quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7489: O Mural do Pai Natal da Tabanca Grande (2010) (12): O vinho e a poesia da Quinta de Senhora da Graça à nossa mesa










O José Manuel Lopes e a Maria Luisa Valente,  promovendo os seus vinhos na Porto & Douro Winhe Show 2010, que decorreu no Convento do Beato, em Lisboa, de 27 a 28 de Novembro de 2010. 


No Wine Master Challenge 2009 / XI Word Wine Contest, que decorreu de 26 a 29 de Março de 2010, os seus dois grandes vinhos tintos, criação do enólogo Vasco Lopes, filho de ambos, o Penedo do Barco 2005 e o Pedro Mil Anos 2006 ganharam a medalha de prata e de bronze, respectivamente....Não é a primeira vez, nem será a última, que têm uma distinção que é motivo de orgulho para qualquer vitinicultor, e para mais pequeno,  de 3 hectares... Eles (falamos de um equipa!), pelo seu trabalho, dedicação, competência,  paixão e amor ao seu Douro, Património Mundial da Humanidade, bem merecem esta distinção (e esta humildade nota no nosso blogue, mesmo correndo o risco de o editor ser mal interpretado).


Parabéns, Zé Manel, Luísa, Vasco!  A nossa Tabanca Grande fica orgulhosa de vocês. O meu jantar de Natal, na Madalena, Vila Nova de Gaia (se a crise da ciática me deixar fazer a viagem de Lisboa até lá...) vai ser regada com os vossos néctares mas, para que ninguém pense que o editor do blogue anda a fazer publicidade descarada ou encapotada a um produto comercial camarigo, ele faz questão de aqui dizer, alto e bom som, que os vinhinhos da Quinta da Sra da Graça (*)  foram, são e serão sempre pagos com o seu (dele) patacão !... (Além disso, não estão no mercado, só podendo ser adquiridos em venda directa, o que faz este poste com seja mais confortável, para mim, podendo fazer deles sem quebrar as nossas regras de ética!).


Porque o vinho é cultura (e dupla!!!), e já que estamos na quadra natalícia eu fui repescar ao poemário do nosso José Manuel, o nosso Josema,  dois ou três poemas já publicados em tempos no blogue (lembram-se ? daqueles que foram salvos da fúria autodestruidora do poeta...) mas para se (re)ler agora, OBRIGATORIAMENTE, EM VOZ ALTA (!),  nesta noite de consoada.... COM EMOÇÃO, COM ENTOAÇÃO, para os netos, os filhos, os amigos (**):


(i)  Enviado em 8 de Março de 2008:

O calor húmido nos envolve,
abraça-nos a escuridão
e a noite se faz dia,
c'o  ribombar do trovão
cai a água em catadupa,
numa suave carícia
fecho os olhos,
que delícia,
até sinto um arrepio,
sinto-me bem afinal,
até chego a sentir frio
e penso que é Natal...

Guiné 1972
josema
(ii) Enviado em 8 de Abril de 2008

Até ao nosso regresso...

Porque choram as mães,
mártires,  de coração partido,
desta guerra sem sentido,
porque choram elas?

heroínas anónimas,
sem louvores
nem medalhas,
eternamente esquecidas,
choram porque sofrem,
choram porque temem
as notícias do correio de amanhã,
choram enquanto aguardam
o regresso desejado.

Mampatá
Natal de 1972

josema



(iii)  enviado a 22 de Março de 2008

Calor, cansaço, suor,
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se na verdade
há o Carvalho, há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.

Josema
Mampatá 1974



[ Revisão / fixação de texto / pontuação: L.G.]

Poemas e fotos:  © José Manuel Lopes (2008). / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados 

Guiné 63/74 - P7488: Camaradas na diáspora (3): O luso-americano Franklin Galina, aliás, ex-Fur Mil Franklin, Pel Mort 4575 (Bambadinca, Julho de 1972 / Agosto de 1974)

1. Mensagem de Franklin Galina, uma camarada nosso luso-americano


Data: 21 de Dezembro de 2010 23:44

Assunto: Guiné, 72/74

Venho aqui deixar o meu reconhecimento ao grupo que criou este site.


