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domingo, 27 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9104: Agenda cultural (172): Fado, Património Cultural Imaterial da Humanidade





III Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine > Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > 17 de Maio de 2008 >    Fado da Guiné > Vídeo: 2 m e 19 s > Alojado no You Tube > Nhabijoes > Letra do Joaquim Mexias Alves. Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera) (com a devida vénia). Acompanhamento: J. L. Vacas de Carvalho e David Guimarães (violas). Julgo que foi a estreia absoluta mundial deste fado... As condições de execução e gravação não foram seguramente as melhores, mas o que conta(va) é(era) a atitude dos nossos artistas... (LG)

Vídeo: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.





1. No dia em que foi aprovada a candidatura portuguesa do Fado à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, a nossa Tabanca Grande (onde há muita gente, amigos e camaradas da Guiné,  que gosta do Fado, que o escreve, que o sente, que o canta, que o toca e até que o estuda), associamo-nos, com regozijo, a essa grande honra mas também grande responsabilidade que nos é conferida pela UNESCO... E a melhor maneira é relembrar (e divulgar, mais uma vez) aqui o Fado da Guiné, criado e interpretado pelo nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (*)... Mas também apelar à preservação e divulgação de letras de fado e outras canções que, de Bissau a Bajocunda, de Varela a Madina do Boé, se cantavam nos nossos aquartelamentos e destacamentos...


Sobre Fado e Fado da Guiné, temos já cerca de duas dezenas referências no nosso blogue, referentes nomeadamente a recolhas de letras de fados que eram  cantados no nosso tempo, no TO da Guiné (**)... Um dos primeiro postes do nosso blogue, I Série (em 11 de Maio de 2004), foi de resto dedicado ao famoso Cancioneiro do Niassa onde há diversas adaptações de fados conhecidos...

Como então escrevi, vários poetas e versejadores, de maior ou menor talento, pertencentes aos três ramos das forças armadas, contribuiram anonimamente, na região do Niassa, no TO de Moçambique,  para aquilo a que depois se veio a chamar o Cancioneiro do Niassa, e que passaram na então Rádio Metangula (em 1968/69).  As letras eram acompanhadas por melodias em voga na época, incluindo tangos, baladas e fados, tradicionais ou não, ainda hoje facilmente reconhecíveis (por ex., A Casa da Marquinhas, de Alfredo Marceneiro, ou a Júlia Florista, da Amália).

O seu interesse não é apenas literário mas também  documental, socioantropológico... Temos procurado também, no nosso blogue, (re)construir o Cancioneiro da Guiné, de que este fado do Joaquim Mexias é já uma peça emblemática. (LG)
Fado da Guiné


Letra (original): © Joaquim Mexia Alves (2007)
Música: Pedro Rodrigues (Fado Primavera)

Lembras-te bem daquele dia
Enquanto o barco partia
E tu morrias no cais.

Braço dado com a morte,
Enfrentavas tua sorte,
Abafando os teus ais.
(bis)

Dobrado o Bojador,
Ficou para trás o amor
Que então em ti vivia.

Da vida tens outra margem
Onde o medo é coragem
E a noite se quer dia.
(bis)

Aqui estás mais uma vez,
Forte, leal, português,
Sempre de cabeça erguida.

Não te deixas esquecer,
Nem aos que viste morrer
Nessa guerra em tempos ida.
(bis)

Que o suor do teu valor
Que vai abafando a dor
Que te faz manter de pé,

Seja massa e fermento
Desse nobre sentimento
Que nutres pela Guiné.
(bis)

Joaquim Mexia Alves
Monte Real,

18 de Agosto de 2007
 ________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de de 15 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2179: Fado da Guiné (letra original de Joaquim Mexia Alves) 



(**) Último poste da série > 26 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9098: Agenda Cultural (171): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (9): Rescaldo da sessão do dia 23 de Novembro de 2011 (Carlos Cordeiro)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)

Mensagem de Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 21 de Março de 2011:

Boa Tarde Carlos Vinhal

Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.

Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.

Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.

Um grande Abraço,
Albino Silva.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


AI GUINÉ, GUINÉ (1)

Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...

Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...

Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...

Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...

Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples,  convivia,
não era mal educado...

Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...

E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...

Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...

Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...

Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...

Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...

Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,    
Pecixe e Caravela...

Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...

Oh Guiné,  tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...

Oh Bissau,  és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...

Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...

Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...

N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...

(Continua)

Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.

____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7770: Tabanca Grande (267): Os 4 magníficos da CART 1690: Alfredo Reis, António Moreira, Domingos Maçarico e A. Marques Lopes


Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro magníficos da CART 1690, todos eles alferes milicianos... Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o António Marques Lopes, à direita. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira já há muito que deviam figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande, a partir do histórico A. Marques Lopes e do Domingos Maçarico... Esse lapso já foi corrigido, fazendo-se justiça... Comos quatro agora juntos, a CART 1690 faz o pleno em matéria de alferes milicianos... (LG)


Foto: © A. Marques Lopes (2007). Todos os direitos reservados.


1. Volta aqui a reeproduzir-se a mensagem, de Janeiro de 2008,  do nosso querido camarigo  A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1967/69) (*): 


Caros camaradas:

Tenho-vos falado muitas vezes da CART 1690, sobre a qual há alguns postes no blogue da Tabanca Grande. Já fiz também referência aos alferes que por ela passaram. Mas quero, agora, falar-vos mais em pormenor destes gloriosos alferes, que é como nós próprios nos designamos, porque a nossa glória é continuarmos juntos. É bom que os conheçam pessoalmente. Aqui estão eles, num jantar do Natal de 2007, em Lisboa:

(i) O Domingos Maçarico (ainda um parente afastado do Luís Graça...), nascido na Praia de Mira, é engenheiro agrónomo e membro da Administração do Grupo Espírito Santo;

(ii) o Alfredo Reis, de Santarém, é veterinário e está reformado (embora pratique ainda);

(iii) o António Moreira, de Idanha-a-Nova, é advogado em Torres Vedras e [fez parte, no triénio de 2008/2010] do Conselho Geral da Ordem dos Advogados;

(iv) o A. Marques Lopes é, como sabem, coronel reformado [, fazendo parte dos primeiros cinco primeiros membros da nossa tertúlia, hoje Tabanca Grande: eu, o Sousa de Castro, o Humberto Reis, o A. Marques Lopes e o David Guimarães, por esta ordem cronológica]...

