quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15414: Fotos à procura de... uma legenda (65): Os que deram, não a vida, mas uma parte do seu corpo (um pé, uma perna, uma mão, um braço, ou os olhos) pela Pátria (José Maria Claro / Francisco Baptista)


Foto nº 1 B > HMP [Hospital Militar Principa],  Lisboa, c. 1969/70 > Cinco camaradas amputados por efeito de minas na guerra do ultramar / guerra colonial



Foto nº 1 A > Foto nº 1 C > HMP [Hospital Militar Principa],  Lisboa, c. 1969/70. O José Maria Claro é o segundo a contar da esquerda.


Foto nº 1 > No HMP [Hospital Militar Principa],  Lisboa > O José Maria Claro é o segundo a partir da esquerda.


 

Foto nº 2 > CCAÇ 2464, Biambe, 1969 > O José Maria Claro, na brincadeira, "com um camarada do rolo de peso", o cilindro manual que se usava na construção e manutenção dos arruamentos dos nossos aquartelamentos...


Foto nº 3 > CCAÇ 2464, Biambe, 1969. O José Maria Claro, cheio de energia, vida e otimismo, no campo de futebol (improvisado) do quartel, antes da maldita mina A/P o ter mandado para Lisboa, para o HMP... É hoje DFA. Recorde-se, por outro lado, que a ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas comemora este ano o seu 40º aniversário.


 Fotos (e legendas): © José Maria Claro (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]



1. O nosso grã tabanqueiro José Maria Claro foi soldado radiotelegrafista de engenharia, da CCAÇ 2464 / BCAÇ 2861, esteve em Biambe, setor de Bula, em 1969...

Foi curta a sua estadia no  TO da Guiné. Vitimado por uma mina antipessoal, que lhe causou a perda de um dos membros inferiores.  foi evacuado para a Metrópole, para o Hospital Militar Principa (HMP), em Lisboa. (*) 


.2. Comentário do nosso camarada Francisco Baptista [,ex-alf mil inf, CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]


Amigo e camarada José Maria Claro,  salta à vista a alegria com que te moves e te divertes, só tu ou com outros camaradas,  antes da maldita mina te ter roubado uma perna.

A tua última fotografia [, no HMP, em Lisboa,] depois de toda a sequência anterior,  é de um homem corajoso que não está disposto a desistir de viver seja qual for a contrariedade. O que nos ensinas é que a vida é um caminho a percorrer sejam quais forem as dificuldades do percurso.

O teu poste fotográfico diz mais do que mil palavras. (**)

Muita saúde e felicidades que bem mereces e muito obrigado pela lição de optimismo que me deste.

Um abraço. Francisco Baptista

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Notas do editor:


(*) 25 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15411: Memória dos lugares (323): Biambe em 1969, fotos de José Maria Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista da CCAÇ 2464


(**) Último poste da série > 8 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15220: Fotos à procura de... uma legenda (64): visita do gen Arnaldo Schulz e do brig Reimão Nogueira a Porto Gole, em fevereiro de 1967... O insólito: (i) duas caixas de cerveja (Cristal e Sagres) no banco traseiro do helicóptero; (ii) um comandante-chefe, de máquina fotográfica a tiracolo, com ar de turista...

Guiné 63/74 - P15413: Expedição Porto-Dakar, integrada na 2ª edição do Dakar Desert Challenge: Coruche, Marrakech, Bissau, Dakar: 26 de dezembro de 2013- 9 de janeiro de 2014 (Abílio Machado, ex-alf mil, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72) - II (e última) Parte




Porto-Bissau... Expedição >  21 de abril de 2016...Dia 17 > Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira da Silva > O tão desejado avião da TAP...


Porto-Bissau... Expedição >  21 de abril de 2016...Dia 17 > Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira da Silva...

