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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20460: Notas de leitura (1246): “Capim Rubro”, de José Monteiro; Chiado Books, 2018 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Dezembro de 2019:

Queridos amigos,
Não se discute o empenho didático do autor que, do princípio ao fim da sua obra de ficção nos dá apontamentos sobre a instrução na recruta e na especialidade, o que é um aerograma, onde se situa a Guiné, como eclodiu a guerrilha, as etnias existentes, o pormenor das operações, vê-se claramente que se documentou, o que é questionável é o modo como entremeia um acervo de dados consabidos no evoluir da trama.
Alude-se nesta obra de ficção a um drama vivido na região de Fulacunda, o desaparecimento, em plena atividade operacional, de um alferes e um conjunto de militares, seguramente uma das histórias mais dramáticas que se viveu naquele teatro de operações.
Mais um livro autobiográfico, certamente bem intencionado, talvez para que aqueles militares que andaram por Fulacunda e perto do Morés tenham mais um rosário de recordações ao seu dispor.

Um abraço do
Mário


Novamente, com rumo a Fulacunda e depois ao Morés

Beja Santos

“Capim Rubro”, de José Monteiro, Chiado Books, 2018, apresenta-se como uma obra de ficção, tem como palco a guerra de Guiné entre 1965 e 1967, o leitor, em dado momento, constatará existirem claras aproximações com a obra de Rui Alexandrino Ferreira “Rumo a Fulacunda”, obra a que aqui já se fez recensão.

Tudo começa com uma visita, em maio de 1968, do Furriel Silveira à aldeia de António Ribeiro, não longe de Lamego, e antes de sabermos as razões que o ali levam, retornamos ao passado, António dos Santos Ribeiro está em Estremoz, é informado que vai gozar dez dias de férias e depois apresenta-se no Regimento de Infantaria 2, onde irá formar-se o seu Batalhão. António Ribeiro é conhecido pelo 127. Segue-se a paixão assolapada entre o mancebo e a sua apaixonada, Maria do Céu. Com o sangue a ferver, ambos perdem as estribeiras num local chamado a “Pedra da Moura”, António irá para a Guiné, a Maria do Céu ficará grávida enquanto António anda por Abrantes e o Campo Militar de Santa Margarida. Estamos em 31 de julho de 1965, o Batalhão parte para a Guiné a bordo do Niassa. António vai conversar com o Capelão, o Padre Miguel Sampaio, primo direito da sua Maria do Céu, é um capelão muito original, só fala aos palavrões, talvez porque vai a caminho da sua segunda comissão na Guiné, o bispo não o quer a paroquiar, andou envolvido com uma senhora casada. Estamos em agosto de 1965, o autor entremeia a narrativa com dados da vida guineense. Vão a caminho de Santa Luzia, passaram em frente da capela mortuária em cujo interior se amontoava uma pilha de caixões a aguardar barco para Lisboa. Começa a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, um soldado dispara inadvertidamente e atinge mortalmente um companheiro. É a primeira baixa.

Na Cervejaria Bento, o Alferes Varela de Castro disserta sobre o Estatuto do Indigenato, é uma alocução em que ele diz que a guerra colonial foi resultado lógico e natural da conjugação de dois fatores: imobilismo e intransigência do Estado Novo sobre a questão colonial; incapacidade de negociação para responder aos apelos de negociação, repetidas vezes feitos pelos movimentos de libertação. O Furriel Silveira assiste a toda esta exposição e pensa que existe motivação séria para um povo reclamar a sua libertação e definir o seu destino coletivo.

Maria do Céu é maltratada pelos seus pais, é bem acolhida pelos pais de António, este embarca rumo a Fulacunda, os bens dos militares chegam praticamente deteriorados, houvera muita chuva, as malas de cartão prensado desfaziam-se, tudo quanto era papel tornou-se em pasta pegajosa. Descreve-se Fulacunda, começa a atividade operacional, em setembro ocorre a primeira incursão a uma base do PAIGC, é o batismo de fogo, destrói-se o acampamento. Em outubro, durante uma operação, sucede o impensável, o Alferes Varela de Castro desaparece com mais cinco militares, sucedem-se as tentativas de encontrar os desaparecidos à volta de Gamol, onde a tragédia ocorrera (a tal propósito, tem bastante utilidade ler a obra de Rui Alexandrino Ferreira, é um documento pungente em que se procura recriar o drama daqueles homens perdidos dentro da mata e perseguidos pelas forças do PAIGC). Para substituir o malogrado Varela de Castro chegou o Alferes Miliciano Rodrigo, inicialmente recebido de forma fria, quase hostil. Rodrigo ir-se-á impondo, definiu uma estratégia de aproximação, irá ganhar a confiança de todos. Continuam as operações, apreende-se armamento, as abelhas atacam, há mortos e feridos.

