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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25084: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (26): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Maio de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

26 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira


MÊS DE MAIO 1971

Furriel Moreira em frente ao bar de oficiais e sargentos, no Olossato
Furriel Moreira no Olossato
Furriel Moreira junto ao poilão que estava próximo do quarto dos furrieis do "meu" 4.º grupo de combate.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25058: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (25): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Abril de 1971

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25058: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (25): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Abril de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

25 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira


MÊS DE ABRIL 1971



O MEU COMENTÁRIO AO ATAQUE AO QUARTEL DO OLOSSATO

1971/ABRIL/07

Ao anoitecer sofremos um ataque ao quartel. O alferes Silva não se encontrava no Olossato. Desde a "Operação Jaguar Vermelho" ia periodicamente ao Hospital Militar para tratar dos estilhaços que apanhou nessa operação. Por essa razão pouco tempo passava no Olossato. Nessas ausências era eu que comandava o meu grupo de combate - e fazia de ofIcial do dia, - por ser o furriel mais antigo.

Quando começou o ataque peguei na G-3 e dirigi-me à caserna dos soldados do meu grupo de combate, que ficava do lado em que estávamos a ser atacados.
Os soldados já estavam instalados na vala que havia nas traseiras da caserna.

Fui alertado pelos furriéis Ramalho e Justino de que os soldados se queixaram que o soldado F.R. saiu da caserna aos tiros e que não acertou em nenhum camarada por mero acaso. Disse-lhes que trataríamos do caso no fim do ataque.

Nestes casos, de ataques com morteiro e canhão sem recuo, portanto bastante afastados de nós, as espingardas não servem para nada. O essencial é protegermo-nos e prepararmo-nos para um eventual assalto ao quartel ou a saída de algum grupo de combate.

O assalto não era provável, porque o rio Olossato, que corre a cerca de 30 metros, funciona como barreira natural e a ponte que o atravessa tem um posto de vigia em frente, com um projector apontado para lá e uma metralhadora pesada virada para esse lado.

Depois de o ataque ser considerado como terminado, mandei os soldados saírem da vala e que o soldado F.R. viesse falar comigo.

Para meu espanto verifiquei, pelo andar e pelo falar, que ele estava alcoolizado.
Lembrei-lhe que desde o princípio da comissão os tinha avisado que não deviam abusar das bebidas alcoólicas, especialmente nos dias que tínhamos saídas para o mato ou de serviço ao quartel. Se houvesse alguma "festejo" especial que o fizessem no dia de trabalhos no quartel. De qualquer maneira aconselhava-os a não exagerarem na bebida, porque as consequências desses actos eram mais graves do que no continente.

Continuei a ronda até á 1 hora da manhã.

Cerca das 4 horas o furriel Justino foi acordar os soldados que iam render os postos e dirigiu-se para a tabanca para passar ronda aos postos dos milícias.
Nessa altura ouviu uma rajada do lado donde tínhamos sofrido o ataque e correu para esse local. Ao passar junto ao comando encontrou o capitão, os alferes e os sargentos todos no exterior de edifício, que também lhes servia de dormitório destes graduados.
O capitão Tomé disse ao Justino para verificar o que se passou e para o ir informar.

Aquando da rajada, também me levantei e preparei par ir ver o que se passava, mas como tudo se acalmou voltei a deitar-me.
Cerca das 6 horas e 15 minutos o furriel Justino chegou ao nosso quarto e contou-me o motivo da rajada às 4 horas da madrugada.

"NÃO ENCONTROU O PASSARINHO ÀS 4 DA MADRUGADA", mas encontrou o capitão que lhe disse que queria falar comigo.

Depois contou-me a origem da rajada: cerca das 3 horas e 45 minuto foi chamar os soldados que iam entrar de serviço às 4 horas. Todos acordados e de olhos abertos o furriel Justino dirigiu-se à tabanca, convencido que estava tudo a funcionar normalmente.
Aconteceu que um dos soldados que ia entrar de serviço (RAFAEL DE JESUS) dormia com os olhos abertos (informação dos outros soldados do nosso grupo de combate). Este pormenor era do conhecimento dos soldados, mas nós, graduados do grupo desconhecíamos.
Para cúmulo do azar o Rafael ia render o F.R., que já tinha feito "grossa asneira", aquando do ataque. Passados cerca de 10 minutos das 4 horas e não se tendo feito a rendição, não esteve com "meias medidas" - fez uma rajada.

Depois de um ataque ao princípio da noite, foi como "APAGAR O INCÊNDIO COM GASOLINA".