Como todos, também temos a nossa história.

Jovens e estudantes - o Domingos Maçarico no, então, Instituto de Agronomia de Lisboa (conheceu lá o Pepito), o Alfredo Reis no Instituto de Veterinária de Lisboa, também assim chamado então, o António Moreira na Faculdade de Direito de Lisboa e o A. Marques Lopes na Faculdade de Letras de Lisboa - fomos apanhados para frequentar, em Janeiro de 1966, o Curso de Oficiais Milicianos,  em Mafra.

De lá saímos, em Julho desse ano, como Atiradores de Infantaria. Andanças por vários lados, a seguir (Lamego, Amadora...), e tornámos a encontrar-nos no RALIS (Regimento de Artilharia de Lisboa), que nos mobilizou para a Guiné, a 4 de Dezembro de 1966.

De 6 de Dezembro deste ano a 23 de Fevereiro de 1967 estivemos no GAGA2 (Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 2) a dar a especialidade aos soldados da que foi designada CART 1690, e que foram connosco para a Guiné.

Passámos, depois, pelo RAC (Regimento de Artilharia de Costa) de Oeiras, Carregueira, IAO... e embarcámos em 8 de Abril. Mas, antes, grandes patuscadas e farras tivemos juntos nos bares e baiúcas de Lisboa, acompanhados pelo capitão da companhia, o Guimarães [morto aos 29 na estrada de Geba-Banjara ...] Nessa fase cimentou-se a nossa amizade.

Desembarcados do Ana Mafalda  para LDG, começou a Guiné, rio Geba acima. E ficámos em Geba. Eu fiquei na sede da companhia, às ordens do capitão e do Comando do Agrupamento. Eles foram distribuídos pelos destacamentos, por onde também passei, mas por pouco tempo. Já há coisas no blogue sobre Geba.

Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa. O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968.

O Maçarico não voltou à Guiné. Eu voltei em Maio de 1968, mas fui colocado na CCAÇ 3, em Barro.

Depois da minha evacuação para o HMP, fui substituído na companhia pelo alferes Fernando da Costa Fernandes, que foi dado como desaparecido em campanha em 19 de Dezembro de 1967, durante a operação Invisível em Sinchã Jobel: O alferes Fernandes foi, depois, substituído pelo alferes Carlos Alberto Trindade Peixoto, que foi morto em 8 de Setembro de 1968, durante um ataque ao destacamento de Sare Banda.

O Domingos Maçarico, depois de evacuado, foi substituído pelo alferes Orlando Joé Ribeiro Lourenço. Este voltou à metrópole são e salvo, mas nunca alinhou, nem nos encontros da companhia.

Somos nós os quatro, os sobreviventes, como também dizemos, que nos mantemos unidos entre nós e com os elementos da companhia. Com alguns intervalos, e eu explico a seguir.

Entre 1969 e 1974, os meus amigos e camaradas que estão comigo na fotografia, dedicaram-se a acabar os seus cursos e, depois, à vida pofissional, mantendo, embora, contactos entre si. Mas eu estive afastado deles durante esses anos, pois decidi afastar-me de qualquer actividade normal e pública, não os podendo contactar (é outra história que não cabe aqui).

A seguir ao 25 de Abril, foi o Maçarico que esteve afastado, pois acompanhou a família Espírito Santo quando eles foram para o Brasil. E, nesses primeiros anos após a revolução, também eu andei afastado, devido ao meu empenhamento nessa fase.

Mas, passado tudo isso, há cerca de trinta anos que estes quatro ex-alferes, camaradas e amigos na Guiné, e antes dela, se encontram pelo menos quatro vezes por ano, além dos encontros da companhia. Temos ideias muito diferentes sobre certas coisas, cada um disparando, agora, para seu lado, mas a amizade cimentada na juventude e na guerra mantém-se e está acima de tudo.

Queria dizer-vos isto, porque penso que, no nosso blogue, deve-nos unir o que vivemos e passámos, e vão a amizade e a compreensão.

Abraço

A. Marques Lopes




Letra da canção vencedora do Festival da Canção RTP, em 1967, interpretada por Eduardo Nascimento... Na CART 1690  (Geba, 1967/69),  tão duramente castigada pela guerra, cultivava-se a irreverência e o humor negro... Este documento, que me foi enviado, pelo A. Marques Lopes, é um bom exemplo do humor de caserna...

Fonte: © A. Marques Lopes (2007). Todos os direitos reservados.


2. Comentário de L.G.:

Meu caro António: Preciso dos endereços de e-mail dos nossos novos camarigos... A actualização da  lista de membros da nossa Tabanca Grande, com a inclusão dos seus nomes, é um acto de justiça que peca por tardia... Mas quero que todos saibam quanto eu aprecio este exemplo, raro, de 4 amigos que se transformaram em camarigos e que continuam a juntar-se, todos os anos, tendo a Guiné como traço de união, e cuja camarigagem resiste aos altos e baixos da vida e supera as naturais divergências de opinião,  político-ideológicas ou outras, que possam existir (e existem) entre eles... Um Alfa Bravo do tamanho do Rio Geba para vocês quatro.
 ___________________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2424: Álbum das Glórias (37): Os alferes da CART 1690 ou uma estória de amizade e camaradagem a toda a prova (A. Marques Lopes)


Último poste da série > 9 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7747: Tabanca Grande (266): Nuno Dempster, autor do poema K3, agora publicado em livro, ex-Fur Mil SAM, CCAÇ 1792 (Saliquinhedim/K3, Mampatá, Colibuía e Aldeia Formosa, 1967/69)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5557: Cancioneiro do Xime (2): Sangue, suor e lágrimas (Manuel Moreira)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xime > 1969 ou 1970 >  Im histórico do nosso blogue, o ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71, junto a um dos três Obuses 105 mm, de fabrico Krupp (eu próprio identifiquei a chapa com a marca de fabrico), que defendiam o aquartelamento do Xime (CART 2715, 1970/72).

