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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11536: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (42): Respostas (nº 84/85/86): Mário Serra de Oliveira (ex-1º cabo escrit, BA 12, Bissalanca, 1967/68), Luís Borrega (ex-fur mil cav, CCAV 2749, Piche, 1970/72), Adriano Moreira (ex-fur mil enf, CART 2412, Bigene, Guidaje e Barro, 1968/70)

Resposta nº 84 > Mário [Serra] de Oliveira [, ex-1º cabo escriturário, BA 12, Bissalanca, Bissau, 1967/68, a viv er hoje nos EUA]

(1) Quando é que descobriste o blogue? 

R - Francamente, não posso precisar... mas foi há mais de 5 anos. 

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

R - Creio que foi através do FB ou, então, através da página de Carlos Silva-Guiné 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando? 

R - Não poderia classificar porque desconheço os requisitos. Creio que não sou... porque não fiz aplicação alguma. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

R - Neste aspecto, sempre que vejo algo relacionado com o blogue, não resisto em saber do que se trata. Aqui, há que ter em conta que a GUINÉ está atravessada em mim, como uma seta. Já aqui fiz constar muitas razões mas, duas delas, foi o facto de lá ter nascido a minha única filha -1970 e, a outra, por ter sido o local onde passei os melhores dias da minha vida. Honestamente falando – e não é a romancear – com 30 e picos anos de EUA, ainda está para vir o 1º dia que tivesse sido mais bem passado do que qualquer dos dias dos 14 anos e tal que lá passei, mesmo aqueles onde as dificuldades causadas por alguns“elementos” oportunistas (depois da independência) mexerem com os meus nervos e os meus princípios. 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 

R - Tenho mandado alguns comentários e continuarei a mandar sempre que notar algum comentário “que refira algo “do meu conhecimento e que me aperceba da necessitado de alguma correcção factual. Ainda há dias fiz, sobre uma mensagem antiga onde vários camaradas referiam-se ao NINHO DE CAMARÃO, petisco da minha autoria. 

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

R - Ainda não me dediquei bem à pagina. Um dia destes vou ver. 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 

R - Neste caso específico, vou mais ao blogue porque no FB – na página comum – as mensagens desaparecem logo com a chegada de outras. Francamente considero o Blogue mais apropriado para troca de comentários e mensagens diversas. reservar o FB para “Flash-mensagens” com referência ao blogue, será quanto a mim mais valia, porque não satura o FB. 

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

R - O blogue em si, gosto pela oportunidade que dá a todos de expressarem os seus pontos de vista, alguns deles bem pessoais…mantendo no entanto uma certa privacidade, somente no seio da família tertuliana. No FB, tudo é mais exposto . Refiro-me á página do FB geral e não á pessoal. 

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

R - Não encontro pontos fracos no blogue. No FB? Não sei, além do que já referi. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

R - Não me apercebi muito neste aspecto. Talvez porque o meu LT também “sofre dessa doença” e, se calhar, uniram as mãos para me iludir e não culpar o blogue. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

R - É um meio revitalizante para mim, pelo menos nos momentos de nostalgia ou mais apreensivos. Lendo o blogue, revendo passagens comuns, nos locais comuns de milhares dos nossos. Por vezes, quando vejo alguma foto, é como um “tónico” que me invade revivendo aqueles tempos. Um formigueiro sobe por pelo meu corpo acima, sem que eu possa controlar. É que, por desgraça, na ocasião eu não tinha tempo para tirar fotos e, como tal poucas tenho. No entanto, procuro um vídeo de uma cadeia de televisão Nórdica que filmou dentro do meu restaurante “O NINHO DE SANTA LUZIA” logo a seguir ao 25 de Abril. Ainda hei-de ver se apanho aquela gravação. O governo português teve que autorizar a visita á Guiné, daquela equipa de televisão. creio que foi em Agosto de 74. Talvez alguns dos camaradas saibam do que estou a falar e dêem uma dica. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

R - Não, pelas circunstâncias de me encontrar fora de Portugal Fisicamente, claro porque de espírito "até a dormir la me encontro". 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real? 

R - Não, pelas circunstâncias referidas antes. 

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 

R - Porque não? Forçosamente tem que haver muitos dos nossos camaradas que nem sequer se aperceberam da sua existência, por não lhes chegar aos ouvidos, ou seja pelo que seja. Caramba…passaram pela Guiné milhares e milhares de militares. Não foram só Oficiais, Sargentos e Furriéis. Soldados e cabos – ao fim e ao cabo a maioria - que, se na ocasião tinham uma posição modesta, pelas circunstâncias da vida, acredito que hoje haverá muitos desses, numa posição social com acesso a computadores. Aqui, creio que uma campanha de “recrutamento e passa-a-palavra”numa dinamização e divulgação de oportunidade, para muitos poderem “sair cá par a fora”... creio que, talvez se venha a confirmar uma “mina” de ouro em dados históricos, com novos relatos de toda índole. De facto, ainda há dias, numa conversa com o filho de um ex-combatente na Guiné, lhe falei no assunto. Diz o filho que o pai não tem conhecimento. Dei-lhe as coordenadas do blogue e, o próprio filho me garantiu que tinha fotos e relatos do pai, que iria tentar colocar no blogue. Já o encontrei e disse ter gostado muito 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 

R - Talvez se nos uníssemos todos para angariar fundos, na intenção de se reconstruir o Pelicano que, segundo consta, está em ruínas. A minha ideia seria pedir ao camarada Luís Graça que aceitasse “explorar” o potencial do blogue, adicionado publicidade “paga”. Seria uma receita garantida, inesgotável que daria para muita coisa. Adsense e não só, seria uma opção. Adsense paga por “cliques” (?) segundo me parece… mas há outras formas de publicidade directa. 

Abraço a todos e...´força para dar continuidade. 

PS - Apesar de ter criado o meu próprio blogue, qualquer história nova tentarei publicá-la aqui primeiro ou em simultâneo. As audiências não são as mesmas.  Tenho, por exemplo, em composição, o impacto que "BATATAS PODRES" COM PERNAS, (oportunistas) tiveram na minha vida comercial e emocional, depois da independência. No meu livro, só menciono a existência de tais "energúmenos" mas não descrevo tudo o que se passou. 

********************
Resposta nº 85 > Luís Borrega  [, ex-fur mil cav e MA,  CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72]

1- Finais de 2008. 

2 - No dia 27/11/2008 fui ter com o nosso Camarada Beja Santos, para lhe adquirir o 1º Volume do seu " Diário da Guiné", e ele falou-me no Blogue. No Natal desse ano, adquiri um PC Portátil, para assim ter acesso ao Blogue. 

3 - Sou membro desde 2009 (o número não sei). Fui o leitor "um Milhão" do Blogue. 

4 - Várias vezes ao dia. 

5 - Já mandei algumas "coisitas", mas ainda não consigo abrir muito bem o "Armário dos Esqueletos"... 

6 - Conheço, mas não frequento. 

7 - Ao Blogue. 

8 - Gosto praticamente de tudo o que diga respeito à vida militar e tudo aquilo que cada um de nós passou na Guiné. 

9 - .... 

10 - O ano passado tive bastantes dificuldades de acesso. Foram tantas que contactei o nosso Camarigo Carlos Vinhal, que me disse que tinha havido uma mudança na apresentação do Blogue, o que poderia causar dificuldades de acesso. Hoje não tenho problemas. 

11 - Representa acima de tudo conhecer todas as agruras que todos nós, uns mais, outros menos, passámos na Guiné. 

12 - Com muita pena minha, nunca. 

13 - Gostava de ir, mas possivelmente ainda não será este ano. 

14 - O Blogue tem todas as condições para continuar e aglutinar todos aqueles que cumpriram a sua Comissão Militar naquela " Terra Vermelha" onde sofremos na pele " Sangue, Suor e Lágrimas"... 

15 - De momento não me ocorre nada para sugestionar. Mantenhas 


Resposta nº 86 > Adriano Moreira 
[, mais conhecido por Admor, ex-fur mil enf, CART 2412, Bigene, Guidaje e Barro, 1968/70]

(1) Descobri o blogue Em finais de 2009.

(2) Através do meu camarada da Cart 2412 e presidente do Bando do Café Progresso - J. Teixeira.

(3) Sim, sou o tabanqueiro nº. 560, registado desde 30/5/2012.

(4) Estando em casa normalmente vejo o blogue pelo menos duas vezes por dia.

(5) Como não tenho grandes aptidões informáticas nem disponho de boas ferramentas de trabalho para esse efeito, limito-me mais a andar pelos comentários, quando acho que os devo fazer.

(6) Não, não utilizo o Facebook.

(7) Só vou ao Blogue.

(8) Gosto mais das histórias que os nossos camaradas publicam que me parecem iguais ou muito idênticas as que eu vivi na minha Cart. 2412, exceptuando o Maio quente de 1973 em Guidaje e daí para a frente.

(9) O que gosto menos do Blogue é quando aparecem certos radicalismos nos comentadores que por vezes nem se percebem muito bem.

(10) Tenho um atraso de cerca de dois minutos para vencer todas as vezes que entro ou mudo para os comentários e regresso à página inicial.

(11) O blogue representa uma irmandade muito grande. Mesmo sem nos conhecermos pessoalmente (a grande maioria) há uma amizade, uma afinidade, enfim a Guiné ligou-nos para sempre.

(12) Não [, nunca participei nos Encontros Nacionais da Tabanca Grande]

(13) Este ano, não, ainda não vai ser possível.

(14) [Se o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... 
para continuar ?} Então, porque não? Vocês até são mais novos e tudo, ainda estão cheios de força e de sabedoria e nós vamos dando uma ajudinha para vocês terem cada vez mais trabalho.