A seguir ao almoço falei com o capitão, que me mandou participar do F. R.
Como nesta altura já sabíamos que íamos para NHACRA, convenci o capitão a não participar. O capitão insistia que ele tinha de ser castigado e eu propus "DAR-LHE CABO DO CORPO". Por fim aceitou a minha proposta de lhe dar um "castigo físico" que servisse de exemplo, em vez da participação que podia levá-lo para uma zona de maior perigosidade.

O capitão mandou-me propor o castigo.

Como nessa altura andávamos a substituir as palmeiras podres, que faziam de valas à superfície, sugeri que sempre que ele estivesse no quartel, sem estar de serviço, fosse fazer esse trabalho e/ou quaisquer outros trabalhos que fossem precisos.
Aceitou a minha proposta e mandou-me dizer ao F. R. para ir falar com o capitão.

Quando me dirigi para o meu quarto passaram alguns soldados do meu grupo de combate e pedi para dizerem ao F. R. para vir falar comigo. Passado pouco tempo bateram à porta do meu quarto.
Era o "réu".
Disse-lhe para ir falar com o capitão e ele respondeu que já tinha falado e que já sabia qual ia ser o castigo. Estava ali para me agradecer o não ter sido castigado oficialmente.

A partir deste dia, quando chegávamos dos patrulhamentos, lá vinha ele pedir a minha G-3 para limpar e olear.
Eu não aceitava, mas de vez em quando tinha que lhe dar a G-3, porque ele não desistia com as minhas negativas.

Olossato - João Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 4 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25034: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (24): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Março de 1971

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

domingo, 31 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25021: Bombolom XXX (Paulo Salgado): Como a Guerra é (re)contada

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor dos livros, "Milando ou Andanças por África""Guiné, Crónicas de Guerra e Amor" e "7 Histórias para o Xavier", com data de 29 de Dezembro de 2023:

Meus Caros Camaradas,
Desejo a todos os editores do nosso Blogue, e a todos os que nele participam, Bom Ano de 2024.
Uma saudação de camaradagem e o pedido de bombolarem o meu bombolom.
Paulo Salgado



O meu Bombolom

Como a Guerra é (re)contada

Olossato, 1970 - O Alf Mil Op Esp Paulo Salgado - Foto: © Paulo Salgado


N
um dos encontros que a Companhia de Cavalaria 2721 tem realizado, pela mão de um grande camarada, para lembrar a camaradagem e a solidariedade que se construíram em tempo de guerra, dizia-me um ex-militar, graduado, face às histórias que cada um ia narrando:
- Eh pá, pelo que ouço nestes nossos encontros, dá-me a impressão que não estivemos na mesma guerra, no mesmo local, que percorremos os mesmos caminhos, que sofremos as mesmas emboscadas, que estivemos sujeitos aos mesmo bombardeamentos, sofrendo as mesmas vicissitudes!

Perante o meu espanto, prosseguiu:
- Não te admires, camarada. Participei, como te lembras, numa grande operação, houve barafunda, tiroteio forte, confusão, no meio da mata, feridos, alguns graves, evacuações. Pois bem, chegados ao aquartelamento, ouvi diferentes versões, inclusive sobre o que decidi, sobre as ordens que dei, sobre a minha intervenção. E aqui, nestes encontros, dezenas de anos depois, ouço versões diferentes, por vezes contraditórias. Isto é do caraças…!

Calado fiquei por breves instantes. Porém adiantei:
- Claro que me aconteceu uma situação similar, alguns meses despois, ao episódio que focaste. Um camarada lembrava que teria havido uma manobra mal feita pelo grupo (a que eu pertencia) que fazia a segurança ao grupo que retirava do golpe de mão, e que teria deixado passar o IN. E falava com uma certeza impressionante. Foi contraditado na altura, mas ainda hoje, mantém a mesma versão… Até posso afirmar que os camaradas que habitualmente seguiam à frente comigo nos patrulhamentos contarão os factos diferentemente uns dos outros, e de mim, naturalmente... sempre que o perigo era pressentido ou quando havia contactos…

Ouvindo a conversa nesta amena cavaqueira, logo um outro veio afirmar:
- Não foi assim que se passaram as coisas. É preciso lembrar que o IN sabia muito bem contornar as situações… o grupo que fazia a segurança (os “aguentas”), procedeu da forma correcta. Obviamente, ambos não chegaram a acordo, e cada qual ficou com a sua.

Não liguei muito ao caso sobre o foco de cada um. Nem ligo, hoje. Por duas razões.

