Mostrar mensagens com a etiqueta Rui A. Ferreira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rui A. Ferreira. Mostrar todas as mensagens

sábado, 4 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13691: Notas de leitura (638): Algumas considerações às perguntas deixadas por Rui A. Ferreira no seu livro "Quebo - Nos Confins da Guiné" a propósito da retirada do Guileje (Coutinho e Lima)

1. Mensagem do dia 27 de Agosto de 2014 do nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel de Art.ª na situação de Reforma (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné, 1968/70 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73):

Há dias tive conhecimento da publicação do livro QUEBO - NOS CONFINS DA GUINÉ, cujo Autor é o nosso Camarada RUI ALEXANDRINO FERREIRA, a quem felicito por nos deixar mais uma excelente obra sobre a guerra da Guiné.

No último capítulo, o Autor formula várias perguntas, das quais se transcreve a que se refere à Retirada de Guilleje: 

"7. Porque não se realizou. relativamente ao abandono de Guileje, o julgamento de Coutinho e Lima? Quais os motivos para uma amnistia, tão rápida? Porque não prosseguiu o julgamento todo o caminho que lhe faltava? Quem tinha medo que a verdade não correspondesse à sua?"

Sobre estas interrogações, entendo fazer algumas considerações.

O meu julgamento não se realizou e não prosseguiu todo o caminho que lhe faltava porque, em 10MAI74, a Junta de Salvação Nacional (JSN) mandou publicar o Decreto-Lei n.º 194/74, que amnistiava vários crimes, entre os quais aqueles de que era acusado e, em consequência, o processo que me foi instaurado, foi arquivado.

Os motivos para uma amnistia tão rápida só poderiam ser esclarecidos pelo Sr. General António de Spínola, Presidente da JSN ou, eventualmente, outros elementos da mesma Junta.

Quem tinha medo que a verdade não correspondesse à sua?

Antes de arriscar uma resposta, vou dar as informações que se relacionam com o assunto.

O Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné teve conhecimento, pelo menos, em 27DEZ72, das intenções do PAIGC sobre Guileje.

Com efeito, consta do Anexo VI - Extracto do Relatório de Interrogatório - 27DEZ72 (pág. 410 do meu livro - A Retirada de Guileje, este interrogatório foi efectuado, nessa data, ao nativo, Mário Mamadu Baldé, de 25 anos, natural de Cacine), o seguinte:

"INTENÇÕES DO IN
...........
2. NA FRONTEIRA SUL: Refere que o IN pretende fazer um ataque com bastante força a GUILEJE, porque pretende obter uma maior liberdade de movimentos logísticos  de pessoal no corredor de GUILEJE. Para isso, ficaram em KANDIAFARA alguns elementos que vieram recentemente dum estágio de Artª. na Rússia, para futuros reconhecimentos na área de GUILEJE e preparar a acção."
..........

Só tive conhecimento deste importante documento quando tive acesso ao processo que me foi instaurado.

É INACREDITÁVEL que não me tivesse sido dado conhecimento deste documento, quando fui nomeado Comadante do COP 5, em 8 JAN 73.

Em 15MAI73, teve lugar no Quartel General do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, sob a presidência do Sr. General António de Spínola, uma reunião de Comandos, na qual participaram os Senhores Comandantes dos 3 Ramos das Forças Amadas - Exército, Marinha e Força Aérea, o Sr. Comandante Adjunto Operacional, o Sr. Chefe de Estado-Maior do Comando Chefe e  os Senhores Chefes das Repartições de Informações (REP/INFO) e de Operações (REP/OPER).
A acta dessa importante reunião, com 63 páginas, encontra-se no Arquivo Histórico-Militar e já foi difundida no nosso blogue.

Dessa acta, transcrevo, a seguir, algumas declarações-

O Sr. Comandante Adjunto Operacional - Sr. Brigadeiro Leitão Marques, afirmou:

"..............
No mínimo, e disso não restam quaisquer dúvidas, o IN está a preparar as necessárias condições de destruição de guarnições menos apoiadas por dificuldades de acesso (GUIDAGE, BURUNTUMA, GUILEJE, GADAMAEL, etc), a fim de obter os êxitos indispensáveis à sua propaganda internacional e manobra psicológica - isto está já ao alcance das suas possibilidades militares.
Quanto às vantagens para a manobra psicológica In, não podemos esquecer que qualquer êxito pode conduzir à captura de prisioneiros em número tal que possa constituir um elemento de pressão psicológica sobre a Nação Portuguesa.
..............
Assisti ao pressionamento psicológico ao povo americano, por causa dos seus prisioneiros no Vietnam do Norte durante quatro anos e senti em toda a sua profundidade o efeito desmobilizador desse pressionamento, o qual, em larga medida, juntamente com o elemento económico, levou à agitação interna das massas e à capitulação , apesar de todo o poderio militar americano.
O que acontecerá se tivermos de enfrentar situação semelhante?
................."

Nota - Os sublinhados são meus.

Da intervenção do Sr. Chefe da REP/INFO ( Sr. Ten Cor. de Infª. Artur Baptista Beirão), transcreve-se:

"...........
No imediato, julga-se que o IN:
..........
_ intente uma acção tipo convencional com carros de combate contra GADAMAEL, GUILEJE e/ou BURUNTUMA, tirando partido da vulnerabilidade destes pontos a este tipo de acções e visando o aniquilamento ou captura das guarnições;
..........
Num futuro próximo, prevê-se que o IN, partindo do clima de denso agravamento que a sua actividade imediata proporcionará:
 _ temte a eliminação sistemática das guarnições mais expostas sobre a fronteira, em acções isoladas de tipo convencional;....
...........
Resta referir , a finalizar, ....não permitem, como desejaria, uma melhor adjectivação das zonas preferenciais de esforço do IN...
...e apenas pode concluir-se por uma situação na qual todo o T.O., sem qualquer exclusão, acaba por constituir uma vasta área de preocupação, na qual dificilmente se podem, no momento, visualizar priorizações.
..........."

Ainda, relativamente às intenções do IN, no âmbito da REP/INFO, transcrevo parte da pág, 40 do meu livro:

"Em 09MAI73, a CCAÇ 3556 (EMPADA), enviou a mensagem 499, comunicando a existência de um grupo In na fronteira, com carros de combate que pretendiam atacar GUILEJE; a mesma Companhia rectificou esta mensagem através de outra - 507/73, referindo a presença nas matas de GUILEJE de um grupo de 35 cubanos e dois grupos de 45 elementos cada, preparados para atacar e aguardando ordens de "NINO".
Em 15MAI73, a CCAÇ 6 (BEDANDA) informou, através da mensagem 586/C, a chegada em 10MAI,  de 4 grupos vindos da REP. GUINÉ e a chegada a KANDIAFARA de cerca de 50 cubanos. Esta mensagem não foi enviada ao COP 5".