 Estive na Guiné de Julho de 72 a Agosto de 74 (o bendito 25 de Abril obrigou-nos a ficar presos por mais três meses). 


Furriel Miliciano do Pelotão de Morteiros 4575, sediado em Bambadinca, tive a sorte de ser requisitado para trabalhar na Secretaria do Comando, tendo apenas sido destacado para uma curta temporada em Mato Cão 


Vivo nos Estados Unidos desde 1975. Tenho contacto com três dos meus camaradas de pelotão que anualmente se reunem para um almoço de convívio, durante o Verão, em diferentes cidades de Portugal. Ainda não deu para comparecer a um, mas espero fazê-lo agora que vou entrar para a reforma. 


Como ia dizendo, reler tanta coisa sobre essa terra e aquilo por que passamos, deu-me imensa satisfação. Ha, de facto, uma irmandade não ofocial entre todos os que deixaram lá suor e lágrimas. 


Obrigado pela vossa dedicação e empenhamento em trazer à luz tanta coisa que de outro modo ficaria apenas na memória.

E já agora, um Santo Natal, muita saúde em 2011 e longa vida a todos os ex-combatentes da Guiné ex-Portuguesa.

Sou o Franklin Delano Roosevelt Madeira Galina Barbosa, conhecido entáo por Furriel Franklin. Depois de me tornar cidadão dos Estados Unidos, reduzi o meu nome para apenas Franklin Galina

Boas Festas



2. Comentário de L.G.:

Triplo camarada, de Guiné, de Bambadinca e de armas pesadas... Não estive propriamente num pelotão de morteiros, mas tive como especialidade as armas pesadas de infantaria, que de pouco ou nada me serviram, já que fui um simples atirador de infantaria numa companhia formada por soldados do recrutamento local, a CCAÇ 12, que ainda estava em Bambadinca no teu tempo... (E a propósito, sobre Bambadinca, tens mais de 300 referências no nosso blogue, e podes fazer pesquisas de centenas de imagens no Google=imagens=Bambadinca, a maior oarte das quais são imagens nossas)... 



A CCAÇ 12 (1969/74) foi uma companhia de intervenção que deu e levou muita porrada, poucos dos seus elementos não apanharam com chumbo no corpo... Alguns dos nossos melhores militares africanos acabaram como graduados, quer na CCAÇ 12, quer na CCAÇ 21 (formada em meados de 1973)... e ainda não sabemos exactamente quantos foram fuzilados, no pós-independência, nos ajustes de contas que se seguiram na zona leste...

Mas o meu comentário era sobretudo para te saudar e convidar a integrar este projecto de comunidade de antigos combatentes da guerra colonial na Guiné, a que se juntam os inimigos de ontem e os amigos de hoje... Os amigos de Portugal e da Guiné-Bissau. Franklin, manda-nos as duas fotos da praxe (uma antiga e uma actual) e conta-nos uma pequena história da tua passagem por aquela terra verde e vermelha, onde passaste dois anos da tua vida... 



Gostávamos de saber, muito em particular, como é que foram, em Bambadinca, os tempos do pós-25 de Abril, a relações das autoridades administrativas e militares com o PAIGC, as reacções da população local, etc. Tens fotos desse tempo ?


Temos muitos camaradas na tua nova pátria de adopção, os Estados Unidos da América, que nos visitam diariamente (vd, abaixo mapa estatístico). Mas as raízes, mais profundas, estão aqui e tu nunca as vais esquecer, a começar pela língua materna. Junta-te a nós, traz contigo mais amigos, camaradas e camarigos. Merry Christmas, a Happy New Year. Best wishes for your and your family. Um grande Alfa Bravo (ABraço) do Luís Graça. 

Visualizações de páginas por país (de Maio a Dezembro de 2010)

Portugal
308 083
Brasil
58 140
Estados Unidos
11 387
França
7 341
Alemanha
3 222
Canadá
3 018
Dinamarca
2 355
Espanha
1 480
Reino Unido
1 347
Suécia
1 022

Fonte: Estatístivas do Blogger (hoje)
______________

Notas de L.G.


