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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15548: Notas de leitura (792): “Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Março de 2015:

Queridos amigos,
Estes "Bichos da Guiné" farão parte do meu lote de livros raros.
Temos aqui o entusiasmo do caçador vagabundo, um militar colocado em Bolama que espairece e goza os seus lazeres um pouco por toda a Guiné à procura de búfalos, antílopes, hipopótamos, crocodilos, e aqueles bichinhos que escapam à caça grossa mas que são muito bons no churrasco.
Maravilha-se com a Lagoa de Cufada, encontrou belezas ímpares em Guileje e Madina do Boé.
Até neste aspeto é um relato raro, especioso, que nos põe a questionar o que era aquele mundo de paz e como virou em ferro-e-fogo, pouco mais de dez anos depois.
Um livro, houvesse imperativos culturais luso-guineenses, que merecia reedição, para satisfação de todos.

Um abraço do
Mário


Bichos da Guiné, por Júlio de Araújo Ferreira (2)

Beja Santos

Em “Bichos da Guiné”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973, partilhamos das impressões de um caçador vagabundo, militar na Guiné que aproveita os seus tempos livres na arte cinegética. E é um verdadeiro prazer acompanhá-lo nas suas deambulações, ele cativa-nos com a caça, a fauna e a natureza que o deslumbram. Estamos agora na pista de elefantes. As informações que ele colhera eram nebulosas, as informações eram esparsas. Viveu na Guiné três anos, entre 1946 e 1948, e descobriu que afinal havia elefantes: 

“Pude verificar a presença de elefantes entre o Corubal e a fronteira. Posso também assegurar a sua existência na região de Banjara. Da Mata de Cantanhez, chegavam-me, de tempos a tempos, informações a confirmar a presença de elefantes por ali. Nas várias caçadas que fiz por terras de Contabane, encontrei rastos diversos de elefantes”

Dá como confirmado haver elefantes na Guiné. Considera que é dos aspetos mais apaixonantes, a caça ao elefante: caminhadas de arrasar, intermináveis maratonas, e sugere que é melhor levar o leitor a embrenhar-se com ele pelos matos da Guiné em perseguição dos enormes trombudos.

Lá vai a caminho de Contabane, segue um caminho paralelo à fronteira, até ao cruzamento com a estrada de Cacine, voga ao sabor das fantasias da manada, regista repetidamente as aves e os mamíferos. É uma longa caminhada até se descobrir o rasto, dão com um animal ainda relativamente novo, tem um dente entre 15 a 20 quilos e o outro apenas a raiz. Pé entre pé aproximam-se uns 25 metros: 

“Procurei localizar rapidamente o orifício do ouvido e visando um ponto à retaguarda deste para lá fiz seguir sem perda de tempo os 400 “grains” de uma .404 sólida”.

 O animal tomba com a parte posterior do corpanzil assente no solo, aparecem dois elefantes, parecem ameaçadores, um tiro partiu, a arma desparafusa-se, é preciso mudar de arma, o elefante está tombado leva o tiro de misericórdia, os outros dois elefantes fogem, o abatido é todo retalhado. Depois disserta como se matam elefantes, há discussões apaixonadas sobre o tiro ao cérebro do elefante: 

“É certo que uma bala dirigida à raiz da tromba, ao ouvido, ou acima da linha dos olhos poderá fulminar um elefante, mas o que se torna indispensável é ter em atenção que isso só poderá acontecer em determinadas posições da cabeça do animal em relação ao atirador. A grande verdade é que o elefante não tem o cérebro nos bordos exterior do canal auditivo, nem na raiz da tromba, nem na linha dos olhos… Nem em ponto nenhum da periferia da cabeça. Uma bala, par atingir o cérebro, tanto poderá entrar acima como abaixo da linha dos olhos, ou mesmo num dos olhos, tanto no ouvido como acima, abaixo, à frente ou atrás dele”. Fala sobre as melhores armas, vê-se que escreve tudo com uma ponta de genuíno orgulho: “Os troféus do meu elefante – o dente, uma pata e uma orelha – fizeram tremendo sucesso durante a viagem, e, no dia seguinte, em Bolama, vieram ainda ao meu quintal bastantes africanos para ver os despojos”.