Da intervenção do Sr. Chefe da REP/OPER (Sr.Ten Cor. do CEM Mário Martins Pinto de Almeida), transcreve-se:

".............
Se não forem concedidos os reforços solicitados  as armas que permitam às NF enfrentar o IN actual...
julga-se que será necessário remodelar o dispositivo, reforçando guarnições que sob o ponto de vista militar se considerem essenciais e que permitam, à luz de outras concepções de manobra, desencadear mais tarde acções ofensivas de grande envergadura para recuperação das posições enfraquecidas, ou estruturar uma manobra de feição caracterizadamente defensiva baseada na implantação de um certo número de pontos de apoio a sustentar a todo o custo. Mas neste caso, as missões actualmente dadas às NF, em termos de protecção das populações e apoio ao esforço principal da manobra de contra-subversão centrado na manobra sócio-económica, teriam de ser revistas.
...........
A ameaça de utilização, pelo IN, de carros de combate, em golpes de mão sobre as guarnições de fronteira, aconselha a, desde já, dotar, pelo menos as guarnições indicadas pela Repartição de Informações como mais susceptíveis de ataques deste tipo, de meios que permitam a sua defesa anti-carro. Com o armamento que possuem e com o pessoal treinado para o tipo de guerra que temos enfrentado até ao presente, as guarnições apresentam-se impotentes e inaptas para fazer face à nova ameaça."

Lembra-se que, na data (15MAI73), em que se realizou  a Reunião de Comandos, já estava em curso, desde 08MAI, o ataque do PAIGC a GUIDAGE: É bastante estranho que, na acta da referida reunião não apareça nenhuma alusão a tal acontecimento.

As transcrições atrás indicadas,  merecem-me os comentários seguintes.

Acerca da intervenção do Sr. Brigadeiro Leitão Marques, Comandante Adjunto Operacional que, em 22MAI73, foi nomeado, pelo Sr, General Comandante-Chefe para proceder a auto de corpo de delito contra mim.
Se eu tivesse conhecimento desta acta de Reunião de Comandos, quando fui por ele ouvido, em 31MAI73, perante a última pergunta:

"Quando decidiu retirar tinha ponderado os altos prejuízos para a Nação resultantes desse procedimento?"

Certamente, ter-lhe-ia respondido com a pergunta seguinte:

"Pensou bem na hipocrisia desta  pergunta, face às suas declarações na Reunião de Comandos de 15MAI73?"

Acerca das declarações do Sr. Ten. Cor. de Inf.ª Artur Baptista Beirão, Chefe da Repartição de Informações, teria formulado as seguintes perguntas:

- Quais as diligências que mandou efectuar, relativamente ao Relatório de Interrogatório, feito em 27DEZ72, ao nativo Mário Mamadu Baldé, tendo em vista a verosimilhança e fiabilidade desse relatório e a que conclusões chegou?

- Porque não me foi dado conhecimento desse relatório, depois de eu ter sido nomeado, em 08JAN73, Comandante do COP 5?

- Porque julgava que o IN intentasse, no imediato, "uma acção tipo convencional, com carros de combate, contra GADAMAEL, GUILEJE,...", quando esta comunicação da Companhia de EMPADA, em 09MAI73, foi rectificada por outra mensagem da mesma Companhia?

- Porque não foi enviada ao COP 5, em 15MAI73, a mensagem 586/C da Companhia de BEDANDA, informando a chegada em 10MAI, de 4 grupos vindos da REP. GUINÉ e a chegada a  KANDIAFARA de cerca de 50 cubanos?

- As mensagens das Companhias de EMPADA e BEDANDA, associadas a outras eventuais informações que a REP/INFO tinha, não eram suficientes para prever, com grande probabilidade um ataque do IN a GUILEJE?

Acerca das declarações do Sr, Ten. Cor. do CEM Mário Martins Pinto de Almeida Chefe da Repartição de Operações, teria feito as seguintes perguntas:

- Nas suas declarações na Reunião de Comandos de 15MAI73, quando referiu que era necessário reforçar guarnições... que se considerasssem essenciais, estava a pensar na guarnição de GUILEJE? Se a resposta for SIM, que propostas fez para que esta guarnição  fosse reforçada?

- Tendo afirmado que era necessário dotar com meios de defesa anti-carro, as guarnições que a REP/INFO considerasse mais susceptíveis de ataques desse tipo e tendo esta Repartição indicado GUILEJE como uma das mais ameaçadas, no imediato, que propostas fez para que GUILEJE fosse dotada de meios de defesa anti-carro?

Para concluir e atendendo às considerações feitas, atrevo-me a afirmar que quem tinha medo que a verdade não fosse a sua, seriam o Sr. Comandante-Chefe, o Sr. Comandante Adjunto  Operacional ( que, da maneira como conduziu o auto de corpo de delito, não teve como objectivo primeiro a procura da verdade) e os Senhores Chefes das Repartições de Informações e Operações.

Com os meus cumprimentos
Alexandre da Costa Coutinho e Lima
(Coronel de Artª. Reformado
Ex-único Comandante do COP 5, em GUILEJE)

************

OBS: O nosso pedido de desculpa ao Coronel Coutinho e Lima pela demora na publicação desta sua mensagem.

O editor
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13685: Notas de leitura (637): “Do Outro Lado das Coisas", do Embaixador João Rosa Lã (1) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13574: Notas de leitura (629): "Quebo, Nos confins da Guiné", por Rui Alexandrino Ferreira (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Agosto de 2014:

Queridos amigos,
O confrade Rui Alexandrino Ferreira é um sanguíneo, gosta de emoções fortes, arrebata-se, indigna-se, põe tudo na narrativa em que desorienta o leitor que procura em vão a cronologia da comissão, há sempre interferências, há sempre amigos a ser convocados, uma história a ser contada, de quando em vez há uma pontinha de azedume e não esconde que se considera mal tratado no campo das condecorações.
O livro recai sobre si como uma homenagem, é também uma convocatória de amigos. O general Pezarat Correia que com ele acamaradou em Aldeia Formosa dirá mesmo que o autor “aliava ao seu entusiamo contagiante uma notável dose de bom-senso, o que lhe permitiu aplicar a sua coragem, o seu sentido de disciplina, o seu gosto pela decisão, na medida e no sentido convenientes”.

Um abraço do
Mário


"Quebo, nos confins da Guiné", Rui Alexandrino Ferreira

Beja Santos

"Rumo a Fulacunda", de Rui Alexandrino Ferreira, Palimage 2000, é a história de um alferes miliciano natural de Angola que veio combater no Sul da Guiné e deixou um depoimento por sinal bem controverso, a sua recensão está publicada no nosso blogue(*).

Surge agora "Quebo", também editado pela Palimage, são reflexões e divagações de Rui Alexandrino Ferreira enquanto capitão miliciano, de novo na Guiné, desta feita à frente da CCAÇ 18. A obra inclui diferentes depoimentos e talvez valha a pena fazer recurso do que o general Pezarat Correia escreve sobre a região da Aldeia Formosa ou Quebo. Pezarat Correia vem com o BCAÇ 2892, a partir de Novembro de 1969 é aqui oficial de operações. 

Chama-se o sector S-2, este batalhão que se derrama por Nhala, Aldeia Formosa e Buba, estava reforçado com mais três companhias operacionais no setor sob comando do COP 4, disseminadas por Empada, Mampatá, Chamarra e Pate Embaló. É uma força militar de grande significado, a que se juntam um destacamento de fuzileiros especiais, duas companhias de milícias e um grupo de caçadores furtivos. A tarefa prioritária é a contrapenetração dos efetivos do PAIGC provenientes da República Guiné Conacri, estes efetivos usavam os chamados corredores de Missirã, Guileje e Buba para atingirem os seus santuários no Sul e até à região Centro-Leste, designadamente a área do Xitole. 

