domingo, 10 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11231: Convívios (498): Encontro do pessoal do BCAV 3846, dia 17 de Março em Estremoz e 7 de Abril em S. João da Madeira (Delfim Rodrigues)




1. Em mensagem do dia 6 de Março de 2013, o nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem, CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), enviou-nos para publicação o anúncio do próximo convívio da sua Unidade.






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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 7 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 – P11205: Convívios (497): XIV Convívio da CCAÇ 3549, no próximo dia 23 de Março, em Queirã/Tondela (José Cortes)

Guiné 63/74 - P11230: Em busca de ... (218): O meu amigo Inhatna Biofa, um dos jovens guineenses que gravitavam à volta da tropa (Henrique Cerqueira)

Inhatna Biofa com o pequeno Miguel Nuno

1. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), com data de 4 de Março de 2013:

Olá Boa noite camarada e amigo Carlos Vinhal.
Hoje deu-me para a nostalgia, pois que andei a ver umas fotos da nossa Guiné e veio parar às minhas mãos precisamente uma fotografia que para nós cá em casa é muito importante. É que esta foto conta-nos estórias da nossa passagem pela Guiné.
Eu aqui falo no plural porque esta fotografia é muito importante para mim, para a NI e para o Miguel Nuno que na altura tinha dois anitos.
Foi então e como do costume ao  "correr da pena” e com o coração nas mãos que resolvi escrever uma espécie de homenagem ao “meu” Inhatna Biofa.

A foto não tem grande qualidade de imagem, a escrita também não lhe fica a dever nada em qualidade mas, o sentimento é verdadeiro e como tal se achares por bem gostaria de ver publicado esta singela homenagem e como sempre darás o tratamento que achares por bem.
Sei que tens imenso trabalho, daí ficará ao teu critério a oportunidade da publicação.

Um abraço
Henrique Cerqueira


INHATNA BIOFA, MEU AMIGO

Hoje ao rever velhas fotografias dos meus tempos na Guiné deparei com esta que aqui será publicada. Mas antes narrarei uma breve estória sobre o meu amigo Inhatna Biofa.

O Inhatna era mais um dos muitos jovens da Guiné que gravitavam à volta das nossas tropas, sobrevivendo com algum dinheiro que nós lhes íamos pagando por pequenos trabalhos que eles estavam sempre prontos a executar. Iam conseguindo também alguma alimentação que algumas das vezes levavam para a sua tabanca para repartir com familiares, quando os tinham.

O "meu" Inhatna foi-me "passado" no Biambe por um Furriel que eu rendi. Já era muito querido pela malta antiga e sentiram-se na obrigação de garantir a continuidade do bom tratamento desses rapazinhos .

Passado muito pouco tempo de convivência com o Inhatna ganhei logo muita admiração pelo empenho e seriedade do seu comportamento isto no que se relacionava com as atividades "domésticas" ou seja cuidar da minha roupa junto das lavadeiras mas muito especialmente ele me acompanhava sempre para o mato carregando um bornal com granadas e munições suplementares para o caso de ser necessário. Foi o que veio a acontecer.

Certo dia numa operação de patrulha o nosso grupo caiu numa emboscada. Eu ia na frente juntamente com três milícias e logo atrás de mim, como sempre, o meu amigo Inhatna. Nós só tínhamos três meses de mato e como é natural nos primeiros momentos do ataque pelo menos deitei-me no chão e só não escavei um buraco porque não sabia se devia usar as mãos para escavar ou tapar a cabeça. Eis que passados alguns eternos minutos olho para o lado e vejo o meu Inhata a municiar a minha arma com as instalaza e a preparar-se para disparar. Aí senti alguma "vergonha" saquei-lhe a arma das suas mãos e toca a disparar e o Inhatna sempre a meu lado a municiar. Este, numa breve acalmia do ataque, teve o cuidado de me confortar dizendo que já estava habituado e que só queria municiar a arma . Eu acho que ele se apercebeu que inicialmente eu estava era todo acagaçado e na verdade estava mesmo.

A partir daí se eu gostava dele fiquei ainda mais seu amigo. Tentei sempre que nada lhe faltasse dentro das nossas carências. Até porque era "fácil" satisfazer algumas das suas necessidades, eles davam-nos muito mais que aquilo que nos pediam... daí ainda hoje me sinto em dívida com o "meu" Inhatna.