O autor não poupa o Capitão Cordeiro, Comandante de Companhia, um manhoso que tudo faz para ser evacuado. Tivera uma ligeira fratura de costelas na queda de um cavalo, preparou a atmosfera para voltar a cair, acabou por ser evacuado para o Hospital Militar de Bissau, em Lisboa tratou da vidinha, reformou-se.
Como escreve o autor:  
“O capitão Mário dos Santos Sobral Cordeiro, no exercício das suas funções do comando no CTI, em plena zona de forte ação da guerrilha, no local em que, com a sua companhia, em plena zona de campanha, montou uma emboscada às tropas inimigas, caiu desamparadamente numa ravina, agravando, de forma irreversível, lesões anteriormente sofridas em duas costelas. E assim se livrou de Fulacunda, se livrou da Guiné e se livrou definitivamente da guerra”.

A Companhia sai de Fulacunda no início de janeiro de 1966, nova conversa entre António Ribeiro e o Padre Sampaio, o palavrão ferve. António parte para Bissorã, é a sede do seu Batalhão. Multiplicam-se as missões, por exemplo, manter a segurança à ponte de Braia, no caminho de Mansoa para Bissorã. A amizade entre o Furriel Silveira e António Ribeiro cresce com o tempo. Há as escoltas a Cutia, bom pretexto para António rever o capelão. Assim se passou o primeiro ano de guerra e inopinadamente há uma forte emboscada entre Mansoa e Bissorã, o Alferes Rodrigo é agora um verdadeiro exemplo de dedicação aos seus homens.

Nasce o filho de Maria do Céu e António, é uma menina. António está delirante, as operações prosseguem. Vamos saber tudo sobre o currículo do Padre Sampaio, de seu nome Miguel dos Santos Almeida Sampaio, e do adultério que o senhor bispo puniu. São frequentes os encontros entre António e o capelão, tudo regado a uísques no clube Os Balantas, em Mansoa. Segue-se a descrição dos quartos-de-final do campeonato mundial de futebol de 1966, entre a Coreia do Norte e Portugal e saltamos para a ponte de Uaque onde um grupo de guerrilheiros do PAIGC ataca furiosamente.
E aqui nos fica um texto, da melhor prosa que se encontra ao longo destas quinhentas páginas:
“Aparentemente não era coisa grave, apenas um pequeno orifício, onde se tinha alojado um estilhaço.
Contudo, por esse minúsculo orifício começou a perder massa encefálica, foi ficando pálido, quedou-se nos movimentos, perdeu a voz, toldou-se-lhe a vista.
Natural de uma pequena aldeia das proximidades de Aveiro, pensou na beleza do pôr-do-sol espraiando-se mansamente na ria. Como por magia, a lona da maca em que se encontrava deitado, foi-se transformando num espelho de água, refulgente de luz, de quando em vez entrecortado pela passagem ritmada e dolente de um moliceiro, como ele aflito e afoito, que na sua profusão de cores deixava nas águas da ria um rasto de rara beleza.
Por breves momentos, recordou a arte da xávega e, numa dolência que já não controlava, recuou aos seus tempos de menino e viu seu pai vestido de camisa branca e curta, feita de estopa, manaia e barrete preto de malha, apanhando o moliço.
Pensou no resto da família. Depois, sem um único gemido, no rosto antes queimado pelo sol e pela maresia, começaram a correr-lhe, ritmada e silenciosamente, lágrimas sofridas. Pensou na namorada, nos sonhos que ambos tinham para concretizar. A cara marfínea em agonia a coalhar de vítreo os olhos glaucos, alguns espasmos e, traiçoeira e injusta, a morte levou-o”.

Não se pode roubar ao leitor a curiosidade em desvendar a trama final, o que aproxima e pode afastar estes dois amigos, Silveira e António.
Intuitivamente, e nada mais, fica-nos a ideia que Silveira é o alter-ego de José Monteiro.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20448: Notas de leitura (1245): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (36) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Guiné 61/74 . P19006: (De) Caras (117): A morte do fur mil, da CCAÇ 18, Virgolino Ribeiro Spencer, em Aldeia Formosa, em 15 de janeiro de 1972... Acidente ou homicídio na Consoada de Natal de 1971 ? A versão do Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS/ BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73).

Manuel Gonçalves, alf mil mec auto
CCS/BCAÇ 3852
(Aldeia Formosa, 1971/73)
1. O Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), já aqui foi apresentado à Tabanca Grande em 2 de agosto passado. (*)

Em longa conversa que tive com ele, no passado  dia 30 de julho, na Praia da Areia Branca, ele falou-me desses tempos em que esteve em Aldeia Formosa, aí tendo conhecido a CCAÇ 18 e o seu comandandnte, o ex-cap mil Rui Alexandrino Ferreira, nosso grã-tabanqueiro de longa data. (Tem 3 livros publicados, vive em Viseu e inbfelizmente sofre de doenca crónica degenerativa que o impede de continuar a colaborar com o nosso blogue.)

Também foi camarada, na CCS/BCAÇ 3852, do alf mil João Marcelino, que vive na Lourinhã, e que esteve presente no VII Enconro Nacional da Tabanca Grande (2012).