29 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6659: Camaradas na diáspora (2): Na morte do Luís Zagallo, (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Guiné 63/74 - P7487: Resenha histórica da CCAÇ 764 (Aldeia Formosa, Colibuia, Cumbijã, 1965/66): Pela garra se conhece o leão (Parte III) (António Clemente)

Terceira e última parte da publicação de uma pequena resenha histórica da CCAÇ 764, elaborada pelo ex-Fur Mil António Clemente, residente em Fátima,  em homenagem a um camarada morto em Cumbijã, em 15/4/66, o Peitinhos, de seu nome completo Manuel Díquel dos Reis Prazeres, natural de Mira de Aire, concelho de Porto de Mós, Sold At  1211/64.

Desde finais de Maio de 1965, a CCAÇ 764 ficou adstrita ao BCAÇ 1861 (Buba,  1965/67), com os seus grupos de combate distribuídos da seguinte forma:  (i) Comando da Companhia e 3º Gr Comb em Aldeia Formosa; (ii) 2º Gr Comb, em Colibuía; (iii)  1º Gr Comb, em Cumbijã, não havendo referência ao 4º Gr Comb. 


A sua divisa era: Ex ungue leonem (traduzindo o latinório à letra, Pela garra se conhece o leão...). Sobre Cumbijã, temos já cerca de 40 referências. A última companhia que lá esteve foi a CCAV 8351, comandada pelo nosso camarigo Vasco da Gama, e cuja divisa Et pluribus unum não é exactamente a do Sport Lisboa e Benfica e da grande Nação americana (E pluribus unum, Um de entre muitos, ou seja , a unidade na diversidade, e não o vulgar Um por todos e todos por um...).




CCAÇ 764 (Aldeia Formosa, Colibuía, Cumbijã, 1965/67), 
companhia independente > Parte III
por António Clemente



Guiné 63/74 – P7486: Controvérsias (116): Direito de resposta a comentários do poste P7392 (Magalhães Ribeiro)



1. Camaradas é na qualidade de membro desta Tabanca Grande, que eu Eduardo José Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré/Mansoa/Brá – 1974, respondo, por direito de resposta, às dissertações expostas em alguns comentários inseridos no poste:

6 de Dezembro de 2010 >
Guiné 63/74 – P7392: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XII): Sobre a nova Série do nosso Blog “O fim do Império português na Guiné” do nosso camarigo Magalhães Ribeiro

Comentários:
Juvenal Amado disse...
Caro VascoGostei da tua intervenção.Não gostei do poste do MR, que já em outras alturas sacou de um tipo palavreado, que considero ofensivo para mim, que não penso como ele .Mas é assim a liberdade do teu nosso 25 de Abril, permite-nos ouvir de tudo e felizmente não nos obriga a comer e calar.No tempo do famoso «ultramar» era bem diferente.Um abraçoJuvenal Amado
Segunda-feira, Dezembro 06, 2010 10:27:00 PM


J.Belo disse...
Meu "Almirante" de outras tormentas. Näo se pode(nem deve!) esquecer que, a NOSSA LIBERDADE,foi conquistada por alguns que por ela lutaram durante muitas décadas...e,oferecida "de bandeja" a outros.Muitos até nem a queriam,ou querem,por täo incómoda nas diversidades. Gostei do que escreves-te.Aquele abraco!
Terça-feira, Dezembro 07, 2010 1:33:00 AM


Amigos e Camaradas,

Há camaradas neste blogue que têm um teclado fácil e democrático, só deles e apenas deles. Tão democrático que só eles é que sabem, e eles é que são os democratas do pedaço.

Debitam aqui o que muito bem lhes apetece, em nome da LIBERDADE individual e, no meu caso, criticam negativamente as minhas ideias, pensando eles, quem sabe, que é que estão certos… só eles. As ideias deles e os seus conceitos de LIBERDADE é que são a TOTAL… visão clara e sapiente.

