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sábado, 12 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9029: O nosso blogue em números (14): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Manuel Marinho e Raul Albino



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Rio Corubal > Rápidos do Saltinho > 3 de Março de 2008 > Lavadeiras do Saltinho...


Foto: © Luís Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


A. Mais dois comentários sobre o nosso blogue (*), enviados pelo Manuel Marinho e pelo Raul Albino, em 5 e 7 do corrente, respetivamente:

1. Manuel Marinho (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74):

 

(...) Como gosto muito deste blogue, que tem para mim um significado importante, aceito o desafio que os editores nos colocam (*). Contribuir de forma modesta e com a crítica construtiva para ajudar a que este enorme espólio de memórias seja isso mesmo, memórias de Guerra da Guiné.


E é com pena minha que estou desapontado com os caminhos que se tem trilhado ultimamente, tudo o que é escrito tem acolhimento no blogue, sem haver o cuidado de seleccionar textos com o mínimo de razoabilidade.


As razões apontadas pelo facto de haver cada vez mais blogues a tratar do tema da guerra colonial, não são suficientes para que se perca a qualidade, e a marca deste blogue, que é único, e não podemos de forma nenhuma tentar nivelar por baixo, os que nos copiam, é um estilo e uma identidade que poderemos perder se houver a tentação de ir por esse caminho. Pessoalmente, neste blogue estou muito bem, por isso acedi a enviar estas linhas para os editores.

As muitas entradas de novos camaradas são para saudar, mas não devemos fazer disso uma prioridade, porque se somos mais, contrariando toda a lógica, há menos escritos de muitos camaradas que o deixaram de fazer.



Naturalmente nem todos os temas postados no blogue são abrangentes, e alguns deles ficam limitados a uns poucos,  o que não significa menos interesse.


Mas ultimamente são postados textos sucessivos de gosto duvidoso e que nada acrescentam de valia ao blogue, e pior, nada têm a ver com a guerra da Guiné, e que na minha modesta opinião afastam e desiludem quem quer escrever e colaborar activamente com o blogue.


Quantas vezes já me apeteceu fazer um comentário e olhei para o que já estava escrito por outros e desisti por entender que seria demais, e quando volto mais tarde ao visionamento verifico que foram colocados mais alguns dizendo o que já lá estava, e entendo que muitos comentários não significam necessariamente um bom texto, mas é a minha opinião que vale aquilo que vale.


De facto podemos chegar à situação caricata de cada vez se tornar mais difícil contar uma simples estória de guerra, que é a razão principal da existência do blogue. (...)

2. Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato)

(...) Não posso sugerir mudanças no blogue, porque isso implica retirar algo por troca com outra coisa.

Depois de tanto tempo de vida do nosso blogue e tanto esforço dos seus editores em mantê-lo com sucesso, vou sugerir que a fórmula que temos perdure por mais algum tempo, mais propriamente até que outra fórmula, a existir, tenha adquirido poder de substituição.

Agora, enriquecer o blogue, é algo que deve estar sempre no nosso pensamento. E as boas ideias poderão vir a saltar das mais inesperadas pessoas. A iniciativa desta sondagem com solicitação de ajuda, pode bem despoletar essas ideias. Vai de certeza levar a várias discussões sobre o assunto.

Concretamente proponho que se reserve um período do nosso convívio anual, no próprio dia ou na véspera, para debater as ideias mais interessantes de entre todas as recebidas, para de viva vós serem abordados os prós e contras de cada uma das ideias e que elas possam ser defendidas pelos proponentes. Até para isto, as instalações que temos usado dos últimos anos, são excelentes.

Em termos de ideias próprias, estou a trabalhar numa em particular, que de algum modo já abordei com o Luís e talvez com o Carlos, que julgo não foram bem compreendidas. Espero já a ter mais bem delineada, pela altura do próximo convívio. Estou a tentar criar uma pequena demonstração, para facilitar a abordagem e permitir alterações ou melhorias, depois de discutida, ou abandonada, pura e simplesmente, se não tiver pernas para andar ou não for de interesse colectivo. Tenham, portanto, um pouco de paciência.

Agradecido pela vossa dedicação a esta causa que dá pelo nome de Tabanca Grande. Um grande abraço para todos vós e que esta iniciativa que tiveram seja coroada de êxito. (...)
_______________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série > 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9017: O blogue em números (13) : A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Virgínio Briote e Beja Santos



6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9003: O nosso blogue em números (10): Atingidos os 9 mil postes, a caminho dos 3 milhões de visitas... Tempo de balanço(s)...

(...) Queremos fazer mais e sobretudo melhor, o que nos obriga a inquirir duas coisas junto dos nossos leitores:

(a) O que é que está menos bem, hoje em dia ? O que é que vocês, que estão do outro lado e nos leem (escrevo segundo a nova ortografia...),  pensam do blogue atual, nos seus aspetos negativos ?

(b) O que é que está bem ? Quais os aspetos positivos, que devemos manter e valorizar ? O que é que o blogue representa (ainda...) para cada um de vocês, sobretudo para aqueles que se identificam com a nossa "política editorial", com a ideia de fazer um blogue de partilha de memórias e de afetos à volta da Guiné e da guerra que nos levou lá (grosso modo, de 1961 a 1974) ?

(iv) Aceitam-se  (e publicam-se, desde já)  as vossas opiniões, desde que devidamente assumidas e assinadas, a remeter para o nosso endereço de correio eletrónico: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (...)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8127: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (7): Estimado Blogue, passados apenas 7 anos acolhes quase 500 ex-combatentes (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho (1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 14 de Abril de 2011:


O 7º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE

Estimado BLOG amigo, vais fazer 7 anos de existência, e faço questão de não te esquecer, dirigindo-te umas pequenas palavras de reconhecimento pelo teu sucesso, que atingiu níveis que nem tu sequer imaginavas quando o teu autor Luís Graça te criou.

E tudo o que se diga de bom a teu respeito é pouco, muito e bem o mereces.

Afinal nunca pensaste que passados apenas 7 anos, hoje estarias a dar alojamento a quase 500 ex-combatentes, que te contam e confidenciam muitas das coisas, que a mais ninguém contaram.

Tens a virtude de aturar-lhes as manias e às vezes as más disposições que também fazem parte da vida, quando isso acontece é porque há pessoas que os insultam na sua dignidade de ex-combatentes, e julgam que podem apagar a História, a seu bel prazer.

E aí acolhes a justa e merecida indignação de muitos deles, és o amigo de sempre.

A tua hospitalidade, para com toda esta malta, requer organização, normas de convívio e a melhor das vontades, para zelar pela boa condução das mesmas.

Por isso tens como editores além do teu administrador Luís Graça, os camaradas Carlos Vinhal e Magalhães Ribeiro estes quase a tempo inteiro, e o Virgínio Briote em descanso, mas provavelmente muito atento.

E como cresceste de forma muito rápida na forma e no conteúdo, arranjaram-te um conjunto de excelentes colaboradores permanentes.

Espero que nunca te envaideças e continues a tratar todos estes ex-combatentes com a mesma simplicidade de sempre.

Mas também com o orgulho de acolheres no Blog esta geração que um dia combateu, e faz questão de Honra de não ser esquecida, e muito menos mal tratada.

Mas és um privilegiado porque recebes de todos eles as estórias que um dia vão fazer parte da História da Guerra Colonial na Guiné.