Mais tarde fui para Bissorã para a CCAÇ 13 e como não poderia deixar de ser o Inhatna me acompanhou continuando a ser sempre o Fiel amigo e de certo modo "servidor" para os trabalhos relacionados com lavadeiras. Até porque ele se recusava a receber esmolas queria sempre justificar o pagamento que lhe dava em dinheiro.

Mais tarde eu chamei para junto de mim a minha mulher e filho, já todos sabem, e como não poderia deixar de ser, o Inhatna foi desde logo "adotado" pela família até porque eu tanto nas primeiras férias como por cartas já tinha falado muito sobre ele.

Então se até aí ele estava próximo de mim, muito mais tempo passou a conviver com todos nós, passando mesmo a fazer parte da família. Tínhamos um prazer enorme em lhe ensinar hábitos de comportamento tanto à mesa como outros que na altura pensávamos serem úteis. Até porque ele era extremamente inteligente e de trato delicado. E além disso era um excelente jogador de futebol.

O Inhatna tinha ainda um poder de partilha incrível e uma sensibilidade humana que a mim e aos meus nos serviu de alguma lição.

Certo dia estávamos à mesa e poisaram duas moscas a acasalar. Como eu pensava ser natural preparo-me para matar as ditas "desavergonhadas" e de imediato o Inhatna disse-me :
- Furiel não mata, elas só estão a falar e já vão embora. Foi tão sentida aquela sua intervenção que embora eu considerasse que mesmo assim era pouco saudável ter moscas na mesa de jantar eu não resisti à sua pureza de sentimentos, pois ele era assim com todo o tipo de animais ou insetos.

O seu sentido de partilha era de igual modo surpreendente. Como em nossa "casa" havia sempre uma ou outra guloseima, se por acaso ele estivesse a comer algo do género e aparecesse alguma visita da população, o que era muito frequente, ele partilhava sempre o que estava a comer mesmo tirando da própria boca. A minha família e eu aprendemos também com o Inhatna.

Há ainda a realçar o facto que ele era uma ótima companhia para o meu filho Miguel, estava constantemente alerta a todas as suas traquinísses e brincadeiras. Nós tínhamos total confiança no Inhatna, era como se fosse um irmão mais velho. Até ensinou algumas palavras em Balanta e crioulo ao Miguel e ele só tinha dois anos de idade!

Inhatna meu amigo, onde estás tu?
Quero aqui te prestar esta singela homenagem e quero que saibas que jamais sairás dos nossos corações.
Haveria muito mais a escrever sobre ti mas seriam necessárias muitas palavras para te descrever mais profundamente .

Bom caros camaradas do blogue de certeza muitos de vós também tiveram o vosso "Inhatna" o mais "famoso" aqui no blogue é precisamente o nosso camarada e amigo Cherno Baldé que teve a felicidade de conseguir construir um futuro e é hoje muito respeitado inclusive por mim que muito gosto tenho em ler os seus artigos e comentários.
Aliás sempre que ele escreve aqui no blogue eu me lembro ainda mais do "meu "Inhata Biofa.

E já agora, nem sei se é assim que se escreve o nome dele pois que eu o escrevo conforme se prenunciava. Ele era mais um dos que nem identificação tinha, creio até que nem família biológica tinha.

MAS O INHTNA ERA FAMILIAR DE TODOS.

Termino por aqui com um abraço saudoso ao Inhatna, esteja ele onde Deus quiser.
Partilho, tal como ele me demonstrou, este abraço com todos os "INHATNAS" que existiram na Guiné.

Henrique Cerqueira
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 5 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11193: Em busca de ... (217): Faltam 4 elementos para completar a lista nominal dos 184 camaradas que integraram a CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72)... Um deles é o Carlos Alberto de Oliveira Rodrigues... Quem saberá do seu paradeiro ? (Ricardo Lemos, Matosinhos)

Guiné 63/74 - P11229: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (28): 29.º episódio: Memórias avulsas (10): Ninguém me ama

1. O nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), em mensagem do dia 4 de Março de 2013, enviou-nos mais esta história para publicar na sua série "Os melhores 40 meses da minha vida".


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA (28)

GUINÉ 65/67 - MEMÓRIAS AVULSAS 

10 - NINGUÉM ME AMA

Na anterior missiva, falei da visita que fiz à Sé de Bissau, mas olvidou-se-me acrescentar, que nessa altura (Julho de 1966), falei com quem manda lá no sítio, combatente d'outras causas mas que injustiçado tem também sido, tal como nós os que combatemos com G3.