Por acaso, no meu caso, esta malta anda, ou com azar, ou com falta de pontaria. Uns tantos (poucos felizmente) (des)interpretam completamente os meus textos e estão mais interessados em criticar as ideias do MR e, assim, arranjar chatices, do que acompanhar distraída e implicitamente a publicação e evolução das memórias no blogue.
Eu não tenho criticado as ideias de ninguém, EXCEPTO A DETURPAÇÃO DE ACONTECIMENTOS E FACTOS e, por isso, agradeço que me deixem em paz com as minhas, já que ainda é um direito que me assiste.
Ou não?
Afinal quem é que não aceita as ideias dos outros?
Já o disse aqui mais que uma vez que há um velho ditado que diz: “Quem não se sente não é filho de boa gente”.
Eu sou!
Como fui nitidamente provocado, como se pode ler nos comentários em epígrafe, vamos lá então ver quem é que lutou, TAMBÉM E MAIS QUE MUITOS OUTROS, pela LIBERDADE e pelo 25 de ABRIL, para que hoje se possa estar aqui e em todos os cantos de Portugal a discutir sem qualquer tipo de receio… abertamente.
Estudei até aos 14 anos e optei por trabalhar/estudar aos 15, completando, em 1979, o 11º ano. Hoje estou com 43 anos de trabalho, dos quais retiro 2 meses de baixa (1 para me tirarem varizes das pernas e 1 para me tirarem o apêndice).
Até nisto tenho ajudado o país!
Nunca me tendo assumido como um anti-faxista da treta, como muitos se apregoaram e apregoam ainda hoje, recuo as minhas recordações aos fins dos anos 60, princípios dos anos 70, quando trabalhador-estudante na Escola Industrial Infante D. Henrique - no Porto -, para vos contar que aí, impressionado com o número de mortes que ia ouvindo, aqui e ali, que aconteciam na Guerra do Ultramar, resolvi interessar-me um pouco mais pela política (conversando e discutindo com os mais politizados, em grupinhos que ao mínimo sinal de perigo logo se separavam, pois a PIDE tinha ouvidos em todos os lados e andava sempre por perto).
Daí a passar também a colaborar em acções de sensibilização junto dos meus colegas de turma, essencialmente em pequenas acções contra a guerra, em que os meus familiares e amigos estavam a ser enviados aos “molhos”, feridos e mortos, foi um passo.
Um dos meus colegas escolar que trabalhava no jornal “O Século”, trazia vários exemplares do célebre “Fulcro” (um boletim maoista/trotsquista), e eu comecei a ajudá-lo na sua distribuição, quer na escola, quer na empresa onde trabalhava.
Depois fui dando uma “mãozinha”, em datas marcantes de factos políticos, como os 31 de Janeiro, os 1º de Maio e os 5 de Outubro, num velho hábito de protesto que era apedrejar o posto S.O.S. da P.S.P. que se encontrava no largo frente à escola e tirar o pedreiro da estátua local, colocá-lo na relva e enchê-lo de velinhas a arder ao mesmo tempo que distribuíamos panfletos com máximas e ditos contra a guerra, tudo muito rapidamente pelos transeuntes, pois a polícia pouco demorava a aparecer em grande número.
Nos anos 70 a polícia chegou a cercar completamente a escola, tendo-nos valido para escapar à detenção policial o túnel subterrâneo sob a Rua Júlio Dinis, que ligava à vizinha escola Gomes Teixeira, por onde fugíamos.
Nos 1º de Maio, passei a juntar-me com o Amaral e o Tó (velhos amigos meus) aos grupinhos que afluíam em tom desafiador e provocante, nas manifestações contra o regime governativo em vigor e a guerra do ultramar (onde eu mais me revia), que se iam acumulando na Praça da Liberdade, aqui no Porto, a quem a PSP em níveas (carochas de cor azul), circulando pela Avenida dos Aliados, fazia vários avisos: “Quem for alheio à manifestação é favor retirar-se rapidamente da praça!”.

Posto isto, seguiam-se as famosas mangueiradas de água azulada (com o que creio ser sulfato de cobre dissolvido que além de marcar as roupas, dava cabo delas todas) e o cerco dos manifestantes pela P.S.P. fardada e vários PIDES (à civil misturados) que distribuía, indiscriminadamente, brutais cargas de cacetada pelos manifestantes e outras pessoas que ali fossem apanhadas desprevenidas.
Lembro-me de ver uma freira vestida de branco, que tentava atravessar rapidamente a praça, levar uma mangueirada do carro auto-bomba da P.S.P. e ficar toda de azul, e um casal de turistas estrangeiros, dominando mal a nossa língua, terem parado admirados com o "ajuntamento" de tanta gente e serem agredidos, várias vezes, à cacetada.