(15) Críticas, não tenho. Sugestões, ainda menos. Comentários, bem isso já é mais a minha especialidade. Quero agradecer ao Luís Graça ao Carlos Vinhal e ao Magalhães Rodrigues a todos os tabanqueiros, principalmente áqueles que mais deitaram e continuam a deitar lenha para esta fogueira para que este fogo não se extinga.Um grande abraço para todos.
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11524: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (41): Respostas (nº 81/82/83): Cândido Morais, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679 (Bajocunda, 1970/71); Manuel Luís Nogueira de Sousa, ex-Fur Mil do BART 6520/73 (Bolama, Cadique e Jemberém, 1974) e Aires Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1686/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/69)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11511: No 25 de abril de 1974 eu estava em... (18): Canquelifá, Pirada, Bissau, Gadamael (Carlos Costa, Carlos Ferreira, Mário Serra Oliveira, C. Martins)



Guiné > Bissau > c. 25 de abril de 1974 > As primeiras manifestações da população local: Abaixo a DGS... Viva o Spínola... Fotos do álbum J. Casimiro Carvalho.

Fotos: © J. Casimiro Carvalho (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


 A. Comentários ao poste P11470 (*), de 4 leitores (e camaradas nossos):

(i) Carlos Costa, ex-fur mil BCAÇ 4516  

Nesse dia estava eu em Canquelifá, a notícia foi recebida com natural surpresa e curiosidade de saber o que na verdade se estaria a passar. Escutavamos a rádio avidos de saber notícias. 

No dia seguinte o capitão chamou,  a uma reunião, sargentos e oficiais, comunicando-nos que tinha duas mensagens para nos transmitir, um seria dada a conhecer naquele momento e a outra passadas 24 horas. Assim a mensagem lida de imediato anunciava que estaria iminente mais um ataque do PAIGC. 

Passaram-se as 24 horas, debaixo de uma enorme tensão, à espera do primeiro "bum" que não chegou a acontecer. Foi então lida a 2ª mensagem que revelava ter havido os primeiros contactos do MFA com os movimentos de libertação das colónias, tendo sido acordado que as escaramuças seriam evitadas: não haveria mais ataques e, se encontros houvesse no mato, haveria apenas alguns tiros para o ar, sinalizando a presença, seguindo cada força em sentidos opostos. 

Os dias que se seguiram foram calmos,  com uma excepção,  com os paraquedistas em segurança de uma coluna,  um deles pisou uma mina, perdeu a vida. 

Como eu era do batalhão de intervenção da Guiné 4516, passado algum tempo regressámos a Bissau e,  até Setembro, mês do regresso à metrópole,  fizemos segurança à cidade.

(ii) Carlos Ferreira, ex-fur mil at cav,  3ª CCav/BCav 8323

Um dia inesquecível, para mim. Estava em Pirada, em uniforme nº. 2, pronto para embarcar numa aeronave, com destino a Bissau, via Lisboa, para gozar as minhas férias disciplinares. Nesse interim, fomos atacados pelo IN, com um potencial de fogo muito superior ao do ataque que tivemos em Março.

Saltei para a vala mais próxima e aguardei que acabasse a flagelação. Não houve vítimas militares, mas pereceram, creio que 8 senegaleses, que se encontravm ao balcão, de uma loja, de um comerciante local.

(iii) Mário [Serra] de  Oliveira [, ex-1.º Cabo Escriturário, BA12, Bissalanca, Bissau, 1967/68; empresário, vive atualmente nos EUA]

Preados camaradas:

Primeiro, refiro-me á mensagem do camarada Cerqueira (*), por mencionar Bissorã onde, se não estou em erro de nome, um amigo meu de apelidos Lavinas, tinha um café, cervejaria e restaurante. Lá dormi num fim-de-semana bem passado, já depois da independência.

No dia 24 de Abril, corria o "ram-ram" do dia-a-dia, comigo na cidade de Bissau às compras para o meu restaurante "O Ninho de Santa Luzia", localizado na estrada do QG.

No dia 31 de Março tinha feito as escrituras por trespasse (400 contos) na aquisição daquilo que foi inicialmente "A Meta" mas que, na ocasião, se chamava "A Tabanca", junto ao campo de futebol.

O local andava em remodelação, na intenção de abrir no 1º de Maio [de 1974].

Assim, eu ali na cidade, .tendo deixado a minha R4L estacionada junto ao café Bento, em frente da Casa Gouveia", oiço um alarido enorme vindo do lado do Grande Hotell, na estrada que segue para o QG. Olhei e vejo uma enorme multidão de africanos expressando toda a espécie de contentamento e fazendo alguns desacatos (especialmente nalguns carros por ali estacionados),  com gestos e algazarra diversa.

Ora, estando a minha famila para além da multidão, eu não sabia o que se tinha passado até ali, uma vez que o Ninho ficava na rectaguarda da multidão, na direcção do QG. Agarrei, meto-me no carro, entro na avenida e sigo direito ao Palácio. Faço uma direita, logo uma esquerda em direcção ao Ninho.

Chego, dei ordens para não se abrir...(seriam umas 11:30). Ali fui confrontado com uma situação de uma familia,  ainda meus parentes em 3º grau, cujo marido era radiotelegrafista da DGS. A mulher ali a choramingar, porque o marido (meu 3º primo) tinha saído para ir à DGS, passando antes pelo Dr. de crianças. Creio que foi o que lhe valeu porque, horas mais tarde,  a tropa ocupou aquilo, dando ordens a que todos os agentes se entregassem na Amura.

Já contei antes, noutra mensagem, que dali fui ao consultório do Dr. à procura de pai e filho, para acalmar a mulher e mãe. Encontrei-os e trocamos de carro porque o dele era conhecido como sendo da DGS e o meu não. A ideia seria...se atacassem o carro pensando que ia lá dentro um da DGS, eu mostrava a cabeça dizendo que era eu.

Porquê? Não era porque não tivesse medo mas sim porque eu tinha "boa reputação" entre o pessoal local. Ao mesmo tempo, com o meu primo na minha carrinha, confiei - e saiu certo - que não iriam atacar uma "coisa" minha, pela reputação do dono. 

Entretanto, eu tinha as chaves de um armazem que antes tinha sido a "fábrica das malas" na Estrada de Antula, junto ao Ninho, saindo da estrada de Sta Luzia, junto ao QG.

Ali escondi o carro do meu primo a quem dei guarida até o convencermos a entregar-se na Amura. Ele não queria mas lá foi. Depois foi com todos os outros para o Cumuré.

Entrentanto, vou à Tabanca e digo ao pessoal que "nem mais um prego" espetam até se ver como vão ficar "as coisas". Dali em diante..."turbulência" enorme e decisões nem sempre as mais acertadas. E por ali fiquei até 1981. 

Só abri a Tabanca creio que em Novembro de 1974, tal com tinha ficado no dia 25 de Abril de 1974. O 1º jantar foi um calote do Governo que demorou a pagar tanto como um bebé a nascer - não prematuro, mas com dias de atraso. Recordo que foram ter comigo ao Ninho para que abrisse "aquilo" para receber a 1ª delegação estrangeira à Guiné depois da Independência. Era da Argélia. Na ocasião, era o único local com ar condicionado, porque o resto ainda não estava nada a funcionar com deve ser. Só eu é que tinha algo operacional, excepto o Grande Hotel. O Pelicano não tinha ar condicionado que eu saiba. Ventoinhas, sim. Enfim, uma longa história já contada em parte.

Hei-de tentar arranjar as memórias para publicar no bloge "http://pidjiguiti.blogspot.com

Abraço a todos e Viva o 25 de Abril.

(iv) C. Martins [,ex-cmdt Pel Art 23, Gadamael, 1972/74]

Bem,eu estava em Gadamael,e após fazer a minha ronda higiénica,  liguei o rádio em onda curta e percorri as ondas do "éter"..."rádio Habana, Cuba, território libre in America", nada; "rádio Moscovo", nada; "Deutchsvella", nada: "rádio Globo", nada.."BBC.. golpe militar em Portugal, general Spinola, coiso e tal"... O  quê ?... Porra,.finalmente!...

Contactei o Sr. comandante H.Patrício, dizendo-lhe que estava a decorrer um golpe militar,e este pergunta se era o nosso General Spínola que estava à frente... E eu..claro que é.. (eram 7 da manhã e eu não fazia a mais pequena ideia)... Ah, sendo assim eu alinho...BOA.

Não houve a flagelação da ordem, já não saiu uma companhia para o mato  e o resto continuou tudo como dantes... Apenas troca intensa de mensagens com Bissau, que pouco ou nada sabiam,ou não queriam dizer.

Foi assim o meu 25A.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11428: Blogues da nossa blogosfera (63): Blogue da Lusofonia, uma página em português nos Estados Unidos da América (Mário Serra de Oliveira)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Serra de Oliveira (ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68), com data e 9 de Abril de 2013:

Amigo Carlos!
Primeiro que tudo quero felicitar-te pelo bom trabalho em prol dos teus camaradas.
Será que a medalha que mencionas, alcança o pessoal do FAP?
Obrigado e continua.

PS - Não sei se sabes que sou colaborador do jornal Lusoamricano de Nova Jersey e, como nem sempre é possível ao mesmo, publicar tudo - especialmente fotos - criei o "BLOGUE DA LUSOFONIA" - em: http://lusolink.blogspot.com, onde publico várias mensagens de interesse geral.

Também incluo links de outros blogues, entre os quais "Rumo a Fulacunda" e "Luís Graça & Camaradas da Guiné, para dar a conhecer a muita gente que serviu lá na Guiné.

Se não fosse contra as regras, agradecia a sua divulgação.

Boa sorte
Mário de Oliveira


2. Comentário do editor:

Caro Mário Serra de Oliveira,
Então não havíamos de falar dos teus blogues e da tua colaboração do Jornal Lusoamericano?
É com enrome gosto que o fazemos pois é um orgulho termos portugueses espalhados pelo mundo que não se remetem ao anonimato.

Deste-me agora a conhecer o teu novo projecto, o teu outro blogue, o Pidjuguiti - O Começo do Fim, ondes falas dos acontecimentos de 1959 e publicas também recordações do teu "Pelicano". Fica aqui então esta referência ao teu novo blogue, a visitar.


Tu és uma pessoa muito especial que lutou pela vida na Guiné, antes e depois da independência, onde deixaste muitos amigos. Mudaste para os EUA para melhorares o teu nível de vida e viver em paz. Mas esse país tem, de longe a longe, alguns sobressaltos, como foi o caso de ontem. O terrorismo não tem fronteiras, e o suposto pais mais poderoso do mundo não lhe é imune, antes pelo contrário, é dos mais atingidos.

