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terça-feira, 1 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9837: Cartas de Gadamael: maio e junho de 1973 (J. Casimiro Carvalho, Fur Mil Op Esp, CCAV 8350, Guileje, 1972/73)







Guiné > Região de Tombali > Gadamael Porto > Maio de 1973 > Na altura (22 de Maio de 1973) em que Guileje foi abandonada pelas NT, o J. Casimiro Carvalho estava em Cacine, coordenando o reabastecimento destinado à sua companhia. Os géneros e as munições vinham de Bissau, em batelões, até Cacine, e depois em LDM até Gadamael e, por coluna, até Guileje. Estas fotos devem ser dessa época, e foram tiradas em Gadamael, não em Cacine (como por lapso indiquei há 5 anos atrás, quando não conhecida o rio Cacine, muito mais largo em Cacine do que em Gadamael)...



Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.



Mapa da província da Guiné (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: posição relativa de Cacine, Gadamael Porto e Guileje.




1. Em 2007 abrimos uma série sob o título  Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (*). Publicamos seis  postes com base nas cartas (e aerogramas),  enviados à família pelo José Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Especiais, CCAV 8350, 1972/74, atualmente a residir na Maia) , no tempo em que ele esteve em Guileje (recorde-se que a subunidade a que ele pertencia - a CCAV 8350, Os Piratas de Guileje - esteve lá entre Dezembro de 1972 e Maio de 1973)  


A correspondência que então publicámos, reportava-se à estadia em Guileje, e ao período entre fevereiro e maio de 1973. Quando o aquartelamento foi abandonado em 22 de maio de 1973, por decisão do comandante do COP 5, major Coutinho e Lima, o Casimiro Carvalho estava em Cacine, há duas semanas.  Tinha sido destacado para lá, com a missão de supervisionar a receção dos abastecimentos chegados, de Bissau, por mar e rio. Portanto, ele safou-se da batalha de Guileje (os cinco dias que vão de 18 a 22 de maio de 1973). Foi de Cacine, logo no dia 22,  que ele comunicou aos pais, estupefacto, a queda de Guileje.



Cacine, 22/5/73:

Queridos pais: Vou-lhes contar uma coisa difícil de acreditar como vão ter oportunidade de ler: Guileje foi abandonada [a bold, no original], ainda não sei se foram os soldados que se juntaram todos e abandonaram o quartel, ou se foi ordem dada pelo Comandante-Chefe, mas uma coisa é certa: GUILEJE ESTÁ À MERCÊ ‘DELES’ [, em maíusculas, no original]. (...)









A 25 de maio, escreve à mãe, dando mais pormenores da situação dramática que se vivia em Guileje, antes da retirada:

Cacine, 25/5/73

Mãezinha: (…) Graças a Deus, estou óptimo, aqui em Cacine, onde (por enquanto) não há guerra.

O pessol fugiu, abandonando tudo lá, de Guileje, porque estavam a cair foguetões e granadas de canhão sem recuo, desfazendo padaria, depósito de géneros... O chão estava cheio de crateras , devido às granadas. Os militares de lá estavam há 96 horas debaixo de bombardeamento, sem beber nem comer (só algumas rações de combate que conseguiram apanhar), pois não podiam sair dos abrigos.

Deixaram 4 Berliets novas (550 contos cada um), outras camionetas, 2 geradores, 2 obuses novos (4 000 contos cada um), armas pesadas, toda a comida e bebidas ficaram lá, grande parte desfeitas, etc.

Era um inferno, alguns soldados estavam aterrorizados, morreu um furriel que estava num abrigo, com estilhaço na cabeça.

E eu aqui, em vez de estar com os meus camaradas neste momento de perigo… Os turras andavam por volta do quartel (a 300 m). Um abraço do seu filho (…).

PS – Ficaram lá 30 vacas abandonadas
.



2. Mas em 29 de maio (ou até antes), o J. Casimiro Carvalho reune-se aos seus camaradas, que tinham chegado a Gadamael. A CCAV 8350 parece ser uma companhia destroçada e desmoralizada, que é naturalmente mal recebida pelo novo comandante do COP 5 e que não tem em Gadamael condições para ficar e lutar...

Alguns dias depois, o J. Casimiro Carvalho  será ferido em combate, em Gadamael, depois de ter ajudado a salvar e a evacuar o seu comandante, o cap Quintas, ferido com gravidade (a 1 de Junho de 1993). Não temos cartas ou aerogramas desse período (1ª quinzena de Junho de 1973), em que os paraquedistas do BCP 12 foram aliviar a pressão do PAIGC sobre Gadamael, a seguir ao abandono de Guileje pelas NT (em 22 de Maio de 1973). Não sei se o Carvalho escreveu à família, ou se não o pôde fazer. Ele não fala, na sua correspondência,  desse ferimento em combate (que terá sido ligeiro: um estilhaço de morteiro 120).

De qualquer modo é muito interessante cruzar estas informação epistolográfica com as memórias do Victor Tavares, ex-1º cabo paraquedista da CCP 121 que esteve no inferno de Gadamael nesta altura (**), depois do inferno de Guidaje.