A maior parte delas são dolorosas, ou não se tivessem passado numa Guerra, mas não fiques com sentimentos de culpa, podes estar sossegado que os que te escrevem ficam-te com uma gratidão ilimitada, és o único confidente credível que arranjaram para dialogarem com a linguagem que só eles entendem.

És dono de uma riqueza sem igual, por teres adquirido informação que poucos ou quase nenhum Blog te poderá igualar.

E depois tens as escritas organizadas por temas, destaco duas por razões diferentes.

Blogpoesia;
A poesia não sendo o tipo de leitura que eu aprecie (sou um anarca nas minhas leituras), mas reconheço que nem todos podem ter essa capacidade de transmitir sentimentos pela escrita, como os nossos poetas e uma poetisa o têm feito para ti, com um crescimento que me apraz registar

Parabéns a você;
Nesta fico intrigado, e aqui tens de intervir pedindo a colaboração dos teus alojados ex-combatentes para que repartam equitativamente os votos de Parabéns, por achar que é um tema que deveria ser mais consensual.

Nunca percebi que uns tenham 30 ou 35 comentários e outros apenas metade, vê se consegues fazer com que todos recebam umas simples linhas de amizade que só uma vez por ano se dão, e que sabem bem a quem as recebe, ou não somos todos camaradas?

Por fim ao pedir-te alojamento, fiquei viciado nas visitas que te faço diariamente, acho que até por isso não poderia ficar bem sem te desejar a ti Blog, que continues em crescimento, acolhendo muito mais camaradas que por certo virão ter contigo.

E a todos os ex-combatentes que te continuam a mimosear com os seus escritos as maiores felicidades.

PARABÉNS BLOG!

Um grande abraço para todos vós
Manuel Marinho


2. Nota do editor de serviço:

Caro Manuel Marinho
Obrigado pelas tuas palavras que vão por inteiro para o Luís. Ele sim tem as costas largas para aguentar os nossos elogios.

Quanto à tua observação sobre o número de mensagens que os aniversariantes recebem, como compreendes não depende de nós. As mensagens enviadas/recebidas dependem de muitos factores, tais como, digo eu, a antiguidade no Blogue, a participação mais ou menos activa, pertencer a um ou outro grupo restrito de amigos (Tabancas, por exemplo), etc, etc.

No primeiro ano fizemos um tipo de postes onde praticamente voltámos a apresentar à tertúlia os aniversariantes, mas depois achamos exaustivo estar sempre a dizer a mesma coisa todos os anos. Interessa sim, lembrar cada aniversário porque é sinónimo de que estamos por aqui prontos para a luta diária, venham as dificuldades donde vierem. Cabe a cada camarada manifestar a sua solidariedade, enviando os parabéns ao aniversariante. Não esqueças, contudo, que há contactos directos que não contam para as estatísticas. Eu sou um dos que enviam os parabéns por mensagem ao próprio, como sabes.

Um abraço e muito obrigado pelas tuas observações sempre oportunas.
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8067: (Ex)citações (135): Reflexão - Será que nos repetimos? (Manuel Marinho)

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8122: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (6): Que rica é a nossa Tabanca (2) (Albino Silva)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8079: Parabéns a você (241): Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil, BA 12, 1868/70; Jorge Picado, ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, CART 2732 e CAOP 1, 1970/72; Manuel Marinho, ex-1.º Cabo na 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Binta, 1972/74 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ(S)

11 DE ABRIL DE 2011

Postais de aniversário idealizados por Miguel Pessoa

JORGE FÉLIX

JORGE PICADO

MANUEL MARINHO


Neste dia 11 de Abril, mais três camaradas e grandes amigos festejam o seu aniversário, dois deles que o editor de serviço tem o prazer de conhecer pessoalmente, o Jorge Félix, um dos nossos gloriosos pilotos de helicóptero Alouette III e o Jorge Picado, meu capitão de poucos mas muito animados meses em Mansabá, e o terceiro, o Manuel Marinho que no Blogue tem já um cunho pessoal quer nos seus postes publicados, quer nas suas chamadas de atenção quando acha que algo não está bem. Cada um à sua maneira merece a nossa consideração e amizade.

Caros camaradas, a Tabanca Grande solidariza-se convosco nesta data festiva.

Os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejam-vos um feliz dia de aniversário junto dos vossos familiares e amigos mais próximos.

Que festejeis esta data por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amais e prezais, são os nossos votos.

Na hora do brinde não esqueçais os vossos camarigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
____________

Notas de CV:

- Jorge Félix foi Alf Mil Pil Heli Al III, BA 12, Bissalanca, 1968/70

- Jorge Picado foi Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72

- Manuel Marinho foi 1.º Cabo na 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8070: Parabéns a você (240): Ao Pessoa, ao Miguel, ao nosso camarigão, ao companheiro dum anjo da guarda chamado Giselda, ao cartoonista mais strelado do mundo... (O Tabancal... em peso)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8067: (Ex)citações (135): Reflexão - Será que nos repetimos? (Manuel Marinho)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 5 de Abril de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Se assim o entenderes publica


Reflexão

Caros camaradas,
Estas linhas destinam-se apenas a reflectir sobre algumas coisas que podem ser melhoradas no nosso Blogue, quando se aproxima mais um aniversário do mesmo.

Quando camaradas se dispõem a escrever as vivências e memórias da guerra na Guiné, para este Blogue, devem os editores alertar para os escritos já existentes sobre o tema ou assunto sobre o qual o camarada vai escrever, ou escreveu.
Tudo o que se escreve é muito bem-vindo, mas tem de se ter em conta a opinião de outros escritos já existentes. Se acrescenta mais óptimo, se contradiz com factos, melhor ainda, não se não é nada disto….

Porque pode acontecer estarmos a repetir-nos constantemente, e a fazer figuras que poderão ser de formas mais ou menos entendidas como “professorais”.

Vem isto a propósito de um texto escrito por um camarada do meu BCAÇ 4512 sobre Guidaje.

Depois da saudação devida ao camarada no primeiro texto, esperei novidades para o seguinte sobre Guidaje, mas nada de novo se acrescentou, e no meu comentário que teve de ser longo evitei ir por outros caminhos.
Para mim a questão Guidaje está muito bem narrada neste Blogue fruto de excelentes textos de um conjunto de camaradas que para tal contribuíram, eu muito modestamente, mas sempre a incentivar quem tinha mais para dizer.

Mas esse texto remetia o leitor para um link de outro Blogue, com a descrição de outro texto de outro camarada da mesma CCAÇ, eu fui verificar se havia coisas novas, e verifico que o referido texto foi originalmente publicado no nosso Blogue.

Sou assíduo leitor dos Blogues e sites de camaradas ex-combatentes e todos me merecem respeito e consideração, portanto não está em causa nenhum deles, nem tal me passaria pela cabeça. O problema para mim é outro, se o original está cá, é este que deve ser indicado, por uma questão de ética e respeito para com o nosso Blog.

Mesmo que a indicação seja outra, é o texto original que deve servir de referência, senão inadvertidamente, estamos a esfaquear o “pai”.

Cumpro o meu dever para com este enorme Blogue único no género e onde fui recebido como irmão, camarada e amigo, onde tento sempre retribuir da mesma forma.
Devo por isso obrigação de nunca desapontar esta grande família de “camarigos” palavra inventada por um nosso camarada, que define muito bem esta amálgama de fraternidade e amizade.