2. O Manuel Gonçalves, ex-aluno dos Pupilos do Exército, esteve sempre em Aldeia Formosa (ou Quebo). E estava lá quando se deu o caso do Virgolino Ribeiro Spencer, fur mil, CCAÇ 18, "morto por acidente",  em 15/1/1972 (**).  

Oficialmente, o exército considerou a sua morte como "acidente". Na realidade, ele terá sido assassinado, quando crculava pela tabanca com a sua motorizada. Era um guineense, de origem cabo-verdiana,  sendo naatural de Nª Sra. Natividade, Pecixe, Cacheu.

Era o único militar, ao que parece, que possuía uma motorizada. Para o Manuel Gonçalves, terá sido morto por alguém da CCAÇ 18, mais provavelmnete da sua própria companhia. As praças da CCAÇ 18 viviam na tabanca, estando por isso armados.

A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18,  a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.

Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spemcer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois.


Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do último livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Coimbra, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do João Marcelino (que vive na Lourinhã, esteve presente no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2012, e que é amigo do autor desde a Guiné, tendo estado os dois juntos em Aldeia Formosa: o Rui como comandante da CCAÇ 18, o  João Marcelino, "Joneca", como alf mil, CCS/BCAÇ 3852).

Foto (e legendas): © Márcio Veiga / Rui Alexandrino Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



2. Não sei como é que o Rui Alexandrino Ferreira ficou na "fotografia".  Nunca falei com
ele sobre esta história. Mas no seu penúltimo livro,  "Quebo - Nos confins da Guiné" (Coimbra, Palimage, 2014, 368 pp),  há uma referência a este trágico caso: capº 11º ( " A noite dos horrores, ou o conflito armado entre metropolitanos e africanos e ainda a morte de Virgolino Ribeiro Spencer").

Confesso que ainda não li o livro e, portanto, não sei qual é a versão do Rui... O Manuel Gonçalves tem o livro e ficou de ver alguns pormenores. Nessa noite, o Rui saiu com o seu guarda-costas e mais uma pequena força com vista a serenar os ânimos. Terá sido recebido à granada. O guarda-costas provavelmente salvou-lhe a vida.

Temos também na Tabanca Grande o Manuel Carmelita (ex-fur mil mecânico radiomontador da CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), que nos pode dar a sua versão do que se passou nessa "noite dos horrores".

O Silvério Lobo, soldado mecânico, que esteve sob as ordens do Manuel Gonçalves, também é nosso grã-tahanqueiro e já voltou à Guiné inúmeras vezes, tem inclusive "cartão de residente"... Mas, a verdade, é que o caso do Virgolino Ribeiro Spencer é "virgem", aqui no nosso blogue (**)... Porquê tanto silêncio ?

Rui A. Ferreira
3. O Manuel Guimarães disse-me que o Spínola, face à gravidade dos acontecimentos,  deu um a "porrrada" ao comandante do BCAÇ 3852,  o ren cor Barata, considerando-o como "inapto" para comandar homens em situação de guerra.

Esse tenente coronel disse, ao alferes, que nesse dia "tinha acabado" a sua carreira militar... Já cá, na metrópole, o Manuel Guimarães soube, entretanto, do seu falecimento há uns anos.

O nosso conhecido Barros e Bastos  (, o célebre BêBê, major art do BART 2917, Bambadinca., 1970/72, de seu nome completo Jorge Vieira de Barros e Bastos ), depois de promovido a tenente coronel, foi comandar o BCAÇ 3852.

O Manuel, com 12 anos de Pupilos do Exército, "teve alguns problemas" com o seu novo superior hierárquico. Em Aldeia Formosa, tinha outro "nickname",  o Bagabaga...

Apelamos aos camaradas que estiveram em Aldeia Formosa, em 1972, para confirmar essta história. Não tenho, de momento, condições para falar com o Manuel Gonçalves, o Manuel Carmelita, o Silvério Lobo ou o João Marcelino nem muito menos com o Rui Alexandre Ferreira. (***)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18891: Tabanca Grande (466): Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73; ex-aluno dos Pupilos do Exército, transmontano, vive em Carcavelos, Cascais. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 776.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18075: Notas de leitura (1022): “A caminho de Viseu”, por Rui Alexandrino Ferreira; Palimage, 2017 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Novembro de 2017:

Queridos amigos,
Rui Alexandrino Ferreira tem presença assídua nesta sala de conversa. No seu livro "Rumo a Fulacunda" ofereceu-nos páginas impressivas, tanta da sua guerra da Guiné como da sua vivência angolana. Este livro é um encontro de amigos, tem o RI 14 por epicentro, mas o passado também anda à solta. Tem a língua afiada, e de vez em quando desembesta de mansinho, sai da sua rigidez peculiar. Vale a pena ouvir o que se partilha no anfiteatro das memórias sobre este homem.