Era uma arma da  II Guerra Mundial. O seu alcance, médio, não lhe permitia defender o destacamento da Ponta do Inglês, junto à Foz do Corubal.   Este destacamento, guarnecido por um Grupo de Combate da CART 1746, a que pertencia o Manuel Moreira (mas também o Gilberto Madail, figura pública, ligada ao mundo do futebol), foi abandonado pelas NT em finais de 1968. O Manuel Moreira,  que é membro da nossa Tabanca Grande, bem poderia contar-nos como foram os últimos tempos passados na Ponta do Inglês.  A CART 1746 esteve  em Bissorã  (Região do Oio), de Julho de 1967 a Janeiro de 1968,  e o resto do tempo, Junho de 1969, no Xime (Zona Leste) (*).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados



1. Letra que nos foi enviada pelo nosso camarada Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


Sangue, Suor e Lágrimas
por Manuel Vieira Moreira



1
Muitas noites tenho passado,
Na Guerra bem acordado,
Por não conseguir dormir.
Com os olhos sempre alerta,
Pois é sempre pela certa
Que os Turras cá possam vir. (Bis)

2
Certa noite fui acordado
E por estrondos alarmado,
Às duas da madrugada.
Mas rapidez é comigo,
Corri logo a um abrigo
P'ra responder de rajada. (Bis)

3
A nossa bela Nação
Defendo-a do coração,
Estas são as minhas dádivas.
Misturadas com a dor,
Lágrimas, Sangue e Suor,
Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)(Final)

Do Fado: Saudade, Silêncio e Sombra
Xime, 20 de Dezembro de 1968

______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5518: Cancioneiro da CCP 122 / BCP 12 (1972/74) , a Gloriosa (Pedro Castanheiro)

1. Mensagem de Pedro Castanheira , 39 anos, ex-pára-quedista (*)

Assunto - Este blogue é uma lição de vida

Sr. Luis graça

Agradeço-lhe desde já a oportunidade de aparecer no vosso blogue, fiquei feliz da vida. Fiquei muito honrado, com o convite para contar uma hist´´oria acerca da minha missão na ex-Jugoslávia. Não me leve a mal, mas não quero desviar o tema central deste blogue.

A minha missão foi levada a cabo noutros moldes, embora parecida em certos aspectos (sofrimento das populações arrastadas pela guerra, e muitas situações de sofrimento humano). O meu batalhão de pára-quedistas foi o primeiro a entrar no território, após o fim "oficial" da guerra, fizemos o que foi preciso fazer e penso que cumprimos a nossa missão.

Mas peço-lhe, a si e aos seus cúmplices bloguistas, que me deixe fazer umas incursões, no vossa tabanca, visto que, tirando o nosso cabo Victor Tavares, os nossos páras, não são dados à escrita. Isto claro, com a sua supervisão, é sempre complicado escrever sobre uma situação que não se viveu. E com a sua autorização, e claro, dos páras velhinhos. Um grande abraço

Pedro Castanheira


Anexo - Letra da marcha da CCP 122 / BCP12, 1972/74

Marcha da companhia de paraquedistas nº122 (gloriosa, BCP 12-Guiné, 1972-74) (**)
Refrão
Gloriosa! Gloriosa!
Por toda a parte se reparte a tua fama!
Do Morés à Coboiana,
Do Unal até ao Sara,
A tua glória é clara,
Gloriosa! Gloriosa!

Eis da Companhia «Os Rapinantes»
Soberbos, corajosos, triunfantes!
Aves viris de voos altaneiros,
Senhores da guerra mais que o próprio Marte,
Gritando a toda a gente, em toda a parte,
Nós somos, não duvidem, os primeiros!

«Os Tigres», como diz o próprio nome,
Da carne de inimigos têm fome!
Por tal razão, escutem o aviso:
Por inimigos não os tenha aquele
Que muito ame a sua própria pele,
Pois quem lhes foge é porque tem juízo.

Unidos, marciais, disciplinados,
«Os Rangers» são por todos apontados
Como leais à causa e combatentes,
Sem rival cà nas terras da Guiné,
Onde há perigo eles são, por sua fé,
Os primeiros de todos os presentes.

Sofre o inimigo os maiores danos,
Se encontra pela frente «Os Americanos»
Tudo combatem à sua passagem!
São como bombas ou teleguiados,
Computadores para guerra programados,
Tendo por lema a força e a coragem.

(marcha escrita por 1º srgt pára-quedista, Vasco Abílio Ferreira da Silva Gama, falecido em 1974)

2. Comentário de L.G.:

È verdade, faltam-nos depoimentos, na primeira pessoa do singular, dos nossos pára-quedistas do BCP 12. A única verdadeira excepção é o Victor Tavares, que foi o primrio a ingressar na nossa Tabanca Grande, por mão do seu vizinho e amigo Paulo Santiago. De qualquer modo, Pedro Castanheiro, obrigado pelo envio da letra da marcha da CCP 122. Tens ideia de que quando e onde foi escrita ? Está à vontade para nos visitar e, semre que oportuno, nos trazeres mais informações sobre o BCP 12. Bom Natal para ti. 400 abraços da Tabanca Grande.
________________

Notas de L.G.

(**) A CCP 122 / BCP 12 pertenceu o nosso camarada Manuel Peredo, que hoje vive no estrangeiro:

27 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3095: Tabanca Grande (81): Manuel Peredo, Fur Mil Pára-quedista, CCP122/BCP 12 (Guiné, 1972/74)

12 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2933: Com os páras da CCP 122/BCP 12 no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (3): Manuel Peredo, ex-Fur Mil Pára, hoje emigrante,

5 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2917: Com os páras da CCP 122/BCP 12 no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (2): Quase meia centena de mortos... Para quê e porquê ?

