e a outros… mata! 
Sentenças de morte, quem foi que as ditou? 
Menino de 20, ou um pouco mais, 
Para onde te levam? 
Para onde vais? 
Sobre o Oceano, imenso, sem fim… 
Navega um cargueiro, que te afasta de mim! 
E nem tu nem eu sabemos o fim! 
Menino de vinte, meu amor primeiro, 
Que mal que me fez o velho cargueiro! 

Na terra lá longe, que só queria Liberdade 
Perdemos a Paz… choraram saudade! 

E o medo Menino? 
E a dor de matar? 
Mas tu és um homem… maior do que és! 
E por entre o medo, o tão grande medo… 
Primes o gatilho, 
E sem que o conheças 
Morreu mais um filho… 
Sobre a terra quente criadora e nua 
Rebentam petardos, mesmo à luz da lua! 
E muito distante, onde os lobos uivam… 
Tantas mães chorando e noivas viúvas… 
Mataram o Menino que seus pais criaram 
Mataram os sonhos que alimentaram 
E queimam a terra. 
E rasgam a carne. 
O sangue esvai-se em ferida mortal! 
O negro vestiu os campos alegres onde cresceste. 
E aqui e ali, em quaisquer lugares 
Erguem-se monumentos a assinalar 
Que o jovem da terra não pode voltar!

Felismina mealha 
Agualva,17/6/2013

(Foto: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados)
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Nota do editor:

Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11710: Blogpoesia (345): Estou vivo (Ernesto Duarte)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11585: Blogpoesia (338): O Sol e os Livros (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa, com data de 11 de Maio de 2013:

Caríssimo Amigo Carlos Vinhal
O Poema que ora lhe envio, é uma criação recentíssima, a que o meu amigo Reis Costa emprestou mais uma vez, a sua bela voz. 

Se achar que merece publicação no Blogue... é seu e de todos que o queiram ler.

Abraço fraterno e grato da amiga de sempre.
Felismina mealha


"O Sol e os Livros"

Subtil, o Sol entrou na minha sala
e sorrindo, beijou um a um os livros na estante!
E os meus olhos foram-se abrindo e sorrindo…
Pensei no Sol e nos livros…
Pensei e comparei essas estrelas desmesuradas e…
Continuei sorrindo!
Divino, o Sol oferecia-me a luz da vida.
Calados, os livros gritavam-me:
Estou aqui! Folheia-me! Descobre-me!
Passeia comigo pelo mundo inteiro!
Conheço os Cinco Continentes!
O íntimo das gentes.
As entranhas da terra.
O fundo do mar.
As estrelas!
A arte de bem falar!
O pobre.
O rico.
O mendigo sem -abrigo.
O crime e o castigo
A maldade.
A impunidade.
Sei como transformar
a miséria em riqueza.
Acabar com a inveja.
A doentia covardia.
Sei de nobreza!
Não de nobreza roubada
Mas de nobreza ganhada
nos gestos de cada dia!
Sei de honra e de vergonha.
Sei de ronha e de vileza
que se esconde destapada
porque a roupa que veste
Há muito que se conhece
e está muito mais que usada.
Sei de luas e de sóis que dão vida!
Sei que a lida dos que trabalham a terra
não tem era!

É!
É ela, a própria que sustenta, que alimenta
os que não sabem nem sonham
como à mesa chega quente o pão que comem.
Sei, como se gerem finanças e vinganças.
Como o mundo inteiro dança.
E sei de Homens de bem,
Que trabalham toda a vida a ciência que convêm.
Que se esforçam, que não dormem, que correm
atrás de uma ideia iluminada, na descoberta precisa para salvar uma vida.
Para salvar tantas vidas!
Sei de heróis e heroísmos!
Sei de fogos de artifícios.
Fogos-fátuos.
Malabarismos.
Sei de Reis que não reinaram.
E de outros que se mataram reinando.
Sei de fado e de fandango.
Sei de Tango!...
E os livros não se calavam…
Sei de amor - gritava-me um!
E outro, mais…e eu sorria enlouquecida!
Um, no lado esquerdo da estante, provocante
Numa letra dourada, arredondada,
Pretendia generoso, convencer-me, que o lesse:
Seduzida, puxei-o então… levemente, e, pouco a pouco,
ouvi, Pessoa dizer-me assim:
(…Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade…)