O que restou de Portugal, na Guiné-Bissau, por comparção com a herança inglesa (na Gâmbia) e francesa (no Senegal) ? O que resta de Portugal na Senegâmbia ? Fomos os primeiros europeus a chegar a esta vasta região da Africa sariana e subsariana... A pergunta (e a provocação) é do Abílio Machado, que a percocorreu, de jipe, entre 26 de dezembro de 2013 e 9 de janeiro de 2014,,, Ficou de nos mandar fotos, que não mandou... Socorremo-nos de outras, mais antigas, da expedição Porto-Bissau, realizada em abril de 2006, por alguns camaradas nossos (o Xico Allen e o A. Marques Lopes) e onde o Hugo Costa, filho do Albano Costa, se integrou.

Fotos: © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


II (e última) parte da crónica do Abílio Machado


[foto atual à direita; Abílio Machado,  ex-alf mil, contabilidade e administração, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; e também um dos fundadores do grupo musical Toque de Caixa; vive na Maia; publicou recentemente o Diário dos Caminhos de Santiago, Porto, 2013]


Porto-Dakar - Parte II

por Abílio Machado

[, integrado na 2ª edição do Dakar Desert Challenge: Coruche, Marrakech, Bissau, Dakar: 26 de dezembro de 2013- 9 de janeiro de 2014 ]


Um fim de dia global : na Mauritânia estamos, no Hotel Emira, camaronês, dormimos, no restaurante Huzur, turco, comemos. Bem. Na companhia do grupo espanhol. Boa.


Porto-Bissau, expedição. 10 de abril de 2006. Dia 6.
Rua de Nouakchott, capital da Mauritânia.
Foto: © Hugo Costa (2006)
Quarto triplo : 127 euros. A cotação está alta ou a oferta baixa e muita a procura…


Nouakchott [, a capital], uma cidade em terra batida, onde mal adivinhas um centro, se o há, um chafariz monumental, sem água, em cada multibanco um guarda, o Islão impera, homens de vestes islâmicas, as mulheres de cabeça coberta, algumas emburqadas.

Emborcar é coisa que não farás, se o não trazes, aqui não o compras, não há uma pinga de álcool à venda… Nem cães, não se vêem cães na Mauritânia…

Vê-los-ás de novo no Parque Nacional de Diawling, e verás tucanos, pegas, da azul e da negra, abutres, perdizes, javalis, esquilos, ginetos, e mais pelicanos e garças, uma explosão de vida selvagem, não, não é um safari, embora se veja por aqui muito bicho selvagem, o homem que é o pior de todos, e algumas mulheres…

Porto-Bissau, expedição. 12 de abril de 2006. Dia 8. 

 Viagem de Tambacunda (Senegal) até à Guiné-Bissau... 

Babuínos(ou macacos-cães). 
Foto: © Hugo Costa (2006)
Há algo de diferente hoje : o ar quente, há mais acácias, e mais verdes, ali um embondeiro, capim, enfim a savana… Entramos na África negra : mais escura a cor da pele, a roupa é um revoltear de cores vivas, há um aroma de luxúria, na mulher e na vegetação…

Senegal, cidade de Saint Louis, La langue de Barbarie : ao lusco-fusco, as ruas fervilham de agitação, uma correria de gente e carroças, jumentos amestrados transportam os donos a casa e aos negócios, fazem-se ofertas, vendem-se os últimos produtos…

O Senegal é um mercado só, tudo é uma venda e todos vendedores, até o que julgas ser um favor é um negócio e tem um preço, a polícia de trânsito é o exemplo, a extorsão pratica-se às claras, uma multa - não importa se legítima - é regateada como uma venda, 18.000 fr. cfas podem num ápice reduzir-se a 11.000, nunca mostres o dinheiro que tens, levam-to todo, tiram-to da mão, a venalidade e a corrupção começam de cima, quem os ensinou?...