Conversámos sobre o 21 de Fevereiro de 2013; do Blog Luís Graça & Camaradas da Guiné onde eu iria ser e com muita honra, o grã-tabanqueiro 581 e dialogámos ainda sobre o facto de me irem votar ao ostracismo, nem me dando os parabéns pelo 71º aniversário e pior ainda... o não me ofertarem e publicitarem o costumado quadro de aniversariante.

Tal, originaria que mais 580 camaradas me presenteassem com os seus votos.

Compreendendo a minha profunda mágoa, respondeu-me lá do alto do seu púlpito:
1 - Fá-los chorar cantando-lhes com a tua tonitruante voz, o "Adeus Guiné" ;
2 - E só lhes perdoarás, quando te enviarem meia dúzia de seis garrafas do tinto "Barca Velha 2004".

- Ó MEU, não não e não disse-lhe eu... trata-se de GENTE muito atarefada, são apenas dois Administradores e simultâneamente Editores com muita categoria... que tanto farão (estávamos em 1966) para a memória colectiva futura.

Parece-me um castigo demasiado duro, por isso te peço que lhes perdoes 50% e a que eu acrescento os outros 50. E mais lhe disse:
-Eles passarão, decerto, também por aqui um dia mais tarde, pois que embora muito novos ainda, terão essa sorte malvada e por isso cá estou a desbravar e a pacificar os terrenos que pisarão a fim de que tenham uma melhor estadia.

Quando tal acontecer podes ser tu a admoestá-los? Intransigentemente não aceitou a minha proposta e ordenou-me que só relapsasse o acontecido, contra a entrega duma dúzia de Dão Meia-Encosta 2010 (substituíndo a meia dúzia antes imposta), e com o que tive de concordar dada a suavidade da pena.

Mais me disse:
- E mesmo fora de tempo que publiquem a moldura, que mais bonita ficará com uma embelezante tua foto.

Disse... está dito.

O postalinho que não foi publicado (CV)


O CÉU - 2ª parte Bissau pois então.

Apesar da minha nova tarefa, um descanso quanto a guerras, a coisa não era fácil, tanto que perdi o sono d'algumas noites.

Iniciava o dia papando meio quilo de rim cortado ós códradinhos e frito em manteiga com alho, regando continuadamente com os 6 dcl da Cuca. A molhança era ensopada em pão e absorvida qual açorda fosse. Passava pelo "escritório", actualizava o expediente e lá ia para os contactos mais urgentes. Eles eram com o cangalheiro civil, com o Hospital, com o Senhor Capelão Militar, com o cemitério onde havia conseguido que um grupo de pedreiros e pintores militares, o alindassem com muros de 30cm à volta das sepulturas, dispusessem relva por cima e que na limpeza se esmerassem.

Ritual se tornou a minha visita diária à capela mortuária, visita que a mim próprio impusera, para acompanhar camaradas que partiram ao serviço da Pátria ingrata. Fi-lo sempre até à entrega da urnas de chumbo nos navios. Sofri que nem um perdido com algumas das notícias vindas da Metrópole (raros casos) dando conta que ninguém se interessava (ou recusava até) receber o corpo e este haveria de ser sepultado ali mesmo.

Na época todos seriam trasladados sem quaisquer despesas para as famílias enlutadas.

Para aguentar e chegada a hora do almoço, tomava uns alcoóis duplos em vez dos adormecedores Vallium's.

Passadas foram, tardes e noites, salvo quando em emergências, compilando, organizando, pressionando para que tudo corresse rápido e com o respeito devido àqueles HERÓIS.
Respeito merecido que alguns tiveram enquanto vivos e outros nem tanto. Respeito e consideração que também nós que regressámos pelos nossos próprios pés deveríamos merecer, mas o que não aconteceu ainda e até hoje, pelos poderes instituídos, que são bem minorcas como sabemos.

O que lá vai, lá vai, mas nada de bom, desejo a tais políticos.
Por isso o ódio se foi em mim instalando, aumentando e anseio para que a terra lhes não seja leve.

Revolto-me todo cá por dentro e exteriorizo-o mais, quando ao ler loas aos mandantes inimigos, afinal os principais, senão únicos, culpados da guerra para onde nos mandaram e que nos foi imposta.

(continua)
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2. Comentário de CV:

Cabe aqui e agora um breve comentário à "indirecta" do nosso camarada Veríssimo Ferreira quanto ao deixarmos passar em branco o dia do seu aniversário.

1.º - Não me lembro de ter lido em lado nenhum deste Blogue que o camarada Veríssimo tivesse nascido a 21 de Fevereiro de um qualquer ano da graça da primeira metade do século XX. Se foi escrito e não reparei, as minhas desculpas pelo lapso.

