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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24835: Por onde andam os nossos fotógrafos? (14): João Martins, ex-alf mil art, BAC1 (Bissau, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70) - Parte I: Em Piche, em setembro de 1968, com o 12º Pel Art (11.4cm)


Guiné > Região de Gabu > Piche > Setembro de 1068 >  12º Pel Art (11,4 cm) > Foto nº 95/199 > O régulo de Piche veio, em nome da população, dar as boas vindas ao Pel Art e ao seu comandante, o Alf Mil Art Martins. Fim da jornada. (Não sei quantos dias levou...).


Guiné > Bissau > Rio Geba > LDG 101, "Alfange" > Setembro de 1968 > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche >  Foto nº 68/199  > 12º Perl Art e peças de artilharia 11.4 a caminho de Piche, ao lado de garrafões de vinho...


Guiné > Região de Bafatá  > Rio Geba (Estreito) > Bambadinca > LDG 101, "Alfange" > Setembro de 1968 > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche >  Foto nº 73/199 > Setembro de 1968 > Chegada da LDG ao cais fluvial de  Bambadinca [Vê-se as instalações do Pelotão de Intendência, e ao fundo o início da rua principal de Bambadinca que dava acesso, por uma rampa, ao quartel]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá>  Setembro de 1968 > 12º Pel Art > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche > Foto nº 76/199 > Em Bafatá, com as peças 11.4 à espera de prosseguirem, em coluna auto, até Piche, via Nova Lamego.


Guiné > Região de Gabu > Estrada Bafatá - Nova Lamego >  Setembro de 1968 > 12º Pel Art > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche > Foto nº 81/199 > Deslocação na picada a caminho de Nova Lamego (nesta data ainda não havia a estrada alcatroada, Bafatá-Nova Lamego)
 

Guiné > Região de Gabu > Estrada Bafatá - Nova Lamego >  Setembro de 1968 > 12º Pel Art > Coluna Bissau - Bambadinca - Bafatá - Nova Lamego - Piche >  F
oto nº 90/199 > > Paragem obrigatória para descansar... [Em primeiro plano, uma das 3 peças de artilharia, 11.4]


Guiné > Região de Gabu > Piche > 12- Pel Art >  Setembro de 1968 > Foto nº 99 /199> "Em Piche nunca entrei em combate, mas tive encontros imediatos de grande perigo, porque facilitei em demasia"... [Na foto, canhão s/r montado em jipe... Não era uma arma de artilharia, mas uma arma pesada de infantaria...]


Guiné > Região de Gabu > Piche > 12º Pel Art >  
Setembro de 1968 > Foto Foto nº 101/199 >  [O João Martins com uma temível granada de canhão s/r]


Guiné > Região de Gabu > Piche > 12º Pel Art >  
Setembro de 1968 > Foto nº 117/199 > As peças finalmente instaladas. 

Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da  Guiné]



João José Alves Martins


1. O João Martins é o nosso tabanqueiro nº 540. Entrou em 16/2/2012. Faz hoje anos de vida. Foi alf mil art, BAC1 (Bissau, Bissum, Piche, Bedanda, Guileje, 1967/70). Tem mais de 65 referências no nosso blogue. Tem página no Facebook (João José Alves Martins). É lisboeta e vive em Lisboa. Continua a fazer fotografia, de eventos sociais e familiares, além de viagens. (Tem um filho, casado, na Suíça.)

O João sempre foi um apaixonado por São Martinho do Porto (onde tem ou tinha casa de verão). E aqui há muitos motivos para belas fotos: a baía de São Martinho do Porto, uma das mais belas do mundo, o pôr do sol, o mar... ou não fora ele filho de oficial da marinha... Conheci-o em Lisboa, onde fazíamos parte de uma tertúlia (os "Caminheiros das Conchas", no Lumiar, em Lisboa, onde ele mora). Trouxe-o também, juntamente com o JERO, para a Tabanca de São Martinho do Porto na altura em que ainda eram vivos os Schwarz (Pepito e Clara, na casa do Facho). Já não o vejo há uns largos anos, desde pelo menos o início da pandemia de Covid-19. É um bom amigo e camarada, afável e conversador.

Temos dele alguns das melhores fotos da nossa artilharia no CTIG (de um total de cerca de 200).  

A sua comissão no CTIG está excecionalmente bem documentada em imagem e texto, tendo passado, com o seu Pel Art e as peças de artilharia ou seus obuses, por diversos aquartelamentos, nomeadamente fronteiriços: Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene e Ingoré, além de Bissau (onde estava aquartelado o BAC 1).