Acho que vem a propósito falar aqui e agora do livro que lançaste em finais de 2012, "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser", cujo título pode sugerir um livro de humor, mas que é, na verdade, o meio que arranjaste para nos dares a conhecer muito de ti, das tuas origens, da tua família, que descreves com tal minúcia que acabamos por julgar conhecê-los pessoalmente,  da tua ida para a Guiné onde cumpriste o serviço militar e onde acabaste por ficar depois da tropa e até muito depois da independência, quando resolveste mudar para a terra do Tio Sam.
Tens uma vida de luta na procura do melhor para ti e para a tua família.

Aqui ficam publicados os links para o teu Blogue e para o jornal onde colaboras, esperando que tenhas uma continuada participação, em nome deste Portugal pequeno e pobre que um dia há-de ultrapassar este momento tão doloroso.
Fosse a maioria dos portugueses como tu, que aqui ou na diàspora havíam de o tirar desta recessão.

Sabendo que represento a vontade da maioria tertúlia, desejo-te, em nome dela, as maiores felicidades para ti, assim como para toda a tua família.
Que a vossa luta seja compensada.


Blogue da Lusofonia de Mário Serra de Oliveira

Luso Americano Portuguese-American Newspaper onde colabora o nosso camarada Mário
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11087: Blogues da nossa blogosfera (62): Grupo Cultural Netos de Bandim, Bairro de Bandim, Bissau... Pequenos grandes embaixadores da cultura guineense

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10938: Notas de leitura (449): Palavras de um Defunto... Antes de o Ser, por Mário Tito, o nosso camarada Mário Serra de Oliveira (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Outubro de 2012: 

Queridos amigos,
O Mário Tito cumpriu a promessa, temos aqui uma passeata de quase toda a sua vida, é um gosto vê-lo divertido, desassossegado, nunca se queda numa linha principal, rapidamente bifurca em múltiplas considerações e só a custo tira conclusões. Dentro dessa bonomia, somos induzidos a vê-lo à frente de restaurantes antes e depois da independência. Trouxe Momo Turé do Grande Hotel para O Pelicano. Para quem já se esqueceu, Momo Turé foi invocado como o conspirador-mor em Conacri, um dos fautores do assassinato de Amílcar Cabral.
Lendo o Mário Tito, não é difícil perceber que foram acusações estapafúrdias, Momo não tinha estofo para dirigir aquela conspiração de guineenses. Ele promete mais revelações sobre aqueles tempos de Bissau. Vamos ver se essas revelações serão mesmo surpreendentes.

Um abraço do
Mário


Memórias do patrão de Momo Turé

Beja Santos

“Palavras de um defunto… antes de o ser!”, por Mário Tito, Chiado Editora, 2012, é uma extensa digressão da memória de um camponês que prestou serviço na Base Aérea 12 (Bissalanca, Guiné) durante o serviço militar, aqui ficou como encarregado de restaurante, proprietário, trabalhador na Embaixada dos EUA em Bissau e depois imigrante nos EUA. É um discurso fluido mesmo que propositadamente saia da linha principal e proceda a circunlóquios, parte do simples e arrasta as frases em novelo, confrontando o leitor com vários assuntos e rematando conclusões cujos dados nem sempre estão consignados nas premissas. Usa as exclamativas com generosidade, pouco preocupado com o fio da meada, somos atraídos até Alcaide, nas faldas da Gardunha, convocados para descrições de uma pobreza brutal, há mesmo fotografias com meninos de pé descalço, há fotografias de reuniões familiares, há muitos irmãos, está prestes a assentar praça mas a memória salta, indisciplinada, para recordações daquela Guiné-Bissau de grandes carências, logo a seguir à independência, trabalhava a mulher como cozinheira-governanta na residência do embaixador norte-americano e ele fazia o que podia para manter um restaurante de pé, não resistiam a andar sempre com uma garrafinha de azeite e pacotes de açúcar, o hábito faz o monge e podia-se chegar a um local onde havia peixe mas podia faltar azeite ou até um dente de alho.

Pois bem, este Mário Tito que viveu 14 anos e meio na Guiné, que trabalhou no Grande Hotel, que esteve como encarregado em O Pelicano, que teve A Tabanca e o Ninho de Santa Luzia a seu cargo, iniciou o seu périplo no RI 7, bateu à porta dos paraquedistas, que foi enviado para a BA 3, acabou na messe de Bissalanca. As suas lembranças voltam ao terrunho, ele não esconde o muito orgulho pelas origens e fala do esforço da sua mãe para que não faltasse o essencial, o pão de trigo, dois ou três pratos de sopa feita com feijão-frade e couve lombarda acompanhada por uma virada de pão de centeio e explica-nos que era uma ementa estudada para a sobrevivência, aquele pãozinho ia amolecendo dentro da sopa, uma pasta dentro do líquido, assim se enganava a fome. O Mário Tito não esconde a sua febre de escrever como se fosse arrastado pelo devaneio em que o discurso mistura vários passados e algum presente, pois que aquela infância gerou imensa solidariedade mas ele jamais esqueceu as atribulações de uma mesa onde tudo faltava mas o que havia era repartido. Um exemplo: “Nós comíamos o fígado cerca das 10 da manhã. À nossa conta éramos nove o ano todo, meus pais e meus irmãos e muitas vezes ainda repartíamos por duas famílias da vizinhança, com 3 filhos, duas raparigas e um filho cada, pelo facto que estas famílias também repartiam connosco quando vendessem qualquer porco ou cabra ou chibo”.

Parece que o Mário Tito não foi muito feliz em Bissalanca. Ele promete dedicar um livro intitulado “Bissaulónia” a toda a sua vivência, anda por Bissalanca como por vinha vindimada, chegámos gora ao restaurante O Pelicano e resolve fazer algumas considerações sobre o que escreve Oleg Ignatiev acerca de Momo ou Mamadu Turé no livro “Três tiros da PIDE”. Momo vivia com estreita ligação com Mário Tito. Um dia, Momo deu uma festa em sua casa e a seguir desapareceu. Mário Tito tinha feito a sua comissão nos anos de 1967 e 1968, arranjou logo trabalho em Bissau, no Grande Hotel. Quando O Pelicano abriu, em 14 de Novembro de 1969, Mário Tito levou consigo alguns elementos do Grande Hotel, entre eles o Momo. Chama mentiroso a Oleg Ignatiev quando este refere três dias depois de Momo sair da prisão do Tarrafal apareceu um novo chefe de sala em O Pelicano. Ora, alega Mário Tito, nessa altura nem O Pelicano sequer existia, Momo foi trabalhar para o Grande Hotel. A verdade é que a seguir ao desaparecimento de Momo vieram os agentes da DGS a O Pelicano, tirar nabos da púcara, tão discretamente como vivia tão discretamente Momo partiu para a clandestinidade. Lembra-se perfeitamente que Momo conversava em O Pelicano com Rafael Barbosa que aqui vinha beber a sua bebida predileta, a Laranjina C. E discorre sobre as razões do assassinato de Amílcar Cabral, ouviu mesmo agentes da DGS em Bissau que garantiam que não interessava às autoridades da Guiné que Cabral desaparecesse, era o único interlocutor com inteligência suficiente para a passagem do testemunho.

As suas lembranças de Bissau incluem um Rafael Barbosa que também frequentava o Ninho de Santa Luzia, este antigo presidente do PAIGC virá ser acusado de colaborador pelo PAIGC e de bombista pela DGS. Sucede que nunca houve provas suficientemente incriminatórias, Barbosa viu a sua sentença de morte comutada em prisão, é talvez a seguir a Amílcar Cabral o maior mistério da luta pela independência. As recordações de Mário Tito oscilam entre a messe de oficiais da Força Aérea, em Bissalanca, decide não regressar a Portugal, arranja um emprego no fraturante Solmar, no ano seguinte casou e trouxe a mulher para a Guiné.

É brejeiro, tem mesmo um arranjo muito próprio do “Piriquito vai para o mato”, alega que todos os arranjos são possíveis muito mais quando o autor é desconhecido. Com é tudo pouco comum neste discurso, agora sim, temo-lo em Bissalanca, há recordações dos passeios na península de Bissau, sai da Guiné e vai correr mundo. É um homem feliz com os amores, sente-se compensado por toda a iniciativa que demonstrou ter na restauração na Guiné, antes e depois da independência. Sente-se consolado por ter uma vida bem vivida, não esquece a aspereza de Alcaide, ter sido marçano em Lisboa, ter feito a Força Aérea onde teve uma comissão cheia de sorte, não conheceu dificuldades, afeiçoou-se à Guiné, serviu à mesa gente que ganhou notoriedade, num lado e no outro, fez o que pôde para trabalhar na Guiné, até ao impossível. E quer voltar a escrever, diz que tem muito a revelar sobre o quotidiano de Bissau depois da independência. Acha que se inventou um Momo Turé chefe de conspiração, acha tudo isso um puro delírio. E avisa-nos solenemente que a Bissaulónia vai deixar muita gente de boca à banda. Cá ficamos à espera.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10925: Notas de leitura (448): Amílcar Cabral, Unité et Lutte (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10533: Agenda cultural (223): Lançamento do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser", de Mário Tito, dia 27 de Outubro de 2012, pelas 16h00, na Livraria - Bar Les Enfants Terribles, em Lisboa

C O N V I T E




 
1. É já no próximo dia 27 de Outubro de 2012 (sábado), pelas 16h00, que vai ser apresentado o livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser!" de autoria do nosso camarada Mário Serra Oliveira.

O evento terá lugar na Livraria - Bar Les Enfants Terribles - Cave do Cinema King - Rua Bulhão Pato, n.º 1, em Lisboa.


Oradores convidados: 
José Eduardo Ferreira Couto, 
Dr. Mário Beja Santos e 
Fernando Carvalho.