Primeira: vivi intensa e criticamente o tempo em que estive na guerra, esforcei-me por dar o meu melhor em contribuir para todos regressarmos, o que infelizmente não sucedeu: dois mortos e alguns feridos. Escrevi notas, escrevi cartas, poetei alguma coisa, li alguns livros, comandei a companhia durante alguns meses, bem ou mal, construímos um jornal, jogámos futebol, passámos fome e sede, até fizemos operações helitransportados, fiz exames da quarta classe aos jovens, contactei e respeitei a população dentro da filosofia que o capitão imprimiu... Colaborei na feitura da História da Companhia. Fui louvado.

Segunda: por convite e convicção, fui cooperante na República da Guiné-Bissau vinte anos depois do 25 de Abril. Ao revisitar o “local” (por diversas vezes, uma delas com o cabo Moura Marques (grande soldado, meu convidado no Bairro da Cooperação, cerca de 35 anos depois), fui reconhecido pelos soldados feitos milícias. Calcorreei grande parte daquele País, acompanhado pela minha mulher, namorada na altura da guerra. Vi homens e mulheres, alguns eram crianças…! – agora libertos do jugo colonial e da força das armas. Pelo serviço prestado, foi-me concedido um diploma de honra ao mérito pelo poder instituído no País. Poucos haverá que tenham sido louvados pelos dois lados – já agora.

Para trás, os detalhes, as histórias narradas que me deram lastro para escrever (narrativa histórica ficcional) sobre alguns momentos e episódios. Sem falar da guerra, propriamente. As cartas, as abundantes cartas, que a minha mulher guardou, raramente falavam de episódios de guerra… Estão conservadas para a memória dos meus descendentes, se tal lhes aprouver.

A História é assim: cada um rememora-a como a sentiu e viu e viveu. Desta guisa, fizeram Cadamosto, Tristão da Cunha, Nola, Diogo Cão, Bartolomeu Dias… E, em especial, os cronistas, que vale a pena ler: Zurara, Rui de Pina, o grande Damião de Góis... Também Albuquerque, Duarte Menezes, entre outros, no Oriente. Em pleno século XIX, Livingstone, Serpa Pinto, Silva Porto (que foi espezinhado pelo inglês…) e outros exploradores narraram as suas andanças pelo continente africano. De forma diversa. Basta compulsar os livros. Até hoje. Repare-se: se perguntarmos aos soldados que estiveram em cima das chaimites, comandados por Salgueiro Maia, cada um conta à sua maneira o que viu no Largo do Carmo… Cada um conta a história à sua maneira, ou, se quisermos, como a viveu, e de acordo com a sua perspectiva. É a força da emoção e da percepção havida no momento, camaradas.

Nos meus livros, as crónicas são ditadas de acordo com o que e como eu vivenciei ou me contaram… mas sempre baseado em factos e personagens verídicos.

Ora, envolvermo-nos em histórias orais da natureza que introduz este desabafo é sinal de pouca clarividência, de pouca lucidez: não foi assim, dirão uns; não, estás enganado, responderão outros… Em História, podemos afirmar o seguinte: os historiadores baseiam-se em fontes, que podem ser de natureza diversa: escritas, orais, materiais… O narrador é a voz que narra os acontecimentos, faça ou não parte, como personagem, da trama.

Nós, que participámos no “teatro” (designação tão interessante esta!) da Guerra Colonial, somos narradores personagens, em primeira pessoa, portanto, relatamos os factos como participantes dos acontecimentos. E descrevemo-los segundo perspectivas que são diferentes, muitas vezes enviesadas, distorcidas, não adrede, claro.

Mas é bom que fiquem as memórias – a chamada Literatura Memorialista.

Saudações, camaradas. Bom ano. Com calor humano. Calor humano, tal como o recebi do povo nas minhas andanças em tempo de liberdade. E, também, em tempo de guerra, quando, sabem Deus e Alá a razão, as mulheres e as crianças sofriam tanto, quando o grande Suleiman me livrou de ter pisado duas minas antipessoal e me protegeu tantas vezes! A minha paga foram as vezes que o visitei no Olossato e quando o procurei ajudar no Hospital Nacional Simão Mendes, onde assisti à sua morte, serena morte, a morte de um soldado que lutou por uma Pátria (?!) que não o soube tratar como devia, a ele e a tantos…

Paulo Salgado
28.12. 23

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE NOVEMBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21591: Bombolom XXIX (Paulo Salgado): "Dezasseis anos depois", um poema meu, que li em Santarém, no encontro anual da CCAV 2721, em Abril de 1986, onde esteve presente no final do almoço o Salgueiro Maia (1944-1992)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25008: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (23): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Janeiro e Fevereiro de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

