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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18333: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (49): Quem são os camaradas da CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70), que assistiram aos últimos minutos de vida do trágico herói limiano António da Silva Capela (1947-1969), uma das vítimas mortais da emboscada, em 18/10/1969, no último dia da Op Ostra Amarga ? Estou a fazer a biografia deste filho de Ponte de Lima, que não pode ficar sepultado na vala comum do esquecimento na sua terra natal... (Mário Leitão)




Foto nº 2


Foto nº 3


 Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6



Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


 Foto nº 10



Foto nº 11


 Foto nº 12


Foto nº 13



Foto nº 14

Footogramas, selecionados por Mário Leitão, do vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", ORTF, Paris, 1969] , hoje disponível no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58'').


1. Mensagem, com data de 8 do corrente, do nosso camarada: Mário Leitão [ hoje farmacêutico reformado, ex- Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973; residente em Ponte de Lima, membro da nossa Tabanca Grande, escritor, autor de livros como "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012).



Camarada Luís, um grande abraço!

Não sei se será possível ou oportuno pedir à nossa comunidade de grão-tabanqueiros e aos visitantes assíduos as identificações dos camaradas que aparecem nos frames do vídeo ORTF sobre a morte de ANTÓNIO DA SILVA CAPELA, ocorrida no último dia da Operação Ostra Amarga. (*)

A questão é a seguinte: estou a terminar a biografia desse herói limiano (que tem o seu nome numa rua de Loures, mas que é desconhecido em Ponte de Lima!) e gostaria de deixar para a história o maior número de referências possível!

Referir alguns dos camaradas cujos rostos aparecem no filme, seria elementar sob o ponto de vista de rigor histórico, creio eu.

De resto, a biografia do Soldado Atirador de Cavalaria António Capela (CCAV 2487) está bastante completa, havendo uma descrição cronológica dos acontecimentos desde a madrugada do dia 18/10/1969, até ao regresso ao aquartelamento, no final da tarde.

Se for possível lançar um SOS, seria muito bom!
Outro abraço, extensivo a toda a tua equipa!

Muito obrigado!


Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2497 / BCAV 2862  (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido, numa emboscada,  no decurso da Op Ostra Amarga (que ficou também ironicamente conhecida como Op Paris Match)... Os nossos camaradas foram atingidos por um LGFog inimigo.

As duas vítimas mortais foram: (i) o Henrique Ferreira da Anunciação Costa, soldado clarim n.º 03434368, natural de Ferrel,  freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche,  que teve morte imediata; e (ii) o  António da Silva Capela, soldado atirador n.º 0721868, natural da freguesia de Cabaços, concelho de Ponte de Lima:  morreu à espera da helievacuação.  Está sepultado no cemitério de Lousa, concelho de Loures (, município onde tem também nome de rua, homenagem realizada dois anos depois, em 1971).

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo Capitão Cav José Sentieiro, hoje coronel ref) caem num emboscada do PAIGC... O combate é presenciado por jornalistas estrangeiros e registado em filme por uma equipa da televisão francesa... No fotograma acima (foto nº 1), as NT prestam os primeiros socorros a um dos feridos graves. Um dos militares transporta, às costas, uma fiada de granadas de LGFog 3,7...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote, editor jubilado do nosso blogue (*)


2. Comentário do editor LG:


Fazemos um apelo para que os nossos leitores, e em especial os da CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70), possam idenrtificar estes camaradas que estiveram envolvidos na Op Ostra Amarga. (**)

O nosso camarada Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à indispensável e exaustiva recolha e tratamento da informação relativa aos 52 limianos, os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra do ultramar (1961/74).

A lista (52 nomes no total). já aqui por nós publicada.  é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Os camaradas mortos no TO da Guiné  foram assinalados a vermelho (sublinhado). Um deles foi o António da Silva Capela, sold at, CCAV 2487 (1969/70), morto em combate no decurso da Op Ostra Amarga, e cuja atroz agonia foi filmada por uma equipa da televisão francesa, de visita ao TO da Guiné.

3. Este é o vídeo mais 'pornográfico' da guerra da Guiné, passado e repassado nas nossas estações televisivas,  na Net e no cinema, muitas vezes sem um mínimo de "pudor", sem uma informação de contexto, sem citação da fonte: a helievacuação ipsylon que não chegou a tempo, a atroz agonia do sold at da CCAV 2487, António da Silva Capela, natural de Ponte de Lima, mortalmente atingido nessa emboscada, no último dia da Op Ostra Amarga, no subsetor de Bula, região do Cacheu, uma ostra amarga para Spínola, para todos nós  e para os jornalistas franceses que cobriram este acontecimento de guerra.

O vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", com resumo analítico, em português, no poste P2249 (*)] , está disponível no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58''). Foi produzido pela ORTF, a estação de televisão pública francesa, em 1969. Não o podemos reproduzir, diretamente aqui, no blogue, pro razões de direitos de autor.  Mas apelamos a que os nossos leitores o vejam ou revejam, no portal do INA.fr [clicar aqui "Guerre en Guinée"]  para melhor identificação dos nossos camaradas, cujos fotogramas constam da primeira parte deste poste, e que vão renumerados, de 2 a 14.

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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17292: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte II


Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 


De Adelino Pereira de Sousa a Cândido de Abreu Vieira (n=10)

(Continua)

1. Continuação da divulgação do artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão,  farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73. 

O Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à indispensável e exaustiva recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra do ultramar (1961/74).

A lista (52 nomes no total) é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Publicam-se os 10 primeiros nomes. Os camaradas mortos no TO da Guiné vão assinalados a vermelho (sublinhado). Um deles é o António da Silva Capela, sold at, CCAV 2487 (1969/70),  morto em combate no decurso da Op Ostra Amarga, e cuja atroz agonia foi filmada por uma equipa da televisão francesa, de visita ao TO da Guiné.

O vídeo, em francês, "Guerre en Guinée" [, "Guerra na Guiné", com resumo pormenorizado, em português,  no poste P2249 (**)] , está disponível aqui, no portal do INA - Institut national de l'audiovisuel (13' 58''). Foi produzido pela ORTF, em 1969.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17240: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte I

(**) 8 de novembro de 2007 >  Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16691: Agenda cultural (512): SIC: Programa Perdidos e Achados, em 29 de outubro passado: onde estavam os repórteres da guerra colonial, onde estavam os nossos fotocines?


Fotograma do vídeo "Os repórteres da guerra colonial", que passou no passado dia 29 de outubro na SIC, no programa "Perdidos e Achados". (Reproduzido com a devida vénia.)


1. No passado 29 de outubro passou na SIC o programa "Perdidos e Achados", para a produção do qual o nosso blogue também deu alguns contributos (*)

SIC | Programa Perdidos e Achados > "Os Repórteres da Guerra Colonial"

29.10.2016 | 22h19


Vídeo 16' 53'', aqui disponível

Sinopse

O Perdidos e Achados dão a conhecer os jornalistas e militares que relataram e retrataram a guerra colonial. Deixaram fotografias, filmes e crónicas, que ajudam hoje a compreender o que se passou em Angola, Moçambique e na Guiné entre 1961 e 1974. Reencontrámos quem esteve na guerra para contar o que via, e questionar o que se passava, mesmo que muitas das notícias fossem sujeitas à censura do regime.

Como aconteceu com as peças que Fernando Correia enviava a partir de Angola. Aquele que hoje é um reconhecido jornalista desportivo, chegou a ser repórter de guerra, mas mudou de área jornalística para não pactuar com a mentira.

Fomos também ao encontro daqueles que filmavam as tradicionais mensagens de Natal dos soldados e encontrámos o repórter de guerra que esteve durante 13 anos, tantos quanto durou  o conflito.


2. Comentários dos nossos camaradas Alcídio Marinho e José Colaço (*)

(i) Alcídio Marinho

Quando a nossa Companhia  foi formada, 24 de setembro de 1962 (em Chaves),  foi chamada de Companhia de Caçadores Independente nº 412, aliás como a 411 e  mais outras três Companhias, pela simples razão de que tinham pessoal de  todas as especialidades; carpinteiros, pedreiros, alfaiate, cozinheiros, etc., e até fotocine. 

Era o 1.º Cabo Fotocine, Virgílio Albino Casaca Barradas, natural de Lisboa, que tinha a especialidade de fotocine, mas material foto e cine, só o que era dele, pois na vida civil era fotógrafo. Na Guiné serviu apenas como  atirador como os outros. Infelizmente ele já faleceu há alguns anos com um tumor no pâncreas. Mas a curiosidade maior é a sua viúva (D. Antónia) e suas  filhas, genros e netos que continuam a honrar-nos, todos os anos, com a sua  presença nos nossos almoços comemorativos.


(ii) José Colaço

Também a CCAÇ 557 tinha um 1.º Cabo Fotocine que apareceu lá no Cachil passados aí uns 3 meses,  já depois de concluída a Operação Tridente, mas de material para exercer a especialidade nada e durante a comissão também não o recebeu, ainda hoje me interrogo para que servia aquela especialidade sem material para exercer "publicidade enganosa".

Mas, como eu tinha uma máquina fotográfica, fomos grandes amigos até conseguimos fazer um pequeno estúdio de revelação dentro do posto rádio onde eu, por inerência da especialidade, cumpria 12 horas seguidas de serviço.

O capitão, como ele não era atirador,  também não o escalava nas saídas para o mato.
Não veio connosco, ficou a trabalhar na Foto Serra, em Bissau, e por lá faleceu ainda novo, mais ou menos entre os 50 e 60 anos de idade.  


