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quinta-feira, 30 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16251: In Memoriam (260): Joaquim [António Pinheiro] Vidal Saraiva (1936-2015), especialista em Cirurgia Geral, ex-alf mil med CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, nov 1969/jun 1970) e HM 241 (Bissau, 1970)... Está sepultado em Valadares, V. N. Gaia. Passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 720, a título póstumo.


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > 1970 > Destacamento de Nhabijões > Assistência médica à população do reordenamento de Nhabijões, maioritariamente de etnia balanta (e com "parentes no mato", tanto a norte do Cuor como ao longo da margem direita do Rio Corubal, nos subsetores do Xime e do Xitole). Como se vê, a consulta médica era muito pouco privada... Além disso, o médico tinha que utilizar os serviços de um intérprete (, que está de pé, ao lado do paciente, que veio diretamente do trabalho, na bolanha). Ao canto superior esquerdo, há um tabuleta em madeira onde se lê: "Por favor não deitar lixo para o chão".

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados . [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Na foto, vemos quatro oficiais, só um dos quais é do Quadro Permanente (o major op inf Herberto Alfredo do Amaral Sampaio); os restantes oficiais são milicianos:

(i) o alf mil cav J. L. Vacas de Carvalho (de calções, sentado), comandante do Pel Rec Daimler 2206 (que tinha chegado ao Sector L1  em jan/fev de 1970, e que é membro do nosso blogue);

(ii) o alf mil médico Joaquim Vidal Saraiva (, chefado à CCS, em novembro de 1969, vindo de Guileje);

e (iii) ainda um outro alf mil, de pé, de camuflado, que era um adjunto do major: foi ele próprio, em comentário, de 19 de junho de 2010, ao poste P6596, quem se apresentou aos nossos leitores:

"Sou eu, João António Leitão Simões Santos, natural do Cartaxo, nascido a 19/07/1948, residente no Cartaxo. Era alf mil na CCS do BCAÇ 2852 e tinha a especialidade de Reconhecimento e Informação. Fui eu que fiz o levantamento topográfico e acompanhei parte da construção dos Nhabijões. Quando da vinda do BCAÇ 2852, para a Metrópole [em 8 junho de 1970], fiquei no BENG 447, na Secção de Reordenamentos, fazendo serviço no BENG 447 e no QG, na Amura, coordenando o envio de materiais de construção para os reordenamentos".


2. O alf mil méd Joaquim Vidal Saraiva foi identificado, nesta foto do Arlindo T. Roda,  por dois camaradas nossos,  o ex-1º cabo cripto Gabriel Gonçalves, da CCAÇ 12 (1969/71) e o ex-alf mil cav, José Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206 (1970/71). O Zé Luis gostava de acompanhar os médicos da CCS porque "queria ir para medicina"... O Zé Luís também identificou o major Sampaio.

O Vidal Saraiva, lembro-me bem dele, eu e o Fernando Sousa, o nosso 1º cabo aux enf:  ficou retido um dia no mato, connosco, CCAÇ 12,  Pel Caç Nat 52 e outros, na Op Tigre Vadio, em março de 1970.

De seu nome completo, Joaquim [António Pinheiro] Vidal Saraiva, nascido em 26 de Junho de 1936, trabalhou. no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE. Terá também trabalhado antes do Hospital de São João, no Porto, segundo o Fernando Sousa, que vive na Trofa e que um dia o viu lá. Fez a licenciatura em medicina e cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, para a qual entrou no ano letivo de 1957/58.

Estava inscrito na Ordem dos Médicos, Secção Regional do Norte,  como especialista em Cirurgia Geral.  Residia em S. Félix da Marinha, Vila Nova de Gaia... Deve-se ter reformado antes dos  70 anos.


Capa do Anuário da Universidade do Porto, ano escolar de 1957/58, donde consta o nome de Joaquim Manuel Pinheiro Vidal Saraiva, como aluno  do 1º ano da licenciatuira de medicina e cirurgia. (Imagem reproduzido com a devida vénia...).

O Fernando Andrade Sousa, da Trofa, deu-me a triste, há umas semanas atrás: o dr. Vidal Saraiva, o nosso médico de Bambadinca,  havia já morrido, no ano passado, em 21/6/2015, fez agora um ano. Está sepultado em Valadares, Vila Nova de Gaia. O Fernando leu a notícia necrológica no JN - Jornal de Notícias,e  guardou o recorte, com a fotografia dele. A última vez que o viu, "já bastante acabado", foi num encontro do pessoal de  Bambadinca, em 2004, em Ferreira do Zêzere.

O nosso camarada não chegou, portanto,  a completar os 80 anos (que faria a 26 de junho de 2016). Com ele morreu também algo de nós que convivemos com ele, seis ous ete meses em Bambadinca...