Sobre o livro:
Autor: Mário Tito
Edição: Chiado Editora
Colecção: Viagens Na Ficção
Páginas: 542
Data de publicação: Outubro de 2012
Género: Ficção
Preço: 16,00 €
ISBN: 978-989-697-706-1

Alguns dos tópicos de realce, no interior destas linhas:
“Quando perguntei ao defunto… qual o estado dele… vejam só: nem “xúz nem búz”, assim como que não me conhecia! Eu, que até andei ainda a arrastar a asa a duas das três irmãs dele – duas gémeas e uma “corcunda”; o nascimento lá na minha aldeia, de um rapazote, com um sinal numa das brilhas e um olho de vidro, tal como a mãe, bem como uma tatuagem num braço, e uma perna de pau – tal como o pai; os americanos, a falsa democracia, e o roubo do petróleo; os ingleses e as nossas descobertas; os meus dois casamentos, sem nunca me ter divorciado; a origem da águia, do tigre e dos lagartos; a “Graça do Senhor” e a fatia de pão trigo; eu, o Land Rover dos americanos e o dos chineses, em Bissau; os fuzilamentos políticos na Guiné; o baptismo do vinho na Messe dos Oficiais da FAP, em Bissau; o meu irmão bancário e os pintainhos no forno. Cheira-me a penas chamuscadas; os mórmons e o poderem ter muitas mulheres, às vezes sem poderem poder; a pergunta do alfaiate, sobre de que lado eu usava a minha “ferramenta”; o eu ter ido ao céu ou a minha 1ª experiencia sexual; a descoberta, por uma médica “para” – que eu tinha um testículo maior que o outro; o foguete “mosca-abelha” e os foguetões tripulados; o jogo da “bilharda” e o jogo do baseball americano e, muito, muito mais…”


2. Alguns esclarecimentos do nosso camarada Mário Oliveira:

(i) Os ex-combatentes da guerra do ultramar terão desconto de 20% nos seguintes moldes:

No dia do lançamento, toda a gente paga por inteiro, para o que recebe um talão comprovativo, por uma questão de contabilidade. Cada camarada ex-combatente que se identifique como tal (Angola, Moçambique, Guiné, etc - não Iraque nem Afganistão, porque isso foram opções tomadas e não obrigações forçadas) dirige-se a mim e recebe os 20% imediatamente, no local. Só um livro por camarada.

Fora do dia de lançamento. Se quiserem adquirir o livro porque tomaram conhecimento dele através do Blogue, ou outros meios, pedem o livro por intermédio do Blogue ou directamente a mim, regista-se o interesse e eu faço-o chegar ao destino, à cobrança, já com o desconto.

(ii) Do produto de venda de cada livro doarei 1 €uro à Guiné-Bissau através de uma instituição a designar oportunamente

A minha ideia até seria fazer entrega lá na Guiné, se atingisse um valor razoável, numa visita futura, com saudade constante. Creio que não estará mal desta forma.

Mais, o valor de 1€ será doado por todas as vendas, seja ou não efectuada a ex-camaradas.
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Notas de CV:

Sobre o livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser", vd. postes de:

15 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10037: Os nossos seres, saberes e lazeres (45): Para breve o lançamento do livro "Palavras de um defunto... antes de o ser", por Mário Tito (Mário Serra de Oliveira)
e
21 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10418: Blogoterapia (217): Mário Tito, aliás, Mário Serra de Oliveira, camarada da diáspora, está disponível, em 27 de outubro, no lançamento do seu livro, ou então na 1.ª quinzena de novembro, para estar com os camaradas de cá, para "papiar crioulo" e "parti mantenha e lembra tempo di tuga"

Vd. último poste da série de 13 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10527: Agenda cultural (222): Tertúlias Fim do Império, Oeiras e Lisboa, calendário das sessões

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10418: Blogoterapia (217): Mário Tito, aliás, Mário Serra de Oliveira, camarada da diáspora, está disponível, em 27 de outubro, no lançamento do seu livro, ou então na 1.ª quinzena de novembro, para estar com os camaradas de cá, para "papiar crioulo" e "parti mantenha e lembra tempo di tuga"

1. Comentário do Mário Tito, aliás, Mário Serra de Oliveira (, camarada da diáspora, que vive nos EUA), ao poste P10376:

Amigos Guineenses e Camaradas ex-combatentes:

Com um abraço fraterno a todos, gostaria de solicitar "dicas" de locais onde poderei confraternizar com o pessoal da Guiné, durante a minha curta estadia em Portugal - 25 de Outubro a 20 de Novembro - durante a qual terei alguns dias ocupados mas na maioria livres.

Vejamos:

(i) Chego a Lisboa a 25 de manhã;


(ii) seguirei para a minha aldeia  o Alcaide (Fundão);

(iii) regresso a Lisboa no dia seguinte para ultimar pormenores com editora do meu livro - PALAVRAS DE UM DEFUNTO, ANTES DE O SER - cujo lançamento será dia 27;

(iv) Dia 28 vou ao Luxemburgo e regresso dia 31, seguindo novamente para a minha aldeia;

(v) Depois disso, sou "todo vosso" e do pessoal da Guiné que acaso estejam disponíveis para "papiar crioulo" e "parti mantenha e lembra tempo di tuga";

(vi) até dia 14 de Novembro...

(vii) porque, dia 16-17-18, é a festa dos míscaros (cogumelos) na minha aldeia onde vou estar novamente a tentar vender alguns livros;

(viii) convido a todos que possam visitá-la, porque segundo consta é muito bonito; eu nunca lá estive; só consta que, no ano anterior, visitaram a aldeia cerca de 30 mil pessoas.

Assim, aqui fica o convite. Mário.


2. Mensagem, de hoje, do Mário Tito, a propósito de comentário do editor L.G. ao poste P10413, sobre os topónimos da Guiné do nosso tempo com mais "marcadores" no nosso blogue (Guileje e Bambadinca, à cabeça, com mais de 350, à frente de Bissau (270), Mansoa (270), Nhacra (220), Bafatá (190),Nova Lamego/Gabu (190), Mampatá (190), Gadamael (180), Mansambo (180), Bula (180), Buba (170), Xime (170), Teixeira Pinto/Canchungo (170) Guidaje (160), Bissorã (160), Mansabá (160), Catió (160), Galomaro (150), Gandembel (140), Missirá (120), Xitole (110), Farim (100)...

Prezado Camarada L. Graça:

Ainda bem que a frase final, ilumina a questão que se me pôs na minha c.c.c., quando li Bissau na lista dos "top ten".


Não dei um salto mas tive um sobressalto, assim como que uma reacção de antecipação - coisa que tem faltado há muitos anos - aos jogadores do Sporting, clube do qual o meu infortúnio de inclinação desportiva me condenou até à morte. Raios partam a minha sorte!... Não me poderia ter calhado pelo menos o Sporting da Covilhã - a 17 Km da minha Aldeia mas a milhas do meu coração?

(...) Bem, já (...) me desviei do que ia a dizer sobre Bissau: Então se eu estive ali quase 15 anos e nunca senti o "quentinho" dos "gafanhotos" tracejantes e luminosos durante a noite... como é que Bissau figurava (essa era a minha questão inicial, quando me sobressaltei, ao fim destes anos todos, quando, só por ler, uma referência a Bissau estar) entre os 10 mencionados locais.

Bem me parecia que era só por uma questão de estatística do que de outra coisa.

Verdade se diga, há que delimitar um perímetro de efectividade de zonas "quentes"... diria eu que... durante a maior parte do tempo, teria que se considerar mais uma meia-lua circular à volta de "Biombo Cumerú", como zona mais ou menos segura na parte interior da meia-lua e, a partir dali, no lado exterior da meia-lua, já "cheirava a cacimbo".

Honra seja feita a todos os que estiveram na parte de fora da "meia-lua".

Bem, não levem a mal pela "laracha". É só para tentar divertir-me, tal como me tenho divertido - hoje mais uma vez - com os resultados do Sporting. Aleluia... que não perderam!

Abraço a todos.
Mário Oliveira.

1.º Cabo Amanuense 262 da BA12 - 67/68 (residente em Bissau até Agosto de 1981).
_________________

Nota do editor;

Último poste da série > 12 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10372: Blogoterapia (216): As amizades são para serem vividas (José Câmara / Carlos Vinhal)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10327: O nosso blogue em números (31): Jorge Teixeira da CART 2412, o nosso visitante 4 milhões !!!


Cópia da página principal do blogue, ao ser atingido o nº 4 milhões de visitas, esta madrugada por volta da 1h e tal.. O Jorge Teixeira estava de pé, ao computador, e registou o momento...




1. Ontem três de setembro, pelas 22h41, mandámos pelo correio interno da Tabanca Grande a seguinte mensagem:
 

Amigos e camaradas, grã-tabanqueiros:

Dia 4, 3ª feira, atingiremos as 4 milhões de visitas... 

Quem for o felizardo do leitor ou visitante 4 milhões, que nos contacte... e nos mande uma imagem comprovativa da página principal do blogue...

Para tal, deves usar a tecla "print screen", e fazer "copy & paste" para o programa "Paint" (ver acessórios)... Guardas em formato jpg e mandas para os editores a imagem com o contador nos 4 milhões...

Temos que celebrar!... E ganhar forças para chegar aos 5 milhões...

Os editores



2.  Mensagem com data de hoje, dia 4, 1h29 assinada pelo nosso amigo e camarada Jorge Teixeira, ex-Fur Mil da CART 2412, Barro, 1968/70:

 Aí vai [, imagem acima,] a visita 4 milhões, no €uromilhões não acerto eu.

Essa estória do "print screen"... coisa e tal e "copy & paste", (até parece um pedido de "piza"), não é para mim. Vai um recorte e já não é mau. 

Dispenso o certificado.
PARABÉNS.
 

Um abraço e até aos 5 000 000.
cumprim/jteix






3. Outros camaradas, como o José Martins, também quiseram entrar na brincadeira e deram-nos notícia da evolução dos acontecimentos:

Mensagem de 3 de setembro, 23h37:


A 40 minutos da meia.noite..., faltam 400 entradas. [, Imagem supra].


4. O Mário Tito, aliás Mário Serra de Oliveirapor sua vez, escreveu-nos, dos EUA,  já hoje de manhã, a seguinte mensagem de parabéns:

Amigos e camaradas!

