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domingo, 29 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12102: Convívios (534): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013, sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte I) (Luís Graça)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > Na tasca secreta do Belmiro, o bolo do encontr0  > Depois da Mealhada, Peniche, que como é sabido é ponto mais ocidental de Portugal continental a norte do Cabo da Roca.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013  > No Cabo Carvoeiro, junto ao restaurante "Nau dos Corvos",  o Rui Santos (, um  dos veteranos, da 4ª Companhia de Caçadores Indígenas) e o João Martins, artilheiro: ambos passaram pela CCAÇ 6.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 
28/9/2013 >  
Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo: Lassana Jaló, fula, da CCAÇ 6, ferido em combate, a viver em Portugal; o Gualdino José da Silva (fur mil, de 1967/69); e o Rui Santos.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Algures no promontório do Carvoeiro, onde atacámos a sardinhada... Da esquerda para a direita, o Hugo Moura Ferreira,  e o Belmiro da Silva Pereira ( ex-alf mil, 1969/71, hoje médico, e a alma deste encontro na sua adorada terra, Peniche).  Com o Belmiro, está o seu filho.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Em primeiro plano, à esquerda: o ex-cap inf, hoje cor  ref,  com 78 anos (que comandou a CCAÇ 6 em 1967/68), bem como o ex-alf mil médico João António Carapau... 

Em conversa com estes dois camaradas, descobri que o Mundo é Pequeno (e a nossa Tabanca... é Grande): o nosso "mais velho" nasceu na Lourinhã, em Reguengo Pequeno, tendo ido para Lisboa com um ano; aí fez a sua vida, seguiu a carreira militar, com comissões em Moçambique, Angola, Guiné, Timor e Açores... 

O João António Carapau, conceituado pediatra, está reformado do Hospital da Estefânia, vive na Portela, tendo sido amigo e vizinho do Prof Mário Faria, meu amigo e colega na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, e também ele alf mil médico em Moçambique (entretanto já falecido). 

Por nada deste mundo consegui convencer o "nosso capitão" a ir fazer uma visita ao nosso blogue: ele não usa o computador, não tem endereço de correio eletrónico e... "tem raiva a quem tem" (, que é uma maneira airosa de nos mandar à fava...).  De resto, é um homem de espírito e camaradão.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Aspeto parcial  da mesa dos bedandenses e seus amigos... Do lado esquerdo, o Fernando Sousa, o José Guerra (1º cabo,  1971/73) e o João Martins (pelotão de artilharia, 1968/69, o único que esteve ainda com o alf mil Belmiro Pereira da Silva).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "patrão" da casa, Belmiro da Silva Pereira, dando as boas vindas.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Um artista português, do tempo dos Beatles... Ao fundo, ao canto esquerdo, um dos bedandendes de 1972/73, o Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, hoje advogado.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Fernando Sousa  (, que é de 1971/73), mais a esposa, atentos à atuação do "one man show" que é o Belmiro  (que já foi diretor do Centro de Saúde de Peniche, e era meu conhecido das lides da saúde). Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Uma  tarde bem passada, garantiram-me o Renato Vieira de Sousa (ex-cap inf) e o João António Carapau (ex-alf mil médico)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "alfero" Joaquim Pinto Carvalho (Cadaval), à direita; mais o 1º cabo do SPM, Luís Nicolau, vizinho da Benedita, Alcobaça... São compadres - o Joaquim é padrinho de casamento de um filho do Nicolau. "Cumplicidades" bedandenses...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Hugo Moura Ferreira, que tomou a peito o desafio de "substituir", à última hora, o Tony Teixeira, que ficou de baixa, em Espinho. Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Da esquerda para a direita - Victor da Luz Calado, ex-fur mil do Pel Caç Nat 53 (maio de 1968 a maio de 1970, tendo estado em Bambadinca de novembro de 1968 a novembro de 1969!), o João Martins e o Lassana Jaló, o mais bedandense dos bedandenses... 

