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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17076: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IV: por castigo ("falta de brio e aprumo" de alguns militares no desfile de embarque!...) , o 1.º Batalhão do Onze é impedido de ostentar a Bandeira do Exército Português... (O cmdt do Onze era o cor inf Florentino Coelho Martins, um português da "escola de Mouzinho")... Na ilha do Sal, "a vida e a morte lá iam decorrendo"...


Cabo Verde > Ilha de Santo Antão > 19943 > "Pesca de um grande tubarão". Foto nº 26 do álbum fotográfico de Feliciano Delofim Santos (1922-1989), ex-1º cabo expediionário, 1ª compangia, 1º batalhão, RI 11 (Ilha do Sal e Ilha de Santo Antão, 1941/43), pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

[20]


"Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.)

Parte IV (pp. 19-20)



[19]



[20]

(Continua)


Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do Capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à esquerda].(*)

O autor é José Rebelo, Capitão SGE que foi em 1941/43 um dos jovens expedicionários do RI I1, então com o posto de furriel. Não sabemos se ainda hoje é vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Em qualquer dos casos, este nosso velho camarada é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão.

O nosso camarada Manuel Amaro diz-nos que o conheceu pessoalmente: (...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...)

O então furriel José Rebelo,
expedicionário do 1º batalhão
 do RI 11
A brochura que estamos a reproduzir é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) (*)

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, tem 76 páginas, inumeradas.

O batalhão expedicionário do Onze partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santigao, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

No texto acima há referência a um castigo ao RI 11, impedido de usar a Bandeira do Exército Português, por alegada falta de aprumo, disciplina e brio de alguns militares durante o desfile de embarque a que a um ministro (não se diz qual) assistiu... O autor da brochura, o Cap  SGE José Rebelo, sugere que a punição também seria devida ao facto de o comandante do Onze, "um homem com H", não jogar no mesmo clube (sic) do ministro... Ou seja, devia ser um militar republicano (, era alferes em 1911 no BCAÇ 5), que não devia morrer de amores pelo  Estado Novo...

Na altura, o ministro do exército (ou da guerra) era o próprio Salazar, que acumulava, interinamente (1936-1944),  com o cargo de Presidente do Conselho... mas que não é crível que estivesse presente da cerimónia de despedida...

O comandante do Onze era o Coronel de Infantaria Florentino Coelho Martins, "que era daqueles portugueses da 'Escola de Mouzinho' " (sic) (página, inumerada, 1). O Comandante do Batalhão Expedicionário era o Major Abel Alfredo da Costa.

Na comunicação social (ou, pelo menos, no "Diário de Lisboa") não há notícia deste embarque de tropas para Cabo Verde.
________________

Nota do editor:

Último poste da série > 20 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17062: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte III: Mobilização do batalhão e composição das companhias (3)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16911: Agenda cultural (534): Um grande álbum do cante alentejano (agora, do mundo), "Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento" (2016), com a participação especial de António Zambujo, Luísa Sobral, Pedro Mestre e outros...


"Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento" 

CD Álbum 
Lançamento em  25 de novembro de 2016


Sinopse

Passados dois anos desde que o Alentejo e Portugal se ergueram de orgulho por o Cante ser considerado pela UNESCO Património Mundial e Imaterial da Humanidade (*), é editado o álbum de um dos mais tradicionais e antigos ranchos de cante alentejano: Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, que conta com vários convidados especiais, nomeadamente Luísa Sobral, António Zambujo, Miguel Araújo, Jorge Benvinda e Pedro Mestre.

Ficha Artistica

Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de S. Bento
Ensaiador: Pedro Mestre

01 - A Moda Do Meu Chapéu
02 - Fui Ao Jardim Passear
Viola campaniça: Pedro Mestre
03 - Romaria De Santa Eufémia
Voz e guitarras: Miguel Araújo
04 - Eu Ia Pela Rua
05 – Oh Francisca Oh Francisca
Harpa: Ana Dias
06 - Ao Romper da Madrugada
07 - Vai De Centro Ao Centro
Percussão: Marcos Alves
08 - Quinta-Feira Da Ascensão
09 - Varejo
10 - Trago O Alentejo Na Voz
Voz e guitarra: António Zambujo
11 - Fui-te Ver Estavas Lavando
12 – Oh Que Linda Pomba Branca
13 - Cantar Até Cair
Voz: Jorge Benvinda
14 - Viva A Quem Vive Tão Longe
15 - A Rosa
Voz e guitarra: Luísa Sobral
16 - Vai Colher A Silva
17 – O Triste Do Mocho
18 - Manjerico Da Janela
19 - Aldeia Nova

Vd. aqui o magnífico e entusiástico trabalho radiofónico de Edgar Canelas, da Antena 1, fazendo a cobertura do lançamento deste belíssimo álbum, em novembro passado, em Vila Nova de São Bento, concelho de Serpa, onde tem a sede o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento.

Já ouvi algumas faixas do disco, e recomendo vivamente. É uma boa prenda para oferecer mesta quadra festiva ( está à venda, por exemplo, nas lojas da  FNAC. por menos de 13 euros). É um álbum obrigatório para quem gosta do cante alentejano, o que não dispensa obviamente o prazer único de ver e escutar ao vivo este grupo, superiormente dirigido por Pedro Mestre. o homem que "salvou" a viola campaniça, em risco de desaparecer.

Sobre este grupo coral, lê-se na Antena 1 o seguinte (...com a devida vénia):

(...) "Criado há 30 anos, o Rancho dos Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, é herdeiro de uma longa tradição da arte de bem cantar as belas modas do cancioneiro alentejano.

Orgulhosos por seguirem dois princípios orientadores, que apesar de opostos se complementam: o da tradição e o da inovação.  António Zambujo teve a ideia de gravar um disco ‘com estes homens’, cujas idades vão dos 19 aos 91 anos, e chamou Ricardo Cruz para produzir este trabalho.

Aliás, Zambujo tem convidado este Rancho, para concertos seus, reconhecendo suas raízes. Daí cantar aqui “Trago O Alentejo na Voz”. De um processo também natural vêm os outros convidados, todos eles amigos e visitantes fiéis da (agora) Vila Nova de São Bento: Jorge Benvinda, Miguel Araújo, Luísa Sobral e Pedro Mestre.

Editado a 25 de novembro, o disco do Rancho dos Cantadores de Aldeia Nova de São Bento é o documento vivo de uma tradição que se canta à volta de uma garrafa de vinho e celebra, com um arrepio na pele, as modas da nossa terra que, a partir de agora, já serão modas do Mundo e da Humanidade" (...).

Vd. também o sítio, na Net, do Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento e, obrigatoriamente, a Casa do Cante, com sede em Serpa. Porque o Cante Alentejano está vivo, mas é preciso saber fazer a sua gestão sustentada, incluindo a sua produção e divulgação... Este e outros grupos têm atuado generosamente no país e no estrangeiro, sem "cachet",  dando os seus elementos o melhor de si. do seu tempo e da sua "alma"...

