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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7266: (In)citações (19): Africanização da guerra, tema para um colóquio a organizar pela Tabanca Grande, e pretexto para a efectiva reconciliação nacional (Nelson Herbert)

Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Uma coluna logística Bambadinca-Mansambo-Xitole... Em segundo plano, de pé, do lado esquerdo, vê-se o Cap Inf Carlos Brito... (a seu lado, o Fur Mil At Inf, José Luís Sousa, o nosso único madeirense). Em terceiro plano, é fácil de observar uma vitura civil, de cor vemelha, uma das muitas que se costumava alugar para transportar mantimentos e armamento e que eram enquadradas por viaturas militares e por tropas (em geral, da CCAÇ 12)... Quando chegámos a Contuboel , em Junho de 1969, os 100 soldados (operacionais), que integraram a CCAÇ 12 (na altura ainda, CCAÇ 2590), não falavam português... E o único soldado arvorado que chegou a 1º Cabo, ainda em 2009, foi o José Carlos Suleimane Baldé, o dedicadíssimo e delicadíssimo José Carlos, uma joia de rapaz,  com quem lidei bastante (era meu secretário particular, intérprete, cozinheiro, guarda-costas, e sobretudo amigo e camarada).  Tem hoje duas mulheres e deve andar perto dos 60 anos. Gostava muito de vir a Portugal. Não sei a sua história de vida, depois da independência. Vive em Amedalai, perto do Xime. Sei que o Beja Santos vai lá estar, para passat um bocado com alguns dos seus soldados do Pel Caç Nat 52 (1968/70). Oxalá o José Carlos consiga falar-lhe!

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados.


1. Comentário, com data de hoje, de Nelson Herbert ao poste P7253:

"Pessoalmente, fui sempre crítico, no meu círculo de relações (a CCAÇ 12), da 'africanização' da guerra colonial. Sabia que mais tarde ou mais cedo iria conduzir a uma tragédia..."

E o presságio, meu caro Luis Graca, infelizmente se vai confirmando na nossa Guiné!!!

Numa outra latitude, as consequências arrasadoras da "indigenização" da guerra não foram de todo distintas das experimentadas na Guiné!

"The Hmong, a Laotian tribal people, secretly aided the U.S. military during the Vietnam War. After South Vietnam fell and the war ended, the Hmong (pronounced "mung") who had worked with U.S. troops feared that the communist Vietnamese and Laotians would persecute them.The Hmong began coming to the United States in 1976"  # *

Os "Mung" e seus descendentes constituem hoje praticamente o grosso da comunidade vietnamita nos  EUA.

Coincidências à parte, o certo é que na hora da debandada... também os Estados Unidos foram impotentes na dissuasão ou contenção de irracionalismos e ódios latentes a cenários de guerra ...

Por conseguinte, meu caro Luis, esta sua sábia constatação tem tudo para servir de mote a um debate bem mais abrangente desta problemática ... Um debate que independentemente das emoções e ressentimentos que possa ainda suscitar ...anime uma abordagem,  a todos os niveis, das consequências (num e noutro lado) da africanização da guerra ...

Quiçá um tema para um colóquio (um contributo à reconciliação dos guineenses) promovido pelo blogue?!

Qual indelével "nódoa" na história recente daquele conturbado país, o impacto da "africanização" da guerra na Guiné se impõe ainda hoje, transversal a geraçõoes de guineenses !   Prova disso temo-lo num áspero e irado dialogo animado em tempos num blogue por dois jovens guineenses, por sinal orfãos... de trincheiras desavindas de um mesmo conflito...

O primeiro, herdeiro de um soldado comando africano fuzilado no dealbar da independência da Guiné, o segundo, alegadamente vitima de uma incursão dessa tropa de recrutamento local a uma base do PAIGC...

Mantenhas

Nelson Herbert (**)
Washington DC
USA
___________

# In Catholic Diocese of Green Bay's Catholic Charities Resettlement and Immigration Services, Wat Tham Krabok Assessment Team Report; Migration Policy Institute

______________

Notas de L.G.

(*) Tradução inglês / português:

"Os Hmong, minoria étnica [do sudoeste asiático,  Laos, Tailândia, Vietname, China...],  ajudaram  secretament os militares norte-americanos durante a Guerra do Vietname.  Após a queda do regime do Vietname do Sul  e com o fim da guerra,  os Hmong (pronuncie-se 'mung') que haviam trabalhado com as tropas dos EUA,  temerem que os comunistas, vietnamitas e laocianos, os viessem a perseguir. Daí terem começado a emigrar para os Estados Unidos em 1976".

