quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8707: Convívios (366): Tabanca de São Martinho do Porto, 2011

 Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Zé Teixeira  e a filha, Joana, psicóloga, que tem uma larga experiência de cooperação em África (em em particular em São Tomé e Príncipe)...


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A matriarca da casa, a Dra. Clara Schwarz com os filhos do Zé Teixeira, a Joana e o Tiago...

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Clara Schwarz, 97 anos (a completar em breve)... A decana da Tabanca Grande.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A Maria Alice Carneiro, esposa do Luís Graça,  e o Álvaro Basto, régulo da Tabanca de Matosinhos.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso anfitrião, Pepito, que aproveitou um dia das suas férias portuguesas para juntar (e conviver com) alguns dos seus amigos portugueses (em geral, membros da Tabanca Grande)...O encontro da Tabanca de São Martinho do Porto, em Agosto de cada ano, já se tornou "obrigatório"... E é sempre um grande prazer aceitar o convite dos donos da casa... Quem este ano não pôde vir por razões de agenda, foi o João Graça (que estava nesse fim de semana com o seu grupo musical, os Melech Mechaya, em actuação no Algarve, no Super Bock Surf Fest, em Sagres)



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O nosso mui querido Jero (o alcobacense José Eduardo Oliveira) e a sua filha, que é técnica superior na Câmara Municipal de Oeiras, especialista em Marketing e Relações Públicas.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O filho do Zé Teixeira, Dr. Tiago Teixeira, médico especialistas em doenças infectocontagiosas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia - Espinho. Esteve recentemente na Guiné-Bissau, juntamente com o pai e a irmã. É um homem de grande sensibilidade e coração maior, colaborando activamente com a Tabanca de Matosinhos nos projectos de solidariedade que estão a decorrer na Guiné-Bissau.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > A Isabel Levy Ribeiro, esposa do Pepito, e a sua mãe (que vive em Portugal).A Isabel tem dinamizado e coordenado a Campanha  Um Livro para a Guiné.



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário Gomes e o Eduardo Moutinho Santos (que ainda não formalizou a sua entrada na Tabanca Grande).

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > > O Pepito, a mãe Clara, o Jero e a sua filha...  O Jero trouxe consigo duas exemplares de uma obra sobre a baía de São Martinho do Porto, que ofereceu , um, ao Pepito e outro à Tabanca Grande, na pessoa do Luís Graça. Aqui fica referência vbibliográfica: Maria Cândida Proença (ed  lit): ,A Baía de São Martinho do Porto. Aspectos geográficos e históricos. Lisboa, Colibri,  2005.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Álvaro Basto e Maria Alice Carneiro.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário e a Isilda... O Mário de Jesus Guerra foi 1º  Cabo Escriturário  da CCS/BCAÇ 2845  (Teixeira Pinto/Canchungo, 5/5/1968-3/4/1970). A  Izilda Maria trabalhou como tradutora na Comissão e no Paralamento Europeu, e é um exímia fadista, tendo oferecido diversos CD com o seu último álbum (Fado, 2007), ao Zé Teixeira, para recolha de fundos. O casal vive no Cartaxo onde tem um quinta com turismo rural. Esta informação foi prestada pelo E. Moutinho Santos, advogado, membro da Tabanca de Matosinhos, e que pertenceu ao mesmo batalhão do Mário, o BCAÇ 2845. O Mário e a Izilda têm colaborado na camapanda da AD, Um Livro para a Guiné.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Eduardo Moutinho Santos e o Álvaro Basto.

Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > O Mário de Jesus Gomes, a quem eu convidei pessoalmente para ingressar na Tabanca Grande, convite que ele de pronto aceitou.


Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Os facebook..queiros Isabel, Pepito e Alice...



Alcobaça > São Martinho do Porto > 13 de Agosto de 2011 > Convívio da Tabanca de São Martinho do Porto > Nº especial da Revista Estudos Judaicos, dedicado a Samuel Schwarz (1880 - 1953), "cidadão do mundo, português por opção" (nº 7, 2004, edição da  Associação Portuguesa de Estudos Judaicos). Segundo a sua filha Clara Schwarz, era um homem culto, poliglota e laico, e foi um pai que sempre respeitou as opções da filha (única), inclusive a de casar com um não-judeu, o escritor e advogado Artur Augusto Silva, português de origem caboverdiana e guineense.

Fotos (e legendas):© Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados

Guiné 63/74 - P8706: Parabéns a você (307): Manuel Carmelita, ex-Fur Mil Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

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Notas de MR:

- O nosso Camarada Manuel Carmelita, foi Furriel Mecânico Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73).


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8705: Blogpoesia (158): Na festa dos mortos, o olvidos dos combatentes... (Luís Graça)


 


 Marco de Canaveses > Freguesia de Paços de Gaiolo (outrora pertencente ao concelho de Bem Viver, extinto em meados do Séc. XIX) > Cemitério local > 1 de Novembro de 2008 > Um das duas únicas campas de terra batida, num cemitério de mármores e granitos reluzentes... São de dois já esquecidos combatentes da guerra do Ultramar: Joaquim M. P. de Araújo, morto em Angola, em 21/6/63 (ao que parece, de acidente), e Francisco Gonçalves Soares, "morto em combate em Moçambique" (sic), em 27/6/68...

Há mais de quatro décadas: já é muito para a memória dos povos... Um dia do ano, lembramos também os nossos mortos, os que partiram antes de nós no barco de Caronte... E alguns, como os antigos combatentes da guerra do ultramar/guerra colonial, partiram nos seus verdes anos, muito antes da sua vez... Em Paços de Gaiolo (a que pertence Fandinhães, terra dos avós maternos da minha mulher, Maria Alice Carneiro), encontrei duas campas, lado a lado, de terra batida... Dois modestos jarros com malmequeres davam a entender que ainda têm entes queridos, lá na terra, que se lembram deles... Ou amigos ou vizinhos... A modéstia dos malmequeres constrastava com os caríssimos arranjos florais que, mesmo em época de crise, os vivos fazem questão de trazer da cidade para homenagear os seus mortos na aldeia (*)...
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Na festa dos mortos, o olvido dos combatentes…
por Luís Graça 

O cemitério enche-se de flores,
ostensivamente;
é um jardim de mármore e granito,
com centenas de velas acesas
que à noite se transformam em fogos fátuos.
Durante toda a tarde as famílias da freguesia
visitam as campas e os jazigos dos seus mortos
e convivem, ruidosamente, umas com as outras.
É a festa dos mortos,
mas também a celebração da vida,
a afirmação da convivialidade,
a reafirmação do poder da vida sobre a morte,
o reforço dos laços dos vivos,
que são vizinhos uns dos outros,
familiares, parentes, amigos,
e que também estão na lista dos candidatos ao além.
Não sabem, porém,  quando
nem em que lugar,
nem como nem porquê…
E mais: recusam-se a marcar a passagem…
Só o velho barqueiro de Caronte
é que tem a lista dos passageiros
e os horários
e os percursos da última viagem
da terra dos vivos.

