quarta-feira, 8 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8388: A minha CCAÇ 12 (18): Tugas, poucos, mas loucos...30 de Março-1 de Abril de 1970, a dramática e temerária Op Tigre Vadio (Luís Graça)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) (*) > A sempre penosa progressão no mato...


Foto: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  Um heli Al III, no heliporto de Bambadinca...



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  Pescadores do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba... Na margem direita do Geba Estreito começava o regulado do Cuor... No Sector L1, só havia dois destacamentos no Cuor: Missirá (1 Pel Caç Nat + 1 Pel Mil) e Finete (1 Pel Mil)... Era uma região (o regulado do Cuor), a sul do Oio,  onde o PAIGC se movimentava com relativa à vontade. Segundo o comando do BART 29917, a população sob o controlo do IN, nesta região, na península de Madina/Belel,  andaria à volta dos 1900 habitantes (**)...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) >  O Rio Geba (Estreito) em Bambadinca ou Bafatá (?)..
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Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/BART 2917 (1970/72) > O espaldão do morteiro 81... 

 Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Todos os direitos reservados




A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*), por Luís Graç


(9) Março de 1970: Op Tigre Vadio, 300 homens na península de Madina/Belel, no regulado do Cuor


Esta foi seguramente a mais dramática (e talvez a mais temerária) operação conjunta que a CCAÇ 12 efectuou enquanto esteve de intervenção ao Sector L1, às ordens do Comando do BCAÇ 2852. Podia ter dado para o torto...

A missão confiada às NT era bater chamada península de Madina/Belel, no limite do regulado do Cuor, a fim de aniquilar as posições IN referenciadas do antecedente e eventualmente capturar a população que nela vivesse (espalhada por locais como Madina, Quebá Jilã, Belel e Banir, esta localização já no Oio).

Em Madina, localizada em MAMBONCÓ 8G-1, havia uma população sob controlo do IN, estimada em 1500 habitantes. Mais 400, em Banir, cuja localização era em MAMBONCÓ 8H-9 (**).

Segundo as informações de que se dispunha, existiria 1 bigrupo nesta região, pertencente à base do Enxalé e dispondo de 2 Morteiros 60, 1 Metralhadora Pesada Goryonov, além de armas ligeiras (Metr Degtyarev, Esp Kalashnikov, Pist Metr PPSH, etc).

Admitia-se também que este bigrupo estivesse reforçado com 1 grupo de Mort 82, pertencente ao Grupo de Artilharia de Sara-Sarauol [a noroeste de Madina/Belel, vd. carta de Mambonco].

A última operação com forças terrestres realizara-se em Fevereiro de 1969, não tendo as NT atingido o objectivo devido à fuga do prisioneiro-guia e ao accionamento dum engenho explosivo que alertou o IN. Verificaram-se ainda vários casos de insolação (Op Anda Cá)[ Vd. poste de 23 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1542: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (34): Uma desastrada e desastrosa operação a Madina/Belel ].



Veja-se este diálogo saboroso, mas surreal, entre o Ten Cor Pimentel Bastos, comandante do BCAÇ 2852, e o seu subordinado (e amigo), Alf Mil Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat 52:


"- Meu Comandante, há duas noites que não durmo a pensar nesta operação que dentro de dias vem para o Cuor. O que me foi dito pelo Major Pires da Silva é que há dois destacamentos que deviam partir juntos e teme-se que não haja condições para tal. Gostava que revêssemos outras possibilidades para não deslocarmos mais de 300 militares em bicha, com todas as desvantagens. Por favor, peço-lhe como seu amigo que converse comigo em particular nas próximas horas. (...)


"O Pimbas cofiava o bigode, aclarou a voz, olhou-me com estima e não escondeu as suas dificuldades:
- Ouve lá, tu até és capaz de ter razão mas o Pires da Silva tem desenhado esta operação com minúcia e está muito determinado. Faz-me o favor de não o causticares, actua como se ele tivesse razão" (...).



Releia-se outro escrito do Mário, aqui publicado no blogue (em 29 de Junho de 2006):


(...) "Soube da Tigre Vadio  em finais de Fevereiro de 1970, quando o Major de operações de Bambadinca [, Sampaio,] me convidou para um passeio numa Dornier sobre os céus do Cuor. Foi uma viagem que permitiu medir o crescimento militar e populacional de Madina/Belel e a sua ligação a Sara/Sarauol, uma enorme base do PAIGC com um hospital de campanha.

"No regresso desse prolongado voo de reconhecimento, o oficial informou-me discretamente que lá para os finais de Março eu iria revisitar Madina. Era o que menos me interessava a 15 dias do meu casamento, que se veio a realizar na Sé Catedral de Bissau, [com a Cristina Allen]. O ano tinha-se iniciado da pior maneira. Desde que, em Novembro anterior, passara a prestar serviço em Bambadinca, não havia um dia de descanso: colunas ao Xitole, correio a Bafatá, noites na ponte de Udunduma, patrulhamentos alucinantes à volta da pista, toda ela bem iluminada, operações no Xime, emboscadas, segurança nas obras do alcatroamento da estrada Xime-Bambadinca" ...


Mais recentemente, em 5 de Março de 1970, forças heli-transportadas tinham destruído vários acampamentos na área de Mamboncó, reagindo o IN com mort 60 na região de Belel durante a Op Prato Verde. Os RVIS apontavam para a existência de uma razoável, e já mal dissimulada, rede de comunicações (trilhos bem batidos) que, do Oio, permitiam fazer infiltrações de homens e material, na zona leste, através do Sector L1.

Participaram na Op Tigre Vadio as seguintes forças (num total de 300 homens, incluindo carregadores civis que transportaram 2 morteiros 81, granadas de morteiro 81 e de bazuca, ... mas alguém se esqueceu dos jericãs com o precioso líquido chamado... água!):

(i) CCAÇ 2636 (2 Gr Comb) + Pel Caç Nat 52 (Destacamento A)

(ii) CCAÇ 12 a 3 Gr Comb reforçados (Destacamento B)

(iii) Pel Caç Nat 54 + 1 Esq Mort 81 / Pel Mort 2106 (Destacamento C).