Um abraço do
Mário


"A caminho de Viseu", memórias de Rui Alexandrino Ferreira

Beja Santos

Na encruzilhada da vida e em torno de uma vivência do Regimento de Infantaria n.º 14 (Viseu), ergue-se um rol de lembranças e várias pessoas se sentam à mesa da amizade, o pretexto é muito válido, todos concordam. Rui Alexandrino Ferreira [foto à direita] é já conhecido no blogue, saiu-lhe do punho um livro de páginas vigorosas, "Rumo a Fulacunda", voltará a escrever sobre a Guiné, ali houve duas comissões, ali se passaram situações insuperáveis. “A caminho de Viseu”, por Rui Alexandrino Ferreira, Palimage, 2017, é uma sala de conversa a pedido de um certo chefe de orquestra, que abre o desfiar das memórias recorrendo a dois versos de Fernando Pessoa: “Sinto mais longe o passado / Sinto a saudade mais perto”. Logo uma lembrança para um ausente da conversa, Manuel Cerdeira, que fora comandante do destacamento de Cabedu, algures no Cantanhez, e lança-se um abraço fraternal. Está lançado o mote.

Rui Alexandrino Ferreira foi alferes na Guiné em meados dos anos 1960, não se sentiu bem enquadrado na vida civil, em 1970 irá frequentar o curso para capitão, regressa à Guiné, e em 1973 volta a Angola de onde é natural, noutra comissão. Se na sua primeira comissão conheceu atribulações, a sua segunda comissão permitiu-lhe uma experiência distinta, foi nomeado para integrar as Forças Africanas, aquartelou-se em Aldeia Formosa. Discreteia sobre a formação do MFA e põe ênfase no que viu em Angola, assistiu ao horror da guerra fratricida pelo controlo da cidade de Luanda, num cenário de caos e morte e pilhagens, de gente a resgatar os seus bens antes de se porem em fuga, gente enlouquecida a disparar em todas as direções.

Exalta a sua amizade e admiração por Pedro Pezarat Correia, “um dos oficiais mais lúcidos e distintos e mais capazes entre os oficiais do quadro permanente”. Conheceram-se em Aldeia Formosa. Vêm depois pilhérias e facécias que vão desembocar a Viseu, entram testemunhos na ribalta, logo uma prova eloquente de consideração no depoimento do Tenente-General António Luís Ferreira do Amaral. O autor, quando pode, lança a sua ferroada, veja-se o que ele escreve a propósito do tenente Armelim Costa:
“Era e é um moço excelente. Quando se apresentou em Viseu, vindo do Regimento de Comandos, trazia consigo a cabeça cheia daquela propaganda de superioridade, que não tinha a mínima razão de ser. Nunca justificara em combate as extraordinárias atuações de que falavam. Na Guiné fartaram-se de entrar em situações algo nebulosas, inclusivamente uma das suas companhias tinha a fama de ouvir os tiros dos turras duas vezes. A primeira vez quando os tiros passavam por eles e a segunda quando eles passavam pelos tiros… Claro que isto é uma anedota, mas isto são histórias que não vêm ao acaso”.
O Major Sousa Figueiredo brinda-o com versos: 
"Ironia perversa do Destino, / Que manda p’ra Guiné um angolano / Criado em berço de Menino, / A brincar, na rua, com o massano; / Da Guiné regressa à nata terra, / Com o peito cheio de glória, / Mais duas cruzes de guerra, / Qual tributo fruto da vitória. / Capitão vai para o Uíge, / Desfiladeiros, florestas e Fazendas, / Novos feitos e vitórias atinge, / Na africana nova Caipemba; / No mês das águas mil; / Da Páscoa e do Agno de Deus / A revolução do 25 de Abril, / Em boa hora o trouxe a Viseu; / Cá, assentou arraiais, / Procriou, capitaneou e muito mais, / De muitos amigos se rodeou, / Por isso também cá estou.

É uma parada de testemunhos, oficiais, sargentos e praças não se cansam de exaltar amizades bem consolidadas. As histórias multiplicam-se, são como as cerejas, escolhendo uma bastante impressiva, sai do punho do autor a homenagem à classe médica na pessoa do Dr. Lino Ministro Esteves: “Sucedeu a determinada altura que recebi de Alcofra, terra de origem da família dos meus sogros, um telefonema da parte do tio da minha esposa, que pretendia fazer-se acompanhar de uns parentes afastados que pretendiam falar comigo.
Marcado o dia lá os recebi em minha casa. Segue-se uma história embrulhada e Rui Alexandrino replica que lhe falem claro ou então não vale a pena continuar a conversa.
Muito a custo e no meio de certa vergonha contaram-me então que um dos filhos de um dos primos se tinha enfiado na cama afirmando que ia morrer com a sida e ninguém o conseguia demover da condição de que estava doente. No meio disto tudo tinha sucedido que, quando tinha ido para o monte acompanhado de outro moço para o pastorício das ovelhas teriam tido relações sexuais e ao ouvir dizer que a sida era a doenças dos maricas convenceu-se de aquilo também lhe dizia respeito. E aí, para desespero dos pais deixou de comer e trabalhar e não saía da cama. Combinei então com o pai ir eu a Alcofra no fim de semana seguinte onde iria a sua casa para ter uma conversa sozinho com o moço e ver no que aquilo dava.
Da conversa, ao princípio um pouco contrafeito lá me contou o que lhe ia na alma. Posto isto fui-lhe explicando que sendo ele saudável e o outro também e que não tendo ambos relações com mais ninguém, não tendo usado quaisquer agulhas, para injetar drogas, que pudessem estar contaminadas, não tendo por isso relações de risco dificilmente podia ter contraído a doença e que o iria buscar pessoalmente à porta de armas no dia da incorporação e que o levaria ao médico para que lhe fossem feitas análises e exames que levassem à despistagem da doença.
No seguimento tive uma conversa particular com o Dr. Ministro Esteves a quem o entreguei pessoalmente pois fui busca-lo à porta da incorporação, e feitas as análises e as radiografias e tudo mais o que o doutor inventou, lá lhe demos a notícia de que estava são como um pero, saiu dali louco de alegria, passou-lhe a febre! Acabou por ficar como contratado na tropa”.