Na resenha biográfica do J. Casimiro Carvalho, não há grande precisão nas datas, por parte do Casimiro Carvalho, no que diz respeito ao período em que esteve em Gadamael. O BCP nº 12, a duas companhias (CCP 122 e CCP 123) é enviado para Gadamael a 2 de Junho, seguindo-se a 13 a CCP 121, do Victor Tavares. Regressa a Bissau a 7 de Julho (as CCP 122 e 123) e a 17 de Julho (a CCP 121). Os páras conseguirão travar a ofensiva do PAIGC a partir do momento em que se instalam em Gadamael.

Eis como Carvalho descreve o seu ferimento, que deve ter ocorrido no princípio de junho de 1973: (i) a situação mais crítica em Gadamel é nos dias 31 de Maio, 1 de Junho e na noite de 1 para 2 de Junho; (ii) o cap Quintas, comandante da CCAV 8350, é gravemente ferido na tarde do dia 1 de Junho, sendo ajudado pelo Fur Mil Carvalho, que estava operacional e foi um dos derradeiros defensores do aquartelamento antes da chegada dos páras - CCP 122 e 123 - a 2 de Junho):


(...) "Em Gadamael, fugindo das morteiradas certeiras do 120

"Aqui vão alguns itens, e falo assim para não ser acusado de subverter a verdade dos factos.Em Gadamael não havia casamatas como em Guileje, só valas. Os bombardeamentos eram tão intensos que nem dava para acreditar, quando ouvíamos as saídas, tínhamos 22 ou 23 segundos até as granadas 120 caírem em cima de nós ou , muito raramente, caírem mais além. O pessoal começou a fugir para o rio, e as granadas caíam no rio, o pessoal corria para o parque Auto e as granadas caíam no parque Auto, o pessoal saltava para as valas e as granadas iam cair nas valas. Numa dessas quedas (voos) para a vala - e já lá ! -, senti as nádegas húmidas e, ao pôr lá a mão, esta veio encharcada em sangue... Berrei que estava ferido e fui evacuado num patrulha da Marinha para Cacine (entretanto no barco fui tratado e apaparicado pelos marujos).

"Em Cacine verificaram que era um estilhaço de morteiro 120 do IN, e que não havia necessidade de ser transferido para Bissau, pelo que fui nomeado chefe de limpeza em Cacine (um Ranger, imaginem) .

"Quando começaram a chegar as vítimas desse holocausto, e como ouvia os meus camaradas a embrulhar, deu um clique na minha cabeça e peguei numa Kalash que eu tinha, virei-me para um oficial e disse:- Ou me mandam já para Gadamael onde morrem os meus homens ou eu varro já esta merda!" (...)

"Num dos ataques [a Gadamael], o Capitão Quintas foi ferido muito gravemente; ajudei-o a chegar ao cais, debaixo de fogo, arranjei um Sintex e o mesmo não tinha depósito...! Corri, debaixo dum bombardeamento terrível, arranjei um depósito tendo então levado o Sintex para Cacine, com ele e mais feridos.

"O pessoal entretanto debandava para o mato, onde era mais seguro estar. Um deles morreu enterrado no lodo, outros foram recuperados numa lástima , por elementos da Marinha (julgo eu)" (...).




3. Republicamos esta correspondência de Gadamael, agora com apoio de algumas cartas digitalizadas.  A coleção que o autor nos disponibilizou, num total de cerca de cinquenta cartas (enviadas de Guileje, Cacine, Gadamael, mas também doutros sítios por onde andou depois de sair de Gadamael, em finais de junho de 1973: Cumbijã, Cumeré, Bissau, Nova Lamego, Paunca), foi agora devolvida ao Zé que a vai  confiar a uma das suas duas filhas. E seguramente que ficarão bem entregues.

A selecção, a revisão e a fixação do texto, bem como os subtítulos, são da responsabilidade do editor do blogue..


Mandaram de Bissau 6 urnas com chumbo...


Gadamael-Porto, 29/5/73



Pai: Recebi hoje as fotos, ao chegar a este local onde se encontra a minha companhia refugiada, a 18 Km de Guileje, vindo de Cacine depois de ter acabado o meu serviço. Lá, em Cacine, passei uns dias óptimos.


Em Gadamel os grupos têm saído todos os dias para o mato e têm sido atacados todos os dias, caindo em emboscadas. Eu vou começar a sair também


Mandaram de Bissauu 6 URNAS (com chumbo) para aqui. À ESPERA!!! O pessoal anda todo desmoralizado. Ficaram, em Guileje, 6 sacos de correio fechados, correio que nós, portanto, não recebemos. Se eu não responder a essas cartas, já sabe porquê. As fotos que eu tinha, vossas, ficaram lá também. Isto é que é a GUERRA.

(…) Comigo não há novidade, não se preocupem. Estou óptimo. Eh! Eh! Já não penso tanto na Ana, talvez devido a isto, mas quase nem penso nele. Vamos a ver no que isto vai dar. (…) Não desanime que eu também não. Adeus. (…)



Amanhã já vou sair e levo a metralhadora ligeira HK-21

Gadamael, 30/5/73


Querida mãe: (…) Vou mandar um rolo de 12 fotos a preto e branco. (…) Eu, bem, graças a Deus. Mandem-me roupa interior e meias, pois não tenho quase nada (…): 5 cuecas, 6 pares de meias (3 brancas e 3 verdes, no Casão Militar são a 17$00 cada par).

Tenham paciência mas é melhor isto do que morrer e a morte andou perto dos SITIADOS em Guileje.



Amanhã já vou e isto anda mesmo mau. Levo a metralhadora ligeira HK-21. Lubrifiquei-a hoje, toda. Antes de sair vou experimentá-la aqui no quartel (…).