Já agora acrescente-se que em 34 mortos na guerra do ultramar / guerra colonial, naturais do concelho de Serpa, 10 eram oriundos da freguesia de Vila Nova de São Bento (, na altura Aldeia Nova de São Bento, tendo passado a vila em 1988).... Refira-se ainda  que esta terra tem vindo a perder população como todas as terras do interior do país: 8842 habitantes em 1950; 7678 (em 1960); 5406 (em 1970); e... 3072 (em 2011) (Fonte: Wikipédia

__________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


27 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13948: Manuscrito(s) (Luís Graça) (52): O Mundo é Pequeno e o Alentejo... é Grande: pois que viva o Cante, Património Cultural Imaterial da Humanidade

domingo, 14 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16387: Blogpoesia (465): "Pianista mágica" e "Vou para a minha janela falar com a lua", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Dois belíssimos poemas do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), dos que nos vai enviando ao longo da semana, e que nós publicamos com prazer:


Pianista mágica

É mágica esta pianista!

Saem-lhe pelos dedos,
sem uma nota ou pauta à frente,
tão belos e longos concertos
de piano.

Nos confundem e enlevam
aqueles toques firmes,
muito precisos sobre as teclas.

Inefáveis, maviosos bailarinos,
ora pretas ora brancas,
num cortejo imenso gracioso.

Descrevem arcos.
Voos picados, rumo ao céu
e logo ao abismo.

E sua fronte. O seu rosto
como uma estrela,
esparze ininterruptas centelhas
incandescentes
que inflamam
as almas das plateias.

Sozinha enfrenta orquestras numerosas,
desfiando os gigantescos génios:
Schuman, Rachmaninov, Lizt, Brahms
e tantos mais
que os conceberam no silêncio.

Que graça e donaire exala seu corpo,
uma obra prima,
na banqueta, frente ao piano preto
de caixa aberta!...

Ouvindo Katya Buniatishvili tocando Brahms

Tapada de Mafra, 13 de Agosto de 2016
8h21m

esplendoroso amanhecer de sol

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

************

Vou para a minha janela falar com a lua

Há tanto não sei dela.
A noite é escura.
Até as estrelas se esconderam.
Que é feito do seu luar?

Preciso saber os seus segredos.

A terra é bela.
Porque anda louca a humanidade?

Até o sol a flagela.

Tanto incêndio!...
Tanta dor!...

Donde vem este delírio?
Para onde aquela harmonia da Natureza,
Quando tudo surgia à hora,
Em dose certa?

Luar de Agosto.
Que estios bons.
Invernos brandos.

Até os rios se continham nos seus caminhos.

Era verde o verde
Das searas loiras.

E os rebanhos livres
Saboreavam paz!

Agora é guerra e fome.
A dor impera.
Parece até que o Criador supremo
Esqueceu a sua obra...

Tapada de Mafra, 10 de Agosto de 2016
9h47m

lindo dia de sol, muito quente ao pé do mar

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
____________

Nota do editor

Último poste da série de 7 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16365: Blogpoesia (464): "De andarilho" e "O mês de Agosto...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16205: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (103): O Paul McCartney do Grupo Coral do CISMI... Afinal, o Luís Jales de Oliveira, poeta, músico, ex-fur mil trms, Agr Trms Bissau e CCAÇ 20 (Bissau e Gadamael, 1972/74)



Tavira > CISMI > Igreja de São Francisco > Grupo coral do CISMI > c. 1972 > "Não foi assim tão mau [, o CISMI,] e na verdade até se tornou agradável pertencer ao dito coro. Só lamento de não me lembrar dos nomes da malta, talvez com exceção de um guitarrista de farto bigode, que acho se chamava Jales. Poderá ser que apareça algum nosso Tertuliano que se lembre desta foto" .(*)

O guitarrista Jales [, à direita], com aquela guedelha e bigode (!), de repente pareceu-nos mesmo um sósia do Paul McCartney, um dos famosos Beatles que incendiaram o imaginário da nossa geração e ajudaram o mundo a pular e a avançar... (LG)

Foto © Henrique Cerqueira (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.  Comentário. de  9 de outubro de 2014 , do Luís Jales de Oliveira ao poste  P12784, do Henrique Cerqueira, publicado em 1/3/2014 (*):


[Foto à esquerda: o Luís Manuel Jales de Oliveira, mais conhecido por "Ginho", em Mondim de Basto, sua terra natal, por onde corre o Tâmega, o seu "rio sagrado" e a sua "fonte de inspiração",  a par do Monte da Senhora da Graça, um antigo vulcão  foi  fur mil trms inf, Agrup Trms de Bissau e CCAÇ 20 (Bissau e Gadamael Porto, 1972/74), companhia africana onde serviu  às ordens do tenente comando graduadoTomás Camará,  que foi ferido em combate e, depois, às ordens do capitão comando graduado Sisseco (ambos oriundos da 1ª companhia  do batalhão de comandos africanos); poeta e escritor, tem já obra vasta, e é membro da Academia Luso-Brasileira de Letras]

 
Meu caro Henrique Cerqueira:

Só hoje descobri esta tua publicação [, com data de 1/3/2014] e confesso que fiquei emocionado. Por várias razões: porque revivi, recordei e evoquei momentos adormecidos nas catacumbas da memória, porque confirmei que já tive uma profusa e escurecida cabeleira (hoje completamente esbranquiçada para mal dos meus pecados) e, também, um pujante bigode, coisa rara e provocatória, à época, aqui no teatro militar metropolitano; e, por fim e principalmente, porque passados 42 anos ainda conseguiste, no meio daquela angelical composição de "querubin"  fardados, identificar-me e arriscar que eu me chamaria "Jales". 

Pois foi na mouche, sim senhor. Notável, meu caro Henrique, a tua pontaria evocatória!

Direi, respondendo também à pergunta do nosso caro "comandante" Luís Graça, que comentou, com muita graça, que eu, de repente, até parecia ser o sósia de um dos Beatles, que sou o Luís Jales de Oliveira, mais conhecido, na tropa, como Luís Jales e que publiquei o P2467 na “Tabanca Grande (54)”, em 21 de Janeiro de 2008.  (*)

Como deves calcular arranjei uma caterva de “imbróglios" por ostentar aquela trunfa exuberante durante todo o meu serviço militar. Em Tavira aconteceu uma coisa muito engraçada: Era forçoso que quando eu estivesse na formatura de revista para sair, e por mais que tentasse esconder, com a boina, o raio daquele excesso capilar, o oficial de dia parava, irremediavelmente, nas minhas costas, batia-me no ombro e mandava-me, em passo de corrida, para a caserna. Mas, naquele dia, depois de me mandar às malvas, voltou para trás e perguntou, pelo sim, pelo não 
–Por acaso o menino não toca no conjunto do senhor abade, pois não?

Eu respondi:
– Toco, toco, meu alferes – e ele imediatamente: 
– Pois então faça o favor de regressar à formatura. A porta d’armas, para si, está escancarada.

Isto serve bem para demonstrar o poder que tinha o nosso capelão de Tavira. Coitado daquele oficial que retivesse um de nós, nos dias marcados para os ensaios da Missa Dominical…

Resta-me dizer que não sou Açoriano, mas genuíno Transmontano de Mondim de Basto, a cerca de 100 km do Porto e que faço questão de te abraçar um dia destes.

Ao nosso caro Luís Graça prometo, agora que sempre consegui a reforma, que começarei a enviar montes de textos com lembranças e evocações:

(i) sobre a revista “ZOE”,  do Agrupamento  de Transmissões  de Bissau onde fui “correspondente de guerra”;

(ii)  sobre “Os Reactores” e “Os gloriosos malucos da aparelhagem electrónica”, onde tocava e que, para além doutras actuações, animavam os fins de semana do Clube de Sargentos de Santa Luzia; 
e, com muito mais interesse julgo eu,

(iii) sobre a “realidade” de Gadamael Porto que sorvi, bomba a bomba, durante 365 intermináveis dias.