Em anexos, junta efemérides na história da infantaria do RI 14.
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Notas do editor

Vd. postes do lançamento do livro de:

20 de novembro de  2017 > Guiné 61/74 - P17990: Agenda cultural (606): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente - Parte I
e
20 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17994: Agenda cultural (608): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente - Parte II

Último poste da série de 8 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18061: Notas de leitura (1021): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (12) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17994: Agenda cultural (608): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente - Parte II

 

Foto nº 10  >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Aspeto geral assistência: em primeiro plano, familiares do autor.


Foto nº 11 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Aspeto geral assistência.


Foto nº 12 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) >  Aspeto da assistência: Filha Carla Ferreira (, de camisola preta e de óculos). e esposa Adelaide Ferreira (, a seguir, e amigos.



Foto nº 13 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Outro aspeto da assistência com a  família do autor em primeiro plano, com destaque para a outra filha, Patrícia Ferreira, de casaco bege.


Foto nº 14 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > A esposa do autor,  em primeiro plano, Adelaide Ferreira, com uma amiga.



Foto nº 15 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > As felicitações da esposa do autor, Adelaide Ferreira.



Foto nº 16 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > O abraço de Pezarat Correio a um velho amigo e camarada de armas.



Foto nº 17 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do Xico Allen (à esquerda), membro da nossa Tabanca Grande.


Foto nº 18 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do João Marcelino (que vive na Lourinhã, esteve presente no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2012, e que é amigo do autor desde a Guiné, tendo estado os dois juntos em Aldeia Formosa)


Foto nº 19 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do Belarmino Sardinha, outro membro da nossa Tabanca Grande. 





Foto nº 20 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) >  Ao centro a filha Patrícia Ferreira, de olhar atento ao pai; em primeiro plano, de perfil, do lado direito, o Rui,  e,  à esquerda, o Belarmino Sardinha. Oor sua vez, à esquerda deste, outro nosso amigo e camarada, o "bedandense" Joaquim Pinto de Carvalho...de que só se vê metade do rosto, de perfil. (Ainda no sábado passado o estive com ele, no soldar dos "Duques do Cadaval", e o malandro não me disse nada, que tinha ido, do Cadaval a Viseu, mais o Belarmino...).


Foto nº 21 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. )  > A bancada com o livro. É o terceiro que o autor pubica, depois de "Rumo a Fulacunda" (200) e Quebo" (2014).


Foto nº 22  >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. )  > O refeitório do RI 14. Ao fundo, o autor abraçado ao seu amigo Pedro Giestas.


Fotos (e legendas): © Márcio Veiga / Rui Alexandrino Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Segunda e última parte (*) da reportagem fotográfica feita por Márcio Vieira da sessão de lançamento do livro do Rui Alexandre Ferreira, "A Caminho de Viseu",  que  decorreu no passado sábado, dia 4 de novembro de 2017 (sábado), pelas 10,30 horas, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu. (**)

Guiné 61/74 - P17990: Agenda cultural (606): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente - Parte I


Foto nº 1 > Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Da direita para a esquerda: o autor Rui Alexandre Ferreira, ten cor ref, e o apresentador, Pezarat Correia, maj gen.


Foto nº 2 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Aspeto geral da mesa, vista da esquerda para a direita. O Rui conversa com o ten gen Ferreira do Amaral.


Foto nº 3 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Aspeto geral da mesa, vista da direita  para a esquerda: em primeiro plano o cor inf Mário [João Vaz Alves de ] Bastos, recém empossado cmt do RI 14


Foto nº 4 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) >  O ten gen ref Ferreira do Amaral, que também foi um dos oradores da sessão.


Foto nº 5 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Aspeto parcial da mesa: da esquerda para a direita, o cor inf Mário Bastos, cmdt do RI 14, o cor Manuel Cerqueira e Jorge Fragoso, o  representante da editora Palimage


Foto nº 6 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) >  O cor inf Mário Bastos, cmdt do RI 14, natural de Viseu, no uso da palavra. [Sobre o RI 14, ver aqui no sítio do Exército Portuguiês]


Foto nº 7 > Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > O cor Manuel Cerqueira, no uso da palavra.