O Victor, alentejano de Almodovar, vive em Setúbal, e tem um belíssimo queijo de Azeitão, que eu provei!... O mais incrível é que estivemos juntos em Bambadinca, pelo menos 3 a 4 meses!... E não temos nenhuma ideia um do outro...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > As esposas: do Joaquim Pinto Carvalho (à ponta esquerda), do Gualdino José da Silva (ao centro), e do Hugo Moura Ferreira (à ponta direita; a Lorena viveu 4 meses na Guiné, no tempo da comissão do Hugo).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O nosso querido grã-tabanqueiro Belarmino Sardinha e a esposa, do lado direito... Brincámos com os apelidos: à sardinhada não faltou o Sardinho nem o Carapau... Foto das despedidas... à esquerda, de costas, o Belmiro...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição:   Blogue Lu
ís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. O 3º e último encontro do pessoal que passou por Bedanda, com destaque para a CCAÇ 6, tinha sido na Mealhada, no passado dia 29 de junho último (se não me engano).  

Embora sempre gentilmente convidado pelo Tony Teixeira, de Espinho, nunca me foi possível alinhar, a mim e à Alice,  por razões de calendário. Mas desta vez não podia dizer mesmo que não ou arranjar qualquer desculpa: afinal, era aqui em Peniche, ao pé de casa, ou melhor, da casa da Lourinhã (, donde sou natural)... E nesse sábado eu estava lá.

Bom, o 4º encontro foi ontem, em Peniche, sob organização do Belimiro da Silva Pereira que foi alf mil da CCAÇ 6, em 1969/71. tendo juntado três dezenas e meia de bedandenses, familiares e amigos. 

O Belmiro já estava no 2º ano de medicina quando foi chamado para a tropa. Na altura não deu as habilitações académicas corretas, pelo que foi parar ao contingente geral. Mas alguém (creio que o capitão) descobriu  a marosca e o nosso Belmiro lá foi, contrariado, para a EPI, para o COM, em Mafra. Quis o azar que, depois, fosse parar com os quatro  costados ao então tão temido TO da Guiné. De rendição individual, como os demais, lá foi fazer a guerra em Bedanda, na CCAÇ 6.

Quem foi do seu tempo, ou que ainda o apanhou em Bedanda foi o nosso  grã-tabanqueiro João Martins. Dos bedandenses do blogue, ou meus conhecidos, estiveram presentes, além dos já mencionados (Hugo Moura Ferreira, Rui Santos e João Martins), eu, a Alice, o Joaquim Pinto Carvalho (que falta apresentar formalmente à Tabanca Grande), mais a esposa, Maria do Céu.  e ainda o Belarmino Sardinha e a esposa (têm casa no Cavadaval, e vieram com o Pinto de Carvalho). 

O grande ausente, por razões de saúde, foi o nosso querido Tony Teixeira, de Espinho. Para ele vai um especial abraço, com desejos de rápidas melhoras.

2. Entretanto, e em jeito de homenagem aos nossos amigos e camaradas bedandenses, aqui ficam alguns dos versos que improvisei, ontem, em cima do joelho. São quadras populares, de sete sílabas métricas, e onde refiram sobretudo os bedandenses que já conhecia:


Homenagem aos camaradas bedandenses

Se ele há crise, … que se lixe!,
Gritam alto os bedandenses,
Aqui presentes em Peniche,
Quer tugas quer guineenses.

P’ró Belmiro não estar só,
Veio o Sousa, veio o Guerra,
Veio o Lassana Jaló,
E até eu, da minha terra.

Não fui da CCAÇ 6,
Logo não sou bedandense,
Fui da 12, como sabeis,
E por isso bambandinquense.

Tenho-vos a todos no coração,
Mas faltei à Mealhada,
Amigo, camarada, irmão,
Aqui estou p’ra sardinhada.

Ao Tony estou obrigado
P’lo seu gesto de carinho,
Aqui estou eu, convidado,
E ele, retido em Espinho.