São memórias de um caçador, a seguir vai falar de búfalos, deixa-nos breves apontamentos sobre algumas espécies e aves e comunica-nos o maravilhamento da Lagoa de Cufada. Vale a pena fazer uma corrida apertada pelas suas observações. Sobre búfalos, diz-nos que é um animal de caça estupendo, devido à perseguição pelo rasto, sabe defender-se com habilidade, tem por vezes reações perigosas, na Guiné é a peça de caça número um, já não se pode contar nem com o elefante nem com o leão. Disserta sobre o que é mais apropriado na caça ao búfalo: 

“Sou partidário dos grandes calibres para os grandes animais. É certo que a bala de uma .303 pode matar com limpeza um búfalo. Em minha opinião deve usar-se um projétil mais valente, mais maciço, capaz de fazer face, com maior segurança, a todas as situações”

E prende-nos a atenção com uma caçada em Caur, perto de Empada. As suas descrições são amplas, sensoriais, preenchidas com muitos elementos da natureza. Está no rio Tombali e aproveita para descrever as rias, tem presente que o leitor comum precisa destes condimentos para entender aquela natureza luxuriante e diversificada. Passando para os antílopes, detalha as espécies, aí o leitor comum encolhe-se com tanto búbalo, sylvicapra e redunca, e gazela de lala. Nenhum caçador é indiferente aos símios e ele enumera-os: macacos verdes, macacos cães, macacos fulas, macacos pretos, macacos fidalgos, distingue-os. Por exemplo, os macacos cães são de temperamento muito conflituoso, envolvendo-se em constantes disputas e ficamos a saber que o leopardo é o seu tradicional inimigo. À data, o leão já era raríssimo na Guiné, não avistou nenhum.


Espraia-se em hipopótamos e crocodilos. Os primeiros estavam largamente espalhados pela Guiné, em quase todos os rios e lagoas, até nas Bijagós. Os crocodilos são conhecidos por lagartos. E fala como perito: 

“Qualquer projétil, mesmo com ponta de chumbo, os abate com facilidade; o que é indispensável, evidentemente, é estar bem colocado. A celebérrima carcaça de crocodilo, mais ou menos impermeável às balas, é uma lenda. Contra eles, uma carabina de calibre ligeiro, à volta dos 7 a 8 mm, grande tensão de trajetória, e provida de uma boa alça telescópica, é a minha ferramenta preferida. Refiro-me, como é evidente à caça de dia, porquanto de noite, caçados a farolim, são incrivelmente estúpidos. Até à arma branca se torna possível abatê-los”

Visivelmente contrafeito, fala das cobras, a cuspideira, a “surucucu”, as jiboias, a temível mamba, a bonita cobra verde da palmeira. E derrama-se, lânguido, sobre perdizes, galinhas, rolas, pombos, gansos, mas também recorda os pássaros e a sua plumagem. Deixa-nos páginas impressivas sobre a Lagoa de Cufada, o lugar que ele recorda com maior saudade, é um texto que por si só merecia ser reproduzido num documento sobre conservação da natureza. Por último, é citada a legislação da proteção das espécies, certamente escrito pelo punho de Sarmento Rodrigues, aqui fica um pequeno texto: 

“O verdadeiro caçador em África deverá ser ainda estoico e brioso, lutador e leal, duro e generoso. Terá vista de lince e músculos rijos e flexíveis; ouvidos, como diria Kipling, envolta tde toda a cabeça. Não matará os animais inofensivos com processos traiçoeiros. Bem lhe bastarão as suas armas, produto do engenho humano, para vitimar uma indefesa perdiz; deixe-lhe, ao menos, a possibilidade de empregar as suas asas e prove depois disso que é um destro atirador”.

Que livro belíssimo sobre os bichos da Guiné!
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Notas do editor

Vd. poste de 21 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15520: Notas de leitura (790): “Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15531: Notas de leitura (791): "A Rua Suspensa dos Olhos", de Ábio de Lápara (pseudónimo literário de José A. Paradela): reprodução do capítulo 7 com a descrição da viagem de seis meses, aos 17 anos, em 1954, aos bancos de pesca do bacalhau: Parte I

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15520: Notas de leitura (790): “Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Março de 2015:

Queridos amigos,
Há soberbos relatos de caçadas na Guiné, basta recordar João Augusto Silva, irmão de Artur Augusto Silva, este marido da Sr.ª D.ª Clara Schwarz. Mas esta obra de Júlio de Araújo Ferreira surpreende-nos a todos: aquela Guiné de finais de 1940 já não existia, literalmente já não existia, quando ali chegámos.
O caçador fala deslumbrado de Guileje e Madina do Boé, e nós perguntamos se foi mesmo assim, mas todo este relato é apaixonado, está cinzelado pelo permanente arrebatamento do caçador.
Uma obra que merecia ser reeditada, uma memória única, alguém que, 25 anos depois, em 1973, desvela os seus amores pelas terras, pelas gentes e pelos bichos.
Comove e dá que pensar.