3. O Zé Luís Vacas de Carvalho, que foi comandante, em Bambadinca, do Pelotão Daimler 2206,  lembra-se bem do Vidal Saraiva:

"Estivémos com ele em 2004, em Ferreira do Zêzere.  Era médico  em Gaia. Lembro-me uma vez que o Piça [, 2º sargento da CCAÇ 12,] entornou um jipe cheio de gaiatos e, como eu queria ir para medicina, estive a ajudá-lo a fazer curativos" (...).

Esta cena, com o Piça, pensava eu que se teria passado em janeiro ou fevereiro de 1971, já no final da nossa comissão, quando já esperávamos os "periquitos"... E andávamos completamente "apanhados pelo clima"... Mas. não, deve ter isdo antes... Felizmente, não morreu nenhum puto, E o Vidal Saraiva foi, mais uma vez, inexcedível, juntamente  com o nosso fur mil enf,  o João Carreiro Martins, da CCAÇ 12. Sim, deve ter sido um ano antes, quando o Vidal Saraiva ainda estava em Bambadinca.

 Não, não podia ter sido em janeiro ou fevereiro de 1971.  O Benjamin Durães não o cita como um dos quatro  médicos do seu tempo, ou seja,  do tempo da CCS/ BART 2917...Lembro-me bem do alf mil médico. Mário Gonçalves Ferreira, que esteve na sede do Batalhão em Bambadinca, de 27 de maio de 1970 a 25 de janeiro de 1971, data em que foi transferido para o HM 241, em Bissau.

Segundo informação do Beja Santos, o Vidal Saraiva terá vindo de Guileje, por volta de outubro ou novembro de 1969, vindo substituir o David Payne, na CCS/BCAÇ 2852. O David Payne Rodrigues Pereira, que já morreu, fez mais tarde a especialidade de  psiquiatra (ou já era especialista em 1968/70, não sei exatamente). Nessa altura quem estava em, Guileje era a CART 2410, " Os Dráculas" (junho 1969/março 1970). A CART 2410, além de Guileje, também esteve em Gadamael e Ganturé,

Pelo menos dois membros da nossa Tabanca Grande pertencerama  esta companhia e é possível que se lembrem do Vidal Saraiva: (i) o fur  mil Luís Guerreiro [da CART 2410, e do Pel Caç Nat 65 (Piche, Buruntuma e Bajocunda], e que vive em Monterreal, Canadá; e (ii) o alf mil  José Barros Rocha, de Penafiel.

Tenho ideia  de que os nossos médicos passavam uns escassos meses nas CCS dos batalhões, sendo solicitados para aqui e para acolá (e nomeadamente para o HM 241, em Bissau), sobretudo os cirurgiões, de que havia muita falta. Foi o caso do Vidal Saraiva que acabou o resto da comissão no HM 241, na  cirurgia, de acordo com o testemunho do seu colega (e  nosso camarada) José  Pardete Ferreira (que esteve no CAOP1, Teixeira Pinto, e no HM 241, Bissau, 1969/71). O J. Pardete Ferreiat esteve no HM 241 com o J. Vidal Saraiva. Não sabemos quando este terminou a sua comissão: talvez já em 1971...

Mas o Vidal Saraiva nem sequer vem na lista dos oficiais médicos que constam da História do BCAÇ 2852...  Deve ter ido para Bissau em meados de 1970,  talvez no início de junho, altura em que o BART 2917 (1970/72) tomou conta do Sector L1, rendendo o BCAÇ 2852 (1968/70). Foi nessa altura que chegou o Mário Gonçalves Ferreira.

Na Op Tigre Vadio (*), a uma das bases do PAIGC na região de Madina / Belel, a norte do Rio Geba, no limite do Sector L1, em março de 1970, o Saraiva veio no helicóptero de reabastecimento com o Beja Santos, depois do ataque às instalações do IN, para prestar assistência médica aos casos mais graves de intoxicação (devido ao ataque de abelhas), de desidratação e de ferimentos por fogo do IN...

Acabou por ficar em terra uma vez o que o helicóptero, danificado (por "fogo amigo", ao que parece, na versão do Beja Santos), já não voltou... Deixou o Beja Santos no Xime e zarpou para Bissau...

O dr. Vidal Saraiva acabou por aguentar, de pé firme, o resto do dia e toda a noite e toda a manhã, acompanhando-nos e socorrendo os mais combalidos, sempre auxiliado pelo valente Fernando Sousa (que estava em todas, um herói da CCAÇ 12!),  na nossa extremamente penosa,  dramática e inesquecível viagem de regresso, até ao aquartelamento do Enxalé.

Um pesadelo, camaradas!... É daquelas situações de guerra que nos fica gravadas, na memória, toda a vida, para sempre!

O nosso camarada Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto da CCAÇ 12, tem também uma grata recordação deste oficial médico:

"O dr. Saraiva, safou-me quando estive muito doente. Por isso é que me lembro bem dele. É um excelente ser humano. Não sei se te lembras, de um filme rodado na enfermaria, de uma operação ao 'corte do freio', efectuada com todos os requisitos! O nosso furriel enfermeiro, o "Bolha-d'água", assistiu o dr. Saraiva nessa operação! Já não me lembro quem era o paciente, mas que foi um sucesso, lá isso foi".