Foto nº 8 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) >  Última página do discurso do cor Manuel Cerqueira em que se pede a reparação de uma injustiça:  o Rui Alexandrino Ferreira, detentor de duas cruzes de guerra (uma de 1ª classe, como alferes miliciano, e outra de 2ª classe como cap mil, no TO da Guiné), há 40 anos que a Pátria lhe deve a "Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito"


Foto nº 9 >  Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Viseu, Palimage, 2017, 237 pp. ) > O representante da editora, a Palimage, Jorge Fragoso. 


(Continua)


Fotos (e legendas): © Márcio Veiga / Rui Alexandrino Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Seleção de fotos do Márcio Vieira que o Rui Alexandre Ferreira nos mandou (umas dezenas), sem legendas, relativas à sessão de lançamento do seu livro "A Caminho de Viseu", que decorreu no passado sábado, dia 4 de novembro de 2017 (sábado), pelas 10,30 horas, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu. (*)


A apresentação da obra esteve a cargo do major general na reforma Pezarat Correia. A sessão foi muita concorrida. Há muito sabemos que em Viseu, a sua segunda terra (onde reside desde 1976), tem muitos amigos e admiradores.  Percebe-se, pelas fotos, que o Rui contou com a presença de muitos camaradas, amigos e familiares. No final houve um almoço de "confraternização / debate" (com  inscrições prévias), no refeitório do RI 14.

O Rui teve a gentileza de pessoalmente me convidar, para esta sessão, enquanto editor do blogue, convite que infelizmente não pude aceitar por razões da minha agenda pessoal. De qualquer modo fico muito feliz pelo lançamento do terceiro livro do Rui, que me vai mandar um exemplar pelo correio. É sempre uma festa, o lançamento de um livro de um camarada, para mais de memórias. Que Deus, Alá e os bons irãs da Guiné o protejam e concedam ainda muitos anos de vida, com qualidade, para ele poder continuar a escrever,  a contar (e a encantar-nos com) as suas histórias de vida, não obstante os seus problemas de saúde. O Rui, membro sénior da nossa Tabanca Grande, é um exemplo extraordinário de coragem, determinação, resiliência e luta contra a adversidade (**) (LG)




2. Ficha Técnica do livro:


Título: A caminho de Viseu: memórias 

Autor: Rui Alexandrino Ferreira

Editor: Palimage, Viseu

Coleção:   Coleção Imagens de Hoje

Género:  Memórias

Ano: 2017

ISBN  978-989-703-185-4

Idioma Português

Formato brochura | 237 páginas | 160 x 23 cm

Preço de capa: 18 €

Sinopse

Aos oficiais, sargentos, praças e funcionários civis, que comigo serviram no Regimento de Infantaria n.º 14, em Viseu, e que na execução de tudo quanto lhes competia fazer com o melhor do seu querer e saber, assim contribuíram com a sua quota-parte para fazer desta unidade uma das melhores, senão a melhor, da infantaria portuguesa na atualidade. Sendo a sua última representante por Terras da Beira, onde reinando sobretudo a amizade, se provou que este é o sentimento mais lindo do mundo entre os Homens, o único capaz de o fazer movimentar.




3. Recorde-se aqui algumas datas importantes da vida  do nosso camarada e escritor, Rui Alexandrino Ferreira (que tem cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue),


1943 - Rui Alexandrino Ferreira nasce no Lubango (antiga Sá da Bandeira), Angola

1964 - Integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império.

1965 - Rende, na Guiné-Bissau, um desaparecido em combate [CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67].


1970 - Frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné-Bissau [CCAÇ  18, Aldeia Formosa/Quebo, 1970/72].

1973 - Regressa a Angola em outra comissão.

1975 - Retorna a Portugal.

1976 - Estabiliza em Viseu, onde continua a residir.

2000 - Publica, na Palimage,  o seu 1º  livro,  Rumo a Fulacunda: crónicas de guerra  


2014 - Publica o seu 2º livro. Quebo: nos confins da Guiné (2014), igualmente sob a chancela da Palimage.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17881: Agenda cultural (595): Convite para o lançamento do livro "A Caminho de Viseu", da autoria do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, a ter lugar no próximo dia 4 de Novembro de 2017, pelas 10,30 horas, nas instalações do RI 14 de Viseu. No final da sessão haverá um almoço de confraternização e debate


C O N V I T E

"A Caminho de Viseu", da autoria de Rui Alexandrino Ferreira; Palimage Editores, 2017

Vai ser apresentado no próximo dia 4 de Novembro de 2017 (sábado), pelas 10,30 horas, nas instalações do Regimento de Infantaria 14, em Viseu, mais um livro da autoria do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, este com o título "A Caminho de Viseu". 
A apresentação desta obra estará a cargo do Major General Pezarat Correia.

No final da sessão haverá um almoço de confraternização e debate, sujeito a inscrição prévia através do telemóvel 965 043 313.