2.º - Se o camarada Veríssimo estava crente que nos iríamos basear na data escrita no seu facebook, pois não voltamos a cair noutra. Este "esforçado" editor, (ir)responsável, entre outras tarefas, pelos aniversários, uma vez publicou, baseado nos dados do facebook, os parabéns de um camarada que afinal não fazia anos naquele dia, que tinha escrito aquela data como podia ter escrito 30 de Fevereiro de mil novecentos e troca o passo. E o editor ficou com cara de cu.

3.º - Mais se informa que, para memória futura, já consta da vastíssima base de dados deste Blogue a data de 21 de Fevereiro como dia de aniversário do nosso ilustre tertuliano Veríssimo Ferreira.

O "esforçado" editor
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11188: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (27): 28.º episódio: Memórias avulsas (9): Do inferno para o céu

Guiné 63/74 - P11228: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (40): O sr. Dr. Matos

1. Em mensagem do dia 13 de Fevereiro de 2013, o nosso camarada Belmiro Tavares (ex-Alf Mil, CCAÇ 675, QuinhamelBinta e Farim, 1964/66), enviou-nos mais uma memória do seu tempo de estudante.


HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES 

40 - O Sr. Dr. Matos

Li atentamente e gostei bastante do interessante artigo do José Alberto sobre o ilustre médico do Colégio, o Sr. Dr. Joaquim T. de Matos; como é apanágio do autor, deixou pouca margem para acrescentar o quer que seja acerca de tão ilustre galeno. O José Alberto estava noutro patamar – que não nós – e lidava de modo diferente com as pessoas que trabalhavam no COA – e foram muitas e, regra geral, acima da média – connosco não era a mesma coisa! Eu tinha pensado escrever algo sobre o Dr. Matos, mas não descortinei tão ampla matéria que justificasse a minha vontade; isto, talvez, porque eu, Graças a Deus, não fui utilizador assíduo dos seus serviços. Posso afirmar que (não é apenas no caso do Dr. Matos) os médicos em geral não têm tido soberanas oportunidade de enriquecer, desalmadamente, à minha custa. O futuro a Deus pertence!
Acrescento apenas um caso em que ele me acompanhou, desveladamente, durante várias horas, em serviço noturno, a tratar do meu caso; e outro em que, sem nos “encontrarmos” estivemos envolvidos numa decisão tomada pela Dª Adília. Ele agiu, na prática, como fiel da balança.

No dia 11 de Novembro de 1952, durante o intervalo da tarde - hora da merenda - numa louca correria desenfreada no velho e exíguo recreio, antes de haver o ginásio, tropecei não sei em quê ou em quem, caí com o braço esquerdo debaixo do corpo, que, naquela altura, já era pesadinho: fraturei os dois ossos (rádio e cúbito) do antebraço. Não pensem que isto é um estranho caso de memória e elefante! Na verdade, aquele acidente ocorreu àquela hora, no dia de S. Martinho, do ano em que entrei no COA – tão simples quanto isso.

Senti dores horrorosas (mais ou menos), mas para que um qualquer PPC da época não me declarasse piegas, ou que alguém entendesse e manifestasse que eu era mais assustadiço que uma senhora grávida (certamente, àquele tempo eu nem sabia o que aquilo era) decidi engolir em seco e aguentei firme e hirto… como um adulto robusto e serrano. Alguns alunos sentenciaram que não havia osso(s) fraturado (s) porque eu movia, embora muito ligeiramente, os meus dedos tenros.

Cumpri o horário até às 19h00. Depois de jantar, como as dores não davam sinais aceitáveis de abrandar, solicitei a simpática colaboração do meu conterrâneo, Valdemiro, Amaral, (já falecido) para que me ajudasse a despir o casaco. O meu braço, o sinistro, quase não saía da manga, de tão inchado que estava; tinha já ma cor avermelhada… feia q.b.

O prefeito (creio que ainda era o Sr. Fernandes, o antecessor do velho Correia) levou o caso à Direção; avisaram logo o Dr. Matos que ordenou que eu me dirigisse, sem mais delongas, ao seu consultório; ele aguardaria ali até que eu chegasse. O Dr. Matos logo diagnosticou uma fratura. Telefonou a um tal Dr. Fernando, ortopedista, e solicitou a presença do Sr. Almeida que logo compareceu de carro no consultório. Na viatura, fui sempre carinhosamente amparado pelo nosso médico; com palavras meigas, dava-me ânimo e alegava que não era grave, que era coisa passageira.