O Jaime Machado e o Beja conheceram-no muito bem ... e os dois têm ainda bem presentes,  na memória,  o desastre que vitimou o Uam Sambu, no dia de ano novo de 1970. Apesar dos primeiros socorros prestados em Bambadinca pelo Vidal Saraivba e a sua equipa. o pobre do  Sambu não sobreviveu (**).



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > 1 de janeiro de 1970 >  Porrmenor dos primeiros socorros que foram prestados ao Uam Sambu antes de ser evacuado. Era médico do batalhão o Vidal Saraiva que se vê na foto,  de óculos escuros, assinalado a amarelo. O Beja Santos está de costas, com o camuflado encharcado de sangue, tendo transportado o Sambu
as costas até ao quartel. À esquerda do Beja Santos, sob a asa da DO 27, com a mão direita à cintura, em pose expectante, está o fur mil enf da CCAÇ 12, o meu amigo João Carreiro Martins, de quem não tenho notícias há uns anos. E do lado direito, em calções e sem camisa estou eu.  Ainda não conseguimos identificar a enfermeira paraquedista, em fernte do dr. Vidal Saraiva. Recorde-se que na manhã de 1/1/1970, à saída da Missão do Sono, em Bambadincazinho, o Uam Sambu, do Pelç Caç Nat 52,  foi vitíma de um grave acidente com arma de fogo que lhe custou a vida. Morreu, na DO 27. a caminho do HM 241.

Foto: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


Convívio do pessoal de Bambadinca (1968/71)> Ferreia do Zêzere > 31/5/2003 > O Fernando Sousa em primeiro plano e por detrás o dr. Vidal Saraiva, com 67 anos.

Foto: © Fernando Sousa (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Vidal Saraiba no reordenamento de Nhabijões (1970).
Foto de Arlindo Roda (2010)
4. Tenho ainda,  também, bem presente, uma história envolveu o nosso Vidal Saraiva: 

Estávamos numa "farra", que metia copos e bailação, na extensão de Bambadinca do Bataclã de Bafatá (, bairro da Rocha,) , e que acabou dramaticamente, às tantas da manhã, com a tentativa de reanimar, no posto médico, no quartel, uma criança, filha de uma das nossas amigas coloridas, acometida de um grave (e fatal) problema de insuficiência cardiorrespiratória...Possivelmente, seria um caso de morte súbita durante o sono...

Ainda não tive arranjar tempo (nem muito menos coragem) para reconstituir este trágico episódio... Precisava que os meus camaradas, presentes nessa noite, me ajudassem a refrescar a memória... Há pormenores a rever. O médico de serviço, esse, lembro-me bem dele, também estava presente, tentando divertir-se: era o alf mil med Joaquim Vidal Saraiva, da CCS/BART 2917, mais velho do que nós, furriéis e alferes milicianos, pelo menos uns 10 anos...

Soleimatu, Ana Maria, Helena...Havia também em Bambadinca, na tabanca de Bambadinca, logo a seguir ao quartel, quando se descia rampa, uma morança que era de uma delas (?) ou era de um azeiteiro qualquer, proxeneta (da tropa ou civil ?)... Já não me recordo. Sei que fazíamos lá farras... Era o Sempre em Festa, o Bataclã de Bambadinca...

Um dia, a filha, pequena, de um delas ( talvez da Soleimatu), adoeceu subitamente, a farra acabou na enfermaria de Bambadinca com o médico, o Saraiva, a tentar salvá-la, com os escassos meios que tínhamos... Foi uma noite de pesadelo, de encarniçamento terapêutico, fizemos tudo que sabíamos e podíamos para a salvar.... Também fui um dos que segurei a miúda que devia ter um ano e tal.... Morreu às cinco da manhã...

Fiquei muito impressionado. Fizemos uma coleta para ajudar a mãe, amiga da Helena, a famosa e dengosa Helena de Bafatá... Talvez fosse a Soleimatu (?).... (O sexo em tempo de guerra, a nossa miséria sexual, o drama destas jovens mulheres, algumas já com filhos!)...

Pois é, camaradas.. Apesar de todos os esforços (e sobretudo do nosso Pastilhas, o fur mil enf João Martins, da CCAÇ 12,  e do dr. Vidal Saraiva), a criança morreu nas nossas mãos, já no posto médico de Bambadinca... Ou já vinha morta, da morança onde a malta dançava...Sei que o baile acabou, com grande consternação de todos e todas...   

Quem é que se lembra deste trágico episódio, no "Bataclã" de Bambadinca, uma improvisada "boite" que ficava na tabanca de Bambadinca, fora portanto do perímetro do arame farpado ? Talvez o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Joaquim Fernandes, o Luciano, o Gabriel Gonçalves, o Zé Luís Vacas de Carvalho... Dançava-se (e bebia-se) ao som de música de gira-disco... Já não me lembro quem era o "empresário da noite", seria seguramente alguém que tinha jeito para o negócio...