Obrigado pelas emoções que me provocaste. O meu contacto é luis.jales.oliveira@gmail.com.
Grande e reconhecido abraço.


2. Comentário do editor LG:

Ao Jales (, afinal "meu vizinho", já que também tenho casa por ali perto, Marco de Canaveses, que integra a bela e nobre região do Vale do Tâmega,  berço da Nação,com o Vale deo Sousa ...), já pedi desculpa, por mail,  por na altura não me ter apercebido do seu comentário (de 9/10/2014) ao poste do Cerqueira (de 1/3/2014)... Não me apercebi ou já não me lembro...

De facto, ninguém tem a pedalada dos 20 anos para acompanhar tudo, fazer tudo, alinhar em tudo... É até por falta de tempo. Houve um desfasamento de vários meses, entre o poste e o comentário,  não conseguindo os editores ir com a devida regularidade à nossa caixa de comentários (que já vai em cerca de 64 mil comentários, alguns extensos e, muitos, interessantes).

Tínhamos prometido recuperar este, integrando-o num poste autónomo e justamente para provar, mais uma vez, a propriedade e a justeza da nossa máxima: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!" (***)...

Os pedidos desculpa são extensivos ao Henrique Cerqueira, sempre leal e generoso greã-tabanqueiro... Ao Jales desejo boa continuação da merecida reforma e das pescarias no rio Tâmega e no mar das letras!.. Quanto às prometidas colaborações, elas serão sempre bem vindas, em prosa ou em verso...

Um abraço do tamanho do Tâmega e do Cacine... 

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12784: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (18): Tavira, o CISMI e o meu "santo sacrifício da missa dominical"... Fazia parte do coro [da Igreja de São Francisco] para ter direito a uns "desenfianços" (Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74)

(**) Vd. poste de 21 de janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2467: Tabanca Grande (54): Luís Jales, ex-Fur Mil Trms (Agr Trms Bissau e CCAÇ 20, Gadamael Porto, 1973/74)

(***) Último poste da série >  8 de junho de 2016 >  Guiné 63/74 - P16175: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (101): no convívio deste ano, do pessoal do BCAÇ 3872, quem é que eu vou reencontrar? O meu antecessor, o hoje ilustre prof Pereira Coelho, bem como o Ussumane Baldé que estagiou comigo quando eu era subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico, BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518, Galomaro, 1973/74)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15726: Em bom português nos entendemos (13): "Nhanhero" e não "nanheiro": é o nome para o instrumento fula, cordófono, do qual o Valdemar Queiroz "Embaló" contou aqui uma edificante história (Cherno Baldé, Bissau)

1. Mensagem de hoje do Cherno Baldé, o nosso "agente" em Bissau (na realidade, este "menino" de Fajonquito, hoje homem grande, pai de 4 filhos, casado com um bonita nalu, quadro superior com formação universitária na ex-URSS e em Portugal, representa todos os nossos amigos guineenses que não têm forma de comunicar connosco, e que mantêm, com os portugueses,  antigos combatentes, fortes laços afetivos, baseados numa experiência e num respeito comuns).... 

E mais do que "agente", o Cherno é um grande conhecedor e apaixonado defensor do melhor que a sua terra tem, a sua cultura, a sua história, o seu património (material e simbólico), as suas línguas e as suas gentes... Ele é o nosso assessor científico para as questões culturais, artísticas,  sociais, económicas e religiosas da comunidade fula a que pertence, com muito orgulho. Tem já mais de 130 (!) referências no nosso blogue.


Bom dia Luis,

No mesmo poste (*) inseri um comentário a tentar corrigir a grafia do instrumento, pronuncia-se "Nhanhero",  nome derivado do som que ele produz "nha..nhe...nhi". E uma versão africana (fula) do violino europeu.

Em Fajonquito nos anos 60/70 tinhamos um grande Nhanherista, infelizmente não tenho imagens do tempo.

Um grande abraço,

Cherno A. Baldé


2. Comentário, com data de 1 do corrente,  do Cherno Baldé,  ao poste em questão (*):

Caro amigo Valdemar,

Nhanheiro. Foto de Valdemar Queiroz (2016)
O tempo e a intensidade da tua vivância no chão fula autorizam que tomes o apelido Embaló.

O instrumento em questão chama-se nhanhero e normalmente faz-se acompanhar do dondon ou tama.
Deve ser o instrumento musical mais simples e mais antigo de todos os que conheço na região oeste africana e os fulas, provavelmente, já o utilizavam antes da sua longa digressão para oeste. Infelizmente os efeitos da colonização cultural e a globalização fazem com que a juventude não valorize a cultura ancestral.

O nhanhero não é propriamente um brinquedo qualquer e, caso fosse,  seria o brinquedo dos herdeiros da tradição, isto é, os filhos do artista, tocador de nhanero. No ocidente o equivalente do nhanero é o violino.

Pois é, na sociedade tradicional fula a criança pode ser detentora provisária de um nhanero se o pai é, digamos assim, nhanherista, mas não pode ser detentora do dinheiro que contem em si os germes do bem e do mal em duas faces unidas na mesma moeda, pois segundo a tradição antiga faz falta à criança o sentido completo do discernimento que habilita à escolha certa entre o bem e o mal. E quando é assim os espíritos do mal tendem a prevalecer. É o que temos actualmente nas nossas sociedades ditas modernas.

Com um abraço amigo, Cherno Baldé-

3. Comentário do editor LG:

Bom dia, Cherno!...É valiosíssima e oportuna a tua observação. Vou já corrigir e dar conhecimento ao Valdemar Queiroz, que é do meu tempo do Centro de Instrução Militar de Contuboel (junho/julho de 1969), onde se formaram entre outras as CART/CCAÇ 11 e a CCAÇ 12, as duas primeiras companhias da "nova força africana" de que o gen Spínola tinha muito apreço e orgulho, ainda antes da formação dos Comandos Africanos... Acho que lhe fica bem o apelido fula "Embaló"!...

Quanto ao "nhanhero", lembro-me do instrumento, mas não o associava ao violino. O kora era mais apreciado (e mais usado pelos mandingas, se não erro). E a propósito tenho um filho violinista, por acaso está agora de férias na Grécia...

Como vai a nossa terra querida ? E a tua família ? Não deve ser fácil viver em Bissau, com 4 filhos. Tenho muito respeito e admiração por ti e família. Mantenhas. Um alfabravo. Luís

PS - Cherno, não preciso de fazer força para propor que seja grafado o vocábulo "nhanero" (e não "nanheiro", como escreveu o Valdemar, e que me passou, embora tenha consultado os dicionários). Na realidade, o termo existe, pelo menos no Dicionário Houaiss da Língua Portugesa, Tomo V, Mer-Red  (Lisboa, Círculo de Leitores, 2003, p. 2613)... Vou transcrever (**):

Nhanhero, s.m., MÚS G-BS:
1 instrumento cordófono  dos fulas cuja caixa de ressonância é uam cabça pequena revestiada de couro e cuja corda única se fere com um arco; 2 músico que toca esse instrumento; 3 espetáculo em que se apresenta esse músic. Etim. orig. obsc.
 _____________

(**) Últim poste da série > 2 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15066: Em bom português nos entendemos (12): Casamança ou Casamansa ? Como se deve grafar este topónimo do Senegal ? A resposta do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15620: Notas de leitura (796): “Les grands”, por Sylvain Prudhomme, Éditions Gallimard, 2014 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Abril de 2015:

Queridos amigos,
Temos aqui um livro soberbo, uma grande surpresa de um escritor promessa francês.
Pegando na história de um grupo musical guineense conceituado, Super Mama Djombo, vamos vaguear pelos tempos febris da pós-independência, em que a música guineense percorria continentes e era aclamada pelo ardor das promessas. A sua cantora-ícone acaba de morrer, e Couto, o guitarrista, agora um velho desencantado, percorre Bissau enquanto os militares se preparam para sufocar as instituições democráticas.
Primorosamente escrito, e com um achado de enredo, é um livro que merecia fazer parte tendencial dos interesses lusófonos. Que haja um editor que dê à estampa este livro invulgar, e tão bem urdido.