E de cabeça inclinada para o livro…”Ressuscito-o”!
Pessoa estava ali, na sua cadeira de bronze à porta da Brasileira,
banhado pelo Sol, que já tinha dado uma volta, e ia agora a caminho do
Largo do Calhariz.
Quis dizer-lhe adeus, mas, Camões, carregado de pombos e turistas com cristas, acenou-me e pediu-me que rasgasse a sua velha epopeia.
Quis dizer-lhe que não era justo,
Que ficaria de luto, mas eis que aparece o Eça, vindo da rua do Alecrim e disse-me assim:
Rasga sim!
Quando tudo se esquece…é o fim!

"O Sol e os Livros"
(Felismina Mealha)
(Voz: Fernando Reis Costa)

Nota: Para ouvir a declamação deste poema aceder ao Portal AVPSE
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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11580: Blogpoesia (337): Meu testament (J. L. Mendes Gomes)

sábado, 27 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11487: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (3): Parabéns ao grandioso Blogue (Felismina Costa) e Por ele e por causa dele, Blogue, reencontrei camaradas, fiz amizades pessoais e correspondentes espalhados pelo mundo (Jorge Teixeira - Portojo)

1. Mensagem de parabéns da nossa amiga tertuliana Felismina Costa:

Parabéns ao Grandioso Blogue “luisgracaecamaradasdaguine”

Caríssimos:
Luís Graça, Carlos Vinhal, Eduardo Magalhães Ribeiro, Virgínio Briote, Hélder Sousa, José Martins e Torcato Mendonça.

Meus ilustres amigos, é mais que justa uma homenagem ao esforço, ao brio, à perseverança deste grupo de homens, que consegue manter em funcionamento (e tão bem arrumadinho) um Blogue desta envergadura, durante nove anos. Não sei se o Luís Graça, seu criador, quando o imaginou, supôs que teria esta longevidade e esta dinâmica!

Lembro- me do dia em que o descobri, (há três anos atrás) e assustada me dirigi “Ao Sr. Blogue” querendo saber notícias dessa Guerra, que foi vossa/nossa, e em que participei com palavras escritas e com toda a pureza e ignorância da minha adolescência.

Numa ânsia de saber pormenores dessa realidade e desse tempo, li exaustivamente muitos e muitos depoimentos dos homens que participaram activamente no referido acontecimento, que deu azo a este Jornal Diário, que cada um dos seus membros compõe, citando as suas experiências, o seu sofrimento, as suas lembranças, as suas saudades, a sua ligação para sempre àquelas paragens.

Aqui fiz amigos que considero, “amigos verdadeiros” oferecendo em troca, um pequeno poema, ou simples texto, onde digo da minha gratidão à vida. Vida, que desejo a todos vós, longa e sorridente até ao fim!

Parabéns pelos (4 718 908) de visitas!
Parabéns pelo trabalho, pela dinâmica, pela organização, pela quantidade de depoimentos!
Parabéns pelas amizades grandes que comporta, pela gente bonita que o mantém vivo e que são todos quantos participam com as suas histórias, a sua cultura, e as suas vivências.

Quero felicitar todos que nele participam, especialmente pelo facto de serem sobreviventes, de um conflito sem mérito, que enlutou tantas famílias e deixou marcas irreversíveis em tantas outras.

Sou afectuosamente, “uma moça do vosso tempo”
Felismina mealha




2. Mensagem do camarada Jorge Teixeira (Portojo), (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), enviada a propósito do aniversário do nosso blogue:

Caro Luís, Caros Editores, Caros Camaradas
Em momentos de aniversários é lugar comum deixar os parabéns e abraços, beijinhos cá de longe, e essas cenas que ficam registadas por quem recebe, para quem manda por vezes é uma obrigação.

Fálo (com acento, assim evito confusões com o falo que nos querem impôr na nova ortografia) por mim, pois a muitos amigos e camaradas a quem envio esses lugares comuns tal não seria possível sem o Blogue que criaste e os editores desenvolveram e os correspondentes mantêm vivo.

Por ele e por causa dele, Blogue, reencontrei camaradas, fiz amizades pessoais e correspondentes espalhados pelo mundo.