O general Pezarat Correia sintetiza do seguinte modo:

  “No Sul da Guiné as zonas mais férteis para a agricultura estavam todas nas mãos do PAIGC. Os seus grupos circulavam aí com algum à vontade e tinham bases de apoio aos guerrilheiros, tornando muito mais curtos e menos vulneráveis os troços dos corredores de abastecimento suscetíveis de serem intercetados pela contrapenetração”

Pois é neste ambiente geográfico que em Janeiro de 1971 se integrou a CCAÇ 18 comandada por Rui Alexandrino Ferreira e tece vibrante elogio ao desempenho deste oficial, trata-o como um combatente de eleição, realça o seu relacionamento com oficiais sargentos e praças feito de camaradagem e sem qualquer perda de ascendente para as suas funções de comando.

Rui Alexandrino Ferreira foi comandante de um grupo de combate da CCAÇ 1420 entre 1965 e 1967. Não se ambientou à sua vida numa repartição da fazenda em Sá da Bandeira, aceitou frequentar o curso de oficiais para capitães, temo-lo de novo na Guiné em Agosto de 1970. 

Colocado à chegada na CCAÇ 2586 dela transitou para a CCAÇ 18. Terminará esta segunda comissão em Setembro de 1972. Começou por ir para Pelundo onde fez boas amizades. Feito o IAO em Bolama, rumaram para Buba. Vê-se que é um bom conversador e contador de histórias, é delirante a confrontação entre a mulher de um major e um oficial médico, a senhora resolver ir armada com a pistola do marido para a messe de oficiais intimidando o médico a retirar-se, caso não o fizesse abria fogo.

É pena que o autor tenha entendido dar libre curso aos seus sentimentos relegando para segundo plano o historial da CCAÇ 18 no Quebo, vai divagando e pondo antigos camaradas a depor sobre as suas vivências de tal sorte que se entrecruzam comissões com o 25 de Abril, histórias pessoais com operações, a narrativa de amizades como a que a Rui Alexandrino Ferreira manteve com outro capitão operacional de nome Horácio Malheiro, e assim chegámos a uma noite de atribulada de Natal em que elementos da CCAÇ 18 se envolveram em confronto mortal com militares do BCAÇ 3852. 

Segue-se uma nova leva de depoimentos avulsos, todos rendem homenagem ao capitão Rui, há mesmo quem conte a história da sua vida, depois o autor aproveita para contar histórias mais ou menos pícaras que escaparam ao livro anterior, Rumo a Fulacunda, increpa-se contra a guerra colonial, sem deixar de elogiar a adaptação do militar português, como escreve: 

“E se tivermos em linha de conta que ao longo de treze anos arrastados e uma guerra penosa e dura lutaram os filhos de um povo desamparado e simples, sozinhos contra tudo e contra todos, batendo-se em manifesta inferioridade técnica de meios, dada a rápida evolução que o armamento da guerrilha vinha sofrendo, deixando com o seu valor, o seu imenso poder de adaptação que o seu sentido de desenrascanço, a sua grandeza de alma, incrédulo e estupefato, o mundo inteiro, naquela que terá sido a maior epopeia em África, da era moderna da história de Portugal, que longe de nos envergonhar nos deve encher de orgulho”.


Viseu - RI 14 - 21 de Junho de 2014 -  Lançamento do livro "Quebo, Nos confins da Guiné", de Rui A. Ferreira. O Major-General Pezarat Correia durante a sua intervenção

E ao terminar, um pouco antes de manifestar a sua indignação por não ter sido condecorado com a Torre e Espada, o autor pretende ser esclarecido sobre várias situações e acontecimentos, como enuncia: 

“1 – Estaria a Guiné em condições de se tornar independente? Em caso negativo, porque não se prepararam primeiro os quadros? 2 – Estava a guerra perdida pelos portugueses? 3 – Quem mandou matar Amílcar Cabral? 4 – Foi um êxito ou um desastre a operação Mar Verde? 5 – Quem traiu os majores na chamada “Chacina do chão Manjaco”? 6 – Foi apurado em auto, ou não, a responsabilidade de alguém sobre a tragédia do Corubal onde morreram afogados 47 militares? 7 – Porque não se realizou, relativamente ao abandono de Guileje, o julgamento de Coutinho e Lima? Quais os motivos para uma amnistia tão rápida? Porque não perseguiu o julgamento todo o caminho que lhe faltava? Quem tinha medo que a verdade não correspondesse à sua?”.
____________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 22 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6448: Notas de leitura (111): Rumo a Fulacunda, de Rui Alexandrino Ferreira (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 1 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13556: Notas de leitura (628): A Tricontinental: Quando Amílcar Cabral se tornou num teórico mundial da revolução (2) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13521: Blogoterapia (259): Mensagem de agradecimento de Rui Alexandrino Ferreira à tertúlia, a propósito do lançemento do seu último livro "Quebo - Nos confins da Guiné" e da passagem do seu 71.º aniversário

1. Mensagem do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, TCor Reformado (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72), com data de hoje, 20 de Agosto de 2014:

Meus caros tertulianos
Seja pela mão do próprio comandante em chefe Luís Graça ou pela de qualquer um dos comandantes adjuntos, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Miguel Pessoa e perdoem-me se me esqueci de alguém que enquanto os envolvo no mesmo vigoroso e fraterno abraço, seja transmitido a todos os tertulianos a mensagem que se segue:


RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  Rui Alexandrino Ferreira no uso da palavra, na cerimónia de lançamento do seu livro "Quebo - Nos Confins da Guiné".


Mensagem de agradecimento de Rui A. Ferreira à tertúlia

Meus camarigos
Face a um não previsto nem esperado agravamento do meu sistema visual com praticamente inutilizado a visão do olho direito foi com algum sacrifício que tive de trabalhar para ter pronto "Quebo - nos confins da Guiné" na data prevista para a sua apresentação pública(*).

E se por um lado me dei por muito satisfeito com a grande manifestação de amizade de tantos amigos e antigos companheiros da Guiné na dita apresentação, persistem as mesmas dificuldades para ler ou escrever seja o que for.
Assim, na impossibilidade de pessoalmente agradecer a cada um dos muitos que me rodearam com o seu carinho e a sua amizade como compreensivelmente seria o meu desejo e logicamente meu dever, mas aos quais peço que aceitem desta forma a expressão da minha maior gratidão e da minha amizade.

Incluo no mesmo modo e no mesmo agradecimento todos quanto me fizeram chegar a sua palavra amiga na data em que completei 71 risonhas Primaveras.

Um grande Abraço
Rui Alexandrino Ferreira
____________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 24 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13327: Agenda cultural (326): Dia 21 de Junho de 2014, RI 14, Viseu; lançamento de "QUEBO - Nos confins da Guiné", livro de autoria de Rui A. Ferreira, TCor Ref (Carlos Vinhal)

Último poste da série de 11 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13485: Blogoterapia (258): Palavras (Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421)

terça-feira, 24 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13327: Agenda cultural (326): Dia 21 de Junho de 2014, RI 14, Viseu; lançamento de "QUEBO - Nos confins da Guiné", livro de autoria de Rui A. Ferreira, TCor Ref (Carlos Vinhal)

1. No passado sábado dia 21 de Junho de 2014, no Regimento de Infantaria 14 de Viseu, pelas 10 horas da manhã, já muitos ex-combatentes da CCAÇ 1420, CCAÇ 18 e ex-militares que passaram pelo RI 14, assim como muitos dos seu familiares, se concentravam na Parada para assistirem ao lançamento do livro de Rui Alexandrino Ferreira, Quebo - Nos confins da Guiné.