Um abraço do
Mário


Os Grandes, por Sylvain Prudhomme 
(ou a Guiné-Bissau da euforia revolucionária à deceção)

Beja Santos

O teor da contracapa deste livro elucida-nos quanto ao tema principal: Guiné-Bissau, 2012, Couto, guitarrista de um grupo famoso dos anos 1970, Super Mama Djombo (um sério competidor do Cobiana Jazz, do grande José Carlos Schwarz), vive presentemente de expedientes. Enquanto se prepara um golpe de Estado sob égide militar, ele toma conhecimento da morte de Dulce, a famosa cantora do grupo, e que foi o seu primeiro amor. A noite estende o seu manto sobre a capital, há o sussurro das ruas, Couto deambula, anda de bar em bar, entre amigos. Mais de trinta anos da sua vida correm velozmente, sente recordações da mulher amada, lembra-se da guerrilha, todos aqueles anos fastos do Super Mama Djonko assaltam-lhe à lembrança, percorreram as sete partidas do mundo com uma música nova, portadora do entusiasmo e do orgulho de um país. Na cidade, homens e mulheres continuam entregues às suas ocupações, indiferentes às manobras militares, até que de repente se começam a ouvir os canhões e as rajadas de metralhadoras. Para homenagear Dulce, Couto e os outros elementos do velho grupo acordaram dar um concerto no Chiringuitó.

“Les grands”, por Sylvain Prudhomme, Éditions Gallimard, 2014, é um romance surpreendente de uma promessa literária (Sylvain Prudhomme recebeu o prémio Louis Guilloux 2012 pelo seu anterior romance), trata-se de uma ficção com personagens de carne e osso em que a maior parte dos factos são manifestamente imaginários. O Super Mama Djombo é um grupo que ainda existe, a personagem de Dulce é imaginária, e não se confunde com Dulce Neves, que continua a cantar. O autor recorda mesmo o nome dos músicos do Super Mama Djombo dos anos 1977-1981 e que andam muito próximos dos nomes que ele utiliza no seu romance. Trata-se pois de uma construção habilidosa em que se manipula a realidade até mesmo a do golpe de 12 de Abril de 2012 em que a poucos dias da segunda volta da eleição presidencial que levaria seguramente ao poder o candidato Carlos Gomes Júnior, militares insurretos e associados ao narcotráfico sufocaram as instituições democráticas.

O anúncio da morte de Dulce faz despertar Couto da sua vida em torpor, é logo assaltado por lembranças daquela sua voz deslumbrante e dos êxitos triunfais do conjunto musical. Couto vive de pequenos trabalhos e a sua companheira, Esperança trabalha num restaurante, leva uma vida modestíssima. Couto sai de casa, vai trôpego, ensimesmado na sua tristeza, ele que foi o homem de Dulce, a Kantadura, a cantora. Entra em pequenos bares, as recordações são vibrantes, assoladoras, têm a ver com todos aqueles locais onde eles obtiveram triunfos, pois foi a partir de Bissau que conheceram êxitos estrondosos na África Ocidental, na Europa, em Cuba. Toda a história da criação da originalidade do grupo lhe enche a memória, bem como os anos da guerrilha, Couto estava subordinado na região do Morés a Gomes, uma figura lendária do PAIGC, será ele que irá arrebatar Dulce, será ele que chefiará o golpe de 2012.

O brilhantismo desta arquitetura romanesca passa exatamente pelo entrosamento dos tempos (pretérito ao presente “real”), enquanto Couto deambula à procura da sua gente, entram no romance todas as personagens, da guerrilha aos delírios de popularidade do Super Mama Djombo, à decisão de Dulce o abandonar para se casar com o prestigioso Gomes, cerimónia para a qual o grupo musical é convidado e onde o romancista modela páginas arrebatadoras, numa atmosfera de tragicomédia. Mas o ponto fulcral deste livro admirável são as décadas entre o sonho e a amargura do país à deriva. Com oportunidade, Sylvain Prudhomme vai buscar uma entrevista de Vasco Cabral, então o promissor ministro da Economia, em Outubro de 1973, dada à revista Afrique-Asie, em que fala dos inúmeros recursos do país, cita os fosfatos, o calcário, a possibilidade de haver petróleo, as jazidas de bauxite, as potencialidades para o desenvolvimento da energia hidroelétrica, as riquezas da pesca, as florestas, as espécies fruteiras, enfim, parecia que o país iria ser desbravado e com aquele regime político a partilha de riquezas seria a melhor homenagem que se podia fazer aos sonhos de Amílcar Cabral.

Vamos acompanhar a evolução de Dulce, a grande estrela da canção abandonou tudo para se tornar na hospitaleira mulher do general Gomes, é uma mulher triste, fica no povo como uma saudade. O grupo musical recompõe-se, mas sem Dulce será outra coisa, muitos dos seus membros partiram para a diáspora e a crença revolucionária desvaneceu-se. Agora que Dulce morreu, estes homens grandes, desiludidos, preparam febrilmente a grande homenagem, enquanto em Bissau rodam as viaturas para sufocar as liberdades, numa casa de espetáculos, e de acordo com os anúncios existentes na rádio, os grandes êxitos de Super Mama Djombo com Dulce vão ser relembrados. Caminhamos para o final, Couto percorre Bissau como um sonâmbulo, uma Bissau corroída, sombria, esburacada, na sua cabeça acorrem sons, conversas, letras de canções, Couto vai permanentemente sacudido por toda a melancolia daquele seu grande amor. Entra em casa do general Gomes, onde os insurretos estão ainda em reunião. Couto presta homenagem à sua amada, Gomes reaparece e mostra-se polido, ele é conhecedor daquela paixão que conseguiu tripudiar. Couto sabe que Esperança o ama, mas é outra coisa. Continua a deambular, ouvem-se os acordes de Guiné-Cabral, a canção mágica do grupo. No Chiringuito, começa a homenagem a Dulce. Couto, o dutur di biola, o grande doutor da guitarra, lança-se novamente na noite de Bissau, já percorreu todos aqueles espaços onde o grupo conheceu a glória, cresce a sua amargura, já está na Avenida Amílcar Cabral, caminha para o Pidjiquiti, é aí que as sombras da cidade são mais espectrais. Estala a fuzilaria. Estranhamente, naquele ponto outrora cheio de vida, onde o rio segue vasto e silencioso, tudo está calmo, avista-se um barco que se encaminha para o Ilhéu do Rei. Nada mais há a dizer. Os homens grandes estão reduzidos à insignificância, são os últimos portadores de um passado da guerrilha que pôs a Guiné nos noticiários do mundo, agora só têm lembranças. E Dulce morreu, muito pouco mais resta.