Isto está a melhorar, só bombardeiam de vez em quando... 


Gadamael, 19/6/73



Paizinho:

(…) Estou bem, àparte uma dor de estômago e diarreia, provocadas pela má alimentação e má água (…)

Isto, às 7 da manhã começa-se com cerveja, para acabar às 7 da noite. Já bebi mais cerveja aqui do que você em toda a vida. É o que nos vai aguentando.

Isto está a melhorar, só bombardeiam de vez em quando e fora do quartel, portanto sem consequências. Há agora muitas emboscadas feitas aos paraquedistas que cá estão (2 companhias). Já há alguns que foram evacuados: ficaram malucos com isto aqui. Eu ando porreiro.








Diga lá ao Fernando [ Carvalho, o irmão,] que se torna a mencionar a palavra cobarde, não lhe escrevo mais. Pois se eu fugi da emboscada [descrita em 3] é porque éramos 14 homens só com G-3 e quatro ficaram logo ‘prontos’; a outro encravou-se-lhe a arma e seis fugiram logo. Estava só eu a dar fogo e outro moço, eu fui o único que tirei outro carregador e o disparei. Ficar lá nestas condições, não era um acto heróico mas sim um suicídio. Portanto, cuidado com as palavras, sr. Fernando. Eu não estou zangado. Eu não devia falar na quantidade de homens. Adeus.





Em Gadamael, estamos a dormir nas cabanas dos pretos que fugiram





Gadamael, 20/6/73

Minha querida mãezinha:

Como você me pediu, cá estou eu a escrever-lhe como posso. Se não lhe escrevi mais amiúde foi por causa da situação, pois nem tínhamos com que escrever, roubaram tudo e nem apetecia fazer nada porque andávamos a fugir das granadas, e desmoralizados com isto tudo. Até tínhamos medo de ir tomar banho.

Além de tudo, não tínhamos condições para nada pois nunca parávamos em sítio certo. Agora estamos a dormir e viver em cabanas dos pretos que fugiram , cheias de ratos e mosquitos. Mas pelo menos já dormimos, e eu com um Lusospuma.

Pode acreditar que me encontro bem, felizmente, pois agora acabou a história dos bombardeamentos. Agora só há emboscadas, quando saímos para o mato. Vamos cheios de medo e eu principalmente, pois vou à frente sempre porque, voluntariamente, levo uma metralhadora ligeiro. É uma defesa pessoal e de grupo muito boa. Eu levo 200 balas e a minha equipa 400.

Outro dia eu e o meu grupo comprámos 5 cabritinhos e eu é que os cozinho, Sou elogiado por oficial e soldados que os comem, pois tornei-me AQUELE cozinheiro. Desenrasco-me muito bem. Limparam-me também a máquina fotográfica.

Informem-me também do que se diz acerca disto aí, pois eu gosto de saber. Como já disse, vou outra vez, mais a Companhia, para o Cumeré onde estive quando cheguei à Guiné.

O irmã da Ana [, a namorada, o Eduardo Campos,] não está em Catió mas sim em Cufar.

(…) Parece que Guileje fica abandonado. O General Spínola não deu nenhuma ordem acerca de Guileje. A aviação vem aqui todas os dias bombardear à volta do quartel e todos os dias as antiaéreas turras ripostam.

Não vou ficar aqui muito tempo. Ando com uma diarreia maluca. Mas há-de passar. Continuo a sair para o mato.

Vamos para o Cumeré porque a nossa cmpanhia tem muitos mortos e mais feridos, para virem mais soldados completar a Companhia.

Eu devo levar um louvor, e não só mo darão se forem injustos. Pois andei debaixo de fogo a transportar mortos e feridos e a curá-los (não havia enfermeiros) numa BERLIET que eu conduzia e a transportar motores de botes para ser possível fazer as evacuações. Transportei feridos graves (a pé), debaixo de fogo. Mas ESTOU OK!

Seu filho que a ama.





Grande ronco dos paraquedistas, em 23 de Junho de 1973







Queridos pais:

Estou óptimo, verdade! E vocês, como têm passado ? Sempre em sobressalto, mas sem razão. Pois isto agora está mais ou menos normal, embora vivamos sem condições de higiene e de habitação.

(…) Ontem, uma das companhias paraquedistas que aqui está, surpreende um grupo de 









turras, entre os quais cubanos, e pô-los em debandada, apanhando-lhes fardamento, alimentos, armamento, munições, coisas que eles tinham apanhado no Guileje, etc. Dois mortos deles e muitos feridos.

Estamos perto de abandonar esta vida, pois devemos ir para Cumeré.

Gosto muito das cartas da mãezinha, nunca deixe de me escrever. Pois dão-me umas horas de vida, enquanto penso nelas. E o meu velhinho ? Então tem-se esquecido do seu filho ? (…).



Vêm aí os periquitos: vai haver bebedeira pela certa

Gadamael, 26/6/73



Now we have peace

Minha querida mãezinha:

É com imensa ternura que, mais uma vez, lhe dedico uns minutos do meu pensamento. Neste momento batem 8 horas numa emissora de London [sic] que ouvimos no rádio.

Então, como têm passado todos aí em casa, enquanto o vosso soldadinho finalmente tem sossego, pois os turras não nos têm chateado, nestes últimos dias ?!