Guiné-Bissau > Região Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > 1970 > Pel Caç Nat 54 >  Uma unidade constituída por nharros, tugas e até turras!... A legenda é do açoriano Mário Armas de Sousa: " 1ª fila da direita para esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro sou eu, furriel miliciano Mário Armas; o terceiro é o 1º cabo Capitão; 2ª fila da direita para a esquerda: o primeiro é o soldado Amarante; o segundo é o soldado Bulo; o quinto é o furriel miliciano Inácio; o sexto é o 1º cabo Tomé; o nono é o soldado Samba; 3ª fila da direita para a esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro é o furriel miliciano Sousa Pereira; o quinto é o alferes miliciano Correia (comandante de pelotão); o sétimo é o 1º cabo Monteiro; o oitavo, africano, é o soldado Pucha (era guerrilheiro do PAIGC, foi capturado e ficou no nosso exército)"...


Foto: © Mário Armas de Sousa (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

O verdadeiro comandante das NT, envolvidas na Op Tigre Vadio, foi na prática o Alferes Mil Beja Santos, o nosso Mário, profundo conhecedor da região, na qualidade de comandante do Pel Caç Nat 52, agora colocado em Bambadinca. Depois do desastre da Op Anda Cá, repetiu-se a cena, com o comando do BCAÇ 2852 a querer fazer ronco, à conta dos pretos e dos açorianos... (Estava-se no término da comissão, não se quis sacrificar nenhumas das subunidades de quadrícula do batalhão, espelhadas pelo Sector L1)...


No 2º volume do seu livro de memórias (Diário da Guiné: 1969-1970: o Tigre Vadio), o próprio Mário dá a entender que esta missão terá sido uma espécie de prenda de casamento, mas envenenada… Antes de o deixarem ir a Bissau para casar, embora com baixa psiquiátrica (por ter levado uma porrada, não podia ir de férias...), o comandante do BCAÇ 2852, Ten Cor Pamplona Corte Real (que substituiu o famoso Pimbas), e o major Sampaio (que foi para o lugar do Pires da Silva), preparam-no para "o banho de sangue no corredor do Oio" (sic) (p. 271).

Quem são as forças que o comando de Bambadinca quer meter na boca do lobo, para vingar o desaire da Op Anda Cá ? Como se disse atrás, mais uma vez  "os pretos e os açorianos"...




A CCAÇ 2636, mobilizada pelo BII 18, tinha partido para o CTIG em 22/10/1969, ainda era portanto periquita (menos de seis meses de Guiné). Era comandada pelo Cap Mil Inf Manuel Medina e Matos. Passou por Có, Bafatá e Sare Bacar. Regressaria a casa em 6/9/1971. Em Março de 1970, a açoriana CCAÇ 2636 estava aquartelada em Bafatá. 

[Imagem à esquerda: Guião da CCAÇ 2636 a companhia açoriana a que pertenceu o nosso camarada João Varanda (Có/Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/70; Bafatá, Saré Bacar e Pirada, 1970/71)].

A africana CCAÇ 12, por sua vez, era comandada pelo Cap Inf C
arlos Brito, a escassos meses de ser promovido a major. Deste o fim da época das chuvas, que não tínhamos tempo para nos coçarmos... 


Desenrolar da acção:

Em 30 de Março de 1970, as forças empenhadas na Op Tigre Vadio concentrar-se-iam em Missirá (destacamento agora guarnecido pelo Pel Caç Nat 54, por troca com o Pel Caç Nat 52, comandado pelo Alf Mil Beja Santos, então conhecido como o Tigre de Missirá, que fora colocado desde Novembro de 1969 em Bambadinca).

A marcha em direcção ao objectivo (Madina e Belel) iniciou-se às 23h00.  Anteriormente, para despistar e confundir os olhos e os ouvidos do PAIGC em Bambadinca, as NT seguiram não para Finete (como seria normal), mas para Fá. Atravessaram o Rio Geba de sintex (uma cambança morosa...), e dali seguiram para Missirá.

Por falta de trilhos e por dificuldade do terreno, muito arborizado, não foi possível fazer a progressão por itinerários paralelos, como estava inicialmente previsto, pelo que o Dest B (CCAÇ 12) teve de seguir na rectaguarda do Dest C (Pel Caç Nat 52 + Esq Mort 81 /Pel Mort 2106).

Sancorlá só foi atingida três horas e meia depois, pelas 2.45h do dia 31 de Março, por dificuldades de orientação dos guias e pelas frequentes paragens no decorrer da acção.

Quase seis horas depois da partida, por volta das 4h40, fez-se uma paragem de meia hora para descanso do pessoal.

Atingir-se-ia Salà às 7h e Queba Jilã às 8h, não se tendo detectado até aqui quaisquer sinais da presença ou passagem do IN e utilizando-se sempre um antigo trilho, muito arborizado dos lados, o que impossibilitava a progressão por colunas paralelas.

Depois de um novo alto em que se entrou em contacto com o PCV [Posto de Comando Volante], as NT atingiram o início da península onde depararam, pelas 9h, com uma extensa cortina de fogo, em frente a Madina. Pediu-se então ao PCV novas indicações e orientação, uma vez que já não se podia cumprir o plano estabelecido para a batida a desenvolver em linha conjuntamente pelos Dest A e B.

Dada ordem pelo PCV para seguirem na direcção W, torneando a queimada linear feita pelo IN, as NT encontrariam um trilho muito batido no sentido N/S e na direcção de Belel.

Seguindo o trilho, iriam detectar por volta das 14h, no píncaro do calor, um acampamento IN do lado direito, composto por oito moranças de colmo e sete de adobo. O Dest A (Pel Caç Nat 52 + açorianos) tomou imediatamente posição para o assalto enquanto 1 Gr Comb do Dest B (CCAÇ 12) se dispunha de maneira a cortar a retirada ou o eventual afluxo de reforços vindos de Madina e os outros montavam à rectaguarda e à direita a fim de interceptar quaisquer fugas para Norte.

Desencadeado o assalto com bazuca, foi abatida imediatamente a sentinela e incendiadas as barracas de colmo. Como o IN reagisse com RPSH (costureirinhas) e RPG-2 enquanto iniciava a fuga para NW, foi aberto fogo de armas automáticas, dilagrama e morteiro 60.

O Dest C (Pel Caç Nat 54 + Esq Mort 81 / Pel Mort 2106), instalado na rectaguarda dos grupos de assalto,  fez fogo com os dois Mort 81, batendo a mata para onde os elementos IN se refugiaram. 
  


Os Gr Comb que montavam segurança à direita (CCAÇ 12), viram aparecer na orla da mata vários grupos fugindo para norte, pelo que imediatamente abriram fogo, tendo uma das granadas caído no meio dum grupo de 3 elementos que não mais foram vistos (sic). Numa rápida batida à orla da mata, encontraram-se muitos rastos de sangue que conduziam à mata onde o IN se internou.