4 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2915: Com os páras da CCP 122/ BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (1): Aquilo parecia um filme do Vietname

Vd. ainda:

20 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2969: Com os páras da CCP 122 / BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (6): O grande comandante Araújo e Sá (Manuel Rebocho)

17 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2953: Com os páras da CCP 122/ BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (5): Fomos capazes do melhor e do pior (Virgínio Briote)

16 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2950: Com os páras da CCP 122 / BCP 12, no inferno de Gadamael (Carmo Vicente) (4): Opiniões (Carlos Silva / Nuno Almeida)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5516: Cancioneiro da CCAÇ 557 (Cachil, Bafatá, Bissau) (1): Recordar é viver (Francisco Santos / José Colaço)

1. Mensagem de José Colaço (*), ex-Sold de Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65 (foto à direita), com data de 13 de Abril de 2009:

Um ligeiro apanhado da missão cumprida pela CCaç 557 na Guiné... [Os versos são do nosso poeta popular Francisco dos Santos, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, da CCAÇ 557, que fez agora, em 15 do corrente, 67 anos] (Foto, à esquerda).

 2. Resposta, na altura,  do L.G. (**):

Parabéns pela tua brilhante ideia de salvar as quadras do teu camarada Francisco dos Santos... Um dia destes iremos publicar o nosso romanceiro ou Cancioneiro da Guiné... E o Francisco dos Santos (alentejano ?) ficará lá muito bem, a representar os seus valentes camraradas da CCAÇ 557. Vê-se que são quadras feitas agora, de memória. Mas deve haver por aí muitas mais, se calhar envergonhadas, escondidas...

Todo este material tem um enorme interesse para a compreensão socioantroplógica do homem português da geração (a nossa) que fez a guerra de África. Isto é também a nossa História, a nossa Cultura...Dá os parabéns ao Francisco dos Santos e diz-lhe que ele merece figurar, com chapa e tudo, no quadro de honra da nossa Tabanca Grande. Vê se lhe sacas as duas fotos da praxe para o Carlos Vinhal poder fazer a sua apresentação ao resto dos tabanqueiros  (**) e... mais umas tantas quadras... Tu mesmo podes acrescentar algumas notas e comentários: por exemplo, quando e onde morreu o Nabais ?

3. Resposta do José Colaço:

Luís,  o Nabais era um rapaz muito simples,  por esse motivo era muito apoiado por todos os camaradas. Quem lhe escrevia as cartas e os aerogramas era o Francisco dos Santos. A sua morte não teve nada a ver com combates de guerra, não sei se por ironia do destino ou sei lá assisti  praticamente aos últimos minutos de vida do Nabais.  Era uma tarde bonita cheia de sol,  o Geba convidava-nos a tomar banho. Então um grupo de 10 ou 12 militares,  fomos tomar banho. O Nabais não sabia nadar,  ele estava neste caso mais ou menos à beira-rio. Entretanto notou-se a falta do Nabais mas como do grupo nenhum sabia mergulhar com capacidade para procurar o Nabais, [fez-se] uma corrida até ao quartel [para]  chamar o Fernando,  cabo condutor,  óptimo mergulhador que em poucos segundos aparece com o Nabais na palma da mão, ao cimo da água,  mas sem sinais de vida.. Ainda se tentou a recuperação mas o Nabais estava morto,  não se sabe se por afogamento ou problemas por estar a fazer a digestão. Ficou sepultado em Bafatá,  no talhão dos militares, em 13/04/1965. Quanto ao Francisco dos Santos, darei noticias,  somos muito amigos. Um abraço. José Colaço.

4. Hoje,  o Colaço manda-me uma foto do Fancisco e mais un versinhos ("Marcas da Guiné", abaixo reproduzidos):


[A CCAÇ 557]

Fomos a 557,
Companhia que cumpriu,
A história não se repete
Regressámos com muito brio.

Foi de Évora que partimos
No ano de sessenta e três,
A nossa missão cumprimos
Com altos e baixos... talvez.

Chegámos à Guiné-Bissau
Com novo clima a pairar,
Em guerra é tudo mau,
Tudo isto há que encarar.

De Bissau partimos um dia
Para o mato, com coragem;
Quase ninguém sabia
Que o Como era a paragem.

Mal a gente tinha chegado,
O pior aconteceu,
Com um tiro transviado
Um nosso colega morreu.

Onze meses foi a paragem,
Foi amargo como o fel;
Trabalhámos com coragem,
construímos o quartel.

Num espaço de labirinto,
Havia muitas madeiras,
Fizemos o nosso recinto
Só com troncos de palmeiras.

O que mais fazia falta,
Era a água potável,
A Catió ia a malta
Num serviço impecável.

No local a sobrevivência
Só por si era uma luta,
Havia que ter paciência
Pois a guerra era a disputa.

Nas matas desta Guiné
Lutámos bem com genica,
Nunca perdemos a fé,
Éramos uma grande equipa.

Fomos grandes camaradas
Nestas terras promotoras,
Mesmo com as morteiradas
E o som das metralhadoras.

Mês após mês passava,
Num total isolamento,
A comida escasseava
Mas não perdíamos o alento.

Éramos a família unida,
Por isso não digo nomes,
Sacrificámos a vida,
Que heróis todos nós fomos.

Mas veio então a mudança,
Bafatá que era a norte,
Havia mais esperança
E talvez melhor sorte.

Não queríamos muito mais,
O tempo passa a correr
Mas o soldado Nabais
No rio viria a morrer.

A morte por afogamento
Que já ninguém o previa,
Este triste acontecimento
Chocou muito a Companhia.

Há muito mais para contar,
Em toda esta aventura,
Só pensávamos em regressar
Para dar e receber ternura.

E isso aconteceu,
Em Novembro foi o dia,
O passado morreu,
Dêmos largas à alegria.


Desde o RAL3 em Évora, até ao cais da Fundição em Lisboa

Foi no RI 16 formada,
Sim, falo dela outra vez
Por 557 baptizada,
Foi a partir do RAL3

De Évora até ao Barreiro,
Se não me falha a memória,
O combóio foi o primeiro
Transporte da nossa história.

A viagem até foi boa,
Onde a ansiedade escalda,
Do Barreiro até Lisboa,
Depois o Ana Mafalda.

Pois foi este o navio
Que à Guiné nos levou,
Depois de largar o rio,
O oceano atravessou.