Sei que isto se passa nos primeiros meses de 1970, ainda antes do Vidal Saraiva partir para o HM 241... Morreu, de morte súbita durante o sono, uma criança, bebé, talves ainda de meses, filha de uma das nossas "amigas de Bafatá"... Tentámos tudo para a reanimar...

Fazer um baile na tabanca de Bambadinca, sem segurança, perguntarão alguns se não seria temerário... A resposta é não. Todos os nossos 100 soldados africanos, fulas, fidelíssimos, dormiam na tabanca... Mais: eram todos desarranchados e tinham mulheres e filhos em Bambadinca, misturados com gente vária (, incluindo simpatisantes do PAIGC)... Havia 2 grandes tabancas em Bambadinca: Bambadincazinho, a oeste do aquartelamento e posto admnistrativo (com escola, correios, igreja...), e Bambadinca p. d. a leste...




JN -Jornal de Notícias, 21/6/2015. Recorte de imprensa gentilmente enviado pelo nosso amigo e camarada Fernando Sousa



O Vidal Saraiva foi um grande médico e um grande camarada. Em vida, tentei em vão contactá-lo pelo o seu nº de telefone, de casa e da clínica. Onde quer que ele esteja, provavelmente no Olimpo da Medicina, ao lado do seu mestre Hipócrates, mando-lhe um abraço tentacular de saudade, camaradagem e homenagem. O que me diria, se fosse vivo, hoje, aos 80 anos ? Repetir-me-ia o famoso aforismo de Hipócrates, traduzindo 25 séculos de sabedoria: "A vida é curta, a arte é longa, a oportunidade é fugaz, a experiência enganosa, o julgamento difícil.” .

Era muito raro um médico ir para o mato. O mesmo acontecendo com os furriéis enfermeiros... Depois da Op Tigre Vadio, o seu prestígio aumentou aos meus olhos, Por tudo isto, ele merece um lugar de destaque, aqui,  à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande, por sugestão minha e com o apoio do Fernando Sousa, o ex-1º cabo aux enf da CCAÇ 12, membro recente da nossa Tabanca Grande, e que nos triouxe a funesta notícia, a da morte do dr. Vidal Saraiva... E com o apoaio, também, seguramente dos camaradas que, no TO da Guiné, tiveram o privilégio de o conhecer e de com ele conviver.

Vidal Saraiva, presente!.,..Serás, a título póstumo, o nosso grã-tabanqueiro nº 720. (***)  (LG)
 ________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8388: A minha CCAÇ 12 (18): Tugas, poucos, mas loucos...30 de Março-1 de Abril de 1970, a dramática e temerária Op Tigre Vadio (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 29 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14806: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte III: O grave acidente com arma de fogo que vitimou o Uam Sambu, do Pel Caç Nat 52, na manhã de 1/1/1970

(***) Último poste da série > 31 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16150: In Memoriam (259): José Manuel P. Quadrado (1947-2016): mais um bravo do 1º pelotão da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71) que nos deixa, 47 anos depois de desembarcarmos em Bissau; vivia na Moita, foi 1º cabo apontador de dilagrama, e comandante de secçcão: vai simbolicamente repousar sob o poilão da Tabanca Grande... Que a terra da tua Pátria te seja leve, camarada!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15171: O nosso querido mês de férias (9): Fui a Lisboa, a casa, com 6 meses, em outubro de 1969, conhecer a minha filha mais velha que tinha acabado de nascer em setembro (Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 2590/ CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)



Guiné > Bissau> Outubro de 1969> Café Avenida> "Uma mesa cheia de criptos"... Do lado direito, o ex-1º cabo cripto da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuiboel e Ba,badinca, 10659/71), o Gabriel Gonçalves, mais conhecido por GG; do lado esquerdo, o autor da foto, o grã-tabanqueiro Luís Camões, 1º cabo op cripto da CCAÇ 2589 (Mansoa, 1969/71).

Foto: © Luís Camões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Texto do nosso querido amigo e camarada Gabriel Gonçalves (*):

Caros amigos editores da nossa Tabanca Grande:

A propósito da sondagem sobre as férias na metrópole, aí vai uma foto tirada em Bissau, em outubro de 1969, no conhecido Café Avenida, com o título "Uma mesa cheia de criptos".

Esta foto foi-me enviada  pelo nosso camarada e tertuliano Luís Camões, que pertencia à CCAÇ 2589 sediada em Mansoa, onde se encontrava o BCAÇ 2885.

Nesta foto, pode reconher-se, da esquerda para a direita;  

o (i) Camões;

 (ii) o nosso camarada a seguir não nos lembramos do nome, mas pertencia ao batalhão dos velhinhos de Mansoa e era das transmissões; 

(iii) a seguir o Brazão que também era operador cripto da companhia do Camões; 

(iv) depois o Gabriel Leal , op cripto de rendição individual, QG, Bissau;

e, por fim,  (v) eu, em primeiro plano, do lado direito.