Depois do assalto foram referenciados mais onze elementos abatidos e nove rastos nítidos de sangue na direcção NW, além de ouvidos gritos de dor nas imediações (segundo o relatório da Op Tigre Vadio). Na busca realizada ao acampamento, verificou-se haver numa das barracas a arder seis armas carbonizadas que pareciam ser Pist Metr PPSH. Também foi vista uma bicicleta no meio do incêndio, o que vinha comprovar a utilização por parte do IN daquele meio de transporte e comunicação no corredor do Oio.

As oito casas de colmo arderam completamente, tendo-se depois completado a destruição das sete casas de adobe, assim como de todos os meios de vida existentes. Foi impossível recolher ou capturar armamento ou munições pois o fogo ateado desenvolveu-se rapidamente, começando também a mata a arder devido ao vento que soprava.

No assalto ficou ferido o soldado Mauro Balbé (3° Gr Comb da CCAÇ 12), com um tiro no antebraço, além dum outro soldado do Pel Caç Nat 52 com um estilhaço de granada de RPG-2 no peito.

Devido ao violento ataque de abelhas que se seguiu, muito material e munições (principalmente o que era transportado pelos carregadores civis) ficaram abandonados, não tendo sido possível a sua recuperação total.

Entretanto, não se conseguiu pedir mais evacuações devida à avaria dos micros do único AN/PRC-10 que nessa altura ainda funcionava (!), nem aliás a DO e o helicóptero com o reabastecimento de água chegariam já a localizar as NT naquele dia. 



O que aconteceu nessa tarde ? Eis mais um excerto do testemunho Beja Santos, de 29 de Junho de 2009 (reproduzido, de resto, no seu livro de 2008):


(...) "Foi nessa altura que pedi um helicóptero para ir buscar água a Bambadinca. Negociámos uma clareira com o oficial aviador e, ao levantar, uma rajada estilhaçou o vidro. Ainda hoje me interrogo sobre a proveniência do fogo, e longe de mim insinuar que foi gente menos calma entre os nossos. O que interessa é que quando cheguei a Bambadinca, o Comandante [do BCAÇ 2852] perguntou-me porque é que eu deixara o teatro de operações. Olhei-o a direito e perguntei-lhe se ele sabia o que era um estado de desidratação total, desafiando-o a vir comigo...

"Lá regressei à mata cheio de garrafões, o helicóptero dançava com os vidros partidos, a ligação ar/terra não se fez e o oficial convidou-me a desembarcar com os garrafões num sítio qualquer. Perguntei-lhe se ele tinha consciência que não estávamos num filme de aventuras na selva e então levou-me até ao Xime, dizendo que regressava a Bissau e que depois da reparação me viria buscar. Até hoje. Dormi no Xime, sem nenhum êxito na tentativa de comunicar com as forças do Tigre Vadio" (...).



O helicóptero trouxe também o médico do batalhão, o Alf Mil Med Vidal nSaraiva... que acabaria por perder a boleia, de regresso a Bambadinca. Andou todo o resto da tarde, de 31, e toda a noite, do dia 1 de Abril, com a destroçada e desmoralizada tropa...


Os Destacamentos continuaram a progressão a corta-mato em direcção a Enxalé, transportando os feridos em macas (improvisadas) e amparando os elementos mais debilitados.

Devido à escuridão e à vegetação densa, os Destacamentos acabaram inevitavelmente a fraccionar-se, perdendo-se completamente a unidade de comando, enquanto o Pel Caç Nat 52 caminhava na vanguarda orientando-se pela bússola, uma vez que os guias, da inteira confiança do Alf Mil Beja Santos,  davam provas de não conhecer a zona. 



A progressão tornou-se, de resto, cada vez mais penosa devido aos crescentes casos de esgotamento físico e psicológico provocado pela marcha quase ininterrupta durante uma noite e um dia (31 de Março), e sobretudo pela terrível desidratação e pelo brutal ataque de abelhas.

Pelas 22h, as várias fracções dos Destacamentos que, embora seguissem trilho feito pelo Gr Comb que ia na frente, não tinham ligação visual ou contacto-rádio entre si, estacionaram para pernoitar a uns 8 quilómetros do Enxalé.

Reiniciou-se a marcha, ao amanhecer, a 1 de Abril, depois dos 3 Destacamentos se reorganizarem, tendo o grupo da frente atingido o Enxalé por volta das 10h da manhã, com o auxílio do PCV que orientou o deslocamento. A maior parte do pessoal, porém foi transportado de viatura a partir do cruzamento de São Belchior, depois de se ter sofregamente dessedentado com água trazida em bidões. (Assisti a cenas que julgava nunca poder ver em vida, e que são reveladoras do mais básico instinto de sobrevivência do ser humano; essas cenas inspirara-me o texto poético, já aqui publicado, O Relim Não é um Poema).


Em resultado da acção das NT, o IN sofreu quinze mortos (entre referenciados e confirmados), dez feridos confirmados e baixas prováveis, não sendo possível discriminar os elementos combatentes dos elementos pop. (Cito o relatório da operação).

Desta operação o Comando colheu os seguintes ensinamentos, conforme também consta no dito documento:

(i) A surpresa conseguida deve-se ao facto de se ter atingido o objectivo pelas 14h, hora que o IN abranda a vigilância por que sabe que as NT fazem habitualmente um alto entre as 11h e as 16h;

(ii)  Outra razão foi ter-se convencido que as NT retiravam devido à cortina de fogo que havia lançado ao capim;

(iii) Um ataque de abelhas tem pior consequências que uma flagelação, pois que naquele caso as NT entram em estado de pânico, abandonando armamento e equipamento num instinto de defesa e tornando impossível a manobra de comando.
 Faz-se por fim, para os devidos efeitos,  a transcrição da mensagem 1404/C do Com-Chefe (Rep Oper):  



COM-CHEFE MANIFESTA SEU AGRADO REALIZAÇÃO RESULTADOS OBTIDOS OP TIGRE VADIO. Fontes consultadas:


(i) Diário de um Tuga, de Luís Graça. Manuscrito.

(ii) História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Cap. II. pp. 28-29.Policopiado

(iii) História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Policopiado

(iv) Santos, Mário Beja - Diário da Guiné: 1969-1970: o Tigre Vadio. Lisboa: Círculo de Leitores / Temas & Debates. 2008. 