Quem faltou à sardinhada,
Foi o nosso amigoTeixeira,
Faltou-lhe a pedalada,
‘Tá desculpado, diz o Pereira.

Saúdo o Pinto Carvalho.
E os demais bravos alferos.
Gente de rimbimba o malho,
Sempre fortes, leais e feros.

O Rui Santos é o mais velhinho,
Da quarta, de caçadores,
De bajuda, foi paizinho.
Na Guiné teve dois amores.

[Ele e a esposa tiveram a primeira filha,
na Guiné, hoje com 50 anos]

Na guerra do anda e desanda,
Foi Martins o artilheiro,
Do grande obus de Bendanda,
E de tiro muy certeiro.

Hugo Moura Ferreira,
Outro grande tabanqueiro.
Tuga com eira e beira,
Foi de Bedanda o primeiro.

[A entrar para o nosso blogue, ainda na I Série, em 2006, portanto um histórico da Tabanca Grande]

Luís Graça

_____________

Vivam todos em geral,
Vivam todos os que aqui estão,
Viva o dr. Belmiro,
Mais o nosso capitão.


[Um espontâneo, o Gualdino José da Silva, ex-fur mil 1967/69]


De Bedanda para Peniche.
Numa bela sardinhada,
Que tremenda gulodice,
Com uma guitarra a vibrar.
Ó que bela rapaxiada,
Para seu passado lembrar!


Fernando Sousa

[É leitor do nosso blogue, fiz-lhe o convite para integrar a nossa Tabanca Grande, tem histórias para contar]

Vd. mais fotos (e vídeos) no Facebook > Grupo Bedanda / CCAÇ 6
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12062: Convívios (533): Confraternização anual do pessoal da CCAÇ 2797 e Pel Canh SR 2199, dia 5 de Outubro de 2013, na Mealhada (Luís de Sousa)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7245: Memória dos lugares (111): Ponte Caium: Mais fotos ... (Carlos Alexandre, CCAÇ 3546, Piche, 1972/74)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 1: "O rio no seu auge, em plena época das chuvas..." 


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 2: "As máquinas da Tecnil destruídas por ataque do PAIGC... Esta empresa estava empenhada na construção da nova estrada Piche-Buruntuma"...



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 3: "O Carlos Alexandre é o primeiro a contar da esquerda... O Santiago, presumo que seja o segundo".





Fotos: © Carlos Alexandre (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1.Mensagem do nosso camarada Carlos Alexandre (*):




 Luis Graça, boa noite. As fotografias prometidas  aqui estão:


A primeira mostra-nos o rio no seu auge.


A segunda as máquinas da Tecnil destruídas. Não me recordo como foram parar na ponte, mas tendo em conta a posição das viaturas, creio ter sido consequência de alguma emboscada entre Camajabá e Buruntuma. Liguei ao Serôdio camarada que na época era radiotelegrafista em Camajabá e tambem ele me diz que sim. 


A terceira para que se conheça o Santiago, já referenciado por engano numa foto enviada pelo Cristina. 


O camarada Arménio Estorninho que faz referencia ao nome do condutor Rocha tem toda a razão em dizer que se trata do Florimundo Rocha e que na sua terra é conhecido pelo Flor, já que eu próprio me lembro de em determinada altura o mesmo me ter dito isso.


Ainda nas referências à pequena capela (ou oratório) o camarada que enviou a fotografia e que está junto a ela, tira-me o resto das dúvidas relativamente ao texto (Nem só do pão vive o homem)... A pequena capela sofria na altura de muito mau trato e,  como estavamos com a mão na massa,  foi muito simples reparar com um pouco massa de cimento e fazer o mesmo texto desta vez recortando o próprio cimento.



Continuação de boa noite e obrigado pela possibilidade do contacto à volta de um assunto tão sério quanto rico na essência de homens tão nobres e silenciosos.


