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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17555: Serviço Postal Militar (SPM): o aerograma... multiusos: da simples correspondência postal ao marketing político, comercial, religioso e... artístico... Continuo a guardar quase todos os aerogramas e cartas que enviei aos meus pais... Talvez a pensar nos meus netos... (Belarmino Sardinha, ex-1º cabo radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74)






Um exemplo de como o famoso aerograma, nascido em 1961 no seio do Movimento Nacional Feminino, podia ter (ainda tem...) múltiplos usos, para além da sua função principal que era facilitar a correspondência postal entre os militares mobilizados para o ultramar e as suas famílias e amigos.

Fotos: © Belarmino Sardinha (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 4 do corrente, de  Belarmino Sardinha  (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74),

Boa tarde Luís e Carlos,

Lembrei-me de escrever isto e enviar-vos. Como estamos a falar de SPM (*), aproveito para vos lembrar de um anterior texto que enviei e foi publicado. Tratava-se de um aerograma que recebi na Guiné, enviado por alguém de uma religião, sem que eu soubesse quem, com palavras de conforto ao mesmo tempo que procurava catequizar-me para a causa (**).

Além dos aerogramas de familiares e amigos havia estes e eventualmente outros.

E como de aerogramas se fala, aproveito para vos apresentar um trabalho cujo catálogo foi inspirado no correio aéreo (aerograma) dos militares em serviço, à data, nas províncias ultramarinas, que me foi entregue num almoço da Tabanca do Centro e que eu guardei por achar interessante. Trata-se de uma escultura levada a efeito por Nuno Sousa Vieira e Rita Gaspar em Novembro de 2004, a convite da Câmara Municipal de Leiria, cujo presidente da Câmara foi também militar na Guiné, trabalho esse que pretende homenagear o papel da mulher no contexto da guerra.

Falo agora dos aerogramas por mim enviados. O conteúdo nunca manifestou qualquer interesse, ao contrário de alguns camaradas que já aqui publicaram, eu nunca falei sobre as condições que tinha ou aquilo que fazia ou o que se passava, limitava-me a perguntar como era o estado de saúde dos meus pais e referindo que a minha saúde ia bem como sempre, lamentava a falta de assunto e lembrava que o mais importante era a passagem do tempo.

Desconheço se a censura era apertada ou não sobre este tipo de correio. Já com o correio pago, carta, posso dizer que uma vez dei por haver algo estranho, umas fotos que enviei nunca chegaram, mas foram caso único e desconheço a razão, suspeito, mas nunca consegui apurar a verdadeira causa. Quanto à circulação do correio, em termos de tempo, aerogramas ou cartas, sempre me pareceram normais, havia alguma demora apenas quando mudava de SPM.

Continuo a guardar quase todos os aerogramas e cartas que enviei aos meus pais. Por mais que uma vez estive tentado a deitá-los fora, mas depois dá-me um remoque e acabam por ficar, talvez a pensar que os netos poderão interessar-se e gostar de saber o que se passou, não com o avô, mas sobre a história do País, aquela que parece quererem apagar ou esquecer. Mas mesmo mantendo tudo interrogo-me, valerá a pena?

Enfim, quem cá ficar que decida o que fazer com estes papéis.

Belarmino Sardinha
___________________


Leiria > O projeto SPM, dos artistas plásticos Nuno Sousa Vieira e Rita Gaspar Veira, com apoio da Liga dos Combatentes .- Núcleo de Leiria e Junta de Freguesia de Leiria
___________________


Prezado Jovem

Que neste momento, quando receber este aero, esteja de boa saúde junto dos seus amigos, são os nossos votos. 

Somos como já deve saber, pelo carimbo que está na parte de fora, “O Correio Áureo”.
O Correio Áureo é um departamento das Assembleias de Deus, formado por dezenas de jovens que pretendem que os militares possam receber através do serviço de correspondência, apoio moral, revistas “Novas de Alegria” e “Caminhos”, literatura, Bíblias, Novos Testamentos etc.
A criação deste departamento foi ideia de um furriel miliciano, membro da Assembleia de Deus de Lisboa, quando prestava a sua comissão na província da Guiné. 

A missão do “Correio Áureo” é além de tudo, a de edificar espiritualmente os militares incrédulos. Isto é, aqueles que ainda não andam neste maravilhoso caminho. 

Talvez o jovem esteja agora a pensar a que caminho eu me estou a referir. (...)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17552: Inquérito 'on line' (118): "Em geral, o aerograma era seguro e rápido"... Prazo de resposta até 5ª feira, dia 13, às 16h59


Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca > Ao fundo, o muro do cemitério ... Uma DO 27 na pista... Tímhamis uma relação de amor-ódio para com a D=-27, ara uma pequena aeronave, monotor, que adorávamos quando nos trazia de Bissau os frescos e a mala do correio ou, no regresso, nos dava boleia até Bissau, para apanharmos o avião da TAP e ir de férias... Era uma aeronave preciosa nas evacuações (dos nossos feridos ou doentes militares, bem como dos civis)... Era um "pássaro" lindo a voar nos céus da Guiné, quando ainda não havia o Strela... Em contrapartida, tínhamos-lhe, nós, os infantes, um "ódio de morte" (sic) quando se transformava em PCV (ponto de comando volante) e o tenente coronel, comandante do batalhão, ou o segundo comandante, ou o major de operações, ou outro "xico-esperto qualquer" ia ao lado do piloto, a "policiar" a nossa progressão no mato... Quando nos "apanhavam" e ficavam à nossa vertical, era ver os infantes (incluindo os nossos "queridos nharros") a falar, grosso, à moda do Norte, com expressões que eram capazes de fazer corar a Maria Turra..."Cabr..., filhos da p..., vão lá gozar pró c..., daqui a um bocado estamos a embrulhar e a levar nos corn...". Também os nossos comandantes operacionais (capitães QP ou milicianos) não gostavam nada do "abelhudo" do PCV, em operações no mato... Mas, enfim, fica aqui a lembrança mais positiva, a do transporte do correio aéreo, no âmbito do Serviço Postal Militar (SPM), Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"EM GERAL, O AEROGRAMA ERA SEGURO E RÁPIDO" (*)

[Seguro=em geral não se extraviava, não se perdia, era devolvido em caso de erro no endereço, não era facilmente violável, não havia censura, a pessoa sentia-se à vontade para escrever o que lhe apetecesse ...]

[Rápido = em geral demorava poucos dias a chegar ao destinatário]


Assinalar, diretamente, no canto superior esquerdo do blogue, uma das cinco hipóteses de resposta, de acordo com a perceção e e experiência de cada um, no TO da Guiné, entre 1961 e 1974:

1. Era seguro e rápido
2. Era seguro mas não rápido
3. Era rápido mas não seguro
4. Não era nem seguro nem rápido
5. Não sei / já não me lembro



Prazo de resposta: 5ª feira, 13/7/2017, 16h59


II. Comentário do editor:



Há quem defenda que o SPM foi o melhor serviço que a tropa criou em tempo de guerra. No entanto, nunca foi avaliado pelos "utentes" (os militares, os seus familiares e amigos, etc.). Mais de meio século depois da sua criação (em 1961), ainda vamos a tempo de dar a nossa opinião... Comecemos pelo aerograma, uma "genial" criação do Movimento Nacional Feminino,   isento de franquia postal (porte e sobretaxa aérea), e cujo transporte (entre Lisboa e Bissau, no caso da Guiné) era assegurado, em geral, pela TAP, de borla... (Presumo que a FAP também colaborasse.)


Pergunta-se: será que o aerograma era mesmo "seguro e rápido" ? Alguns de nós (e as nossas namoradas, esposas, amigos, familiares, etc.), achavam o aerograma mais "impessoal", preferiam a carta, devidamente estampilhada,  expedida "por avião" (, de resto, como o aerograma)... Mas como era paga (porte mais sobretaxa aérea), achávamos que tinha tratamento especial, diferente do aerograma... Seria o equivalente hoje ao "correio azul"... 

Além disso, achávamos que a carta era mais "íntima", prestando-se melhor á confidências (políticas, amorosas, filosóficas, etc.), podíamos inclusive enviar no envelope uma fotografia (ou mais folhas de papel de carta), o que era taxativamente proibido no aerograma... 

Mas a maioria de nós, militares, e sobretudo as praças, não se podiam dar ao luxo de pôr no correio (SPM) muitas cartas, por causa da "guita", daí a opção pelo aerograma, de distribuição gratuita pelo Movimento Nacional Feminino e com expedição sem encargos... (Para o ano de 1974, o MNE fez uma encomenda de 32 milhões de aerogramas, nunca pensando que esse ano seria também o o seu último ano de vida.)

Camarada, responde ao nosso inquérito sobre o "SPM do nosso contentamento"... A tua opinião é muito importante (LG).





Foto: © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados




Foto: © Alberto Nascimento  (2010). Todos os direitos reservados

Podia-se "escrever nas entrelinhas" dos aerogramas... Temos aqui dois exemplo de utilização do aerograma especial do Natal de 1968, concebido pelo Movimento Nacional Feminino... No primeiro caso, o nosso camarada A Marques Lopes, que era, na altura, alf mil da CCAÇ 3, em Barro, na região do Cacheu, mandou à irmã e ao cunhado um aerograma com o seguinte teor:

"Querida irmã e cunhado, um Natal feliz e que o Ano Novo seja sempre melhor que o anterior. António Manuel"... 

E ao canto superior direito, por cima do presépio, acrescentou: "Uma ginginha!.. Pois dar de beber à dar é o melhor"...

O desenho, do lado esquerdo, foi "vandalizado": (i) há tabancas a arder; e (ii) a criança e o soldado "sangram"... Sobre este aeograma natalício, o A. Marques Lopes, um dos nossos primeiros camaradas a entrar para o nosso blogue,  comentou o seguinte em 2005: "Este é mais outro aerograma que descobri. Mandei-o, pelo Natal, em 1968. O que eu quis transmitir é que eram natais de morte e que o que procurava era esquecer, dando de beber à dor".