Da África negra direi : a pobreza, a sobrevivência, as crianças “cadeau, cadeau”, o lixo plástico, os jumentos, os mercados, tangerinas, caju, telemóveis e acessórios, panos, água em sacos, gelo, bolos, doces fritos na hora, bolachas à unidade, melancias, feno, lenha, mancarra, carne, moscas e pau de Cabinda, não sei se me entendem… mas também das acácias vivas, das mangueiras, dos embondeiros, aquela flor do embondeiro lembrou-me a declinação latina “ rosa-rosae”, das palmeiras, dos rios, graves, pachorrentos, das árvores que não florescem como se a flor lhes exigisse demasiado esforço e energia.

Direi mais : dos jovens, deitados, apáticos, sem destino e sem futuro, a fome entristece, a pobreza enlouquece, do calção roto, do pé descalço, também do telemóvel, da parabólica à porta da cubata de adobe.

De súbito, nesta viagem, La Grande Mosquée de Thiamène…um marco nesta viagem, a ela acorrem muçulmanos de todo o Senegal.

Porto-Bissau, expedição. 13 de abril de 2006. Dia 9. 
  Guiné-Bissau: Quinhamel.Foto: © Hugo Costa (2006)
 

Guiné-Bissau

A passagem pela Guiné foi - não o escondo - um dos motivos maiores que me trouxeram a esta expedição. E a aventura, que sempre me estimula. A oportunidade de rever amigos e voltar a um território onde, por força da guerra, gastei dois anos da minha juventude, tornavam esta jornada mais que aliciante.

A entrada da fronteira fazia-se pelo leste da Guiné, a região a que pertence Bambadinca, o quartel onde cumpri o serviço militar. Aí tive as primeiras emoções, direi melhor, decepções.

Em Bafatá, a segunda cidade da Guiné, a degradação das antigas casas comerciais é escandalosa, é chocante ver algumas delas, hoje edifícios públicos, ao abandono, os funcionários à porta, desocupados.

Porto-Bissau, expedição. 16 de abril de 2006. Dia 12. 
Mansoa, ponte (portuguesa) sobre o rio
Foto: © Hugo Costa (2006)
Na avenida que conduz ao cais serpenteia-se por entre buracos. A alguns kms de Fá-Mandinga, onde Amílcar Cabral realizou as suas primeiras experiências de agronomia, Bafatá quis lembrá-lo e implantou um busto do libertador, olhando o Geba… Abandonado e sujo está o pai da Nação, os novos líderes esquecidos da sua herança.

No aeroporto que usei tantas vezes, a caminho ou no regresso de Bissau, já não aterram aviões, desde fins dos anos 90 é uma avenida urbanizada, com um hotel/discoteca, algumas tabancas e casas inacabadas.



Porto-Bissau, expedição. 18 de abril de 2006. Dia 14. 
Saltinho, a ponte (portuguesa) sobre o rio Corubal
ainda lá estava, rija, de pé.
Foto: © Hugo Costa (2006)
Manhã cedo, rumamos a Bambadinca, ao encontro das emoções. Revi amigos, abracei-os, o tempo não corrói a amizade, mas altera as feições, não os reconheceria ao fim de tantos anos. Na face de alguns, algumas, a miséria escreveu rugas e decrepitude, mulheres sós, mortos os maridos, lutam pela vida numa sociedade que lhes é madrasta; a outros, outras, a fome ou a doença derrotou-os.

O pequeno aeródromo que servia o quartel é hoje ocupado por um mercado - é assim em toda a Guiné- onde, como no país vizinho, tudo é vendável.


Porto-Bissau, expedição. 18 de abril de 2006. Dia 14. 

O mítico  rio Corubal,no Saltinho. Foto: © Hugo Costa (2006)
Do quartel - fui recebido pelo 2º Comandante, dois dos seus subordinados acompanharam-me numa visita às instalações - recuso falar : a degradação total, destruídos os bares, as messes, os quartos, só alguns gabinetes são usados.