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Guiné 63/74 - P8387: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (5): Agradecimentos da Maria Luís / Paulo Santiago, com selecção de fotos de Miguel Pessoa


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Ao centro, a Maria Luís, em representação do pai, Paulo Santiago. Ladeada pela Alice e o António Graça de Abreu.


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Humberto (sempre muito acarinhado por todos/as) e Giselda

Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Três camaradas da FAP: Jorge Narciso (Cadaval), Giselda Pessoa  (ou Antunes, apelido de solteira) (Lisboa) e Jaime Brandão (Monte Real / Leiria) (que não precisa de convite formal para integrar a nossa Tabanca Grande)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Mário Bravo e Maria Lília (Porto)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > José Brás e Mariana (Montemor-O-Novo)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > António Fernando Marques  e Gina (Cascais)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Torcato Mendonça e Ana (Fundão).



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > O Antóno Estácio (engenheiro técnico agrícola, tal como o Paulo Santiago, andaram a estudar juntos em Coimbra; vai lançar em breve novo livro, de temática guineense), o nosso minino Zé Manel (uma simpatia!, trazido com ternura pelo Manuel Joaquim) e o Victor Tavares (, de Recardães, Águeda) que trouxe a Maria Luís. 


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > A belíssima Sra Wang Hai e o seu honorável esposo...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Em terceiro plano, Tomás Carneiro (Ponta Delgada, São Miguel, RA Açores) (foi avô neste dia, estava felicíssimo); em segundo plano, da esquerda para a direita: Jorge Rosales (Cascais), José Fernando Almeida (Óbidos, veio acompanhado pela esposa, Suzel) e Henrique Matos (Olhão); em primeiro plano, o J.L. Vacas de Carvalho (Lisboa), não se conseguindo identificar o camarada que está de costas.


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O nosso grupo do fado: da esquerda para a direita, David Guimarães (Espinho, evio acompando com o amor da sua vida, a nossa já histórica Lígia), Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria) e José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa).


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > Fernando Gouveia (Porto), autografando o seu livro Na Kontra Ka Kontra (Encontros, desencontros)

Fotos: © Miguel Pessoa (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1.Comentário do nosso camarigo Paulo Santiago (Águeda), com data de ontem, ao poste P8374 (*):

Camarigos:

Ainda não tive muito tempo para falar com a minha filha, Maria Luís, cheguei de França quando ela se apressava a ir para Castelo Branco [, onde frequenta a licencitura em solicitadoria, ] mas apercebi-me que gostou de participar no nosso VI Encontro (*).

Eu tinha algum receio, apesar de ela se ter voluntariado a ir, de vir de lá sem desejos de voltar a ver-se no meio de tantos cotas da idade do pai, mas surpreendeu-me pela positiva.

Da pequena conversa que tivemos, fiquei a saber que foi acarinhada pela Alice, que ficou ao lado do  Sr. [António Graça de] Abreu,casado com uma Sra. chinesa [, a dra. Wang Hai], e que gostou de o ouvir falar de diversos assuntos.

Também falou com o Sr. [Joaquim] Mexia, com o Sr.Humberto [Reis], também com um meu colega da Escola Agrícola de quem não recordava o nome ( António Estácio,digo eu).


Falou ou falaram com ela outros camaradas dos quais não conseguiu recordar os nomes nos breves instantes em que falámos.

Apreciei o gesto que teve em comprar o NA KONTRA KA KONTRA, autografado pelo autor, Fernando Gouveia.

Termino agradecendo a todos os camaradas que fizeram com que a  minha filha se sentisse bem num ambiente um pouco estranho para ela. Já foi duas ou três vezes a almoços à Tabanca Pequena [, em Matosinhos,] mas aí, foi comigo,o que faz alguma diferença.

Abraço a todos, Paulo Santiago


[ Revisão / fixação de texto / edição e legendagem de fotos / título: L.G.]
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Nota do editor:

Vd-último poste da série > 7 de Junho de 2011 >Guiné 63/74 - P8383: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (4): Fantástico, a todos os níveis (Mário Bravo)

Guiné 63/74 - P8386: Convívios (348): I Encontro de Núcleos da Liga dos Combatentes do Algarve - Castro Marim, 21 de Maio de 2011 (Arménio Estorninho)

1. Mensagem de Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 29 de Maio de 2011:

Camarigo Carlos Vinhal,
Saudações.

O Núcleo de Vila Real de Santo António, da Liga dos Combatentes, levou a efeito o 1.º Encontro Regional dos Núcleos do Algarve da Liga dos Combatentes [Lagos, Lagoa / Portimão, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António (V.R.S.A.)] e Almoço de Confraternização na Vila de Castro Marim, no dia 21 de Maio de 2011.

Para o Núcleo de Lagoa, a informação sobre o decorrer do evento deu-se a “ título verbal” e por transmissão da palavra de Camarada-a-Camarada, íamos levados ao sabor da onda para os acontecimentos.

Assim, pelo que me foi dado a observar da Efeméride, da mesma fotografei e anotei o seguinte para memória:


Núcleo de Vila Real de Santo António - 1.º Encontro de Núcleos do Algarve

I - 10.00 horas – Início da chegada dos Núcleos oriundos do Algarve, bem como a recepção das individualidades Militares e Civis.

Foto 1- O Presidente do Núcleo de Lagoa /Portimão, Capitão Neto, à esquerda, dialogando com o Presidente da Liga dos Combatentes General Joaquim Chito Rodrigues e com a presença do ex- 1.º Cabo Escriturário da CCaç 464, Dembos, Maquela do Zombo – Angola 1963/65


II - 11.00 horas – Concentração junto à Sede do Núcleo de V.R.S.A. (instalada em parte de um Edifício, da Gare Marítima do Porto).

Foto 2 – Um grupo de camaradas do Núcleo de Lagoa -Algarve. Estão de pé, a partir da esquerda: ex-Soldado José António Louzeiro, CCav 1649 – Teixeira Pinto – Guiné 1967/68; ex-Fur Mil Matos, da incorporação de Moçambique – 1962/66; ex-Soldado José Francisco Vieira “Alemão”, C Cav 3378 “Kimbas”, Olossato – Guiné 1971/73; ex-Soldado Alfredo Ramos, CCaç 556, Enxalé, Bambadinca e Porto Gole – Guiné 1963/65; e eu, de blusão verde. Em baixo, o ex-1.º Cabo Manuel Rodrigues, da incorporação de Angola, e o ex-Soldado Francisco Mendes, CCaç 3444, Dembos - Angola 1971/74.