O consultório do Dr. Fernando ficava numa rua cujo nome nunca soube mas sei que desembocava, vindo de baixo, na Estrada Nacional, junto ao jardim; ficava num 1º andar, no mesmo prédio ou ao lado do velho e já desaparecido Foto Paúl. Há uns meses percorri aquela rua e encontrei, creio que no mesmo rés-do-chão, ou muito próximo, um restaurante bastante razoável e agradável.

A radioscopia pareceu-me uma coisa engraçada. Nunca tinha visto nada assim! Foi divertido ver as quatro metades dos meus dois ossos a “bailarem”, um tanto desconexadamente. O Dr. Fernando não queria que eu olhasse, porque podia assustar-me, mas eu mirei sempre, pois tinha todo o interesse em observar com que “linhas iriam coser-me”. O Sr. Almeida segurava com firmeza o meu úmero esquerdo, junto ao cotovelo; o Dr. Matos puxava com força a minha frágil mão; o Dr. Fernando entrelaçava os dedos e, com as palmas das mãos, comprimia, duramente, o meu braço no local da fratura. Depois de cada aperto/esticadela, eu voltava à radioscopia e achava aquela “caranguejola” sempre engraçada.

Já depois da meia-noite o serviço de corregimento estava concluído. De seguida, envolveram o meu braço desde o meio do úmero até à base dos dedos, com uma espessa e resistente camada de gesso, fazendo um ângulo reto entre o braço e o antebraço.

O Sr. Dr. Matos – nunca esquecerei – acompanhou-me até à camarata e, com muito carinho e cautela, e dedicação, ajudou-me a despir e a deitar. Foi a minha primeira noite de braço ao peito. No dia seguinte, o Sr. Almeida levou-me ao Porto para ser observado pelo então famoso ortopedista Dr. Abel Portal; o exame teve lugar no edifício da Europeia Seguros. Depois da observação cuidada e exaustiva, o doutor ortopedista transmitiu ao Sr. Almeida o seguinte recado: - Diga lá ao Dr. Fernando e ao Dr. Matos que, por muito que se esforcem, nunca mais farão um trabalho melhor que este! Está absolutamente perfeito! Se estivesse melhor… não prestava! As últimas palavras não foram proferidas pelo hábil Dr. Abel Portal, são da minha lavra.! Um certo domingo o Senhor Almeida repreendeu-me , severamente, porque eu fazia de goleiro durante uma brincadeira com bola; nem Keeper podia ser.

Na verdade, depois de me ser retirado o gesso, nunca senti qualquer mazela naquele braço que pudesse ser atribuída à fratura e já lá vão uns anos; até parece que me aproximo da velhice.

O outro caso que vou narrar, é bem diferente. Parece-me que eu frequentava o 5º ano. Mas, seja qualquer for a data, isto ocorreu no ano em que fomos flagelados por um surto alargado da perigosa e fortemente contagiosa gripe asiática.

Alguns alunos (internos e externos) estavam já de baixa faltando, justificadamente, às aulas. O Sr. Almeida estava fora! Talvez nalguma caçada. Um grupo de alunos propôs à Srª Dª Maria Adília que encerrasse o Colégio durante uns dias ou até que o flagelo fosse debelado. Ela não concordou! No dia seguinte de manhã aconselhámos, insistimos, quase obrigámos (ou impusemos mesmo ?!) alguns alunos a não comparecerem às aulas da tarde desse dia. Entretanto mais uns alunos receberam baixa médica. Parecia que a artimanha iria proporcionar bons frutos. Conversámos novamente com a Srª Diretora, enumerando (com exagero) o número de baixas e a sua progressão. A Srª Dª Adília conferenciou com o Dr. Matos e… o Colégio foi encerrado durante não sei quantos dias. Costuma dizer-se que a justiça divina pode tardar… mas não falta! Na verdade, eu fui um dos mais acérrimos defensores do encerramento da escola e consegui manter-me imune à gripe. Quando cheguei a casa, supondo ter uns dias extra de livre brincadeira, adoeci com a dita gripe, passando, na cama, aqueles dias de encerramento do Colégio. Quando tive “alta” estava na hora de voltar ao COA. Triste sina a minha!

Castigo merecido!

Dizem as velhas da minha terra que… “Deus castiga sem pau nem pedra! Mas bem que podia não ser tão rigoroso comigo!