Ontem chegou uma companhia nova aqui, veio substituir a companhia daqui, e há-de vir uma outra, daqui a uns dias, para nos substituir. Vai haver bebedeira, pela certa, e vamos para o Cumeré, para completar a Companhia, substituir mortos e feridos graves. O capitão também foi ferido gravemente, e foi evacuado para a Metrópole. O outro capitão, o daqui, também foi ferido.

Há já alguns dias que vivemos em paz de espírito, e agora, desde há alguns dias fui nomeado instrutor de um novo grupo de milícias (pretos, 40). Ensino-lhes desde armamento a táctica de combate a ginástica. É um passatempo e não saio para o mato, pela primeira vez em oito meses, feitos ontem, dia 25.

Já passou a nuvem negra que tapava o nosso amor, entre mim e a Ana (…).

Parece que há um aumento de 500$00 a partir de Março e que recebemos tudo junto em Agosto. Mande dizer quanto marca o saldo B.B. & Irmão (…).





4. As cartas de Gadamael acabam aqui... Mais um vez agradeço ao nosso herói de Gadamael, o Casimiro Carvalho, o carinho, a confiança, o apreço e a franqueza que ele teve para connosco, permitindo-nos entrar na sua intimidade, na intimidade da sua família, conhecer as suas emoções, as suas alegrias e tristezas.  Quero dizer-lhe, publicamente, que esta epistolografia  é um importante contributo para a análise socioantropológica da guerra colonial. Infelizmente, milhões de cartas como estas já se perderam ou vão-se perder com o progressivo envelhecimento e desaparecimento dos combatentes que passaram por estes estranhos lugares: que dirão os nossos filhos, netos e bisnetos, quando um dia ouvirem (se ouvirem...) falar de topónimos guineenses como Gandembel, Guileje, Gadamael ou Cacine ?


Mas voltando à nossa história... Sabemos que em 9 de Julho de 1973, os Piratas de Guileje estão de passagem pelo Cumeré. O nosso ranger, ligeiramente ferido com um estilhaço de morteiro, tinha partido a 8 de Julho, de Cacine para Bolama, de LDG, presume-se. Em Bolama, vê pela primeira vez mulheres brancas (!) ao fim de 8 meses de mato. Toma um retemperador banho de pisccina (entrada: 10$00) e duas refeições (120$00) - incluindo o inevitável e incontornável bife com batatas fritas e ovo a cavalo - que lhe souberam pela vida (uma típica expressão nortenha).

No dia seguinte, no Cumeré, já estava a receber instrução militar, dada pelos comandos. O Cap Mil Abel Quintas, evacuado de Gandemebel, será substituído no comando da CCAV 8350, que algum tempo depois voltará ao sul (Nhala, Colibuía, Cumbijã) por onde ficará até 1974. No Cumeré, em Julho de 1973, a preocupação do J. Casimiro Carvalho é descansar e tranquilizar a família, depois do pesadelo de Guileje e Gadamael... 

O resto da história, a seguir ao 25 de abril,  já é conhecida: o Casimiro Carvalho ainda irá apanhar um susto de morte, em Paunca (***), aonde fora colocado, em rendição individual, na CCAÇ 11, uma companhia formada por pessoal do recrutamento local.  (LG)
________________

Notas do editor:

(*) Vd. posts anteriores:

25 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1699: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (1): Abatido o primeiro Fiat G 9

13 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1727: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (2): Abril de 1973: Sinais de isolamento

14 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1759: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (3): Miniférias em Cacine e tanques russos na fronteira

24 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1784: Guilele, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (4): Queridos pais, é difícil de acreditar, mas Guileje foi abandonada !!!

18 de junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1856: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (5): Gadamael, Junho de 1973: 'Now we have peace'


25 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3354: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão


(**) Vd. post de 19 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1613: Com as CCP 121, 122 e 123 em Gadamael, em Junho/Julho de 1973: o outro inferno a sul (Victor Tavares, ex-1º cabo paraquedista)

(...) "13 de Junho de 1973: aliviando a pressão sobre Gadamael

"No dia 13 de Junho, de manhã cedo, preparámo-nos para rumar [de Cacine] a Gadamael, sendo transportados em Zebros do Destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos nº 21, dois grupos de combate sendo colocados nas margens do rio nas proximidades de Gadamael para onde seguimos em patrulhamento depois de serem desembarcados os outros dois grupos de combate da 121 que foram deslocados em LDM. No regresso, as embarcações seguiram para Cacine com os paraquedistas da CCP 122, aonde iriam recuperar durante um curto período.

"Chegados ao destacamento [ de Gadamael], verificámos que o estado do mesmo era na verdade aterrador, fruto dos constantes ataques, sendo bem visíveis os buracos dos rebentamentos das granadas do IN. Era evidente que quem lá tinha estado anteriormente, tinha passado por uns maus bocados.

"As nossas duas companhias de paraquedistas que se encontravam aqui estacionadas estavam em permanentes patrulhamentos no exterior do aquartelamento, indo a este simplesmente para remuniciamento e reabastecimento. Desta forma fomos alargando o raio de acção indo até junto à fronteira, para conseguir referenciar os locais de onde o PAIGC fazia os ataques, para dar indicações à nossa Artilharia e Força Aérea. A impossibilidade de referenciar, por ar, estes alvos, levou-nos a ocupar as zonas em que o IN poderia instalar as suas bases do fogo e deste modo a fazê-lo afastar-se. Foi o que, realmente, veio a acontecer.