Ainda hoje lamentavelmente, se escrevem livros sobre a Guerra na Guiné, ignorando, números, datas e vítimas que já foram vividas e narradas pelos ex-combatentes.
Prefere-se consultar apenas os relatórios militares da altura, que omitem demasiadas coisas que se passaram.  A História do meu BCAÇ 4512 é um exemplo.

Vamos fazer todo um esforço para melhorarmos e salvaguardarmos este riquíssimo património escrito que é nosso.
Aos camaradas designados para o corpo redactorial a quem envio um grande abraço compete-lhes zelar para que assim seja.

Aos editores o meu obrigado
Um abraço para todos
Manuel Marinho
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7631: Notas de leitura (189): A minha coluna emboscada e o livro A Última Missão, do Cor Moura Calheiros (Manuel Marinho)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7631: Notas de leitura (189): A minha coluna emboscada e o livro A Última Missão, do Cor Moura Calheiros (Manuel Marinho)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 16 de Janeiro de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Envio-te este texto, se entenderes publica.
Manuel Marinho




A minha coluna emboscada, e o livro “A Última Missão”

Quero saudar o Cor Moura Calheiros pelo seu livro A Última Missão** que é um testemunho de grande qualidade para os ex-combatentes na Guiné, onde nos é dado a conhecer a grande actividade operacional do BCP12, a par de grandes operações realizadas em 71/73 em conjunto com Companhias de tropa regular.

Pela escrita avalizada do Cmdt Operacional dos Pára-quedistas, todos os militares são tratados sem falsos heroísmos, mas com elevado valor pelas dificuldades passadas.

Por exemplo:

- As dificuldades das Unidades que ocuparam o Cantanhêz, e construíram quartéis de raiz.
- As operações para libertar Guidaje, e a defesa heróica de Gadamael, e por aí fora.

Mas o que me leva a escrever este pequeno texto, são algumas questões novas contidas no livro, referentes a Guidaje nas quais eu participei.

Já não chegava o facto de termos ido numa coluna mal organizada operacionalmente, de nos terem mandado avançar de noite, de não terem avaliado bem o IN acabo por saber pelo Cor Moura Calheiros que até os socorros nos foram negados.

Nos fatídicos dias 8 e 9 de Maio de 1973 na coluna para reabastecer Guidaje, mal tivemos o primeiro contacto com o IN, (noite de 8) os pedidos de ajuda foram efectuados em tempo oportuno já adivinhando o que nos esperava, por não podermos retirar do local onde estávamos.
A viatura da frente da coluna (Berliet) estava imobilizada por efeito de mina.

Sei hoje graças ao Cor Moura Calheiros, no seu livro “A Última Missão” que a CCP 121 esteve em estado de prontidão para nos ir socorrer, logo na madrugada de 9 de Maio, desde as 5,00 horas até à nossa difícil retirada, para Binta.

A Missão dos Pára-quedistas era a de socorrer a coluna e recuperar as viaturas, sobretudo as que transportavam munições.
Os altos Comandos Militares na altura, esperaram para ver o que acontecia, e deixaram a situação chegar ao extremo.
Como o desenlace foi aquele, restou mandar bombardear as viaturas.

É provável que houvesse razões para crer que na manhã de 9 de Maio de 73 conseguiríamos repelir o IN, afinal era mais uma pequena emboscada. Mas não. Eram mais de 100 elementos IN na zona, e nós cerca de 50. Mesmo assim, com um IN muito superior em número, as suas baixas foram 3 vezes superior às nossas.
Infelizmente foi o começo na grande ofensiva terrestre do PAIGC no cerco a Guidaje, porque os ataques ao aquartelamento já estavam bem adiantados com fortes flagelações.

Lembro que fomos salvos por uma pequena força de cerca de 14 elementos da minha 1ª Ccaç/BCAÇ 4512 de Binta, que com enormes dificuldades conseguiu chegar até nós pelo menos com 2 viaturas e conseguimos com a sua ajuda retirar os nossos feridos.

Essa pequena força comandada por um Furriel foi resgatar com muito custo o meu amigo e Cmdt da coluna Alferes O.E., que se encontrava com a perna fracturada, e o trouxe às suas costas até à viatura.
Se (e este se é mesmo isso) a CCP 121 tivesse ido até Binta, chegaria a tempo de aliviar a pressão sobre nós, talvez salvar as cargas das viaturas, e na impossibilidade de minimizar as baixas que sofremos (4 mortos), teríamos conseguido de certeza trazer os corpos dos nossos camaradas que lá ficaram mais 2 meses, e isso já seria muito.

Mas isto são apenas ses.

Agora permitam a minha ousadia de questionar as considerações feitas no depoimento na parte final do livro pelo Sr Manuel dos Santos, ao tempo Cmdt das forças do PAIGC na frente Norte em 73 e na defesa da base de Cumbamory.
Passados todos estes anos é feita uma completa desvalorização por parte do PAIGC do ataque à base de Cumbamory pelo testemunho de um seu Comdt na época em questão.

Sobre a Operação “Ametista Real”:

Entre outras retiro estas afirmações:

- As bombas lançadas pela nossa aviação caíram em volta, na bolanha e não nas nossas posições.

- O único material destruído foram cerca de 20 foguetões 122mm.

- Na base não tivemos um único morto.

Estas são algumas das opiniões do Sr Manuel Santos. Perante este depoimento que dizer?

Os testemunhos de quem lá combateu do BCA na operação à base de Cumbamory dizem-nos que houve praticamente luta corpo a corpo. Como é possível numa operação daquelas os resultados serem estes?

Opiniões…

Apetece-me ironizar mas tenho muito respeito pelo autor do livro para o fazer.
Ao menos nos nossos testemunhos da guerra, não escamoteamos as nossas perdas, dignificamos sempre os nossos mortos caídos em combate, que é a forma mais honrosa de lhes perpetuarmos a memória.

Somos muito críticos, por vezes demasiado duros, a ajuizar o nosso comportamento na Guerra na Guiné, até surgem discussões entre nós, apenas com o intuito de sermos rigorosos na forma de contar o como foi e de que maneira aconteceu. Por isso somos, a consciência moral da Guerra Colonial da Guiné, e por muito que isso custe a quem quer que seja, ninguém apagará os nossos testemunhos, contados neste grande Blog, rico em amizade, camaradagem e solidariedade, único no género.

Por último aceitem a sugestão deste simples leitor e vosso camarada, leiam o livro.

Ao Cor Moura Calheiros, o meu obrigado mais uma vez por estas memórias, que ajudam a compreender o que foi aquele período na Guiné.

Um abraço para todos vós.
Manuel Marinho
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7318: In Memoriam (61): Fanta Baldé, de Farim (Manuel Marinho)

(**) Vd. poste de 5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7385: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (4): "A História, tal como a ficção, não pode ficar em suspenso sem um epílogo que a justifique e lhe dê um sentido" (António-Pedro de Vasconcelos)

Vd. último poste da série de 14 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7614: Notas de leitura (188): Lugares de Passagem, de José Brás (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7318: In Memoriam (61): Fanta Baldé, de Farim (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 20 de Novembro de 2010:


Caro Carlos Vinhal:
Envio este texto como comentário ao P1475 (**) que pretende realçar o talento deste camarada que neste texto fala de uma grande mulher africana que eu conheci, de seu nome: Fanta Baldé.


Um grande abraço
Manuel Marinho





A bela homenagem à mulher africana


Caro Vítor Junqueira (, foto à esquerda, Pombal, 2007):


Ainda não tive o privilégio de conhecer (a não ser virtualmente) alguns camaradas que escreveram para o blogue e que o deixaram de fazer, deixando belos textos sobre a nossa passagem pela Guiné. Este é para mim um deles.