************

Sobre o autor:

Rui Fernando Alexandrino Ferreira, nasceu em 4 de Agosto de 1943 em Sá da Bandeira (Lubango, Angola). 
Em 1964 integra o curso de oficiais milicianos em Mafra
Em 1965 rende, na Guiné, um desaparecido em combate na Companhia de Caçadores 1420 do Batalhão de Caçadores 1857. 
Como Alferes Mil.º de Infantaria, foi-lhe atribuída, em 1967, a Cruz de Guerra de 1.ª classe.
Em 1970 frequenta o curso para Capitão, em Mafra, seguindo em nova comissão de serviço para a Guiné, onde comandou a Companhia de Caçadores n.º 18. 
Como Capitão, foi-lhe atribuída a Cruz de Guerra 2.ª classe.
Em 1973 regressa a Angola em outra comissão. 
Em 1975 retorna a Portugal. 
Desde 1976 reside em Viseu
É Tenente-Coronel de Infantaria na situação de reforma.
Outras obras do autor: 
"Rumo a Fulacunda"; Palimage Editores, 2003 e "Quebo Nos confins da Guiné"; Palimage 2014
____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de Outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17872: Agenda cultural (594): Lançamento do livro "Isabel Minha Mãe", da autoria do nosso camarada Guilherme Costa Ganança, dia 21 de Outubro de 2017, pelas 16,30 horas, no Auditório do Centro Cultural John dos Passos, Ponta do Sol, Ilha da Madeira

sexta-feira, 13 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14358: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (23): precisam-se imagens de motorizadas de 50 cc , made in Portugal (Alma, Pachancho, Vilar Cucciolo, Famel, Macal, Sachs e Casal), ou nas ex-colónias (como a Fabimotor e a Ulisses, ambas angolanas)... Para edição de livro dos CTT.


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) >Guiné > O furriel miliciano João Rebola na motorizada Honda, 50 cc, que comprou em Bissau, por seis contos (um pouxco mais do que o vencimento mensal de um furriel no CTIG). O João Rebola acompanhava, à viola, o nosso fadista Armando Pires. Tornaram-se grandes amigos e tudo começou por causa desta motorizada...(*)

Foto (e legenda): © Armando Pires (2014) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem, de 10 do corrente,  de Maria Manuel Sousa

Bom dia Luís Graça

Estou a trabalhar num livro, desta vez sobre motorizadas portuguesas de 50 cc, e encontrei esta foto no seu blog. Achei muito interessante porque mostra um soldado e é tirada na Guiné, ex-colónia nossa à época… Acha que seria possível ceder esta imagem, com maior resolução, para a nossa publicação, com a devida autorização do dono e /ou do soldado representado na foto?

Agradecendo desde já a sua colaboração, apresento os meus cumprimentos,

Maria Manuel Alves Sousa
CTT Correios de Portugal
Filatelia/Conceito e Design
Philatelic Unit/Design Dept.
Av. D. João II - Lt. 01.12.03, 1.º
1999-001 LISBOA
Telef.: +351 210470578

2. Em mensagem de ontem, a Maria Manuel Alves Sousa, a meu pedido,  explicitou melhor o que pretendia:

O livro chamar-se-á Motorizadas Portuguesas de 50 cc. A edição é dos CTT.

O fabrico destas motorizadas em Portugal (Alma, Pachancho, Vilar Cucciolo, Famel, Macal, Sachs e Casal, e outras marcas fabricadas nas ex-colónias, como a Fabimotor e a Ulisses, ambas angolanas) começa no início dos anos 1950, e vai até cerca de finais de 1990.

Maria Manuel Sousa



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do nosso saudoso Vitor Condeço  (1943-2010) > Catió - Quartel > Foto nº 21: "Na arrecadação antiga de material de guerra, o 1º Cabo Camarinha e o Fur Mil Victor Condeço [sentado]. A motorizada que se vê não era material de guerra, foi comprada avariada ao electricista da central civil,  sr.Jerónimo,  por 250 pesos, foi reparada e ainda serviu para dar umas voltas". (**)

Foto (e legenda): © Vítor Condeço (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCAÇ 18 (1970/72) > O 1º cabo Ieró Embaló, prémio Governador da Guiné em 1972, com a sua motorizada. (***)

Foto (e legenda): © Rui Alexandrino Ferreira (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Destacamento de Fuzileiros Especiais, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74) > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, com a sua bela moto, no cais da vila de Cacheu... (****)

Foto: © Zeca Macedo (2013). Todos os direitos reservados.


3. Depois de a pôr em contacto com o João Rebola e o Armando Pires, mandei a seguinte informação à Maria Manuel Alves Sousa:

Mas havia mais motorizadas na Guiné no tempo da guerra colonial... Use a funcionalidade "Pesquisar neste blogue" (coluna do lado esquerdo) e escreva "motorizada"... Podem é ser "japonesas"... O régulo de Badora, em Bambadinca, no meu tempo (1969/71) tinha uma, de 50 cc, oferecida pelo Spínola ou pelo Schulz (, não posso precisar; era um homem poderoso, foi fuzilado depois da independência)... Temos mais imagens)... É procurar... Boa pesquisa... 