Carlos Alexandre (**) 






Peniche > Estaleiros Navais de Peniche, SA > Foto que me mandou o Carlos, com a seguinte legenda, em 5 do corrente: "Luis, bom dia. Ontem falei com o Mota que ao ouvir o teu nome reconheceu-te logo, diz-me que na altura trabalhava nas finanças, será? O local de encontro era a Humus. Junto envio uma foto do estaleiro, tirada julgo que em Março ou Abril deste ano, tendo em conta o barco verde que está a reparar e as obras do novo Plano Inclinado para construção de navios até 100 metros de comprimento. Vai ser inaugurado brevemente com duas unidades de aço já em construção de 56 metros, para Moçambique".

A empresa onde trabalha o nosso camarada Carlos Alexandre, e de que é presidente (e o maior accionista) um velho conhecido meu,  Carlos Mota, antigo oficial da marinha mercante e conhecida figura da oposição democrática da região oeste ao regime de Salazar-Caetano.  Desde 1973 que não o via. Revi-o agora, em grande forma, num vídeo do Jornal de Negócios. Quando vim da Guiné, encontrávamo-nos com alguma frequência na Livraria Húmus, cooperativa de que ele era sócio, fundador e dirigente (sem esquecer  outros jovens  de talento, irreverentes e combativos como o Zé Maria Costa, professor na Escola Industrial e Comercial de Peniche, de quem me lembro bem, e outros como o José Rosa, o Carlos Vital e o Adelino Leitão, de quem me lembro menos bem). A Húmus teve um papel de relevo na intervenção cívica e cultural de Peniche (se não me engano, terá sido encerrada por intervenção da PIDE/DGS, ainda antes do 25 de Abril, estava já eu a trabalhar em Mafra, ainda nas finanças, antes de voltar à Lourinhã e fixar-me, em 1975, definitivamente em Lisboa). 

Recordo-me de,  um dia (no verão de 1971 ou de 1972), o meu pequeno grupo de amigos da Lourinhã (onde se incluía o meu saudoso amigo Luís Venâncio Rei, na altura ainda estudante de medicina, mas também o advogado e conservador do registo predial Manuel Vasques, que trabalhava na Lourinhã e vivia em Peniche) ter lá levado o genial e também saudoso Mário Viegas (1948-1996), que costumava vir passar uns dias à Praia da Areia Branca, onde a família (de Santarém) tinha casa de verão. Não sei por que carga de água a sessão de poesia acabou ao rubro, com o truculento Zé Maria (se a memória não me atraiçoa ...) a "provocar" o provocador nato que era o Mário Viegas, estudante da Faculdade de Letras (justamente acabado de sair da tropa, e com quem tive oportunidade, nesse fim de semana, de falar da guerra na Guiné)... 


Nessa noite, para mim memorável, o Mário terá declamado, entre outros poemas que ele sabia de cor e dizer como ninguém, um excerto do  Manifesto Anti-Dantas, do Almada Negreiros (claro, não posso garantir, nem sei se nessa época o jovem Mário Viegas, então com 22 ou 23 anos, já tinha no seu reportório este extraordinário poema panfletário que é uma diatribe e um libelo contra a arrogância intelectual!...).

Carlos Alexandra, manda um abraço meu ao teu "patrão" e transmite os votos de bom sucesso para a empresa, cujo futuro é importante todos vós, para Peniche, para as nossas gentes do mar, para a nossa região, para a nossa economia, para o nosso país. E, como vês, camarada, o mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Foto gentilmente enviada pelo Carlos Alexandre (2010)  

___________

Notas de L.G.:


 (**) Último poste da série > 6 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7234: Memória dos lugares (109): Ponte Caium (Carlos Carvalho, CCAV 2749, 1970/72)


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3639: Blogues da Nossa Blogosfera (11): Do Cerro do Cão, em Peniche, ao Apocalipse Now (José Pedrosa / Luís Graça)



Cópia da folha de rosto do Blogue de José Pedrosa, Cerro do Cão ("Aqui só o vento muda, sem cumprir tempos ou vontades. Aqui só o mar bate: por ciúmes ou por vaidade !").