Roubando ao Eduardo Campos a sua célebre frase: Salazar foi um fdp que me tirou anos de juventude, mas permitiu-me conhecer muitos amigos.
Ao Blogue cabe perfeitamente a adaptação da frase. Na minha resposta ao questionário, escrevi que já não tenho mais estórias para contar. Claro que tenho, mas muitas não podem ser publicadas. Faltar-lhes-ia em primeiro lugar o engenho da escrita para descrever situações que à distância de 40 e tal anos parecem estúpidas e irreais.

Também foi por causa do Blogue que recebo a minha pensão militar. Não sei se é assim que ela se chama, mas para o caso também não interessa nada. (Acho que é a única frase boa que alguma vez a Teresa Guilherme exprimiu, serve para tudo).

É estória velha já contada. Ao correr da pena, foi o saudoso Carlos Pinhão que me ensinou a diferença entre estória e história. Não tem nada a ver com a nova ortografia ou ter apanhado a palavra dos amigos Brasileiros. Mas este Blogue tem história e muita e tem muitas estórias.

Para lá dos parabéns, blablabla, deixo o meu abraço ao Luís e seus muchachos extensivos à rapaziada da Peste Grisalha.
Jorge Teixeira

Anexo: Foto tipo Bilhete postal do Guerreiro que se mandava para casa a dizer:
- Hoje vesti o camuflado para tirar o cheiro a Môfo.
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Nota do editor:

Último poste da série de > Guiné 63/74 - P11446: 9º aniversário do nosso blogue: Parabéns (2): Salve, 23 de abril de 2004! Salve, Tabanca Grande e o teu poilão! Salve, todos os nossos autores, colaboradores, leitores! Salve, todos os amigos e camaradas da Guiné! (Miguel Pessoa / Editores)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11408: Revivendo (Felismina Costa)

Mais um belo trabalho escrito da nossa amiga tertuliana
 Felismina Costa / Felismina Mealha


 Igreja Matriz de Santiago do Cacém
Com a devida vénia à Câmara Municipal de Santiago do Cacém


Revivendo

Longa a Planície entre Santiago do Cacém e Alcácer do Sal!
O dia, já Primaveril, favorecia o abrir das flores que salpicavam o chão por debaixo dos pinheiros e sobreiros.
O amarelo dos tojos e das giestas alegram e suavizam a rusticidade da paisagem.
De quando enquando, o branco sujo dos saramagos, faz-se notar aqui e além, destacando-se no tapete verde, muito bem tecido em toda a extensão observada.
Sob a ponte, o Sado corre turvo, sujo da terra que arrasta consigo na corrente forte. Algumas garças sobrevoam-no elegantemente.
Alguns braços de rio, alagam as zonas baixas, onde o sol quando espreita, se reflete alegremente.
As estevas floridas pareciam árvores de Natal da minha infância, salpicadas de algodão branco que substituía a neve, que raramente ali caia.
As nuvens, na linha do horizonte, desenham uma barra onde em camadas se sobrepõem, que rápidamente crescem desenhando contornos fabulosos.
A planície vai ficando para trás à medida que se aproxima a serra de Grândola, onde o sobreiro é rei.
A noroeste, a serra da Arrábida evidência o castelo altaneiro rodeado pelo desenho extraordinário das nuvens que o ladeiam. Numa linha longitudinal a serra vai crescendo até se despenhar no verde e lindíssimo Oceano que ela segura.
Pelas curvas da serra o silêncio reina. As aves, são ainda poucas as que se mostram. Há um sussurro que os meus ouvidos atentos registam!
O som da terra!
Um som familiar que canta e encanta. Que acalma e exalta, que nos adormece e acorda para a espantosa realidade do milagre de cada dia.
Dentro em breve, toda a terra florescerá em desenhos e cores esplendorosas, e o silêncio agora reinante, será então um entoar de hinos à Mãe Natureza, por ter guardado a semente e a fazer germinar mais uma vez.
Eu sou eternamente grata, por me ser dado observar mais uma vez, o parto magnífico donde emergem as mais belas flores e o pão da vida.
Mas, de novo na cidade, mergulho na correria das gentes apressadas, que convergem para os mesmos locais, na presa de se encontrarem como os filhos que crescem longe de si, fechados numa creche ou entregues a si próprios, sem verem crescer as flores e ouvir o cantar das aves.
E sinto pena!