É também quiçá a recusa da morte,
da partida definitiva,
do fim da peregrinação terrena,
a reivindicação da imortalidade,
o pecado da usurpação do poder divino,
é, enfim, a manifestação da culpa por se estar vivo
em lugar daqueles de nós,
que nos eram muito queridos,
e se calhar muito melhores do que nós,
e que morreram (ou partiram) injustamente, antes de nós...

Quem vive mais longe (Porto, Lisboa...),
vem de propósito neste dia
enfeitar as campas e os jazigos dos seus  mortos,
aqui erigidos neste cemitério.
Terra de antigos rendeiros, camponeses pobres,
que ainda hoje cultivam a memória do Zé do Telhado,
e que fazem questão de mostrar,
aos ricos
e aos fidalgos de antigamente,
que a democracia e a liberdade trouxeram também
a igualdade de oportunidades
e a miragem da mobilidade social,
tipificada nas figuras do brasileiro e do francês do século passado...
No meio do pequeno cemitério da freguesia
há ostensivamente uma capela,
a da família da ilustre casa
que foi desde os tempos do liberalismo,
a verdadeira dona
e senhora desta terra
e dos seus habitantes,
donos dos seus corpos e até das suas almas...
No cimo da porta da capela,
em estilo revivalista, neogótico,
pode ler-se a frase niilista,
em poético latim,
Memento homo,
quia pulvis es,
et in pulverem reverteris
.
Como os antigos pobres rendeiros não sabiam ler,
e muito menos o latim dos frades absolutistas
e dos juristas liberais,
alguém terá escrito a giz:
Lembra-te, ó homem,
que és pó
e em pó te hás-de tornar
...

Mesmo na morte,
os homens tentam,
patética e inutilmente,
bizantinamente,
reproduzir a segregação sócio-espacial,
a distância,
que mantinham em vida...
É por isso que eu gosto da designação, irónica,
dada a alguns cemitérios públicos no sul,
no Alentejo:
Campo da igualdade...
Metaforicamente falando,
a gadanha da morte ceifa tudo e todos,
ceifa rente a vida,
e não poupa tanto a espiga de trigo
como a erva do campo,
a papoila vermelho e a abetarda,
a mondadeira e o patrão,
a rosa e o espinho,
o rico e o pobre,
o herói e o cobarde,
a bonita e a feia,
o novo e o velho,
o amo e o servo,
o general e o soldado,
o poeta e a sua musa,
o médico e o doente,
o santo e o pecador,
o herói e o cobarde,
o amigo e o inimigo...

Passei por lá,
pelos cemitérios de Paredes de Viadores e de Paços de Gaiolo,
e havia gente à volta das campas,
de todas as campas,
menos de duas...
Tirei fotografias aos grandes,
vistosos
e dispendiosos arranjos florais,
sobre as pedras de mármore ou granito polido,
que devem ter custado os olhos da cara aos parentes dos mortos...
Fotografei grupos de familiares e amigos
em amena
(e aqui e acolá alegre, viva, franca, saudável)
cavaqueira.
Percebi que a homenagem aos nossos mortos
é também (e sobretudo ?)
um pretexto
para os vivos se mostrarem uns aos outros...
E para dizerem alto e bom som
que estão vivos,
e de boa saúde,
e que estão prósperos,
bem de vida,
com os seus Mercedes de matrícula K,
com as análises em dia,
e o certificado de robustez física,  passado pela autoridade de saúde,
com o corpo e todas as miudezas
dentro do prazo de validade.
Em suma, estão vivos, sãos, e recomendam-se...
Mas que também têm sentimentos,
não importa se pequenos ou grandes.
E que sabem mostrar que têm decência
e recato
e memória
e saudade...
E que sabem chorar, sinceramente, os seus mortos.
Muito simplesmente são ou parecem ser
gente feliz,
com uma lágrima furtiva ao canto do olho.
Em dia de festa dos mortos.
Ou melhor, em Dia (feriado) de Todos os Santos
que é também, para o povo, o Dia de Finados.

No sul, da Reconquista, de onde eu venho,
e a que eu pertenço,
mix de bárbaro, romano, mouro, judeu, franco, africano,
também há o culto antiquíssimo, pagão,
dos mortos...
Mas aqui, no norte, o cristianismo
(e a Igreja Católica Apostólica Romana)
soube quiçá enquadrá-lo melhor,
dar-lhe a necessária dimensão gregária, simbólica, normalizadora...

Por todo o país, no Portugal profundo
(ou no que resta desse mito),
os mortos são lembrados no seu dia,
e no seu sítio,
convenientemente apartados dos vivos.
All souls' day, diz-se em inglês.
O dia das alminhas (que ternura de termo!),
como diz o nosso povo.
Leio na Enciclopédia Católica
(cuja origem remonta a 1917):
 A fundamentação teológica desta festa
é a doutrina segundo a qual
as almas que, ao partirem do corpo,
não estejam perfeitamente limpas dos pecados veniais,
ou não tenham totalmente expiado as suas transgressões passadas,
ficam privadas da Visão Celeste.
No entanto, os fiéis sobre a terra podem ajudá-los,
por intermédio de orações,
esmolas
e sobretudo do santo sacrifício da Missa.

Não sei,  contudo, qual é o entendimento da Igreja Católica
em relação aos seus membros
que morrem em combate...
No passado, nas Cruzadas,
ou dilatando a fé e o império, ao serviço do rei,
mais tarde pela Pátria, conceito burguês.
Pode ser-se herói e herói da Pátria
e mesmo assim não se estar na lista dos eleitos...
Pode ter-se morrido pela Pátria e mesmo assim
esse sacrifício ter sido perfeitamente inútil...
Ou no mínimo, branqueado,
ignorado,
esquecido,
ocultado
ou até mesmo denegado.
Pode-se ter morrido pela Pátria, Mátria ou Fátria
(morre-se pelo pai, pela mãe, pelo irmão),
em Angola, Guiné ou Moçambique,
e mesmo assim ser-se completamente olvidado
(que é o pior dos abandonos)
nos nossos cemitérios,
no dia da festa dos mortos...