Na Parada do RI 14, entre os presentes alguns elementos da CCAÇ 18 comandada pelo ex-Capitão Rui Ferreira. Do nosso Blogue, na foto vêem-se: Carlos Vinhal Leça da Palmeira), Vasco da Gama (Buarcos), Antero Santos (Avintes) e António Pimentel (Figueira da Foz)

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014: Neves Ferreira, Vasco da Gama, Carlos Vinhal, Luís Nascimento, Lima Santos, Miguel Pessoa e Belarmino Sardinha


RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O Antero Santos reencontrou dois camaradas da CCAÇ 18. Ao lado Luís Nascimento e Carlos Vinhal

O tempo que mediou até à abertura da sessão serviu para um convívio informal, cujo tema de conversa era o nosso Rui, como é tratado pela totalidade das pessoas que com ele se cruzaram na Guiné ou naquele Quartel.

Já muito perto das 11 horas surge o Rui, acompanhado por duas pessoas que o ajudavam a caminhar entre os presentes que de algum modo se queriam aproximar dele. Qual Cristiano Ronaldo, foi a custo que chegou à Mesa de Honra, sem que pelo meio tivesse que parar para abraçar quem dele se conseguia aproximar...


...como foi o caso do co-editor do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, ali presente

O reconhecimento...

...e o abraço

Esperando não esquecer ninguém, o nosso Blogue estava representado pelos seguintes tertulianos: Antero Santos e esposa; António Pimentel; Belarmino Sardinha e esposa; Carlos Vinhal e esposa; Luís Nascimento; Manuel Lima Santos; Marques Almeida; Miguel e Giselda Pessoa; Valentim Oliveira; Vasco da Gama; Victor Barata e Xico Allen.

A sala estava repleta de assistentes que foram ouvindo atentamente os diversos intervenientes.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Vista parcial da sala completamente cheia

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Miguel e Giselda Pessoa, e mais à direita, Antonieta e Belarmino Sardinha

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Na assistência Dina Vinhal e Fernanda, esposa do Antero Santos

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Em primeiro plano o nosso tertuliano Luís Nascimento

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O camarada Vasco da Gama espreita o livro acabado de comprar. A seu lado o Antero Santos e o Xico Allen. Ainda perceptíveis, atrás, Belarmino Sardinha e esposa. 

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Dois resistentes ex-combatentes da Guiné: TCor Rui Ferreira e Cor Pilav da FAP Miguel Pessoa

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - A Mesa era composta pelo representante do Comandante do RI 14; Major-Gen Pezarat Correia, amigo pessoal do Rui, que também apresentou o livro; Rui Ferreira, o autor, e pelo representante da Palimage, editora do livro

A sessão abriu com as palavras de boas-vindas em nome do Comandante do RI 14.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O representante da Pamilage salientou, na sua intervenção, que o TCor Rui Ferreira é um autor querido desta Editora, e que este seu segundo livro vai ser também um êxito. 

 RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  O Major-General Pezarat Correia durante a sua intervenção

O Major-General Pezarat Correia, que na Guiné foi superior hierárquico do agora TCor Rui Ferreira, na sua intervenção salientou a amizade que os une de há longos anos. Tinha sido convidado só uns dias antes, mas não podia recusar este pedido para falar do livro. Recordou momentos hilariantes, já que o Rui é um homem com um sentido de humor apurado, sempre pronto para pregar partidas a superiores e inferiores. Salientou as suas qualidades de combatente, aliadas a uma capacidade inata para o comando de homens, levando-os a cumprir com êxito as missões mais perigosas.

Do livro, disse sem rodeios que o que está escrito, tirando as possíveis e inevitáveis imprecisões próprias do tempo já passado, é o retrato de uma comissão de serviço, à frente da CCAÇ 18, numa zona difícil (Quebo / Aldeia Formosa), numa altura em que a guerra da Guiné começava a agudizar-se.

Seguiram-se diversas intervenções a cargo de ex-militares da CCAÇ 1420, onde o Rui serviu como Alferes, nos anos de 1965 a 1967; da CCAÇ 18, comandada pelo Rui, então Capitão, nos anos de 1970 a 1972, e do RI 14, onde o Rui serviu como Tenente-Coronel.

Houve momentos de grande emoção quando se lembrava as qualidades humanas do autor do livro, e de boa disposição quando eram lembradas as patifarias que este homem protagonizava. No desporto, no aspecto social, na dedicação aos homens que comandava, a ponto de ser padrinho de casamento de não se sabe de quantos. Relataram-se factos que dignificaram o combatente, o comandante, o camarada e o homem que foi e é o Rui.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  O Rui quando agradecia as palavras que lhe foram dedicadas

Por último falou o Rui. Uma intervenção cheia de humor e emoção.
Estranhou que entre tantos amigos que tomaram a palavra, só lhe tivessem dedicado elogios, e embora ele tivesse pedido para não dizerem muito mal dele, nem um lhe descobriu um defeito, só qualidades.

Agradeceu as palavras a ele dedicadas, ressalvando ter sido esta a derradeira manifestação pública a que se submete, já que a sua debilitada saúde não permite tantas emoções. As pessoas ali reunidas por sua causa deram-lhe uma alegria enorme. Camaradas de todas as patentes e classes, de todos os tempos e locais por onde passou, estiveram a seu lado no lançamento do seu segundo livro.
Salientou que o RI 14, onde estávamos reunidos, será para sempre a sua Unidade, a sua segunda casa, onde cada camarada é pelo menos um amigo, senão mesmo um membro da família.

Por que a saúde do Rui não permitiria o esforço suplementar de uma sessão de autógrafos, o livro tem uma dedicatória e a assinatura impressa.

Assim, passou-se para a sala de jantar onde nos esperava um excelente almoço.
Entradas variadas, sopa, Rancho (muito bem confeccionado), fruta e doce, acompanhado de bom vinho.

Havia muita animação ao fundo da sala porque o rei da festa estava bem disposto. Não há fotos do almoço porque tendo sido servido de pé, não dava muito jeito fazê-las.

Cerca das 15 horas foi o convívio dado por terminado.
Não temos dúvidas de que foi um dia memorável para o nosso Rui.