De pé e a funcionar, a igreja e a escola missionária S. José : para os alunos, na pessoa do director e professores, deixamos o que levávamos de ajuda humanitária : óculos de sol, roupas, bolas, livros, cadernos, mochilas, canetas. A alegria das crianças guineenses, como em toda a África, é contagiante : nada têm, mas na face um sorriso cativante, sempre, que se transforma em dança, saltos, cabriolas à mais pequena dádiva, um pequeno saco de caramelos solta alegrias, às vezes lutas…

Bissau é a praça da Independência, o Hospital e a Assembleia Nacional Popular…tudo o resto é um cartão de visita calamitoso que o país apresenta ao visitante.

A avenida que conduz ao cais do Pidjiguiti, e as ruas adjacentes, estão tão esburacadas como a credibilidade interna e exterior dos seus lideres políticos.

O país é isto : uma jovem mãe, mulher apreciável, um Mercedes novo, vidros fumados, aguarda o abastecimento de combustível. Descasca uma laranja com os dentes, cospe a casca e depois as pevides, pela janela… Quando aproxima o carro da bomba de combustível, a sua educação mede-se pelos restos cuspidos da laranja, não pelo rasto dos pneus.

Porto-Bissau, expedição. 18 de abril de 2006. Dia 15. 
 Empada, escola Foto: © Hugo Costa (2006)
De resto, um país bloqueado, instituições paradas, projectos cancelados, ONG’s em fuga, bolanhas ao abandono, o gado mais nutrido que as pessoas, uma pequena lavra, por vezes…

E como tudo isto contrasta com o belo da natureza : mangueiras abrigam as povoações, mamoeiros, palmeiras, bagabagas, o tarrafo, os rios Geba, Mansoa e Cacheu espraiam e arrastam suas águas turvas rumo ao mar…

Mas há um aroma no ar, ou uma cor, a cor do dinheiro : chegada a expedição a Bissau, as propostas para compra dos jeeps são insistentes, qual o preço, quer vender?, a uma farmácia aonde vais em busca de álcool o dono da farmácia pergunta primeiro o preço do carro…

1 queca : 5.000 fr. cfas.

Apresento-vos a Gâmbia, mais que um país é um rio, do mesmo nome, à volta dele se faz a vida das suas gentes.

Transcrevo da Wikipédia : “…comerciantes árabes criaram uma rota comercial, que comercializou escravos, ouro e marfim. No século XV, os portugueses herdaram este comércio estabelecendo uma rota de comércio do Império MaliEm 1588, António, Prior do Crato, vendeu os direitos de exclusividade de comércio na região do rio Gâmbia aos ingleses, direitos … confirmados pela rainha Elizabeth I ”.

Um pouco de história, da nossa história não aborrece e ajuda a fazer, no ferry, a travessia do rio. A língua é a inglesa, encravada entre o português da Guiné-Bissau e o francês do Senegal, já o trânsito é continental, circula-se pela direita.

Vi um tractor na Gâmbia e um anão negro…

Transpostas as fronteiras, é a hora de uma breve comparação entre estes países. De colonizações diversas, o que se vê, o que ressalta do que ficou?

A herança francesa é visível no Senegal :

(i) identificação e organização das comunidades rurais,
(ii) poste de santé,
(iii) escolas,
(iv) universidade em Ziguinchor,
(v) mais limpeza e sanidade, algumas povoações esmeradas, mesquitas, sinalização e indicativos de velocidade…

A Gâmbia não esconde a colonização inglesa:

(i) estradas em bom estado,
(ii) sinalização e identificação das aldeias, há rails numa das estradas,
(iii) campos cultivados,
(iv) um dos ferries em bom estado e um cais novo em construção,
(v) ruas mais limpas, mercados mais cuidados, polícias, muitas mulheres polícias, todos bem fardados…

Da Guiné-Bissau, valha a verdade,

(i) as estradas do interior estão em bom estado,
(ii) pontes foram construídas sobre os rios,
(iii) os espaços Galp bem arranjados, mesmo se as bombas estão vazias…

Anda há quatro anos fugido à crise, não dorme em hotéis, toca viola, estuda temas da música fula e mandinga, vai de família em família, como as famílias se estendem por países, vai de país em país, fala francês, inglês, espanhol, vimo-lo, o grego errante, perdido, como Ulisses, quase um andrajo, magro, mochila vazia, contente de nada ter

Enfim, a chegada ao Lac Rose…e a estadia no Hotel Campement Lac Rose. O sol escondeu-se, não pudemos ver a reverberação rosa nas águas do lago…

O regresso, apressado ou económico, segundo as opiniões - em 5 dias fizemos o que na ida fizéramos em 14?? - foi feito sem incidentes de maior.