Parabéns pelo excelente trabalho. Sou adepto do blogue embora contribuinte de forma limitada por falta de oportunidade. Talvez um dia destes faça algum comentário sobre a Guiné. 

Neste momento estou a lutar com a revisão do meu 1º livro. A verdade é que, quando vejo e-mail de Luís Graça, nem sempre associava ao blogue do mesmo porque, normalmente, o contacto mais directo era e é o Carlos Vinhal. Como me parece que ele está de férias e vi a referência aos 4 milhões, decidi carregar. Concluindo que deve tratar-se mesmo do Luís Graça.

Foi um prazer e mais uma vez parabéns.

O meu nome é Mário Oliveira. Estive na Guiné desde maio de 67 - messe de oficiais da FAP em Bissau e fiquei lá depois de missão cumprida. Só vim de lá em Agosto de 1981. Passei lá de tudo, incluindo os melhores e piores momentos da minha vida. Sobrevivi e cá ando ainda p´ras curvas.

Abraço, Mário.



5. Comentário de L.G.:

Até ao final de dezembro de 2011, estávamos com um total de 3158400 visitas. Ao fim de oito meses, mais exatamente ao início do dia 4 de setembro, atingimos os 4 milhões, o que dá uma média diária de 3500 visitas neste período de tempo (jan/ago 2012). 
Recorde absoluto de visitas diárias (5042) continua a ser o dia 16 de abril de 2012...

Resumo mensal do total de visitas (jan / ago 2012):

Janeiro: 110 mil. 
Fevereiro: 100 mil. 
Março: 120 mil
Abril: 117 mil
Maio: 115 mil
Junho: 96 mil
Julho: 86 mil
Agosto: 91 mil

Os dois piores meses são, como já sabemos dos anos anteriores, aos correspondentes às férias de verão (julho e agosto). E o melhor o março...

Já que estamos numa de números, recorde-se:

(i) atingimos os 3 milhões de visitas na 1ª quinzena de novembro de 2011;
(ii)  os 2 milhões de visitas foram  atingidos em meados de setembro de 2010;
(iii) e o primeiro milhão em fevereiro de 2009.

Quanto a membros inscritos na Tabanca Grande, estamos neste momento com 574... Faltam 26 para os 600, meta que queremos atingir até ao final do ano. 

Em meados de março de 2012, éramos 542. Em outubro de 2011, 520. Em abril de 2011, 500. Em final de 2009, éramos 390, em maio de 2010 andávamos pelos 410 e em meados de Setembro de 2010 estávamos a caminhos dos 450. 

A média de entrada de novos membros desde Setembro de 2010 até agora anda à volta dos 5 por mês, mais ou menos 1 por semana...

Quanto ao número médio de postes diários publicados nestes primeiros 8 meses do ano de 2012 é ligeiramente inferior à média ao ano passado: 4,2 (em 2012), contra 4,8 (em 2011), e 5,4 (em 2010, o ano em que batemos o recorde com um total de 1955 postes publicados).

Num histórico de mais de 35  mil comentários, temos 62 755 referentes aos primeiros 8 meses do ano de 2012, o que dá em média 26,1 comentários por dia / 784 por mês...

Quanto à origem geográfica das visitas, o perfil já aqui há tempos traçado (com base apenas nas estatísticas do Blogger) está-se a alterar substancialmente:

(i) 70,5% das visitas são oriundas de Portugal;
(ii) segue-se, em segundo lugar, o Brasil (13,5%);
(iii) vem depois os Estados Unidos (4%) e a França (2,3%), totalizando estes 4 países mais de 90%;
(iv) entre os dez mais contam-se ainda, por ordem decrescente, a Alemanha, o Canadá, o Reino Unido, a Rússia, a Espanha e Cabo Verde...

A Rússia aparece, pela primeira vez, neste "top ten"; o número de visitantes do Brasil e dos EUA aumentaram em detrimento de Portugal que perdeu mais de 3 pontos percentuais em relação à situação em abril de 2011.

Neste dia, que é de discretíssimo júbilo, o nosso Alfa Bravo mais afetuoso vai para:

(i) os nossos queridos co-editores, com especial destaque para o Carlos Vinhal, que está 24 horas por dia ao serviço do blogue;
(ii) os nossos discretos mas sempre prestáveis colaboradores permanentes;
(iii) os autores (já publicámos mais de 10 mil e 300 postes!);
(iv) os novos e aos velhos membros da Tabanca Grande (n=574);
(v) os comentadores (mais de 35 comentários!.desde que temos estatísticas...);
(vi) os leitores dos quatro cantos do mundo...

Vamos ver se, a este ritmo (3500 visitas / dia), e com os esforços concertados de todos, conseguiremos chegar aos 5 milhões de visitas, daqui a dez meses (Junho de 2013).

6. Mais comentários que foram chegando no dia de hoje:

(i) António Nobre:

Olá, Luís.
Cheguei atrasado. Anteciparam-se 903 camarigos porquanto a minha visualização situou-se nos " 4.000.903"lll Pelo menos arranja lá uma menção honrosa.

A sério. Mais uma vez as minhas felicitações pela "excelência" do vosso trabalho. Eu sou um pouco "cota" informático e como tal tenho apreciado vivamente aquilo que diariamente visualizo no nosso site. Muito bem e mais uma vez os meus parabéns.
Um abraço para toda a equipa
António Nobre

(ii) José Carvalho:

O Facebook tirou algum protagonismo [ao blogue], devido à rápida interação...

(iii) Filomena Sampaio:

Boa tarde: Já existe premiado?
Abraços
Filomena


Parabéns, parabéns,  bravô!

sábado, 16 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10041: Em busca de... (192): O ex-1.º Cabo Escriturário Mário Serra de Oliveira procura o seu Tenente Mário da Silva Ascensão, 1967/1968

1. Mensagem do nosso camarada Mário Serra de Oliveira (ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68), com o pedido de divulgação do seu desejo de encontrar o "seu" Tenente Mário da Silva Ascensão:

Olá camarada Carlos Vinhal!
Fazendo votos que tudo vá bem de saúde, estou a contactar por duas razões.

Uma - procuro um ex-camarada da tertúlia e que, pela sua hierarquia directamente a mim, por todo o respeito, terei que referir com o "Meu Tenente", Mário da Silva Ascensão ou ao contrário. Já lá vão muitos anos mas creio que, seguindo as passadas do tempo e referências à época de permanência na Guiné - de tal a tal data - no desempenho a cargo do refeitório da BA 12 e da Messe de Oficiais da FAP em Bissau, creio que será possível descobrir se a pessoa em causa ainda está entre os vivos.

Foi meu chefe - Alferes primeiro e Tenente depois, entre a minha estadia na Guiné, na Messe de oficiais da FAP, entre Maio de 1967 a Setembro Outubro de 1968, quando ele foi substituído, pelo Tenente Rocha, sobre o qual é tudo quanto sei.

Já contactei o Estado Maior da FAP na Amadora mas não me quiserem dar nenhuma informação debaixo do pretexto - quiçá válido - de que se tratava de informação pessoal sobre a qual não poderiam divulgar, mesmo que soubessem.

Duas - a razão por que procuro saber do seu paradeiro seria para lhe oferecer um exemplar do meu livro - prestes a ser publicado pela prestigiada editora do Chiado, conforme cópia do e-mail-proposta, cujo texto está no anexo acima.

É que, no mesmo livro, faço referência a certos episódios - tal como o baptismo do vinho, como te deves de recordar - bem como outros sobre o qual, gostaria de solicitar ao meu Tenente uma espécie de confirmação do que digo. Claro que, só ao saber que uma pessoa com quem lidei no dia a dia durante tantos meses, já seria mais que motivo saber que ainda estava entre os vivos.

Mas, juntando o útil ao agradável, creio que seria óptimo ter uma dedicatória abonativa da verdade, incluída no meu livro. Antecipadamente grato pela tua colaboração, se acaso não disturbar os teus afazeres.

Um abraço e, já agora, se tiveres oportunidade, visita a minha pagina do FB, carrega em M.Tito e segue os links. Vais gostar de certeza. Se quiseres, podes publicar.

Mário
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9998: Em busca de... (191): Pessoal da 26ª CCmds, camaradas do João Gertrudes Luz, natural de Faro, sold cond comando (Brá e Teixeira Pinto, 1970/71), tragicamente desaparecido em 2007 (Anabela Pires, de regresso à Pátria)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10037: Os nossos seres, saberes e lazeres (45): Para breve o lançamento do livro "Palavras de um defunto... antes de o ser", por Mário Tito (Mário Serra de Oliveira)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Serra de Oliveira (ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68), com data de 6 de Junho de 2012, a propósito do lançamento do seu livro "Palavras de um defunto, antes de o ser" que foi já em parte divulgado no nosso Blogue*:

Olá Carlos:
Com um abraço, junto em anexo a capa e contra capa do meu livro, com trechos de alguns tópicos no interior do meu livro.

Abaixo, é o texto recém-recebido enviado pela editora, sugerindo datas e local de lançamento. Por mim, a data já está. Agora, o local, creio que será Lisboa por uma questão de conveniência a não ser que muitos dos nosso camaradas se quisessem deslocar à minha aldeia - O Alcaide, nas faldas Norte da Serra da Gardunha. Uma aldeia muito bonita digna de visitar. Aliás, todas as aldeias são dignas de se visitar. Não sou tão bairrista ao ponto de ser fanático.

Conforme pedes na tua ultima mensagem, aí vai a página digitalizada.

Titulo: "Palavras de um defunto, antes de o ser"!
Autor: (Eu... mas com nome de família. Mário Tito.
Páginas: Entre 450 a 500.
Preço Publico: €16 - imposto pela editora.
Preço para camaradas ex-combatentes: €13 - se comprado directamente a mim.

Opção de pagarem €16, com uma doação feita por mim a uma organização de beneficência escolhida por cada qual, através de preenchimento de um formulário. Creio que seria mais apropriado deste modo.

Vou procurar saber quem será o apresentador (será que serei eu?) e, oportunamente tratarei dos convites apropriados.

Por agora seria só a titulo informativo, para que todos possam ver a capa e contra-capa para terem uma ideia.