É autor da série "Memórias da Minha Comissão", que publicámos em 10 postes, de abril a junho de 2012. (*)

Já publicámos também outra série, "Álbum fotográfico do João Martins"... Vamos agora selecionar "o melhor do melhor"... paara a nova série "Por onde andam os nossos fotógrafos" (**).

2. Fica aqui um resumo da sua comissão no CTIG (de dez 1968 a jan 1970)
  • Entrou no COM em Mafra, em janeiro de 1967;
  • No 2.º trimestre tirou a especialidade PCT (Posto de Controlo de Tiro), na EPA, Vendas Novas);
  • Mobilizado para o CTIG pelo RAP 3 (Figueira da Foz), chegou a Bissau a 19/12/1967;
  • Apresentou-se em Bissau no BCAÇ 1;
  • Foi colcado em Bissum-Naga, no Pel Art (8.8 cm);
  • Depois da 1ª licença para gozo de férias na metrópole, foi  colocado em Piche com o 12º Pel Art (11.4 cm);
  • Depois de Piche, voltou ao BCA1 em Bissau, para dar instrução;
  • Foi colocado, em 1969, em Bedanda onde já se encontrava um pelotão com três obuses 14 cm ("um dos locais da Guiné que me deixaram mais saudade");
  • Ainda passou por Gadamael, a caminho de Guileje;
  • Depois de novas férias, em agosto de 1969, regressou ao CTIG onde o esperava nova missão, desta vez, no norte, em Bigene e Ingoré.
  • Regressou a casa em 1 de Janeiro de 1970 (passou 3 Natais no CTIG).

3. Em 1 de julho de 1969, BAC 1 (Comando em Bissau), tinha os seguintes Pel Art espalhados pelo território:
  • 1° Pel (14 cm) Cameconde 
  • 2° Pel (10,5 cm) Buba
  • 3° Pel (8,8 cm) Buruntuma
  • 4° Pel (10,5 cm) Bigene
  • 5° Pel (10,5 cm) Cabedú
  • 6° Pel (8,8 cm) Tite
  • 7° Pel (10,5 cm) Catió
  • 8° Pel (10,5 cm) Mansambo
  • 9° Pel (10,5 cm) Có
  • 10° Pel (14 cm) Jumbembem
  • 11° Pel (8,8 cm) Mansoa
  • 12° Pel (11,4 cm) Piche
  • 13° Pel (11,4 cm) (-) Guileje | - 1 Sec (14 cm) Aldeia Formosa
  • 14° Pel (14 cm) Aldeia Formosa
  • 15° Pel (11,4 cm) Guileje
  • 16° Pel (10,5 cm) Cabuca
  • 20° Pel (10,5 cm) Xime
(Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro II; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pág 421)  
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Notas do editor:

(*) Vd. postes da série >


3 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9844: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte II - Batismo de fogo em Bissum-Naga até às férias..

5 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9857: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte III - BIssau e férias em São Martinho do Porto, em agosto de 1968

10 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9879: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte IV : Em Piche, com um Pel Art com 3 peças de 11.4

18 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9919: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte V : Depois de Piche: de novo em Bissau e Mansoa, a dar instrução a artilheiros, antes de ir para o sul (Bedanda, Gadamael e Guileje)

26 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9947: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VI: Bedanda, com o obus 14: um dos locais que me deixou mais saudades...

4 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9994: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VII: Despedida de Bedanda, a caminho de Gadamael e Guileje, aos 18 meses

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24730: Manuscrito(s) (Luís Graça) 235 ): O Van Gogh nunca pintou o pôr do sol no mar do Serro, visto da varanda do VIGIA, Praia da Areia Branca

 



Lourinhã > Praia da Areia Branca   Varanda do VIGIA - GAPAB (Grupo dos Amigos da Praia da Areia Branca >  5 de Outubro de 2023 >  Fotos HDR: na de cima o Jaime Silva, a Pepita, a Clarinha e a avó Alice Carneiro. O Van Gogh (1853-1890) nunca passou por aqui (nem tinha uma máquina fotográfica Nikon D5300) mas, se tivesse passado, teria pintado um pòr do sol a óleo sobre tela que hoje valeria milhões... 

O Mar do Serro também faz parte da nossa aventura trágico-marítima...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (Imagens HDR - High Dynamic Range, tiradas sem tripé)
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24694: Manuscrito(s) (Luís Graça) (234): o fim do verão, o princípio de outono, as vindimas da nossa alegria... E o que nós andámos para aqui chegar!...