 (iii) Editor LG:

Fomos nós que chamámos a atenção da produtora Madalena Perdigão para o nosso poste P7734, de  6 de fevereiro de 2011 (**).

E mais uma vez lá passaram pelos nossos ecrãs as imagens da equipa da ORTF, a televisão francesa, que filmou as cenas dramáticas, já no final,  da Op Ostra Amarga... Infelizmente, não havia lá nenhum fotocine português... E, o que é mais revoltante, é sabermos hoje, pela boca de antigo fotocine Joaquim Pessoa, que se encenavam operações, se não erro, na ilha de Bubaque, no arquipélago de Bijagós, para "mostrar" ao Zé Povinho, na RTP, o único canal de televisão que tínhamos, como é que os bravos soldados portugueses faziam a guerra na portuguesíssima Guiné...

O que é que os pobres fotocines podiam fazer, senão alinhar na farsa, amouchar como nós amouchávamos quando apanhávamos uma emboscada, um sinal de resto que só revelava inteligência emocional, serenidade, realismo, bom senso... e bravura! (***),

Obrigado ao Alcídio Marinho e ao José Colaço pelas preciosas informações sobre os camaradas fotocines das suas companhias...  No meu tempo (1969/71), não tenham ideia de haver fotocines nas CCS dos batalhões. Aliás, pode-se confirmar pela composição orgânica dos batalhões. Já existiriam então os Destacamentos de Fotografia e Cinema (DFC), dependentes do QG, suponho.

Em 2008 foi criado um blogue, de vida efémera, chamado “Fotocines”, por alguém que esteve, em Luanda, no Destacamento de Fotografia e Cinema (DFC) nº 3011 (1972/74)… Até à data publicaram-se 3 postes… Tratava-se de um “espaço criado para reunir todos os Foto-Cines que prestaram serviço militar obrigatório no Exército Português, tendo sido distribuídos na altura por Destacamentos Foto-Cines em Angola, Guiné e Moçambique, para além dos premiados que conseguiram passar toda a sua comissão de serviço nos SCE-Serviços Cartográficos do Exército que agregava toda a comunidade Fotocine debaixo da égide do saudoso major Baptista Rosa [Niza, 1925- Lisboa, 1982], e por onde passaram parte dos expoentes do cinema feito em Portugal.”
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de setembro de 2016 Guiné 63/74 - P16542: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (38): Ajuda para reportagem da SIC, antigos militares fotocines que tenham gravado as mensagens de Natal da RTP... precisam-se! (Madalena Durão, produtora)

(**) Vd. postes de

8 de novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2250: Vídeos da guerra (3): Bastidores da Op Ostra Amarga ou Op Paris Match (Bula, 18Out1969) (Virgínio Briote / Luís Graça)


10 de dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7415: (Ex)citações (118): A propósito do vídeo da ORTF sobre a Op Ostra Amarga: "As imagens que vi, foram uma espécie de murro no estômago e cimentaram a admiração que nutro por todos aqueles que sentiram o silêncio bem no meio do capim" (Miguel Sentieiro)



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14997: Convívios (701): 1º encontro da tabanca de Ferrel, 12 de agosto de 2015 - Parte I: ex-dois alferes milicianos do mesmo batalhão, o BCAÇ 619 (Catió, 1964/66) reencontram-se e abraçam-se meio século depois


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  A prova de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande: dois camaradas, alferes milicianos, do BCAÇ 619 (Catió, 1964/66) encontram-se ao fim de meio século: do lado esquerdo, o João Sacôto (CCAÇ 617), acompanhado da esposa; do lado direito, o régulo da tabanca, o Joaquim Jorge (CCAÇ 616)... Mas houve mais surpresas, que relataremos na parte II...



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Junto ao popular Riclé Bar, os dois camaradas que possibilitaram este reencontro: o Joaquim Jorge e o Eduardo Jorge, um "veteraníssimo" da guerra da Guiné (ex-al mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66) e um "pira" (ex-alf mil, PA, Bissalanca, BA 12, 1973/74)... 

O Riclé Bar, hoje gerido pela filha do Joaquim Jorge, foi fundado pelo nosso camarada, uma figura popular da terra, que é um exemplo extraordinário de "empreendedorismo social"... O nosso convívio foi realizado nas instalações do Jardim de Infância de Ferrel, uma IPSS, em cuja fundação e gestão está envolvido, inevitavelmente, o nome do nosso camarada, que passa a partir de hoje a fazer parte da Tabanca Grande,  "de jurte" e "de facto", com o nº 698... Quanto ao Eduardo Jorge, é o nosso conhecido régulo da Tabanca de Porto Dinheiro, um homem sempre pronto para qualquer missão...


Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio > O João Sacôto, comandante da TAP reformado, e que veio propositadamente de Lisboa para dar um alfabravo caloroso ao seu antigo camarada de batalhão, estava encantado para a capacidade de empatia dos camaradas da Guiné: 50 anos são 50 anos,  de separação e de distância, mas ao fim de 5 minutos a velha camaradagem, amizade e cumplicidade vêm ao de cima... 

Os dois, o João e o Joaquim, só estiveram juntos em três ou quatro momentos; não sei se em Mafra, depois na formação do batalhão, na partida para Bissau, no T/T Quanza, em Bissau, e no regresso a casa... 

Depois cada um seguiu as suas vidas...  O Joaquim Jorge, profissionalmente, foi prospetor bancário, foi autarca, esteve à frente do Núcleo de Peniche da Liga dos Combatentes, liderou a luta dos ferralejos contra a tentativa de implantação de uma central nuclear na sua terra, em 1976, enfim, é um lider associativo e comunitário estimado e respeitado... Em Ferrel, na brincadeira, chamam-lhe o "dono disto tudo"... 



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  O Joaquim Jorge é um ferralejo dos quatros costados, embora tenha um avô ou bisavô paterno de origem minhota (veio de Ponte de Lima para o sul, tentar a sua sorte, com um irmão, que se instalou no concelho da Lourinhã). 

Nesta foto, vemos em primeiro plano o Joaquim Jorge junto ao monumento aos combatentes da guerra do ultramar, naturais da freguesia (que foi criada em 1985,  desanexada da freguesia de Atouguia da Baleia)... Ferrel (que incluiu a famosa praia do Baleal) deu à Pátria centena e meia de combatentes durante a guerra colonial ou do ultramar. Dois morreram na Guiné, um em combate e  outro por doença.



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Monumento aos combatentes da guerra do ultramar, erigido em 2008, ao tempo em que, se não erro, o Joaquim Jorge era o presidente da junta de freguesia de Ferrel.



Tabanca de Ferrel > 12 de agosto de 2015 > 1º Convívio >  Monumento aos combatentes da guerra do ultramar, erigido em 2008 > Lápide à memória do Henrique Ferreira da Anunciação Costa, sold at CCAV 2487 / BCAV 2868, morto em combate no decurso da Op Ostra Amarga (18/10/1969, Bula). está sepultado no cemitério da sua terra. É um dos raros camaradas cuja agonia foi gravada em vídeo (por uma equipa de televisão francesa).

(Continua)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 2 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14961: Convívios (700): Encontro do pessoal da CART 1659 (Gadamael - 1967/68), a levar a efeito no dia 26 de Setembro de 2015, na Batalha (Mário Vitorino Gaspar)

sábado, 15 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8910: In Memoriam (94): António Dias das Neves (1947-2001), Sold At Cav, CCAV 2486 (Bula, 1969/70), "o meu herói" (Marisa Neves)

Folha da caderneta militar de António Dias das Neves

 
Sold At Cav António Dias das Neves


O Sold At Cav António Dias das Neves montado num obus 10,5...A CCAV 2486  (1969/70) passou por Teixeira Pinto, Bula, Pete e Bula.  Foi comandada pelo Cap Cav João Soares de Sá e Almeida e pelo Alf Mil Inf  José Manuel Duarte Fernandes.



O jovem futebolista António Dias das Neves, na sua terra natal, Ramada, Odivelas

 
Outra foto do jovem futebolista António Dias das Neves.


O António Dias das Neves na Alemanha... Em 1968, Portugal tinha celebrado um acordo com a a Alemanha, ao abrigo das facilidades pela utilização de Base de Beja, para tratamento e recuperação de deficientes, no Hospital de Hamburgo,  com a participação da Cruz Vermelha


O António Dias das Neves  em casa... O "meu herói", diz a filha Marisa Neves

Fotos (e legendas): © Marisa Neves (2011). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]  


1. Texto de Marisa Neves [, foto à esquerda, 2009], baseado em comentários ao poste P8887 (*)  e troca de emails com os editores:

(i) Sr. Luís Graça,  só lhe posso dizer que o meu pai era e será sempre o meu herói, ainda por cima por ter passado por isso tudo e ter ficado sem 2 pernas aos 21 anos. Mas graças a Deus que se adaptou o melhor possível, conseguiu-o,  e quem não soubesse também não sabia que ele não tinha as pernas. 


Gostei muito de ter encontrado este blogue e pessoas que estão dispostas a ajudar-me. Pois o meu pai sempre me contou muitas coisas sobre o ultramar, mas já passaram 10 anos da sua morte e na altura ainda só tinha 21 anos, não assimilei tudo. 

Agora em conjunto com uns amigos, vamos fazer uma exposição da nossa terra, Ramada, e nessa exposição haverá um cantinho especial para o filho da terra, o meu pai [Neves).  