Para já, a data escolhida por mim é a de 28 de Outubro. Falta o endereço em Lisboa, porque se for na minha Aldeia, aquilo não tem nada que enganar. Alcaide-Fundão.


Clicar na imagem para a ampliar e permitir a leitura dos textos


2. O texto seguinte é uma mensagem da editora que me foi dirigida:

Caro Mário Tito,
Podemos perfeitamente agendar o Lançamento da obra para Novembro, qualquer dia do mês.
O Lançamento da obra deverá ser na zona geográfica onde consegue reunir o maior número de pessoas de uma só vez. Se não tiver contactos/convidados em Lisboa, provavelmente fará mais sentido fazer um único e grande Lançamento da obra na sua terra para dia 27/28 Outubro ou dia 3/4 Novembro.
Cumprimentos

Um abraço Carlos.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

2 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8984: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (34): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (1): Preâmbulo e Introdução

4 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8994: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (35): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (2): Deâmbulo e Capítulo I

7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9008: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (36): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (3): Autobiocómica: Nascimento, Educação e Amores

10 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9019: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (37): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (4): Autobiocómica: Passatempo, traquinices, enquanto teen-ager

13 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9037: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (38): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (5): O batismo do vinho

Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9911: Os nossos seres, saberes e lazeres (44): Saltar de pára-quedas, um sonho realizado depois dos sessenta... agora sozinho (Paulo Santiago)

Lembramos que o nosso camarada Mário Serra Oliveira, acabada a sua comissão de serviço, ficou em Bissau onde, entre muitas peripécias, viveu a independência da Guiné e algumas das convulsões por que passou aquele país irmão.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9231: Notas de leitura (313): Três Tiros da Pide, de Oleg Ygnatiev (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Novembro de 2011:

Queridos amigos,

Dei-me ao trabalho de reler os diferentes livros do jornalista soviético Oleg Ygnatiev em que ele especula sobre o assassinato de Cabral, numa tentativa de procurar responder às dúvidas do nosso camarada Mário Serra de Oliveira com quem o Momo Turé trabalhou no restaurante O Pelicano, mesmo à beira do Pidjiguiti.

Estou cada vez mais convencido que o Momo deu muito jeito à tese do braço longo da PIDE que ninguém até hoje apresentou provas, continua a conspiração de silêncio sobre a documentação do julgamento, não há uma só prova sobre os autores morais, como ainda recentemente recordou José Pedro Castanheira, autor de uma investigação de referência sobre o assassinato.

O Mário Serra de Oliveira e todos nós vamos esperar não sei quanto tempo até se saber a verdade sobre o assassinato de Cabral.

Um abraço do
Mário


Momo Turé nos livros de Oleg Ygnatiev

Beja Santos

O nosso confrade Mário Serra de Oliveira deu importantes esclarecimentos quanto à presença de Momo Turé em Bissau e a trabalhar no restaurante O Pelicano. Momo Turé, tal como Aristides Barbosa, são nomes recorrentes em toda a obra de Oleg Ygnatiev seja na biografia de Amílcar Cabral ou nos trabalhos que dedicou ao assassinato do líder carismático do PAIGC.

"Três Tiros da PIDE, quem, porquê e como mataram Amílcar Cabral", por Oleg Ygnatiev (Prelo Editora, 1975) foi um livro que teve algum sucesso na época, tanto em Portugal como na Guiné-Bissau. Numa concepção de Guerra Fria tinha todo o sentido incriminar a PIDE/DGS e forjar uma tese sem nenhum suporte documental. Um assassinato concebido por uma repressiva polícia política fazia esquecer o conjunto de executores, deixava no olvido as provas factuais do chamado julgamento de Conacri, decidido por Sekou Touré, sob a forma de amplo jurado internacional e, como é de todos sabido, não existe hoje um só depoimento ou registo das actas desse julgamento.

Como arquitectou o jornalista Oleg Ygnatiev os planos da conspiração? Deu-lhe um nome: operação “Rafael Barbosa”, pareceu-lhe bastante emblemático incriminar o antigo presidente do PAIGC liberto por Spínola em 1969, além de que Barbosa comprovadamente relacionou-se com Momo Turé e Aristides Barbosa, numa entrevista concedida a Leopoldo Amado, no âmbito da investigação que este historiador procedeu à volta da biografia de Aristides Pereira, Rafael Barbosa diz claramente que preparou a fuga destes antigos prisioneiros do Tarrafal conjuntamente com outros elementos.

Ygnatiev congeminou um diário de viagem em que vai atravessando as chamadas zonas libertadas e onde vão sendo referidos os nomes dos incriminados como Momo, Aristides Barbosa, Bacir Turé e Malã Nanko. Momo teria sido referenciado no final do ano de 1961 por um agente da PIDE/DGS em Bissau, mais concretamente no “Grande Hotel”, onde trabalhava como criado de mesa. Teria começado aí o seu recrutamento. Sem nenhum pejo, Ygnatiev fala no diz-se e no consta, logo a seguir a Momo ter sido colocado no Tarrafal: “A certa altura parece que alguém entregou à mulher de Momo um bilhetinho, que conseguiu por caminhos desconhecidos chegar às suas mãos. Várias pessoas se interessaram pela situação da família e mais uma vez ofereceram a sua ajuda à mulher de Momo, mas ela sempre respondia que ele lhe tinha deixado umas economias e que por enquanto tinham o indispensável para viver”.

Dentro deste relato inequivocamente romanceado, em 1969, o então director da PIDE em Bissau, numa reunião, refere que Momo deverá receber 200 contos para a reconstrução da sua casa, tal como lhe fora prometido. Logo após a sua libertação, em 3 de Agosto de 1969, Momo Turé aparece como chefe da sala do restaurante O Pelicano.

O relato de Ygnatiev mistura abusivamente diferentes situações, tece uma descrição mirabolante sobre o massacre de Jolmete, de 20 de Abril de 1970, diz que os oficiais foram baleados por terem oferecido resistência às forças de André Gomes, o que é uma rotunda mentira. O texto é de novo reconduzido para O Pelicano, alguém dá instruções a Momo, são indicados os nomes dos contactos, competirá a Momo e a Aristides Barbosa transcreverem as reuniões de direcção do PAIGC. Dentro deste plano, a PIDE comprometia-se a entregar dinheiro todos os meses à mulher de Momo, enquanto ele partia para Conacri, disfarçado de patriota. Vão adiante surgindo outros nomes como os de Inocêncio Cani e João Tomás, dirigentes punidos e afastados por graves irregularidades. Sem apresentar provas, como sempre, temos João Tomás nomeado como informador da PIDE através de contactos com comerciantes.

E para dar mais sabor ao relato, sem igualmente nunca ilustrar os nomes dos conspiradores atrás referidos, eles são insinuados como os executores da instrução nº 42/71, da Direcção-Geral de Segurança. Numa reunião partidária, Amílcar Cabral tirou de uma pasta 5 folhas de papel, dizendo tratar-se de um programa detalhado de acções subversivas contra o PAIGC, dizendo inequivocamente que dentro desse plano constava a liquidação do secretário-geral Amílcar Cabral e de todos aqueles que não aceitassem uma direcção política genuína de guineenses, referindo-se o nome de Rafael Barbosa como um dos mais influentes para a futura direcção. No final da reunião, os camaradas M e N ter-se-ão aproximado de Amílcar Cabral dizendo que tinham vistoriado os pertences pessoais de Momo, encontraram notas idênticas à da instrução da DGS. Em Bissau, António Fragoso Allas, o director da PIDE, teria ficado furioso com esta troca de informações.

Oleg Ygnatiev vai fazendo surgir outros nomes como os de Saidu Baldé e Mamadu Indjai que em 20 de Abril de 1973 é o responsável pela segurança de Amílcar Cabral. Em Conacri, ao longo de 1972, colaboradores de Cabral continua a insistir na destituição e ou prisão de pessoas como Momo e Aristides Barbosa, mas Amílcar Cabral ia sempre adiando essa decisão à espera de uma regeneração destes dirigentes subversivos e o livro termina com um conjunto de depoimentos sobre o assassinato de Amílcar Cabral e depois a menção à execução dos chefes do complô. Como é evidente, o autor não explica quem chefiava o complô, limita-se a referir nomes de acordo com a tese de que a PIDE preparara um plano para instalar quadros ressabiados junto de Cabral, a missão seria trazê-lo vivo para Bissau e eleger uma direcção fantoche pronta a executar os planos neocolonialistas de Spínola. Não vale a pena insistir que tudo isto é fantasioso, não há um só documento que abone o relato de Ygnatiev. Rafael Barbosa sempre considerou este plano sugerido tanto pela direcção do PAIGC, a partir do assassinato de Cabral, como pelas conjecturas de Ygnatiev como um puro delírio, disse sempre que Momo era um militante dedicado mas que não escondia a sua discordância com as teses da unidade Guiné/Cabo Verde.

Com esta releitura do livro de Ygnatiev penso ter respondido em voz alta a algumas da dúvidas do camarada Mário Serra de Oliveira que nunca esclareceu o Momo Turé em O Pelicano, ali estiveram juntos.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9207: Notas de leitura (312): Arquitectura Sustentável na Guiné-Bissau (Manual de boas práticas) (Mário Beja Santos)

domingo, 13 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9037: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (38): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (5): O batismo do vinho

1. Continuação da apresentação do livro "Palavras de um senhor defunto",  de autoria do nosso camarada Mário Serra de Oliveira* (ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68).


PALAVRAS DE UM SENHOR DEFUNTO

O BATISMO DO VINHO

Foi assim que nasceu, à força, o ‘batismo do vinho’, como aqueles habitantes lá da minha aldeia que foram também forçados a batisarem–se, para uma religião que não era deles.

Como era Sábado e, como para muito ‘boa’ (?) gente o Sábado é mais importante que o Domingo - dia de o meu ‘querido’ tenente ir para a praia, eu, após verificar que os primeiros cinco barris não estavam cheios, decidi pegar num pedaço de mangueira - uma vez que não tínhamos torneira – decidi, dizia eu, pegar num pedaço de mangueira para extrair vinho do barril, chupando pela mesma, de modo a que cada barril ficasse com a mesma quantidade de vinho.