Podem  ver, por baixo do meu banco, um saco da TAP [, assinalado na foto, com um retângulo a vernelho].. No dia seguinte [, já não posso precisar o dia em que a foto foi tirada, mas foi em outubro de 1969, quando eu já tinha cerca de seis meses de Guiné,], ia eu apanhar o avião para Lisboa, para ir conhecer a minha filha mais velha que tinha nascido no mês anterior (**).

Um abraço
GG

__________________

Notas do editor:

(*) Sobre o GG, vd. postes de;


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14639: Memória dos lugares (292): Reordenamento e destacamento de Nhabijões (António Mateus, Guifões, Matosinhos; ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Junto a um abrigo em Bambadinca: o  António Mateus (1º  cabo at inf), ao centro; à direita o 1º cabo cripto, Gabriel Gonçalves...

São dois membros da nossa Tabanca Grande e partiram para a Guiné no mesmo dia que eu, no mesmo transporte de tropas, o Niassa, em 24 de maio de 1969... Vai fazer este ano 46 anos... Pertencíamos todos a uma estranha companhia que só levava meia centenas de graduados e especialistas, a CCAÇ 2590, mais tarde CCAÇ 12, formada por praças (uma centena) do recrutamento local...

À esquerda, parece-em ser um 1º cabo condutor auto, de quem me lembro perfeitamente, mas não sei o nome... Recentemente perdi o contacto (telefónico) do Mateus, estou á espera de o recuperar  para pora poder esclarecer este e outros pontos... O emdereço de email do Mateus é do genro, Emanuel...




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Nhabijões  (?) > O 1º  cabo António Mateus, no  espaldão da bazuca 8.9. (Houve diversos acidentes mortais com esta arma, totalmente desadequada para a luta antiguerrilha; para defesa de umn destacamento ou tabanca não era má, operada a partir de uma vala ou espaldão, e à falta de artilharia, sempre podia causar alguns estragos aos assaltantes; pelo menos, fazia barulho...).


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Nhabijões  (?) > O 1º Cabo António Mateus, com um instrumento tradicional balanta, de cordas... O camarada à sua esquerda deveria pertencer à CCS do batalhão que estava em Bambadinca (possivelmente BART 2917, 1970/72).



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Missirá ou Nhabijões (?) > O 1º Cabo António Mateus, à esquerda, com um camarada que não consigo identificar (possivelmente operador de transmissões ou condutor)....



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Missirá ou Nhabijões (?)  > Vendo meljhor a base do monumento, esta foto deve ter sido tirada já no final da comissão do António Matues (1º trimestre de 1971), em Nhabijões... 

Inicialmente pus  a hipótese de ter sido numa altura em que o 3º Gr Comb da CCAÇ 12, (comandando pelo alf mil at inf Abel Rodrigues)  esteve em reforço do Pel Caç Nat 52, em Missirá (, quando este era comandado pel alf mil Beja Santos), mas isso só poderia ter sido  antes do Mateus ter sido ferido, portanto, antes de 7 de setembro de 1969.... 

Na base do monumento, constam os aquartelamentos por onde andou o Pel Caç Nat 52, "Os Gaviões" (cuja divisa era "Matar ou Morrer"): por ordem cronológica, Porto Gole, Enxalé, Missirá, Bambadinca e Nhabijões... Deve ter sido depois do fim da comissão do Beja Santos, no 1º trimestre de 1970, e portanto já em Nhabijões... O Pel Caç Nat 52 esteve em Bambadinca, tendo o Pel Caç Nat 63, do Jorge Cabral, ido guarnecer Missirá.  

Do lado esquerdo estão os nomes dos camaradas do Pel Caç Nat 52 mortos em combate: (i)  1º cabo Pires, soldados  (ii) Abdulai Camará, (iii)  Sadjo Baldé e (iv) Uam Sambú (, morreu na missão do sono, em Bambadincazinho, em 1/1/1970, em resultado de acidente com arma de fogo).

Talvez o Beja Santos e o Jorge Cabral possam dar mais pormenores sobre esta foto.



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Nhabijões  (?)  > O António Mateus o primeiro da direita... Ao centro,  um condutor auto,lembro-me perfietamnete da sua cara bem como do camarada a seu lado...

O reordenamento de Nhabijões (com cerca de 3 centenas de moranças) era o maior ou um dos maiores então em construção no CTIG... Foi um perfeito disparate, um sorvedouro de dinheiro, um elefante branco!... Está por fazer o balanço, no nosso blogue, das experiências de reordenamentos no CTIG.


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento de Nhabijões (?) > O António Mateus, ao centro, com a G3 às costas, junto a um curso de água... (Seria o Rio Undunduma ?).