Saudações colegiais.
Fevereiro 2013
BT
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11184: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (39): Uns alunos foram à matança

Guiné 63/74 - P11227: In Memoriam (144): João António Branquinho Caramba, ex-1.º Cabo TRMS da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

João António Branquinho Caramba
06 de Abril de 1950
07 de Março de 2013
 ex-1.º Cabo TRMS do PEL REC/CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74


Falecimento do nosso camarada João Caramba

Juvenal Amado*

Quanta vezes fiz o caminho até Beja?

Era sempre com uma alegria que passava Vila Franca , reta de Pegões, avistava Grândola, Ferreira do Alentejo e quando entrava em Beja virava para o Penedo Gordo, uns poucos quilómetros percorridos apontava direito à estação. Lá estava o meu camarada Caramba mais a sua Rosa e filhos, sempre de braços abertos e o tempo deixava de contar.

Falava-se de tudo e de nada, era tal o prazer de estarmos juntos, que guardo muitas dessas conversas para sempre.

O João Caramba figura incontornável, foi meu camarada no 3872 e desde tenra idade habituado a lidar com as vicissitudes do meio rural do seu Alentejo. Habituado às grandes distâncias, muita horas sozinho no seu trabalho, sabia o valor de uma boa conversa, era por isso grande contador de estórias e sabia contá-las como ninguém.

Nos almoços da companhia juntava-se sempre uma roda de camaradas para o ouvirem.
“Uma vez em Castro Verde…
“Quando fui fazer uma carrada de melão…
“O mê pai fazia os mercados de….. 
“Uma vez na feira da Cuba fui à tourada e…
“Uns tipos de Trigaches andavam roubando-me os figos mas um dia quando lá chegaram, eu estava lá esperando por deles e preguei-lhes um cagaço com uma espingarda velha. Agora por via disso tão depressa não posso lá ir, não vá algum reconhecer-me…

Quantos serões onde ele contava com imensa graça as suas andanças? Quantas gargalhadas até às lágrimas? Estar com ele em Alcobaça, Fátima ou no Penedo Gordo, era não dar pelo o tempo passar.

Com ele conheci fisicamente, pois antes já eu as conhecia de nome que ele não se cansar de as nomear, Vidigueira, Cuba, Viana do Alentejo, Évora e relíquias que são as capelas por vezes perdidas na planície
Fui ao casamento dele, conheci os filhos bebés, viu-os crescer e tornarem-se homens que eram o orgulho dele e ver o amor que eles lhe dedicavam, foi sempre inspirador.

Falar do meu camarada Caramba é ter medo de não lhe fazer justiça, é falar de um amigo muito querido, é falar de alguém insubstituível, é dizer que conhecê-lo fez mim um homem melhor e por fim, perdê-lo faz parte dos dias tristes que a vida sempre nos reserva.

Quer queiramos ou não, esse dias tristes chegam e vão-se juntado à medida que avançamos na idade. Nesses momentos pensamos, como será possível a vida continuar sem a presença física dos nossos entes que partem? Como é que continuamos a caminhar a viver e a respirar, depois do desaparecimento físico de quem foi tão importante para nós?

Sem os termos conhecido tudo teria sido diferente.

No dia 8 de Março, dia da mulher, voltei a Beja, mas desta vez foi uma viagem dolorosa onde se juntaram as lágrimas da sua mulher com as que o céu derramou todo o dia, ali me despedi para sempre do meu camarada, amigo e irmão João António Branquinho Caramba, que em vida nunca me regateou a amizade e a saudade tenho dele espero eu, que o tempo a venha atenuar.

Descansa em paz,  amigo.

João Caramba

Monte Real, 21 de Abril de 2012 > VII Convívio da Tabanca Grande > João Caramba, ao centro, escuta o nosso editor Luís Graça. À direita da foto, o nosso camarada Belarmino Sardinha


2. Comentário de CV:

No passado dia 1, véspera do VII Encontro dos ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, foi o funeral do Esteves, meu colega de empresa e também nosso camarada de Guiné. Este ano foi a primeira vez que não participou no nosso Convívio.

No ano passado, no VII Convívio da Tabanca Grande, participou pela primeira vez o nosso camarada João Caramba, que se fez acompanhar da sua esposa Rosa, motivado, sabemos, pelo Juvenal Amado seu particular amigo. Quem adivinhava que nunca mais participaria daquele nosso evento?

É duro, mas muitos de nós temos alguém já na "secretaria" a preencher a nossa "guia de marcha".