Chegámos àquela terra
Para nós tudo diferente,
Para além da dita guerra
Outros hábitos, outra gente.

E a Bissau se chegou,
Depois foi o dia a dia,
O que mais nos impressionou
Foi a miséria que havia.

Longe está a nossa partida,
De regresso ao nosso lar,
Um por todos p´la vida,
É a mensagem a passar.

Nesta missão encontrámos
Obstáculos a contornar,
Alguns meses ali passámos
Que pareciam não acabar.

Depois fomos parar
Ao Como e ficamos sós
P´ra lutar e trabalhar
Na defesa de todos nós.

Com o moral nada em cima,
Havia alguns requisitos,
É que,  para além do clima,
Era a luta dos mosquitos,

Não havia água pura
Onde estava a Companhia,
Só havia com fartura
Na época em que chovia.

Não usávamos só a manha
Nas estratégias inimigas,
Tínhamos a dura bolanha,
Matacanhas e formigas.

Era tiro e morteirada
Mas tudo isso se alterou,
Quando uma bazucada
Na paliçada esbarrou.

Pouco depois para já
Diminuiu a pressão,
Porque a norte em Bafatá
Iria terminar a missão.

Tivemos como baluarte
Um excelente capitão,
Connosco em qualquer parte
Nunca fugiu à razão.

Chegámos ao fim da missão,
Voltámos à terra natal,
Desembarcámos na Fundição,
Em Lisboa, Portugal !!!

Marcas da Guerra

Isto passou-se na Guiné
mas a sorte teve a seu lado,
seu nome António José
mas de Espanhol alcunhado.

P`ra saír de madrugada,
toda gente comparece,
era a tropa preparada
para o que desse e viesse.

As vidas ali expostas
só dependiam da sorte,
e foi um tiro nas costas
que o ia levando à morte.

Foi os efeitos da guerra
e teve sorte, naquele azar,
mesmo caído por terra
a vida o quis brindar.

Do sofrimento ao dever
daquela missão cumprida,
o Espanhol não vai esquecer
foi marcado, p`ra toda a vida.

Parece estar encerrado
o que niguem vai esquecer,
lá diz o velho ditado
que recordar é viver.


Um alfa bravo para todos os tabanqueiros
Francisco dos Santos.


5. Comentário de L.G.:

A esta companhia, que esteve no Cachil (mas també Bafatá e Bissau), pertenceram:

(i) Alf Mil Médico Rogério Leitão (***)
(ii) Alf Mil José Augusto Rocha (****)
(iii) Sold Trms José Colaço (*)

Há dias pusemos o Francisco Santos a nascer no Ribatejo... Ora Sarilhos Grandes pertence ao Montijo, distrito de Setúbal, e fica a sul do Tejo, não "arriba"...O Colaço brincou comigo por causa desse "lapsus linguae"... Respondi-lhe que tinha  razão, mas que, mesmo assim, considerava o Montijo  mais "ribatejano" do que "estremenho", culturalmente falando... Não sei se os montijenses estão de acordo... Mas se não estiverem também não é grave... LG
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 2 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2912: Tabanca Grande (73): José Botelho Colaço, ex-Soldado de Trms da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)

Vd. postes de 12 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4329: Tabanca Grande (139): Francisco Santos, ex-militar da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau, Bafatá - 1963/65)

(**) Vd. poste de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4196: Blogpoesia (39): CCAÇ 557, Missão cumprida na Guiné (José Colaço/Francisco dos Santos)

 Vd. também poste de 15 de Dezembro de 2009 >  Guiné 63/74 - P5470: Parabéns a você (53): Francisco dos Santos, 1º Cabo Radiotelegrafista, CCAÇ 557, Cachil, Como, 1964 (Editores)

(...) Biografia do Francisco dos Santos:

Em Sarilhos eu nasci
e fui como outros tantos,
no Montijo, perto daqui,
registaram Francisco dos Santos

Comecei a ouvir depois,
ainda menino eu lembro,
que nasci em quarenta e dois
no dia quinze de Dezembro.

Sarilhos Grandes me criou,
só para a Guiné eu sai,
sou feliz aonde estou
tudo o que tendo é aqui.

Casei, construí família,
gozo de cinco maravilhas,
para além da esposa Emília,
três netos e duas filhas.


Vd. ainda poste de 15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5470: Parabéns a você (53): Francisco dos Santos, 1º Cabo Radiotelegrafista, CCAÇ 557, Cachil, Como, 1964 (Editores)

(***) Vd. poste de 13 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5264: Os nossos médicos (8): O Dr. Rogério da Silva Leitão, aveirense, cardiologista, CÇAÇ 557, Cachil, Como, 1963/65 (José Colaço)

(***) Vd. poste de 14 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5267: História de vida (17): Um homem no Cachil, Ilha do Como, CCAÇ 557, 1964 (José Augusto Rocha)

Vd. também poste de 18 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5125: José Augusto Rocha: da crise estudantil de 1962 à Op Tridente, Ilha do Como, 1964 (José Colaço / Luís Graça)
 



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5257: Convívios (175): Almoço da CCAÇ 557, 7 de Novembro de 2009 - Almeirim (José Colaço)


1. Texto do José Colaço, ex-Sold Trms, CCAÇ 557 (Cachil,Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde Junho de 2008 (*).


Almoço da CCAÇ 557, realizado em 7 de Novembro de 2009

Almeirim - Santarém


O nosso ex-capitão, hoje é coronel, só que no dia do nosso almoço leva não sei quantas “porradas” e é despromovido, voltando a ser o nosso capitão. Por um dia, com muito gosto e alegria, tanto da parte dele como dos seus então subordinados.

Foi um dia muito bem passado entre todos os presentes, só lamentamos aqueles que, pelo rodar da roda inexorável da vidam deixam de poder estar presentes fisicamente.

Para nós, eles continuam a marcar presença na nossa memória.Este ano notamos as faltas do nosso estimado Furriel Victor, bem como mais cinco ou seis elementos, segundo soubemos por problemas de saúde.A eles dedico aqui um voto, para a sua rápida e total recuperação.