(ii) O meu pai foi ferido a 18 Outubro de 1969,  está na caderneta militar e também ele me dizia isso. Sei, sim, que o meu pai foi condecorado com a cruz de guerra [de 4ª] e um louvor. O louvor está comigo, a cruz de guerra infelizmente o meu pai ''chateado'' com o que lhe aconteceu amandou-a da ponte 25 de abril a baixo.

O meu pai quando foi ferido foi enviado para o hospital militar na Alemanha, onde esteve em recuperação. Posso lhe dizer que a pessoa que sabe muito sobre o meu pai é o ex-alferes Fernandes, pois ele ficou muito amigo do meu pai e costumava dizer:
- Este homem salvou-me a vida, se não fosse ele tinha sido eu a pisar a mina.

Palavras ditas em pleno funeral do meu pai pelo ex-alferes Fernandes. Gostava imenso de poder ter o contacto do agora Tenente Corenel  (aposentado). Se me puderem pôr em contacto com ele, agradeço.  Pois ele ia ajudar muito naquilo que vou fazer ao meu pai,  o memorial [, aqui em Ramada].

Quando tiver tudo ok,  concerteza que vós informarei do dia e local da exposição. O meu super herói será sempre o meu pai, esteja ele onde estiver pois faz parte de mim, se não fosse ele eu hoje não era aquilo que sou, e com muito orgulho digo que sou filha do Neves.
Cumprimentos,

(iii) O meu pai nasceu a 15 Junho de 1947 na Ramada, hoje concelho de Odivelas. Morreu no dia 21 de Agosto de 2001, devido aos vários aneurismas que já tinha espalhados pelo corpo, tendo feito a operação ao aneurisma da artéria que vai do coração à aorta, mas passado uma semana da intervenção não resistiu e teve uma paragem cardíaca.

Serviço militar:  Isto é o que está escrito na Caderneta Militar


António Dias das Neves - Nº de matrícula 19081/585/68 em 1968 
Arma em serviço - Cavalaria
Alistado em 5/07/1967 
Incorporado em 30/07/68
Pronto da escola de recrutas em 17/11/1968 
Especialidade - atirador de cavalaria.

Depois tenho isto assim na caderneta que não sei o que é.

Colocação durante o serviço

UNIDADE - C.T.S.C        30/07/1968

UNIDADE - R.C.7            28/09/1968
UNIDADE - QG/R.M.L     1/07/1972  


Nº DE ORDEM - 3948
 

Ocorrências extraordinárias

Embarcou em 28/2/69 no navio ''UIGE'', com destino ao CTIG fazendo parte da CCav 2486. Desembarcou em Bissau em 1/03/69. 


Evacuado para o HMP em 6/11/71 por despacho de 30/12/70, de sua Excia o Secretário do Estado do Exército.  

Foi ferido em combate a 18/10/69 quando pisou a mina que lhe tirou o pé esquerdo  e depois estilhaçou-lhe a outra perna, tiveram que lhe cortar  as 2 pernas até ficar tudo em condições.

Guiné 100% desde 1/3/69 até 30/12/70.
 

Também tem assim [contagem do tempo de serviço]:

1968 - 155 dias
1969 - 365 dias
1970 - 364 dias

Há muitas coisas que estão escritas na caderneta mas infelizmente não consigo perceber.


Em relação aos hospitais,  infelizmente não sei datas concretas, acho que ele foi 1º para Bissau [HM 241] e depois veio para Portugal
 [HMP - Hospital Militar Principal, Lisboa, Estrela] . A seguir foi transferido para Alemanha  [Hospital Militar de Hamburgo]. Sei que esteve algum tempo na Alemanha em tratamentos e recuperação para adaptação das próteses.

A pessoa que pode-lhe dar todos os dados fidedignos é sem dúvida o ex-Alferes Fernandes, agora Tenente-Coronel aposentado. 
Além de ter estado sempre ao lado do meu pai, ficou bastante amigo dele depois disso. Era um homem que muitas vezes o meu pai ia ao encontro dele, onde ele estivesse destacado e almoçava lá com ele nas messes, lembro-me de ser pequenina e ir com o meu Pai.
 
Se conseguir falar com ele,  vai conseguir todas as respostas, aquelas que eu também precisava.

Então segue uma foto minha, foi difícil encontrar pois as minhas fotos são aquelas todas com a minha filhota, mas depois de muito procurar lá encontrei esta que estou sozinha e não fiquei mal...lol


Fico muito feliz pela homenagem que farão ao meu pai no vosso blogue.


Obrigado mais uma vez.
 
Cumprimentos

Marisa Neves



2. Comentário de L.G.:

Não podemos ficar indiferentes à tenacidade e à dedicação filial da Marisa, que viu o seu pai partir, ainda novo (aos 54 anos), tinha ela 21... Dez anos depois, quer-lhe fazer a devida homenagem, na sua terra natal. E para isso, quer saber mais coisas da sua história passada, como militar no TO da Guiné, onde foi gravemente ferido...