No segundo caso, temos a cópia do aerograma original que o nosso camarada Alberto Nascimento, veterano da guerra da Guiné (ex-sold condutor auto, CCAÇ 84, Bambadinca, 1961/63) reutilizou para desejar a todos os membros da Tabanca Grande votos de  "um Natal muito feliz e um bom 2011"...

______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

6 de julho de 2017 >  Guiné 61/74 - P17550: O Serviço Postal Militar (SPM) do nosso contentamento: cartas e aerogramas... (E, a propósito, o que é feito dessas 10 toneladas de correio diário que circulavam nos vários teatros de operações durante a guerra ?)

27 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17518: Antologia (76): "O Correio durante a guerra colonial", por José Aparício (cor inf ref, ex-cmdt da CART 1790, Madina do Boé, 1967/69)... Homenagem ao SPM - Serviço Postal Militar, criado em 1961 e extinto em 1981.

(...) O serviço prestado pelo SPM foi notável. Muito para além dos números impressionantes de milhões de aerogramas, cartas, encomendas, vales do correio e valores declarados, por eles tratados e enviados; durante os anos de guerra a expedição média diária foi de 10 toneladas de correio (!!!) para um total transportado de 21 mil toneladas. É que nunca falhou, mesmo nos locais mais perigosos, difíceis e isolados, e os prazos médios entre a expedição e a recepção eram mínimos. (...) 

(**) Último poste da série > 31 de maio de 2017 Guiné 61/74 - P17418: Inquérito 'on line' (117): Imagens com história: a minha ida a Fátima (4/4/1965) e a minha chegada ao Cais da Rocha Conde de Óbidos (4/4/1974) (Jorge Araújo)

domingo, 24 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15660: Inquérito 'on line' (33): Só pouco mais de um terço (35,7%) de um total de 123 respondentes, é que diz que "sim, a tropa fez de mim um homem"...



Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3



Foto nº 4


Guiné > Região de Cacheu > Jolmete > c. finais de 1968/ maio de 1969 > 

Fotos nº 1 e 2 > Senhora Supico Pinto também a falar ao pessoal no refeitório; 

foto nº 3 > Na messe; à  esquerda julgo que é o falecido sr maj Passos Ramos, depois, sentada, uma senhora do MNF que não sei identificar;  a seguir, de pé, o nosso cap Barbeitos a falar com a esposa [, elegantíssima,] do general Spínola e depois, sentada, está a Cilinha Supico Pinto, como era conhecida e tratada naqueles tempos. 

Foto nº 4 >  Spínola em Jolmete com as senhoras do MNF: destaque para Cecília Supinco Pinto, de amarelo.

Fotos do álbum de Manuel Carvalho (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70). (*)


Fotos (e legendas): © Manuel Carvalho (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


A. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, A TROPA FEZ DE MIM UM HOMEM"


1. Totalmente verdadeiro > 10 
(8,1%)
2. Verdadeiro > 34 
(27,6%)
3. Nem verdadeiro nem falso > 53 
(43,1%)
4. Falso > 15 
(12,2%)
5. Totalmente falso > 8 
(6,5%)
6. Não sei responder > 3 
(2,4%)
Votos apurados > 123  
(100,0%)


Sondagem fechada: 21 jan 2016  10h06.

B. Comentário dos editores:

Não sei se poderia perguntar às mulheres, hoje,  se a tropa fez (ou faz) delas "mais mulheres"... SEm o querer, estamos a jogar com os estereótipos homem/mulher...

No nosso tempo não há a quem perguntar, com exceção das nossas camaradas enfermeiras paraquedistas (que tiveram o mérito, histórico, de abrir às mulheres as fileiras das Forças Armadas Portuguesas)... As poucas mulheres que "foram à guerra", no TO da Guiné, era "esposas", civis, que acompanharam os maridos, militares,  nas suas comissões de serviço, nalguns (poucos) sítios, relativamente seguros e confortáveis... E, claro, Cecília Supico Pinto, sempre "festiva",  e as suas colegas do Movimento Nacional Feminino (MNF).

Para os homens, a tropa está longe de ter sido uma experiência "realizadora"... É, pelo menos, o que se depreende das respostas (n=123) ao nosso inquérito de opinião, "fechado" no passado dia 21. (**)
_____________

Notas do editor:

(*) Vd.. poste de 24 de janeiro  de 2013 >  Guiné 63/74 - P10999: Ainda as visitas da Cilinha pelas Unidades Militares estacionadas no mato (Manuel Carvalho)

(...) Ao ver o poste sobre a visita ao Olossato das Senhoras do MNF (...),  lembrei-me que devia ter fotos, e tenho 5, não sei se são todas da mesma visita, porque duas tem indicação de meados de Maio de 1969 e as outras não tem data.

Da comitiva fazem parte o Sr. General Spínola e o então cap. Almeida Bruno que na altura o acompanhava sempre e numa foto na messe julgo que está de camuflado o Maj. Passos Ramos, que cerca de um ano mais tarde viria a ser cruelmente assassinado pelo PAIGC naquela zona.
Está também a esposa do Sr. General Spínola e uma Senhora do MNF que não sei identificar.

Para além desta visita a Jolmete penso que houve uma outra em fins de 68 ou princípio de 69 mas não tenho a certeza. Como sempre foram distribuídos uns maços de cigarros uns isqueiros e umas palavrinhas para atenuar a crise. (...)