Resistentes da família da C.Caç.557 (eu sou o primeiro a contar da esquerda e o nosso coronel é o 12º a contar da direita). O operador da fotografia foi a minha cara metade.

















Vista da sala do restaurante "Moinho de Vento", com o pessoal da companhia muito concentrado no serviço para o qual tinha sido convocado (comer e beber). À direita, o nosso capitão em amena conversa cavaqueira com o Valadas (ex-1º Cabo Operador Cripto), que irá organizador o nosso 23º almoço, em 2010 - Évora.















Um dos pares elegantes (vestido de escuro) o nosso capitão e a sua esposa, a fazerem o gostinho ao pé. À direita: O nosso capitão parte o bolo deste aniversário, acompanhado do Armando Alves (organizador do almoço de 2009).

As nossas "resistentes" que nos têm acompanhado ao longo da vida.

Envio também um poema, da autoria do nosso poeta e camarada Francisco dos Santos, que todos os anos nos dedica um diferente:


07/11/2009
Convívio da C.Caç. 557


Armando Alves na frente
Deste grupo pertencente,
À quinhentos e cinquenta e sete,
É hoje o realizador
Este ex-condutor,
O mil duzentos e dezassete.

Este almoço anual
Muda sempre de local,
É sempre mais um evento,
Este ano foi assim,
Reunimos em Almeirim
E no Moinho de Vento.

Eu já falei muitas vezes
Da Guiné e duros meses
Que pareciam não findar,
Com sorte e muito suor
Não fomos desta p`ra melhor
Onde outros tiveram azar.

A Guiné foi nosso fado,
Demos conta do recado
Com a união e esperança,
Beliscamos a juventude,
Com vontade e a virtude
De um grupo de confiança.

Com muitos ingredientes
Não fomos só combatentes
Num clima arrepiante.
Tivemos que aprender
Também a sobreviver,
Num ambiente escaldante.

Para a África os militares
Foram levados aos milhares
E entregues à sua sorte,
Naquela guerra viril
Foram mais de nove mil
Que encontraram a morte.

Amigos e já veteranos
Foi há quarenta e quatro anos
Que voltámos à nossa terra,
Ficou da vida de então
A amizade e recordação
Daquela longínqua guerra.

Mas esquecemos as bolanhas
Formigas e matacanhas
E esse mau estar constante,
Porque hoje a nossa G3
É a ementa que fez
Este simpático Restaurante.

(Francisco dos Santos)

Para todos um abraço,
José Colaço.
Sold Trms da CCAÇ 557


Fotos: José Colaço (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5200: Blogues da Nossa Blogosfera (22): O Cacimbo faz 6 anos! Parabéns ao veterano Manuel Correia Bastos



1. No dia 2 do corrente, o Manuel Correia Bastos, nosso tertuliano, dos mais antigos, mandou-me um mail com a seguinte recordatória e convite:

"O Cacimbo faz 6 anos de idade o que faz dele um dos espaços na Internet mais antigos sobre a guerra colonial, e quase de certeza o mais antigo blog sobre esse tema, e o seu autor convida todos os visitantes ocasionais e todos os amigos a virem fazer uma pequena visita guiada. Visite o blog Cacimbo em http://cacimbo.blogspot.com/. Manuel Bastos ".


Fui confirmar. É verdade, o Cacimbo é mais antigo que o Luís Graça & Camaradas da Guiné (I Série), (ex-Blogue-Fora-Nada). Foi criado em 2/11/2003. Acaba, portanto, de fazer 6 anos, o que na blogosfera é já uma provecta idade. O nosso camarada Manuel Correia Bastos está de parabéns. E todos os camaradas da Guiné estão convidados a irem lá ler algumas das melhoras páginas que se têm escrito sobre o quotidiano da guerra colonial. É um homem com talento e sensiblilidade, além de artesão das palavras.

Por mera curiosidade, é de referir que o ex-Blogue-Fora-Nada, mais tarde rebaptizado Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné até nasceu antes... O primeiro poste publicado tem a data de 8 de Outubro de 2003.

Nessa altura o autor tinha acabado de escrever a sua tese de doutoramento e encontrou, na blogaria, uma maneira, fácil e barata, de desopilar, depois de um longo retiro social, intelectual e espiritual... O seu primeiro escrito foi, imaginem!, sobre a importância de ter ou ter e-mail (**)...

Foi também um das primeiras pessoas, no meio académico, a ter uma extensa e completa página pessoal (Saúde e Trabalho), disponibilizando, em open access (acesso livre, avant la lettre) centenas dos seus textos e documentos . Em rigor, o primeiro poste sobre a Guiné data de 23 de Abril de 2004 (***), pelo que o nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné, I e II Séries) já tem, de facto, 5 anos e meio...

O nosso camarada de Moçambique é também autor de um notável livro sobre a sua dramática experiência de guerra, lançado em 2008. E, tal como o Fernando Pessoa, ele não esconde que é apenas um manipulador... de palavras, um fingidor:

A todos os visitantes deste blog, continuo a oferecer palavras apenas.
Mas é isto que sou aqui: palavras apenas; as imagens e sons apanham apenas boleia com as palavras. Mas não vos dou nada meu, que as palavras não têm dono. Eu sou apenas um apanhador de palavras. Apanho-as por aí e depois junto-as, tentando desenhar com elas o imponderável corpo dos sentimentos.

Mas não se iludam, nada do que digo é verdade. A Verdade é uma palavra prostituída; juntamente com o Amor, vendem-se por aí a quem prometer mais. O que digo é apenas o que ficou dentro de mim depois de excluídos todos os dados concretos que aproximariam demasiado as minhas palavras dos factos ocorridos e das pessoas envolvidas. É a recriação possível, depois de eu ter esquecido a verdade. São palavras. Palavras mentirosas, que inventam sentimentos e paixões, dores e alegrias, situações e atmosferas; mas, porque não são dirigidas à razão do leitor mas à sua emoção, são um convite à sua cumplicidade para o honesto embuste da ficção literária.