III - 11.30 horas – Rumaram os Núcleos e Entidades convidadas, em cortejo para a Igreja Matriz da Nossa senhora da Encarnação.

Foto 3 - Missa em memória dos Camaradas tombados em Combate, celebrada pelo Tenente-Coronel Capelão César Chantre.

Foto 4 - Os Núcleos organizam-se de forma a tomarem o rumo para o Cemitério Municipal.


IV - 12.30 horas – Romagem ao Cemitério Municipal, de V.R.S.A.

O Núcleo é responsável pelo Talhão do Combatente do Cemitério Municipal, no mesmo construiu-se e foi inaugurada uma Lápide “Monumento” alusiva aos que Tombaram em Combate no ex-Ultramar Português. Em cerimónia de carisma Militar, também lhes foi feita Homenagem Póstuma com atribuição de Medalhas da Cidade entregues individualmente aos seus familiares.

Pela comissão de apresentação do evento, que decorreu em cerimónia de cariz Militar, foi mencionado e enaltecido:

- Com um muito obrigado pela presença das Entidades Civis, Militares, dos Núcleos do Algarve e dos Familiares dos Camaradas Falecidos a Homenagear;

Foto 5 – Cerimónia de inauguração. Encontram-se na frente a partir da direita: Major Oliveira, do RI 1 -Tavira; Presidente do Núcleo de V.R.S.A., Coronel Joaquim Aguiar; Presidente da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues; Presidente da Câmara Municipal de V.R.S.A., Eng. Luís Gomes; Vereador da C.M. de V.R.S.A., Sr. João Rodrigues; Presidente do Núcleo de Faro, Major Henrique Pires de Oliveira, e o Presidente do Núcleo de Olhão, Sr. João António Peres.

- Todo o empenho demonstrado para a feitura deste evento, pelo Presidente da Câmara Municipal de V.R.S.A, Eng. Luís Gomes e pelo Sr. Vereador João Rodrigues.

O Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues, tomou a palavra e dissertou sobre:

Foto 6 – O Presidente da Liga dos Combatentes, na cerimónia de inauguração a mencionar o simbolismo do momento e da Liga dos Combatentes.

- É um prazer vir ao Algarve, estar aqui nesta cerimónia de cariz Militar e com muita honra vir inaugurar uma Lápide em Memória dos que Tombaram em Combate no ex-Ultramar Português;

- Levantamos corpos de militares na Guiné, uns foram trasladados para o cemitério de Bissau e outros entregues aos seus familiares em Portugal, porque é nossa a responsabilidade de faze-lo;

- Hoje, dizemos que fomos Combatentes, aqueles que agora estão com as fardas das Forças Armadas estão a cumprir o testemunho e ordens;

Por sua vez tomou da palavra o Presidente do Núcleo Anfitrião, Coronel Joaquim Aguiar e tendo enaltecido:

- Com um muito obrigado pela presença de todos os Núcleos do Algarve e que só assim é possível a amplitude do evento;

- Que no País existem 225 Talhões dos Combatentes e também são muitos os espalhados pelo Mundo;

- Hoje, aqui se faz a homenagem e a reflexão, destes Militares de V.R.S.A., que a partir de agora estão juntos;

Foto 7 - A Lápide inaugurada, onde constam todos os Militares do Concelho de Vila Real de Santo António caídos em combate no ex-Ultramar Português.
[Foto editada por Carlos Vinhal. Clicar na foto para ampliar]

- O que aqui se passa é uma demonstração inequívoca, de que os combatentes devem honrar a Pátria;

Foto 8 - Cerimónia da inauguração da Lápide, quando da chamada efectuada pela Comissão organizadora a fim de serem colocadas as coroas de flores, tendo já efetuado o simbólico ato, o General Joaquim Chito Rodrigues e o Coronel Joaquim Aguiar.

Foto 9 - No momento em que a Força presente executava a Salva de Tiros. À esquerda está o ex-1.º Cabo Clarim, com a sua inseparável “requinta.”

Sobre as ordens do Major Oliveira, do Regimento de Infantaria Um, de Tavira, esteve em Formatura um Pelotão e que era comandado pelo Tenente Algarvio, foram executados manejos de armas e com uma salva de tiros de conformidade com o ato.

Foto 10 - Aquando da presença de um familiar do Soldado Pára-quedista Arlindo Matias, da CCP 121 – Guiné,  falecido em 02/11/71.

Após as entregas das Medalhas da Cidade, foi dada por terminada esta cerimónia, todos procuraram o seu meio de transporte e seguiram para a Quinta do Sobral.


V – 14.00 horas – Almoço de Confraternização na Quinta do Sobral, Castro Marim.

Deu-se a chegada, havendo recepção com um beberete e de seguida a acomodação dos cerca de 350 convivas no Salão, iniciando-se o esperado almoço de confraternização.
Lentamente íamos degustando os pitéus das entradas, até que foi servida uma boa sopa, seguindo-se o prato de lombo de porco com ananás, bem regado de bebidas, com um bom self-service de sobremesas, o que agradou aos convivas.

Era notório, que o ex-1.º Cabo Corneteiro Joaquim Manuel Nunes, “Beja, Évora e Faro,” com a sua “requinta” trinava de forma e a propósito com o momento.

Quanto a mim aconteceu ”Eureka,” pois ao fim de cerca de 43 anos (1968) aquando uma coluna-auto, entre Aldeia Formosa e Gandembel, finalmente agora tive a oportunidade de localizar o ex-1.º Cabo Pára-quedista José António Louzeiro Santos, natural da Cidade de Loulé. Este reencontro deu-se graças à colaboração do Capitão Pára-quedista Armando Fanqueiro, cunhado do José António.

Via telemóvel já houve contactos entre nós, das lembranças estamos comummente em sintonia e aguarda-se para breve um almoço.

O acontecimento fica para construir quando houver oportunidade, para ser colocado em forma de “Poste.”

Foi apresentado um verso, alusivo à Liga dos Combatentes:

Grito

Liga dos Combatentes?...
Valores permanentes!...
Liga dos Combatentes?...
Em todas as frentes!...