Felismina mealha
2/4/2013
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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10863: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (11): Mensagens de Natal da Tertúlia (4)

MENSAGENS DE NATAL DA TERTÚLIA (4)


Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, Mansabá e Olossato, 1968/70:

Para todos os amigos e ex-camaradas de armas,
FELIZ NATAL E OS NOSSOS MELHORES VOTOS PARA 2013

Francisco Henriques da Silva


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Mensagem do nosso camarada João Parreira, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER / COMANDO da CART 730 / BART 733 e do Grupo “Fantasmas”, Bissorã e Brá, 1964/66:

Caro amigo e camarada editor Luís Graça,
Votos de Santo Natal e Ano Novo em Paz, num curiosíssimo presépio feito de sal, existente na Mina de Sal-gema de Rio Maior.
Votos de Santo Natal e Ano Novo possível, pelo menos em Paz!

Com um abraço do
João Parreira


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Mensagem do nosso camarada e amigo Armor Pires Mota, ex-Alf Mil da CCAV 488/BCAV 490, Guiné, 1963/65:

Meu caro Amigo:
Obrigado pelo espaço dado ao meu conto. Foram generosos comigo. Era bom que o papagaio voasse naquelas terras da Guiné, nas brisas da esperança de um país melhor.

Agradeço-lhe os desejos de boas festas e retribuo em dobro a todos os tertulianos.
Um bom Natal e um 2013 o melhor possível, dentro das condicionantes que nos tolhem os sonhos e o futuro dos nossos filhos e netos.

Um abraço de apreço e gratidão.
Armor Pires Mota

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Mensagem do nosso Camarada Fernando Costa, ex-Fur Mil Trms da CCS/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, 1973/74:

Que o presépio que construí em minha casa, vos dê um Natal muito Feliz. Votos para todos os ex-combatentes da Guiné.
Fernando Costa




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Do nosso amigo Patrício Ribeiro, gerente da firma Impar de Bissau, recebemos este curioso postal de Boas Festas:


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Mensagem do nosso camarada Carlos Nery, ex-Cap Mil, Comandante da CCAÇ 2382, Buba, 1968 a 1970:

Caros camaradas e amigos,
Um abraço forte, desejos de o melhor Natal possível e de um ano de 2013 com trabalho gratificante!

 Carlos Nery

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Mensagem do nosso camarada José Colaço, ex-Soldado Trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65:

Agradeço a toda a equipa do blogue a paciência e o trabalho por vezes extenuante que teve ao longo do ano um feliz Natal e um 2013 novamente cheio de paciência para aguentar o trabalho e as burrices que por vezes enviamos para o blogue.

Um abraço a todos
José Colaço.

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Finalmente, do nosso camarada da primeira hora deste Blogue, Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, o seu Postal de Boas Festas


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Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira, ex-Fur Mil Art, CART 2412, Bigene - Guidage e Barro, 1968/70: 

Amigo e camarada Carlos.
Da maneira que isto está, as "festas" ainda não acabaram. Há sempre os atrasados.

Continuação de Boas Festas.
cumprim/jteix


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Mensagem da nossa amiga Felismina Costa:

Feliz Natal para o criador e editores do grande blogue "luísgraçaecamaradasdaguine"!
Que o Natal a terminar, tenha sido para todos alegre e Feliz.
Que tenham podido esquecer as coisas menos agradáveis e que estejam dispostos a continuar sem desânimo na grande e meritória tarefa a que se propuseram!

Obrigada pela vossa disponibilidade, pela vossa persistência, pelo vosso carisma.
Obrigada pelos conhecimentos que me tem proporcionado, tanto no conhecimento dessa realidade vivida por tantos de vós no passado, como pelas amizades feitas no presente.

Envio um abraço colectivo a todos quantos fazem deste "sítio," o sítio da amizade e de grandes valores humanos que vale a pena preservar.

Felismina mealha

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1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires, ex-Alf Mil, CMDT do 23.º Pel Art.ª, Gadamael, 1970/72:

Caro Luis,
É de gratidão, contigo e a tua equipe de editores, a minha mensagem de fim de ano.
Mais um ano de gigantescos trabalhos, resgatando as memórias e dando voz a uma geração, que deixou parte da sua juventude nas bolanhas da África Atlântica.