Para onde irão as almas dos combatentes ?
Quase sempre, muitas vezes,
em toda a parte,
para o limbo,
o purgatório do olvido,
que é esquecimento mas também adormecimento.
Como em Paços de Gaiolo,
do antiquíssimo concelho, já extinto,
de Bem Viver,
ou em tantas outras freguesias
do nosso querido Portugal profundo,
que já foi medievo, mouro, visigótico, romano, celta...
Como estas duas campas, rasas, de dois bravos
que deram a vida aos vinte anos, no ultramar português,
Joaquim Araújo, Francisco Soares…
por alguém, por alguma coisa
A que  eles chamavam Pátria…
Morto pela Pátria…
Eterna saudade de mãe e irmãos

De facto, a guerra do ultramar nunca existiu.
Os mortos do Ultramar nunca existiram.
Há uma amnésia geral
em relação aos nossos mortos do Ultramar,
uma espécie de denegação,
de branqueamento,
de alívio...
Por que o fim daquela guerra
foi literalmente o fim de um pesadelo...
Para os jovens da minha geração.
E é bom que os jovens de hoje saibam isso,
que havia então o serviço militar obrigatório
e que era altíssima a probabilidade de se ser mobilizado
para uma das três frentes de guerra,
ou teatro de operações,
que Portugal mantinha em África...

Hoje há pudor em falar desta guerra,
de baixa intensidade
mas que consumia vidas e cabedais.
Da guerra e dos seus mortos,
dos trasladados e dos insepultos,
dos seus desaparecidos,
dos seus estropiados,
dos seus mortos-vivos,
dos que vagueiam, ainda hoje, como fantasmas
pelas margens dos Rios Geba, Corubal, Mansoa,
Cacheu, Buba, Cumbijã, Cacine,
na Guiné,
ou nos rios de Angola e de Moçambique
cujos nomes os poetas, os bandeirantes e os geógrafos já esqueceram...

Se calhar a amnésia é recíproca:
de nós, felizardos, que estamos vivos,
em relação a eles que tiveram o supremo azar de morrer
(em combate, acidente ou doença);
e se calhar deles em relação a nós,
já que não mais nos visitam,
nem nos assombram,
nem nos incomodam,
nem nos interpelam ou questionam...

No dia dos Fiéis Defuntos,
na festa dos mortos
os que morreram de morte matada
no campo de batalha,
na África remota, distante, dos séculos passados
não têm uma menção especial,
na antiga vila e freguesia da germânica Fandinhões
(substituída do tempo do Marquês de Pombal
por Paços de Gaiolo),
uma atenção especial,
um arranjo floral,
nem sequer umas simples flores de plástico...
Mas será que deveriam tê-lo ?


Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses.
2 de Novembro de 2008. Revisto em 23 de Agosto de 2011 (**)
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Notas do editor:


Guiné 63/74 - P8704: Blogues da nossa blogosfera (45): encore de l'audace, Página do nosso camarada Paulo Santiago

Nova página na nossa blogosfera - encore de l'audace - Blogue do nosso camarada Paulo Santiago


Aspecto de hoje da nova página do nosso camarada Paulo Santiago, encore de l'audace


1. Confidenciou-me o nosso camarada Paulo Santiago, que depois de se ter envolvido em palavras acaloradas, em comentários sucessivos num determinado poste do nosso Blogue, resolveu mudar de ares (palavras minhas) e criou um Blogue seu que à partida é diferente daquele onde tem brilhantemente colaborado.

Estamos cientes que a dedicação ao seu novo blogue não implicará menor atenção ao nosso velhinho Luís Graça & Camaradas da Guiné, pelo que esperamos que o Paulo regresse muito em breve e em força ao nosso convívio.

O Paulo Santiago tem 94 entradas no nosso Blogue e um espólio valiosíssimo. O facto de ter sido Comandante de um Pelotão de Caçadores Nativos, deu-lhe uma experiência de guerra bem diferente da vivida pela esmagadora maioria dos membros da nossa tertúlia.

Convido-vos a visitar o sítio do Paulo, pedindo em troca ao Paulo que volte a ocupar o seu lugar nesta Tabanca.

Carlos Vinhal

Guiné-Bissau > Sala VIP do Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Paulo Santiago (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72) e o seu grande amigo Sado Baldé, Major da Guarda Fiscal.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8336: Blogues da nossa blogosfera (44): Construção da Ponte de S. Vicente - Guiné Bissau, um Blogue formado por trabalhadores de uma empresa de construção civil, hoje com saudades da Guiné-Bissau (Hélder Sousa)

Guiné 63/74 - P8703: Blogoterapia (187): Devaneios literários? (José Marcelino Martins)

1. Em mensagem do dia 22 de Agosto de 2011, o nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos este texto humorado, muito próprio para a época que atravessamos. Saibamos, já agora, ler as entrelinhas;

Meu caro Carlos VI (nhal)
Desculpa ter levado tanto tempo a "arranjar" esta promoção, porque 6 é + que 5.

Segue um devaneio literário ou "textos cruzados" em vez de "palavras cruzadas".
Se tiver algum interesse, publica. Se não tiver, não vale a pena arquivar ou devolver.

Com um grande abraço para todos,
José Martins


DEVANEIOS LITERÁRIOS?

O Signatário, cidadão português, no uso das suas faculdades cívicas e, nomeada e objectivamente mentais, profere e regista, o seguinte depoimento, para conhecimento da EVA (esta é a sigla da entidade que trata da recolha de órgãos), e tem por base, filosófica, um escrito de Tzu Yeh, que diz: “Mede cada minuto do teu tempo. Os dias voam. Em breve, tu também envelhecerás.”

Assim, com o avançar da idade, há que acautelar certas situações, evitando a outros um trabalho que acabaria por redundar em nada.

No aspecto financeiro está tudo já previsto: os parcos bens pessoais são propriedade conjunta com o cônjuge. Tenho um casamento com “comunhão geral de bens”, pelo que não posso dispor deles livremente, dado ser apenas co-proprietário.

No aspecto físico, determina a lei, que o Estado pode dispor do meu corpo, nomeadamente para a “recolha de órgãos”, susceptíveis de serem transplantados (Lei nº 22/2007., de 29 de Junho).


Comecemos pelos cinco sentidos:


Paladar
Não é um sentido muito representativo, representando, apenas, uma taxa de rentabilidade de 1%, mas não deixa de ser interessante como é que se pode saber como está o sabor? Essa é a questão: saber! Não foram devaneios gastronómicos que levaram a esta situação, se bem que os houve, lá isso é verdade. Mas o estado geral da saúde, levou à adopção de dietas extremas, que ao saber tirou sabor, pelo que está “fora de combate”.