No decorrer do almoço de convívio, o Presidente do Núcleo de V.R.S.A. Coronel Joaquim Aguiar, convidou mais uma vez o Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues a dissertar sobre o momento e a Liga, do qual transcrevo resumidamente:

- Que os Núcleos são as instituições, com funções no âmbito dos combatentes e que são únicos representantes da Liga dos Combatentes;

- O que fomos diz-nos a História, o que queremos ser hoje e amanhã, é batermo-nos pelos valores e a felicidade dos vivos;

- Conseguimos pôr a funcionar várias creches. Concorremos a apoios do Governo, para projectos que temos para arrancar e logo que tivermos o dinheiro;

- Publicamos uma série de livros, fizemos tertúlias e temos 516 voluntários sem ganhar algo para efectuar apoio e serviços;

- Façam-se sócio, pois a Liga dos Combatentes é uma Instituição transversal da população Portuguesa,

- Temos sem-abrigos que pagam cotas, são cidadãos que apoiamos e são aqueles que o País entregou uma arma ou outro objeto para defenderam um camarada a seu lado;

A terminar disse, que foi um prazer vir ao Algarve, foi um prazer aqui estar e dou-vos um muito obrigado.

Com um abraço
Arménio Estorninho
CCaç 2381 “Os Maiorais” de Empada
___________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8246: Convívios (327): XXII Encontro do pessoal da CCAÇ 2381 - Os Maiorais - ocorrido no dia 30 de Abril de 2011 em Salir do Porto (Arménio Estorninho)

Vd. último poste da série de 4 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8373: Convívios (341): XXIII Encontro/Convívio do BCAÇ 2884 “MAIS ALTO”, Régua, 28 de Maio (José Firmino)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8385: Parabéns a você (270): Agradecimento de Belarmino Sardinha, aniversariante no dia 5 de Junho

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha* (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 7 de Junho de 2011:

Carlos,
Através das palavras que abaixo seguem, gostava de agradecer a todos os camaradas do blogue o terem-se lembrado do meu aniversário.
Igualmente agradeço aos editores terem disponibilizado o espaço para o efeito.

Com um abraço,
BSardinha


Agradecimento

Meus queridos amigos,
Que bom é fazer parte desta família. Desculpem-me aqueles que por ventura não gostem do termo família ou os que assim não considerem, não digo que nos corra nas veias o mesmo sangue, mas é com sangue que esses verdadeiros laços nos unem. Depois, tem tudo o que existe nas famílias e reconheço-lhe tudo o que necessito e tem de bom, chega-me.

Comentou José Martins haver alguma contenção, discordo vivamente, tantos foram os camaradas que, sem me conhecerem, enviaram os parabéns e tantos outros o fizeram por termos estabelecido laços de amizade só possível através deste espaço. Quantos ainda por dificuldades informáticas ou pessoais o fizeram por telefone e ainda tantos outros por mail direto.

Agradeço a todos que enviaram os parabéns e igualmente a todos que por princípio nunca o fazem, sem esquecer os que se lembraram e não enviaram, aqueles que o evitaram ou acharam não se justificar, merecer, valer a pena ou seja lá qual o motivo pelo que não o fizeram. Prometo que, por mim, estarei de volta para o ano.

Não querendo misturar aqui o que deve ser separado, respondo também à esperança, legítima, de alguns dos camaradas que comentaram, têm no novo Portugal que parecem esperar tenha despontado na véspera do meu aniversário, dia 05, como Português que sou, espero que não seja uma fornada das tão criticadas novas oportunidades…

A todos, sem exceção, agradeço reconhecidamente e envio um caloroso abraço.
BSardinha
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8376: Parabéns a você (269): Manuel Traquina, ex-Fur Mil da CCAÇ 2382 e Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8384: Notas de leitura (245): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (7) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Maio de 2011:

Queridos amigos,
Graças à ajuda sempre prestimosa do Dr. António Duarte Silva, tive acesso a este documento que rasga horizontes, confirma outras fontes históricas e esclarece, dentro de limites, múltiplos silêncios africanos e, sobretudo, cumplicidades e estratégias de autodefesa que inibem importantes figurantes a omissões gravosas para interpretar os principais quadros e etapas da luta do PAIGC, as suas servidões e grandezas.
Penso que o papel do nosso confrade Leopoldo Amado foi decisivo na organização das entrevistas e do apenso documental, pelo que o felicito publicamente por mais este valioso contributo histórico que dá à compreensão da guerra da Guiné.
Com um abraço do
Mário


O testemunho de Aristides Pereira* (7)

Alguns documentos históricos de valor incalculável

Beja Santos

Não é de mais enfatizar que “O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois partidos”, de Aristides Pereira (Editorial Notícias, 2003) é, política e literariamente falando, uma narrativa insípida e incolor de um dos dirigentes históricos proeminentes do PAIGC, mas uma qualidade impressionante de informação por parte de alguns dos entrevistados e um apenso documental riquíssimo para quem quer estudar as génese da luta armada na Guiné e procurar saber, com conhecimento de causa, a trajectória deste movimento de libertação até à independência, torna a obra de leitura obrigatória.

Logo à cabeça os primeiros estatutos do PAIGC, datados de 1956, falava-se então no PAI – Partido Africano da Independência que, escreve-se em tal documento “reserva-se o direito de formar com outras organizações, partidos, movimentos ou frentes de luta anticolonialista, da Guiné dita portuguesa, de Cabo Verde e de outros países sob dominação colonial portuguesa, uma Frente unida para coordenar a luta contra o colonialismo português e abreviar a sua liquidação total”.  Esses estatutos incluíam uma forma de organização bastante molecular, um autêntico organograma de bases até alcançar uma teia federal.

Outro documento, datado de 14 de Julho de 1960, está já o PAIGC instalado em Conacri, com autoria de Amílcar Cabral (não se surpreendam com a pergunta: haverá algum documento de essência ideológica do PAIGC que não tenha saído do punho de Cabral?) em que se procura explicar a quem disso tivesse curiosidade o que queria o PAIGC tanto para a Guiné como para Cabo Verde, era uma autêntica carta de apresentação que se podia até ter publicado num jornal. Segue-se a criação do Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde, também de 1960, e que aparece como uma tentativa de convergência dos diferentes movimentos de independência para a acção comum (nesta época, iniludivelmente, a clivagem cabo-verdiano e guineense já era bem patente). O documento seguinte prende-se com o discurso de Amílcar Cabral numa conferência realizada no Cairo, em Março de 1961, pretende dar a conhecer, no plano internacional, a luta conduzida pelo PAIGC. Uma obra-prima de comunicação.