Por sorte e agilidade pessoal nunca levei nenhuma cacetada, mas muitas vezes fiquei com peças de roupa deterioradas.

Em Dezembro de 1973, no C.I.O.E. – Centro de Instrução de Operações Especiais, era habitual o pessoal em instrução (instruendos e cadetes), por ordens superiores, organizarem e realizarem um espectáculo de entretenimento que tinha lugar entre duas das mais impensáveis e duras provas do curso RANGER.

Também nesta “festa” andei “embrulhado”, que eu saiba num dos maiores actos contestatários políticos do antes-do-25A74 levados a efeito dentro de um quartel (ainda por cima de tropas especiais), ao modo como estava a ser gerida a política ultramarina, ao alinhar com o “Mosca” (Orlando Mesquita), vários instrutores, instruendos e cadetes, no apoio à interpretação de uma das canções revolucionárias, em voga naquela altura, que este grande cantor e Homem da cidade do Porto ali protagonizou.
Esta “festa” incluía, além de diversas canções, fados, anedotas, “travestimentos” e outras paródias próprias do acto.
A assistência era constituída por todo o “plantel” da Unidade, que era convidado a estar presente, onde sobressaía o Comandante – Cor. Amílcar José Alves.
O combinado nos bastidores entre a malta que sabia do que se ia passar era aplaudi-lo exacerbadamente, com gritos de apoio e muitos assobios.
Apesar dos mais que evidentes e justificados receios do “Mosca”, dado o alto risco de ser imediatamente detido finda a sua intervenção e as pouco recomendáveis consequências que daí adviriam, lá avançou destemido para a sua inesquecível, surpreendente e ousadíssima actuação, a que se seguiu a nossa (na quase totalidade do pessoal miliciano) enorme ovação.
Findo o “espectáculo” talvez frutos dos nossos efusivos aplausos, o comandante da Unidade, no meio de um silêncio absoluto, levantou-se e sentenciou: “Hoje é dia de festa e por isso vou fazer a de conta que nada se passou aqui de anormal”.
Deste episódio resta dizer que tudo acabou bem, tão bem que o caso foi omitido como prometera o Coronel Amílcar José Alves e o Orlando Mesquita recebeu, no fim do curso, o emblema RANGER, que hoje ostenta, segundo as suas palavras, com muita honra e orgulho.
Depois, já em Tomar, tive o orgulho pessoal de ter participado no 25 de Abril ou como eu gosto de escrever 25A74... sobre o qual não recebo lições de ninguém (ninguém mesmo), pois eu SEI ONDE ESTAVA como poucos se podem gabar… de G3 na mão, no RI15, onde estava a monitorizar instrução a mancebos, mobilizados, COMO EU, para a Guiné (há postes no blogue onde estão documentos meus comprovativos e tenho mais alguns no meu arquivo pessoal).
Também tenho que dizer isto, se a guerra acabou mais cedo para muitos que estavam no Ultramar e puderam regressar mais cedo a casa, foi porque muitos como eu se juntaram de imediato aos revoltosos de Abril, e ajudaram à concretização da revolução.
A uns, que nasceram mais cedo, infelizmente tocou-lhes entrar em terríveis combates, muita privação, sacrifícios, ver feridos e mortos. A mim, graças a Deus, tocou-me a fase do fim da guerra e da independência da Guiné.