Olfacto
Com uma rentabilidade, um pouco maior apesar de um “aumento de 3,5 vezes em relação ao anterior, está desvirtuado pelo intenso uso que lhe foi imposto. As situações a que foi sujeito, fê-lo orientar-se para situações específicas. Os cheiros, muitos e variados e com mudanças tão repentinas, que agora parece que lhe cheira sempre ao mesmo – esturro!

Audição
Este é outro dos sentidos que foi muito afectado, apesar de representar 11% da rentabilidade total dos sentidos. Por vezes muito barulho, outras vezes, um silêncio ensurdecedor. Muitas promessas sonantes, de encher o ouvido, mas esvaziadas de sentido ou possibilidade de o terem. Enquanto aumenta o nível dos decibéis, baixa o nível do rendimento auditivo, quase ao “zero”.

Visão
Aqui está o que maior rentabilidade devia apresentar, 83%, mas neste caso está com a produtividade baixa! Muito perscrutou ao longo dos anos. Como os olhos não estavam, nem estão, adestrados para cada um olhar em direcção diversa, na ambição de tudo captar parecem uns cata-ventos, tentando reter imagens para, mais tarde, as classificar e memorizar. Já só com ajuda de óculos, ou “bengala óptica”consegue “enxergar”.

Tacto
Representando a modesta posição de penúltimo na escala e com uma rentabilidade de 1,5 %, este é o tal, sentido, que cada vez é mais necessário, não apenas a mim, mas a toda a gente, Parece, “pelo andar da carruagem”, que é um produto que vai rareando cada vez mais. Aí está a minha preocupação: que o Estado saiba que o meu vai refinando e aperfeiçoando (para vencer é preciso, cada vez mais, tacto), pelo que tudo invisto nele, não só para que não falte, mas para que a cotação suba, o que não é despiciente. Mas este “sentido” não vai vivendo, vai “sobrevivendo”.

Analisados os sentidos, passemos aos membros:


Cabeça
É neste pedaço do corpo, na imagem desprovido de “embalagem”, muito esférico de forma, onde se alojam 80% dos meus sentidos. Não quer dizer que, pelo sitio onde se aloja uma percentagem tão grande dos sentidos, e ser tão minúsculo em relação ao tamanho total do corpo, esteja a “pressionar e/ou comprimir” os sentidos que me pertencem. É pequena e com muito uso, Mas pelo que vejo à minha volta, pelo que passou e está passando, ainda está muito bem “arrumada”.

Membros
Os inferiores, por pertencerem a um andarilho inveterado, parecem usados e que já deram a volta, ao conta-quilómetros, várias vezes. Estão fracos e cansados. Porém, não têm enxertos e/ou reforços metálicos para lhe aumentarem a dureza. Estão como “vieram da fábrica” e as mossas que possam apresentar, são resultado do regular desgaste de utilização. Não, apesar do desgaste, ainda não estão a preço de saldo, mas que estão fraquinhos, estão! Tão fracos se apresentam, às vezes, que têm necessidade de enviarem um SMS aos vizinhos de cima, os superiores, para darem uma “ajudinha” no equilíbrio e colaborarem no suporte do corpo, esse sim, talvez muito diferente do que era na origem. Porém vão servindo, não desprezando, contudo, que algum Doutor, em futuro próximo ou não, recomende a “terceiro apoio”, na forma de bengala ou “canadiana” (ainda hei-de descobrir por que raio lhe chamam este nome, em vez da “muleta”, que tanto dava para toureiros como para coxos).

Os superiores, por se chamarem assim, têm ares de mais importantes. É no seu extremo que se encontra a mão, que, em condições normais, terá os cinco “dedos da ordem”. É curioso notar que têm uma linguagem própria e muito identificativa. É usada por “toda a gente”. A gente “malcriada” usa essa “linguagem” descaradamente, enquanto a outra, uma pequena percentagem que é “educada”, usa a mesmíssima linguagem, mas com as “mãos nos bolsos ou atrás das costas”. É uma questão de estilo ou estatuto. É aqui, nas mãos, mais concretamente na ponta dos dedos, que se concentra um dos sentidos mais importantes, apesar de lhe atribuírem pouca importância: o TACTO. Dizem os cientistas que há “algo ainda não explicado” que liga a ponta dos dedos à ponta da língua, pelo que, quando “falta o tacto” há “bronca pela certa”. Vamos lá saber porquê.


Tronco
Por ser a maior parte, ficou, o tronco, para o fim deste tema sobre o corpo. É, digamos, como que o “sótão da avozinha”, onde há de tudo, até ratos, metaforicamente falando, porque se ouve com frequência dizer que “tenho um ratinho no estômago. Onde é que fica o estômago? No tronco do corpo, necessariamente. Neste “armazém” como também pode ser designado, é onde se “arruma tudo” o que é necessário para que o corpo viva.

Para que não se torne fastidioso, referiremos alguns órgãos, mas sem grande ênfase técnica. Isto porque qualquer pessoa, da minha idade, aprendeu na Escola Primária, nas lições de ciências e com direito a reguadas ou ponteiradas se, na descrição junto ao “mapa” dependurado na ardósia, havia esquecimentos e/ou erros. Os alunos da actualidade se não sabem, foi porque o ministério resolveu “facilitar-lhes a vida” e deixar estas questões para quem queira ser médico. Se alguém se esqueceu, não será grave, porque se esqueceu ou não tem ou não precisa de saber.

A faringe e a laringe são órgãos para serem tocados e tratados pelos otorrinolaringologistas, que têm que ser excelentes alunos. Sei que a primeira lição é dada com bastante calma, para que aprendam, na perfeição, a especialidade que estão a tirar e o possam transmitir à família e aos amigos. O apêndice não tem importância nenhuma, pois que é um órgão que é retirado com frequência e os “amputados”, que antes se sentiam incomodados, passam a sentir alívio. Para abreviar, o estômago, o fígado, o rim e os intestinos, são como que os operários de uma fábrica, com “linha montagem modelar”, onde cada um vai tratando do que tem a fazer e no fim “manda expedir o produto”. Falta falar do pulmão que é, grosso modo, como que o produtor do “ar forçado” no sistema interno, ventilando e produzindo o oxigénio.

Ora aqui está, pensa o subscritor, uma viagem “utilíssima” através do corpo humano e, especialmente ao seu interior. Não é exaustiva, porque o cansaço também não permite devaneios e muito menos correrias, para poupar tempo.
Ah! - Faltou falar de qualquer coisa. É sempre assim. Fala-se de tudo e todos, menos de quem trabalha. E o coração? Não tem cabimento nesta síntese para poupar trabalho aos especialistas, não falar deste órgão, aliás o órgão preferido dos cardiologistas.