Texto de Carlos Vinhal
Fotos: Dina e Carlos Vinhal

************

"QUEBO - Nos confins da Guiné"

Detalhes:
Autor: Rui Alexandrino Ferreira
Coleção: Imagens de Hoje
Género: Crónica de guerra (colonial)
Ano: 2014
ISBN 978-989-703-110-6
Idioma: Português
Formato: brochura | 368 páginas | 16 x 23 cm
PVP: 19 Euros


Descrição
“Há uma característica da liderança que considero o tempero decisivo capaz de conferir virtude a determinados atributos de comando que, sem ela, podem tornar-se excessivos e transformar-se em defeitos perversos. Refiro-me ao bom senso, o equilíbrio moderador que impede que a coragem resvale para temeridade gratuita empurrando os seus homens para riscos desnecessários, que evita que o culto da disciplina dê lugar ao autoritarismo desumano, que a tolerância resvale para o laxismo, que o gosto pela decisão rápida caia na precipitação, que o excesso de ponderação conduza à hesitação. O bom senso confere sangue frio nas situações de pressão emocional, presença de espírito quando à volta se instala a ansiedade. É uma virtude que, normalmente se adquire com a idade, com a experiência, com a dimensão da responsabilidade. Mas, apesar da sua juventude, o Capitão Rui Alexandrino Ferreira aliava ao seu entusiasmo contagiante uma notável dose de bom senso, o que lhe permitiu aplicar a sua coragem, o seu sentido de disciplina, o seu gosto pela decisão, na medida e no sentido convenientes. Não estou a fazer um elogio fácil. Não devemos nada um ao outro nem pretendemos nada um do outro. Estou apenas a registar uma opinião madura e consolidada, que é a minha”.
Pedro Pezarat Correia


Autor
Rui Alexandrino Ferreira nasceu no Lubango, Angola, em 1943. 1964 - Integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império.
1965 - Rende, na Guiné-Bissau, um desaparecido em combate.
1970 - Frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné-Bissau.
1973 - Regressa a Angola em outra comissão.
1975 - Retorna a Portugal. 1976 - Estabiliza em Viseu, onde continua a residir.
É, ainda, autor do livro Rumo a Fulacunda, sobre a temática da Guerra Colonial, na Guiné, editado pela Palimage em 2000

(Com a devida vénia a Palimage)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 18 DE JUNHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13303: Agenda cultural (325): JERO e o "Verão Total" da RTP 1, amanhã, 19 de Junho de 2014, em Alcobaça (Miguel Pessoa)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13306: Lembrete (4): Lançamento do livro "QUEBO - Nos confins da Guiné", de Rui Alexandrino Ferreira, dia 21 de Junho de 2014, pelas 10h30, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu

1. Convite do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, TCor Reformado (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72), para assistir ao lançamento do seu livro "QUEBO - Nos confins da Guiné", que se reporta à comissão de serviço por si cumprida na naquela ex-Província Ultramarina como Capitão Miliciano e Comandante da CCAÇ 18.

O evento realiza-se no próximo dia 21 de Junho de 2014, sábado, às 10h30, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu, seguido de almoço para quem se inscreveu previamente.

Aqui fica a notícia, especialmente para aqueles que morando na zona centro do país e se possam deslocar a Viseu, o façam para abrilhantar este momento de alegria do nosso camarada e amigo Rui e para lhe dar um abraço. Como ele próprio afirma na sua carta aberta, está a atravessar um período menos bom da sua saúde pelo que a presença dos amigos será algo que o reconfortará. 



____________

Nota do editor

Último poste da série de 21 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13175: Lembrete (3): Lançamento do livro "O Corredor da Morte", de Mário Vitorino Gaspar, 22 de maio, às 17h30, no Forte do Bom Sucesso, Belém, Lisboa, com apoio da Liga dos Combatentes e da associação APOIAR

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13211: Agenda cultural (319): Lançamento do livro "QUEBO - Nos confins da Guiné", pelo TCor Rui Alexandrino Ferreira, dia 21 de Junho de 2014, pelas 10h30, no Regimento de Infantaria 14 de Viseu

1. Pelo correio tradicional, em papel, recebi hoje, do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, TCor Reformado (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72), uma "Carta aberta aos amigos", que se reproduz abaixo, assim como um convite para assistir ao lançamento do seu livro "QUEBO - Nos confins da Guiné", que se reporta à comissão de serviço por si cumprida na naquela ex-Província Ultramarina como Capitão Miliciano e Comandante da CCAÇ 18.

O evento realiza-se no próximo dia 21 de Junho de 2014, sábado, às 10h30, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu, seguido de almoço para quem se inscrever previamente.

Aqui fica a notícia, especialmente para aqueles que morando na zona centro do país e se possam deslocar a Viseu, o façam para abrilhantar este momento de alegria do nosso camarada e amigo Rui e para lhe dar um abraço. Como ele próprio afirma na sua carta aberta, está a atravessar um período menos bom da sua saúde pelo que a presença dos amigos será algo que o reconfortará. 





2. Em Agosto de 2013 foram publicados três postes referentes ao depoimento do Major-General Pezarat Correia* insertos no I Capítulo do livro "QUEBO -  Nos confins da Guiné"
Como consta no Convite, o livro vai ser apresentado por este Oficial General.

(*) Vd. postes de:

10 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10249: Bibliografia de uma guerra (60): Primeiro Capítulo do próximo livro "Quebo", de Rui Alexandrino Ferreira (1): Mais que um superior hierárquico um amigo de eleição - Pezarat Correia

11 de Agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10253: Bibliografia de uma guerra (61): Primeiro Capítulo do próximo livro "Quebo", de Rui Alexandrino Ferreira (2): Primeira parte do depoimento do Major General Pezarat Correia (1)
e
12 DE AGOSTO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10255: Bibliografia de uma guerra (62): Primeiro Capítulo do próximo livro "Quebo", de Rui Alexandrino Ferreira (3): Primeira parte do depoimento do Major General Pezarat Correia (2)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13198: Agenda cultural (318): Lançamento do livro "Militares e política: o 25 de Abril" (organizado por Luísa Tiago de Oliveira) - 28 de Maio, 18h, ISCTE-IUL, Edifício II, Auditório B203

terça-feira, 11 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12823: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (82): Maurício Saraiva, a sobrinha Luciana Saraiva Guerra, hoje empresária no Brasil, e o seu conterrâneo de Sá da Bandeira (, hoje Lubango, Angola), Rui A. Ferreira

1. Mensagem, com data de 21 de fevereiro, enviada por Luciana Saraiva Guerra,  sobrinha do ex-capitão comando Maurício Saraiva, e nossa grã-tabanqueira nº 616 (*):


Boa tarde,  Luís!


Daqui escreve a sobrinha do falecido Maurício Saraiva ! Está lembrado?

Estou muito em falta com o Luís, mas tenho acompanhado o blog, as notícias e seus e-mail´s !

Gostaria de lhe deixar meus sentimentos pelo falecimento da mãe. Gostaria de desejar a todos vocês um grande ano de 2014 !

Transmita meus melhores cumprimentos ao Virgínio [ Briote]! Acho que um dia ainda nos vamos conhecer. Eu estou trabalhando bastante. Minha empresa Importadora está trazendo os vinhos da região de Valpaços para o Brasil. Estou muito feliz por poder ajudar aquela terra maravilhosa. Comprei o primeiro container [, contentor,] há pouco tempo e tenho a certeza que muitos outros se seguirão nos próximos tempos.

Também tenciono trazer os azeites.

Vou deixar aqui meu site inteiramente dedicado àquele terroir que mora em meu coração. Meu tio Maurício também gostava muito de Possacos[, freguesia do concelho de Valpaços, Trás os Miontes]

Espero que partilhem no blog, com vossas opiniões sempre pertinentes:

www.mayerimportadora.com.br

Um grande abraço desta tabanqueira, que está longe mas sempre acompanhando amigos do meu tio

Luciana Saraiva Guerra



Página (comercial) dedicada aos vinhos de Valpaços...A empresa brasileira Mayer, Coelho, Heinzen & Guerra Importadora Ltda. "iniciou os seus negócios trazendo os vinhos das Caves de Valpaços para o Brasil através de Santa Catarina, porque nossa sede está em Florianópolis, porque os catarinenses são grandes apreciadores de vinho, porque quisemos combinar vinhos interessantes, com personalidade e típicos com cidades modernas, vibrantes e em crescimento"...


2. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Rui Alexandrino Ferreira, autor de Rumo a Fulacunda, e que foi alf mil inf na CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67) e cap mil inf na CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, 1970/72)...

[ De acordo com a nota biográfica da sua editora, a Palimage, (i) nasceu em Angola, em 1943;  (ii)  em 1964 "integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império; (iii) em 1965, rende, na Guiné,  um desaparecido em combate; (iv) em 1970, frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné; (v) em  1973, regressa a Angola em outra comissão; (vi) em  1975, retorna a Portugal; (vii) em  1976, estabiliza em Viseu, onde continua a residir.]


O então alf mil Saraiva em Angola, em 1963,
aquando da frequência do curso de Comandos.
Foto: Virgínio Briote (2013)
Data: 7 de Março de 2014 às 16:18

Assunto: Mauricio Saraiva

A Atenção de: Luciana Saraiva Guerra


Chamo-mo Rui Alexandrino Ferreira, sou Tenente Coronel do exército, reformado, cumpri duas comissões de serviço na Guiné de 1965 a 1967 e de 1970 a 1972.

Nasci em Sá da Bandeira [, hoje cidade do Lubango, capital da província da Huíla, em Angola, ] e fiz todo o curso liceal, no Liceu Diogo Cão.

Aí, fui companheiro de teu pai, que presumo ser o Gustavo Saraiva, pois não conheci mais nenhum irmão do Leonel Saraiva.

A minha idade, está entre a do teu tio e do teu pai.

Se falares ao teu pai, no Rui Alexandrino, no Rui Gordo ou no Rui da Académica, ele te dirá quem sou.

Hesitei em entrar em contacto contigo não, por ser um tanto critico de algumas acções do teu tio, de algumas faltas de rigor, de uma certa vaidade que ele ostentava e de que nada precisava, pois foi efectivamente um grande combatente.

Como já te deves ter apercebido, sobre o teu tio se contavam mil e uma histórias.


Capa do livro de Rui Alexandrino Ferreira, Rumo a Fulacunda.
2.ª edição, 2003
Palimage Editores
(Colecção Imagens de Hoje).
415 páginas
Preço de capa: c. 20€.

A memória que merecem os mortos e o facto extraordinário de nós, portugueses, exagerarmos sempre no que contamos, normalmente acrescentando um ponto da nossa laia, por vezes não ajudam.

Se estiveres interessada, estou na disposição de te enviar o livro que escrevi, "Rumo a Fulacunda",  onde retrata as experiências da primeira comissão na Guiné.

Tem um capitulo, totalmente dedicado a Sá da Bandeira, que presumo que te poderá ser útil, espero pois que me digas alguma coisa.

Por aqui ficamos por hoje. (**)

Com toda a consideração, Rui Alexandrino Ferreira 

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de maio de  2013 > Guiné 63/74 - P11531: As Nossas Tropas - Quem foi quem (11): Maurício Leonel de Sousa Saraiva, ex-cap inf comando (Brá, 1965/67) (Luciana Saraiva Guerra)

(**) Último poste da série > 16 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12727: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (81): António Medina, natural da ilha de Santo Antão, Cabo Verde, foi fur mil da CART 527 (Teixeira Pinto, 1963/65) e vive hoje nos EUA, onde descobriu o nosso blogue

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12267: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (7): Cartas de Marga ['Nino' Vieira] e de Luís Cabral, onde se fala dos 3 desertores de Fulacunda, presumivelmente da CART 565, elevando para 9, até ao dia 3/4/1965, o número de militares portugueses que, no TO da Guiné, tinham até então desertado...


1. Continuação da exploração do Arquivo Amílcar Cabral, na sequência da necessidade de "triangular" fontes de informação e versões de acontecimentos em que fomos, as NT,  parte interessada e parte inteira...É um exercício que nada tem de "voyeurismo", muito menos de masoquismo, é apenas a natural curiosidade em saber (ou confirmar o que sabíamos) que o IN de ontem dizia de nós... e dele próprio.

Dizemos  de ontem, porque a guerra já acabou (, para a maior parte de nós, pelo menos)  e agora estamos de pantufas, à lareira, a comer castanhas assadas e a beber jeropiga... Nem sequer temos o o pobre do Chichas, o nosso cão de estimação, a nossa mascote de Bambadinca,  para nos lamber as feridas... Que nada nem ninguém se sinta humilhado e ofendido por esta descontraída, descomplexada e bem humorada (se possível) viagem ao passado... Explorando, para o efeito,  o interessante e valioso portal Casa Comum, um projeto de constituição gardual de "uma comunidade de arquivos de língua portuguesa", desenvolvido pela Fundação Mário Soares. (*)

Por acaso, andávamos pelos mapas e pelos trilhos do nosso blogue e demais sítios da Net,  à procura de Fulacanda, topónimo já há muito esquecido ou pouco falado pela velhada que se senta sob o poilão da Tabanca Grande...O bom do irã, traquinas, reguila, provocador,  bem humorado, mas mais cacimbado do que o cacimbo,  lá nos prega de vez em quando a sua partida...  Não o levamos a mal...

Eis o resultado da transcrição de mais um documento assinado pelo nosso outrora  inimigo de estimação o Marga, que Deus, o Diabo e os Irãs já lá o tenham, longe e bem alto, e que também era conhecido por Caby ou Kabi, ou Kabi Nafantchamna ou ainda 'Nino', João Benardo 'Nino' Vieira, comandante da Frente Sul, por quem houve muita gente, de ambos os lados da barricada de outrora, que nutriu (ou se calhar ainda nutre)  uma relação de amor-ódio... Mas tudo isto, já foi há muitas chuvas, no passado século XX.

De qualquer modo, refira-se que 'Nino Vieira tem mais de 60 referências no nosso blogue, incluindo uma pequena nota biográfica.

Nesta carta (disponível para consulta pública no Arquivo Amílcar Cabral do Portal Casa Comum), de três páginas, manuscrita, sem data (como de costume), dirigida por Marga ao seu chefe hieráquico, mais velho 15 anos, Aristides Pereira, secretário-geral adjunto do Partido (leia-se: PAIGC), ficamos a saber que:

(i) o Marga era crente, evocando frequentemente a graça divina;

 (ii) as coisas, lá no sul (regiões de Tombali e de Quínara), andavam calminhas em finais de março de 1965;

(iii) havia falta de "manga de munições", incluindo detonadores para as granadas-foguete para os RPG, recém chegados;

(iv) em Fulacunda, três "tugas" (palavra depreciativa que ele nunca utiliza, falava em portugueses ou colonialistas ou inimigos...) foram dar um passeio, ao ar livre, e acabaram por se entregar ao camarada que estava de serviço ali pelas redondezas [, a deserção terá ocorrido em 25/3/1965, 5ª feira];

(v) um deles, era um 1º cabo miliciano (!), de apelido Barricosa (leia-se: Barracosa);

(vi) em troca da hospitalidade, os "três tristes tugas" deram à língua, revelaram importantes segredos militares e confessaram a sua vontade de lutar, se necessário,  ao lado do partido de Amílcar Cabral contra o regime colonial fascista de Salazar;

(viii) como os bungalós estavam cheios, lá pelo Cantanhez, o Marga manda a encomenda para Conacri, com guia de marcha;

(ix) ah!,  "e não se esqueça, camarada, de me mandar munições de flober que eu gosto muito de passarinhos fritos!"; [a flober seria mesmo a espingarda de pressão para matar passarinhos ?. pergunta, ingénuo,  o revisor de texto];

e, por fim, (x) "não se esqueça também, camarada mais velho, de que estamos mal abonados de fardas e de plásticos, agora que se aproxima a estação das chuvas"...