Um abraço do
Mário


Bichos da Guiné, por Júlio de Araújo Ferreira (1)

Beja Santos

“Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973, permite uma leitura fascinante sobre o mundo cinegético guineense na segunda metade dos anos 1940, em localidades que nos deixarão estupefactos, este caçador calcorreou de Contabane a Madina do Boé, deliciou-se no Cantanhez e com Guileje, irá falar de elefantes, búfalos, antílopes, hipopótamos, de muitas aves, dissertará sobre a proteção das espécies e podemos ouvi-lo glorificar, extasiado, a Lagoa de Cufada.

Viveu na Guiné de 1945 a 1948 e diz abertamente que a matéria deste livro é apenas fruto da sua observação pessoal. O seu primeiro relato é a viagem que faz de Contabane ao Boé e Banjara. É um autor que não esconde o estilo caligráfico muito impressivo dos naturalistas, ei-lo a sair de Bolama a caminho do continente: “Nas águas estanhadas, apenas uma suave ondulação. Os remadores manobram com desenvoltura os remos toscos, talhados a catana. De tempos a tempos, para dar maior poder à remada, levantam-se por completo no banco que lhes fica em frente, onde apoiam os pés. Uma cantilena bárbara, anima-os e dá-lhes o ritmo. Verdadeiros bronzes; nos corpos nus, lustrosos de suor, os músculos desenham-se a cada movimento, com uma nitidez impressionante”. Durante a viagem regista a presença de melros, de rolas, perdizes, gazelas, porcos. O grande espetáculo são os macacos cães. Contabane, escreve, era uma simpática tabanca de Fulas. Descansa, pois tem duzentos quilómetros à frente até Pitche. Ficamos então a saber que é militar. Parte com o pisteiro, Bárcar Baldé, e o cozinheiro, um rapaz Balanta conhecido por “Um”. Fala das suas armas: um revólver "ponto" 357 Magnum, três carabinas e a inseparável caçadeira, uma velha Sarasqueta calibre 12. Pelo caminho, vai observando as manifestações da vida animal: Búfalos e búbalos, gazelas, vários antílopes. Demora-se a fotografar baga-baga. E chegam a Saala, precisam de comida e ele abate um “frintambá” (cabra de mato). E fala de uma operação curiosa: “A água da cacimba está bastante turva, leitosa. Findo o jantar experimento filtrá-la, fazendo-a passar através de umas ligeiras camadas de areia, que coloquei, alternadamente com outras de carvão da fogueira, dentro de uma lata de Ovomaltine, no fundo da qual abri alguns buracos. Consegui que a água saísse límpida, mas o nosso improvisado filtro deu pouco rendimento”. Mal amanhece, vão montear. Descobrem rastos frescos de um pequeno grupo de elefantes. Lá vão, pé ante pé, à procura de um búfalo. E temos o caçador a falar tecnicamente a sua caça, depois de o abater: “É um bonito bicho, um dos melhores exemplares que me foi dado ver na Guiné. Encontro 1,37 m de altura no garrote e 2,26 m de comprimento do focinho à raiz da cauda. Um olho perdido, em resultado de qualquer antiga refrega, que lhe produziu um extenso ferimento, já cicatrizado”.