Imagem: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados



1. O José Pedrosa já apareceu aqui no nosso blogue, no Nosso Livro de Visitas, em data recente (*). É, além disso, um dos actuais 17 seguidores do nosso blogue (**).

Ele foi Alf Mil Inf, com a especialidade de Minas e Armadilhas, na CCaç 4747. Esta companhia açoriana esteve na na Guiné em 1974: Cumeré, em Janeiro de 1974; Chugué/Bedanda, entre Fevereiro e Julho de 1974; e no Biombo, até Agosto de 1974.... "Depois, no mês de Setembro de 1974 andei a negociar com o Cap Eng Pires a entrega do campo de minas de Bissau ao PAIGC e regressei em 28 de Setembro de 1974. Foi por pouco tempo, mas deu para aprender muito daquilo que a guerra colonial ensinou às nossas gerações".

É bancário, aposentado, da Caixa Geral de Depósitos. Tem 56 anos e indica, no seu perfil, o Apocalipse Now, de Ford Coppola (1979), como um dos seus filmes favoritos.

[A propósito, a dantesca sequência do ataque da cavalaria helitransportadade, comandada pelo cow-boy do tenente-coronel Bill Kilgore, a uma aldeia vietcong, na bacia do Rio Nung , sob a inebriante música do Wagner, A Danças das Valquírias, está disponível no You Tube, num longo excerto de 18 minutos e 1 segundo; é uma das melhoras sequências de guerra de toda a história do cinema e uma das mais perturbadoras ilustrações, pela 7ª arte, da nossa pulsão assassina e da nossa condição de primatas predadores].

Este ano o José Pedrosa (Zé Pedrosa, para os amigos, penicheiros ou não, e que se autodefine como "ser humano, simplesmente") teve a felicidade de poder reunir todos camaradas, naturais de (ou residentes em) Peniche, que fizeram a guerra colonial / guerra do ultramar na Guiné. No seu blogue (que tem menos de um ano), escreveu um texto, singelo mas bonito, a marcar essa data, de 19 de Abril.

Espero, em breve, a sua companhia no seio da nossa Tabanca Grande. Espero também que ele nos possa relatar como foram os últimos meses da malta, no TO da Guiné, a seguir ao 25 de Abril. Gostaria, muito em particular, que nos ensinasse como é que se negoceia, com o inimigo de ontem, um campo de minas à volta de uma cidade...

Aqui fica um excerto do seu blogue, com a devida vénia... Devo acrescentar que não é um blogue centrado na experiência da Guiné, mas sim na sua condição de filho de Peniche, adoptado, e no exercício da sua cidadania.

Em troca deixo-lhe também, em roda pé, uma excerto de um poema (meu) sobre o meu pedaço de costa preferido, Paimogo, com as Berlengas, o Cabo Carvoeiro e Peniche à vista (***) (LG)

2. Blogue Cerro do Cão >José Pedrosa > Segunda-feira, 21 de Abril de 2008 > Memorial da Guiné

Reviver o passado é custoso. Dói-nos muito comparar o que somos e o que fazemos com o que fomos e o que fizemos. É uma dolorosa emoção: embarga a voz, humedece os olhos e faz com que a alma fique por ali, cataléptica, à espera de ordens do intelecto.


É sempre assim quando nos (re)encontramos com a história, a nossa história pessoal que, normalmente, tem episódios ou causas que nos ligam a outros como nós.

E depois dessa dor, do embaraço de rever dois, cinco, dez e mais companheiros duma causa comum - cruel e violenta, que involuntariamente fez parte da nossa vida - depois disso, vem a alegria contagiante com que cada um de nós quer partilhar o lembrar-se de si mesmo.

Foi assim, sábado passado (dia 19) no 1º Encontro dos Penicheiros Ex-Combatentes na Guiné; sem heroísmos nem falsos orgulhos, com humildade e respeitando tanto o passado como o presente.