Os meus votos de um ano com bastante saúde e sorte para ti, equipa de editores e todos os abrigados à sombra desta GRANDE TABANCA, que espero continues regendo com a Maestria que te é peculiar.

Forte abraço
Vasco Pires

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Comentário de CV:

Cabe aqui e agora uma palavra de agradecimento aos camaradas que se nos dirigiram com os seus votos de Boas Festas e palavras elogiosas aos editores. Pela minha parte julgo ter respondido às largas dezenas de mensagens que me foram dirigidas particularmente, que como é lógico não tinham cabimento aqui. Optamos por publicar só as dirigidas ao Blogue e/ou à tertúlia.
Se aconteceu alguma falha, por favor interpretem como uma casualidade e não como uma premeditação.

A poucos dias da entrada de 2013, o tal ano que não será o pior das nossas vidas, esperamos continuar a trabalhar como até aqui. Como dizem alguns camaradas, o nosso Blogue é uma espécie de jornal diário que se consulta para se ficar a par das novidades. Para isso, contamos com a vossa colaboração.

Recebam um abraço e s nossos votos de continuação de Boas Festas. E Bom 2013.
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10862: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (10): A "Pedra da Odete" ou onde se fala do nosso Blogue (Hélder Sousa)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10825: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (2): um abraço fraterno a todos quantos formam esta grande família, a que me orgulho de pertencer (Felismina Costa)

1. Mensagem de Natal da nossa amiga Felismina Costa com data de 11 de Dezembro de 2012:

Caríssimos "Camarigos"
Uma vez mais estamos no Natal! Apesar de todos os contratempos, de dias cada vez mais difíceis para a maioria de nós, o tempo passa célere e diria mesmo, que na nossa idade, ele voa! Parece que foi ontem, que sentada no mesmo lugar, frente ao mesmo computador, procurei um bocadinho, para vos desejar umas Festas-Felizes. Entretanto, já se passaram cerca de trezentos e sessenta e cinco dias, e aqui estou novamente com o mesmo objectivo.

Que o vosso Natal vos traga momentos inesquecíveis, para recordar para sempre com muita alegria.
Há momentos maravilhosos, em que a alegria que sentimos por ter à nossa volta os que nos são queridos, superam toda e qualquer situação.

Por isso, para além de muita saúde, vos desejo uma reunião familiar, baseada nos alicerces da Paz, do amor, do respeito e da Solidariedade, que nos deve acompanhar todos os dias da vida.

Segue um abraço fraterno, extensivo a todos quantos formam esta grande família, a que me orgulho de pertencer.

Segue em anexo, um poema meu, que é um obrigada por existir... e conhecer-vos

Vossa amiga de sempre:
Felismina


Era Dezembro mãe

Era Dezembro mãe!
Tão Dezembro!
Tão perto do Natal…
E eu quis vir à festa,
Trazendo como prenda
o meu eu, que me ofereceste…
e que ficou tão meu, tão unicamente meu
que, sem ele… não sou eu…
Às vezes, querem que eu, não seja eu,
mas eu, não sei ser outro, senão eu!
E talvez, porque recordo os teus afagos,
os teus beijos, sublimados,
os teus braços e abraços
a tua voz cristalina,
eu… sou ainda uma menina!

Lembro Março, florindo sem cansaço
inundando o largo espaço de poesia,
enquanto no teu regaço, eu sorria e crescia.

Lembro Abril, de luz dançante
quando as nuvens com o vento se fragmentam
e desenham alegria esvoaçante.

Lembro o Maio das novas aves
dos chilreios coloridos, exultantes…

Lembro, os Agostos escaldantes e longuíssimos
que queimavam apenas os dias que passavam…
E à noite, o luar trazia mensagens de outras galáxias,
Contava-me histórias que ouvia encantada,
ao som de orquestras, que não divisava.

Lembro os Outonos que amavas e me ensinaste a amar
nas cores dos poentes que namorávamos
em êxtase total,
absorvendo aromas que retenho ainda, como se o tempo
tivesse parado, ali à esquina…

E eis que regresso ao Dezembro de então,
Trazendo na mão o presente teu…
que era somente… a luz do que é meu.
Sorrindo me olhaste, sabendo que eu era
a pequena magia desse teu Natal,
Que juntas vivemos, e fomos cantar
A essa Belém, onde, de outra Maria,
um outro Menino…
Nascia também!