23 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira



MÊSES DE JANEIRO E FEVEREIRO 1971

Foto/Postal de Natal para a família
Avioneta que danificou uma asa ao aterrar no Olossato.
Avioneta a ser metida dentro do Noratlas, em Fevereiro de 1971.
Avião Noratlas que foi ao Olossato buscar a avioneta.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24984: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (22): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Dezembro de 1970

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24984: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (22): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Dezembro de 1970



"A MINHA IDA À GUERRA"

22 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira



MÊS DE DEZEMBRO DE 1970

A. SITUAÇÃO

1. TERRENO

Dadas as condições climáticas e um certo adiantamento do período seco, possibilitando as queimadas de capim, a actividade operacional tem decorrido com menos dificuldades.

2. NT
A CCAV 2721 deixa de pertencer, operacionalmente, ao BCAÇ, para pertencer ao COP 6.
A missão da CCAV 2721 é a seguinte:
" - - Mantém 1 GComb no Destacamento do Maqué.
" - - Executa acções ofensivas, helitransportadas ou não, à ordem, em qualquer ponto da ZA do COP 6.
" - - Mantém uma actividade normal de patrulhamento, emboscadas e batidas na área geral definida por:
BINTA 505.12 - ROLOSSATO - BINTA 5G4.27 - CANCUNCO - CINDARÉ - MADINA MANDINGA (excl) - CÃ QUEBO (excl) - CANICÓ (incl) - ROLOSSATO até BINTA 7H1.68 - CRUZ BINTA F7-34 - est. MANSABÁ/BISSORÃ - Lim W do COP 6.
" - - Apoia e fornece os meios necessários à actividade operacional".
Esta actividade está conjugada com a actividade da CCP 121 (-) que se encontra no Olossato desde 14 do corrente.

3. ​POPULAÇÃO CIVIL
Os trabalhos agrícolas continuaram.
Tal como se previa, é opinião geral e facto que se vem consumando que a produção agrícola deste ano é bastante superior à do ano transacto, o que é factor importante no âmbito do OLOSSATO, principalmente se atendermos ao péssimo ano em toda a província.
A chegada da CCP 121 (-) é acontecimento que influencia o moral das gentes do OLOSSATO.

B. ​ACTIVIDADE

Decorreu normalmente com os patrulhamentos diários. Além disso:
- Em 10DEZ70 realizou-se um patrulhamento integrado na Operação "HERA BRANCA" a BINTA 8H4. Nada de especial a referir. Somente se aponta o facto de não haver quaisquer vestígios recentes e os trilhos estavam irreconhecíveis.
- Em 17DEZ70 foi detectada uma mina A/P pelo 2.º GComb da CCP 121, tendo sido levantada por pessoal da CCAV 2721.
- Em 18DEZ70 foi detectada e levantada uma mina A/P em BINTA 8E8.19.
Refere-se que ambas as minas são de implantação antiga.
- Em 21DEZ70 efectuado um patrulhamento com emboscada, integrado na Operação "HIDRA BRANCA", a BISSANCAGE.
Assinala-se o facto do trilho que passa em BISSANCAGE, vindo de MADINA MANDINGA estar batido e de terem passado dois indivíduos calçados, momentos antes de ser montada a emboscada.
- Em 30DEZ70 foi efectuado um golpe de mão a CANJAJA "UNHADA" (BINTA 8F2.65) a 02 GComb da CCAV 2721 + 02 GComb da CCP 121.
Foi destruído o acampamento da população, tendo sido recuperados 01 (H), 07 (M) e 06 (C). Houve 2 elemento da população que estavam armados e fizeram fogo durante a fuga, tendo alguns elementos das JFANTJFA respondido, causando 1 ferido provável.
No deslocamento para o OLOSSATO, o IN bateu a zona com morteiro 60.
Foi capturada uma espingarda MAUSER.
- Em 30DEZ70, cerca das 20h00 o aquartelamento e povoação do OLOSSATO, foram flagelados com 4 foguetões, de bases na direcção do Fajonquito, provavelmente de MANACA ou IAROM. As NT reagiram com mort. 81. (de início ainda não se tinha a certeza das armas com que o IN nos flagelou e com artilharia, batendo as áreas mais prováveis de instalação do IN, tendo dois foguetões caído antes do aquartelamento e passado por cima foi cair perto do ROLOSSATO, na bolanha. Para as NT e POP não houve consequências.