Para a história de Peniche (se me é permitida a imodéstia) fica esta memória.

_______

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 9 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3590: O Nosso Livro de Visitas (48): José Pedrosa, ex-Alf Mil da CCAÇ 4747 (Guiné, 1974)

(**) Vd. poste anterior desta série > 16 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3635: Blogues da Nossa Blogosfera (10): De Porto de Mós a Gandembel (Paulo Sousa / Luís Graça)

(***) Paimogo da minha infância

(...)

Quando eu era menino e moço,
No tempo em que ainda partiam soldados
Para a Índia, para Goa,
Havia uma princesa, moura, encantada,
Num das tuas grutas submarinas;
O corpo coberto de ágar-ágar,
Era fonte de água pura, quente e doce,
Donde bebiam os ofegantes cavalos alados,
Com as suas enormes narinas.

E o vento, a nortada,
Nas velas dos barcos e dos moinhos,
Falavam-me da tragédia antiga,
Mas ainda viva,
Da filha do teu capitão
Que se havia matado do alto da arriba,
Dizem que por amor e solidão.

No antigo reino mouro
E depois franco e fero da Lourinhã,
Também os búzios me diziam
Que à noite as luzinhas,
A sul das Ilhas Berlengas,
Eram as alminhas
Dos que morriam
No mar, sem sepultura cristã.

Pobres náufragos,
Marinheiros, pescadores,
Poetas loucos, errantes, noctívagos,
Imigrantes clandestinos,
Corsários, contrabandistas, pecadores,
À deriva, sem um ui nem um ai,
Agarrados às tábuas do barco Deus é Pai (****).

Hoje não acredito mais
Nessas lendas das alminhas
Que eu ouvia aos ceguinhos das feiras,
Vendedores de letras de fado
E do Borda-d’Água:
Afinal essas luzinhas,
Lá longe e ali tão perto,
São apenas as traineiras
Ao largo do Mar do Serro,
Atrás dos cardumes de sardinhas.


(****) O concelho da Lourinhã, donde eu sou natural, também tem a sua quota-parte na história trágico-marítima deste país. Há registo, entre 1968 a 2000, da ocorrência de pelo menos seis naufrágios de barcos de pesca onde morreram três dezenas de filhos da terra, com especial destaque para as gentes de Ribamar (fora outros acidentes de trabalho mortais, cujo número se desconhece).

Um desses naufrágios foi o do barco Deus é Pai, em 26 de Março de 1971, no Mar do Serro [ou Cerro, já vi as duas grafias), ao largo do Cabo Carvoeiro. Os restantes foram os do Certa (15 de Maio de 1968), Altar de Deus (6 de Novembro de 1982), Arca de Deus (17 de Fevereiro de 1993), Amor de Filhos (25 de Julho de 1994) e Orca II (antigo Porto Dinheiro) (19 de Julho de 2000).

Entre estes homens há parentes meus, da grande família Maçarico, de Ribamar, donde era oriunda a minha bisavó paterna (nascida em 1864).

Num comentário de boas vindas ao poste P3590, já tinha dito ao Zé Pedroso o seguinte:

Sei que fizeste de Peniche também a tua terra. Para além das relações de vizinhança, é o mar e a comunitária piscatória que me atraiem em Peniche e que dão o forte traço de personalidade a esta terra da costa estremenha. Ainda hoje, apesar das profundas mudanças do sector.

Parte dos meus antepassados, do meu lado paterno (os 'Maçaricos', de Ribamar), estão ligados de há séculos ao mar, à pesca e à marinhagem... Mais uma razão, para além da Guiné, um dia destes nos conhecermo-nos pessoalmente.

Vou quase todas as semanas à Lourinhã, onde tenho casa e de vez em quando dou um salto a Peniche, para almoçar e passear. Um Alfa Bravo (abraço) do Luís Graça