Vai fazendo fotografias, enquanto o búfalo é retalhado, o “Um” prepara-lhe umas iscas estupendas. E partem para Madina Dongo, são 25 quilómetros mas parecem-lhe 100. Chegam ao Corubal, que ele acha um rio magnífico: “O Corubal começa a ser belo desde os rápidos de Cusselinta, a poucos quilómetros do Xitole. Daí para montante é um rio verdadeiramente encantador, de margens firmes, ornamentadas em grande parte por uma vegetação luxuriante, limpo, de águas claras, que se espraiam e demoram em tranquilos remansos”. Está extasiado com o rio, o pôr-do-sol parece-lhe um espetáculo feérico. As descrições sucedem-se umas às outras, o caçador vagabundo toma nota de todos os bichos que avista. Seguem de Gobige para Guileje e comenta: “A região continua a ser das mais bonitas que tenho percorrido na Guiné. Muito arborizada, com árvores de bom porte. De vez em quando, num ou noutro vale, um grupo de palmeiras. Lalas e campadas, estão semeadas, em profusão, de cogumelos de baga-baga”. E sente-se deslumbrado com as encostas do Boé. Fala de Guileje: “Impressionou-me, logo à chegada, muito favoravelmente. Uma pitoresca tabanca, melhor e mais cuidada que qualquer das anteriores, encaixilhada entre pequenas ondulações, muito verdejante e animada por passarada vária. A maior quantidade de aves aqui reunida, deve-se à existência de lavras e à própria tabanca”. Fica acordado que irão montear no dia seguinte para os lados do Corubal. Comida nunca falta, tiro aqui tiro acolá caem umas perdizes abatem-se porcos. E chegam a Madina de Boé: “O régulo, Mamadú Alfá Djaló, recebeu-nos principescamente. Na sala, um grande retrato do governador Sarmento Rodrigues com dedicatória, o governador dormira aqui em 17 de Junho de 1947”. Refere o comércio entre o Boé e Gabu Sara (Nova Lamego). Vivem muitos Fulas em Madina: Futa-Fulas Forros, Futa-Fulas Pretos, sobretudo. O caçador conversa com o régulo: “Falámos de um importante melhoramento já ordenado pelo governador: a construção de uma estrada ligando Madina do Boé a Contabane, cujo traçado deveria seguir, sem grandes alterações o itinerário que acabámos de percorrer. Escusado será enaltecer os benefícios de tal obra, permitindo prestar assistência, de vária ordem, a mais uma série de povos, encurtando consideravelmente as ligações de Madina com o mar, com Cacine, Catió, Xitole, Bolama”.


Vão visitar a Lagoa de Tchiamu, grande, com bastante água, mas inferior à de Cufada, há para ali pratos de várias famílias, gansos e frangos de água, e muitos mais, Tchiamu é um verdadeiro santuário de passarada. Nisto, rebenta uma chuvada africana: “A tempestade avançava a passos agigantados, e o céu, cada vez mais negro, revestira-se de um aspeto sinistro, medonho. E nós, míseros mortais, quase correndo, envolvidos por uma luz estranha, que parecia anunciar o fim do mundo”. Conseguem chegar à tabanca quando o céu despeja toda a água, os relâmpagos eram contínuos. E depois a chuva cessou por completo. Na manhã seguinte deixam o Boé a caminho de Gabu Saara, povoação que o autor não apreciou. A viagem segue até Bafatá, daqui passeia-se até Dando e Contuboel. Minuciosamente, regista rolas, pica-peixes, tudo quanto anda pelas árvores e pelos solos. E assim chegam a Banjara, vai à caça e abate dois hipopótamos. Chegou a hora do regresso, encaminham-se para o Xitole, depois Bambadinca, cambança do Corubal no Xitole, e depois de Buba até S. João, com uma curta paragem em Fulacunda. Faz referência a dois grandes passarões negros, os “calaos”, pássaros tristes e sombrios. Sente-se feliz e contente, traz um braçado de magníficas recordações para desbobinar nas horas chochas da velhice e dos reumatismos.


E para surpresa do leitor, naquele tempo havia mesmo elefantes na Guiné, como veremos mais adiante.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15503: Notas de leitura (789): “Esculturas e objetos decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar”, Edição da Junta de Investigações do Ultramar, 1971 (Mário Beja Santos)

sábado, 10 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13124: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte V: (i) A praxe (a história de uma partida a um alferes pira e que envolve também o cap inf Vasco Lourenço); e (ii) a cabra do mato que chorava (Fernando Pires, ex-fur mil at inf)


Capa da brochura "Histórias da CCAÇ 2533"



1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte V (Fur mil at inf, 3º pelotão, Fernando Pires)


[Imagem à esquerda: guião da CCAÇ 2533, cortesia de Carlos Coutinho, cuja coleção de guiões nos foi facultado pelo nosso camarada António Pires, do portal Ultramar Terraweb]


Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo 1º ex-cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). Esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos digitalizada através do Luís Nascimento (que também nos facultou um exemplar em papel e que, até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande). Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em  Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras, cuja história já aqui foi publicada pelo nosso camarada e amigo Carlos Silva, carinhosamente tratado por "régulo de Farim".