(**) Vd. poste de 9 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7252: (In)citações (23): Branco, na volta! Branco, na volta!, repetia a Fatemá em 2005... Com a sua morte perde-se um elo de ligação com os portugueses que passaram pelo regulado de Contabane (José Teixeira)

domingo, 16 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2108: Documentos (3): A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)






Conjunto habitacional de Nhabijões > 1970 > O furriel miliciano Henriques, da CCAÇ 12 (fundador e editor deste bloge) junto a um dos locais de culto dos irãs (espíritos da floresta). A população era maioritariamente balanta, animista. Era conhecida a sua colaboração com o PAIGG, sobretudo com as populações e os guerrilheiros de Madina/Belel, no limite do Cuor, a Noroeste de Missirá. O reordemanento desta população, considerada até então sob duplo controlo e pouco colaborante com (e senão mesmo hostil a) as NT, iniciou-se em 1969, sob a iniciatica do Comando e CCS do BCAÇ 2852 (1970/72), tendo sido continuada pelo BART 2852 (1970/72).




Na foto, vê-se o Fur Mil Henriques num jipe, no destacamento que defendia Nhabijões. Ao fundo, descortinam-se as casas do reordenamento (a que ele na época um verdadeiro etnocídio...). Em 13 de Janeiro de 1971, duas minas anticarro recebentaram à saída do reordenamento, na estrada Nhabijões-Bambadinca (LG).


Fotos: © Luís Graça (2007). Direitos reservados.





Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Reordenamento de Nhabijões> Trocando a espada pelo arado, ou melhor, a G3 pela pá e pela enxada... Pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) nos trabalhos do reordenamento de Nhabijões, um conjunto de aldeias sob duplo controlo, junto ao Geba Estreito, pertencente ao posto administrativo de Bambadinca, sede do Sector L1, Zona Leste.
Foto de finais de 1970 gentilmente cedida pelo Luís Moreira, ex-alf. mil. sapador da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).


Foto: © Luís Moreira (2005). Direitos reservados.


Continuação da publicação do documento Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d. (2).


Fixação do texto: Virgínio Briote, co-editor


LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA E DEMOGRÁFICA (p.4)

1. É difícil fazer uma exacta localização geográfica das diferentes etnias da Guiné, atendendo principalmente ao factor emigração. Efectivamente, mercê de muitas e várias circunstâncias históricas e políticas, os povos guineenses constituíram muitas, e algumas delas significativas, correntes migratórias que partindo do seu chão originário se estabeleceram um pouco por todo o território, por tal forma que se pode dizer que vivem hoje, indistintamente, lado a lado, etnias animistas e islamizados, muitas vezes interpenetrando-se e constituindo, como já foi notado anteriormente, subgrupos híbridos. Uma das circunstâncias mais importantes para o surto migratório foi sem dúvida a eclosão do terrorismo, obrigando povoações inteiras a desalojarem-se e a imigrarem para zonas sob a protecção das Nossas Tropas.


No mapa 1, apresenta-se a localização das principais etnias nos seus chãos de origem.

2. A localização histórica dos povos da Guiné, dada a infinidade de etnias existentes, torna-se difícil. Em apontamentos desta natureza, não cabem pormenores que se destinariam a um estudo aprofundado. Bastará, talvez, dizer que a maioria das etnias aparece como fusão de várias outras que foram as originárias e são referidas largamente pelos navegadores e descobridores nas suas crónicas. Nelas se dá conta de existirem no século XVI Balantas e Papéis na ilha de Bissau e Buranos (nome primitivo dos Papéis) e Felupes na zona do Cacheu. Estas três etnias são das mais antigas, sendo os Felupes considerados os mais antigos dos povos originários.


Alguns outros povos existiam já no actual território da Guiné Portuguesa – colónias de Mandingas e Fulas – aquando da sua descoberta. No entanto, o contacto com eles só se verificou mais tarde, dado o tipo de colonização portuguesa, feita através de feitorias junto aos rios. Assim, o contacto fez-se primeiro com os habitantes da faixa litoral e, mais raramente com povos que vinham transaccionar com os portugueses, de pontos mais afastados do interior.
Já a partir do século XV se inicia a invasão de povos provenientes de vários países do continente Africano. No entanto, só mais tarde há a grande invasão vinda especialmente do Futa-Jalon e territórios limítrofes (Labé, Boé Francês, Futa-Tere, Futa-Quebo, etc.), da Bandú (território situado entre o Alto Senegal e o Alto Gâmbia), Sudão, etc. Fulas e Mandingas instalam-se na zona do Gabú, trazidos por lutas intestinas, pela necessidade de novas almas para a difusão do Alcorão, pelo desejo de novas pastagens para o seu gado e novas lavras. Travaram lutas com os povos aí estabelecidos (os Beafadas principalmente que se viram subjugados pelos Fulas-Forros em Jaladú que mais tarde se tornou na Forro-ia ou Forreá) e conquistaram posições.
[… ilegível].