Felismina Mealha
Agualva, 24 de Outubro de 2012

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Nota do editor CV:

Primeiro poste da série > 18 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10820: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (1): Flor de sal para purificar e perfumar o chão das gentes boas da Guiné-Bissau (AD - Acção para o Desenvolvimento)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10534: Blogoterapia (218): Voltei ao Éden (Felismina Costa)

Sintra - Foto retirada de http://atracoessintra.no.sapo.pt/, com a devida vénia

Voltei ao Éden

Por Felismina Mealha

A manhã nublada envolvia a serra num místico turbilhão de nuvens voláteis, que ora se posicionavam à direita, ora à esquerda…
Estou sentada no parque em frente!
Sozinha!
Os bancos do parque, todos ocupados, quando há pouco cheguei, apenas aquele em que me sento, apresentam agora, uma volumetria colorida, no azul dos jeans e da camisola de cores contrastantes, que cobrem o rectângulo humano, que de caneta na mão, desenha sobre um bloco, que firma sobre a perna traçada, as palavras que chegam através da influência panorâmica.
Fujo de mim e observo…

As folhas caem das árvores, em tons de castanho e ouro e passeiam-se pelo chão… preguiçosamente.

À minha rectaguarda, os carros circulam a pouca velocidade, condicionados pelo semáforo próximo.

De vez enquando, pequenos grupos passam falando, à procura do almoço…

Olho o candeeiro de ferro forjado, sobre o muro, de desenho airoso, que espera a noite para mostrar a sua beleza e utilidade.
Numa das floreiras, frente aos meus olhos, floresce mimosa uma planta, no tom das flores da romãzeira, e, as casas apalaçadas, no sopé da serra, estão fechadas e caladas com medo de acordar recordações.

Como que dopada, permaneço sem pressa nem objectivos imediatos. Com a estação ferroviária a dois passos, encetarei a viagem de regresso quando me apetecer. O dia… é meu!

Agora, quero sentir o vento!
Paira uma atmosfera mole, preguiçosa, tal como me sinto.
Uma brisa, ofendida com as minhas palavras, soprou mais ligeira e eu sorri…

Olho o chão, de calçada portuguesa, desenhando uma geometria ondulante a que as folhas dos plátanos emprestam um doce enfeite…
Fotografo-as para as olhar no Inverno!
Uma pomba branca passeia-se indiferente e decidida. Gostei de ver a sua coragem, expressa na atitude.

Ao fundo do parque, um monumento, encimado por uma esfera armilar, lembra os que caíram pela Pátria, e eu, que sempre me tocam essas honras, lembrei-me dos que sobreviveram e continuam a ser ignorados e passam por nós, anónimos, com o brilho da sua heroicidade, apenas no seu coração e na sua memória…

Mais carregadas, as nuvens cobriram o sol, que aparecia a espaços…
No topo da serra, um pouco a sudoeste, uma das muralhas da Pena, sobressai por entre a vegetação.

Alguns transeuntes, de livros e telemóveis na mão, ocupam alguns bancos, tranquilamente, e eu vou deixar o espaço que observei, agradada e agradecida.
Num comboio longo, que circula sobre carris, vou-me deixar levar, mirando da janela o espaço abrangente, que transformarei em crónica deste dia e tempo.

Felismina-mealha
10 de Outubro de 2012
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 30 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10457: Blogoterapia (218): Obrigado pelo acolhimento nesta Grande Tabanca, que abriga as alegrias e as dores de uma geração, batizada com suor, sangue e mosquitos, nas águas escuras dos deltas dos rios da Guiné (Vasco Pires, Brasil)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10433: Blogpoesia (302): Viva Portugal: poema de Felismina Mealha (ou Costa); voz de Fernando Reis Costa


Poema de Felismina Mealha (FM), voz de Fernando Reis Costa (FRC) (*). Ficheiro.mp3 original de FM e FRC. Vídeo de Luis Graça (2012).  Imagem de fundo: o poema de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia" (poema XX, do Guardador de Rebanhos) (**), grafado na ciclovia Cais do Sodré-Belém, na margem norte do Tejo, em Lisboa.  Foto de Luís Graça (25 de abril de 2010).