O chefe da delegação da PIDE de Bissau, Costa Pereira, é o autor de um documento datado de Janeiro de 1963, de incontestável importância para confirmar a evolução na luta pela independência na Guiné, a partir da segunda metade dos anos 50. Explica claramente a constelação de grupos, refere a luta dos partidos nacionalistas com sede no Senegal e esmiúça os acontecimentos de Julho de 1961, no Norte, em São Domingos, Suzana e Varela. Aborda as prisões efectuadas pela PIDE, no início de 1962 e as acções desenvolvidas na subversão sobretudo em território do Sul, caso de Bedanda, Cufar, Catió, Fulacunda, Empada, etc. Em Maio desse ano, agentes do PAIGC percorriam as tabancas das áreas de Fulacunda e Catió; nesta última localidade, os rebeldes passaram a destruir jangadas, fios telefónicos e outros meios de comunicação. A subversão, escreve o delegado da PIDE, passou para a região do Xitole, havia informação de diferentes bases de apoio seja no Senegal seja na Guiné-Conacri.

Igualmente de grande importância é o auto de interrogatório da PIDE a Albino Ferreira Fortes que, tendo participado nos preparativos militares para o desencadeamento da luta armada em Cabo Verde, acabou por trair o PAIGC, informando ao pormenor os aspectos desse plano. É um documento que permite clarificar as rotas de entrada e saída quer dos aliciados para a luta quer dos agentes da subversão, após preparação em países estrangeiros. Muitas das informações que Fortes prestou à polícia política aparecem confirmados noutros depoimentos de líderes cabo-verdianos como Silvino da Luz ou Agnelo Dantas. Segundo Fortes, o principal apoio ao PAIGC, a informação, armamento e financiamento, vinha da União Soviética, a China desconfiava de Cabral e da sua linha ideológica e por isso mesmo deixara de fornecer armas. Em declarações datadas de Abril de 1969, perguntado sobre os meios marítimos e aéreos do PAIGC, declarou que este dispunha de três pequenas lanchas, embarcações muitíssimo frágeis, normalmente ancoradas em Conacri. O partido, disse Fortes, não dispunha de quaisquer meios aéreos, aviões ou helicópteros. Quanto a transportes terrestres, o PAIGC dispunha de diversos camiões (entre 15 a 20), 10 ou 12 jipes e 3 ambulâncias. Nesta época, informou ainda Fortes, o PAIGC dispunha de cerca de 200 guerrilheiros à volta de Madina de Boé. A simpatia pela causa do PAIGC no Senegal, ao tempo, era quase nula, como quase nula seria a influência do partido nos meios governamentais de Dakar. Ainda segundo Fortes, a FLING, dirigida por Benjamim Pinto Bull, tinha caído em completo descrédito, perdera todos os apoios no interior da Guiné e na esfera internacional. Em países da “cortina de ferro”, Fortes sabia que os dirigentes do PAIGC tinham contactos regulares com líderes do Partido Comunista Português.

Seguem-se outros documentos com bastante interesse, como sejam as cartas de Amílcar Cabral à estrutura clandestina do PAIGC em Cabo Verde e, na parte final do apenso documental, o estudioso ou o curioso têm à sua mercê as actas de uma série de encontros ocorridos nas matas da Guiné no período entre as negociações de Londres e de Argel (23 de Julho de 1974 a 18 de Agosto de 1974), entre o comando do Exército Português e o PAIGC. Tais encontros permitiram ajustar a situação negocial à correlação de forças no terreno, foram essas negociações que abriram as portas ao reconhecimento do estado da Guiné-Bissau pelo Governo português.

E assim chegamos às últimas peças de indiscutível valor histórico, como o relato da reunião entre o encarregado do Governo da Guiné e uma delegação do PAIGC, a 31 de Agosto de 1974, reunião que se realizou na sequência da assinatura dos Acordos de Argel, bem como a circular do comando militar do PAIGC às diferentes unidades no terreno com informações detalhadas sobre as modalidades e o plano de retracção das tropas portuguesas na Guiné.

Conclui-se deste modo a recensão de uma obra de consulta obrigatória para o estudo da guerra da Guiné, na óptica de quem militou do lado do PAIGC. É graças à leitura destes documentos que se torna perceptível quem foi o motor da consolidação da mentalidade ofensiva, dentro do PAIGC, e soube imprimir entusiasmo e consistência às formas de luta, que conduziram à independência e ao reconhecimento do Estado da Guiné-Bissau.
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8368: Notas de leitura (244): Guynea, de Arlinda Mártires (Mário Beja Santos)

(*) Vd. postes de:

20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8141: Notas de leitura (230): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (1) (Mário Beja Santos)

28 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8176: Notas de leitura (234): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (2) (Mário Beja Santos)

3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)

17 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8286: Notas de leitura (239): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (4) (Mário Beja Santos)

20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8304: Notas de leitura (240): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (5) (Mário Beja Santos)
e
27 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8335: Notas de leitura (242): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (6) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8383: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (4): Fantástico, a todos os níveis (Mário Bravo)


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Luís Graça e Humberto Reis, dois vizinhos de Alfrtagide, dois camaradas da CCAÇ 12, dois históricos da Tabanca Grande... Um o fundador do blogue e o outro o cartógrafo-mor... Sem as cartas (militares) do Humberto, o blogue poderia existir, mas não nunca seria a mesma coisa...


Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  > O grandalhão  do Joaquim Mexia Alves que, além de membro da Comissão Organizadora, foi também o elo de ligação com o Palace Hotel que nos forneceu a logística, a hospedagem, e os comes & bebes, para além da magnífico e repousante ambiente do parque  das Termas...






Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Outro membro da Comissão Organizadora e nosso co-editor, o Carlos Vinhal, ao centro, de pé... Ladeado pelo Fernando Gouveia (na foto, à esquerda) e o Jorge Narciso (na foto, à direita).



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > O casal Hélder Sousa e Natividade (Setúbal)... A nossa nova amiga é periquita nestas andanças...



Monte Real  > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande  >  O Juvenal Amado (Fatima / Ourém), em amena cavaqueira com o casal José Brás e esposa (Montemor-o-Novo)


Fotos: © Mário Bravo (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



1. Mensagem, com data de hoje,  do nosso camarigo Mário Bravo (ou Mário Silva Bravo, médico reformado, a viver no Porto; veio ao nosso VI Encontro, acompanhado da esposa, também médica, Maria Lília; e vai dentro em breve encontrar-se com os seus ex-camaradas bendandenses, que reencontrou através do noso blogue):

Bom dia para todos os camarigos.