Fotos: © António Mateus (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



1. Mais fotos do álbum do meu camarada da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969/71), António Mateus, de seu nome completo António Braga Rodrigues Mateus. As fotos vieram  sem legenda. 


Nasceu em 18 de novembro de 1947. É casado com a Laura, tem uma filha. E fez-nos chegar, através do email do seu genro, Emanuel Azevedo (mais conhecido por Tito), as fotos da praxe, bem como mais aklgumas que já publicamos

O António Mateus foi gravemente ferido na Op Pato Rufia, em 7 de setembro de 1969, e evacuado para o HM 241. No meu caso, foi o meu batismo de fogo... . Eu estava a escassos metros dele. 

Depois de ter estado emigrado em França. fixou-se em Guifões, Matosinhos onde é vizinho do Albano Costa, e tem hoje o seu negócio próprio

Depois de regressar do hospital, em data que já não posso precisar (talvez finais de 1969, princípios de 1970), o António Mateus foi integrado na força que defendia o destacamento do reordenamento de Nhabijões, composto por militares (em geral, com algum "handicap" físico, resultante de ferimentos em combate ou acidente) da CCAÇ 12, da CCS do BCAÇ 2852 (e depois do BART 2917) e outros (como o Pel Caç Nat 52). Creio que ficou lá o resto da comissão. Também eu passei por lá, pro Nhabijões... (LG)

PS - O pessoal de Bambadinca deste tempo (1968/71) vai reunir-se, em mais um convívio anual, na Trofa, no dia 30 de maio de 2015.

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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14613: Memória dos lugares (291): Bissau, Bambadinca e Farim, em 2011 (José Maria Sousa Ferreira, ex-viola solo do conjunto musical "Os Bambas d'Incas", Bambadinca, 1968/70)

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13239: Artistas de variedades no mato (2): Em Bambadinca, no meu tempo, trabalhava-se com a prata da casa... Mas também me lembro de um espetáculo com profissionais: Tino Costa, Fernando Correia... (Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente maio de 1969 > Foto (nº 212) do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).

O meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970,) já não pode precisar em que data é que foi tirado este "slide" (e outros do mesmo evento). Mas lembra-se muito bem da visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas que veio animar a malta da CCS do batalhão e subunidades adidas (Pel Rec Daimler 2046, Pel Mort 2106, Pel Caç Nat 63 - que em maio vai para Fá, sendo rendido pelo Pel Caç Nat 53) . Se foi nesta data, a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 ainda estava para chegar...
.
O conjunto musical (foto. nº 212) era formado por 5 elementos, tudo ou quase tudo cabos, havendo 1 cantor, 3 guitarras elétricas e 1 baterista (pormenor curioso: arranjou um cunhete de munições para pôr em cima da cadeira e "fazer altura"). (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria integrar este conjunto musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917).

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editada e legendada por L.G.)


1. Mensagem do Gabriel Gonçalves [, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71], com data de ontem,

 Luis:

Espero que já estejas totalmente restabelecido da cirurgia.

Quanto à questão que pões (*), lembro-me que no tempo do BCAÇ 2852 (1968/70), os espectáculos eram feitos com a prata da casa, pois formou-se um conjunto musical, do qual eu fazia parte, ( tenho que ir procurar algumas fotos que testemunham isso).

No tempo do BART 2917 (1970/72), houve um espectáculo onde participaram, além de mim, outros camaradas da  CCAÇ 12, acompanhados ao acordeon pelo Tavares [, 1º cabo escriturário].

Também houve um espectáculo, esse sim com profissionais, dos quais o acordeonista Tino Costa, uma cantora (de que não me lembro o nome) e o Fernando Correia, este lembro-me, dado ter interpretado uma canção da qual nunca me esqueci:  Canção do Moliceiro  [, disponível no You Tube / João Santos, em áudio] (**) : 

Grande abraço

GG

2. Comentário de LG:

Obrigado, GG, grande companheiro das noitadas de Bambadinca, e meu camarada da CCAÇ 12. Obrigado pelas tuas recordações. Nessa altura, tu tocavas violas e canatavas muito bem, nomeadamente músicas com letras parodiadas...

 Chamavam-te (descobri há tempos num texto do Luís Nascimento, o cripto da CCAÇ2533)  o "bambibo de oro"... Com toda a justiça.. Para nós, eras o GG, o Arcanjo Gabriel...

Do nosso 1º cabo escriturário Tavares [, foto à esquerda, do Humberto Reis, em Nhabijõies, c. 1970,] e do seu acordeão lembro-me muito bem! O nosos 1º cabo escriturário Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares!... (O que será feito dele ? Disse-me alguém tê-lo encontrado,há uns anos, a trabalhar no Porto).

Havia mais malta que tocava viola, na nossa CCAÇ 12...