Indiscutivelmente, “Les grands”, de Sylvain Prudhomme, é uma obra a requerer toda a nossa atenção, é bom que nomes sonantes da escrita francesa ainda se lembrem da Guiné-Bissau, do seu fado e das suas esperanças.
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15605: Notas de leitura (795): “Dois Tiros e Uma Gargalhada”, de Abdulai Sila; Ku Si Mon Editora, 2013 (Mário Beja Santos)

sábado, 12 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15480: Os nossos seres, saberes e lazeres (131): A banda Xaral's Dixie, de Minde (Ninhou), na Lourinhã com Fredericos de cópio terraiozinho judaico e de um planeta ancho que há-de vir com muita maqueda (Votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo, em minderico)


Lourinhã > 12 de dezembro de 2015 > Animação de rua com a banda Xaral' Dixie, de Minde (ou Ninhou, terra do concelho de Alcanena, até há pouco isolada, localizada numa depressão fechada entre os Planaltos de Santo António e de São Mamede, em pleno Maciço Calcário Estremenho, e cujos habitantes falam o minderico, desde o séc. XVIII, sendo inicialmente um socioleto, um código linguístico ou "calão" falado por um grupo restrito, os fabricantes e comerciantes das mantas de Minde; a freguesia de Minde tem hoje cerca de 3300 habitantes; há outra variante do minderico, a de Mira de Aire; a língua, ameaçada de extinção, está ser objeto de medidas de preservação e revitalização; quem tiver curiosidade, pode consultar aqui o Dicionário Minderico).

E a propósito, quem quiser "postar" uma mensagem natalícia em minderico pode usar a seguinte fórmula:

"Fredericos de cópio terraiozinho judaico e de um planeta ancho que há-de vir com muita maqueda. Do/a carranchano/a (nome)” [Sugestão de Minde On-line: Natal minderico]

Vejam também aqui a página deste grupo que veio animar o comércio tradicional da Lourinhã, num sábado ainda soalheiro de fim de outono, com o Natal à porta... 


Vídeo (3' 12''). Alojado em You Tube > Luís Graça... Gravação e reprodução com a devida vénia ao grupo,  a quem desejamos Bom [Cópio] Natal [Terraizinho Judaico]  e Melhor Ano [Planeta Ancho] Novo...






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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de dezenbro de 2015 > Guiné 63/74 - P15436: Os nossos seres, saberes e lazeres (130): Um dia na Berlenga, a pensar no princípio do mundo (Mário Beja Santos)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15431: Efemérides (204): 1º de dezembro de 1640: 0 hino da Restauração cantado pelo Coro dos Mineiros de Aljustrel e tocado por 27 bandas de todo o país, em Lisboa. na praça dos Restauradores



Vídeo (1' 12'')  > Alojado em You Tube > Luís Graça


Lisboa, praça dos Restauradores, 29 de novembro de 2015 > Comemoração do 1º de dezembro de 1640. Atuação do coro dos mineiros de Aljustrel,  entoando o hino da Restauração.


´
Vídeo (1' 01') Alojado em You Tube > Luís Graça

Lisboa, praça dos Restauradores, 29 de novembro de 2015 >  Comemoração do 1º dezembro 1640. 27 bandas, mais de 1500 músicos, oriundos de todo o país,  tocam o hino da Restauração.


Hino da Restauração (letra)

Portugueses, celebremos
O dia da Redenção,
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.

P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.

Avante! Avante!
É voz que soará triunfal
Vá avante mocidade de Portugal!

domingo, 22 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15395: (Ex)citações (300): (i) Conheci de perto, em Alhandra, o Conjunto Académico João Paulo... Ouvi-os ensaiar vezes sem conta... Fiquei farto... Mesmo assim preferia-os a eles a ter que ouvir, até à exaustão, nos "rangers", em 1966, o "Sambinho Chato" e o "Et Maintenant" (Mário Gaspar); (ii) link com a canção "O Salto" (EPI, Mafra, 1966) (Inácio Silva)

Mário Gaspar, ex-fur mil at art 

MA, CART 1659 (Gadamael 
e Ganturé, 1967/68)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar, com data de ontem, respondendo a um apelo nosso, ao pessoal da Tabanca Grande, para nos mandar fotos, histórias e memórias de/com o Conjunto Académico João Paulo,  cujos seis elementos fizeram a tropa ao mesmo tempo, "pagando" em digressões pelo Ultramar (Guiné incluída) o tempo de serviço militar... [, Dizem que por sugestão, "cunha" ou conveniência do Movimento Nacional Feminino: na realidade, sempre era melhor tocar e cantar para os combatentes, mesmo nos quarteis do mato,  do que andar com a canhota pelos matos e bolanhas da Guiné...]



Caros Camaradas

Em abril de 1968 (*) eu estava em Gadamael Porto e tinha perdido o meu melhor amigo que ficou com um buraco na barriga, os membros pendurados por fios e pedia aos camaradas que lhe dessem um tiro. Ainda foi assistido mas morreu, ele o furriel miliciano Vítor José Correia Pestana e o soldado António Lopes da Costa. 

Para cúmulo "mortos por acidente", foi o mesmo “acidente” que levou o Lobato a sair de Conacri com os camaradas na “Operação Mar Verde”, regressar a Lisboa e voltar a Gadamael Porto, dizendo ter fugido. 

Conheci de perto o Conjunto João Paulo (*). Os ensaios deles eram ao lado do meu quarto, na casa dos meus pais, em Alhandra, mesmo ao lado do Cineteatro Salvador Marques.

Voltei a vê-los no Monumental, em Lisboa - uma boa obra arquitectónica que desapareceu por culpa de alguém - ou num Carnaval ou Fim-de- Ano. Actuou uma cantora sul-sfricana, julgo que Vicki era o seu nome. 

Ouvi-os a ensaiar, vezes sem conta, e altos berros. O representante do Conjunto era madeirense e explorava os Cinemas de Alhandra, Póvoa de Santa Iria e Sacavém, pelo menos.

Até fiquei farto. Na Gadamael queriam que visse “Rapazes de Táxi”, com Tony de Matos e António Calvário. Foi a oportunidade que tive. Verdade seja dita ser mais agradável escutá-los que aturar nos Rangers em 1966 o “Sambinha Chato” e o “Et Maintenant”.

É chato chato, muito chato o "Sambinha chato", muito chato, e o "Sambinha chato" é chato, muito chato o "Sambinha chato". Isto repetido. “Et Maintenant” era engraçado, mas repetido era uma chatice.

Abraços, 

Mário Vitorino Gaspar

2. Nota do Carlos Vinhal:

Caro Luís:

Mais uma composição do Conjunto Académico João Paulo,  enviada pelo nosso amigo e camarada Inácio Silva, também ele um ilustre madeirense, como sabes [, foi 1.º cabo, ap armas pes, CART 2732, Mansabá, 1970/72] [, foto à direita].