Ao contrário, alguns rallystas da African Race - passaram por nós a toda a brida, motos, buggies, camiões, no parque natural de Diawling - tiveram seus contratempos, rebocados alguns, a nossa Elisabete Jacinto dialogava com os colegas a melhor forma de socorrer um dos camiões, mais atascado que javali na lama.

Agora chama-se Sahara Desert Challenge e vai na 4ª edição...Inscrições ainda abertas!...  Arranca de Coruche no próximo dia 27 de dezembro... (LG)


Do regresso direi mais :

(i) do canto dos muezzins, às seis da manhã, em Nouakchott,
(ii) da raposa tresnoitada a caminho da toca,
(iii) dos ciclistas, sós, algures entre Nouadhibou e Nouakchott,
(iv) do almoço com Maité e Tomás no deserto mauritano, jamon, pão com tomate catalão, conservas, paio português,
(v) do cabo Boujdou (Bojador), “ quem passa além do Bojador, passa além da dor “ [, Fernando Pedssoa],
(vi) do azul do mar sarauhi,
(vii) da chuva, hélas, chuva no deserto, do vento quase um tornado, dos polícias ou soldados que em todas as povoações te obrigam a parar, o Sahara um país ocupado…

Direi dos kms do regresso :

1º dia : Dakar – Nouakchott : 600 Kms
2º dia : Nouakchott – Dakhla : 850 Kms
3º dia : Dakhla – Agadir : 1200 kms
4º dia : Agadir – Jerez de la Frontera 890 kms
5º dia : Jerez – Porto 900 kms

Quem vem e atravessa o rio… Ah, meu Porto sentido, lar, doce lar… Ah cama boa!!!

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Nota do editor:

Vd. poste anterior > 24 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15405: Expedição Porto-Dakar, integrada na 2ª edição do Dakar Desert Challenge: Coruche, Marrakech, Bissau, Dakar: 26 de dezembro de 2013- 9 de janeiro de 2014 (Abílio Machado, ex-alf mil, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72) - Parte I

Guiné 63/74 - P15412: Parabéns a você (992): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil Art da CART 2412 (Guiné, 1968/70) e Manuel Lima Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3476 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15403: Parabéns a você (991): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69) e António (Tony) Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15411: Memória dos lugares (323): Biambe em 1969, fotos de José Maria Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista da CCAÇ 2464

 

1. Fotos enviadas ao Blogue pelo nosso camarada José Maria Claro, DFA, (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969) referentes à sua curta estadia na Guiné. 
Lembremos que o José foi evacuado para a Metrópole por ter sido vitimado por uma mina antipessoal, que lhe causou a perda de um dos membros inferiores. Vd. última foto.



Biambe, 1969 - À entrada da Tabanca

Na fonte do Biambe

Biambe, 1969 - No campo de futebol

Biambe, 1969 - Com camaradas

Biambe, 1969 - Junto à pista dos aviões

Na parada do Biambe

 Biambe, 1969 - Com um camarada do rolo de peso


Biambe, 1969 - Com o Xico

Biambe, 1969 - Na bananeira

Biambe, 1969 - A ler a correspondência

Biambe, 1969 - Ao "telemóvel"

Biambe, 1969 - Na parada com o portátil

Parada do Biambe

No HMP de Lisboa (Claro, o segundo a partir da esquerda)
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 11 de setembro de 2014 Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

Último poste da série de 11 de outubro de 2015 Guiné 63/74 - P15233: Memória dos lugares (322): Porto Gole: mulheres balantas apanhando "cacri", na bolanha, junto ao rio Geba. O "cacri" (espécie de bocas) era, também para nós, um petisco saboroso que acompanhávamos com a célebre cerveja São Jorge (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)