Na imagem não está realçado, mas é um órgão que se encontra permanentemente na prisão. Está alojado no troco, na parte superior, pelo que as costelas o envolvem, não sei se para o proteger se para o aprisionar. O coração está sempre “preso” a qualquer coisa. Começa no berço, instintivamente, com o amor que nos “prende” a nosso pais e, de tal forma intensa que é para toda a vida e, mesmo para além da morte: é o amor filial. Depois, alguns anos mais tarde, vem o amor, juntamente com a atracão física que, na maior parte das vezes, leva ao casamento ou à nova “forma actual” do mesmo. Descambará, mais ano menos ano, para o amor paternal, que, num misto de orgulho e preocupação, vai crescendo e transformando tudo à nossa volta, e reproduzindo-se em “novos filhos” que são os “filhos dos filhos”.

É por isso que, umas vezes “trabalha nas calmas” e outras acelera e “cavalga no nosso peito” sendo quase impossível ser domado, sem o recurso “químicos”. Tudo isto é o resultado do amor. Os especialistas sabem as causas destas metamorfoses e, na medida do possível, vão conseguindo manter estas “máquinas em perfeito estado de funcionamento”, recorrendo, se tal for necessário, à substituição de peças.

Mas cuidado, meus senhores.

Quando vos cair nas mãos o coração de um “velho soldado”, tratem-no com cuidado. É que é mais frágil, está mais cansado, e está muito mais carregado de amor.

Tem um “grande amor pela Pátria e pelos camaradas/companheiros”, que é um sentimento que, dentro de pouco tempo, nem no “sótão da avozinha” se conseguirá encontrar. É “um bem” em vias de extinção.

Tudo o que aqui foi descrito é só para evitar que, com “carcaças velhas”, se perca tempo. São exactamente isso “carcaças velhas”, pelo que não têm qualquer valia. Mas nessa carcaça, se bate ou bateu o coração dum soldado, tratem-no com carinho. Não precisam de incensa-lo. Não precisam de o mergulhar em conservantes.

Dissecai-o. Auscultai-o. Estudai-o e mantenham-no vivo, se poderem.

Mostrai-o aos vossos alunos, mostrai-o aos vindouros, hoje, amanhã e sempre.

Provavelmente, nós já não estaremos, e é necessário transmitir, ao futuro, o que é o Amor pela Pátria.

Assino, por mim e, se me é permitido, por todos e cada um de todos os Combatentes!

José Marcelino Martins
22 de Agosto de 2011

©Fotos “gentilmente cedidas” pela Wikipédia.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8683: Efemérides (55): Dia da Infantaria em 14 de Agosto de 1961 (José Martins)

Vd. último poste da série de 23 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8697: Blogoterapia (186): Imagens que nunca se apagarão (José Carlos Gabriel)

Guiné 63/74 - P8702: Notas de leitura (268): A Guerra de África 1961 - 1964 - IV Volume, por José Freire Antunes (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Julho de 2011:

Queridos amigos,
Acaba aqui a digressão pelos 4 volumes desta reedição da obra coordenada por José Freire Antunes.
Continuo a pensar que devíamos assumir a iniciativa de empreendimento ao nível das nossas posses e de colaboração com uma equipa que pudesse trabalhar com uma comissão científica aprovada pelos editores do blogue, naturalmente circunscrita aos acontecimentos da Guiné e como estes foram projectados ou se projectaram na política de Lisboa. Nos últimos 15 anos a investigação deu passos decisivos, a visão de conjunto está muitíssimo menos desfocada, uma geração de jovens investigadores, como se tem visto, apresenta trabalhos surpreendentes sobre a Guiné, basta pensar em Julião Soares Sousa e António Tomás.

Um abraço do
Mário


A Guerra de África, por José Freire Antunes, 4.º volume

Beja Santos

Projecto ambicioso desenvolvido por um investigador de história contemporânea, Círculo de Leitores reeditou o empreendimento que deu à estampa em 1995, um acervo bastante representativo de testemunhos alusivos aos três teatros de operações, ainda hoje sem competidor na largueza de vistas e representatividade de opiniões: “A Guerra de África, 1961-1974”, por José Freire Antunes, Círculo de Leitores, 2011*.

Este quarto e último volume, à semelhança dos anteriores, inclui depoimentos de muitíssimo interesse no que toca à Guiné. Logo na abertura, o general Tomé Pinto, que combateu na Guiné entre 1964 e 1965 depõe sobre a sua experiência: “Fomos metidos num barco, entrámos no rio Cache, e fomos despejados em Binta, entre Farim e Bigene. Era o corredor que vinha do Senegal e que depois entrava no coração da guerrilha, que era o Oio, onde a tropa que estava em Bigene não avançava e a tropa que estava em Farim também não avançava. Eu vim pelo rio e deixaram-me no meio. As distâncias na Guiné eram diferentes das de Angola: em Angola 100 ou 200 quilómetros não eram nada; na Guiné, da minha zona para Farim era só 16 quilómetros, mas se eu conseguisse circular em toda ela já não era mau. Os indivíduos do PAIGC chamavam-me o “capitão do quadrado”. Como sou um apaixonado pela nossa história e pelos nossos feitos, usei a táctica do quadrado. Pensei que para sobreviver no meio daquilo tudo era o melhor. Tive casos em que eles atacavam por trás ou pelo lado, mas encontravam sempre resistência. Gastámos muito mais botas e muito mais calças a atravessar o mato porque não íamos nas estradas, mas fugíamos das minas e éramos nós que comandávamos o local onde estávamos. Só queria trazer os meus soldados vivos”. Tomé Pinto descreve as relações afectuosas que estabeleceu com os seus subordinados, os códigos de linguagem, a sua participação mesmo em pequenas patrulhas, porque sem o exemplo nada feito. Recorda Mamadu, um dos irmãos do régulo do Oio, ele seguia sempre a seu lado nas operações, a seu lado morreu como um bravo. É um depoimento singular, não há ali uma réstia de bazófia: “Eu tinha na minha Companhia à volta de 30 analfabetos. E fizeram a 4ª classe. Lembro-me que um dos soldados mostrou-me uma carta que alguém escrevera pelos pais dele, que não acreditavam que a carta que ele mandara fosse escrita por ele. Quando os soldados vinham das patrulhas, tinham sempre qualquer coisa a fazer. Primeiro aprenderam a ler, os que não sabiam, e criámos um aldeamento”. Tira partido da provação, vê-se que é um proactivo por excelência: “Na Guiné fui ferido em combate, com uma granada de morteiro que rebentou por cima da árvore, debaixo da qual eu estava. E vejo o alferes Santos a pôr a mão em cima daquilo, a querer parar o esguicho, com a mão toda suja de terra. Houve uma emboscada a seguir e meteram-me num jipe de onde eu ia dando ordens. Foi um momento excepcional do meu pessoal.