Estima-se que a carta seja de finais de março de 1965, cotejando-a com a outra,  que publicamos a seguir, de Luís Cabral, datada de Conacri, 3 de abril de 1965.

Sobre o tema, delicado e fraturante, dos desertores temos cerca de 40 referências no nosso blogue; por outro lado, convir dizer que nunca tiínhamos ouvido falar deste caso...

Não sabemos sequer a que a  unidade pertenciam estes 3 desertores: muito possivemnete à CART 565 que estaria em Fulacunda por esta altura (março de 1965) tendo sido rendida pela CCAÇ 1420 (em agosto de 1965). Talvez o Henrique Cabral (autor do sítio Rumo a Fulacunda),   o Rui Ferreira e o Carlos Rios, que estiveram na CCAÇ 1420 (fulacujnda, 1965/67), se lembrem desta história, conrtada pelos "velhinhos" da CCAÇ 565 de quem, infelizmente, não temos nenhum representante na nossa Tabanca Grande. Estou-me a lembrar ainda do nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66). Ele estve em Tite ao tempo do BCAÇ 1860 (1965/67).(**)

A CCAÇ 565 foi mobilizada pelo RAP 2. Partiu para o TO da Guiné em 12/10/1963 e regressou a 27/10/1965. Esteve em Bissau, Fulacunda e Nhacra. Comandante: cap art Luís Manuel Soares dos Reis Gonçalves.

Transcrição / fixação de texto:  L.G.

2. Carta de Marga ['Nino' Vieira, comdante da Frente Sul] a Aristides Pereira [, secretário gertal adjunto do PAIGC,em Conacri], s/d [c. março de 1965]

Camarada Aristides: 

Espero para que esta lhe encontre continuando uma boa saúde em companhia dos camaradas. Nós vamos indo bons graças a Deus.

Junto comunico-vos que durante estes dias não [h]ouve nada em todo o sul do país.

O que precisamos neste momento é de uma grande quantidade de munições de carabinas e as de Patchanga [PPSH ou costureirinha]. Estão também em falta detonadores de obuzes de bazookas que vieram recentemente.

Faço-vos saber que seguem, em companhia do Artur,  3 soldados portugueses que desertaram do quartel de Fulacunda. Entre eles um é o 1º cabo miliciano de nome António Manuel Marques Barricosa [sic, o apelido é Barracosa]
, Rui Jorge Pires e José Fernando Amorim. 

Tivemos algumas trocas de impressões com eles, donde nos puseram a par de certas coisas.

Agradeço mandar-nos geradores electricos, se possível. Agradeço ainda de enviar-nos munições de flober.

Espero que enviam mais fardas e plásticos para a região sul do país.

Termino por hoje esperando que nos envie todos os pedidos com urgência.

Do seu camarada Marga,

PS – Junto envio em Boké o camarada Ansumane Mané afim de trazer aquelas espingardas semi-automáticas que lá estão. Espero mandar-me envelopes e esferográficas. Agradeço ainda enviar-me velas para a mota, óleo 30 [?} e ácido.


Se [h}ouver também pineus [pneus], é favor de enviar-me também alguns. Não esqueçam de enviar-nos uma grande quantidade de muniçõe

Citação:
(s.d.), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34402 (2013-11-6)


Comentário de L.G.: 

Este homem, se não me engano, de seu nome completo António Manuel Marques Barracosa,  de 23 anos (em 1965, quando desertou de Fulacunda), será mais tarde, dois anos depois, em Maio de 1967,  um dos 4  implicados na assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, liderado por Hermínio da Palma Inácio, 46 anos, fundador e dirigente da LUAR, com a colaboração de Camilo Tavares Mortágua, 34 anos, e  Luís Benvindo, 25 anos. O assalto, no valor de mais de 29 mil contos na época (c. 146 mil  euros, na moeda de hoje), teria sido até então o maior roubo de sempre em Portugal.


Clicar aqui para ampliar a imagem: Casa Comum.

Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04613.065.073
Assunto: Comunica a situação no Sul.  Solicita o envio de munições e detonadores de obuses. Informa que seguem com Artur três soldados portugueses que desertaram do quartel de Fulacunda: António Manuel Marques Barracosa, Rui Jorge Pires e José Fernando Amorim. Solicita ainda o envio de geradores eléctricos, munições, fardas e sandálias de plástico. 
Remetente: Marga [Nino Vieira] 
Destinatário: Aristides [Pereira]
Data: s.d.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência 1963-1964 (dos Responsáveis da Zona Sul e Leste).
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondencia
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

3. Carta datilografada, datada de Conacri, de 3 de abril de 1965, sábado, dirigida ao Ministro  da Defesa Nacional da República da Guiné, e assinada por Luís Cabral , membro do Bureau Político do PAIGC (vd. aqui nota biográfica da autoria de Virgínio Briote).

Tradução, e transcrição com revisão e fixação de texto, meramente para efeitos desta edição bloguística: L.G.

Conacri, 3 de abril de 1965

Senhor Ministro da Defesa Nacional da Repúblcia da Guiné

Senhor Mimnistro,

No dia 29 de março [de 1965] os nossos camaradas levaram para a República da Guiné, através da fornteira de Boké, três desertores do exército colonial português, de seus nomes António Manuel MARQUES BARRACOSA, José Fernandes AMORIM e Rui Jorge Pires.

Estes desertores, apresentados à polícia de Segurança Nacional da República da Guiné vieram do aquartelamento português [no original, base] de Fulacunda, no centro sul do nosso país. Eles apresentaram-se ao responsável do grupo de guerrilha que operava na zona [, em 25 de março de 1965], tendo de seguida sido conduzidos ao responsável na região, que os interrogou.

Os desertores manifestaram, diante dos nossos camaradas, o seu ódio ao regime colonial fascista de Salazar e o seu desejo de participar, ao lado dos democratas portugueses, na luta contra este regime. Manifestaram igualmente a sua simpatia pela justa luta que nós travamos, tendo-se prontificado a dar a sua contribuição onde ela se afigurar necessária.

A chegada destes desertores eleva para  9 o número de militares portugueses que deixaram as fileiras do exército colonial, para pedir asilo no nosso Partido, nas regiões libertadas e este facto é altamente favorável à nossa ação de propaganda tanto no plano internacional como no seio do inimigo.

Por esta razão, temos a honra de vos pedir a competente autorização para tomarmos conta dos desertores em questão, afim de organizarmos a sua apresentação à imprensa internacional. Entretanto, encarregar-nos-emos de contactar as organizações democráticas portuguesas no estrangeiro, a fim de preparar a sua saída da República da Guiné imediatamente a seguir à conferência de imprensa.