Por aludir a uma mulher que conheci, e por achar que este texto elogia todas as mulheres africanas que durante a nossa guerra nos aturaram, sem queixumes ou lamentos a propósito da nossa presença em guerra não desejada.


Vem isto a propósito do P1475** que descobri nas buscas que volta e meia faço para descobrir textos não lidos, e alguns deles ficam impressos para trabalho futuro. E não é que descubro um belo texto que se refere à Fanta de Farim?


Imediatamente leio, releio e fico pensativo a recordar essa mulher e o seu filho Mário.


Invejo-te por seres capaz de escrever um texto, que eu gostaria de ter escrito. Aceita os meus sinceros parabéns pelo excelente e brilhante texto sobre a Fanta, a tua puta de estimação, como carinhosamente a tratas, porque é de carinho que falas quando te referes à Fanta.


É um relato que eu guardo religiosamente como tributo à memória dessa mulher que tu de forma genial lhe prestas, não há melhor homenagem, ela ficaria muito feliz.


A minha 1.ª/ Bcaç 4512 chegou a Farim no dia 13 de Janeiro de 1973 onde 2 GComb ficaram em Nema e o restante da Ccaç foi para Binta. Só lá ficamos até 10/Junho/73, donde seguimos para Binta ficando sob o comando do COP-3 por causa de Guidaje.


Um “velhinho” da Cart 3359, que fomos render, era um camarada da minha cidade natal, que fez de cicerone para eu conhecer Farim e os seus recantos, levou-me a conhecer a Fanta que me foi devidamente apresentada, com todas as credenciais e os elogios ao seu trabalho.


Dizia ele que quando estivesse aflito com dores de amor fosse ter com a Fanta. Talvez por a tratar de forma decente e lhe mostrar afeição, não descurando a vontade que sentia dela, ela gostava de conversar comigo no pouco tempo que eu lhe podia dar atenção.


Mulher de boa conversação e de contagiosa alegria, não falava muito do pai do seu filho Mário, às perguntas que lhe faziam sobre ele, mas gostava de saber tudo o que acontecia por cá, e sabia de muitos lugares descritos fruto da sua vivência com os nossos militares.


Lembro-a sempre com ternura, pela sua permanente boa disposição, e por me tentar sempre que podia, no sentido de me desenfiar do aquartelamento de Nema para ficar em sua companhia.


Perguntava sempre por mim aos meus camaradas quando não me via, e uns mais sacanas lá diziam:
- O teu azeiteiro não está, mas descansa que ele vem.


Não que eu o não quisesse mas a actividade operacional intensa não permitia que eu ficasse fora, sob pena de levar uma porrada. E as regras eram muito claras no meu Gr Comb, ninguém podia ficar fora do aquartelamento.


Conheci muito bem o seu filho Mário,  miúdo reguila,  a quem quase toda a tropa dispensava especial carinho fruto da sua ligação a um camarada que por lá passou, e que só agora sabemos,  graças a ti, o desfecho e o destino.




Dia 13 Abril 73


Esse foi um dos dias em que vim até Farim com camaradas beber umas cervejas e visitar as tabancas, no regresso a pé para o quartel, passo pela Fanta sentada junto a sua morança e ficamos a conversar eu e mais um camarada, os outros foram seguindo para o quartel.


O tempo foi passando, e a certa altura a Fanta diz-me para ficar com ela naquela noite. Não podia ser porque tinha de ir para o mato muito cedo, fica adiado disse-lhe, e ao olhar em redor ia pensando se não era perigoso ficar ali desprotegido e sem conhecer ainda bem aquela zona (apenas dois meses de Farim).


Chegados perto do quartel demos um berro para a porta de armas a identificar-nos, já passava das 23,00 horas, embora o camarada que estava à porta de armas tivesse sido alertado para o facto de ainda haver dois que estavam fora.


Fui tomar duche com a água barrenta de Nema, e só houve tempo de molhar o corpo porque logo a seguir ouve-se a saída característica de morteiro ou foguetão, toalha à cintura e corrida para a vala, ainda a avisar aos berros os camaradas que estavam já a dormir que havia ataque.


Na corrida para a vala fui projectado contra o arame farpado raspando o meu braço no mesmo, depois de alguns minutos de ataque (eram foguetões), já estávamos a receber ordens de preparar a saída para o mato para as primeiras horas da madrugada, só depois vi que tinha sangue no braço, tinha uns arranhões.


Logo aí pensei, o que seria se tivesse ficado com a Fanta? Disse-lho mais tarde e ela deu uma risada dizendo-me que nada me aconteceria enquanto estivesse ao seu lado.


Depois da nossa ida para Binta quando nos tocava ir a Farim (era raro porque a nossa sina era para Guidaje) escoltar colunas para reabastecimento a Binta, mal se passava junto da morança da Fanta ela já lá estava a saudar-nos.


Fiquei triste ao saber que morreu.


Aceita,  caro Victor,  que este modesto e pequeno texto se associe ao teu para também eu lhe prestar a minha homenagem à tua (nossa) Fanta de Farim.


Um grande abraço
Manuel Marinho
__________


Notas de CV:


(*) Vd. poste de 24 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7171: (Ex)citações (102): Sensatez e rigor no Nosso Blogue (Manuel Marinho / José Belo)


(**) Vd. poste de 31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: Histórias de Vitor Junqueira (7): A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação


[...]
Não voltei a encontrar a Fanta. Confesso que durante muito tempo, após a passagem à disponibilidade, continuava a lembrar-me dela, com saudade. Tive vontade de regressar à Guiné para a visitar, saber se precisava de alguma coisa. Encontrei sempre desculpas para não o fazer.
Aproveito agora para comunicar a quem possa interessar que a Fanta Baldé faleceu em Julho de 2005 no Bairro Militar, em Bissau.

Como diz o povo na sua bondade: Paz à sua alma e que a terra lhe seja leve. 
[...]


Vd. poste posterior de 18 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4975: (Ex)citações (46): Se eu fosse mulher sentir-me-ia duplamente envergonhada... (Vitor Junqueira)


Vd. último poste da série de 9 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7249: In Memoriam (60): Morreu Fatemá, Mulher Grande de Sinchã Sambel (ex-Contabane), mãe do Régulo Suleimane Baldé (Paulo Santiago)

domingo, 24 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7171: (Ex)citações (102): Sensatez e rigor no Nosso Blogue (Manuel Marinho / José Belo)

1. Caros Tertulianos, fazendo uma revisão à correspondência que se vai acumulando, encontrei e achei por bem dar a conhecer, embora a destempo, estes dois comentários dos nossos camaradas Manuel Marinho e José Belo, ainda a propósito do P7117 de autoria do nosso camarada José Manuel Matos Dinis:


2. Diz Manuel Marinho no comentário que publicou no Poste 7130* em 16 de Outubro de 2010:

Caros camaradas
Este meu comentário engloba todos os textos dos camaradas sobre este assunto.

No mínimo o tema não acrescenta nada ao comum dos ex-combatentes, é a minha modesta e sincera opinião.

O caso concreto destas opiniões que começa por um grupo de camaradas intitulados “Grupo do Cadaval”, camaradas esses que muito respeito pelos excelentes textos com que enriquecem este blogue.