Hélio Felgas testemunha sobre as duas comissões na Guiné, o recurso são missivas que dirigiu Marcelo Caetano, em 1963 e 1969. Tem especial importância o que ele diz a propósito do Leste, em 1969. Falando da região Xime-Bambadinca, ele observa: “É o cordão umbilical de todo o Leste. É só pelo estreito rio Xaianga (Geba) que se faz todo o reabastecimento do Leste e se processam todas as evacuações. Se eles afundam um barco entre Xime e Bambadinca e conseguem cortar a estrada Xime-Bambadinca colocam-nos numa situação desesperada. Nesta região de Bambadinca o inimigo tem talvez mais de 500 combatentes (e nós cerca de 300). As populações fulas começam a fugir no Leste e apesar de todo o pulso que tenho nelas são capazes de me fugirem aqui na região de Bambadinca-Bafatá. Tenho tomado as medidas que posso, dispressando as poucas tropas que disponho, de modo a dar às populações e aos pelotões de milícia alguma sensação de segurança. Mas contra centenas de bandoleiros excelentemente armados, que podem fazer estes pequenos efectivos? Morrer, é claro (…) Sinceramente desejo que não se repita na Guiné o caso de Goa”.

Carlos Antunes e Isabel do Carmo, fundadores do PRP-BR, dão-nos a saber que tinham agentes em Bissau: “Pouco antes do 25 de Abril tínhamos aberto uma outra frente de batalha: acções no próprio teatro de guerra. Foi assim que sabotámos o quartel-general das tropas portuguesas em Bissau. Depois de Amílcar Cabral ser assassinado sucedeu-lhe Aristides Pereira que declarou que ou o governo de Marcello Caetano aceitava negociar a independência da Guiné ou o PAIGC considerava-se no direito de vir fazer acções a Portugal. Nós, que estávamos seriamente empenhados nesse combate, ficámos ofendidos por não termos sido informados previamente. Decidimos chamar um camarada, oficial miliciano dentro do quartel-general de Bissau. Ensinámo-lo a fazer uma bomba e ele partiu com vários queijos da serra que não eram mais do que a casca do queijo da serra que levava dentro plástico de densidade semelhante. Levou os detonadores noutro sítio, em maços de cigarros, e levou pilhas. O foi assim que ele fez saltar o quartel-general de Bissau sem matar ninguém. Houve dois generais feridos. O PAIGC fez um comunicado onde disse que tinha destruído o quartel-general. Horas depois nós dissemos em Lisboa que tínhamos sido nós a destruir o quartel. Eram contradições do movimento anticolonial”.

O nosso confrade Miguel Pessoa conta detalhadamente como em 25 de Março de 1973 um míssil Strella abateu o Fiat que ele conduzia, acontecimentos largamente descritos no blogue.

Temos por fim as polémicas declarações de Rui Patrício, o último ministro dos Negócios Estrangeiros de Caetano: “Fui defensor das negociações secretas com o PAIGC, que decorreram em Londres, já em 1974, na fase final. A ideia de negociar com o PAIGC partiu da Embaixada inglesa em Lisboa, que fez a ligação com eles. Eu nunca fui partidário de que a derrota militar seria o melhor. Quando se está com o canhão e a espingarda diante de nós, chama-se a isso estado de necessidade. É evidente que queria a negociação. Depois procuraríamos explicar os princípios, procuraríamos dizer que a Guiné vivia numa situação diferente. Qualquer explicação era possível porque qualquer coisa era melhor do que a derrota militar. O que foi proposto foi: “Vamo-nos sentar com o PAIGC, vamos negociar”. Era uma negociação para discutir o futuro político da Guiné, para ouvir o que é que eles queriam: o que o PAIGC tinha a dizer e o que eles queriam fazer. Nós dissemos que, como condição, tinha de ser assim. Não sabíamos como é que se iria desenrolar”.

Resta esclarecer que esta prática da história oral, a recolha de depoimentos sem tratamento, sem qualquer tipo de articulação, deixando ao livre alvedrio do leitor as conclusões, entrou em desuso, não obstante se reconhecer possuir os seus próprios méritos. Muitos dos documentos transcritos pela equipa de José Freire Antunes aparecem truncados, designadamente a correspondência enviada por Spínola a Caetano. Ora a correspondência é uma das situações comunicacionais que tem que atender, na investigação histórica, às relações entre o espaço e o tempo, tem que ser alvo de um tratamento documentado. A história oral em bruto é manifestamente ineficaz, são peças fragmentadas desprovidas de uma visão de conjunto.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8664: Notas de leitura (264): A Guerra de África 1961 - 1964 - III Volume, por José Freire Antunes (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 21 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8691: Notas de leitura (267): O Fazedor de Utopias, Uma biografia de Amílcar Cabral, por António Tomás (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8701: Parabéns a você (306): António Fernando Marques, ex-Fur Mil da CCAÇ 12 (Contuboel, 1969/71)

Com um abraço do camarada Miguel Pessoa, restante tertúlia e editores
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Notas de CV:

- António Fernando R. Marques foi Fur Mil na CCAÇ 12 e esteve em Contuboel e Bambadinca nos anos de 1969 a 1971

Vd. último poste da série de 22 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8693: Parabéns a você (305): Carlos Cordeiro, ex-Fur Mil At Inf CIC, Angola, 1969/71

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8700: Convite (10): Os ex-combatentes, as alcunhas e as suas origens, no Programa da Manhã da TVI, dia 25 de Agosto de 2011

1. No seguimento da publicação do poste Guiné 63/74 – P8684: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (13): Como se apanha uma alcunha logo no primeiro dia de Guiné, a jornalista da TVI, Inês Morgado, deixou este comentário:

Bom dia Rui e respectivos responsáveis por este blog,
sou jornalista da TVI e estou interessada nesta história e em outras que contem como se "ganhavam" as famosas alcunhas e as histórias por detrás delas. No programa Você na TV iremos falar deste tema na próxima semana e gostavamos de ter a participação de combatentes da guerra colonial que tenham estas histórias para contar.

Caro Rui e quem esteja interessado, queiram contactar-me para inesfmorgado@gmail.com.
Muito obrigada!


2. Entretanto o nosso Tigre de Missirá, camarada Mário Beja Santos, mostrou-se interessado em participar no programa, pelo que fiz seguir a sua mensagem à senhora jornalista.