Mapa 1- Os chãos dos Povos da Guiné


3. Povo nómada, os Fulas emigraram do Gabú para quase todo o território, especialmente o Leste, onde se encontra ainda hoje em força. Mas, de uma maneira geral, como já foi dito, todas as etnias registam movimentos migratórios. Apontaremos dois ou três exemplos:


A região de Mansoa é chão Balanta. No entanto encontramos aí estabelecidas a par da maioria Balanta, Mandingas e Fulas.



  • Na zona de Farim, onde existiam primitivamente os Oincas (ou do Oio, subgrupo Mandinga), encontramos Fulas e Balantas. Aqui, notamos como curiosidade, Balantas e Mandingas permanecem em quase constante conflito, por causa dos roubos que os primeiros praticam por costume tradicional e é condenado pelo Alcorão. Alguns Balantas foram absorvidos pelos islamizados constituindo os Balantas-Mané, que também encontramos em Mansoa.

  • No actual concelho de Bafatá, habitado primeiramente por Beafadas, Mandingas e Fulas, encontram-se numerosas colónias de Manjacos, Papeis, Saracolés e Balantas, estes em maior percentagem.


No mapa 2, podem ver-se, como curiosidade, as primeiras migrações de Mancanhas (ou Brames), Manjacos e Balantas.




FUNÇÕES CIVIS EXERCIDAS POR MILITARES (p 6/7)




1. Estando a Guiné sob a pressão de um estado de subversão que visa a conquista das populações por vários meios, entre os quais a luta armada; existindo um Quadro Administrativo com graves deficiências quantitativas e qualitativas e possuidor da falta de meios para realizar a manobra de contra-subversão em tempo útil e ainda por razões de controle e segurança, não é possível à Administração Civil encarar sózinha, de momento, o esforço que se pretende realizar.


Assim, porque possuidoras de vários meios, humanos, técnicos e de defesa, as Forças Armadas estão aptas a colaborar, com carácter temporário, com as estruturas administrativas na solução dos problemas sócio-económicos. Porque, também, os problemas de desenvolvimento social e económico constituem a manobra da contra-subversão que é preciso fazer rapidamente e pertence à missão das Forças Armadas.


As F.A. são, pois, chamadas a participar temporariamente em funções que seriam da competência civil, se os quadros administrativos estivessem em condições de as desempenhar, e que lhes serão totalmente confiadas quando as condições o permitam. São funções de colaboração e reforço da orgânica...[ilegível].


2. (...) Os civis do Q. A. pensam e actuam de maneira diferente. E a diferença reside em dois pontos distintos: a estagnação e carências várias do próprio Q. A. e no diferente carácter de obrigatoriedade de uns e outros. As Forças Armadas são uma organização profunadmente hierarquizada, com escalões de comando definidos, com leis e regulamentos mais rígidos e pormenorizados, prevalecendo um forte espírito de disciplina. Arreigados a conceitos burocráticos ultra passados e morosos por natureza , regulados por leis mais vastas, com um carácter de disciplina menos acentuado e relativo momento a leis de carácter mais geral, os civis do Q. A. têm um diferente comportamento face a situações que exigem a resolução adequada em tempo próprio. A base de toda a actuação entre militares e civis terá de basear-se na compreensão e na colaboração, já que ambos servem o objectivo comum.


3. O tratamento para com as populações terá de ser diferente também. Não se podem obrigar as populações a tomar determinadas posições ou aceitar determinadas soluções pela força ou coacção, excepto quando o determine o interesse colectivo, o bem comunitário. Interessa muito mais usar argumentos válidos, convicentes e visíveis para os levar a optar melhor. No caso concreto das populações com quem vamos trabalhar, há que contar com os seguintes factores de oposição às nossas soluções:



  • São populações menos evoluídas

  • Têm sofrido pressões físicas e psicológicas dos agentes subversivos

  • São muito arreigados aos seus costumes étnicos e às tradições e práticas religiosas

  • São diferentes entre si, na sua evolução natural

  • Duvidam por sistema, devido à estagnação sócio-económica anterior à guerra, às promessas que nunca foram cumpridas antes nessa época e à propaganda inimiga orientada para esse passado.


Sintetizando, é preciso entender os civis do Q. A. e as populações como tal e como tal actuar nas relações com eles.




IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÓMICA DOS REORDENAMENTOS (p. 6/9)


1. A ideia de se fazer o reordenamento das populações em aldeamentos, tem três razões de ser fundamentais



  1. A defesa e controle

  2. desenvolvimento social

  3. O desenvolvimento económico


Deixando de parte as questões da defesa, vamo-nos debruçar mais [...ilegível]




Mapa 2 - Primeiras migrações


2. A constituição geográfica da Guiné - sulcada de muitos rios, plana, densamente urbanizada-, a exploração agrícola fazendo-se especialmente junto das bolanhas e as diferenças étnicas que individualizam os agregados, conduziram à dispersão por inúmeros núcleos populacionais. Com uma população dispersa em áreas muito vastas, torna-se difícil se não impossível, tomar medidas de desenvolvimento que abranjam a totalidade ou, mesmo a maioria. O esforço económico e humano seria insustentável de momento e, especialmente moroso.