(**) Último poste da série > 20 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15643: Inquérito 'on line' (32): "A tropa fez de mim um homem"?... A tropa acrescentou a decisão e a determinação na acção, atitudes muitas vezes necessárias para o vencimento de inércias, e o alcance de objectivos (José Manuel Matos Dinis, "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15386: Álbum fotográfico de Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690, Geba, 1967/69) (2): A visita, à sede da companhia, do Conjunto Académico João Paulo, em 24 de agosto de 1968



Foto nº 1 > Ao centro, um dos elementos do conjunto João Paulo, fardado, com o posto de alferes, dando autógrafos... Seria  o viocalista,  Sérgio Borges ?


Foto nº 2 > O João Paulo Agrela, ao centro, o fundador do grupo, Está fardado, e era furriel (. Morreu em 23/4/2007)



Foto nº 3 > Foto do grupo com militares da CART 1690 

Foto nº 4 > João Paulo (ou Sérgio Borges ?) ao centro, e à sua dois alferes da CART 1690  (um deles, à civil, o Alfredo Reis) e o 1º sargento



Foto nº 5 > Não sabemos quem é levado em ombros. Presume-se que seja um dos elementos do grupo, talvez o vocalista Sérgio Borges (1943-2011) ou então um dos alfgeres da CART 1690. Só o Alfredo Reis poderá esclarecer... De qualquer modo, foi um dia diferente, foi um dia de festa em Geba, o 24 de agosto de 1968...


Guiné > Zona leste > Geba > CART 1690 > 24 de agosto de 1968 > O conjunto musical João Paulo em digressão pela Guiné... Tal como no caso de  outros artistas populares na época, como a Florbela Queiroz, a digressão à  Guiné do Conjunto Académico João Paulo
era uma  iniciativa do Movimento Nacional Feminino (MNF). Este  conjunto fez digressões também por Angola e Moçambique,  durante a guerra colonial, além de países estrangeiros como os EUA. (Por exemplo, um ano depois, estavam em Moçambique a atuar para o BART 2838, 1968/70).

Foram fundadores do grupo, madeirense, pioneiro da música "rock" em Portugal (a par de Os Sheiks, Os Conchas, Chinchilas, Duo Ouro Negro, Quarteto 1111 e Demónios Negros, entre outros) os seguintes elementos:   João Paulo Agrela (1942-2007) (teclas), Carlos Alberto Gomes (guitarra), Rui Brazão (guitarra ritmo), Ângelo Moura (baixo), José Gualberto (bateria, falecido em 2004) e Sérgio Borges (1943-2011) (vocalista).  Não sabemos se todos estes participaram nesta digressão à Guiné, em 1968 ou se estavam na altura a cumprir o serviço militar na Guiné... Três ou quatro elementos do grupo passaram pelo EPI (Mafra), onde fizeram a recruta, no turno de setembro de 1966... Como se vê, dois anos depois  ainda estavam na tropa... Do tempo de Mafra, ficou a canção (pouco conhecida) O Salto (disponível no You Tube).

Fotos: © Alfredo Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG] (*)



Fotograma do vídeo (2' 43''), disponível no You Tube, com a composição O Salto, de 1966, retrato algo cáustico da instrução que era dada na EPI, na famosa Máfrica, por onde passaram alguns dos elementos do Conjunto Académico João Paulo. A voz que se ouve, belíssima, era a do talentoso Sérgio Borges, já falecido. O vídeo utiliza, sem o citar, várias fotos do nosso blogue... Disponível aqui.





Comjunto Académico João Paulo > Os elementos do grupo fizeram, todos,  o serviço militar. Foto: Cortesia da página Sérgio Borges e o Conjunto Académio  João Paulo - Clube de Fâs


Não há indicação de data nem local... Mas a foto pode muito bem  ter sido tirada em 1968, em Bissau, junto ao palácio do governador geral. (Parece-nos descortinar ao fundo uma das paredes laterais do palácio)... Na foto veem-se os seis elementos do conjunto, de camuflado, prontos para partir para o mato (?), mais o alferes do QG que, muto provavelmente, fazia de relações públicas ou de elemento de contacto (?).


1. Foi assim que a agência Lusa deu a notícia da morte do João Paulo:

Morreu João Paulo Agrela, do Conjunto Académico João Paulo
Agência LUSA24 Abr, 2007, 18:33 

(Fonte: RTP, com a devida vénia)

O corpo do artista está em câmara ardente na igreja de Nossa Senhora de Fátima, da Cova da Piedade, e o funeral realiza-se quarta- feira, às 14:00, no cemitério do Feijó.


Capa de um LP com compilações do grupo. Foto:
Cortesia de Sérgio Borges e o Conjunto Académio
João Paulo - Clube de 
Fãs. O João Paulo é o primeiro da
da esquerda, de camisola vermelha,
O Conjunto Académico João Paulo, um dos mais populares grupos musicais portugueses dos anos 60, era constituído por João Paulo Agrela, Sérgio Borges (o vocalista), Carlos Alberto, Rui Moura e Gualberto, todos eles estudantes.