Caro Carlos Vinhal:

Correspondendo ao teu pedido, ainda que parcialmente, aqui vai um link (se é que já não o tens), da músico "O Salto" [, composta em Mafra, em 1966, e que tem subjacente uma crítica à instrução militar da época]: https://www.youtube.com/watch?v=sKPOmeGuDHs

sábado, 3 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15195: Agenda cultural (428): "Festival 6 Continentes", realização do Lions Clube da Lusofonia, dia 17 de Outubro pelas 21h30, no Auditório da Cooperativa de Habitação Económica "SETE BICAS" - Senhora da Hora - Matosinhos (Jaime Machado)

1. Mensagem do nosso camarada Jaime Machado (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) com data de 2 de Outubro de 2015:

Caro Camarada e Amigo Carlos Vinhal 
Mais uma vez venho à tua presença com um pedido de publicação no Blogue. 

Desta feita venho solicitar-te o favor de fazeres a divulgação por todos os nossos Camaradas do espetáculo Festival 6 Continentes que o Lions Clube da Lusofonia vai realizar no dia 17 de Outubro próximo pelas 21h30 no Auditório da Cooperativa de Habitação Económica "SETE BICAS" (Rua Padre António Porto - Senhora da Hora - Matosinhos) o qual nos foi gentilmente cedido para o efeito. 

Remeto em anexo o suporte informativo do espetáculo do Festival 6 Continentes, que tem como objetivo a promoção e defesa da Língua Portuguesa e das diferentes culturas Lusófonas pelo Mundo.

O bilhete de ingresso no espetáculo terá o preço simbólico de 2,5 euros por pessoa.
Para compra de bilhetes, por favor contactem pelo telem 967 409 449 ou jmrodrigues47@gmail.com

Aceita as nossas melhores Saudações Lionísticas. 
Um abraço
Jaime Machado


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Nota do editor

Último poste da série de 3 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15194: Agenda cultural (427): Início do 14.º Ciclo das Tertúlias "Fim do Império" com a apresentação dos livros "Dois Amigos, Dois Destinos" e "De Bragança a Macau", no dia 8 de Outubro de 2015, pelas 15h00, na Messe Militar, Praça da Batalha - Porto (Manuel Barão da Cunha)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14950: Fotos à procura de... uma legenda (59): Os manos Marques da Silva, fundadores do conjunto musical "Ritmos Caboverdeanos", em digressão por Bissau e Dacar, em junho de 1964, que iam "tramando", sem o quererem, o primo António Medina...


Foto da capa do primeiro disco ("Mornas e coladeras"), em vinil, de 45 rotações, editado pelos "Ritmos Caboverdenos", na Alemanha, nos anos 60. Cortesia de Discogs.com. Legenda do primo António Medina: da esquerda para a direita, Djack de Felicia, viola baixo (1);  Lulu Marques,  acordeão (2);  Djosa Marques, bateria (3); Tony Marques,piano (4); e Humberto Bettencourt, violo solo (5).


1. Mensagem, de hoje, do António Medina (*)

[ o nosso camarada, veteraníssimo,  Antonio Medina, ex-fur mil inf, CART 527, Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu,Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65; natural de Santo Antão, Cabo Verde, foi funcionário do BNU, Bissau, de 1967 a 1974; vive hoje nos EUA desde 1980; tem dupla nacionalidade, portuguesa e norte-americana; é nosso grã-tabanqueiro desde 1/2/2014]


Luís:

Dando seguimento ao teu pedido de identificação dos elementos dos "Ritmos Caboverdeanos",  vê a seguir da esquerda para a direita (**):

(1) Djack de Felicia, viola baixo; foi empregado da Camara Municipal de S. Vicente; já falecido.

(2) Lulu Marques [da Silva], acordeão, já falecido;

(3) Djosa Marques [da Silva], bateria, já falecido;

(4) Tony Marques [da Silva], piano, reside em New York;

(5) Humberto Bettencourt, violo solo, meu antigo colega do liceu e da tropa.

Falta aqui o vocalista, Longino Baptista. Os três Marques da Silva são todos meus primos e antigos proprietários do Cinema Eden-Park, em S. Vicente.

Um abraço, Medina

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(**) Ùltimo poste da série > 6 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14841: Fotos à procura de... uma legenda (58): Varela, 1955: o arquiteto Luís Possolo [1924-1999], o felupe e o "teco-teco"...

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14945: O segredo de... (19): António Medina (ex-fur mil, CART 527, 1963/65, natural de Cabo Verde, mais tarde empregado do BNU, e hoje cidadão norte-americano): Desenfiado em Bissau por três dias, por causa dos primos Marques da Silva, fundadores do conjunto musical "Ritmos Caboverdeanos"... Teve de se meter num táxi, até Teixeira Pinto, que lhe custou mil pesos, escapando de levar uma porrada por "deserção"!




Capa e contracapa do disco de 45 rotações,  em vinil,  um EP gravado na Alemanha,  o primeiro, do conjunto Ritmos Caboverdeanos: "Mornas e Coladeras". (c. década de 1960). Label: Teldec ‎– T 75536, Teldec ‎– 45-9/64216, Teldec ‎– RC 1/67.

Cortesia de Discogs.com




1.  Mensagem, de 24 do corrente,  do António C. Medina:


[, foto à direita, o camarada Antonio C[ândido da Silva] Medina, ex-fur mil inf, CART 527, Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu,Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65; natural de Santo Antão, Cabo Verde, foi funcionário do BNU, Bissau, de 1967 a 1974; vive hoje nos EUA desde 1980; é nosso grã-tabanqueiro desde 1/2/2014]


Prezado camarada Luis:

Em anexo estou remetendo a descriçãoo de uma minha loucura praticada aquando da minha vida militar em Cacheu.

Se achares conveniente publicá-la no Blogue te agradeço. Diz o que tiveres por conveniente.

Um abraço do Medina


2. LOUCURA... DE UM MILICIANO

por António C. Medina


Em Junho de 1964 andava o terceiro pelotão da CART 527,  destacado em Cacheu, quando numa bela tarde se recebeu instruções para,  no dia seguinte, de manhã cedo, eu apanhar a estrada com o meu grupo que nos levaria a Bissau para um reabastecimento de géneros alimentícios.

Anteriormente, era a Manutenção Militar,  sediada em Bissau, que distribuía e transportava os géneros para o mato para serem entregues aos vaguemestres das companhias que tivessem mais fácil acesso e menos riscos. Desde que o inimigo se mostrou nas estradas atacando nossas colunas, deixaram de o fazer e passou a ser o transporte garantido sob escolta dos operacionais. a quem cabia essa dura tarefa.

Tudo a postos com homens, viaturas e material de guerra, bem de manhãzinha deixamos Cacheu,  chegando a Bissau em boa hora para se carregar as GMC e os Unimog. O critério adoptado era quem chegasse primeiro seria o primeiro a ser reabastecido com batatas, folhas de bacalhau, vinho, azeite, farinha, latarias, grades de cerveja, etc, etc, para o sustento dos militares.

Também se aproveitava para se dar uma passeata pela cidade, tomar algumas cervejas com acompanhamento de saborosos camarões ou ostras cozidas na esplanada dos senhores Espada e Veralonga, apreciar um frango de churrasco com limão e malagueta do Restaurante Santos, comprar alguma coisa de interesse pessoal como máquina fotográfica, aparelhos de rádio alimentados a pilhas, lindas colchas, objectos de uso caseiro, bibelôs vindos de Macau, garrafas de whisky de especial qualidade e outros mais objectos que constituissem novidade e boa prenda para os familiares, tudo a preço convidativo, e pago com escudos da Guiné, notas e moedas emitidos pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU), arbitrariamente conhecido pelo nativo como “pesos“ desde os primórdios da época colonial.