Mas eu agora queria era chamar-te a atenção para foto que republico acima (***)...Há dúvidas sobre a data. Em princípio, teria sido tirada em maio de 1979, aquando de um visita das senhoras do Movimento Nacional Feminino a Bambadinca, acompanhadas do conjunto musical das Forças Armadas.  Será mesmo malta desse conjunto ou será malta da CCS/BCAÇ 2852 ? Inclino-me mais para a 1º hipótese...  Se a foto de maio de 1969, ainda não é do nosso tempo, já que fomos para Bambadinca só em 18/7/1969.

3. Mensagem posterior do Gabriel Gonçalves, em comentário ao poste e em resposta ao pedido pelo editor:

Essa foto é de 1969 [, 1º semestre,] e o conjunto musical é constituído por elementos de Bambadinca, da CCS/BCAÇ 2852 ( nós, CCAÇ 12, ainda não estávamos lá). O baterista que está sentado no cunhete, é o Serafim, condutor auto [ 1º cabo condutor auto Serafim Gragelo de Jesus]; o vocalista é o Tony, telegrafista [1º cabo radiolegrafista António N. Sousa]; quanto aos outros não me lembro dos nomes, mas são todos do BCAÇ 2852. ____________

Notas do editor

(*) Vd., primeiro poste da série > 4 dce junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13235: Artistas de variedades no mato (1): Rui Mascarenhas... em Bafatá, anunciado para o dia 27/2/1973... Ou uma história com moral: voluntário na tropa nem para comer... (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

Vd. também os seguintes postes_

Meia-noite ria abaixo,
Lá vai lesto o moliceiro,
Vai retratando nas águas
As saudades do barqueiro.

Nas noites em que há luar.
Quando passas. moliceiro,
És das coisas mais bonitas
Que tem a ria de Aveiro.

Ai, ai, ai, lindo moliceiro,
Deixa-me ir contigo à ria de Aveiro.
À ria d'Aveiro, à ria sem par,
Lindo moliceiro que andas a vogar.
Que andas a vogar na ria d'Aveiro,
Deixa-me ir contigo, lindo moliceiro.


(***) Vd. poste de 23 de janeiro de  2013 > Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12310: Memória dos lugares (253): Aquartelamento de Bambadinca, c. 1970 (Fotos de Humberto Reis, CCAÇ 12, 1969/71) (Parte I)


Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 6


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Espectacular vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca (vd. mapa da região)... A foto original, com resolução superior a 2,3 MB, decomposta em vários quadrantes (fotos parcelares de 1 a 5), permitindo um maior detalhe do aquartelamento. Aceitam-se melhorias e correções.

Legenda:

(1) Do lado esquerdo da imagem, para oeste, era a pista de aviação (1) e o cruzamento das estradas para Nhabijões (a oeste), o Xime (a sudoeste) e Mansambo e Xitole (a sudeste);

(2) Uma nesga da placa, em cimento,  heliporto;

(3) O campo de futebol (3),  entre o arame farpado (24) e pista de aviação; 

(4) A CCAÇ 12 começou também a construir um campo de futebol de salão (4), com cimento literalmente roubado à engenharia nas colunas logísticas para o Xitole; 

(5/6/7/8/9/10) Conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão  [, no nosso tempo apanhámos dois, o BCAÇ 2852, 1968/70, e o BART 2917, 1970/72] (5) e as instalações (dormitóriso) de oficiais (6) e sargentos (8), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9); apesar segregação sócio-espacial que vigorava então, não só na sede dos batalhões, como em muitas unidades de quadrícula, uns e outros, oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (10); do lado direito do bar e messe de sargentos, vê-se uma fiada de bidões cheios de areia, que serviam de protecção para a saída para as valas (22);

(22/24/27) Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá; o aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste) que lhe dava uma aparência de fortaleza inexpugnável, vista do lado da bolanha (ou, seja, de leste para oeste); são visíveis as valas de protecção (22), abertas (... também pela CCAÇ 12, companhia de intervenção duramente explorada pelo comando dos dois batalhões...)  ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24); a luz eléctrica era produzida por gerador que deve estar algures por aí,  nas imagens, perto da antena de transmissões (27);

(23/25/26) Junto ao arame farpado, ficavam vários abrigos (26), o espaldão de morteiro (23), o espaldão da metralhadora pesada Browning, 12.7 (25)... (Em 1969/71, na altura em que lá estivemos, ainda não havia artilharia (obuses  14).

(3/11/12) A caserna (ou uma das casernas) das praças da CCS (11) ficava  junto ao campo de futebol (3);   o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler deveria ficar instalado no edifício (12), que se situava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U. 

(13/14/28) Mais à direita, situava-se a capela (13) e a secretaria da CCAÇ 12 (14);  por detrás ficava o refeitório das praças (28);

(15/16/17) Em frente havia um complexo de edifícios de que é possível identificar o depósito de engenharia (15) e as oficinas auto (16); à esquerda da secretaria, eram as oficinas de rádio (17).