Guiné 63/74 - P15410: Notas de leitura (779): "Combater duas vezes: as mulheres na luta armada em Angola", da antiga combatente do MPLA e hoje antropóloga Margarida Paredes (Vila do Conde: Verso da História, 2015)





Capa e contarcapa do livro de Margarida Paredes, antiga combatente do MPLA e hoje antropóloga, "Combater duas vezes: as mulheres na luta armada em Angola" (Vila do Conde: Verso da História, 2015)


1. Através do meu amigo Raul Feio, cidadão do mundo, angolano e lusófono, chegou-nos, em 15 do corrente, esta mensagem da autora do livro supra, a portuguesa Margarida Paredes.  Fica aqui este registo como primeira "nota de leitura"

Margarida Paredes, foto da editora,
Verso da História (com a devida vénia)


Car@s,

Foi editado em Portugal pela Verso da História o livro “COMBATER DUAS VEZES, MULHERES NA LUTA ARMADA EM ANGOLA” resultado da minha tese de doutoramento em Antropologia, no ISCTE-IUL e de um trabalho de quase seis anos dedicado às ex-combatentes angolanas. O prefácio é da antropóloga e historiadora Maria Paula Meneses, do CES, UC.

Além de ser um ARQUIVO DE MEMÓRIAS DE GUERRA NO FEMININO que cobre toda a história contemporânea de Angola sobre as Lutas de Libertação anticoloniais, MPLA, FNLA e UNITA, Revolta da Baixa do Kassange, 4 de Fevereiro, 15 de Março, prisioneiras do Campo de Concentração de São Nicolau e PIDE também se debruça sobre a Guerra Civil, nomeadamente sobre a Queima das Bruxas, Meninas Raptadas ou o Batalhão 89 (tropa feminina) da UNITA e ainda sobre o papel do Destacamento Feminino no 27 de Maio de 1977, entre outros capítulos, alguns dedicados a uma descrição etnográfica da pesquisa científica. 


Para refletir sobre a participação das mulheres angolanas nas guerras e nos conflitos utilizei um viés analítico ancorado na Antropologia Feminista e na Teoria Crítica Feminista.

Quem estiver interessado pode encomendar na FNAC, obrigada e aguardo o vosso feedback ao meu trabalho.

Margarida Paredes

Margarida Paredes (PhD)
Profª, UFBA, Universidade Federal da Bahia, Salvador
Investigadora, CRIA, Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Lisboa

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Nota do editor:

Últumo poste da série > 23 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15398: Notas de leitura (778): Américo Estanqueiro, álbum fotográfico sobre Dulombi (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15409: Os nossos seres, saberes e lazeres (129): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Outubro de 2015:

Queridos amigos,
Acabou-se a passeata.
Este Basílica de Avioth encheu-me as medidas. Como qualquer um de nós, ao selecionarmos as imagens questionamos muitas vezes se não nos excedemos e se escolhemos para os outros verem aquilo que foi mais impressivo para nós. Captei muitas imagens de floresta, de lindos lugarejos, de riachos caudalosos. Mas não há ali nada que nós não tenhamos, temos florestas soberbas, aldeias que nos convocam para a densidade da etnografia e da etnologia. Procurei selecionar imagens que incitem ao diálogo. Após a viagem ficam estes registos e os silêncios da memória. Tenho visto em diferentes feiras da ladra álbuns de viagens esmeradamente elaborados, peças íntimas que os herdeiros, no afã de despejar as casas, vendem aos adelos. Que ao menos as imagens que prometemos sirvam para nos incitar a fazer viagens.