Aconteceu que logo assim à nossa chegada, por ter patrícios amigos trabalhando no BNU, aí me desloquei para os cumprimentar, tomando conhecimento da estadia de três primos direitos que faziam parte do conjunto musical  "Ritmos Caboverdeanos" (*)  em digressão ao Senegal e Guiné. Estavam eles hospedados em casa de um patrício,  empregado do BNU. Como é obvio,  procurei-os de imediato  e a partir daí a malta meteu-se em copos e petiscos, como por exemplo um suculento e caseiro pitch-patch (sopa de ostras com limão e malagueta), e depois conversa fiada, música de Cabo Verde, variada e tão bem interpretada por serem eles exímios tocadores.

Curtia eu o ambiente,  matando saudades da terra, quando o nosso primeiro cabo Augusto me localizou e me informou que tudo estava preparado para seguirmos viagem para Teixeira Pinto, pois já se fazia tarde e teríamos de atravessar ainda o rio Mansoa pela jangada em João Landim, antes que a maré vazante nos surpreendesse.

Sentindo-me eufórico pelos uísques e cervejas, perdi a noção da responsabilidade que tinha nos meus ombros, apontando o nosso cabo Augusto como comandante da coluna e ordenando que de imediato seguissem viagem. Que à chegada informasse o alferes daquela minha decisão e que voltaria logo assim me fosse possível.

Passei tres dias em Bissau “numa boa”, como hóspede estive na Pensão Chantre, na Praça do Liceu Honório Barreto, vestido à civil com calças e camisa do colega furriel miliciano Autilío Goncalves,  da CCAÇ 412.  da zona leste, de férias em Bissau. Assisti e participei de um baile no campo de basquetebol do BNU,  como convidado especial dos meus primos Marques da Silva (**).

O ultimato chegou precisamente ao fim da tarde desse terceiro dia, o nosso capitão conseguira uma ligação para o BNU e,  falando com o empregado que o atendeu e me conhecia,  pediu a ele que me informasse da situação de “DESERTOR” a que eu estava sujeito se não me apresentasse no dia SEGUINTE EM TEIXEIRA PINTO (!), que logo de seguida também teria de comunicar o assunto ao Comando do Batalhão de Bula [, ten cor Hélio Felgas].

A consciência veio à tona ficando eu envolvido pelo medo e com receio de apanhar uma pena de prisão e ser transferido par zona mais perigosa como castigo. No dia seguinte decidi ir ao Quartel General,  em Santa Luzia, saber se haveria alguma coluna que estivesse indicada para Teixeira Pinto e pudesse eu aproveitá-la. A informação foi negativa, que já não tinham mais viagens para o interior,  o que me alarmou um pouco.

Procurando na minha mente uma solução e,  com uma calma aparente, cerca do meio dia resolvi aproximar-me de um taxista estacionado na Praça Honório Barreto, dizendo-lhe que precisava de um transporte urgente para Teixeira Pinto. Que era eu militar, que tinha perdido a coluna que saira de manhã cedo mas que impreterivelmente teria de me apresentar naquela mesma tarde ao quartel. 

Fez-me diversas perguntas, como era a estrada, se nada tinha acontecido,  ao que sempre respondi negativamente. Ponderou ele por alguns longos minutos, notou ele durante a conversa que era eu cabo-verdiano,  acabando também por me confessar que era natural da Praia,  Cabo Verde,  e assim se estabeleceu uma dupla confiança. Me aliviei um pouco quando me disse que receberia mil pesos (escudos da Guiné),  o que de imediato liquidei por antecipação.



Guiné > Cópia de uma nota de cem escudos (ou "pesos",  emitida pelo BNU (Banco Nacional Ultramarino), em circulação no meu tempo (c. 1969/71)... Julgo que já existissem no tempo do António Medina (c. 1963/65). Foram 10 notas como esta que ele teve de pagar a um taxista, seu patrício, que ganhou o dia,  levando-o de volta, em junho de 1964, ao quartel onde estava a CART 527, em Teixeira Pinto, depois de uma "deserção" de 3 dias em Bissau... Mil pesos dava para comprar 10 garrafas de uísque velho... (LG)

Imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2006).


De nome Daniel, simpático, conversador, encheu o depósito do automóvel. Fomos à Pensão Chantre onde troquei as roupas do Autílio por calções e camisa de caqui sem divisas, com o miolo descoberto. À saída pedi à senhora,   minha patrícia e proprietária,  dona Antoninha,  que me desse a minha [pistola metralhadora] FBP  que lhe confiara para guardar em local seguro, o que ela prontamente assim fez,  para depois ser escondida debaixo do assento traseiro do automóvel. 

Guiné, Região do Oio,
Olossato, 1963. CART 527. Fur mil
António Medina, equipado
de pistola metralhadora FBP
Ocupando o assento ao lado do condutor, partimos para a nossa viagem aventura. À chegada a João Landim para se atravessar o Mansoa,  notei a presença de uma nativa de cesto à cabeça, já minha conhecida em Cacheu por vender ostras e camarões no quartel,  pelo que lhe ofereci uma boleia, ocupando o banco traseiro. Logo após o arranque do automóvel, já na outra margem com estrada de terra batida,  pedi então ao condutor que não parasse por razão alguma e que mantivesse uma boa velocidade mais que a habitual mas que lhe permitisse manobrar o automóvel  com segurança.

E assim lá fomos,  debaixo de uma grande tensão,  à espera de sermos emboscados a qualquer momento, o que não aconteceu. Horas depois entrávamos em Teixeira Pinto pela avenida principal, visitando uma pequena cervejaria local para nos refrescarmos com uma Sagres cada um,   antes da minha entrada triunfal (?) no quartel. O táxi tomou então o caminho de regresso sem qualquer incidente até chegar em Bissau.

E O NOSSO CAPITÃO ?

Preparado para ouvir um grande raspanete desse meu comandante, com justa razão vi nele cara de poucos amigos, adiantando ele em me chamar a atenção de já termos sido emboscados naquela mesma estrada, acrescentando que o meu procedimento de aventura indicava que já estava eu APANHADO  (expressão usada para os malucos no exército), desculpando-me eu com a presença dos meus familiares em Bissau, há já  algum tempo sem contacto.

Tinha eu ainda de seguir para Cacheu onde me encontrava aquartelado, ao que ele ordenou que me levassem sob escolta reforçada com duas autometralhadoras, sem nunca tão pouco se referir uma só vez ao assunto de deserção. Estava eu perdoado por tamanha loucura e falta de cumprimento das ordens dos meus superiores.

Meu Comandante, presto-lhe a devida vénia por tamanha compreensão e que Deus o proteja.


2. Comentário de LG:

António, como tive ocasião de to dizer, por email,  é uma história que merece título de caixa alta!... Temos, de há muito (desde 30 de novembro de 2008), uma série chamada "O segredo de...". 

É uma "espécie de confessionário" onde cada de nós pode vir "confessar" pequenos/grandes segredos que tem guardado na "caixinha de Pandora" que é a memória (**)...

Contigo já lá vão 19 postes. Podiam ser mais,  se alguns dos nossos camaradas não se acanhassem, com receio (hoje, injustificado) de serem objeto de crítica ou censura por parte dos seus pares... Como sabes, uma das nossas regras de ouro é não "julgar" o comportamento de nenhum camarada, vivo, incluindo os nossos comandantes operacionais...