Mas uma coisa é eu respeitar e enaltecer as vossas qualidades intelectuais e outra bem diferente é não tecer comentário acerca do que me preocupa neles, que pretensamente são para analisar e comentar o referido texto, a pedido do camarada que o escreveu.

Dou um exemplo simples.

Se eu estiver organizado num grupo de 10 camaradas, escrevo um texto peço-lhes de seguida para apreciarem o referido texto, eles concedem-me esse pedido e a seguir são publicados os 10 textos de apreciação no blogue.

Tenho algumas reservas nesta questão de “grupos” porque quer se queira ou não, acabam por arredar da discussão do tema a esmagadora maioria dos camaradas, que são membros colaboradores do blogue, até pela simples formulação.

Este assunto é lá com eles “Grupo do Cadaval”!

O tema e a forma como está escrito é no mínimo arriscado fazer considerações porque são um exercício de teorias, que pretendem levar-nos a ter na devida conta e medida o que é o rigor dos nossos escritos e a sensatez nas apreciações que fazemos das escritas e leituras.

Mas da forma como é exposto, parece-me que se pretende dar aulas de comportamento e isso na minha modesta opinião não fica bem.

Faço desde já um apelo, escolham outro assunto mais abrangente e até mais polémico e vamos formar mais saber e conhecimento, com o maior rigor possível e já agora com muita sensatez.

Um grande abraço para todos vós
Manuel Marinho


3. José Belo dirigiu-nos esta mensagem em 16 de Outubro de 2010:

Caros Camaradas e Amigos.
Em corridas de um lado para o outro do Atlântico, provocadas por um pretensioso regressar ao "trabalho" por parte de um Reformado em idade já Bíblica, procurei ao chegar a Estocolmo, actualizar as leituras (sempre interessantes) de algumas das trocas de opiniões no nosso blog.

A propósito do Poste 7117 do Camarada José Manuel Matos Dinis "Sensatez e rigor no Nosso Blogue", que provocou alguns interessantes comentários, fiquei com a ideia, talvez errada, de ter havido por parte de alguns, uma pequena mistura involuntária, entre "conhecimentos pessoais" (e portanto totalmente subjectivos), com os chamados "conhecimentos académicos".

É que, quanto a mim, estes últimos apesar de organizados, orientados, programados, e sempre dirigidos por alguém... para algo, acabam também por ser mais pessoalizados do que, talvez, seria de desejar.

As variadas capacidades intelectuais, somadas aos diferentes temperamentos individuais, levam sempre a diferentes observações das realidades envolventes, isto, somando-se a zonas menos conscientes de cada um. O resultado é uma diversificação na aparente rigidez dos conhecimentos "académico-programáticos"... para não referir os individuais.

Será sempre complicado falar-se de "sensatez" quando as nossas capacidades individuais de absorver sinais, e reagir aos mesmos, são de tal modo condicionadas por factores internos. Procura-se uma universalidade onde esta não é passível de existir.

O meu simpático, e tão amigo, papagaio pode, e certamente conhece, em profundo e absoluto detalhe, a gaiola em que nasceu, cresceu, e (como muitos de nós) sempre viveu. Terá, portanto, em relação a esta, uma sensatez e rigor aparentemente universal. Mas, para outros milhões de papagaios na selva, os parâmetros da tal sensatez e rigor adquiridos, e a adquirir serão... diferentes.

É claro que, neste tipo de comentários como o que acabo de escrever, não se deve esquecer o clássico - Ne sutor ultra crepidam - (sapateiro, não passes do chinelo!).

Um grande abraço Amigo do
J.Belo
Estocolmo 16/10/10
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7130: (Ex)citações (101): Sensatez e rigor no Nosso Blogue (Vasco da Gama / José Brás)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Guiné 63/74 – P6612: Estórias avulsas (89): Guidaje em revolta após Abril (Manuel Marinho)

1. Em mensagem de 15 de Junho de 2010, Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), dá-nos conta de um momento de tensão em Guidaje, já depois do 25 de Abril, resolvido à custa do regresso da sua Unidade ao local onde jamais pensariam voltar. 





  Guidaje em revolta após Abril


As lacunas que ainda não se conseguem preencher por falta de informação do lado africano, não impedem que envie este texto para se perceber as dificuldades que certas Unidades na Guiné tiveram depois de Abril. 

 Com o tempo já decorrido as situações vividas na altura esbatem-se na memória mas estão muito próximas da realidade vivida então na altura. O que abreviou o texto (tinha apontamentos já feitos de forma dispersa), foi o facto de eu ter acabado a leitura do livro do Amadú Bailo Djaló, em especial a parte por ele descrita pós Abril, fez com que eu resolvesse contar mais este episódio. 

 Em Binta depois do 25 Abril, e esperando o desenrolar das negociações do cessar-fogo, então em discussão e a não saída do aquartelamento em termos operacionais (finais de Maio), o tempo começou a andar muito devagar para quem esperava sair depressa da guerra, mas nós ainda teríamos que por à prova os nossos recursos “diplomáticos”, com os nossos camaradas de armas guineenses para uma saída honrosa para ambas as partes. 

 A estrada que tínhamos andado a construir tinha ficado já muito perto do Cufeu, e nós apenas esperávamos a nossa vez de ir embora. Havia pelo menos acordos tácitos de cessar-fogo, e as armas esperavam a vez de serem entregues, isso não impediu o PAIGC de no dia 8 Maio/74, talvez para nos lembrar que era o 1.º aniversário do começo da ofensiva a Guidaje no ano anterior, de nos enviar umas morteiradas a partir do seu acampamento de Fátima? do lado do K3, quando estávamos a comer, o que implicou que todos os palavrões existentes, fossem gritados para o lado de lá do rio a par de resposta adequada para dizermos que ainda estávamos vivos. 

 Depois da entrega das nossas armas, esperávamos o regresso a Bissau para o embarque para casa, mesmo sabendo que havia Unidades que mais novatas que a nossa Companhia iam mais depressa embora, ou pelo menos seguiam para Bissau, aparentava-se a calma necessária de modo a tudo parecer feliz. 

 Depois da saída da Ccaç 4150 no começo de Julho/74 de Guidaje, um dos nossos GrComb foi deslocado para lá a fim de ajudar a fazer a manutenção do quartel até à entrega do mesmo ao PAIGC, que foi efectuado a 21 de Agosto/74 , uma semana antes de sairmos de Binta para Bissau, o mesmo é dizer que até a “batata quente” nos foi entregue. Ora é sabido que naquela altura havia movimentações por parte de elementos africanos que tinham servido o exército e andavam por vários aquartelamentos a elucidar os seus camaradas e a prevenir situações que estavam a pressentir não serem as adequadas às suas expectativas, quanto ao seu futuro. Viam-se também envolvidos militares dos Comandos Africanos que estavam a alertar os seus companheiros para situações menos claras por parte do PAIGC. 

 Em sentido contrário andavam os comissários políticos do PAIGC a tentarem falar com a tropa nativa e populações, apresentando-se nos quartéis e pedindo aos Comandantes dos mesmos as licenças necessárias para tal fim, propondo encontros bilaterais para abreviar caminho, porque a pressa era muita para ambos os lados. As promessas, (ou acordos ?) então feitas aos nossos camaradas africanos em Guidaje não estavam a ser cumpridas e eles revoltaram-se, tentando fazer valer os seus direitos de combatentes que ainda eram, não querendo fazer a entrega do seu armamento sem as necessárias garantias, e desconfiados do PAIGC, e com razão, como infelizmente se veio a verificar depois da nossa retirada. 