Vem isto a propósito de que cada vez somos menos, e os que ainda cá estão devem desfrutar da amizade e camaradagem que une os ex-combatentes, afinal a nossa maior riqueza, já que as reinvindicações materiais se esfumaram face à actual conjuntura económica. Exijamos ao menos o respeito que nos é devido pela nossa condição, sendo que para tal temos que manter a nossa união.

À família enlutada no nosso camarada João, especialmente à sua esposa, filhos e netos, apresentamos os nossos sentidos pêsamos. Cada camarada que vemos partir é como se um irmão nosso partisse. Ficamos mais tristes, mais sós.

Uma palavra especial para o nosso amigo Juvenal, que sabemos sentiu muito fundo a partida do seu especial amigo, e compadre se não estamos enganados. Já há muito o Juvenal tinha escrito sobre o João e sobre a relação de fraternidade que os unia desde os tempos de Guiné. Um belíssimo exemplo.

Camarada João, até um destes dias.

(*) -  Juvenal Amado foi 1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 2 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11179: In Memoriam (143): Soldados Domingos do Espírito Santo Moreno e João Amado, e 1.º Cabo João António Paulo, da CCAÇ 3489, mortos em combate, em Cancolim, no dia 2 de Março de 1972 (Juvenal Amado)

Guiné 63/74 - P11226: Ser solidário (143): Rádio Comunitária Papagaio, Buba: "SOS!!!!... Querem fechar-nos as portas!... Ajudem-nos a adquirir um filtro de harmónicos!".... (Luís da Silva, diretor)


Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba >> Rádio Papagaio, criada em 2002: diretor, jornalistas e técnicos... 


Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba > Rádio Papagaio... Diretor Luís da Silva



Guiné-Bissau < Região de Quínara > Buba > Edifício da Rádio Comunitária Papagaio, propriedade da ONG AMIN - Associação dos Amigos da Natureza. É uma das 30 rádios comunitárias que cobrem o país e são a verdadeira voz da população guineense. Faz parte da RENARC - Rede Nacional das Redes Comunitárias da Guiné-Bissau 

Fotos: Rádio Comunitária Papagaio (2013)






1. Mensagem recebida em 8 de fevereiro último:

Amigos e Camaradas da Guiné Bissau

Somos a Rádio Papagaio em Buba, Sul da Guiné-Bissau. Conforme podem ver nos anexos Aviso e Notificação, estamos prestes a encerrar as nossas portas e de perder nossos materiais por falta de 1000 euros para comprarmos um filtro harmónico e pagar seu transporte até  à Guiné.

Precisamos da vossa ajuda e da vossa solidareiedade de sempre que tem para o nosso Pais. Ajudem a salvar a Rádio Papagaio. O prazo do aviso expirou. Solicitamos à ARN [Autoridade Reguladora Nacional das TIC] para nos atenuar até ao mês de Março. Não sabemos o que vai acontecer...

Luis da Silva
Telefone 00245 6634323

PS - Cumprimentos ao Sr António Camilo.

2. Novo apelo, dramático, com data de 15 de fevereiro:

Buba, Guiné-Bissau 15 de Fevereiro de 2013

Amigos da expedição portuguesa.  Somos a Rádio Comunitária Papagaio. Estamos em Buba, Região de Quínara, sul da Guiné-Bissau. Estamos num momento de aflição e recorremos a vocês, pedindo vossa
ajuda, para ultrapassarmos as exigências da ARN. A nossa Rádio está a ser ameaçada de multas, encerramento de suas portas e apreensão dos seus materiais, se não cumprirmos com o Aviso e
Notificação em anexo.

Já cumprimos com duas exigências: a sinalização aérea e a licença radioeléctrica. Mas não estamos em condições financeiras de comprar o filtro harmónico num pais europeu. Na Itália custa 800 euros incluindo seu transporte para a Guiné. Com o trabalho do técnico, vamos precisar ao todo de 1000 euros.
Esta é a razão desta mensagem enviada a vocês para nos apoiar.