Da nossa troca de comentários e emails, nasceu este poste, que é também a nossa pequena mas merecida homenagem a um dos nossos camaradas que deu o melhor da sua vida, como soldado, tendo sido gravemente ferido, por mina A/P, em 18 de Outubro de 1969, no decurso da Op Ostra Amarga (ao 7º dia, na região de Badapal, a norte de Bula).

O António já não está entre nós, mas o gesto de amor da sua filha Marisa obriga-nos a recordá-lo, doravante, na nossa lista dos membros da Tabanca Grande que da terrível lei da morte se vão libertando...

Ele será mais um dos irãs bons que poisarão no nosso poilão, fazendo-nos  lembrar sempre que aquela guerra, onde fomos protagonistas, teve - para a nossa geração - um enorme preço em sangue, suor e lágrimas. Obrigado à Marisa pelas ternas recordações do seu pai, que foi juntando, peça a peça, desde o seu tempo de jovem futebolista a deficiente das forças armadas, amargurado e revoltado, ao ponto de lançar fora, à águas do rio Tejo,  a sua cruz de guerra...

Vou pedir ao nosso colaborador permanente José Martins, que mora em Odivelas, para estar atento à iniciativa desta jovem de Ramada, que deve ser apontada como um exemplo à geração dos nossos filhos. Queremos estar presentes na exposição de homenagem que vai ser organizada em Ramada.
__________________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 11 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8887: O Nosso Livro de Visitas (120): Sold At Cav António Dias das Neves, da CCAV 2486, ferido por mina A/P no dia 18/10/1969, no decurso da Op Ostra Amarga (Marisa Neves / Virgínio Briote)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8887: O Nosso Livro de Visitas (120): Sold At Cav António Dias das Neves, da CCAV 2486, ferido por mina A/P no dia 18/10/1969, no decurso da Op Ostra Amarga (Marisa Neves / Virgínio Briote)

1. Mensagem de Marisa Neves, com data de hoje, em comentário ao poste P2250:

Boa tarde,

Gostaria,  se me pudessem ajudar, de saber mais sobre os feridos de 18 de outubro de  69 na Cav 2868. Pois o meu pai pisou uma mina A/P nesse dia onde atrás dele seguia o alferes Fernandes. Será que esse vídeo tem a ver com o caso do meu pai? 

Ele era o António Dias das Neves. O meu mail é bruxaisa_sapa@sapo.pt... Se me puderem ajudar.

Marisa Neves

2. Resposta do nosso co-editor Virgínio Briote [, alf mil comando, foto à direita, no Café Bento, Bissau, 1965,], em comentário ao mesmo poste:

Marisa Neves, Cara Senhora,

Boa Noite. Sou o V. Briote que, para o blogue do Luís Graça, na qualidade de editor, procedi a vários contactos para reviver essa ocorrência que nos custou, além dos feridos, duas preciosas vidas.

No post em que a Marisa faz o comentário, está inserida uma nota do Relatório da Operação que, em certo momento, refere: 

"Em 17 de Out[ubro de 1969], durante a Op Ostra Amarga, forças do BCAV 2868 accionaram uma mina A/P na região a sul de Capafa em 1545 1205 D3-86 (coordenadas) causando 2 feridos graves às NT (Pelotão Cav do  BCAV 2868)."

A minha questão, neste momento, é se pretende saber se a mina A/P que atingiu o seu Pai, António Dias das Neves, foi no decorrer dessa acção. Se é, a resposta é: Sim, foi. 

A operação das NT decorreu em vários locais, em dias e horas diferentes, embora globalmente tenha sido a mesma acção que foi designada por Op Ostra Amarga (popularmente conhecida por Op Paris Match). Só que esse facto (que atingiu o seu Pai) ocorreu no dia anterior e não nos momentos das filmagens. Os jornalistas franceses saíram no dia seguinte acompanhando a CCav (Companhia de Cavalaria) 2487 que estava a ser comandada, ocasionalmente, pelo então Cap José Sentieiro e as filmagens mostram os factos ocorridos por essa CCav 2487.

Agradeço que me diga se esta resposta a satisfaz ou se pretende saber algo mais sobre o assunto, para, neste caso, me poder informar junto dos intervenientes ainda vivos.

3. Resposta da Marisa Neves:

Boa Noite,

Sr. V. Briote, obrigado pela atenção, já lhe respondi por mail, mas já agora uma coisa que me esqueci: na caderneta militar diz mesmo que o meu pai pisou a mina A/P dia 18 de outubro de 69 e não dia 17. Ele era da Cav 2486, com especialidade atirador. Não sei como posso,  por exemplo,  mandar-lhe uma foto dele, para ver se há companheiros que se lembrem do sucedido? 