 Começamos hoje a publicar a colaboração do fur mil at inf Fernando J. do Nascimento Pires, que pertenceu ao 3º pelotão,  São duas pequenas histórias: (i) a praxe (pp. 27/28); e (ii) a cabra de mato (p. 29). 

Aproveito para, em troca da sua colaboração, convidar o Fernando Piers para se juntar à nossa Tabanca Grande. Só precisamos de 2 fotos dele, uma atual e outra do tempo da tropa... O convite é extensivo aos restantes autores, que iremos publicando. (LG)










Cortesia de Fernando Pires (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71), e dos seus camaradas Joaquim Lessa e do Luís Nascimento


(Continua)
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12652: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (18): "A caça no império português", de Henrique Galvão e outros (1943) (Miguel Alves P. Joaquim / Mário Beja Santos)


Congo ex-Belga > c. 1920 > "Troféus de caça".. ou uma certa visão europocêntrica de África. Fotos de Victor Jacobs (digitalizadas e editadas por LG.). 
Fonte: Louis Franck - Le Congo Belge, Tome I. Bruxelles: La Renaissance du Livre. 1928. p. 152... (Exemplar, raro, gentilmente disponibilizado pelo meu amigo e vizinho de Alfragide, Eng. Agrº Francisco Freitas, nascido no antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo..  (L.G.).

1. Mensagem do nosso leitor Miguel Alves Pereira Joaquim

Data: 3 de Janeiro de 2014 às 02:19
Assunto: Fascículo, citado no blogue, de "A caça no Império Português"


Ex.mos Senhores

.Os meus cumprimentos.
Tendo eu uma coleção incompleta dos fascículos da obra "A caça no Imperio Português", apenas me faltando a fascículo nº 18 e tendo lido no vosso blogue que encontraram um fascículo avulso na feira da ladra, decorria o ano de 2012, venho solicitar-lhes se me poderiam facultar alguma informação mais detalhada sobre o localização/vendedor onde se encontrava esse achado, na esperança de me ser possível indagar se o mesmo terá porventura o fascículo em falta.

Muito lhes ficaria agradecido por qualquer informação sobre o assunto.

Melhores cumprimentos

Miguel Alves Pereira Joaquim




Guiné Portuguesa > c. 1940 > Fauna: distribuição das principais espécies: elefante, leão, búfalo, chimpanzé (Fonte: Galvão et al, 1943).
2. Resposta, com data de 27 do corrente, do nosso colaborador Mário Beja Santos que fez a recensão ao citado livro ("A Caça no Império Português") (*), e a quem solicitámos a gentileza de responder ao nosso leitor:
Prezado Sr. Miguel Joaquim, Lamento só hoje responder-lhe. A compra que fiz de um fascículo desta obra, e sobre a qual falei da caça na Guiné, foi um bambúrrio da sorte, havia naquela ocasião um punhado de fascículos, interessou-me a caça da Guiné e comprei-o.

Como frequento muitos alfarrabistas, e na presunção de que vive em Lisboa ou perto, recordo-lhe que muitos deles têm sites e são passiveis de ser contactados, não se esqueça que quem procura acaba por achar. 

Cordiais cumprimentos, Mário Beja Santos. (**)

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Notas do editor:

(*) 20 de julho de 2012> Guiné 63/74 - P10174: Notas de leitura (382): A Caça no Império Português, de Henrique Galvão, Freitas Cruz e António Montês (Mário Beja Santos)

(...) “A Caça no Império Português” da autoria de Henrique Galvão, Freitas Cruz e António Montês, foi editada pelo jornal “O Primeiro de Janeiro”, em 1943 e depois editado em dois volumes, com uma belíssima apresentação. Os bibliófilos disputam a obra que se vende por importâncias que se aproximam dos 500 euros, dada a sua raridade. O fascículo nº 6 está sobretudo centrado na Guiné portuguesa. 