Por exemplo:
Se a varinha marcasse 97 litros num barril e 98 noutro, etc., etc., e tal, mais pinga, menos pinga, o certo é que tinham que ser ‘equalizados’, que é um termo técnico equivalente a ficarem todos por igual, com a mesma quantidade líquida.

O problema até era maior para mim devido a que, se começou a formar na minha cabeça, aquela ideia de que ‘eu deveria de evitar beber água’ – porque até diziam que a água da Guiné tinha micróbios - e, mais a mais que, para mim, até nem era bem por causa da água estar misturada com o vinho mas, sim, por causa do vinho estar misturado com água.
Melhor dizendo, digo o seguinte: Se eu quisesse beber água, não me importava muito se a mesma tivesse um pouco de vinho... mas, se eu quisesse beber vinho, aí sim, ou por outra, aí não, não via com bons olhos que o mesmo tivesse água.

Com esta ideia a ‘controlar a minha actividade’, decidi igualar todos os barris, de modo a ficarem somente com 95 litros de vinho pelo que, parando temporariamente com o batismo, procurei encontrar garrafões vazios e outro tipo de vasilhame, vazio também, para ‘armazenar’ o vinho que estivesse a mais dos 95 litros!...

Depois, já munido do vasilhame lavado e vazio, toca a ‘chupar’ pela mangueira, fazendo-me lembrar aquela coisa que já ouvi falar que soa assim como que ‘the equalizer’ que até creio que é um filme ou coisa parecida.

Contente que nem um alho, mais a mais que me fazia acompanhar de um copo de vinho misturado com ‘7-UP’ - que, por acaso lá na Guiné, eu até gostava desta mistura mas aqui nos EUA não vou ‘à bola’ com isso - assobiando aquela canção ‘cá vai Lisboa... a linda moura encantada... trái-lá-lá-la-rái...trái--lá-lá-la- rái’...etc., e tal, eu, encantado da vida, ia extraindo o vinho dos barris para os garrafões vazios.
Depois é só atestar de novo todos os barris com água.

Portanto, concentrando-me no batismo feito na Guiné  ficávamos com uns barris de vinho de uva de Portugal, alguma água de Portugal também, e alguma água da Guiné, mais especificamente do rio Geba que, diziam, era de onde a água vinha para a abastecer a cidade de Bissau, local do batismo do vinho.
O conteúdo saído dos barris, para equilibrar o equilíbrio cúbico entre os mesmos, era colocado, como já disse, no vasilhame lavado e vazio que, depois disso, ficava quase cheios e, esta operação repetia-se para cada cinco novos barris, à medida que fosse necessário utilizar, para o consumo da Messe.

Até então, todos os barris estavam tapados com as serapilheiras molhadas, para ajudar a embuchar a madeira dos barris!... Não que eu tivesse medo que a madeira ficasse com os copos mas sim, para que as minhas contas ficassem certas no final, quando fizesse o balanço!...

Voltando ao eu estar ‘feliz da vida’, cantando o ‘trai-lá-lá-lá-la-rai’ ou lá o que era, e como era Sábado, eu, a pensar, pensando que o meu ‘querido’ Tenente, tinha ido para a praia com a senhora dele... a pensar na minha ideia-decisão de remediar o problema em frente do meu nariz enquanto que, ao mesmo tempo ponderava o facto de que lá porque o batismo ser ao Sábado, não implicava qualquer ‘facciosidade’ religiosa ou desportiva. Até era mais uma espécie de, eu a pensar e a falar para mim sozinho dizendo, sem dizer mesmo nada -’se puderes evitar que outros saibam disto, melhor para ti Mário".

Mal sabia eu o que me esperava porque...

Não só ficou a saber alguém mais (!) como ainda por cima, ficou a saber a pessoa que eu queria evitar a todo o custo, que viesse a saber. Sorte d’um cabrão (!) - apesar de ainda não ser casado. Um Mário saber do assunto, vá que não vá, mas logo dois Mários, eram muitos Mários juntos saber.

É que - até nem sei bem se já disse antes ou não mas, se não disse, digo-o agora - que ele, o meu ‘querido’ Tenente também se chamava Mário e, não sei o que raios é que ele tinha estado a fazer com a senhora dele toda a manhã, para - vejam só - acabarem por perder o avião que era "g" e "g" (grande e grátis) (!), para Bubaque, que é uma Ilha, no conjunto de outras lindas ilhas, pertencente ao arquipélago dos Bijagós, na costa Oeste da Guiné, com umas belíssimas praias onde, hoje, dizem por aí, que os Colombianos da Colômbia – não a nível oficial, penso eu – estabeleceram ‘uma espécie de trampolim’ para fazer saltar a ‘droga’ para a Europa.

Ora bem, como dizia eu ‘o meu querido (?) tenente tinha perdido o avião e, explicando melhor explico que, eu não tenho nada contra isso e, nem sequer quero saber, se ele perdeu um avião ou dois.

Primeiro - porque não eram nem são meus. Segundo porque, pois aí é que está ‘o segundo’ que se transformou quase num pesadelo por horas, durante toda a tarde. É que o raio do Tenente - que, se eu soubesse que ele ainda estava vivo, como eu ainda estou, aqui lhe mandava um abraço amigo porque, na verdade, ele até era realmente um amigo, facto que reconheci mais tarde e, continuando, não é que ele apareceu ali, lá mesmo no armazém, exactamente quando eu estava ‘no meio da cerimónia batismal’ do vinho o que, sem ser um sacrilégio religioso, foi uma grande afronta para mim?!

Como iria eu a adivinhar uma coisa daquelas?

Vejam só. Num Sábado, dia de ir para a praia e dia do batismo do vinho e do qual, ele – Tenente - não era o padrinho nem convidado sequer e, aparecer-me ali assim, sem mais nem menos, inesperadamente, mesmo no meio da ‘cerimónia batismal’.

Imaginem os leitores. Estando eu em calções, de alpercatas enfiadas nos pés, tronco nu, na companhia de um macaco-cão e de um copo daqueles que aqui - refiro-me ao facto de estar nos EUA, quando escrevo esta parte que estou a escrever - se chamam ‘high-ball’, de vinho misturado com ‘7-UP’, assobiando ‘cá vai Lisboa, blá, blá, blá’, aparentemente contente da vida com a miséria de vida que levava, quando de repente, vejo reflectida na parede em frente ao local onde me encontrava, uma sombra avultada de figura humana semelhante a alguém que, pelo tamanho, parecia ser de alguém que eu conhecia e que, eu não queria acreditar que fosse quem pensei que fosse porque, supostamente deveria de estar na praia.

O macaco-cão, deu um pulo que nem um macaco p’ró ar, e eu rodopiando, dei um pulo, que nem um cão, p’ró ar, primeiro, caindo p’ró chão de seguida. E, enquanto ia no ar, pensando com tanta força que até transpirei mais do que já transpirava, a pensar pensando: - ’de quem é que raio seria aquela sombra’ - quando, de repente, ainda sem estar totalmente rodopiado, ouvi aquela voz inconfundível.
O salto que dei, foi assim devagar, devagarinho, assim como que ao jeito de um golpe de ‘kung-fu’, sem fazer muita onda e, quando, surpreendido, encarei com ele, tentando mostrar a minha surpresa, expressei um ‘aiii’, primeiro porque tinha caído p’ró chão e, após levantar-me rápido, um ‘oooooh’, de espanto, ao deparar com a figura dele, o meu ‘querido’ Tenente.

Então ele, com uma voz ‘rígida e metálica’, assim um tanto ou quanto ‘áspera e ameaçadora’, atira a seguinte pergunta, de imediato: - ‘O que é que você está a fazer’?

Ainda hoje, cada vez que me lembro, fico com os ouvidos a ‘zunir’ e um ‘pipi’ leve humidifíca o meu ‘underware’ ou, como se diz em português, humidifica as minhas cuecas. Imaginem os leitores, mas imaginem mesmo bem, como ‘não fiquei’ naquela ocasião.
Naquele momento eu, sem falar, pensei:  – ‘Com uma inteligência destas, como é que este gajo chegou a Tenente’? Claro, era só eu a pensar, pela estupidez (sem ofensa) da pergunta, porque ele, o Tenente, quando me esteve a observar, teve tempo mais que suficiente de ter visto - e bem - o que é que eu estava a fazer, antes de fazer a pergunta que fez.

- ‘Enfim... dá Deus (?) nozes a quem não tem dentes’ - disse eu entre dentes. E, convém dizer ao mesmo tempo, que se ali estivesse um buraco para me enfiar por ele adentro de certeza que me tinha enfiado nele, na vertical ou na horizontal que, para o efeito, tanto se me dava, desde que desaparecesse. Mas, perante tal situação, e à falta do buraco, só me restava ter calma e coragem para enfrentar ‘o bicho’ de frente, sem medo.
E, quando digo ’bicho’ é somente uma expressão e não com a intenção de ofender porque, mais tarde, tive oportunidade de confirmar que ele, até era boa pessoa conforme já referi noutro local destas linhas. Então, após o meu ‘ooooh’ inicial e, ‘olhos nos olhos’, sem compaixão alguma para com ele, pensando só e somente em mim, não tendo nada a esconder - nem podendo esconder tão-pouco porque ele já tinha visto ‘o meu jogo’ - respondi-lhe, como que perguntando_ - ‘Que raio de pergunta é essa’? - Continuando, continuei:  – ‘ O meu Tenente não estava a ver’?

Frente a frente ‘dois Mários’ – lembram-se daquela parte onde eu refiro antes, que raramente um Leão ataca o outro, a não ser que se sinta ameaçado? Pois, aqui, ainda por cima, essa frase tinha ‘dupla consonância’ porque não só eram ‘dois Mários’ como, por cima ou por baixo, ambos éramos adeptos do Sporting e, por isso, ‘Leões’, pelo que, um ataque frontal seria muito remoto.
Desta forma, numa situação, se não semelhante, poderia ser análoga e, eu, recordando-me disso, acalmei e fiquei à espera que ele ‘engolisse em seco’, a minha pergunta, em resposta à pergunta dele.

Com um ar surpreendido, volta à carga outra vez, mas num tom um tanto ou quanto diferente: - ‘Então você está a pôr água no vinho’?