"A partir desta altura fomos ao encontro dos locais de onde se ouviam os disparos das bocas de fogo e ocupámos essas áreas mesmo junto à fronteira, algumas vezes chegámos mesmo a ultrapassar a linha de fronteira com alguma profundidade - nunca por períodos longos, mas apenas porque havia aí bases de fogo IN. Nunca conseguimos apanhá-los desprevenidos, pois havia sempre forças de infantaria do PAIGC que os alertava com tiros acabando por retardar a nossa progressão.

"No entanto os ataque a Gadamael deixaram de ser tão frequentes, passando as flagelações a a realizarem-se com menos intensidade e sem a precisão até aí evidenciada, além de feitas a partir daí sempre de locais diferentes. Quando as nossas forças aí chegavam, já eles tinham partido para outro local.

"Mesmo já quando as forças do PAIGC não flagelavam o destacamento com tanta frequência, fomos mantendo a actividade de patrulha ao mesmo ritmo, por forma a manter as áreas próximas do braço do rio que dava acesso a Gadamael e que era a nossa única via de ligação para o exterior

"Consequentemente a eficácia de tiro até aí verificada por parte do IN deixou de existir e a intenção e pressão inicial caiu por terra, as forças do nosso exército voltaram ao destacamento e com os paraquedistas fizeram vários patrulhamentos transmitindo-lhes os nossos conhecimentos e mais confiança nos deslocamentos em plena mata até aí de arrepiar" (...).

"23 de Junho de 1973: atolados num campo minado!

"A 23 de Junho de 1973, recebemos ordens para novo patrulhamento. Manhã cedo arrancámos desta vez saindo pela que era considerada porta de armas virada para o rio, o qual atravessámos. Avançámos para o local indicado pelos nossos superiores, em progressão lenta e com cuidados redobrados.

"Esta zona não era para brincadeiras. Nesse dia éramos acompanhados por 2 militares do exército que eram sapadores e montavam minas no terreno tentando proteger o destacamento da acção do inimigo. Passado algum tempo, recebemos ordens para parar na frente, estávamos num local minado pelos nossos novos companheiros e a sua missão era indicar-nos a localização das minas para podermos contornar o local sem qualquer incidente (...)".

 (***) Vd. postes:

19 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9771: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (8): Cartas de Paunca, SPM 5668, Parte I (J. Casimiro Carvalho, Fur Mil Op Esp., CCAÇ 11, mai-ago 1974)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9813: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte I): um abraço solidário para todos os nossos amigos guineenses, na pessoa do Pepito e do Cherno Baldé, nossos grã-tabanqueiros, que estão em Bissau... Um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!!!


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Os seis magníficos gandembelenses presentes na sala... Ao centro, o Idálio Reis que, juntamente com o Joaquim Gomes Soares (o da ponta direita), eram os únicos representantes da CCAÇ 2317). Os restantes representam outras subunidades que passaram por (ou intervieram em) na mítica Gandembel/Ponte Balana: da esquerda para a direita,   o Eduardo Moutinho dos Santos, ex-cap mil grad inf  (que comandou a CCaç 2381,  "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Buba, Empada, 1968/70),  o José Manuel Samouco, ex-Fur Mil Armas Pesadas, também da CCAÇ 238a (e meu vizinho de Torres Vedras), o Hugo Guerra (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana,Chamarra e S. Domingos, 1968/70, hoje Cor DFA reformado, e que hoje faz anos), o nosso Zé Teixeira, outro Maioral (que nos emocinou a todos, em 1 de março de 2008, na sentida homenagem que fez nas ruínas de Gandembel a todos os combatentes que ali, em pleno "corredor da morte",  lutaram, morreram, foram feridos, sofreram, entre abril de 1968 e janeiro de 1969)... 

Esteve no encontro mas faltou à foto de grupo o José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69)... Faltou também o Alberto Branquinho, que desta vez não poude comparecer ao encontro.Faltou também, infelizmente para sempre, o João Barge (1944-2010)... Faltaram outros camaradas ligados à história de Gandembel, de 1968/69 (os páras do BCP 12, as enfermeiras pára-quedistas, embora uns e outros estivessem representados, e bem,  no nosso encontro, etc.).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A mesa da FAP: ao centro, em segundo plano, entre a Giselda e o Miguel Pessoa, o Victor Tavares, ex-1º cabo pára (CCP 121 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74, um homem que conheceu  alguns dos mais duros e trágicos cenários da guerra da Guiné: Gampará, Guidage, Guileje, Gadamael, quatro topónimos começados por G, tal como Gandembel, que já não é do seu tempo...).

 De costas, o António Martins Matos (AMM) e o Jorge Narciso (, ex-1º cabo especialista, BA 12, 1969/70).  À esquerda deste, de perfil, o Jaime Brandão e o Carlos Campos, ambos pilotos, tal como o AMM.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Victor Tavares, à direita, com o antigo comandante do COP 5, Coutinho e Lima (até à retirada de Guileje, em 22 de maio de 1973)... De que falarão estes dois veteranos ?... 


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Duas  ex-enfermeira pára-quedista Natércia Neves (à direita) e Giselda Pessoa (à esquerda), ambas do mesmo curso. Nenhuma delas conheceu a Gandembel/Ponte Balana do tempo da CCAÇ 2317...