Vídeo (2' 26''): Alojado em You Tube > Nhabijoes

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Notas do editor:

(*) ÚLtimo poste da série > 24 de setembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10425: Blogpoesia (301): Parassuicídio(s)... (Luís Graça)


(**)  Alberto Caeiro > O Guardador de Rebanhos > 

XX

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Fonte: Alberto Caeiro: Poesia.  Edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith. Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, pp. 53-54.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10426: Passatempos de verão (16): Viva Portugal (Felismina Costa)

1. Em mensagem do dia 21 de Setembro, a nossa amiga Felismina Costa, enviou-nos este poema escrito, "Viva Portugal", acompanhado de um anexo em MP3 com a voz de Fernando Reis Costa a declamá-lo.
Esta mensagem foi difundida pela tertúlia, mas fica aqui acessível a todos os nossos leitores.

Viva Carlos, muito boa-noite! 
A minha intervenção no blogue tem sido curta ultimamente, para não cansar os nossos leitores e amigos. Todos os dias dou um saltinho ao blogue, para ver as notícias, mas não tenho tido iniciativa que ache de interesse para os homens preocupados com a situação actual, do nosso rectângulo formoso e lindo. 

Um amigo, gravou o meu poema "Viva Portugal" e envio a gravação para quem quiser ouvir, ou só para si, Carlos: faça como quiser. 
É a minha forma de manifestar! 

Um abraço fraterno, que estendo a todos os tertulianos e amigos do nosso blogue 
Felismina


Com a devida vénia a Felismina Costa e Fernando Reis Costa
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Nota de CV.

Vd. último poste da série de 22 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10421: Passatempos de verão (15): Os Soldados Desconhecidos; A Chama da Pátria e O Cristo das Trincheiras (José Martins)

sábado, 14 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10153: Blogpoesia (192): Quem somos? (Felismina Costa)

1. Para os inúmeros apreciadores da poesia da nossa amiga Felismina Costa*, aqui deixamos mais trabalho chegado ao Blogue em mensagem do dia 11 de Julho de 2012:
 

QUEM SOMOS?

Somos robots?
Não!
Somos o choro, o riso, a voz
Que enche a casa, a escada, a rua
os transportes, as fábricas,
os escritórios, os campos!
Somos a voz que critica.
A força que edifica.
Somos o corpo curvado
Sobre a pá e o arado
pedindo à terra resposta.
Somos, o atento motorista.
O homem que vai ao leme.
O médico.
O malabarista.
O poeta enlouquecido.
O escritor de romances.
Alfaiates, cartomantes.
Peças soltas, indefinidas!
Somos juízes, dentistas…
Julgamos quem desconhecemos
porque assim o entendemos …
Somos tempo de chegada!
Somos tempo de partida!
Somos múltiplos personagens
num só corpo e numa só voz.
Conservamos, destruímos,
Refazemos, construímos.
Somos o eu, que se identifica sob um nome,
ser andante e petulante
que nada sabe da vida!
Somos seres que se constroem
Sobre manuais que herdamos
Todos os dias da vida!
Somos memórias, ideias
coisas bonitas e feias….
Somos PAZ e somos Guerra!
Somos a ciência viva
que procura sem descanso
a razão por que nasceu…
Que faço aqui? Digo eu!
E tu procuras a resposta
que insipidamente chega.
Que não satisfaz, não chega!
Quero mais!
Quero que tu me convenças.
Que desmistifiques minhas crenças.
Que esclareças minhas dúvidas.
Quero saber porque vim,
porque vivo e estou aqui
À tua espera… e porquê?

Felismina Mealha
Agualva, 19 de Abril de 2012
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9749: Blogpoesia (186): Registo (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10099: Blogpoesia (191): De Lisboa a Luanda, ou o puro azul do desejo (Luís Graça)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9803: Tabanca Grande: oito anos a blogar (10): Mensagens dos nossos tertulianos Fernando Gouveia, Felismina Costa e António Melo

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 24 de Novembro de 2011:

Neste oitavo aniversário do blogue não podia deixar de dizer algo, tanto mais que o blogue foi responsável por mudanças na minha vida, à partida impensáveis.