Pois infelizmente o meu pai ja faleceu há 10 anos. E eu estou a tentar reunir dados para fazer um memorial dele.

Cumprimentos,

Marisa Neves 

4. Comentário de L.G.:

Já não é o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro casos... Já são bastantes. Filhas (mas também filhos) que vêm ter ao nosso blogue porque querem saber coisas sobre a vida do pai, no TO da Guiné: como foi ferido, ou como morreu, em que circunstâncias, quem foram os seus camaradas e amigos, etc. 

A história da Marisa é mais uma história, de grandeza humana, de amor filial,  que me comove, e me reconcilia com os meus semelhantes (às vezes, não direi que me zango, ou encolarizo... mas a verdade é que fico triste com a humanidade a que pertenço: pela sua mesquinhez, cinismo, estupidez, indiferença, cupidez, intolerância, prepotência...). 

Obrigado, Virgínio, por teres-te metido nas tuas tamanquinhas e dado uma ajuda à Marisa e à nossa equipa.... LG
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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8880: O Nosso Livro de Visitas (119): Notícias de familiares e amigos do nosso saudoso camarada Fur Mil Fernando Ribeiro, da CCAÇ 3414 (Sare Bacar e Bafatá, 1971/73) (José Gaspar Fernandes Baptista / Joaquim Peixoto)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7734: Agenda cultural (107): Hoje, na SIC, Grande Reportagem, às 21h15, retoma-se um episódio bem amargado da guerra na Guiné, já tratado exaustivamente no nosso blogue há mais de 3 anos...





Guiné > Região do Cacheu > Bula > CAV 2487/BCAV 2862 (1969/70) > Sábado, 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no final da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)... As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo Cap Cav Sentieiro, hoje Coronel), caiem num emboscada do PAIGC... O combate é presenciado por jornalistas estrangeiros e registado em filme por uma equipa da televisão francesa, "embebbed" nas NT...  Entre esses jornalistas estava Geneviève Chauvel (na foto, em primeiro plano, sentada e, em segundo plano,  o Cap Cav  Sentieiro, no rescaldo da emboscada).  


Foto: © José Sentieiro (2007) (Gentilmente cediada ao nosso co-editor, Virgínio Briote).


1. A SIC, no seu programa Grande Reportagem, na edição de hoje, às 21h15, dedicada ao início da guerra colonial há 50 anos, em Angola (4 de Fevereiro de 1961), diz no seu sítio que o episódio de hoje, "A Emboscada", conta a história de um ataque a uma patrulha portuguesa na Guiné... E garante: "Imagens inéditas... A guerra colonial como nunca a viu" (*)... 


Na realidade, este episódio já foi aqui tratado por nós há mais de 3 anos, de maneira exaustiva e com grande profissionalismo, graças sobretudo à competência e ao empenhamento do nosso co-editor Virgínio Briote... Não sabemos se há ou não factos novos na apresentação e análise deste episódio de guerra (ocorrido no sector de Bula, num sábado, 18 de Outubro de 1969, no ano em que o homem pôs o pé na lua...), por parte da equipa da Grande Reportagem (no vídeo de menos de 4 minutos que está disponível do sítio da SIC > Grande Reportagem,  há apenas curtas intervenções do Cor Cav Ref José Sentieiro, da ex-enfermeira pára-quedista e membro da nossa Tabanca Grande, Rosa Serra, e ainda e do nosso camarada, natural de Peniche, Leonel Martins, que viu morrer a seus pés o seu amigo e conterrâneo Henrique Ferreira da Costa; o outro morto foi o António da Silva Capela, de Ponte de Lima; as NT pertenciam à  CCAV2487 / BCAV 2862, Bula, 1969/70)...


Mesmo que a televisão trate, em geral,  com superficialidade este e outros acontecimentos da nossa história contemporânea, já recomendámos aos nossos leitores a atenção para a emissão da Grande Reportagem de hoje... Mas não se diga que as imagens são "inéditas" (sic): o trabalho da SIC utiliza excertos do vídeo produzido pela equipa da televisão francesa, ORTF (**), e já amplamente divulgado e enquadrado por diversos postes nossos em Novembro e Dezembro de 2007, portanto há mais de 3 anos... 


Também Diana Andringa e Flora Gomes, no seu documentário As Duas Faces da Guerra (2007), já haviam utilizado excertos desse vídeo, francês, de 14 minutos... No filme, já eram entrevistados o Cor Cav Ref José Sentieiro e outros dois  protagonistas dos acontecimentos,  o Leonel Martins e o Pedro Gomes (este entretanto falecido).