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24695: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (13): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte X: Mulheres e bajudas de Bambadinca e Madina Bonco


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3



Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > Pel Rec Daimler 2046 (maio de 1968/fevereiro de 1970) / CCS / BCCAÇ 2852 (1968/70)  > Mulheres e bajudas de Bambadinca (fotos nºs 1, 2, 3 e 4 ). Madina Bonco (fotos nºs 5, 6 e 7). 

Nas quatro primeiras fotos, vemos a Rosinha, a lavadeira do "alfero", que ele voltou a reencontrar, 40 anos depois, em Bissau (foto nº 3)  e pintou depois, num quadro em acrílico, em 2015, a partir da foto de 2010 (foto nº 4).

A população da vila e posto administrativo de Bambadinca, pertencente à circunscrição (concelho) de Bafatá, era, na época, de cerca de 2 mil pessoas, maioritariamente fulas e mandingasm sendo uma parte também refugiada de guerra,.

Bambadinca tinha escola primária e casa de habitação da professora (que era cabo-verdiana), posto dos CTT, igreja e missão católicas e diversos estabelecimentos comerciais (incluindo a Casa Gouveia, o Fernando Rendeiro e o Zé Maria).  Era sede de batalhão. Era um importante porto fluvial, nó rodoviário e entreposto comercial, ponto de passagem obrigatório para todo o leste. Na altura a estrada Bissau-Mansoa-Bafatá estava cortada. Chegava-se a Bambadinca por via fluvial (ou a partir do Xime).  

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Jaime Machado:  (i) reside em Senhora da Hora, Matosinhos; (ii) sua avó paterna era moçambicana; (iii) mantém (ou manteve até há uns anos), com a Guiné-Bissau,  uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; (iv) voltou à Guine-Bissau em 2010


1.  Continuação da publicação de uma seleção de fotos do belíssimo álbum do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*).

 O Jaime Machado tinha sob o seu comando um pequeno grupo de pessoal: Pel Rec Daimler 2046, num total de 14 elementos, chegou a Bambadinca dia 7 de maio de 1968, tendo ficado às ordens do comando do BART 1904 (Bambadinca, maio /setembro 68) e depois do BCAÇ 2852 (Bambadinca, outubro 68/fevereiro 70).

Já teve ou ainda tem funções diretivas no Lions Clube Senhorra da Hora. É membro do Lions Clube Lusofonia (que tem como alvo especial a ajuda aos países lusófonos e aos seus imigrantes 
 residentes no concelho de Matosinhos).


2. Em mensagem de 8 de julho de 2015 22:57, o Jaime Machado adiantou-
nos o seguinte sobre estas e outras fotos:

(...) Madina Bonco fica na estrada para Galomaro, muito perto da estrada Bambadinca/ Bafatá Tenho muitas fotos de 2010 (centenas),  algumas muito interessantes.
´
Há anos fiz uma exposição comemorativa dos 40 anos do meu regresso, intitulada "40 anos, 40 fotos". Apresentei 40 fotos de 1968/70 e em contraponto 40 fotos de 2010,  tiradas nos mesmos lugares. Foi interessante. Entre essas fotos estava uma daquela bajuda de Bambadinca com 18 anos na época e a foto dela com 58 anos em 2010, em Bissau. (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de setembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24660: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (12): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte IX: Bissau, c. fevereiro/abril de 1970

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24676: Manuscrito(s) (Luís Graça) (233): Quinta de Candoz, as primeiras cores outonais...



















Quinta de Candoz,  19 de setembro de 2023> As primeiras cores outonais...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Há quase cinquenta anos (vai fazer em 2025) que venho a Candoz (*). Aliás, ao Norte, ao Porto, à Madalena, V. N. Gaia. Para vergonha minha, antes do 25 de Abril, só conhecia o país, o Centro e o Norte, até à ria de Aveiro (e o Sul ainda pior, a margem esquerda do Tejo, Setúbal e pouco mais).

E nestes anos todos,  as transformações foram muitas, para não dizer profundas, radicais, estruturantes, em todos os domínios, a nível do indivíduo, da família, do habitat, do território, da economia, da sociedade, das organizações e instituições, etc. Da saúde à educação, do trabalho aos transportes, do lazer à cultura, da sexualidade à religiosidade, da política ao futebol, etc., etc.,

Mas, aqui em Candoz, no “país profundo”, onde o povoamento era (e ainda é) disperso e a predomina(va) o minifúndio,  ainda apanhei tantas “coisas do antigamente” (ou ainda estavam frescas na memória das gentes do vale do Tâmega)…

Listo apenas algumas (uma trintena) que me acorrem, ao sabor do teclado e no decurso desta época de vindimas (em que vim passar 15 dias a Candoz) (**), sem qualquer ordem de precedência, importância ou relevância, e esperando que os nossos leitores acrescentem outras tantas (positivas ou negativas, não têm que fazer juízos de valor; por exemplo, há outras "coidas boas" que persistem, e ainda bem nestas nossas pequenas terras , como o valor dado à família e à "leiras" (transmitidas de geração em geração ), o apego à liberdade, a linguagem chã,  a lealdade, a frontalidade, a nobreza de carácter,  o princípio da "palavra dada", a hospitalidade, a amizade, a camaradagem... 