3. Hoje recebi esta mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos, que já fiz circular pela tertúlia, mas que fica aqui para conhecimento dos nossos leitores, e como convite a quem quiser participar no programa da manhã da TVI da próxima quinta-feira:

De: (DGC) Beja Santos
Data: 23 de Agosto de 2011 11:45


Assunto: Programa Você na TV

Queridos Amigos, 

Acaba de me telefonar esta senhora se eu contactava antigos combatentes que estivessem dispostos na 5ª feira a ir falar sobre alcunhas na guerra. Vejam, por favor, se podem dar colaboração a esta emissão .

Um abraço, 
Mário Beja Santos

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De: Inês Morgado [inesfmorgado@gmail.com]
Enviada: terça-feira, 23 de Agosto de 2011 11:34
Para: (DGC) Beja Santos
Assunto: Programa Você na TV

Bom dia,
muito obrigada uma vez mais pela sua disponibilidade.

O tema do programa será então acerca das alcunhas que os combatentes tinham durante a guerra colonial e as respectivas histórias por detrás das mesmas. O intuito é, portanto, ter em estúdio alguns ex-combatentes que nos venham contar as histórias das suas alcunhas e as de outros colegas se assim entenderem.

O programa é nesta quinta-feira nos nossos estúdios em Queluz de Baixo.

Relativamente à sua participação, eu precisava apenas que me desse algumas informações suas para transmitir ao Manuel Luís Goucha como fazemos sempre para os convidados que serão entrevistados.

1- Nome completo;
2- Idade;
3- Naturalidade;
4- Morada (para dar à produção);
5- Anos em que esteve na guerra colonial e onde;
6- O que fazia na altura em que teve de ir para a guerra;
7- Abreviadamente mencionar algumas das histórias que irá contar;
8- Qual era a sua alcunha e porque é que lhe foi dada a mesma;
9- Qual a sua profissão actualmente?

Muito obrigada.
Com os melhores cumprimentos,
Inês Morgado
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8148: Convite (9): Amigo Frade junta-te a nós para partilhares, lembrares e reviveres histórias por que passamos naquela saudosa terra (José Barros)

Guiné 63/74 - P8699: Tabanca Grande (299): António Agreira, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74)

1. Mensagem do nosso camarada António Agreira* (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73, Cafal, 1973/74), com data de 20 de Agosto de 2011:

Camaradas um grande ALFA BRAVO a todos.
No seguimento da minha mensagem de Agosto, seguem em anexo as fotos prometidas.
Embora não tenha uma grande colecção, poderei enviar mais algumas.

Então o Manuel Maia esteve em Cafal Balanta.
Os dias que passei em Cafal não teriam sido muito diferentes. Para além das rotinas diárias, surgiam as visitas nada desejadas, que causavam sempre grande confusão. O período de maior agitação foi no NATAL de 1973 com a reconstrução da estrada entre Cadique e Jemberem, mas isso fica para depois.

Em Cafine estava uma força de Fuzileiros Especiais. Nós passávamos por lá uma vez por dia porque o nosso porto estava minado e com tal inoperacional.

Camaradas por hoje é tudo! Forte ALFA BRAVO



2. Comentário de CV:

Estás formalmente apresentado à tertúlia, pelo que a partir de agora poderás contribuir com as tuas fotos e histórias para o espólio do nosso Blogue.

Foste um dos sortudos que assistiram ao fim da guerra, embora regressasses ainda antes da independência, segundo os registos da tua Companhia.
Queremos que nos dês a tua perspectiva quanto ao relacionamento com os elementos do PAIGC que entretanto começaram a contactar convosco. Havia alguma tensão? Desconfiança?
Ficamos à espera das tuas impressões.

Recebe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia dos editores
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8672: O Nosso Livro de Visitas (115): António Agreira (ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 4544, Cafal Balanta, 1973/74)

Vd. último poste da série de 20 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8689: Tabanca Grande (298): Manuel Carmelita, ex-Fur Mil Mec Radiomontador, CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

Guiné 63/74 - P8698: Fotos à procura de... uma legenda (7): O Doutor por Coimbra Mamadu Jau, hoje director do INEP (Bissau), antigo aluno do Manuel Carmelita (Aldeia Formosa, 1971/73)


Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa (hoje, Quebo) > 1972 ou 1973 > O mestre escola (da parte da tarde) Manuel Carmelita (Fur Mil Mecânico Radiomontador da CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), entre os seus alunos (3 e 4ª classes do ensino primário)... Entre eles, o Mamadu Jao, assinalado com um seta a vermelho... e que parece querer dizer "Um dia serei antropólogo, doutor por Coimbra e director do INEP"... como, na realidade, veio a acontecer. E, mais, o Carmelita e o Jau ficaram amigos o resto da vida...


Foto: © Manuel Carmelita (2011). Todos os direitos reservados. 


1. Em 4 de Março de 2010, atraves do poste P363, editado pelo A. Marques Lopes, o blogue da Tabanca de Matosinhos dava a seguinte notícia: 

"Mamadu Jao, Director-Geral do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa) da Guiné-Bissau, nosso amigo guineense e já visitante da nossa Tabanca Pequena de Matosinhos, defendeu a sua tese de doutoramento em Antropologia na Universidade de Coimbra e foi considerado 'Doutor com distinção'.

"É o culminar da sua aplicação desde os bancos da escola primária e o seu professor de então, o camarada Manuel Carmelita, não consegue dar vazão à sua satisfação! E todos nós também sentimos imensa alegria por um filho daquele povo amigo ser um ilustre e prestigiado estudioso e investigador".


"Esta fotografia foi tirada na altura em que nos visitou no Milho Rei, há tempos atrás. Está lá com os seus amigos Lobo e Manuel Carmelita, o professor do então menino Mamadu.


  

2. Dois meses antes, em 19 de Janeiro de 2010, em poste (P320), o José Teixeira dava-nos a triste notícia da morte prematura da esposa do Mamadu Jau, Maria Eduarda, mãe de 4 filhos:

"Tive o prazer de conhecer o Dr. Mamadu Jao, a esposa Maria Eduarda e a filha em Fevereiro de 2008, quando tiveram a amabilidade de me receber, a mim e ao Silvério Lobo, na sua casa em Bissau. Desde logo a sua forma de ser e estar me cativou, criando-se entre nós, laços de afecto mútuo.
 

"O Jao, amigo do [Silvério] Lobo e do [Manuel] Carmelita desde os tempos em que,  sendo ele miúdo a rondar a 'tropa branco' e o Carmelita professor 'à força', com o maior dos prazeres, em Aldeia Formosa, se cruzou com o professor  [, Carmelita,] e o mecânico [, Lobo] (...).