3. O que se pretende, pois, com os reordenamentos? Agrupar as populções de uma determinada zona num só ou em vários agragados populacionais significativos, possibilitando:



  1. A construção de casas com melhores condições de higiene e construídas com materiais mais resistentes aos factores climáticos e aos incêndios.

  2. A construção de condições de protecção social que abranjam um maior número de pessoas (escolas, postos sanitários, fontanários, assistência médica).

  3. A construção de condições de carácter económico que englobem uma população maior (construção de celeiros colectivos, garantia de mercados para venda da produção agrícola, condições técnicas para maior produtividade e outrs possíveis a desenvolver futuramente).

  4. O mais rápido desenvolvimento comunitário considerando um melhor rendimento no aproveitamento dos meios e quadros técnicos empenhados no esforço do desenvolvimento.


4. Pode parecer sem discussão, a priori, que o reordenamento das populações oferecendo tantas vantagens para o seu desenvolvimento, é sempre bem aceite. Efectivamente, nem sempre isto acontece e por várias razões. Vamos apontar esquematicamente, algumas das principais:

  • Motivações étnicas

  • Questões havidas entre grupos de uma mesmo etnia que os opõem e obstam a uma vida comunitária

  • Receio de perda de autoridade dos Chefes tradicionais

  • Proibição dos Guardas do Irã por motivos de interesse pessoal

  • Desejo de não mudar de chão

  • Receio de que faltem, no novo aglomerado, os meios suficientes de subsistência

  • Desejo de não se separarem dos seus haveres

  • Outras que só localmente poderão ser detectadas


5. Não devendo em princípio existir um carácter de obrigatoriedade quanto à deslocação das populações das suas tabancas para um aldeamento, a não ser que o interesse comunitário superiormente o determine, há que empregar meios persuasivos quando se encontre alguma resistência. Para se criar ...[ilegível]


Esquematicamente vemos, assim:


Antes da construção

  • Auscultação das populações (indirecta, directa)

  • Auscultação e elucidação do Chefe da Tabanca

  • Auscultação e elucidação do Guarda de "Irã"

  • Auscultação e elucidação das autoridades religiosas islâmicas


Durante a construção

  • Garantir a autoridade constituída

  • Garantir, tanto quanto possível, os interesses da localização dos aglomerados correspondentes às antigas tabancas, dentro do plano urbanístico

  • Respeitar os usos e costumes das populações

  • Colaborar no transporte de todos os haveres das populações deslocadas

  • Interessar as populações na construção das casas, escolas, postos sanitários, etc., permitindo e desenvolvendo o sentimento de posse.


6. A forma mais prática de se assegurar o deslocamento das populações para os reordenamentos é criar nelas a necessiade desse reordenamento. Para isso é necessário elucidá-las dos benefícios que vão auferir e garantir os seus desejos quanto a aspectos respeitantes aos seus usos e costumes. Será de toda a conveniência o conhecimento das suas motivações religiosas e étnicas. Nos quadros anteriores já foi feito um esquema suficientemente desenvolvido. Em novo quadro, indicar-se-ão as principais motivações a explorar para um útil e efectivo trabalho de consciencialização das populações.


1.BENEFíCIOS SOCIAIS
  • melhores casas

  • escolas

  • postos de socorros

  • assistência médica

  • água


2. BENEFíCIOS ECONÓMICOS
  • melhores lavras

  • celeiros colectivos

  • mercado para escoamento da produção

  • lojas


ISLAMIZADOS


Fulas
  • construção de mesquitas

  • difundir a religião

  • os régulos governarão melhor com toda a população junta

  • os fulas têm de voltar a ser senhores dos seu "chão" que o IN quer roubar

  • os antepassados foram valentes


Mandingas
  • construção de mesquitas

  • difundir a religião

  • os chefes poderão dirigir melhor

  • as novas tabancas poderão ter lojas e fazerem comércio para terem riqueza

  • os antigos foram valentes e têm de os saber imitar


ANIMISTAS


Balantas

  • terão maior protecção dos Irãs

  • o Balanta terá a liberdade na tabanca e no mato, que o IN impede

  • o Balanta vai deixar de ser escravo do IN

  • os Balantas juntos têm força para exterminar o IN

  • haverá sempre muita fartura


Manjacos

  • terão maior protecção dos Irãs

  • juntos terão muita força

  • impedirão o roubo de mulheres quando estiverem juntos

  • poderão fazer comércio

  • cada família poderá ter os seu Irã


Brames

  • terão maior protecção dos Irãs

  • o régulo governará melhor

  • vão ter mais vacas para estrumar as terras e para o choro

  • os Brames não terão necessidade de emigrar porque nada lhes faltará

  • o IN quer escravizá-los e não o poderá fazer estando todos juntos.