Pela primeira vez compareci no Encontro da Tabanca Grande, em Monte Real (*). O que posso dizer ? Que foi simplesmente fantástico a todos os níveis. Foi emocionante conhecer ao vivo todos aqueles que durante tanto tempo se cruzaram connosco de modo virtual. 

Isto só é possível, porque existe um blogue que tem poder mobilizador sem nlimites e nos dá a possibilidade de troca de opinião com todas as suas emoções.

Ouvi as mais diversas histórias, contadas por rapazes (de vinte e tal anos), hoje sexagenários.

Apreciei o modo simpatico e afectuoso com que me presentearam.

Não posso deixar passar o momento, sem me dirigir a uns camarigos que tiveram a seu cargo esta operação e são eles (a ordem não tem qualquer significado):


(i) O Joaquim Mexia Alves: é enorme em estatura física, mas muito maior na estrutura moral e vontade de partilha!...  Chegamos à conclusão que estivemos em Mafra, na recruta, na mesma companhia; 

(ii) Luis Graça, o responsável por estas nossas aventuras bloguistas. E que bela organização!; 

(iii) Carlos Vinhal e todos aqueles que de modos distintos permitem e irão continuar a permitir que esta salutar camaradagem cresça sem limite.

Para adornar um pouco este pequeno texto, junto umas fotos do momento.

Cumprimenta
Mário Bravo



[ Revisão / fixação de texto / edição e legendagem de fotos / título: L.G.]


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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 6 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8379: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (3): Figuras imponentes, caras bonitas, gente feliz sem lágrimas...

Guiné 63/74 - P8382: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (2) : Pedaços históricos perdidos na Guiné

1. Mensagem de Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 14 de Maio de 2011:

Camarigo Carlos Vinhal
Mais uma vez estou a enviar uma artigo, desta vez sobre pedaços históricos perdidos na Guiné no ano de 1969.

Se entenderes que o mesmo merece ser publicado, estás sempre à vontade.

Um grande abraço
Carlos Pinheiro


RECORDAÇÕES DOS TEMPOS DE BISSAU (2)

Pedaços históricos perdidos na Guiné em 1969

Só o facto de estarmos em guerra, só o facto de estarmos em África, mas também pelo facto das comunicações da altura não serem nada, nem de perto nem de longe, do que hoje dispomos, leva-me a relatar alguns factos, mais ou menos históricos, que não presenciámos, que não testemunhámos por estarmos forçadamente ausentes do nosso cantinho, da nossa família, dos nossos amigos, mas dos quais nunca duvidámos uma vez que, mesmo à distância, lá nos chegaram, dias mais tarde, ecos desses mesmos factos que hoje são mesmo históricos por razões diversas.

Logo no início do ano de 1969 foi lançado na RTP, a única televisão da época, um programa que foi marcante para a altura. Tratou-se do ZIP ZIP, um programa de Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz que apareceu, certamente “permitido” pela primavera Marcelista, uma vez que Salazar tinha caído da cadeira no ano anterior e Marcelo já governava. Segundo rezam as crónicas, foi um programa audaz para a época, mas a malta do meu tempo que estava na guerra, perdeu-o pura e simplesmente.

Imagem retirada do site da RTP, com a devida vénia

Outro facto histórico, este de nível mundial desse período, aconteceu exactamente no dia 20 de Julho de 1969**. Foi a chegada do primeiro homem à Lua que a Televisão terá transmitido em directo e a que nós não tivemos oportunidade de assistir. Ouvimos falar, lemos nos jornais com alguns dias de atraso, mas não presenciámos o facto e o feito. É caso para dizer que lemos e ouvimos, mas não vimos.

Foto retirada da Wikipédia, com a devida vénia

Também perdemos outro acontecimento, marcante para a história de Portugal, que ocorreu no dia 27 de Julho de 1969. Foi a morte de António de Oliveira Salazar cujo funeral nacional foi efectuado de comboio de Lisboa para a sua terra natal, Vimieiro, Santa Comba Dão, tendo o país ficado de luto durante três dias. Até na Guiné esse luto foi garantido com a bandeira nacional a meia haste. Mas não presenciámos, só ouvimos falar, mais nada, para além de sentirmos mais algum rigor nas prevenções militares naqueles dias.

Foto retirada do site Fotos Sapo, com a devida vénia

Outro facto importante para a época e que a história regista e a que nós não assistimos e muito menos participámos, foram as Eleições legislativas de 1969***. As primeiras que se realizaram com Marcelo no Governo, precisamente no dia 26 de Outubro daquele ano e onde concorreram, para além da União Nacional, o partido do Governo, a CEUD Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, a CDE Comissão Democrática Eleitoral e a CEM Comissão Eleitoral Monárquica. Soubemos depois que a União Nacional elegeu todos os 120 Deputados naquela espécie de acto eleitoral, como mandavam as regras da época, a bem da nação, a bem da evolução na continuidade.

Fotos retiradas do site do Parlamento, com a devida vénia

Cada um à sua maneira, foram factos perdidos devido à situação que estávamos a viver, no auge da guerra, quando os mísseis já eram uma arma dos nossos opositores no terreno.

Em contrapartida, para além do facto de estarmos na guerra, muitos sofrerem o horror dos combates e dos ataques, da fome e da sede, muitos morrerem na flor da idade e muitos outros terem ficado estropiados no corpo e no espírito, ganhámos o privilégio de podermos passar a consumir Coca-Cola, importada directamente de Inglaterra e até de Moçambique, bebida esta que na Metrópole era proibida. Aliás, já que estamos a falar de privilégios, na Guiné também podíamos beber água Perrier e Vichy vindas de França e até leite da Holanda da Twin Girls, uma vez que era difícil a entrada naquelas terras de águas ou leite da Metrópole. Vá-se lá saber porquê.

Relatar estes acontecimentos passados tantos anos, denota algum saudosismo, mas também serve para lembrar que a guerra deixou marcas das mais variadas estirpes. Hoje, nada disto aconteceria. Ou melhor aconteceria, acontece tudo, mas todo o mundo, Iraque ou Afeganistão, por exemplo, estaria informado no momento, em directo, em todas as televisões.

Carlos Pinheiro
29 de Julho de 2010
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

(**) Vd. poste de 19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (3): O dia em que o homem foi à lua

(***) Vd. poste de 4 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5206: Efemérides (31): as eleições de 26/10/1969, as oposições democráticas (CDE e CEUD) e a escalada da guerra (João Tunes)

Vd. primeiro poste da série de 1 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7204: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (1) : Dia de Todos os Santos de 1968