"Se os mestres eram bons, o aluno não lhe ficou atrás. Com eles fez caminho, descobriu capacidades e forma de as pôr a render. Os ventos da mudança política abriram-lhe novas portas que ele bem soube aproveitar. Como tantos outros, procurou novos rumos, pondo a render os seus talentos.Conseguiu meios para se licenciar em Antropologia. Trabalhou alguns anos para a ONU, organização a que ainda está ligado. Actualmente é procurado para fazer colóquios e desenvolver temas da sua especialidade, mas a sua aposta está no INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, sediado em Bissau, sob os auspícios das Nações Unidas, e cujos objectivos são promover estudos e pesquisas no domínio das ciências sociais e naturais, [com ênfase nos] problemas de desenvolvimento do seu país.  e contribuir para a valorização dos recursos locais".


"Casou com a Maria Eduarda há 29 anos. Do casamento têm quatro filhos, a Djyba, a Cadi. o Ivanildo e o Ivandro. Deu-nos o prazer de almoçar connosco quando esteve no Porto em meados de 2009, tornando-se membro da nossa Tabanca.

"Há tempos recebemos a triste noticia que a Maria Eduarda estava muito doente. Foi evacuada para Portugal em 14 de Novembro de 2009 na esperança de que aqui encontraria melhores condições e meios que lhe permitissem uma 'finta' à grave doença que a consumia. Infelizmente a doença venceu esta vida, que eu conheci, cheia de vida e alegria. A Maria Eduarda faleceu a 5 de Dezembro.



"À Maria Eduarda que descanse em paz. Ao querido amigo Jao, membro da nossa Tabanca de Matosinhos, os nosso profundos sentimentos de dor e solidariedade. (...)

3.  O domingo passado tive a oportunidade de conhecer melhor o Manuel Carmelita e a sua bonita e simpatiquíssima esposa, Joaquina, vilacondense (e outros casais da Tabanca de Matosinhos) num agradável, alegre e fraterno convívio da Tabanca de Guilhomil (ou melhor, Guilamilo), na freguesia de Polvoreira, Guimarães, sob os auspícios dos senhores Joaquim e Margarida Peixoto, um casal maravilhoso de professores do ensino básico, com residência em Penafiel... (Convívio de que falaremos, com mais detalhe, em próximo poste).

O Carmelita que era furriel mecânico radiomontador da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73) foi também incumbido de dar aulas aos putos de Aldeia Formosa... Missão (nobre) que ele levou, com êxito, competência e empenhamento, até ao fim da sua comissão...E de entre os seus alunos que se destacaram depois na independência, está justamente o Doutor Mamadu Jao...


4. Neste passatempo de verão (a que demos o título Fotos à procura de... uma legenda), fica aqui mais um desafio aos leitores do nosso blogue....  A foto deste poste merece uma legenda a preceito... Já demos algumas pistas... O Carmelita também pode ajudar, falando-nos um pouco mais sobre a exaltante e nobre missão de professor "ad hoc" em Aldeia Formosa... Sei que ele tem múltiplos talentos, é inclusive uma excelente fotógrafo, mas também mostra relutância  em escrever em público, razão por que chegou tarde à Tabanca Grande. (Julgo mesmo que foi "encostado à parede" pelo Carlos Vinhal, outro vilacondense.)

Amigos, camaradas, leitores: Legendas, aceitam-se... Não se dão alvíssaras... Prometemos tão apenas publicar as melhores legendas (com as respectivas fotos) com honras de caixa alta. As 10 melhores...

Os nossos leitores poderão também comentar (ou escrever pequenas histórias sobre) os postes desta nova série  dentro das regras que estão estabelecidas no nosso blogue: por exemplo, os comentários não podem ser anónimos... (LG) 

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Guiné 63/74 - P8697: Histórias da guerra (José Carlos Gabriel) (1): Imagens que nunca se apagarão

1. Mensagem do nosso camarada José Carlos Ramos dos Santos Gabriel* (ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74), com data de 18 de Agosto de 2011:

Todos os camaradas ainda terão na memória situações que esta guerra nos levou a passar e a ter que superar.
Lembro-me com alguma frequência de uma situação da qual tenho a certeza que muitos mais camaradas por ela também passaram.
Aconteceu por volta do dia 12 de Maio de 1973.


HISTÓRIAS DA GUERRA - I 

IMAGENS QUE NUNCA SE APAGARÃO

Ainda em casa comecei por me despedir dos meus familiares pois iria embarcar para a Guiné para uma guerra onde só tinha a certeza de partir mas não de regressar.

Pedi a todos os presentes para me deixarem sozinho porque pretendia me despedir do último elemento da família que se encontrava deitada na minha cama, qual boneca, de 8 meses, cabelos louros e olhos azuis muito abertos, sem perceber que os meus abraços muito fortes e as minhas lágrimas eram de um enorme medo de nunca mais vir a ter aqueles gestos.

Lavado em lágrimas (porque um homem também chora) tive que me ir embora que a nossa tropa não dava para ter atrasos.

A partir daqui não consigo saber o que me aconteceu porque saí numa calma para a qual ainda hoje não consigo ter uma explicação.

Passados 6 meses regresso de férias e ao chegar ao aeroporto da Portela lá estavam os meus familiares mais chegados e claro a minha boneca que já tinha 14 meses, e já andava e falava.

Se a emoção da chegada já seria muito forte, uma grande angústia se apoderou de mim naquela altura porque a minha boneca chorava desalmadamente fugindo do meu colo, não me permitindo dar aqueles beijos e abraços que só um pai sabe dar.

Em todo o caminho para a margem sul, mal olhava para mim, desatava a chorar agarrada à mãe que embora lhe dissesse que era o pai Zé de nada servia.

Horas passadas vim a saber que embora lhe tenham sempre sido mostradas fotografias minhas, as mesmas não reflectiam a pessoa que estava na frente dela, pois eu estava bem mais magro, mais queimado e de bigode.

Dou graças a Deus por me ter sido permitido passar por tudo isto, pois camaradas houve que foram privados deste “sofrimento” e que deixaram um grande vazio a todos os seus amigos e familiares.

Para todos os camaradas um grande e forte abraço.
José Carlos Gabriel

Nhala, AGO73 > A roupa que mais gostava de usar

Nhala, JUL73 > As saudades

Nhala, JUN73 > Desempenho de funções

Nhala, JUN73 > A escrever para a família
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8680: Tabanca Grande (297): José Carlos Ramos dos Santos Gabriel, ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74)