_________


Notas do co-ditor vb:


(1) Vd. posts de:


1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1558: Inesperada visita a Luís Graça, em Nhabijões, na noite de 3 de Fevereiro de 1970 (Beja Santos)


28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIV: Nhabijões: quando um balanta a menos era um turra a menos (Luís Graça)23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCIX: Luís Moreira, de alferes sapador a professor de matemática (Luís Graça)


23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça)


22 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCII: O reordenamento de Nhabijões (1969/70) (Luís Moreira)


22 de Setembro de 2005 > (2) Vd. post de 12 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2100: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)


Reproduzo aqui o comentário de Abreu dos Santos:

  • Spínola não inventou os Reordamentos, antes reaplicou na Guiné o que anteriormente já o major Hélio Felgas ali havia posto em prática (cerca de 3/4 anos antes);

  • a guerra do Vietname, pelos vistos, continua a ser – erradamente – termo de comparação para quem esteve na Guiné;

  • mais remotamente, foram os romanos quem iniciou por regiões várias a táctica militar da colonização por recurso ao que, modernamente, se passou a chamar aldeamentos estratégicos; e em meados do séc. XIX foi o general francês Bigeaud quem, na Argélia, reformulou na prática tal conceito, retomado em 1955-59 naquele mesmo território através do Plano Challe, com objectivo de conter o alastramento de actos terroristas por parte da FLN;

  • Em Portugal, a responsabilidade pelo estabelecimento de doutrina castrense nesse sentido coube ao então ministro do Exército, na sequência do 1º relatório da missão militar que pouco antes havia concluído em Arzew (na Argélia), um estágio de contra-insurreição. Daí, o CIOE; e, também daí, a origem da instrução ministrada a tropas de Operações Especiais e aos Comandos, como aliás muito bem sabe o editor Briote, ao qual peço que releve quaisquer imprecisões minhas nesta breve resenha, tanto mais escrita directamente para esta janela...


Comentário do co-editor vb: Grato ao Abreu dos Santos, pelo oportuno comentário, que contribui para um melhor conhecimento sobre o reagrupamento das populações.

  • Entre os anos 1965/67, os reordenamentos da população não eram, em geral, muito discutidos no terreno, embora já se vissem esforços de alguns dos nossos militares nesse sentido, e foi até a um ou outro que pela primeira vez ouviu falar das aldeias estratégicas no Vietname.

  • Parece ser aceite que foi com Spínola, como Governador-Geral, que o plano foi implementado e estendido a praticamente todo o território.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2100: Documentos (2): A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

Fotcocópia da capa da brochura Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel (2007). Direitos reservados.
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Todavia, na Guiné trava-se uma guerra revolucionária, escreve Spínola em O Problema da Guiné, em que as duas partes em presença têm um mesmo objectivo: a conquista das populações. Para isso, não basta a G-3, é necessário conjugar a manobra militar com a promoção sócio-económica e a acção psico-social. (1)
______________

Por uma Guiné Melhor:

  1. Organizar a população, junto aos aquartelamentos, para a furtar ao controle do IN.
  2. Incrementar o sistema de auto-defesa.
  3. Desenvolver a acção psicológica, apostando na africanização da guerra.

No Vietnam chamaram-se aldeias estratégicas (2), na Guiné fez-se o reordenamento (3)... As razões para isso estão abaixo explanadas num documento do Com-Chefe, a que tivemos acesso através de um exemplar do arquivo do nosso camarada António Pimentel.

A. Marques Lopes.

Editor: vb.

Reprodução do documento:

INTRODUÇÃO (p. 1)

1. O problema de fundo de toda a manobra de contra-subversão é a conquista das populações. Na Guiné os argumentos sob os quais o PAIGC construiu a sua máquina subversiva e os objectivos que se propõe atingir, estão sendo anulados ou apropriados pela política prosseguida pelo Governo da Província, que se baseia no desenvolvimento sócio-económico da população em tempo útil.

A estagnação sócio-económica que se verificou no passado facilitou a tarefa inicial do PAIGC em ordem à mobilização subversiva. Contudo não foi ainda e não é a curto prazo possível no partido de Amílcar Cabral concretizar os programas de fomento que propagandeia, por não ter ainda a adesão da esmagadora maioria da população e por não ter estruturas e quadros que os ponha em prática, em tempo.

Por outro lado, em relação ao Governo da Província este esforço de fomento, no campo da manobra contra-subversiva, apresenta alguns aspectos favoráveis ao êxito:

- Reduzidas dimensões do território da Guiné, permitindo a rápida deslocação e que, com meios pouco vultuosos e dentro das possibilidades da Nação se desenvolva a manobra contra-subversiva pelo fomento.

- O baixo nível de vida dos países limítrofes possibilitando que uma sensível melhoria, provoque um contraste notável.