Não sei se a equipa da Grande Reportagem conseguiu contactar, como pretendia, alguns dos jornalistas franceses que iam "embebbed" na coluna emboscada (antes de se tornar moda)... Como dissemos na altura, havia pelo menos uma mulher, uma jornalista francesa (hoje, escritora, autora de romances históricos,  Geneviève Chauvel , de seu nome)... Ela terá sido uma das raras mulheres, jornalistas, estrangeiras, a testemunhar uma cena de combate no TO da Guiné, no período da guerra colonial, no decurso da Op Ostra Amarga (também designada ironicamente por Op Paris Match) (***).

Recorde-se aqui o excelente trabalho dessenvolvido pelo Virgínio Briote (VB): Na sequência de contactos com Cor Cav Ref José Sentieiro, a viver em Torres Novas, o nosso co-editor localizou, na Internet, a bela e misteriosa jornalista francesa e correspondeu-se com ela...

Já demos conta desse aventura... à procura do tempo perdido, publicando parte da correspondência entre ambos...

Como editor do blogue, manifestei, na altura,  o meu grande apreço pelas diligências feitas pelo VB, a sua persistência, a sua inteligência emocional, a capacidade de utilização da sua rede de contactos sociais (ou não tivesse sido ele um homem do marketing farmacêutico, a par de um grande operacional, comando, na Guiné)...







Guiné > Região do Cacheu > Bula > BCAV 2862 (1969/70) > Sábado, 18 de Outubro de 1969 >  Spínola, que dera cobertura à operação jornalística, apressa-se a aparecer no local, acompanhado pelo seu ajudante de campo, Almeida Bruno bem como pelo comandante do BCAV 2862, Ten Cor Morgado... Na foto, de costas, o Cap Cav José Maria Sentieiro, comandante da CCAV 2485, que por impedimento do comandante da CCAV 2487, foi encarregado de dirigir este patrulhamento. ~


Imagem obtida no rescaldo da emboscada que custou dois mortos à CCAV 2487. Cópia da imagem do Paris-Match.






O General Spínola, ladeado pelo Major Alameida Bruno (de G3 e luvas), Major João Marcelino (2º Comandante do BCAV 2868, então em Bissau e que apanhou boleia no heli) e o Ten Cor Alves Morgado, Comandante do BCAV 2868 que acompanhou o desenrolar da acção. Foto tirada no  local, no rescaldo após a emboscada. Imagem extraída da edição do Paris-Match nº 1071, de 15 de Novembro de 1969.




2. Sobre o General Spínola, escreveu Chauvel no semanário Paris-Match, quase um mês depois da emboscada:

Monóculo no olho, apoiando-se no seu pingalim, este oficial parece surgir de um filme dos anos 30. Não é o Pierre Renoir de 'La Bandera', nem o Von Stroheim de 'La Grande Illusion'. O general português Spínola faz verdadeiramente a guerra. Na Guiné. Imagem soberba e irrisória: um pequeno país que possuía, há quatrocentos anos, um império imenso, sobre o qual o sol nunca se escondia, esgota-se hoje no último combate colonial do século.



Entre a Gâmbia e a Guiné de Sékou Touré, a Guiné Portuguesa conta com um punhado de colonos, face a meio milhão de autóctones, num território do tamanho de um departamento francês. De há oito anos a esta parte está transformado num campo de batalha. A guerrilha dos rebeldes, armados pela China e muito organizados – revistas, instrução política, jornais de propaganda – absorve cada vez mais as tropas portuguesas.
Lançados num país muito quente, com uma vegetação muito densa, vigiados pelo inferno das emboscadas, os camponeses de Beja, os pescadores da Nazaré ou os estudantes de Coimbra cuidam da sua elegância, a exemplo do seu comandante-em-chefe: “Mais vale ir para o céu com um uniforme como deve ser”. 


Fonte: Paris-Match, nº 1071, L’étranger, pp. 30 e 31, texto de Geneviève Chauvel-Gamma. Tradução livre de V. Briote. (Com a devida vénia...).(****)


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Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 26 de Janeiro de 2011 >Guiné 63/74 - P7679: Agenda cultural (103): Programa na SIC com o Cor. Sentieiro - o Capitão da "Ostra Amarga" – 6 Fevereiro 2011 (Virgínio Briote)

(**) 8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)


(***) Vd poste de 15 de Dezembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2351: Vídeos da Guerra (6): Uma Huître Amère para a jornalista francesa Geneviève Chauvel (Virgínio Briote / Luís Graça)


Vd. também os postes de:


8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2250: Vídeos da guerra (3): Bastidores da Op Ostra Amarga ou Op Paris Match (Bula, 18Out1969) (Virgínio Briote / Luís Graça)


11 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2256: Vídeos da guerra (4): Ainda nos bastidores da Operação Paris Match (Torcato Mendonça / Luís Graça / Diana Andringa)


13 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2261: Vídeos da guerra (5): Nos bastidores da Op Paris Match: as (in)confidências de Marcelo Caetano (Manuel Domingues)