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Lendo (e comentando para mim) o livro do Idálio... O Hugo é um dos sobreviventes de Gandambel / Ponte Balana... Hoje, 27, dia dos seus anos, escrevi-lhe o seguinte bilhetinho:


"Meu caro Hugo: Foi com alegria que te revi em Monte Real, em companhia da tua sempre efusiva Ema e desta vez com um dos teus netos... Foi bonito teres trazido um dos teus netos. Temos um dever de memória para com os nossos descendentes. Gostei particularmente de te ver a perguntar ao neto onde estavas numa das fotos do livro do Idálio Reis, sobre Gandembel. E o puto não teve dúvidas em indicar, no meio da molhada, o então lingrinhas Hugo Guerra, comandante do Pel Caç Nat 55, a tomar o seu banho à fula... Que ternura, a tua, e que cumplicidade, notei eu no teu sorriso de avô babado!

"O tempo é o mais precioso recurso, juntamente com a saúde, que temos. O tempo em Monte Real foi escasso para estar contigo e com cada um dos grã-tabanqueiros. Mas gostei de falar contigo. O que eu aprendi sobre Gandembel/ Balana!... Percebi a grande estima e admiração que tinhas para com o malogrado João Barge...E mais não direi: ficaste de, assente o pó do nosso VII Encontro Nacional, me de mandares algumas das tuas memórias desse tempo...

"Hoje quero-te felicitar pelo teu dia, desejar-te as melhoras da tua saúde, e fazer votos para que a gente se encontre, de novo, um dia destes. Em boa forma! Parabéns, Hugo, herói de Gandembel e Ponte Balana!

"PS - Com a Ema mal falei, mas dei-lhe os parabéns, por ter concluído, com sucesso, a sua licenciatura em serviço social. É uma mulher de armas!... Um beijinho para ti, Ema. E cuida-me bem desse gandembelense, um exemplar de uma espécie em vias de... extinção".


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Em primeiro plano, o Idálio e o Carlos Pires (Amadora), um guineense nado e criado na antigo território português (Filho de comerciantes, fez lá, no TO da Guiné, o seu serviço militar. A Guiné é e será sempre a "sua terra"). Em segundo plano, a nossa querida Giselda Pessoa e o nosso camarigo Joaquim Gomes, dois "ajudantes adhoc" do nosso escritor, nesta sessão de autógrafos.



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Uma dedicatória especial para o nosso "minino" Adilan, nascido na Guiné durante a guerra, e que o Manuel Joaquim resgatou das garras da  guerra.... 




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Dedicatórias a dois grandes guineenses, e grã-tabanqueiros, o Pepito e o Cherno Baldé quem foram particularmente lembrados e acarinhados neste dia. Eu tenho em meu poder os livros autografados pelo Idálio Reis, esperando a melhor oportunidade para os enviar pelo correio. Com um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!... Já hoje telefonei ao Pepito: estava no norte da Guiné! Como sempre, um homem que transborda otimismo pelos poros da pele!...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


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Nota do editor:

Último poste da série >  24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9794: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Tanta gente, camarigos! (Fotos de Jorge Canhão)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8387: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (5): Agradecimentos da Maria Luís / Paulo Santiago, com selecção de fotos de Miguel Pessoa


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Ao centro, a Maria Luís, em representação do pai, Paulo Santiago. Ladeada pela Alice e o António Graça de Abreu.


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Humberto (sempre muito acarinhado por todos/as) e Giselda

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Três camaradas da FAP: Jorge Narciso (Cadaval), Giselda Pessoa  (ou Antunes, apelido de solteira) (Lisboa) e Jaime Brandão (Monte Real / Leiria) (que não precisa de convite formal para integrar a nossa Tabanca Grande)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Mário Bravo e Maria Lília (Porto)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > José Brás e Mariana (Montemor-O-Novo)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > António Fernando Marques  e Gina (Cascais)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Torcato Mendonça e Ana (Fundão).



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > O Antóno Estácio (engenheiro técnico agrícola, tal como o Paulo Santiago, andaram a estudar juntos em Coimbra; vai lançar em breve novo livro, de temática guineense), o nosso minino Zé Manel (uma simpatia!, trazido com ternura pelo Manuel Joaquim) e o Victor Tavares (, de Recardães, Águeda) que trouxe a Maria Luís. 


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > A belíssima Sra Wang Hai e o seu honorável esposo...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Em terceiro plano, Tomás Carneiro (Ponta Delgada, São Miguel, RA Açores) (foi avô neste dia, estava felicíssimo); em segundo plano, da esquerda para a direita: Jorge Rosales (Cascais), José Fernando Almeida (Óbidos, veio acompanhado pela esposa, Suzel) e Henrique Matos (Olhão); em primeiro plano, o J.L. Vacas de Carvalho (Lisboa), não se conseguindo identificar o camarada que está de costas.


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O nosso grupo do fado: da esquerda para a direita, David Guimarães (Espinho, evio acompando com o amor da sua vida, a nossa já histórica Lígia), Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria) e José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa).


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Fernando Gouveia (Porto), autografando o seu livro Na Kontra Ka Kontra (Encontros, desencontros)

Fotos: © Miguel Pessoa (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1.Comentário do nosso camarigo Paulo Santiago (Águeda), com data de ontem, ao poste P8374 (*):

Camarigos:

Ainda não tive muito tempo para falar com a minha filha, Maria Luís, cheguei de França quando ela se apressava a ir para Castelo Branco [, onde frequenta a licencitura em solicitadoria, ] mas apercebi-me que gostou de participar no nosso VI Encontro (*).