Como atrás foi dito, a conquista das populações pelo desenvolvimento sócio-económico, terá de fazer-se em tempo útil, “rapidamente e em força”, provocando o desiquilíbrio das populações indecisas e mesmo das controladas pelo IN, a favor da Causa portuguesa. As populações da Guiné apresentam-se extremamente receptivas e sensíveis às realizações que se traduzam numa melhoria visível da situação da Província. Assim, a necessidade de aproveitar todos os meios disponíveis e a colaboração a que as Forças Armadas são chamadas a prestar.

2. Os reordenamentos são um meio de promoção, mesmo quando impostos pela evolução da manobra militar do IN. O desenvolvimento sócio-económico através deles, alcançar-se-á mais facilmente pela:

-Concentração populacional em menores espaços, permitindo auferir maiores benefícios colectivos.

-Maior economia de meios humanos e técnicos.

-O controle mais eficaz e adequado das populações, subtraindo-as à acção subversiva e impedindo qualquer ajuda que, eventualmente, pudessem dar ao IN.

-A defesa mais fácil, pela concentração, possibilitando a auto-defesa, a existência de destacamentos militares ou a integração do agregado em planos mais vastos de defesa.

PANORAMA DOS PRINCIPAIS GRUPOS ÉTNICOS (p. 2-3)


1. Podemos considerar que existem dois grandes grupos humanos na Guiné: islamizados e animistas. No primeiro grupo incluiremos os Fulas, Mandingas, Beafadas, Saracolés, Sossos e Panjadincas e no segundo, Balantas, Manjacos, Papeis, Felupes, Baiotes, Brames, Banhua e Bijagós.

Existem, no entanto, pequenos núcleos híbridos, formados por etnias que utilizam práticas animistas e islâmicas e são, geralmente, sub-grupos em vias de se islamizarem. O factor religioso condiciona todo um comportamento social feito de usos, costumes e tradições ligadas às práticas religiosas. Assim, existem dentro de cada um dos sub-grupos elementos de afinidade e repulsão, como existem também, e mais vincadamente, entre os islamizados e os animistas. Interessará conhecer os principais elementos de cada grupo e, ainda, de algumas etnias principais, tomadas como padrão.
ISLAMIZADOS
  • forte sentimento tribal
  • quase fanatismo religioso
  • apreço pelo gado bovino
  • fidelidade tradicional às autoridades
  • respeito pela hierarquia religiosa
  • dependência jurídica do Alcorão
  • culto da hospitalidade
  • espírito guerreiro
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida
ANIMISTAS
  • sentimento tribal menos intenso
  • sentimento religioso normal
  • preconceito racial (em relação aos islamizados)
  • apego à família e à terra
  • espírito guerreiro
  • espírito de vingança
  • desejo de cultura, assistência social e melhoria de vida
  • coesão familiar
  • respeito pela vida da mulher
  • desejo de justiça
Entre os islamizados existem também afinidades e repulsões, elementos que os caracterizam e que são suficientemente fortes para os opor e, simultaneamente, os unir. Usando como exemplo duas etnias islamizadas, as mais representativas quantitativa e qualitativamente, vamos verificar essas motivações.
FULAS
  • Ódio ao mandinga
  • Apreço e dependência do gado bovino [ilegível]
MANDINGAS
  • Ódio ao Fula
  • Apreço de gado bovino só para fins [ilegível]
As afinidades entre os animistas são talvez mais flagrantes, visto que as religiões são diversificadas e não existe uma unidade sob o ponto de vista religioso que, como já se disse, condiciona o seu comportamento social. No entanto, existe similitude de práticas religiosas, o respeito pelos espíritos dos mortos e pelos símbolos que os representam (os Irãs), o respeito e aceitação espontânea e indiscutível das interpretações dos guardas de Irã que constituem uma espécie de sacerdotes do animismo.
Das etnias tomadas como exemplo, os Balantas e os Manjacos constituem as principais dentro do grupo animista. Os Balantas têm uma população de 150.000 habitantes e a totalidade do grupo constitue dois terços da população guineense. Os Felupes, sendo uma minoria étnica é, sem dúvida, extraordináriamente característica por ser uma das mais primitivas e, ainda, a mais antiga que se conhece como originária do território guineense.
BALANTAS
  • culto do roubo como prática social
  • resistência à cultura europeia
  • desrespeito pelas hierarquias verticais
  • interesse material pela família
  • resistência ao cristianismo e islamismo
MANJACOS
  • aversão ao roubo
  • desejo de toda a cultura
  • respeito pelas hierarquias verticais
  • interesse relativo pela família
  • resistência ao cristianismo e islamismo
FELUPES
  • não aceitação do roubo
  • resistência à cultura europeia
  • respeito pelas hierarquias verticais
  • interesse pela família (influência da mulher)
  • permeabilidade ao cristianismo
Existindo dentro de cada um dos grupos humanos- Islamizados e Animistas- motivações tão flagrantes, é lógico que entre ambos essas motivações aumentem, já que são duas sociedades distintas em presença, cada uma das quais mantendo em relação à outra uma certa animosidade. A compreensão dessas motivações, facilitará esta visão geral do mosaico étnico- religioso e humano- da Guiné Portuguesa.
ISLAMIZADOS
  • monoteístas
  • forte sentimento religioso
  • dependência jurídica do Alcorão
ANIMISTAS
  • diferentes concepções da divindade
  • relativo sentimento religioso
  • independência jurídica de fórmulas religiosas
(Continua)
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Notas do co-editor vb:


(2) The Strategic Hamlet Program foi um plano dos governos do Vietame do Sul e dos Estados Unidos da América durante a guerra do Vietname para combater a insurreição comunista, que incluía a transferência de populações.

(3) Consultas:

(i) Segundo a directiva 49, de 16/10/1968, do Comando Chefe das F. A. da Guiné, a Divisão de Organização e Defesa das Populações ficou encarregada do estudo, impulsionamento, coordenação e fiscalização do reordenamento, pelo recenseamento e pelo enquadramento e defesa das populações.

(ii) Segundo o Relatório de Comando, 1971, do Comando-Chefe das F. A. da Guiné, em Dezembro de 1971, estavam registadas 46 tabancas organizadas em auto-defesa.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)













Texto: A. Marques Lopes / Fotos: Xico Allen (2007). Direitos reservados

O nosso camarada A. Marques Lopes, coronel (DFA) na situação de reforma, vive hoje em Matosinhos. Foi alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968). O Xico Allen, por sua vez, pertenceu à CCAÇ 3566 - Os Metralhas (1972/74) e é um competente conhecedor da Guiné-Bissau, organizando viagens até lá (Vive em Canidelo, Vila Nova de Gaia; telemóvel 938459828; não tem e-mail) (1) .

Texto do A. Marques Lopes:

Juntámo-nos no passado dia 12 de Maio no Restaurante Arte Xávega, da Nazaré, alguns dos que passaram pela CCAÇ 3. A maior parte não se conhecia entre si, dado tratar-se de uma companhia de "recrutamento da Província", com a maior parte dos quadros de passagem em rendição individual. Esta companhia teve um historial longo. Começou por se chamar CCAÇ 1. Dados colhidos do livro da CECA (Comissão para o Estudo das Campanhas de África), editado em 2001 pelo Estado-Maior do Exército (Tomo II, Guiné, 7º Volume -Fichas das Unidades).


História da CCAÇ 3 (1961-1974)

A CCAÇ 1 era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local (2), estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.

Em 1 de Janeiro de 1961 estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.

A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidaje, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.

Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembem, a partir de meados de Janeiro de 1967.

Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.

E a CCAÇ3 foi assim (segundo a mesma fonte, que temos vindo a citar):

Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era de praças indígenas do recrutamento local. Continuou uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbembem, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.

Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidaje, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.

Em 22 de Fevererio de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.

Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.

Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.


Convívio na Nazaré, em 12 de Maio de 2007


A maior parte dos que estiveram na Nazaré estiveram em Binta e Guidaje, não tendo passado por Barro. Aqui estiveram comigo o ex-alferes Oliveira, os furriéis Neto (o organizador do encontro, comando mandado de castigo para Barro), Fernandes, Pereira e Idálio, entre os que vieram à Nazaré.

Não foi possível trazer outros, entre eles o capitão Carlos Marques Abreu, que eu bem conheci em Barro, e alguns guineenses, soldados da CCAÇ 3. Foi pena. O capitão não pôde vir por questões de saúde, quanto aos guineenses (4) ficou visto que não basta dizer-lhes para vir... é preciso ir buscá-los. Há que pensar que, vivendo eles, sabe-se lá em que condições, naqueles bairros dos arredores de Lisboa, não terão muitas condições para se deslocarem para o interior do país... Tentei incutir esta ideia, tanto mais que se decidiu que o próximo encontro seria em Trás-os-Montes.

Foi bom. Mando algumas fotografias que o nosso amigo Xico Allen tirou.

A 2 de Junho próximo é o convívio da CART 1690 (Geba, onde estive em 1967) (3)...

Abraços
A. Marques Lopes

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Notas de L.G.:

(1) Sobre o Xico Allen, vd. posts:
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXVI: O Xico de Empada, grande amigo dos guinéus (Albano Costa)

1 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P828: Cancioneiro de Empada (Xico Allen)

28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1555: Xico Allen: Viagens terrestres até às terras do Cacheu, Geba, Corubal, Buba e Cacine (A. Marques Lopes / Zé Teixeira)

(...) "O Chico Allen está a organizar uma viagem por terra à Guiné - a sua paixão. Pede para passares no Blogue a informação se por assim o entendres. Informo que estou a organizar viagens por via terrestre à Guinè, com passagem por Marrocos, Mauritânia e Senegal.
Já efectuei várias viagens com diversos camaradas e cada vez me seduz mais este percurso, pela aventura, pela partilha e experiência que se adquire e pelas belezas que se desfrutam. Contactem-me pelo telemóvel 938459828. Francisco Allen - Os Metralhas / Empada. [CCAÇ 3566, Empada e Catió, 1972/74) (...)