Antes da explosão do "rock" em Portugal, o Conjunto gravou versões de cantores de sucesso da altura como Adamo, Gilbert Bécaud e Charles Aznavour, mas são da sua autoria duas das canções que os tornaram mais conhecidos: "Hully Gully do Montanhês" e "Milena (a da Praia)".




O êxito do conjunto "impôs" a sua vinda da Madeira para Lisboa, onde o empresário Vasco Morgado o contratou para espectáculos no Teatro Monumental e a rádio emitia os seus trabalhos com regularidade.

A projecção do vocalista do grupo [, Sérgio Borges,], que iniciou uma carreira a solo, acabaria por determinar o fim da carreira do conjunto, que tinha tido uma participação no Festival RTP da Canção, em 1966, com «Nunca Direi Adeus».


A Valentim de Carvalho editou em 1993 alguns dos êxitos do grupo num CD intitulado "Os grandes  êxitos do Conjunto Académico João Paulo".  (**)


2. Sobre a história do Conjunto  Académico João Paulo, que era muito popular entre a nossa tropa, no nosso tempo,  ver ainda:



(ii) Sérgio Borges e o Conjunto Académico João Paulo - Clube de fãs

Um facto, desconhecido para muitos, é a revelação da Cecília Supico Pinto na sua biografia, escrita por Sílvia Espírito Santo ("Cecília Espírito Santo,o rosto do Movimento Nacional Feminino, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2008, pp. 144): foi ela que "conseguiu que os músicos do 'Conjunto João Paulo' cumprissem o serviço militar actuando no mato em digressões pelas 'províncias' ".

Ela sabia, de resto, da experiência norte-americana na II Guerra Mundial, da importância que tinham, sobre o moral das tropas em África,  as atividades de natureza lúdica, como os espetáculos musicais ao vivo, feitos por artistas em voga, vindos da metrópole.

Enfim, uma forma barata, para o MNF, de entreter a malta... Como é sabido, esta mulher podia tudo, tendo acesso direto e privilegiado a Salazar...


Dois antigos alferes da CART 1690: Alfredo Reis (à esquerda)
e Domingos Maçariço (à direita). 24 de julho de 2010:
recordando, 42 anos depois, o ataque ao destacamento de
 Banjara. Foto: Alfredo Reis (2010)
3. As fotos (acima. numeradadas de 1 a 4) são do álbum do ex-alf mil Alfredo Reis que, tal como o A. Marques Lopes, pertenceu à CART 1690. juntamente com o António Moreira e o Domingos Maçarico  (. Os quatro dão-nos a honra da sua presença à sombra do poilão da Tabanca Grande).

O Alfredo Reis é veterinário, reformado, vivendo em Santarém. Sabemos que não é muito fã da Net...

As fotos chegaram-nos por intermédio do A. Marques Lopes.  A seleção, a legendagem e a organização temática são dele, A. Marques Lopes. (*)

Nesta data, 24/8/1968, o A. Marques Lopes já não estava na CART 1690: depois de regressar da metróple, onde esteve em tratamento e convalescença de um ferimento em combate, foi colocado em Barro, na região do Cacheu, na CCAÇ 3.

Além da sede (Geba), o Alfredo Reis esteve nos destacamentos, alguns dos quais, como Banjara e Cantacunda, eram os piores "buracos" do CTIG na época. (LG)

_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15371: Álbum fotográfico de Alfredo Reis (ex-alf mil, CART 1690, Geba, 1967/69) (1): Eu e o meu pelotão em Cantacunda (Parte I)

(**)  "Os Grandes Êxitos do Conjunto Académico João Paulo", compilação, Vadeca / EMI 7-243-8-27483-2-8, 1993: Track listing:

1 Eu tão só (Et pourtant) | 2 Capri C'est Fini | 3 Ma Vie | 4 Se Mi Vuoi Lasciare

5 Hully Gully do Montanhês | 6 Se Piangi, Se Ridi | 7 Non Son Degno di Te

8 Milena, A da Praia | 9 Ciao | 10 Nunca Direi Adeus | 11 Stasera pago Io 12 | L'amour Est Bleu

13 Cosa Vuoi da Me | 14 Kilimandjaro | 15 Onde Vais Rio que Eu Canto | 16 Canção de madrugar

17 Corre Niña

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15320: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (27): De 01 a 31 de Março de 1974

1. Em mensagem do dia 31 de Outubro de 2015, o nosso camarada António Murta, ex-Alf Mil Inf.ª Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), enviou-nos a 27.ª página do seu Caderno de Memórias.


CADERNO DE MEMÓRIAS
A. MURTA – GUINÉ, 1973-74

27 - De 01 a 31 de Março de 1974

Março de 1974 – Não podendo dispor dos meus registos de memórias desta época, pelas razões já aqui expressas várias vezes, socorro-me de breves passagens da correspondência enviada para a Metrópole, mas, principalmente socorro-me do valioso documento memorial que é a História da Unidade do meu Batalhão, como um filme daquela curta mas tão marcante etapa da minha vida. Rebobino o “filme” para o mês em apreço e está lá tudo o que preciso saber, desde os factos de que não tenho a mínima memória, - ou de que nunca tivera conhecimento -, aos factos que, embora ainda vagamente lembrados, jamais conseguiria datar e localizar com precisão. Outros, é certo, estão bem vivos na memória e limito-me a confirmar no “filme” o rigor do que está gravado. Dizia um antigo presidente americano, - Abraão Lincoln, creio -, que a memória é como um aço muito duro, difícil de gravar, mas depois de gravado, jamais se apagará. Mais ou menos nestas palavras.