De qualquer modo, vamos dar uma ajuda, pedindo à malta do blogue para colaborar. Haverá, por certo, fotos de motorizadas portuguesas da época, nos nossos álbuns fotográficos. Tudo o que é português merece o nosso carinho, ternura, cuidado... E para mais tratando-se de gente como nós, ex-.combatentes da Guiné que somos uma espécie em vias de extinção... (*****)



4. Mensagem de ontem enviada pela Maria Manuel ao João Rebola (que , entretanto, tem novo endereço de email):

Não consigo perceber a marca da motorizada. Será uma Honda? É que se for, não dá porque não é de fabrico nacional….

É tão complicado arranjar imagens assim da época. Esta era mesmo uma maravilha duma foto! Se se lembrar de alguém que tenha tido uma motorizada de fabrico nacional, e que possa ter fotografias…

Espero não estar a perturbar demasiado com o meu pedido.

Com os meus cumprimentos,

Maria Manuel

____________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


(...) A modos que a conversa terminava ali, posto que fomos almoçar à D. Maria, mulher do Sr. Maximiano, dois cabo-verdianos que recebiam uma subvenção da companhia para nos dar de comer.

Saímos de casa, e, quando íamos a atravessar a rua, quase fui abalroado por um gajo em grande velocidade numa motorizada que fez duas “chicuelinas” para me evitar, seguindo em frente sem dizer água vai nem água vem.

– Que é isto, ó Filipe?

Com um largo sorriso na cara, responde-me ele, “é pá, é o maluco do Rebola, furriel da 2444”.

Apresentado assim pelo Filipe, a espantação passou-me e pensei para com os meus botões:
– Queres ver que já estou com a minha gente? (...)



27 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12905: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (13): O fadista regressa ao palco


(...) Pois deu-se o caso que num certo fim de tarde, indo eu de 7 [ Quartos de sargentos da CCS e bar] para 12 [Armazém de armamentos, enfermaria da CCS e Oficinas auto]  passei em 10 10 [ Bar de sargentos da CCAÇ 2444, depois da CCAÇ 13]  ouvi uma viola a tocar.

Poupando-lhes a maçada de revisitarem a legenda, quero eu dizer que tendo saído do meu quarto para ir à enfermaria ver como marchavam as coisas, passei à porta do bar de sargentos da 2444 de cujo interior saiam uns acordes de viola, que por acaso até me soarem bem ao ouvido.
– Pode-se entrar, camaradas?

Entrei, apresentámo-nos, sai um Johnnie Walker com duas pedras de gelo a selar o momento, e dei comigo a pensar que o gajo da viola era o mesmo que, no dia da minha chegada, me ia “atropelando” com a mota.
– Ouve lá, pá, tu não és o João Rebola?

Claro que era ele, sim senhor, contei-lhe que tinha sido o Filipe a dizer-me quem ele era, que isso se passara logo no dia da minha chegada, quando, à saída dos quartos de sargentos da CCS, ele, João Rebola, que vinha de mota, desenhara uma perfeita “chicuelina” para evitar atropelar-me (P12023).

Gargalhada geral, venha de lá esse abraço, “agora tenho de ir lá acima à enfermaria ver como estão as coisas, mas hei de vir aqui mais vezes que talvez ainda façamos umas fadistices".

Lá na enfermaria estava tudo bem, o que nem era de estranhar dada a qualidade do pessoal da minha equipa, saí para ir jantar “à D. Maria” e tropecei, de novo, no João Rebola.
– Queres boleia, pá?

Primeiro: a D. Maria e o marido, o senhor Maximiano, um velho casal de cabo-verdianos, tinham um restaurante que era subvencionado pelo exército para funcionar como messe de sargentos. Segundo: o Rebola vinha a sair do quarto de sargentos da 2444, que era ali quase paredes meias com a minha enfermaria, e indo jantar à messe, tal como eu ia, convidou-me a fazer “a viagem” na sua motorizada.
– Tens medo de andar nisto, pá?
– Só não sei andar, mas medo de andar não tenho.
– Ó pá, mas se quiseres aprender eu ensino-te já. Isto é o mesmo que andar de bicicleta.

E foi assim que o João Rebola, antes de ser meu viola privativo, se transformou no meu instrutor de motorizada.(...)


(**) Vd. poste de 9 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6563: Banco do Afecto contra a Solidão (11): Vamos telefonar ao Victor Condeço (que vive no Entroncamento)



(*****) ÚLtimo poste da série > 11 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14349: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (22): Procura-se letra e/ou registo sonoro de "Djiu di Galinha" [Ilha das Galinhas], canção de José Carlos Schwarz, imortalizada por ele e por Miriam Makeba, a 'Mama Africa' (Helena Pinto Janeiro, investigadora, FCSH / Universidade NOVA de Lisboa)