RESULTADOS
- Baixas ao IN
Ferido - 1 elemento armado (provável)
Recuperados - 14 elementos da população.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24953: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (21): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Novembro de 1970

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24953: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (21): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Novembro de 1970



"A MINHA IDA À GUERRA"

21 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

MÊS DE NOVEMBRO DE 1970

João Moreira



PPSh-41

A Pistolet-pulemet Shpagin 41 (PPSh-41) (em russo: Пистоле́т-пулемёт Шпагин 41) é uma submetralhadora soviética projetada por Georgy Shpagin como uma arma mais barata e alternativa simplificada ao PPD-40.

É uma variante da Pistolet-pulemet, concebida por Georgii Shpagin, sendo uma das pistolas metralhadoras mais produzidas em massa na Segunda Guerra Mundial. Utilizada pela União Soviética durante a guerra.

O seu baixo custo baseava-se em não ter parafusos e todas as partes metálicas serem estampadas.

A PPSh-41 não era somente melhor de ponto de vista de fabricação, a sua superioridade também se alargava a outras áreas.

Tinha uma taxa fenomenal de tiro, por volta de 900 TPM (tiros por minuto), tal como uma reputação pela sua durabilidade e necessidade de pouca manutenção.

Também se pensava que era mais certeira do que muitas armas de outros países, mais caras e complexas.

Cerca de 6 milhões de exemplares desta arma foram produzidos até ao fim da guerra. A sua reputação e disponibilidade fizeram com que divisões inteiras fossem equipadas com ela.

Os próprios Alemães estavam bastante impressionados com a arma, e usavam-na sempre que a capturavam.

Após terem capturado grande quantidade delas estabeleceram um programa para convertê-las à munição padrão alemã, 9×19mm Parabellum, sendo adotadas com a nomenclatura "MP41(r)". Peças não convertidas foram adotadas como "MP717(r)", usando munição alemã 7,63×25mm Mauser, dimensionalmente idêntica à original da PPSh-41, 7,62×25mm Tokarev, sendo a russa ligeiramente mais potente.

A PPSh-41, sobreviveu à guerra, e quer a sua facilidade de construção quer a grande quantidade de unidades disponíveis serviram para apoiar muitos movimentos guerrilheiros apoiados pela URSS. No entanto, a PPS, apresentava alguns problemas. O carregador de tambor, com capacidade para 71 cartuchos, era frágil, sofrendo deformações com facilidade, causando encravamento, sua alta cadência de tiro, e facilidade de disparo faziam com que rapidamente se gastassem as munições disponíveis, o que provocava inevitavelmente problemas logísticos aos movimentos guerrilheiros.

Por conta disso foi introduzida uma versão de carregador de 35 munições, muito mais confiável que pelo design mais simples. Além disso, em florestas densas, a sua relativa pouca potência tornava-a uma arma relativamente ineficiente.

05JUN1970 > Destacamento de Maqué, que ficava entre o Olossato e Bissorã, no itinerário Farim-Bissorã-Mansoa.
05JUN1970 >Furriel Moreira na Ponte do Maqué. O destacamento era para guardar esta "obra de arte", mas... era essencial para nos ligar ao progresso.
05NOV1970 > Messe dos furriéis milicianos, que era separada da messe de oficiais e sargentos (do quadro)
05FEV1971 > Furriéis Silva, Sousa, Teixeira, Moreira e Pereira. Silva (transmissões) e Moreira são da CCAV 2721, os outros 3 pertencem ao 21.º Pelotão de Artilharia que chegou ao Olossato em 21 de Novembro.
05ABR1971 > Furriel Moreira, junto ao rio, que tinha um caudal muito pequeno.
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24927: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (20): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Setembro de 1970

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24927: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (20): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Setembro de 1970



"A MINHA IDA À GUERRA"

20 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

MÊS DE SETEMBRO DE 1970

João Moreira



Legenda da infografia:
- Zona contornada a cor laranja: Zona de acção da Companhia a nível de pelotão;
- Zona contornada a verde: Zona de acção a nível de Companhia.
Furriéis Carvalho e Moreira da CCAV 2721 em Bissau após o nosso regresso de férias à metrópole, porque já estávamos a precisar de "mudar de ares". Os restantes elementos são amigos do Carvalho, que estavam colocados "no Bissau".
Jantar na messe de oficiais e sargentos, com todos os graduados. Deve ter sido algum aniversário ou algum dia de "festa".
Jantar na messe de "oficiais e sargentos", (excluindo os furriéis milicianos). Deve ter sido alguma data importante (festa, aniversário . . .)

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24899: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (19): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Mês de Agosto de 1970