Para os autores, a Guiné de então não podia ser apontada ainda como um paraíso de caçadores, mas as espécies cinegéticas interessantes são dignas de ser tomadas em atenção: antílopes, búfalos, leopardos, símios e hienas, hipopótamos, jacarés… Sendo das colónias menos estudadas por naturalistas, avançam os autores, dão, sob todas as reservas, a classificação científica dos animais que constituem a lista de espécies cinegéticas da Guiné. Queixam-se que falta uma lei de caça para a colónia e por isso estão desaparecendo ou escasseando algumas espécies cinegéticas. 

Começando pelos grandes mamíferos, informam que o elefante é raro na Guiné e põem mesmo em dúvida se existe. O seu habitat situar-se-ia nas margens do Corubal e poderia ter ido até Buba e Fulacunda. Quanto ao hipopótamo ou cavalo-marinho reconhecia-se ser muito abundante na colónia.

Quanto aos bovinos referem o búfalo, abundante em S. Domingos e Susana e entre S. Domingos e Barro; no Leste, na região do Boé, em Quinara, em Fulacunda, em Enxalé e Xitole e no Sul em Cacine e na região de Tomabali.

O leão era já dado como raro embora houvesse relatos da sua existência em Xitole e Farim. O leopardo (impropriamente designado por onça e pantera), só era conhecido através de uma espécie. Os autores falam também na hiena, no mabeco, cão do mato e chacal.
Passando para os pequenos carnívoros põem em dúvida a existência do lince africano e dizem existir por toda a colónia o gato bravo e o gato tigre. Consideram que proliferam os manguços ou genetas, as lontras e algumas espécies de doninhas. No que toca aos grandes antílopes, põem reservas sobre a sua existência na Guiné e escrevem mesmo: “A existir, como alguns caçadores asseguram, é muito raro.  Apareceria, ocasionalmente, na região do alto Geba e nas nascentes do Cacheu”. 

Boca branca é o nome que na Guiné se dá à palanca de Angola e afirmam estar espalhada no interior tal como o Bubal. Quanto a médios e pequenos antílopes registam a gazela de lala, o sim-sim, a gazela pintada, as cabras e cabritos de mato e põem em dúvida a existência do cabrito aquático. Escrevem que os javalis se encontram nas grandes florestas e elencam vários tipos de macacos: galago do Senegal, chimpanzé, macaco fidalgo, macaco sera, macaco verde, macaco de nariz branco, macaco fula e macaco cão. No que toca a outros mamíferos dão com existência comprovada o porco-espinho, a lebre ou porcos formigueiros. (...)


(**) Último poste da série > 31 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12528: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (17): Doença do sono: investigação sobre conhecimentos, atitudes e comportamentos (Luís Costa, Universidade de Coimbra)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6988: O nosso blogue em números (6): 2 milhões de visualizações (26% a partir do estrangeiro), c. 2800 visualizações por dia, c. 450 membros, c. 7000 postes, c. 35 comentários diários... Um pequeno ronco!



Congo ex-Belga > Anos 20 > "Troféus de caça".. ou uma certa  visão europocêntrica de África. Fotos de Victor Jacobs (digitalizadas e editadas por LG.). Fonte: Louis Franck - Le Congo Belge, Tome I.  Bruxelles: La Renaissance du  Livre.  1928. p. 152...  (Exemplar, raro,  gentilmente disponibilizado pelo meu amigo e vizinho de Alfragide, Eng. Agrº Francisco Freitas, nascido no antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo.. Claro que qualquer semelhança entre o conteúdo deste poste e estas ilustrações é pura coincidência... Estamos a falar de "roncos" diferentes... Os do bogue são os da amizade, fraternidade, camaradagem e solidariedade) (L.G.).


1. Texto do editor L.G.:

Amigos e camaradas:

Devemos atingir hoje a cifra (algo mágica…) dos 2 milhões de páginas visitadas (ou visualizações), o quer dizer 700 mil desde o início do ano, uma média de 85 mil por mês / 2800 por dia (75 mil por mês / 2500 por dia de Janeiro a Abril de 2010) (*).