Este mês de Março ficou marcado por alguns acontecimentos empolgantes, para variar, como a ligação de Nhala à estrada nova Aldeia Formosa-Buba e a visita da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto. Sobretudo esta visita, trouxe uma animação inusitada às tropas de Nhala – e do Sector -, mas não se pode dizer que tivesse, também, quebrado a monotonia e a rotina, simplesmente porque naquela época, o que tínhamos menos era monotonia e rotina, tal era a actividade operacional. Esta actividade continuava virada para a protecção às obras da estrada como até aí, mas, a partir de agora, também para a protecção exclusiva das máquinas, paradas à noite, em zonas cada vez mais afastadas dos aquartelamentos, implicando dormidas no mato junto delas. Para além disto, todo o Sector era “vasculhado” constantemente, em acções desencadeadas pelos alarmantes sinais – no terreno e não só -, de que a guerrilha estava um pouco por todo o lado: ora deixavam pegadas, ora lançavam very-lights, ora faziam tiros de RPG que se ouviam nas matas afastadas. Por várias vezes apareceram mesmo, dispostos ao confronto: logo no início do mês interceptaram dois soldados do Pel Caç Nat 55 que andavam à caça, matando um deles; na estrada Mampatá-Colibuia tentaram aproximar-se dos pontões, possivelmente para os destruir, mas foram repelidos pelo GrComb da CART 6250 de Mampatá que lá estava emboscado; no dia 15, a tropa de Buba, da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 que se deslocava para a protecção às obras da estrada, foram emboscadas, (pela segunda vez) por cerca de 50 elementos. Em carta para a Metrópole, dei conta: “Hoje, mais uma vez, uma coluna vinda de Buba para a frente trabalhos, entre aquela base e Nhala, foi atacada na estrada. Mesmo nas nossas barbas, mas sem consequências”. Foi em 15 de Março/74, uma sexta-feira. Ainda nessa carta, como curiosidade, informo: “Há dias foi colocada uma bomba dentro de um café que eu costumava frequentar quando de passagem por Bissau”. Estava assim o ambiente geral.

Anteriormente, no dia 7 já noite, vimos subir nos céus de Nhala, mesmo à nossa frente, um very-light verde, silencioso e belo, como num resto de romaria minhota. Estávamos sentados no alpendre da messe, cada um com o seu copo na mão em amena cavaqueira, mas a reacção imediata não foi esperar pelo rufar dos tambores e acordes de gaita-de-foles, mas sim largar tudo e correr para o que tinha de ser feito. Toda a iluminação desligada, em pouco tempo o morteiro 81 estava no espaldão a bater a zona em frente. Todo o pessoal nas valas, expectante, sem saber o que aconteceria a seguir. Eu e a equipa do morteiro 60 do meu grupo, corremos para o extremo da tabanca, do lado da picada para Buba, para bater uma possível retirada por esse lado. Disto lembro-me perfeitamente. Colocámo-nos num espaço exíguo entre a vala de defesa e uma palhota. Enquanto ali estivemos, quase encostados à palhota, eu ouvia no seu interior um tossir de mulher de idade, pareceu-me, numa tosse persistente e cavernosa que picava num peito já sem energia. Não sei se estaria acompanhada mas, apesar do barulho das saídas do morteiro quase ao pé da porta, ninguém veio espreitar ou indagar daquelas necessidades de incomodar quem precisava de descansar. Nunca mais esqueci este episódio. No dia seguinte fizemos uma batida na zona, mas apenas encontramos pegadas de dois indivíduos.


10 de Março de 1974 – (domingo) – A visita da Cilinha

Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (1921 – 2011), Cilinha, como gostava de ser tratada, (diminutivo que lhe vinha da infância), era descendente de aristocratas e uma Senhora do Regime. Não precisa de grandes apresentações porque sobre ela quase tudo já foi dito. Muito antes de a ter conhecido em Nhala, já tinha por ela uma elevada consideração e um grande respeito, pela sua coragem, tenacidade e coerência. Durante treze anos, de 1961 a 1974, foi presidente do MNF que ela fundou, tendo em vista acções de sensibilização da sociedade portuguesa para a defesa das colónias ultramarinas, o seu Ultramar. Tudo fez nesse sentido, desdobrando-se em iniciativas na Metrópole e calcorreando as colónias, tentando dar alento a tropas desmotivadas e politicamente amorfas.

Era por ser assim, e não pelos seus objectivos, que a admirava e a minha consideração elevou-se depois de a ter conhecido. Porque, sendo coerente com as suas convicções, saiu do seu confortável cantinho e dos salões solenes e elegantes, e veio para o terreno com o seu camuflado pôr na prática aquilo em que acreditava, correndo riscos e sofrendo privações. E via-se que gostava do que fazia, exibindo uma alegria contagiante e uma disponibilidade total, atributos que passavam para quem a via e ouvia, por a reconhecerem como “um deles”. Politicamente, eu estava nos antípodas. Para mim, a Cilinha, pelas suas ideias e acções e pela sua proximidade (intimidade) com o Regime, representava o Regime.