Foram publicados 26 posts sobre a viagem Porto-Bissau, , que decorreu em Abril de 2006: Vd. o primeiro e o último post desta série:

4 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Do Porto a Bissau (1): o jipe está de saída (Albano Costa)

7 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P854: Do Porto a Bissau (26): leitão à moda de Jugudul (A. Marques Lopes)

(2) Vd. post de 2 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1640: A africanização da guerra (A. Marques Lopes)

(3) Vd. post de 12 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1751: Convívios (4): CART 1690 (Geba 1967/69): Sever do Vouga, Couto de Esteves, 2 de Junho de 2007 (A. Marques Lopes)

(4) Sobre a CCAÇ 3 e Barro, vd posts:
15 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LIV: Cacuto Seidi, chefe da tabanca de Barro (Afonso M.F. Sousa)

2 de Julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCIII: Barro, trinta anos depois (1968-1998) (A. Marques Lopes)
10 Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 - DXVIII: A sanha revolucionária e os meus Jagudis (A. Marques Lopes)

23 Maio 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIII: Do Porto a Bissau (21): revisitando Barro (A. Marques Lopes)

25 Maio 2006 > Guiné 63/74 - DCCXCV: O colaboracionismo sempre teve uma paga (1) (A. Marques Lopes)

sábado, 14 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1662: Aumento salarial de 15% da tropa africana em meados de 1973 (António Duarte, CART 3493 e CCAÇ 12)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Estrada Bambadinca-Mansambo > 1970 > Uma coluna auto da CCAÇ 12 a caminho de Mansambo. Em meados de 1973, a tropa africana recebeu um generoso aumento salarial de 15% ... Acentuava-se a africanização da guerra da Guiné e a escalada política e militar do PAIGC... Em Agosto de 1973, o pessoal africano da CCAÇ 12 tinha no mínimo 4 anos e meio de tropa e de guerra, fora o tempo de mílicia, em muitos casos (1)... (LG).

Foto do arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71). © Humberto Reis (2006). Direitos reservados.


Texto do António Duarte, ex-furriel miliciano ("Estive na CCAÇ 12 desde Janeiro de 1973, primeiro em Bambadinca e a partir de Abril no Xime, após as rotações das companhias, geradas pela transferência para Cobumba da Cart 3493, minha unidade inicial. Regressei à metrópole em Janeiro de 1974") (2).



Caro Luís Graça,

Por me parecer curioso, transcrevo um texto de Agosto de 1973, da história do BART 3873:

"Acção Psicológica e Promoção Social
"Segundo o que se acentuou, os contactos pop enfrentaram as dificuldades conexas à faina agrícola da época que retém na bolanha a gente das tabancas, durante quase todo o dia.

"O número de apresentados foi de 1 e uma vez mais no Enxalé.

"O aumento dos 15%, agora, pago, sobre os ordenados e pensões da tropa africana produziu uma impressão benéfica. São mais necessidades que se podem satisfazer o que se projecta na subida do nível de vida, não obstante a ignorância de muitos que os leva a desbaratar o dinheiro prodigamente".

Trata-se de um texto que roça o simplório / paternalista, mas que vale como peça da nossa história, mostrando a visão das NT.

Mantenhas para todos,
António Duarte

Cart 3493 e CCAÇ 12 (1971 a 1974)

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Notas de L.G.:


(1) Vd. post de 21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)

(2) Vd. os seguintes posts, da autoria do António Duarte (ou com referências a ele):

5 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1565: A CCAÇ 12, o nosso 'neto' António Duarte e os nossos queridos 'nharros' (Abel Rodrigues)

28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1553: A CCAÇ 12 no Poidão e na Ponta do Inglês, pela enésima vez (António Duarte)

20 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXVIII: Notícias da CART 3493 (Mansambo, 1972) e da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1973/74) (António Duarte)

18 Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 - DLXI: Um periquito da CCAÇ 12 (António Duarte / Sousa de Castro)

21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1302: Blogoterapia (1): Palmas para o Amílcar Mendes, o Beja Santos e o Victor Tavares (António Duarte, CART 3493 e CCAÇ 12)

24 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P984: Ainda a tragédia de Quirafo: o 'morto' que afinal estava vivo (António Duarte)


17 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P966: O Mexia Alves que eu conheci em Bambadinca (António Duarte, CCAÇ 12, 1973)

11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLV: Ex-graduados da CCAÇ 12 também foram fuzilados (António Duarte)