(18/19/20)   Uma arruamenmto ao meio (no sentido sul-norte)  dividia o aquartelamento em duas partes (oeste e leste);  tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais da unidades e subunidades que  haviam  passado por Bambadinca (18), a escola primária antiga (incluindo a casa da senhora professora, Dona Violete, que era caboverdiana) (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga) (21).

(29, fora da foto) ainda mais para esquerda, o edifício dos correios, a casa do administrador de posto, e outras instalações que chegaram a ser utilizadas por camaradas nossos que trouxeram as esposas para Bambadinca (foi o caso, por exemplo, do alf mil op esp Carlão, nosso camarada da CCAÇ 12).

Esta reconstituição feita, de memória, apoiada em documentação fotográfica, nomeadamente por Humberto Reis, Luís Graça, Gabriel Gonçalves e Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), bem como por outros camaradas do nosso tempo (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, 1970/72; José Carlos Lopes, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70; Mário Beja Santos, Pel Caç Nat 52; Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63, 1969/71... e ainda  com base noutros elementos informativos publicados no blogue.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), a quem mando, da ilha de Luanda, um abraço fraterno, bem como aos meus queridos coeditores que vão aguentar o barco esta semana. Vim no mesmo avião da TAP com o António Duarte, economista, formador bancário, que esteve na CCAÇ 12, em Bambadinca,  depois de mim, em 1973/74. Falámos um bom  e agradaável bocado no aeroporto. Por cá, tudo calmo.  (LG). 

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

domingo, 27 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12207: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte V): A caminho das férias na Metrópole, em meados de 1970



Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Viagem de avioneta civil, até Bissau, para gozo de licença de férias na Metrópole. O Luís Nascimento  é o segundo a contar da esquerda (. É o mais alto do grupo, com 1 metro e 86, segundo o seu BI militar)... Não se consegue distinguir o logo do saco de viagem: se era o logo da TAP - Transportes Aéreos Portugueses, se era o da TAG - Transportes Aéreos da Guiné (voos internos). Inclino-me mais para esta segunda hipótese.

Recorde-se que a 2 de Setembro de 1965 foi criado o serviço autónomo Transportes Aéreos da Guiné (TAG), visando a exploração dos transportes aéreos de passageiros, carga e correio naquela província ultramarina. Na realidade foi a criação da primeira companhia aérea da Guiné. O seu nome será posteriormente alterado para Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa (TAGP).


Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Foto s/d, s/l... Presume-se que  seja junto à secretaria, em Canjambari, no dia da partida para Bissau, no início das férias... A legenda diz: "À espera do passaporte, de ida e volta".


Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > Avenida Marginal, Cais do Pijiguiti > Fazendo horas... O Luís Nascimento é o terceiro a contar da esquerda para a direita.



Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > O Luís Nascimento à entrada do célebre Pelicano (1)... Este estabelecimento era o mais moderno restaurante, cervejaria e esplanada de Bissau, naquela época. Tinha as melhores ostras de Bissau... O Luís Nascimento veste já à moda... Digam-me lá onde se compravam estas camisas todas "hippies" ?

Chegavam rapidamente, à Europa,  do outro lado do mundo,  da costa californiana,  nos EUA,  novos padrões estéticos, éticos, musicais e culturais... A canção "San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)", composta por John Phillips do grupo "The Mamas & The Papas", e interpretada por Scott McKenzie, é lançada em São Francisco na primavera de 1967,  quando a América estava atolada na guerra do Vietname...  [ Ver e ouvir aqui um vídeo, no You Tube, já com c. de 13 milhões de visualizações.... O "San Francisco", interpretado pelo próprio Scott McKenzie (1939-2012), no festival pop de Monterey. Ao que parece, esta canção tornou-se um ícone, durante a primavera de Praga, na antiga Checoslováquia, em 1968. Também se cantava, na Guiné, no meu tempo, nas longas noites de insónia, no mato, em Bambadinca, "longe do Vietname"... Lembras-te, GG ?].


Guiné > Bissau > c. meados de 1970 > O Luís Nascimento à entrada do célebre Pelicano (2).


Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > Em Bissau, e depois em casa, na Metrópole, esquecia-se, durante um mês, a dura e obscura vida no mato... Dura e obscura mesmo para um 1º cabo cripto, que mal podia ser sair do quartel e não era operacional... Na foto, o Luís Nascimento na "esplanada (sic) do centro cripto"...


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição / Legendagem complementar: L.G.]

1. Continuação da publicação de uma seleção e fotos do álbum
o nosso camarada, Luis Nascimento, o ex-1º cabo operador cripto Nascimento (também conhecido, na tropa por Assassã, do francês "assassin", assassino, alcunha que ganhou no tempo em que era... júnior do Académico de Viseu) [, foto atual à esquerda].

O nosso grã-tabanqueiro Luís Nascimento pertenceu à CCaç 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71). As fotos foram-nos enviadas pela sua neta, Jessica Nascimento em 1/10/2013.
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12164: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte IV): Tempo(s) de lazer(es)... "Chorei, sofri, lutei mas venci"...