Politicamente, portanto, eu era contra a sua filosofia de manutenção das colónias, contra tudo o que dizia e fazia nesse sentido, que era, um pouco do que já fizera na sua juventude em prol da caridadezinha.

Paradoxo, incoerência da minha parte? Não. Repito que, como pessoa, tinha por ela o meu maior respeito e consideração. Aliás, soube já depois da sua morte que, nesse aspecto de respeitar o “outro” mesmo não concordando com “ele”, ela não era muito diferente de mim. Dois exemplos: Foi sempre amiga, desde a infância, da Sofia de Mello Breyner, mesmo estando em campos políticos opostos; uma vez disse, revelando nobreza de carácter: “Admiro Cunhal pela sua coerência”. Para terminar, lamento que após o 25 de Abril e até à sua morte, tenha sido desprezada pela esquerda e ostracizada pelos seus correligionários de direita. Tudo apanágios de gente de baixa índole. Sei que nunca foi hostilizada, ainda assim, merecera mais consideração.

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À chegada a Nhala, a Cilinha foi alvo de calorosa recepção por parte da tropa e de alguma população, sobretudo crianças. Mais pelo inédito da situação e pela curiosidade por esta mulher branca que se aventurava no mato para chegar perto deles, com estímulos e uma palavra amiga. Almoçou na messe de oficiais após uns descontraídos aperitivos, mais para pôr a conversa em dia. Vinha acompanhada pelo Comandante do Batalhão, Ten Cor Carlos Alberto Ramalheira e por um séquito de outros oficiais que foi arrastando por onde passou. Após o almoço (ou antes?) houve tempo para falar aos soldados, cantar o fado e, até, dançar com alguns. Depois partiu rumo a Mampatá, após demoradas e sentidas despedidas. Admito que foi o acontecimento do mês, mas não poderia adivinhar que o mês seguinte traria acontecimentos muito mais importantes e marcantes do que este, efémero e superficial.

Seguem-se algumas fotografias que seleccionei dessa visita.


Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha rodeada por alguns oficiais num momento de descontracção durante os aperitivos.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha a dialogar com o Comandante do Batalhão Carlos Ramalheira. Em primeiro plano o Cap. João Brás Dias, Comandante da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 de Buba.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Messe de oficiais de Nhala. O Comandante do Batalhão diz umas palavras de circunstância.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Ajuntamento de alguns militares e nativos para ouvir a Presidente do MNF.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A assistência vai-se chegando, mas alguns parecem hesitantes...

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Após a visita, a Cilinha é acompanhada até às viaturas para o regresso. À sua esquerda o Comandante da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 de Nhala, Cap Braga da Cruz. À frente, o Comandante do Batalhão em diálogo com um homem grande da tabanca.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha troca umas palavras com o Cap Braga da Cruz.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Cilinha sorridente, num meio que lhe é familiar: a tropa.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha olha directamente para a objectiva (corte da fotografia anterior).

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Finalmente o embarque.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha e o Comandante do Batalhão acomodam-se por cima de sacos de areia.
 
Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Última despedida do Cap Braga da Cruz.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A Cilinha despede-se de um Alferes que não consigo identificar.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Últimas recomendações? A mim pareceu-me mal que a Cilinha e o Comandante tivessem seguido à cabeça da coluna numa Berliet rebenta-minas.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Vista geral do aparato que envolveu a visita da Cilinha.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: Último adeus da Cilinha ao pessoal de Nhala. Em segundo plano, de frente com a mão na cintura, vê-se o Fur Mil Manuel Casaca.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: A coluna embica pela velha picada rumo a Mampatá. Mas em frente já é possível ver-se o troço que, ao cimo, entronca na estrada nova: à direita para Buba, e à esquerda pata Mampatá e Aldeia Formosa.

Nhala, 1974-03-10 – Visita da Cilinha: O pó foi sempre uma constante, mas agora agravado pelo revolver dos terrenos pelas máquinas da Engenharia. Não o apanhar de frente, é uma vantagem de quem segue na viatura rebenta-minas. Ou talvez por isso...

(Continua)

Texto e fotos: © António Murta
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Nota do editor

Poste anterior da série de 27 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15297: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (26): De 29 de Janeiro a 26 de Fevereiro de 1974

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14455: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (97): José Maria de Sousa [ Ferreira, minhoto de Braga, com escola de condução no Porto], ex-sold mec aut (BART 1904 e PINT, Bambadinca, 1968/70) descobre os seus companheiros do conjunto musical, da CCS/BCAÇ 2852, a quem o Movimento Nacional Feminino ofereceu, em 1969, os instrumentos


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Circa Maio de 1969 > Atuação do conjunto musical de Bambadinca, formado por cinco elementos: da direita para a esquerda,  o 1º cabo Tony  ("cantor romântico"), o 1º cabo Peixoto (bateria), o José Maria de Sousa [, Ferreira], soldado do pelotão de intendência (viola solo), o 1º cabo Serafim (viola ritmo), e ainda "um outro 1º cabo que "deveria ser chapeiro e que, na vida civil, praticava halterofilismo"... Com exceção do Sousa, todos pertenciam ao BCAÇ 2852 e eram 1ºs cabos...