É de referir que a evolução deste indicador tem sido favorável, com um crescimento sustentado ao longo do tempo: partimos das 22,5 mil visitas... em finais de Maio de 2006 (fim da I Série, e abertura do actual blogue, ou II Série), para atingir as 400 mil em Outubro de 2007, as 800 mil em Outubro de 2008, o milhão em Fevereiro de 2009, o 1,4 milhões em Dezembro de 2009 e os 1,7 milhões em Maio de 2010, quando pusemos o contador Bravenet.

Recorde-se que em 23 de Abril passado, perfizemos seis anos o que na blogosfera já é uma vetusta idade.

No final da I Série, em Maio de 2006, o número de tertulianos (como então designávamos os membros da nossa Tabanca Grande, antes, Tertúlia, termo porventura um pouco pretensioso...) era cerca de 110.  Em final de 2009, éramos 390, em Maio andávamos pelos 410 e hoje estamos a caminhos dos 450.

É possível alcançar, no fim do ano, a meta (ambicionada) do meio milhar de membros...

O ano transacto foi o mais produtivo em número de postes publicados: cerca de 1900, mais 600 do que em relação ao ano anterior (2008). Mas este ano já atingimos 1400, o que dá em média 180 por mês / 6 por dia (ligeiramente mais baixa nos meses de Julho e de Agosto, coincidindo com as férias de verão). É, portanto, previsível que cheguemos aos 2000/2100 no final do ano…

Quanto aos comentários, tenho que os contar manualmente, o que é uma maçada: de qualquer modo, a avaliar pelas duas primeiras semanas de Setembro, estamos com uma média diária  de 35 a 40. Mantém-se, portanto, e de maneira sustentada, o bom nível de participação dos nossos leitores (além da qualidade, originalidade, criatividade e pertinência  de muitas intervenções). Se bem que muitos camaradas pudéssem e devessem escrever comentários (um forma, afinal, fácil, directa, expedita, de participar na vida do blogue).

Outras estatísticas possam a estar disponíveis para divulgação quer do nosso contador Bravenet (a partir de Maio de 2010) quer do próprio Blogger (a partir de Julho de 2010). Por exemplo, de acordo com uma amostra destes dois últimos meses e picos (Julho, Agosto e Setembro, que são, aliás, atípicos) (n=170 mil visualizações), apurámos o seguinte (fonte: Blogger):

(i) Por navegador, o Internet Explorer, com 74% das visualizações, destaca-se de todos os demais:

(ii) O sistema operativo mais usado (96%) é... o Windows;

(iii)  Cerca de 74% das visualizações são oriundas de Portugal, seguido do Brasil (14%) e dos Estados Unidos (3%)... Até na Lapónia somos vistos!

Das estatísticas produzidas por Bravenet (o nosso contador a partir de 9 de Maio de 2010), há algumas curiosidades a assinalar:

(i) Os dias de semana de maior tráfego (ou seja, com mais visitantes e visualizações) é a 2ª e a 3ª feira (com cerca de 32,4% do total), em contraste com o sábado e o domingo, que são os piores dias (25%  do total);

(ii) As horas do dia mais movimentadas são as que se seguem ao almoço: das 14h às 16h o blogue recebe 16.5% dos seus visitantes diários; em contrapartida, as horas mais fracas, são as depois do jantar, das 21h à 24h (cerca de 1,9% do total do dia) (o que sugere que porventura somos mais vistos nos locais de trabalho do que em casa);

(iii) 95% dos visitantes visualizam mais do que uma vez, por dia, o blogue.

Mais uma vez, quero expressar aqui os meus votos de parabéns e de agradecimento a todos que fazem todos os dias o blogue, a começar pelos meus queridos, magníficos, dedicados e competentes co-editores (Carlos Vinhal, Eduardo Magalhães Rodrigues e Virgínio Briote), sem esquecer colaboradores permanentes como o Miguel Pessoa e o José Martins e o nosso cartógrafo-mor que tem direito a honrarias vitalícias: o Humberto Reis...

Devo mencionar ainda os nomes dos camaradas Hélder Sousa, Joaquim Mexias Alves e José Manuel Matos Dinis que, juntamente com os editores, o Miguel Pessoa e o José Martins, constituem uma espécie de embrião de conselho editorial ainda não formalizado, e a quem são  enviados automaticamente, por correio electrónico, todos os comentários publicados no nosso blogue. Todos eles, muitas vezes na sombra, têm sido importantes conselheiros, ajudando-nos a levar a bom porto este barco (cuja navegação nem sempre é fácil e que tem falta de pessoal na sua equipagem)...