 Em finais de Julho, (ou princípios de Agosto) recebemos ordens para levantar novamente o armamento, para fazer face a uma insubordinação que acontecia em Guidaje, onde o nosso GrComb estava como que refém dos camaradas africanos que estavam relutantes na entrega do seu armamento, face à falta de garantias mínimas que não existiam para eles. A apreensão tomou conta de nosso pessoal, que de imediato quis saber em que consistia a nossa ida a Guidaje, e a nossa recusa terminante em tomarmos alguma medida que pusesse em causa camaradas nossos, o pessoal militar africano de Guidaje teria que resolver o problema já que nada poderíamos fazer, e em nada contribuíramos para a situação criada.

 A operação consistia em se utilizar os meios necessários incluindo a força (confrontação armada?) para que os revoltosos entregassem as suas armas a fim de permitir a entrega pacífica do aquartelamento ao PAIGC. Na fronteira do Senegal estavam forças do PAIGC, atentas ao evoluir da situação, e a pressionar com a sua presença os revoltosos. Lá seguimos mais uma vez para Guidaje, novamente armados e a querer parecer que os ecos de Abril ali não tinham chegado, a minha HK-21 voltou às minhas mãos depois de me ter “despedido” dela, parecia que o “divórcio” amigável não se queria consumar.

Avançamos pela estrada que tinha sido construída e durante a deslocação fomos confrontados com uma viatura militar vinda de Guidaje com dois soldados africanos (Comandos?), a ordem era para não deixar passar ninguém, mas depois da paragem da viatura e de breve diálogo, nada questionaram e voltaram para trás. Estávamos assim numa situação que além de perigosa, não deixava de ser bizarra e irónica, a “alinhar” com o PAIGC para desarmar camaradas africanos que tinham combatido a nosso lado. 

 Ao entrarmos no quartel, somos rodeados de Milícias e Militares da Ccaç 19 que nos insultam e nos culpam pela situação existente, chamando-nos f… da p… e traidores entre outros “mimos”, e muito exaltados culpando-nos da situação existente. Antes de lá irmos já nos tinham alertado para a calma que teríamos de ter para resolver a questão e levar a bom termo com a máxima persuasão possível a questão da entrega do armamento por parte das forças de Guidaje, embora a tensão existente não fosse a mais favorável. 

 Embora o conhecimento mútuo das nossas Ccaç pudesse ajudar, foi complicado e teve que haver muito discernimento, e muitas conversas isoladas com este e aquele mais exaltado, já no interior do quartel, e evitando qualquer sinal de animosidade. Entre as nossas 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512 e a CCAÇ 19, apenas havia ocorrido um episódio menos agradável entre Grupos de Combate de ambos os lados em Binta depois de uma coluna, mas tinha sido um caso pontual, embora tenso para ambos os lados. É evidente que não se vislumbrava o PAIGC embora eles já tivessem tido encontros bilaterais com a 19.ª CCAÇ, pelo menos a nível superior, mas alguma coisa tinha corrido mal, e nós teríamos de ajudar a sanar o problema, agora era connosco, era caso para citar o velho ditado, quem vier atrás que feche a porta

 Se calhar dá para perceber o meu cepticismo relacionado com as alegrias decorrentes então pela Guiné, uns abraçavam o IN, outros amargavam mesmo depois da paz (podre) alcançada. Não culpo ninguém, (embora tenha a minha opinião que não é para aqui achada) apenas relato factos que poderiam ter tido consequências desastrosas, para militares em final de comissão, com a guerra acabada, e desejosos de regressarem às suas famílias. E também com a força moral para dizer, que para mim as despedidas da Guiné não foram o que eu pessoalmente desejava, e lamento sinceramente, não ser capaz de exprimir alegria quando lembro o que se passou nessa altura. Não sei o que foi tratado a nível superior, mas a deposição das armas por parte da tropa africana existente em Guidaje, foi conseguida, mas fiquei sempre com a triste imagem dum camarada africano perfeitamente fora de si olhando para nós e gritando-nos na cara que éramos traidores. Numa próxima contarei a nossa triste saída de regresso a casa. 

 Um abraço para todos vós Manuel Marinho 

__________ 

 Notas de CV: 


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6416: Controvérsias (75): A nossa postura face ao PAIGC no pós-Abril (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 11 de Maio de 2010:


A(s) NOSSA(s) POSTURA(s) FACE AO PAIGC NO PÓS-ABRIL

Ultimamente as discussões sobre a postura dos camaradas que estavam na Guiné face aos acontecimentos pós-Abril relacionados com o PAIGC, têm ocupado espaço considerável no blogue, e na minha opinião, com elevado respeito por opiniões diversas entre camaradas que na expressão feliz de alguém, “tiveram que fechar as portas da guerra”.

Vamos lá ver se sou capaz de expressar o que sinto em relação a esses acontecimentos sem beliscar a postura de ninguém.

A minha posição quanto a essa questão já a manifestei por várias vezes quando o tema é mesmo esse, isto é sou e fui contra todas as formas de regozijo para com o PAIGC.

Apenas e só, respeito a sua luta que travaram pela emancipação do seu povo, de igual modo exijo-lhes o mesmo em relação aos meus companheiros de armas que lutaram com brio e honra, por uma causa que a esmagadora maioria considerava um dever pátrio, e que pagaram muito caro essa luta.

Não merecem mais, porque entre outras coisas, é de muito mau gosto, ”sou educado” senão a palavra era outra, levar a esses encontros de reconciliação na altura, algumas peças de equipamento de guerra pertencentes a camaradas nossos, e que eles ostentaram de forma “vitoriosa” junto dos nossos camaradas, em alguns encontros perante o silêncio e a vergonha de alguns soldados que a eles assistiam.

Se fosse o contrário o que seria?

Já se imaginaram a levar alguma peça de farda do PAIGC a encontros com o IN na altura? Seria essa a melhor forma de reconciliação?

Lamento mas não posso deixar de pensar assim, se calhar o defeito é meu e (posso) poderei estar errado na apreciação que faço dos meus ex-inimigos, mas cada vez mais sinto a minha razão fortalecida, ao ler e ver alguns posts, e saber o que aconteceu depois aos que a nosso lado combateram.

Não respeito o vencedor que não respeita o vencido.

Como abomino o abuso do forte sobre o fraco.

Ou será que não foi o mesmo PAIGC que agiu no caso dos fuzilamentos?

Mas a questão principal prende-se com toda a envolvência na guerra que travamos ao longo de 13 longos anos, e que se não foi resolvida pela via política, teria forçosamente de o ser pela classe militar.

E é bom que lembremos que fomos nós que acabamos com as hostilidades, não havendo motivos para que se exagerasse nos festejos.

Mas não foi o melhor que nos podia ter acontecido? Claro! Nem podia pensar de outra maneira.

Queríamos vir embora rapidamente? É óbvio que sim.

Poupou dezenas de vidas de ambos os lados? É evidente e não tem discussão.

Mas a saída teria de ser outra! E não a que se verificou!

Mas estes acontecimentos serão mais tarde analisados e contados por historiadores que farão a História da guerra colonial, (no caso da Guiné este blogue é imprescindível) e eu apenas sou mais um, que deixo modesto contributo no sentido de evitar que qualquer dia estejamos todos a bater palmas ao PAIGC, porque nos deixaram vir em paz para a nossa “santa terrinha”, em 1974.