Pela consulta da história da unidade (BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), presume-se que:

(i) o Peixoto seja o 1º cabo escriturário  José Faria Taveiro Peixoto, nº  11176267, do comando do batalhão, secção de pessoal e reabastecimento;

(ii) o Serafim deve ser o 1º cabo mecânico auto António Luis S. Serafim, nº 06148667, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Quitério Augusto, nosso grã-tabanqueiro;

(iii) o Tony, pelo nome e nº mecanográfico terminado em 61, pode ser o 1º cabo nº 14219661 António N. Sousa ("Era refratário, e tinha cinco a seis anos a mais do que nós", diz o Sousa; julga que era condutor, e natural de Lisboa, onde já cantava, com nomes fadistas conhecidos como a Maria da Fé).




Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 > Da  direita para a esquerda, Peixoto (bateria),  Sousa (viola solo), Serafim (viola ritmo) e outro camarada não identificado (1º cabo, provavelmente bate chapas).





Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 &gt Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha"  (1)...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 &gt Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha"  (1)... Todos as guerras têm a sua "Pasionaria"... A "Cilinha" terá sido a nossa... Esta foto, notável, do José Carlos Lopes, é uma prova disso... É uma foto de antologia, editada por nós, a preto e branco...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 >  Parada do quartel de Bambadinca: visita da presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto (1921-2011), mais conhecida por "Cilinha" (2)...

Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).(*)

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. O José Maria de Sousa [Ferreira], de rendição individual, era soldado mecânico auto, sendo originalmente colocado na CSS/BART 1904, onde veio substituir um camarada ferido num braço.

Terminada, em setembro de 1969,  a comissão do BART 1904 (1966/68), o José Sousa [JMSF] vai para Bissau, mas logo a seguir é colocado no Pelotão de Intendência (PINT) de Bambadinca.  Tem, ao todo,  54 meses de vida militar. "Apanhou um porrada na metrópole por conduzir sem carta". Foi mobilizado para a Guiné. Já tocava viola na vida civil.

Em Bambadinca o José Sousa era muito solicitado para festas de anos e animações. Depois formou um conjunto com a malta da CCS/BCAÇ 2852. O Movimento Nacional Feminino (MNF) ofereceu-lhes os instrumentos. Tocaram, com grande sucesso, em vários sítios, incluindo Bafatá (na festa de Natal de 1969 e na passagem de ano). As fotos acima referem-se ao dia em que a Cilinha foi visitar Bambadinca...  e houve espectáculo musical no edício em U das messes e quartos de oficiais e sargentos.

O Sousa, que é sócio de um escola de condução no Porto, é natural de Braga, tem uma filha, médica, no IPO do Porto.  Hoje o seu nome completo é José Maria de Sousa Ferreira (JMSF). Na tropa, era só conhecido por Sousa.

Falou comigo ao telefone. Já esteve na Guiné, em férias, há 3 anos, e claro visitou Bambadinca.  Quer ir ao convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, que este ano se realiza na Trofa (**). Foi o Silvino Carvalhal, de Vila Nova de Famalicão,  que lhe deu o meu nº de telefone de casa. Mas foi através da Net que ele  descobriu estas fotos acima reproduzidas, e que o emocionaram,  Gostava agora de saber por onde param os seus companheiros do conjunto musical. Só não se lembra do nome do 5º elemento, "1º cabo, talvez chapeiro, da CCS"... (Consultando a história da unidade, verifica-se que o único 1º cabo bate-chapas era o Otacílio Luz Henriques; havia mais dois 1ºs cabos mec auto,  o João de Matos Alexandre e e o outro era o Serafim)...

 O conjunto musical de Bambadinca era formado por 5 elementos, todos eles 1ºs cabos, com exceção do do Sousa, havendo 1 cantor (o Tony), 3 guitarras elétricas e 1 baterista. O Sousa gostaria muito de reencontrar estes companheiros: o Tony seria de Lisboa, o Peixoto, de Póvoa de Lanhoso. O Serafim, bateria, também tocava viola.

Convidei o Sousa  a integrar o nosso blogue, o que ele aceitou de bom grado. Ficou de me mandaralgumas fotografias que ainda lhe restam do tempo da tropa. Tenho o seu telefone e endereço de email. (***)

PS - Não confundir este conjunto com um outro que andava pela Guiné, o Conjunto Musical das Forças Armadas. (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-fur mil radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria a   integrar esse Conjunto Musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917; esse conjunto atuava por toda a Guiné).

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969

(**) Vd poste de 2 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14430: Conivívios (661): Pessoal de Bambadinca 68/71: Trofa, 30 de maio de 2015 (Silvino Carvalhal / Fernando Sousa)

(***) Último poste da série > 17 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14157: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (96): Não sei se era o senhor Comandante Pombo que estava aos comandos, sei que fiquei muito sensibilizado com esta boleia (António Dâmaso)