Muito obrigado aos novos e velhos membros da Tabanca Grande,  independentemente dos sinais de vida que dão (uns, e outros não)... Obrigado aos que escrevem, comentam, mandam fotos e outros documentos... Obrigado aos que nos lêem e comentam (uns, e outros não...).  Obrigado aos que nos divulgam. Obrigado aos que, mesmo sem darem a cara, têm um carinho especial ou um apreço, maior ou menor, por este blogue...

Um pensamento de saudade vai também para os camaradas, membros da nossa Tabanca Grande, que travaram este ano o seu último combate e que da lei da morte se libertaram: o Humberto Duarte, o Joaquim Cardoso Veríssimo e o Victor Condeço.

Esperemos poder continuar por aqui, eu e todos vocês, mais os periquitos que hão-de chegar ao longo deste ano (até aos 500, pelo menos!) , enquanto nos aprouver e nos sentirmos bem, úteis, activos, confortáveis, produtivos, saudáveis, vivos, entre amigos e camaradas da Guiné, entre portugueses, guineenses e outros homens (e mulheres) de boa vontade, novos e velhos, de diferentes gerações e de todas as cores do arco-íris...

Até lá, renovo o meu pedido de Maio passado (*): precisamos de recrutar novos editores, para já mais um, de preferência um membro  sénior da nossa Tabanca Grande, para substituir o Virgínio Briote (que já me manifestou, por diversas vezes, o seu desejo de entrar na idade de oiro, depois de feitas as pazes com a guerra e com a Guiné...). Em suma, mais voluntários, precisam-se para dar continuidade àquela que já é a maior comunidade virtual de veteranos de guerra (ou melhor, de ex-combatentes de uma guerra, de um TO específico)... Seguramente, a da Guiné (1963/74).  

É altura, entretanto, de chegarem até nós, a pretexto destes números, e dos nossos altos e baixos, misérias e grandezas, euforias e depressões, as vossas opiniões, sugestões, críticas e comentários sobre o que foi, é e deverá ser o nosso blogue... O próximo a ser publicado é um poste do Belarmino Sardinha, que face ao actual panorama do blogue, vem dizer-nos  que se quer remeter ao silêncio por uns tempos... Por nós, iremos continuar... Afinal, ainda estamos a meio da guerra: seis anos e meio...

Mantenhas a todo o pessoal da Tabanca Grande. Aqui fica um chicoração a todos/as os/as amigos/as e camaradas da Guiné. Sem distinção...

Luís Graça

PS - O Belarmino acaba de me pedir para não publicar o citado texto, por perda de oportunidade editorial. Assim o farei. Mas falarei com ele, e com muito gosto,  sobre alguns aspectos de organização e funcionamento do blogue, apreciados por ele, e  que nos ajudarão a sermos ainda muito melhores... Hoje, é também um bom pretexto para os nossos amigos e camaradas nos mandarem, para a caixa de reclamações, queixas por textos e outros materiais eventualmente não publicados até agora, sem aparente justificação dos editores... Nos casos em que isso possa acontecer, resultará eventualmente de "falha humana e/ou técnica", as duas razões do mundo a que a gente recorre para explicar o inexplicável sempre que há um "acidente"... E aí sou a "dar a mão à palmatória": sei  que temos, por exemplo,  de melhorar a gestão das nossas caixas de correio... LG

Estatísticas do Blogue > Descrição geral (movimento desde 1 Julho de 2010 até ontem)



Visualizações de páginas de hoje (dia 14, ao fim da tarde)
1 826
Visualizações de página de ontem (dia 13)
2 666
Visualizações de páginas  do mês de Setembro (até hoje)
31 228
Visualizações de páginas  do mês de Agosto
66 253

Visualizações de páginas por navegador

Visualizações de páginas por país (de 1 de Julho a 14 de Setembro)

Portugal
123 161
Brasil
23 495
Estados Unidos
4 655
França
2 158
Dinamarca
1 442
Alemanha
1 380
Canadá
1 012
Espanha
989
Suécia
704
Reino Unido
548


Fonte de tráfego (de 1 de Julho a 14 de Setembro de 2010) > Sites de referência

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