- ‘Ah pois’ – respondi-lhe e, acrescentando, acrescentei: – ‘Então o meu tenente não sabe’?

O tom da minha voz, quando lhe chamei ‘Tenente’, era como que estivesse a diminuir o tê de ‘T’ grande para ‘t’ pequeno da palavra Tenente numa espécie de diminuir o valor do significado da mesma, já que a ele não podia diminuir porque era bem forte.

Então volta ele à carga. - ‘Você quer desgraçar a minha vida’?

- ‘Não senhor’ - disse eu - ‘Nem a do meu tenente, nem a minha’ - E, continuando, continuei - ‘Então o meu Tenente não sabe que os barris não vêem cheios’? - ‘Quer ver? - insisti sem lhe dar tempo a falar, avançando para um dos barris que ainda não estavam abertos, usando o martelo, chave de fendas, e sevina, para extrair o batoque.

Batoque tirado, peguei na varinha medidora, e meti-a no barril, retirando-a em seguida e, ‘bingo’, ali estava a prova do que eu dizia. Faltavam cerca de 3 litros.
Com um sorriso forçado, assim como quando o Sporting ganha mas joga mal, sorrindo com ar de estar a ganhar ‘a batalha’ mas, cujo resultado final ‘da guerra’ ainda não sabia, virei-me para ele e disse-lhe: - ‘O meu Tenente bebeu algum vinho deste barril’? – e, sem esperar a resposta dele, voltei a dizer: - ‘pois eu também não’.

- ‘Mas - disse ele – ‘você nunca me disse nada sobre isto’.
- ‘Bem - disse eu – nunca lhe disse nada, nem sobre isto nem sobre outras coisas porque, para eu lhe dizer tudo o que seria necessário, o meu Tenente não poderia ir todos os fins de semana para a praia - e, de propósito, não referi ‘com a sua senhora’ porque eu não gosto de misturar a família com negócios privados. Continuando, insisti: - ‘Estamos em Guerra, não é’? Então a Guerra é para todos ou é só para alguns’?

Então, o meu ‘querido’ Tenente, olhando assim com ‘ar de vencido’ mas com o olhar de orgulho no ‘primeiro Cabo’ (eu) que tinha à frente dele, disse: -‘E os oficiais não reclamam’?
-‘Não senhor - respondi eu, mas dei-me explicar melhor e continuei: - ‘É o seguinte’, eles, os oficiais, põem gelo no copo grande – tipo ‘highball’ – e, depois, deitam o vinho em cima do gelo que está dentro do copo e, alguns deles ainda misturam com limonada ou 7-UP. Já está a ver a coisa’? - rematei eu.
E, continuando: - ‘Portanto, no final, tanto sabem eles se a ‘água é do gelo ou se é do vinho, daquela que eu lhe pus aqui, ou se é da água que já lhe puseram, lá em Portugal’.
Insistindo, insisti: - ‘Não me diga o meu Tenente que acredita - ou pensa, agora já não me lembro se foi uma ou se foi outra – ‘que lá em Portugal não lhe puseram água’?

Foi aqui que eu refraseei aquela coisa que já referi antes duas ou três vezes e, que é o seguinte – continuando eu no ataque, embora quando jogo à bola, até gosto mais de estar na defesa, mais, até para não me cansar muito.

‘Percebeu, o meu Tenente ou não percebeu’?
Se não percebeu percebesse porque
Eu, quando não percebo
Faço por perceber
Que é para as outras pessoas perceberem
Que eu percebi.
Percebeu?

Ali, com ele quase ‘convertido ao meu batismo’ sem sequer lhe ter mencionado os 10% de $$$ que outros, de outras religiões querem, eu já sabia que a ‘batalha estava ganha’ embora a gente continuasse em guerra.
Mas, parecendo ‘ferido nos galões que tinha ao ombro’, voltou à carga: – ‘Então, e o nosso Comandante não reclama’?
Eu, vendo que ele não podia ir mais para acima do que além ‘do nosso Comandante’ – que era um General - respondi-lhe: - ‘O nosso Comandante é uma homem igual aos outros todos, somente com mais umas tiras de farrapo, ou com uma estrelas aos ombros, feitas por alguém que nem sequer deve ter sido a mulher dele’.

Convém mencionar que o ‘nosso Comandante’ – Manuel Diogo Neto que, após o 25 de Abril, fez parte da Junta de Salvação Nacional – até era boa pessoa porque, uma vez, como eu tinha direito a viajar ‘grátis’, nos aviões da FAP (Força Aérea Portuguesa) – na maioria compostos por aviões que os americanos ou outros países já não usavam - lhe pedi uma boleia para a filha menor de uma pessoa amiga e ele aceitou, recomendando-me que dissesse que ela era minha sobrinha, o que diz algo a seu favor.

Porra que o homem não desiste, pensei eu. Pergunta novamente o Tenente: - ‘Que vinho é que você me serve a mim’?
Aqui, ‘queridos’ leitores e leitoras, tenho que explicar que, naquela ocasião eu já andava a aprender inglês, cujo professor era um alferes do Exército e como tal, para ir treinando o meu ‘english’, respondi-lhe: - ‘Wait a minute’ -  continuando:  – ‘aaah isso é outra coisa’. Do you see this empty garrafões’? (eu, na ocasião, não sabia ainda como se dizia garrafões, em inglês) - ‘Quer ver’? - ‘Mas – disse eu - para melhor, deixe-me pegar na mangueira, para ‘fixar’ este barril que acabei de abrir agora mesmo.
Já eram seis.

Com ele a observar, meti a mangueira no barril, chupei e engoli um pouco, que até quase me ia engasgando, fazendo uma espécie de ‘aaaaaah’ - de propósito, mais até para o irritar um pouco mais - deixei correr mais ou menos dois litros e meio para um garrafão que ainda não estava cheio e, meti outra vez a varinha para garantir que o barril não tinha mais que 95 litros. Se tivesse um pouco menos, melhor ainda.

Pego na outra mangueira, dobro-lhe a ponta, desenrosco a agulheta, e acabo de encher o barril e, com a varinha medidora, remexo o conteúdo do barril. Pego num copo vazio que lá tinha sempre a mais - porque aos fins de semana apareciam sempre dois ou três amigos que andavam no Exército e, como lá no Exército, não havia tanta fartura – ou os sargentos do Exército roubavam mais - quase sempre me iam visitar, – tiro com a mangueira, um pouco de vinho do barril acabado de ‘batisar’ depois de remexer o conteúdo com a varinha somente para lhe dar a provar.

Depois, para que não ficasse com um sabor errado na boca, deitei um pouco de vinho no mesmo copo, retirado de um dos garrafões que estavam ao lado, mais até para ver se ele notava que o vinho que eu lhe dei na véspera, era de um ou de outro devido a que, na véspera, eu ainda não sabia deste problema e, como tal, o vinho da véspera não tinha sido batisado por mim, cuja religião, garanto-lhes é a melhor de todas. Neutral.
Bem, mesmo que a diferença não fosse muita, ela existia pelo menos, em dois ou três (+ - ) litros de água.
Coloquei aquele copo perto de onde eu tinha o meu e, de seguida, coloco o batoque de volta, prego a chapinha novamente, deito o barril no chão, dou-lhe umas duas voltas para misturar a mistura e volto a colocá-lo na vertical, etc., etc.
Peguei no meu copo que tinha ao lado, deitei mais um pouco de vinho no mesmo, estendi a minha mão com o outro copo para ele – meu querido tenente - disse-lhe: - À nossa saúde, para que as nossas mulheres não fiquem viúvas. - Isto, apesar de eu ainda ser solteiro – naquela ocasião - disse-o ‘anyway’ porque eu gosto de pensar de avanço.

Voltando um pouco atrás, eu, ao mesmo tempo que falava, utilizando o pedaço da mangueira, a sevina, para tirar o batoque do barril que ainda estava ‘virgem’, conforme ia mostrando ao Tenente como é que se fazia ‘o batismo à minha maneira’, e não à maneira desses grupos religiosos, que até andam ‘à caça dos 10% do ‘tithe’ por se ser membro da religião deles que, convém sublinhar, e segundo eles ‘é sempre a melhor de todas’ e que, é por isso, que eu não pertenço a nenhuma, como ia dizendo, conforme falava, gesticulava muito sendo até por isso que há pessoas que já me têm dito que é um defeito mas, ‘eu estou-me nas tintas’ desde que ‘acomplish’ os meus objectivos.

A terminar disse-lhe: - ‘Para o pessoal da casa usa-se este vinho que está aqui nestes garrafões ao lado porque, se tiver água, é água de Portugal.
E, aqui, na frase ‘é água de Portugal’, utilizei um tom de voz assim, como que um tanto ou quanto, com emoção ‘nacionalista’, como uma espécie de orgulho, por ser português.
Ele, o meu ‘querido Tenente’, quando viu (?) ‘o meu patriotismo’ assim mesmo quase (?) ‘à flor da pele’, foi-se embora sem sequer dizer uma ‘Avé-Maria’ e, que eu saiba, nunca mais falou no assunto, pelo menos para mim mas, que falou, falou.

A razão porque digo o que digo quando digo: ‘mas que falou, falou’ - é derivado a que, já depois de eu sair da tropa, passando à disponibilidade, como se diz ao facto de terminar o serviço militar – tendo ficado lá na Guiné – e já, portanto na vida civil, aconteceu que, o Tenente substituto do outro - que até foi também meu chefe, após substituir o primeiro - visitou o local onde eu trabalhava, chamado Solmar e, dirigindo-se a mim, chamou-me à parte, dizendo: - ‘Oh cabo, faça-me um favor' - e continuou - ‘vá lá acima à Messe a ensinar aquele “cabrão” do cabo Zé António – palavras do ‘Senhor Tenente’, embora eu é que as escreva – ‘senão vou eu e ele para a “Choupa".
A propósito, lembram-se da ‘choupa’.

Fim, por agora porque continuará numa próxima vez!...
Estejam alerta.
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Nota de CV:

Vd. poste anterior de 10 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9019: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (37): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (4): Autobiocómica: Passatempo, traquinices, enquanto teen-ager