Eu tinha algum receio, apesar de ela se ter voluntariado a ir, de vir de lá sem desejos de voltar a ver-se no meio de tantos cotas da idade do pai, mas surpreendeu-me pela positiva.

Da pequena conversa que tivemos, fiquei a saber que foi acarinhada pela Alice, que ficou ao lado do  Sr. [António Graça de] Abreu,casado com uma Sra. chinesa [, a dra. Wang Hai], e que gostou de o ouvir falar de diversos assuntos.

Também falou com o Sr. [Joaquim] Mexia, com o Sr.Humberto [Reis], também com um meu colega da Escola Agrícola de quem não recordava o nome ( António Estácio,digo eu).


Falou ou falaram com ela outros camaradas dos quais não conseguiu recordar os nomes nos breves instantes em que falámos.

Apreciei o gesto que teve em comprar o NA KONTRA KA KONTRA, autografado pelo autor, Fernando Gouveia.

Termino agradecendo a todos os camaradas que fizeram com que a  minha filha se sentisse bem num ambiente um pouco estranho para ela. Já foi duas ou três vezes a almoços à Tabanca Pequena [, em Matosinhos,] mas aí, foi comigo,o que faz alguma diferença.

Abraço a todos, Paulo Santiago


[ Revisão / fixação de texto / edição e legendagem de fotos / título: L.G.]
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Nota do editor:

Vd-último poste da série > 7 de Junho de 2011 >Guiné 63/74 - P8383: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (4): Fantástico, a todos os níveis (Mário Bravo)

domingo, 5 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8374: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (1): As primeiras fotos


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > As primeiras fotos do nosso convívio que teve, ao almoço, 126 participantes (é o número que o Carlos Vinhal me acaba de confirmar; a meio da tarde, tivemos algumas agradáveis surpresas, de malta que veio de outros encontros que se estavam a realizar na região: caso do J. Casimiro Carvalho e esposa, do António Pimentel, do Hernani Figueiredo...).

Um quadro em acrílico sobre tela, da autoria de Nataliel (2011) - nome artístico do nosso... Juvenal Amado! - foi vendido em leilão, arrematado por 120 aéreos, destinado aos projectos de solidariedade sob a liderança da Tabanca de Matosinhos. O leiloeiro foi o António Pimentel, sob a alta supervisão do Álvaro Basto, régulo da Tabanca Pequena (que hoje é já um caso sério...). O quadro foi arrematado pelo nosso camarada, antigo artilheiro de Gadamael (1973/74), hoje médico,  C. Martins.


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > A "nossa madrinha de guerra" e poetisa, Felismina Costa (que compareceu com a Cláudia e o João Carlos) foi uma das muitas caras novas que vieram ao nosso encontro... Ei-la aqui, a meia da tarde, com o Fernando Gouveia, que está a autografar um dos exemplares do seu livro Na Kontra Ka Kontra... O Fernando conseguiu vender cerca de 40 exemplares da obra. E espera ainda poder vender pelo correio. O produto (líquido) da venda destina-se a fins de solidariedade (projecto de apoio às crianças de Bafatá).


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > O "nosso minino" (Adilan), o Zé Manel, hoje com 50 anos, com o Manuel Joaquim... Foram duas das muitas estrelas que fizeram do nosso grande encontro mais um grande ronco, o da camaradagem, da amizade e da solidariedade... Adorei conhecê-lo: desenvolto, portuga dos sete costados, casado com uma angolana, crítica em relação ao rumo que tomou o seu país de origem (infelizmente, os seus biológicos já morreram; a sua verdadeira família hoje está aqui em Portugal)...O Manuel Joaquim, que também conheci pela primeira vez, em carne e osso, era um homem feliz, orgulhoso do seu "minino"...


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > O Victor Tavares, o grande apontador da MG 42 da CCP 121/BCP 12, veio de Águeda com a filha do Paulo Santiago (estudante da licenciatura em solicitadoria em Castelo Branco) que representou o pai ausente em França (aonde se deslocou acompanhando a sua equipa de rugby)... Esteve ao cuidado da Alice Carneiro que ficou triste por não se ter despedido dela, ao fim do dia (Tivemos que seguir para a Lourinhã, ao fim da tarde).



Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Outra cara nova > A Rosa, esposa do Alcídio Marinho, do Porto, Miragaia... Eles representaram os velhinhos da Guiné, neste caso, a CCAÇ 412, que esteve em Bafatá (na altura com a uma vasta zona de acção que ia de Cantacunda ao Enxalé, e de Bambadinca ao Xitole)... O Alcídio já me entregou a "papelad" para ingressar formalmente no blogue...


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande  > O Joaquim Peixoto (Penafiel) trouxe outra cara nova, o António Brito da Silva (Baião)... Ambos foram Fuir Mil da  ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3414 (Bafatá e Sare Bacar, 1971/73).



Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >  A Alice descobriu que o António Brito da Silva, filho do "João Semana" de Baião, o  Dr. Silva, era um seu "velho conhecido"... Acontece que no próximo dia 11 de Junho de 2011 temos, eu e a Alice, um convívio na famosa Quinta de Tormes, pertencente à família Eça de Queirós e hoje sede da Fundação Eçaq de Queirós... O António Brito ainda tem laços de parentesco com o genial escritor de A Cidade e as Serras.  O António também ficou "cravado" para engrossar as hostes da Tabanca Grande.




Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande > O António Graça de Abreu e a sua simpatiquíssima esposa de Xangai, a dra. Wang Hai, médica... A Wang integrou-se muito no espírito da Tabanca Grande. o casal veio directamente de Córdóva, Espanha, para o nosso encontro.



Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande > Outra das grandes surpresas do dia foi o Mário Bravo, o nosso médico da Região de Tombali (esteve em Bedanda, passou por Guileje e Gadamael, Bissau e Teixeira Pinto, onde conheceu o António Graça de Abreu). Ortopedista, reformado, vive no Porto., veio acompnhado da esposa, também médica, pediatra, de nome poética Marília Lília. Casaram-se em Junho de 1974. Acabavam de fazer uma viagem pelo Alentejo para comemorar a efeméride. Gostei de a conhecer e da falar com ela.


Monte Real, Hotel Palace > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca > As primeiras fotos >  Dois camaradas que jogavam em casa, sendo naturais de Leiria: o nosso tabanqueiro Agostinho Gaspar e o Manuel Domingos  Santos, que veio acompnhado da esposa, Maria Isabel... Prova de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, o Manuel Domigos conhecia alguns dos meus amigos da Gândara dos Olivais... Outro camarada de Leiria que gostei de rever foi o Vitor Caseiro, bem como o Jaime Brandão, antigo Fur Mil Pil, que esteve na Guiné, e que é de Monte Real, tal o Joaquim Mexia Alves. 

Fotos (e legendas): © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados

quarta-feira, 9 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7916: Efemérides (61): 4 de Março de 1972, uma data trágica para a família pára-quedista: 6 mortos e 12 feridos, em Gampará, na margem esquerda do Rio Corubal (Victor Tavares, CCP 121/BCP 12, 1972/74)


1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Victor Tavares [, foto à esquerda,] com data de 4 do corrente;


Camarada e amigo Luís Graça:

Faço votos sinceros para que te encontres bem de saúde assim como os teus familiares . . . Há já algum tempo que não dou notícias, tive alguns problemas no computador, os ficheiros que tinha foram ao ar, nesses incluindo alguns trabalhos para te enviar, com relatos de algumas operações...

Vou tentar recuperá-los, não sei aonde, numa disquete que penso mandei tirar, só não sei onde ela para . . .

Luís, o motivo que me leva a contactar-te,  é o seguinte: que faz hoje,  às 23.50 horas  da Guiné-Bissau , 39 anos que os Pára-quedistas Portugueses e a CCP121 sofreram,talvez, o maior golpe desde a sua existência. GAMPARÁ não nos sai da memória,  6 mortos e 12 feridos, onde eu me incluí, poucos minutos faltavam para terminar o dia 04/03/1972  e começar os primeiros minutos do dia 05/03/1972.

Foi uma noite terrivelmente azarenta, para nós, um  bigrupo da CCP121 que se deslocava apeado para a margem do rio Corubal junto à pedra de água onde nos juntaríamos a outra forças, a  CCP 123, esta transportada em LDG para executaar na zona de TITE uma operação designada como Pato Azul.

Este relato já foi publicado no blogue, foi um dos relatos que te enviei (*).

Não sei se terá para o blogue interesse em fazer alguma referência para recordar esta data marcante.  Fica ao teu critério. (**)

Amigo,  despeço-me enviando um forte abraço para ti, extensivo a todos os camaradas blogue que tão bem diriges.

Victor Tavares

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Victor, pela tua lembrança e diligência. Infelizmente não consegui publicar a tua mensagem mais cedo, no próprio dia, por ter estar estado ausente de Lisboa nestes últimos dias. Mas fica aqui a tua e a nossa intenção de saudar a memória dos bravos da CCP 121/BCP 12, mortos nessa fatídica noite de 4 de Março de 1972. Obrigado, também, por mandares notícias tuas. Espero que resolvas rapidamente os teus problemas informáticos. Fico a aguardar a tua sempre muito apreciada colaboração. Saúde. Luís
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Notas de L.G.:


 (...) Desta tragédia para a família pára-quedista, que jamais esquecerá este dia, resultaram seis mortes, Alf Mil Pára-quedista Abreu , Furriel Pára-quedista Cardiga Pinto, PCB/Pára-quedista 47/68 Santos , PCB/Pára-quedista 129/69 Almeida , Sol/Pára-quedista 318/69 Jesus , PCB/Pára-quedista 412/69 Sousa, 2 feridos graves e nove com menos gravidade , Furriel Pára-quedista Casalta (Comandante da 1ª secção do 2º Pelotão) , Sol Pára-quedista Inês (evacuado para a metrópole ), Ferreira , Tavares, Ventura, e 1º Cabo Pára-quedista Figueiredo, todos do 2º Pelotão, e o Sold Pára-quedista Salgado - Estilhaço,  de alcunha - do 1º Pelotão, faltando três por identificar pois, passado todos estes anos, já não me recordo, e ficará para sempre uma saudade enorme D’AQUELES EM QUEM PODER NÃO TEVE A MORTE" (...).

(**) Último poste da série > 15 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7616: Efemérides (59): 17º Aniversário do Monumento Nacional aos Combatentes da Guerra do Ultramar