Moçambique > Cabo Delgado > Mueda > CART 3503 > 1972 > Levantamento de um mina anti-carro

Foto: Cortesia de Manuel Correia Bastos (2008). Vd.
Histórias da CART 3503 > 15 de Outubro de 2008 > O Dia em que comandei a companhia, por Manuel Bastos

Eis uma pequena amostra dos seus melhores textos, na perspectiva do próprio autor:

(i) Stress de Guerra - A Visita
(ii) Saudades de Azul
(iii) Homenagem às Enf Paras - A Enfermeira que Vinha do Céu
(iv) O prazer da palavra escrita - A Carta
(v) Tentar a poesia - 100 Versos do Mato
(vi) Memórias de Aguim - O Voo da Calhandra
(vii) O Último Verão da Minha Inocência
(viii) O Movimennto Nacional Feminino - Os Sapatos do Major
(ix) O 25 de Abril - Tão Tarde Pela Madrugada


Dos 110 Versos do mato, escolho eu o seguinte, como forma de prestar homenagem a este companheiro de estrada e aos demais camaradas que fizeram a guerra colonial, seja em Moçambique, em Angola ou na Guiné

O Cancioneiro do Niassa

Morremos tantas vezes em Mueda
Morremos sempre que uma voz se cala
por estarmos aqui
Às vezes até acordamos já mortos
Por isso à noite
os soldados bebem e cantam
para adormecerem vivos.



Título: Cacimbados – A vida por um fio.
Autor: Manuel Correia de Bastos
Editora: Babel
Ano: 2008
Nº pp: 192 Preço: 14,00 €
O livro está à venda na FNAC e na Bertrand.
___________

Notas de L.G.:

(*) Manuel Correia de Bastos:

É natural da vila de Aguim, concelho de Anadia (1950). Foi mobilizado para Moçambique, como furriel miliciano da CART 3503/BART 3876.

Esta companhia chegou a Mueda, em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, no 12 de Fevereiro de 1972 com 153 militares; teve 6 comandantes, combateu a FRELIMO durante 26 meses e sofreu 58 baixas, de entre as quais 5 mortos, 1 desaparecido e 52 feridos, 16 dos quais muito graves, na maioria com deficiências permanentes.

Manuel Bastos foi gravemente ferido em combate em virtude da deflagração de uma mina anti-pessoal e deu baixa ao Hospital Militar Principal para convalescer da amputação de uma perna. Tem escrito crónicas sobre a guerra colonial especialmente no Jornal da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA).

Criou em 2003 um dos mais antigos Blogues sobre a Guerra Colonial, O Cacimbo. É autor do livro Cacimbados - A vida por um fio (2008).

Vd. postes de:

16 de Junho de 2009 > .Guiné 63/74 – P4537: Agenda Cultural (17): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, na B.M.R.R., 18 de Junho (Manuel Bastos)

23 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3346: Bibliografia de uma guerra (36): Cacimbados, de Manuel Correia Bastos. Moçambique.

18 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3478: Bibliografia de uma guerra (37): Cacimbados, de Manuel Correia Bastos: CART 3503, Mueda, Moçambique, 1972

(**) Apresentação do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (I Série)(originalmente, Blogue-Fora-Nada) (De 8 de Outubro de 2003/31 a 1 de Junho de 2006):

blogue-fora-nada. homo socius ergo blogus [sum]. homem social logo blogador. em sociobloguês nos entendemos. o port(ug)al dos (por)tugas. a prova dos blogue-fora-nada. a guerra colonial. a guiné. do chacheu ao boe. de bissau a bambadinca. os cacimbados. o geba. o corubal. os rios. o macaréu da nossa revolta. o humor nosso de cada dia nos dai hoje.lá vamos blogando e rindo. e venham mais cinco (camaradas). e vieram tantos que isto se transformou numa caserna. a maior caserna virtual da Net!

ex-Blogue-Fora-Nada > 8 de Outubro de 2003 > Estórias com mural ao fundo - I: Ter ou não ter (e-mail) (Luís Graça)

Tenho por (mau) hábito perguntar às pessoas que vou conhecendo "se têm e-mail"... Mas depois de ler a história a seguir, não vou ter mais lata para o fazer: (i) é indelicado; (ii) pode ser embaraçoso; e (iii) até pode dar azar... Um dia houve alguém que me respondeu, com agressividade mal contida: "Não tenho... mas será que já é obrigatório ?"...

Nós, os ex-clérigos (durante séculos o pessoal universitário, incluindo os estudantes, estavam sujeitos ao direito canónico e só com o triunfo do liberalismo é que o reitor de Coimbra passou a ser um leigo!), temos dificuldade em imaginar um mundo sem livros, sem cátedras e, agora, sem Internet, sem blogues e sem e-mail...

Não sei se é obrigatório ter e-mail (ou se vai sê-lo em breve), mas a verdade é que todos os dias nos ameaçam com a infoexclusão, uma espécie de upgrade das labaredas do inferno. Há muito boa gente que hoje em dia teme ser acusada de infoanalfabeta e pensa que, "pelo sim, pelo não, sempre é bom ter e-mail, não vá o diabo tecê-las"... E quem diz e-mail, diz outras buzzwords horríveis tais como url, password, username, nib...

Já assim pensavam, noutro contexto, os cristão novos de Trancoso que assinalavam, com uma cruz, as suas casas, não fossem os cristãos velhos desconfiar que eles eram judaizantes, logo ignorantes e inimigos da fé cristã (a única, a verdadeira, a dominante)... A cruz era a password e o e-mail daqueles tempos em que os portugas sucumbiram à tentação totalitária...

Por isso, "ter ou não ter e-mail: eis a questão" é uma história com moral... E com mural ao fundo. Ponderei seriamente se havia de a pôr a circular entre @s car@s ciberamig@s... Há sempre o risco de uma leitura demasiado literal, apologética, direi mesmo...primariamente neoliberal !!! Mas, pensando bem, o que conta são os factos, a narrativa (digna do melhor do Reader's Digest, diga-se de passagem). A moral, cada um que a tire. E quanto ao mural, cada um que o pinte... Moralistas e grafiteiros do meu país, divirtam-se! A minha (moral) é apenas a da filosofia baseada na evidência. E quanto ao mural, sempre preferi o branco-da-cal-da-parede. Com aviso: (i) pintado de fresco; (ii) por favor não encostar à parede; (iii) é expressamente proibido fuzilar (contra o muro).