Mas aqui vai a minha lista (que é meramente exemplificativa.  e muito "enviesada" pela minha vivència nortenha  limitada e esporádica, não tendo eu...  o ADN genético e cultural desta gente):

(i) a luta dos rendeiros contra a parceria agrícola e pecuária, formas pré-capitalistas de exploração da terra, com o pagamento das “rendas” em géneros (e em geral, numa proporção fixa, por exemplo ao terço, a meias, etc.);

(ii) a estratificação social nos campos (no passado): “”fidalgos”, pequenos proprietários, rendeiros…e cabaneiros (gente sem terra nem casa) (e que na igreja também se dispunham pela mesma ordem, com homens e mulheres, socioespacialmente separados);

(iii) os salamaleques da “servidão da gleba” (também do tempo da outra senhora): “com a sua licença, eu senhor e meu amo”, dizia o caseiro para o “fidalgo”, desbarretando-se a 10 metros de distância;

(iii) as juntas de bois lavrando a terra com arados de ferro;

(iv) a criação, em cortes, do gado bovino (o “tourinho”, mais bem tratado que a “canalha”, porque rendia dinheiro ao ser vendido na grande feira do Marco (de Canaveses);

(v) a cultura do milho de regadio, exigente em água e mão de obra (escondia-se o milho nas “minas”, as nascentes de água, para escapar à requisição do governo nos anos da guerra e pós-guerrra);

(vi) a vinha de bordadura (e na sua grande maioria, videiras de tinto… jaquê, um híbrido americano de há muito proibido mas sempre tolerado; de fraca graduação e pior qualidade, o “jaquê” chegava a maio já era intragável; de resto, nas vindimas toda a uva podre ia “para o tinto”; e não havia vinho verde branco,o que se fazia era “para o padre”()

(vii) o vinho tinto bebido da malga de barro vidrado ou da “caneca de porcelana”;

(vi) as “serviçadas” como a vindima, a malha do centeio, a desfolhada do milho, a espadelada do linho, a matança do porco, etc. . em que os vizinhos se ajudava, uns aos outros;

(vii) os grandes cestos de vime de 50 kg de uva que os “homes” transportavam aos ombros, por leiras e solcalcos abaixo (ou acima)nas vindimas,  até ao “lagar do vinho” (em geral, no piso térreo, da casa, e com chão sibroso por causa da temperatura ambiente):

(viii) a matança do porco e à salgadeira   (que era o “governinho da tia Aninhas”);

(ix) o valor comercial da madeira de carvalho, castanho e pinho (madeira nobre hoje destronada pelo eucalipto);

(x) a água de consortes (como a água de Covas, de que o meu sogro tinha direito a utilizar,só no solstício do inverno, uma vez por semana, das 10h da manhã às 6h00 da tarde;

(xi) os “montes” (pinhais) que eram “rapados” todos os anos, não só para limpeza e prevenção dos incêndios como sobretudo por causa da importância que tinha o mato para fazer “a cama dos animais” e depois o estrume;

(xii) a “esterqueira” (ao pé da porta onde se faziam todos os despejos domésticos);

(xiii) as longas caminhadas a pé (para se ir à missa, à romaria, à feira, à repartição de finanças na sede do concelho,  mas também ao "monte", ao "engenho" do m0leiro, ao médico, ao hospital da misericórdia);

(xiv) a escassez de meios de tração mecânica na lavoura (tratores, motocultivadores, etc.) e de transporte automóvel;

(xv) a “venda” que era mercearia, tasca, casa de comidas (para os de fora), cabine pública de telefone, caixa de correio, etc. (em geral à beira da estrada, e num ponto central, no "alto", por exemplo);

(xvi) a sardinha “para três” (que chegava de Matosinhos na Linha do Douro até ao Juncal, e depois era transportada à canasta e vendida de porta em porta);

(xvii) a típica gastronomia de Entre Douro e Minho, o caldo moado, as cebolinhas do talho, os salpicões feitos em vinho tinho verde, o anho com arroz de forno, as papas de farinha de pau, o arroz de cabidela, o bacalhau lascudo n0o Natal, a aletria, etc.