Nem sempre é fácil respeitar e fazer respeitar esta regra fundamental do nosso blogue. No teu caso, dá para perceber que o teu coração foi bem mais forte  que a razão... Não ganhaste para o "susto" quando o teu capitão te chamou "à terra", ou mlehor, "à pedra"... Mas deste uma lição de desenrascanço, à boa maneira portuguesa... "All's well that ends well", tudo está bem quando acaba bem...

Arranjei, na Net, esta raridade, que é a capa do primeiro EP que os teus primos gravaram [vd. fotos acima]... Era um conjunto musical, os "Ritmos Caboverdeanos",  bem cotado na época, ao ponto de vir tocar a Dacar, Bissau, Lisboa.... Faz-me o favor de completar a legenda com os nomes dos músicos, na foto abaixo...

E obrigado pela tua partilha... É menos um segredo na tua "caixa de Pandora"... Ficas, por certo, mais aliviado e nós, mais "ricos", em termos de informação e conhecimento sobre aquele tempo e lugar que nos coube na lotaria da história!

Abraço grande!... Luís
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Notas do editor:

(*) António Marques da Silva ("Tony Marques", piano) era um dos fundadores do conjunto "Ritmos Caboverdeanos", da ilha de São Vicente. Havia mais dois irmãos: Lulu Marques (acordeão) e Djosa Marques (bateria)...



Os irmãos Tony Marques (piano) e Djosa Marques (bateria) parecem estar bem identificados, pelo nosso editor LG,  na capa do seu primeiro disco.  O terceiro mano Marques da Silva era o Lulu Marques (acordeão), que pode bem ser o elemento que está à direita do baterista. Restantes elementos: Djack Felicia (viola baixo),  Humberto Bettencourt (viola solo) e  Longino Baptista (voz).

O conjunto está representado em Cap Vert : anthologie 1959-1992 = Cape Verde : anthology 1959-1992 [Paris : Buda Musique, (1992?) ] onde estão representados alguns dos melhores intérpretes da música caboverdiana da segunda metade do séc. XX:

Fernando Quejas; Amândio Cabral; Djosinha; Mité Costa; Titina; Bana; Luis Rendall; Humbertona; Tututa; Taninho; Chico Serra; Morgadinho; Luís Morais; Frank Mimita; Frank Cavaquim; Jon Spedinha; Norberto Tavares; Zézé di Nha Reinalda; Zeca di Nha Reinalda; Caetaninho; Travadinha; Cesária Évora; Celina Pereira; Dany Silva; Boy Ge Mendes; Centaurus; Ritmos Caboverdianos; Voz de Cabo Verde; Conjunto Kola; Tubarões; Bulimundo; Grupo Cultural Mantenha; Finaçon; Cabo Verde Show.

 (**) Últimos cinco postes da série >

26 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13046: O segredo de... (18): O ato mais irresponsável nos meus dois anos de serviço como soldado de artilharia (Vasco Pires, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12627: O segredo de... (15): Processo concluído (Augusto Silva Santos)

5 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12545: O segredo de... (14): António Graça de Abreu (,ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74): Também fiz o curso de Minas e Armadilhas, em Tancos, ainda em 1971... E até sonhei um dia em ser... bombista!

Primeiro poste da série:

30 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14892: Agenda cultural (418): 32º festival de Almada: sábado, 18, 20h00, música guineense, o "Djumbai Jazz" (Jorge Araújo)






 Data: 17 de julho de 2015 às 12:54

Assunto: Agenda Cultural - 32.º Festival de Almada


Caro Luís,

Quase no limite da data de encerramento, anexo, para os efeitos que entenderes por bem, um pequeno texto elaborado a propósito do festival em epígrafe.


Que tenhas um óptimo fim-de-semana.


Um abraço amigo,

Jorge Araújo.







O nosso blogue apoia a música guineense > Djumbai Jazz

2. Música guineense em Almada, neste sábado, às 20h00

Caros Camaradas Tertulianos.

Anexo informação alusiva ao 32.º Festival de Almada 2015, a decorrer até ao próximo sábado, 18 de Julho, numa organização conjunta entre a Câmara Municipal de Almada e a Companhia de Teatro de Almada.

Trata-se de um festival iniciado em 1983, a nível de Teatro Amador, e que cresceu até se tornar, hoje, num dos festivais de teatro mais referenciados na Europa. A Companhia de Teatro de Almada encerra, deste modo, a sua temporada teatral portuguesa com uma programação diversificada em vinte e sete produções, ao longo de quinze dias, contando com um ciclo de seis espectáculos do “novíssimo teatro espanhol”,  reunindo o que de melhor se faz no país vizinho. Outras doze produções chegam-nos de Itália, Suíça, Alemanha, Brasil, Roménia, México e França, representando igualmente o que de melhor se produz no teatro daqueles países. O programa contará, ainda, com nove produções lusas, entre as quais três estreias.

Para Rodrigo Francisco, Director Artístico da CTA, o facto de este Festival ser organizado por uma companhia de teatro independente ajuda certamente a explicar as suas longevidade e estabilidade, assentes numa relação de proximidade quer com o público de Almada, quer com os artistas que nos visitam.

Como criadores que somos, gostamos de confrontar-nos com o que de melhor se faz no mundo. A emulação pode por vezes ser dolorosa – mas tem-nos ajudado a crescer. Assim como ao nosso público, que se torna a cada ano mais exigente e não nos permite a cristalização em soluções já testadas ou fórmulas repetitivas…

Este ano, graças ao prestígio alcançado ao longo do tempo e ás boas-vontades que a Companhia de Teatro de Almada tem sido capaz de reunir, o conjunto de apoios obtidos em Portugal e no estrangeiro permitiu reunir uma programação rara. [E, no que respeita a financiamentos, refira-se que a subvenção da Secretaria de Estado da Cultura a esta Companhia recuou para os valores de 1997].

O festival mantém a sua característica de Festa, com espectáculos de rua todos os dias, exposições e colóquios, para além do teatro e da música, nomeadamente dos PALOP.

No programa musical, destaca-se no próximo sábado, dia 18 de Julho, pelas 20:00 horas, a actuação do «Djumbai Jazz», um quarteto oriundo da Guiné-Bissau.

A sua actuação terá lugar na Esplanada da Escola D. António da Costa, em Almada.

«Djumbai Jazz» é um projecto musical iniciado, nos anos noventa do século passado, por Maio Coopé, cantor, músico e compositor guineense.

Na sua génese, como explica Maio Coopé [Lisboa Africana], está o facto de no seu país, sobretudo nas zonas suburbanas, antes das crianças irem dormir, há uma reunião junto dos mais velhos, ao redor da fogueira. Contam-se histórias e há sempre uma pessoa para cantar. Trata-se de um costume da Guiné-Bissau e que esteve sempre bem próximo dele.

Foi neste ambiente que Maio Coopé se inspirou, transformando-se em nome importante na música tradicional da Guiné-Bissau, mesclando-a com outros ritmos e sonoridades da África Ocidental.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

Jul 2015

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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14875: Agenda cultural (415): "De Freguês a Consumidor, 70 anos de sociedade de consumo". Venha cavaquear comigo, dia 16 de Julho pelas 19 horas, na Livraria Barata, Av. de Roma, n.º 11, em Lisboa (Mário Beja Santos)