Um abraço do
Mário


Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (8)

Beja Santos

A inesquecível Basílica de Avioth


Imagino o leitor que anda num passeio numa região fartamente arborizada, de vez em quando passa-se por lugarejos, em casos excecionais por povoações maiores, segue-se caminho de novo dentro da floresta densa, e num dado momento entra-se num ambiente quase rural, os carros cruzam-se com as viaturas do feno e damos de frente com um monumento religioso opulento, ninguém deixará de se surpreender pelo inusitado de uma quase catedral se levantar no meio dos campos. É assim com Avioth, estou no meu último dia na Bélgica e não podia ser cumulado com privilégio maior.



Não é igreja nem catedral, é basílica, por determinação de João Paulo II, em 1993. Aqui venera-se há mais de 900 anos uma estátua da virgem, que veremos mais adiante, Nossa Senhora de Avioth, a padroeira das causas desesperadas.

É um edifício de fábrica entre os séculos XII e XIV, não há visitante que não se maravilhe com o rendilhar da pedra, os pórticos, as gárgulas fantásticas, uma estatuária refinada e misteriosa. Esse visitante vai ser confrontado com ornamentos interiores da época, caso dos vitrais, o mobiliário do couro, as estátuas polícromas. E cá fora temos este baldaquino conhecido por La Recevresse, joia da arte gótica flamejante, é caso único no mundo. A sua função principal era aqui deixar as ofertas dos peregrinos.
O viajante contempla este monumento em excecional estado de conservação, olha e volta a olhar, e questiona-se como é que esta joia despontou num ermo, mesmo num extremo da Lorena francesa, num lugar onde vivem pessoas que vão trabalhar à Bélgica e ao Luxemburgo, tudo ali ao pé.





O tardo-gótico tem esta vantagem de rasgar as janelas e quando temos um dia ensolarado não é difícil trabalhar com a máquina fotográfica. Estatuária há muita, e policroma, vejam esta, Cristo num dos passos da Via Sacra, vejam a monumentalidade da abside, o lindo altar, o túmulo, a coerência dos elementos impressiona, exacerba o fervor, não apetece sair deste ambiente que fala pela fé e nos impressiona pela simplicidade.


Esta é a imagem a que os devotados peregrinos vêm fazer as suas promessas, em 16 de Julho, esta é a Nossa Senhora de Avioth.


Não tenho ferramenta para captar este pórtico colossal, cinjo-me ao pormenor destes santos que envolvem a rosácea, enfim, não ficou tudo nítido, há um certo claro-escuro, andei às voltas no alto da escadaria à procura da melhor luz, não estou descontente com o produto final.


Esta é a imagem que podemos encontrar dentro do baldaquino, peça única em todo o mundo, mesmo ao pé da Basílica de Avioth.

Chegou a hora do regresso, ainda vamos passar por alguns dos locais da batalha das Ardenas, no final de 1944. Há um excelente museu em Bastogne, insisti em não ir lá, gosto de chegar ao aeroporto com uma certa folga, estendo as pernas e leio mais um pedaço de um livro até à convocação para subirmos para a aeronave. Foram dias magníficos. Suspiro voltar, escuso de dizer que tenho uma relação muitíssimo amigável com a terra, aqui há gente que me acolhe bem. A ver se dentro de semanas tenho oportunidade de visitar a Europalia da Turquia, no Palácio das Belas Artes, em Bruxelas.

(FIM)
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Nota do editor

Vd. postes da série de:

7 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15212: Os nossos seres, saberes e lazeres (118): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (1) (Mário Beja Santos)

14 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15249: Os nossos seres, saberes e lazeres (119): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (2) (Mário Beja Santos)

21 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15277: Os nossos seres, saberes e lazeres (120): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (3) (Mário Beja Santos)

28 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15300: Os nossos seres, saberes e lazeres (121): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (4) (Mário Beja Santos)

4 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15324: Os nossos seres, saberes e lazeres (124): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (5) (Mário Beja Santos)

11 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15352: Os nossos seres, saberes e lazeres (127): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (6) (Mário Beja Santos)
e
18 de novembro de 2015 Guiné 63/74 - P15380: Os nossos seres, saberes e lazeres (128): Entre Antuérpia e as Ardenas, e algo mais (7) (Mário Beja Santos)