(xviii) só os homens usavam calças (!);

(xix) a virgindade (feminina) antes do casamento;

(xx) o medo da noite,   das trovoadas, das bruxas, dos lobisomens, o pensamento mágico, a aprendizagem através da oralidade à volta da lareira;

(xxi) a importância das feiras e romarias como factor de lazer, de socialização, de negócios, de informação, conhecimento e propaganda;

(xxii) os “bailes mandados” e as “tunas rurais do Marão”;

(xxiii) a luz do candeeiro a petróleo ou querosene;

(xxiv) o caciquismo político e eleitoral:

(xxv) o “varapau”  como símbolo da virilidade e da masculinidade (mas também de violência) (a ponto de ter sido proibido na via pública, nas festas e nos bailes, sendo o seu cumprimento fiscalizado pela GNR):

(xxvi) a fraca monetarização da economia (fazia-se algum dinheiro com a venda das uvas, do milho, do tourinho);

(xxvii) a autossuficiência da economia do pequeno campesinato familiar onde o pai era “pai e patrão” e  a “ranchada de filhos”  era garantia de mão de obra abundante e gratuita"... E em que sé cultivava e tecla o linho  e as raparigas tinh o "bragal";

(xxviii) a emigração (para o Brasil e depois para França e Alemanha);

(xxix) o obscurantismo religioso, político e cultural;

(xxx) as “grandes mulheres”, as "Marias da Fonte",  que em geral se escondem(iam) atrás dos seus “homes” ( de varapau na mão)…

… E dito isto, continuo a gostar de cá vir, em épocas emblemáticas, festivas, do Natal à Páscoa, da festa da Senhora do Socorro às vindimas... Claro, aos batizados, casamentos, festas da família, enterros… (E há perdas recentes, que nos deixam dor profunda e eterna saudade.)

E gosto de continuar a fotografar Candoz, ao longo das quatro estações e das várias horas do dia. E em particular nesta época do ano em que aparecem as primeiras cores outonais e os primeiros cogumelos. 

E continuo a eleger Candoz como tema da minha escrita (em prosa ou em verso, e nomeadamente nos meus/nossos blogues). Afinal, sou um pobre "citadino"... 

Que o leitor desculpe esta obsessão... É como a Guiné: estivemos lá menos de dois anos, e o blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné já vai a caminho dos vinte. Por menos, já me quiseram mandar para a psiquiatria. (LG)

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sábado, 16 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24660: Por onde andam os nossos fotógrafos ? (12): ex-alf mil cav Jaime Machado, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) - Parte IX: Bissau, c. fevereiro/abril de 1970


Foto nº 1


Foto n º 2


Foto n º 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10


Foto nº 11

Guiné > Bissau > c, fevereiro / abril  de 1970

Fotos (e legenda): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do belíssimo álbum do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852) (*).

[Foto atual, à direita, do Jaime Machado, que reside em Senhora da Hora, Matosinhos; sua avó paterna era moçambicana; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]


2. Comentário do editor:

Não temos legenda para as fotos, esperamos que os nossos leitores contribuam com algumnas dicas... As fotos de Bissau devem ter sido tiradas entre fevereiro e abril de 1970.

Aqui ficam, da nossa lavra, as legendas destas preciosas fotos:

  • fotos nº 1,  2 e 3: zona portuária de Bissau (foto nº 1: porto-cais; foto nº 2: cais do Pijiguiti) e avenida marginal (foto nº 3);
  • foto nº 4: fortaleza  da Amura, entrada principal virada para sul (zona portuária);:
  • foto nº 5: jardim no exterior da  fortaleza da Amura, ao fundo, o edifício da Alfãndega;
  • foto nº 6: avenida principal, av da República (hoje, Av Amílcar Cabral), que ia da Praça do Império até à zona portuária (repare-se no pormenor do polício de trânsito no oexercício das suas funções de sinaleiro):
  • fotos nº 7 e 8: praça do Império, monumento ao "esforço da raça" e palácio do governador (autoria: Gabinete de Urbanização Colonial / Arquitetos João António Aguiar e José Manuel Galardo Zilhão, 1945);
  • fotos nºs 9 e 10: piscina da messe de oficiais do QG - Quartel General, em Santa Luzia;
  • foto nº 11:  Messe de oficiais de Bissau, em Santa Luzia, também conhecido  como "Clube Militar", o  famoso "Biafra" (se não nos enganamos.,..);
  • foto nº 12: "djubi" de Bissau, pequeno comerciante ambulante,
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