Respeito sem o mínimo de reservas os que pensam de maneira contrária, mas tenho que deixar expresso o meu testemunho do que pensava na altura, e que hoje já com idade para ter mais juízo (escusava de falar disto), os factos passados ao longo destes anos, reforçaram a minha opinião.

Para mim a coerência deve ser acompanhada de juízos de valor que à época tínhamos, eu até podia refugiar-me na minha juventude de então.

Mas não será que nesses 2 anos terríveis que todos nós passamos em comissão, não amadurecemos demasiado depressa em comparação com os nossos amigos de então?

É que hoje camaradas, sinto em diversas leituras que éramos todos muito politizados, e era bom que também aqui no blogue se afirmasse que havia muitos soldados que se lhes perguntava o porquê da ida para a Guiné, a resposta era mais ou menos esta:

Defesa da Pátria ou da Bandeira, e sempre por obrigação e dever.

Havia de facto uma minoria mais politizada, sei do que falo, mas daí até pensarmos que no dia 25 Abril estávamos todos a gritar “abaixo a guerra / regresso imediato”, vai uma grande distância.

As perguntas mais frequentes nesse dia eram, “o que é isso de revolução”?

Eu até fui eleito para representar os meus camaradas na classe de Cabos e Praças, (eram 4, um Alferes, um Furriel e dois Cabos) a ideia era travar ímpetos de quem comandava as Companhias para que não pudessem pôr em causa o cessar fogo entretanto a ser negociado, isto é, os representantes(?) do MFA nos quartéis no mato tinham por missão impedir possíveis saídas para o mato, determinadas por algum Comandante de Companhia que entendesse o contrário.

No nosso caso até nem foi difícil, pois durante toda a comissão o “senhor” que nos comandava saiu duas ou três vezes para o mato e julgo que por ordens superiores que o ditaram.

A partir daí para nós acabou-se a guerra, porque se o cessar fogo corresse mal já não tínhamos a possibilidade de fazer frente ao PAIGC, restava-nos entregar os aquartelamentos e pedir por favor para virmos embora, pois os aquartelamentos ficaram à mercê deles pois eles movimentavam-se à vontade, enquanto nós esperávamos o final das conversações a ver no que dava, esta é a minha opinião, vale o que vale.

E na altura o PAIGC nem tinha a força de um ano antes, pelo menos na minha ZO, ou será que eles não passavam dificuldades na altura do 25 de Abril?

Seria só o nosso lado a ter problemas?

Se na altura se entendia que era uma provocação ao PAIGC o facto de andarmos armados, o que pensar quando leio hoje alguns camaradas dizerem que eram mandados parar por forças do PAIGC armados?

Já houve camaradas que disseram que só quando chegaram a Bissau, entregaram o armamento, no nosso caso foi entregue em Binta, para depois termos de tornar a pegar em armas para apagar “fogos” ateados pelos “festejos exagerados” que se fizeram em Guidaje, e para o qual tivemos de ser nós a apagar os mesmos, (quando puder conto), e era para intervir contra os nossos camaradas africanos.

E mais uma questão, alguém consegue explicar os comportamentos desiguais que eles tiveram nas diversas Unidades, numas entravam e bebiam, noutras pediam por favor, e finalmente havia outras que eles tinham vergonha de franquear as entradas, porque seria?

Um grande abraço para todos vós.
Manuel Marinho
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes do nosso camarada no marcador Manuel Marinho

Vd. último poste da série de 9 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6350: Controvérsias (74): Como eu vi o fim da guerra (Fernando C. G. Araújo, ex-Fur Mil OpEsp / RANGER da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4512)

domingo, 11 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6140: Parabéns a você (103): Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74) (Os Editores)

»+» F*E*L*I*Z...A*N*I*V*E*R*S*Á*R*I*O «+«
1. Completa hoje 59 aninhos o nosso Camarada Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512,
Nema/Farim e Binta, 1972/74).

2. Vamos recordar a sua apresentação neste blogue, que foi publicada no dia 15 de Setembro de 2009, no poste
P4957:

“Apresenta-se o ex-1.º Cabo Manuel Alberto Costa Marinho, do 1.º GComb/1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, comissão em Nema/Farim, Binta, em 1972/74.
É com enorme sentido de gratidão, extensível aos restantes colaboradores do blogue e a todos os tertulianos da Tabanca Grande, que me dirijo, pela primeira vez.
Mais vale tarde que nunca.
Como ex-combatente da Guiné, não posso ficar indiferente ao que de melhor temos neste País para testemunhar o que foi a Guerra Colonial, mais concretamente a da Guiné, vivida e contada pelos seus protagonistas, por isso mais uma vez, um muito obrigado pelo excelente trabalho que podemos testemunhar.
E antes de mais peço a admissão na “Tabanca”, certo que já o poderia ter feito, mas só agora julgo oportuno, pelo facto (se calhar egoísta) de estar a ajudar uma sobrinha a fazer um trabalho sobre a Guerra Colonial, foi a miúda, que me incentivou a contar as minhas vivências na Guiné, depois de consultar muitas vezes o blogue, e sabendo que estive no inferno de Guidaje, praticamente em todas as suas incidências.
Como muitos de nós já o disseram, é penoso lembrar o que já estava na penumbra da memória, mas acho valer a pena este esforço, porque entendo que uma parte muito importante das nossas vidas ficou para sempre na Guiné, numa Guerra da qual eu não me envergonho de ter participado, e sou dos que sabiam minimamente para o que iam.
Depois porque ao longo destes anos (e já são 35), somos vergonhosamente ostracizados por todos os poderes instituídos neste País, que foram coniventes com o apagar da memória colectiva, de tudo o que diga respeito à Guerra Colonial, e mais grave do que isso, transformando os que por razões várias desertaram, em heróis, e nós que combatemos, só nos falta pedir desculpas por ainda estarmos vivos a contar (dissecar) esta guerra.
Pessoalmente, sinto-me ofendido com a imagem redutora que tem sido dada às gerações que se seguiram, não quero louvores, mas exijo respeito pelos que morreram, e por todos os que ficaram marcados por ela para sempre.
Desculpa camarada Luís este desabafo, corta tudo o que achares necessário, porque sinto esta revolta surda sempre que abordo esta questão.
Quero saudar muito especialmente os camaradas Amílcar Mendes (*) da 38.ª de Comandos, Victor Tavares da 121 dos “Páras” e o Albano M. Costa da CCAÇ 4150, os dois primeiros que descrevem operações de combate e o Albano que me fez rever Binta, peço desculpas ao omitir mais camaradas, sei que os há que viveram Guidaje e escreveram sobre esse fatídico mês, os Fuzileiros por exemplo.
Como também não desejo que outros contem a Guerra por mim, vou descrever o ataque à primeira coluna para Guidaje, que como é sabido não chegou ao destino.”
3. Como vem sendo habitual, sempre que me toca a mim – MR -, publicar estes postes aniversariantes, para melhor tentarmos avaliar o perfil do Manuel Marinho, recorri mais uma vez à consulta do seu signo de zodíaco – Carneiro -, para nativos entre 21/03 e 20/04”, num site que se tem vindo a tornar muito popular nesta matéria e ao qual se tem acesso através do endereço: KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm), que diz textualmente o seguinte:
Carneiro
21/03 a 20/04
Com os nativos de Carneiro e os que o têm com ascendente, a primeira impressão é a de uma pessoa egocêntrica e de um signo independente, assertivo e impulsivo.
Os Carneiros não perdem tempo e quando tomam uma decisão, agem sobre ela de forma habitualmente rápida.
São energéticos e excelentes lideres mas nem sempre o melhor «seguidor».
São óptimos a iniciar as coisas mas deixam-nas frequentemente para um dos signos fixos acabar.
Altamente competitivos, gostam de se colocar à prova constantemente.
Apesar de governados por Marte e bastante temperamentais, a fúria é passageira e são em regra acolhedores e inspiradores.
Apresentam qualidades como a coragem e lealdade mas também a impaciência e têm um forte sentido de individualidade.
Atraem e realçam estas qualidades também nos outros e o dia de um nativo de Carneiro começa normalmente com um entusiástico estrondo.
Aparentam uma certa ingenuidade, por confiarem e acreditarem que os outros são tão directos e honestos como eles.
Marte na primeira casa astrológica influência a personalidade de forma similar.
A frase chave para nativos de Carneiro é «eu sou».
Com ascendente de Carneiro, as atracções viram-se para Balanças, governado na sétima casa, a dos parceiros.
Carneiro é um dos quatro signos Cardeais, por estar ligado à mudança de estação e do solstício, tendo como elemento o Fogo.
Anjo: O Arcanjo Cassiel é o protector dos nativos do Signo Carneiro. Cassiel é chamado Anjo Guerreiro e aqueles que nascem sob a sua influência são pessoas criativas, destemidas e determinadas.
Líderes natos, gostam de ocupar cargos de chefia e de desempenhar funções de elevada responsabilidade.
Possuidores de um carisma e encanto naturais, são amados por todos e até mesmo as suas atitudes irreflectidas são perdoadas e encaradas como uma encantadora particularidade da sua personalidade.
O Arcanjo Cassiel desenvolve a coragem e a imaginação. Ajuda a moderar a ambição, o espírito de competição e o egocentrismo.
4. Independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, cantar-te a seguinte cantiguinha muito tradicional:
PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA,
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS,
PARA O AMIGO MANELINHO,
UMA SALVA DE PALMAS!
E mais acrescentamos:
O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.
E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.
Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.
Com montanhas de abraços fraternos
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
9 de Abril de 2010 >
Guiné 63/74 - P6133: Parabéns a você (101): Jorge Canhão (ex-Fur Mil At Inf da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612), festeja hoje os seus 60 anos (Os Editores)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Guiné 63/74 – P6047: Estórias avulsas (29): Encontros imediatos com IN na picada de Jumbembem (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 10 de Março de 2010:


DESNECESSÁRIOS ENCONTROS COM O IN

Mês de Abril de 1973 – Dia 24

Nema/Farim

Protecção descontínua à coluna de Jumbembem e Cuntima

1.º GComb


Não muito distante do aquartelamento de Nema na picada para Jumbembem havia numa zona do mato uns frutos que nos abriam o apetite sempre que por aí passávamos, começava a ser uma obsessão, porque não sendo em muita quantidade desafiava a nossa vontade, mas os nossos afazeres não permitiam a colheita dos mesmos e eram os macacos a tratar deles.

Como era hábito, saímos ao alvorecer para mais uma protecção descontínua às colunas, que vinham a Farim abastecer e depois regressavam aos seus aquartelamentos.

Depois da picagem até perto do corredor de Lamel feita sem incidentes, lá ficamos a aguardar a sua passagem, que era saudada com algum alvoroço de parte a parte, e algumas “bocas” à mistura, já que era malta do nosso Batalhão, já nossa conhecida.

O que era normal acontecer nessas protecções era ficarmos a emboscar até ao regresso das mesmas, normalmente toda a parte da manhã e às vezes pela tarde dentro, dependia da rapidez da malta da manutenção, e já agora das batatas fritas com bifes ou frango, que o “Pedro Turra” servia em Farim, e que os nossos camaradas aproveitando a viagem, tiravam a barriga de misérias.

Mas nesse dia e para fugir da rotina enquanto esperávamos, mais uma vez tentamos convencer o alferes a irmos apanhar os ditos frutos, afinal seria rápido porque aproveitávamos o facto de termos as viaturas, e de o terreno já estar picado.

Depois sempre podíamos dizer que fizemos um pequeno patrulhamento, porque havia algo de suspeito e para tirar dúvidas tínhamos recuado quase até à partida, este argumento era o mais sustentável por isso fica a possibilidade de ser este o motivo que convenceu o alferes, que foi sempre muito rigoroso e pouco dado a “passeios”.

Naqueles três meses até nem tinha acontecido nada de especial naquela picada, o que nos dava a ilusão de já sermos uns tipos experientes, enfim só levando porrada se aprende….

Então lá fomos, não se perdeu tempo pois só recuamos um bocado com as viaturas, e lá chegados, apanhamos as respectivas “mangas”(?) que nos souberam muito bem, e voltamos onde era nosso dever estar.

Voltamos a ocupar os nossos lugares ainda faltava tempo, e descontraímos, era pouco provável haver problemas com o IN. nos dias em que havia colunas, o mais que se esperava eram minas, e mais adiante, havia malta de Jumbembem também a fazer protecção.

Eis senão quando um nosso camarada fica estarrecido ao avistar uma coluna IN encabeçada por um indivíduo branco provavelmente cubano, a preparar-se para atravessar a picada, só tem tempo de avisar de forma precipitada o alferes:

- Alferes vêem aí “turras”!

Nessa ocasião estava eu ao lado do camarada da bazuca, ele faz pontaria quando eu me apercebo que estou debaixo da zona de fogo atrás da dita bazuca no momento do disparo, dou um berro:

- Cuidado! Ao mesmo tempo que me lançava ao chão.

O resultado foi ficar um bocado enfarruscado e a perguntar aos meus camaradas se estava “queimado”, porque a distância foi muito curta e eu apanhei ainda com uma espécie de fuligem e o fumo quente da bazuca.

Rapidamente e com alguma precipitação abrimos fogo sobre o IN que perante a surpresa de nos encontrarem ali, puseram-se em fuga disparando na retirada tiros de metralhadora, nós ainda esboçamos a perseguição mas de imediato foi pedido fogo de Artilharia sobre o itinerário da fuga que foi prontamente atendido, e aí acabou a escaramuça.

Batida a zona mais tarde, encontrou-se uma mochila com materiais diversos, sendo de prever que o IN teve feridos.

A coluna por essa altura estava retida em Farim esperando o desenrolar dos acontecimentos, pois tinham sido avisados que tivéramos contacto com o IN.

Depois de serenados os ânimos tudo seguiu o curso normal, a coluna passou e os camaradas que nela seguiam perguntavam o que tinha acontecido, nós dissemos que nada de especial, apenas uma troca de tiros, e nada mais.

A conclusão que tiramos foi a de que enquanto retiramos para ir à fruta, o elemento de vigia IN provavelmente caiu no engano de que já teríamos abandonado o local e daí mandar avançar que o caminho estava livre.

Felizmente não houve problemas de maior mas foi uma lição que aprendemos, até porque mesmo a não se dizer nada sobre a nossa ausência do local que originou o avanço do IN tudo se sabe, e houve mais trabalho nos dias seguintes.

Um grande abraço
Manuel Marinho

Marinho ainda pira


Em Nema/Jumbembem
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Notas de CV:

(*) Vd. poste com data de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5893: O 6º aniversário do nosso Blogue (8): Como é que se consegue pôr centenas de ex-combatentes a falar? (Manuel Marinho)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 – P6033: Estórias avulsas (78): O meu álbum de fotos 2 (Alfredo Dinis)