Por azar o meu, recebi esta mensagem por e-mail, através de um amigo angolano (J.D.) que, coitado, também ele tem e-mail... Dei à história o meu toque pessoal. Vocês usem-na (e socializem-na)... para os devidos efeitos. Não posso evitar eventuais tentativas de branqueamento da história. A história é para se usar e branquear, dizem os historiadores oficiais. Mas esse não é o meu ofício. No fim, não se esqueçam do nosso trato: Ciber-humor com ciber-humor se paga...


Ter ou não ter e-mail: eis a questão!

Um homem respondeu a um anúncio da MicroDura com uma generosa oferta de emprego para desempregados de longa duração. O lugar era para empregado de limpeza. Um adjunto do Gestor dos Recursos Humanos (GRH) entrevistou-o, fez-lhe um teste (tão simples como varrer o chão, apanhar o lixo e enfiá-lo num saco) e disse-lhe:
- Parabéns, o lugar é seu. Dê-me o seu e-mail para eu lhe poder enviar a ficha. Depois de preenchida e devolvida, aguarde que a MicroDura lhe comunique a data e a hora em que se deverá apresentar ao serviço nos nossos headquarters.

O homem, embaraçado e nervoso, respondeu que não tinha sequer casa, e muito menos computador, e muito menos ainda Internet, endereço de correio electrónico e essas coisas todas. Aí o valente adjunto do GRH da MicroDura ficou branco como a cal da parede... Por essa é que ele não estava à espera!... Um cidadão norte-americano sem e-mail, o que era uma aberração sociológica, bloguissimamente falando !... O que iria pensar o Mr. Bill Gaitas ?!... Por fim, recompôs-se e disse:
- Lamento muito, mas se eu o senhor não tem e-mail, isso quer dizer que virtualmente não existe; e, não existindo, não pode ter o privilégio de pertencer ao admirável mundo novo dos colaboradores da MicroDura.

O homem saiu, envergonhado e, pior ainda, mais desesperado e desempregado que nunca. Tinha apenas 10 dólares no bolso. Em vez de ir ao McSandocha’s matar a fome, resolveu entrar num Bigmercado e comprar uma caixa de 10 quilos de tomate para revenda. Em menos de duas horas vendeu a mercadoria, porta à porta, num dos bairros mais próximos (habitado por negros e porto-riquenhos), tendo assim conseguido duplicar o seu capital. Repetiu a operação mais três vezes e obteve um lucro de 60 dólares.

No fim do dia, concluiu que podia sobreviver dessa maneira, pelo menos por uns tempos. Passou a trabalhar mais horas por dia. Rapidamente aumentou o seu pecúlio, e em breve comprou a sua primeira carrinha, em segunda mão. Uns meses depois trocou-a por uma camião.

O resto da história é fácil de adivinhar: ao fim de um ano e meio já era dono de uma pequena frota e ao fim de cinco estava milionário, ao tornar-se o principal accionista de uma das maiores cadeias de distribuição alimentar nos Estados Unidos... Como podes imaginar, caro leitor, esta história de sucesso só podia ter acontecido na Terra Prometida e já se tornou um casestudy nos mais famosos cursos de MBA.

Pensando no futuro da sua nova família, o nosso homem resolveu fazer um não menos milionário seguro de vida. Chamou um corretor ao seu escritório e acertou um plano. Quando a reunião estava praticamente concluída, o corretor de seguros pediu-lhe o e-mail para lhe poder enviar rapidamente a proposta de contrato. O homem-que-se-fez-a-si-próprio respondeu, com a maior naturalidade deste mundo, que simplesmente não tinha nem nunca tivera nem nunca provavelmente viria a ter um endereço de e-mail. O corretor não queria acreditar e comentou, em tom de brincadeira:
- Você não tem e-mail e construiu todo este império!... Imagine até onde poderia ter chegado, se tivesse e-mail!... Quem sabe se não poderia ter chegado inclusive até à Casa Branca!

O homem ponderou as palavras do corretor e respondeu-lhe, com a mais fina das ironias:
- Olhe, se eu tivesse e-mail, ainda hoje andaria, feito cão, a lamber o chão do escritório do Bill Gaitas!!!

Moral da história:

1. Ter ou não ter e-mail, eis a questão.

2. Se queres ser empregado de limpeza da MicroDura ou doutra grande empresa, procura antes de mais ter um e-mail.

3. Se não tens e-mail e gostas de trabalhar, ainda podes vir a ser milionário.

4. Se por acaso recebeste esta mensagem por e-mail é por que estás mais perto de ser empregado de limpeza do que ser milionário...


(***) Vd. post de 26 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXII: CCAÇ 1426 (Geba, 1965/67): Presente! (Belmiro Vaqueiro / A. Marques Lopes / Luís Graça)

Quando em 23 de Abril de 2004 lancei o primeiro post sobre este tema [ Guiné 69/71 - I: Querida(s) madrinha(s) de guerra] estava longe de imaginar que hoje poderíamos estar aqui a falar da nossa (minha e de outros camaradas) experiência como ex-combatentes na Zona Leste da Guiné, no período em que fiz parte da CCAÇ 12 (1969/71). No fundo, tinha uma vaga esperança de (re)encontrar gente do meu tempo e que tivesse andado pelos mesmos sítios (Contuboel,Geba, Bafatá, Bambadinca, Xime, Mansambo, Xitole, Enxalé, Mississirá, Fá...). Primeiro apareceu o Castro, mais novo (Xime e Mansambo, 1972/74) e depois o Guimarães (Xitole, 1970/72). A seguir veio o Lopes, mais antigo que todos nós (esteve na Zona Leste, em Geba, em 1967, onde foi ferido, na CART 1690; e depois na Zona do Cacheu, em Barro, com a CCAÇ 3, em 1968). Bom, e por aí fora: um a um, ou em grupo, começam apareceu os velhos tugas, não só da minha época (1969/71) como mais e mais novos, e que andaram pelas mais desvairadas terras da Guiné, do Cacheu ao Gabu...