Tenho a consciência tranquila e a minha caderneta militar limpa, porque cumpri 100% com o que foi solicitado no tempo de vida militar, que decorreu sem qualquer louvor ou “porrada”.
Na volta á vida civil, desde o 25A74, fui e sou, ainda hoje, sindicalista, tendo começado nos então temíveis Metalúrgicos, a que se seguiu o STIEN - Indústrias Eléctricas do Norte e ainda hoje no SINDEL - Sindicato da energia, onde, apesar de trabalhar como técnico pelas 25 grandes barragens e 45 mini-barragens fora deste país, desempenho funções, sem críticas negativas, dos cerca de 40 colegas de trabalho, associados do dito sindicato.
Foram muitos os confrontos políticos e lutas de sindicalistas que eu ajudei a serenar e a "apagar" ao longo dos quentes anos do PREC e por aí fora... até aos dias de hoje.
Hoje, penso que é preciso que a "cegueira" anti-salazarista e anti-caetanista não leve a dizer mais disparates no blogue.
Não foi Salazar, nem Caetano que arranjaram umas coloniazitas em Àfrica, e depois inventaram umas guerrinhas onde os portugueses coitadinhos iam passar uns sacrificiozitos e morrer.
Caso não se lembrem, ou não saibam, em África já por lá andavam os tugas há mais de quinhentos anos. 500 ANOS meus amigos!
A verdade quer se queira, quer não, foi uma herança que Salazar devia ter resolvido melhor, na minha simples opinião pessoal, e optou pelo pior caminho… a guerra!
Por isso, o contexto da expansão é mundial foi moda política nos séculos XV e XVI, basta estudar um pouco de história universal.
A visão é reduzida se dissermos que Portugal é que explorava os africanos, pois foi "arrastado" na odisseia de então que fazia parte da tendência ancestral e mundial, onde o nosso país acompanhou a evolução dos outros países como a Espanha, Bélgica, França, Itália, etc.
Não me vou alongar mais.
Esta minha "iluminação" (modo de pensar) é a daqueles (muitos felizmente pelos e-mails e telefonemas de parabéns que tenho recebido), que não se deixam vacinar, nem vergar, por lavagens cerebrais de qualquer tipo religioso ou político-partidário, resumindo-se ao conhecimento, estudo da veracidade e da lealdade dos factos.
Creio que já basta de polémica e de acusações impensadas e maldosas, pelo que agradeço a todos que, para mim, não me venham com mais tretas superioras e ressabiadas, gastando palavras como… LIBERDADES e 25 DE ABRIL.
O respeito, como é óbvio e democrático, tem que ser mútuo. Que respeite quem quer ser respeitado!
Um abraço,
Magalhães Ribeiro
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

10 de Dezembro de 2010 >
Guiné 63/74 – P7414: Controvérsias (114): Os BCAÇ 4612: Um de 1972 e outro de 1974 (Agostinho Gaspar)

Guiné 63/74 - P7485: Os nossos seres, saberes e lazeres (28): Victor Garcia, alfacinha e benfiquista, ex-1º Cabo At, CCAV 2639 (Bula, Binar, Capunga, 1969/71): um exemplo e um motivo de orgulho, para todos nós, antigos combatentes, na luta contra a iliteracia informática (Parte II)

 1. Continuação da publicação do belo álbum fotográfico do nosso camarigo Victor Garcia (*),  ex-1º Cabo At da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), a partir da sua página pessoal na Net, disponível aqui:


Período em Capunga (de 23/10/1970 a 02/07/1971)


Em Pete, a 9/11/1970 visita do General Spinola no dia seguinte ao ataque ao destacamento








Em Capunga a 30/11/1970, saindo da moradia de luxo






Em Capunga a 30/11/1970, no posto de vigilância



Acampamento de Capunga a 20/1/1971





Em 1/7/1971, outra imagem do Acampamento de Capunga




Em 18/04/1971,  Capunga, Imagens de um choro,  no funeral de um elemento da população onde estavam etnias Balantas e Mancanhos.



Período em Bula (de 2/7/1971 a 9/9/1971)



Bula,  14/08/1971, um Panhard





Bula 14/08/1971, Vista do Quartel



Bula, 1/9/1971, População local


Período no Cumeré de (9/9/1971 a 25/9/1971 à espera de embarque (que foi a 25/9/1971, às 21.30h)



Em João Landim do lado de Bissau, a 9/9/1971
(Jangada que nos transportou no rio Mansoa)



Cumeré,  18/9/1971, A ansiedade da partida... Fim
Fotos (e legendas): © Victor Garcia (2009) (Com a devia vénia...) (Fotos editadas por L.G.) 
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Nota de L.G.

Último poste da série > 20 de Dezembro de 2010 >