Recordo mais uma vez o que escrevi na minha primeira comunicação ao Luís Graça, quando há cerca de quatro anos descobri, por mero acaso, o blogue: …”pelo menos já tenho que ler até ao fim da minha vida”.

Se muitos camaradas de armas, dos que andaram mesmo metidos no barulho, têm revisitado com prazer a Guiné, podem imaginar o que foi sentido, em visita semelhante, por quem lá esteve mas numa zona calma “sem tiros” - o meu caso. Recentemente escrevi: “arrepender-me-ia para sempre se lá não tivesse ido”.

Podem facilmente imaginar o prazer e a comoção sentida ao encontrar, passados quarenta anos, pessoas que só lá tinha visto uma única vez e que me reconheceram.

Além de tudo isto o blogue permitiu aumentar o leque de amigos, que nesta fase da vida tem um interesse inquestionável.

Foi o blogue que me levou à Guiné, aos almoços regulares nas várias “tabancas” e que me fez viver momentos inesquecíveis. O blogue foi, por último, o primeiro responsável a levar-me a escrever um livro - o livro da minha vida.

Termino referindo que dou por terminado o processo “Na Kontra Ka Kontra”, tendo atingido o objectivo a que me propus: Contribuir com algo para as crianças da Guiné-Bissau. Assim, foram vendidos 97 livros, dando um lucro de 310 €. Comprei material escolar (lápis c/ borracha e aguça, esferográficas de várias cores e cadernos). Só lápis foram 3468 unidades. Tudo isso foi encaixotado e entregue à “Ajuda Amiga”, bem como 50 € sobrantes, contributo para o envio do contentor para a Guiné-Bissau.

Camaradas, mais uma vez me emocionei quando, uma noite, encaixotava o material escolar para a Guiné-Bissau. Sentimentos que ultimamente só o blogue me fez reviver.

Com abraços.
Fernando Gouveia

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2. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa com data de  22 de Abril de 2012:

Há sensivelmente dois anos, que o adoptei, como o meu “jornal diário”!
Um jornal diferente, mas pleno de informação, sobre um tempo e um acontecimento que marcou a nossa geração!

Um acontecimento, que hoje motiva encontros, onde muitos dos seus intervenientes recordam dias, que os marcaram para sempre.
É um espaço virtual, onde se espraia a expressão das vossas vivências, a todos comuns.

Para mim, ele representa um “manual,” onde encontro informação sobre o conflito, uma tertúlia, onde falo, às vezes mais do que devia, um centro de convívio, onde tenho a certeza, ter feito amigos para a vida.

Quero felicitar mais uma vez o seu criador, “Mestre Luís Graça,” e seus incansáveis co-editores, a saber:
Carlos Vinhal, o homem do leme.
Magalhães Ribeiro
Virgínio Briote

E todo o séquito de colaboradores:
Humberto Reis
Hélder Sousa
Jorge Cabral
José Martins
Torcato Mendonça.

Obrigada pelo sítio, pela amizade nele encontrada e vivida.
Obrigada pelo aumento substancial do meu grupo de amigos, pelo conhecimento adquirido, pelo reviver da Juventude, pese embora o motivo que o origina.

Desejo longa vida ao Blogue, e que seja um veículo que conduza a um estudo aprofundado de causa e efeito.

Parabéns ao Blogue e a todos quantos aqui se encontram!
Obrigada.
Felismina

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3. Mensagem do nosso camarada António Melo (ex-1.º Cabo Rec Inf, BCAÇ 2930, Catió e QG, Bissau, 1972/74), com data de 23 de Abril de 2012: 

Para ti BLOGUE que hoje cumpres o teu aniversário te felicito carinhosamente.
Que cumpras muitos e continues como até agora a dar-nos noticias boas e menos boas mas que nos tenhas informados e que nos avives as mentes pois sabes estamos um pouco passaditos e já nos vai falhando a memória.
Contigo jovem e desperto nós continuaremos relembrando a nossa juventude que passámos naquela terra linda que é a Guiné.

Sem mais, os meus parabéns e um abraço para todos sem excepção
António Melo
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9798: Tabanca Grande: oito anos a blogar (9): Os "nós" e os "laços" do nosso querido Blogue (Manuel Joaquim)