Seguros da sua compreensão habitual, queira aaceitar, senhor Ministro, a expressão dos nossos senrtimentos da mais alta consideração.

P’lo Bureau Político do PAIGC,


Luíz [sic]Cabral

Membro do Bureau Político

Fonte: (1965), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35357 (2013-11-7)


Clicar aqui para ampliar o documento [em francês]: Casa Comum

Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04606.049.061
Assunto: Comunicado que os camaradas conduziram para Conakry,  através da fronteira de região de Boké, três desertores [do exército colonial português]: António Manuel Marques Baracosa, José Fernandes Amorim e Rui Jorge Pires.Remetente: Luís Cabral, Membro do Bureau Político e pelo Bureau Político do PAIGC.
Destinatário: Ministro da Defesa e da Segurança da República da Guiné
Data: Sábado, 3 de Abril de 1965.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência com o governo da Guiné-Conakry 1960-1966.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.
Tipo Documental: Correspondencia.
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

[Ver aqui o acordo a que chegámos com o administrador, dr. Alfredo Caldeira, do Arquivo e Biblioteca da Fundação Mário Soares, para efeitos de utilização de fotos e outros documentos]

__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de novembro de 2013 > 4 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12250: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (6): Carta de Marga ('Nino' Vieira) a Aristides Pereira, presumivelmente de meados de 1964, em que refere um desembarque das NT em Gampará, que terá provocado a morte de "22 pessoas do povo e umas vintenas de vacas" (sic)

(**) Lista, organizada pelo nosso camarada Santos Oliveira, das subunidades do BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967)> Subunidade, subsetor, período, comandante 

(i) CArt 565, Fulacunda, antec /10Ago65, Cap Reis Gonçalves;

(ii) CCav 677, S. João, antec. 20Abr66, Cap Pato Anselmo, Alf Ranito, Cap Fonseca;

(iii) CCaç 797, Interv, 29Abr65/16Mai66, Cap Soares Fabião;

(iv) CCaç 1420, Fulacunda, 11Ago65/08Jan66, Cap Caria, Alf Serigado, Cap Moura; [Recorde-se que a esta infortunada companhia pertenceu, como alferes, o nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira];

(v) CCaç 1424, S. João, 11Set65/25Nov65, Cap Pinto; [Companhia que também foi comandada pelo querido amigo e camarada Nuno Rubim, de Junho a Dezezembro de 1966];

(vi) CCaç 1423, Fulacunda e Empada, 30Out66/23Dez66, Cap Pita Alves;

(vii) CCaç 1487, Fulacunda, 08Jan66/15Jan67, Cap Osório;

(viii) CCaç 1549, Interv, 26Abr66, Cap Brito;

(ix) CCaç 1566, S. João e Jabadá, 19Mai66, Cap Pala e Alf Brandão;

(x) CCaç 1567, Fulacunda, 01Fev67, Cap Colmonero;

(xi) CCaç 1587, Empada, 27Nov66, Cap Borges;

(xii) CCaç 1591, Fulacunda (treino operacional), 18Ago66/01Out66, Ten Cadete;

(xii) CArt 1613, S. João (treino op), 03Dez66/15Jan67, Cap Ferraz e Cap Corvacho; [ A esta companhia pertenceu, entre outros, o nosso saudoso Zé Neto (1929-2007), o primeiro membro da Tabanca Grande a quem a morte levou];

(xiii) CCaç 1624, Fulacunda, 05Dez66, Cap Pereira;

(xiv) Pel Mort 912, Jabadá, antec /26Out65, Alf Rodrigues;

(xv) Pel Caç 955, Jabadá, antec/13Mai66, Alfs Lopes, Viana Carreira, Sales, Mira;

(xvi) Pel AM Daimler 807, Tite, antec/13Mai66, Alf Guimarães;

(xvii) Pel Art 8, Fulacunda, 10Fev66/03Mar66, Alf Machado;

(xviii) Pel Caç 56, Fulacunda e S. João, 31Out66, Alf Dias Batista;

(xix) Pel Mort 1039, Jabadá e Tite, 26Out65, Alf Carvalho;

(xx) Pel AM Daimler 1131, Tite, 12Ago66, Alf Antunes;

(xxi) Companhia de Milícia 6, Empada, antec, Alf 2ª Mamadi Sambu e Dava Cassamá;

(xxii) Companhia de Milícia 7, Tite, 05Ago65, Alf 2ª Djaló;

Estas sub-unidades foram atribuídas ao BCaç 1860 durante a permanência em Sector (desde Abr65).

[Imediatamente após a sua chegada à Guiné, o BACÇ 1860 entrou em Sector. Foi-he atribuído o Sector S1, integrado no Agrupamento Sul. Principais localidades: Tite, Fulacunda, S. João e Jabadá. Em Outubro de 1966 é atribuído ao Batalhão o Sub-Sector de Empada, enquadrando as penínsulas de Darsalame e Pobreza. Concomitantemente, passa a pertencer ao BCAÇ 1860 a CCAÇ 1423, aquartelada em Empada.]

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10755: (In)citações (46): O cadete Lima, do último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra, em 1964, a juventude do império... (Rui A. Ferreira)

1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Rui Alexandrino Ferreira,  autor de Rumo a Fulacunda, e que foi alf mil inf na CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67) e cap mil inf na CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, 1970/72)...

De acordo com a nota biográfica da sua editora, a Palimage, nasceu em Angola, em 1943, e em 1964 "integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império. 1965 - Rende, na Guiné-Bissau, um desaparecido em combate. 1970 - Frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné-Bissau. 1973 - Regressa a Angola em outra comissão. 1975 - Retorna a Portugal. 1976 - Estabiliza em Viseu, onde continua a residir. Rumo a Fulacunda é a sua primeira obra literária".


Data: 3 de Dezembro de 2012 01:40

Assunto: O cadete Lima

Aqui vai um abraço muito especial ao meu ilustre camarada de recruta e especialidade, meu companheiro e meu amigo, Adriano Miranda Lima [, foto à direita, em baixo], um dos nossos últimos Tertulianos, de quem tenho a grata recordação dum passado que, tendo decorrido num período muito especial da nossa vidas, num rumo comum que tendo tido por palco a Escola Prática de Infantaria, em Mafra, onde ambos, incluídos no Pelotão dos Ultramarina versão literária e a terminologia filosófica do homem aranha, perdão do  Capitão Aranha, nos vimos, isso sim, em palpos de aranha para aguentar toda aquela imensidão de grandes cabeças que tinham jurado a pés juntos cumprir a execrável missão de fazer daquela seita de mal jeitosos cadetes a fina flor  da oficialidade miliciana.os e naquela que passou à história como a companhia segunda do Curso de Oficiais Milicianos, segundo 

Pois, meu caro cadete Lima (, a ti e ao coronel com o mesmo nome e já que um coronel não é mais que um cadete que não morreu), os meus mais sinceros votos para que sejas muito bem vindo e que te dês entre nós muito bem, fazendo parte desta grande família que é a rapaziada do blogue do Luís Graça.

Com a muita amizade e a consideração do

Cadete Rui A. Ferreira
_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 24 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10715: (In)citações (45): Carlos Guedes e Teco com livro sobre a CCAÇ 726, em preparação (Virgínio Briote)