O FILTRO HARMONICO DEVE TER FREQUÊNCIA DE 93.10 MHZ
É
 tudo e esperamos vosso apoio
Luís da Silva
Coordenador da AMIN/ Rádio Papagaio

3. Na mesma data fizemos um apelo (interno) à solidariedade de todo o pessoal da Tabanca Grande:

Amigos e camaradas: A maior parte das rádios comunitárias da Guiné-Bissau são ilegais, mas prestam uma serviço relevante...É o 2º ou o 3º email, de aflição, que recebo da Rádio Papagaio, de Buba. É malta que conhece alguns de nós, o António Camilo e outros "amigos da expedição portuguesa" (sic). Não sei como podemos ajudá-los. Mas dou-vos conhecimento do seu dramático apelo e vou publicar um poste no nosso blogue (quando tiver mais informação concreta da malta que conhece a Buba de hoje e esta rádio) . Bom fim de semana. Luís Graça

PS - Informação que me deu o Pepito sobre esta situação:

"1. Radio Papagaio: é verdade que todas as rádios têm de pagar ao Estado uma licença de emissão, mesmo sabendo o dito cujo que as rádios fornecem um excelente trabalho nos domínios da saúde, informação, divulgação da cultura, promoção de um espírito de tolerância étnica, etc. Por outro lado, há pequenas avarias difíceis de solucionar por falta de recursos financeiros (estas rádios trabalham em regime de voluntariado)."...

4. Recebemos várias respostas de camaradas nossos ao nosso apelo:

(i) Do nosso camarada Osvaldo Colaço recebemos de imediato uma resposta, com conhecimento à Rádio Papagaio:

Colaço, Osvaldo
15 Fev
 
Boa tarde amigos

Li o vosso apelo através do Luís e do Carlos

Digam-me como posso enviar uma pequena ajuda monetária
Ex-furriel mil  (Empada-Catió 72-74)

Osvaldo Colaço
Responsável Oficina Máquinas & Moldes
Verallia Portugal

Tel: +351 233 403 224
Mob: +351 964 857 804
www.verallia.com

(ii) Júlio Madaleno
15 Fev

Luís Graça, quero ajudá-los. Não faço nem quero usar a Net para assuntos de bancos. Por favor dá-me um NIB e lá constará uma transferência minha de € 50,00 que é do que posso dispor. Sem esquecer as necessidades do meu país,  não me passa ao lado o apelo de gente que aprendi a admirar.

Júlio T S Madaleno ex- fur mil das CCAAÇ 1685 e 2317.


(iii) Fernando Súcio
15 Fev


Caro camarada Luis Graça: da minha parte estou disposto a colabarar. Digam-me como posso enviar a minha contribuição que faço da melhor vontade. Com um abraço para toda essa boa gente,
e para ti,  Luís.
Fernando Súcio


(iv)  Cândido Morais
19 Fev


Pois... Só se formos solicitados a contribuir com alguma coisa, através de um NIB comummente aceite. Por mim, estou disponível para colaborar, na medida das minhas possibilidades e mau grado a crise...
Não conheço Buba. A CCAÇ 2679, de que fiz parte em 70/71, esteve no leste, desde Piche a Buruntuma e depois em Bajocunda/Copá, mas sempre me sensiblizou aquela gente, no interior da Guiné. Um abraço para todos.

6.  Conta bancária > IBAN:GWO96 01001 011111 010185 38 

 Buba, 16 de Fevereiro de 2013

Amigos Osvaldo Colaço, Carlos Vinhal, Magalhães Ribeiro, Luis Graça,

Antonio Camilo...

recebam a coordenada bancária e espero o vosso apoio.
_______________________________________________

Coordenada Bancária
BAO Banco da Africa Ocidental SA
Guine-Bissau

REMITTANCE DETAILS
Instructions for Receipt of Wire Transfer

Pay To-Caixa económica-Montepio Geral
Lisbon, Portugal
Swift code : MPIOPTPL

For Credit : Banco da Africa Ocidental, SA
Rua Guerra Mendes, 18 A/C
CP 1360 – Bissau, Guiné-Bissau
TEL: 00245 320 34 18/ 19
FAX: 00245 320 34 12


SWIFT: BAOBGWGWXXX

For Further Credit To:
Account Name: Luis da Silva
Account Number: 011111/010185.
MONTEPIO GERAL, RUA DO OURO 219-241, LISBOA,
PORTUGAL- TEL(. 351-21-3248000)
IBAN:GWO96 01001 011111 010185 38


7. Mensagm da Rádio Papagaio

28 de fevereiro de 2013

Amigos, Camaradas da Guiné e da Rádio Papagaio: comunico-os que já recebi 2 ajudas de 50 euros cada : uma de Osvaldo e outra de Sr Súcio. Depois de muitas solicitações a ARN prorrogou para este mês do Março próximo o prazo para colocar filtros harmónicos na Rádio.
um forte abraço
Luis da Silva
espero o vosso apoio
telef 00 245 66343235. 

8. Nova mensagem, de 3 do corrente

Amigos,  camaradas da Guiné: Rádio Papagaio está vivendo os momentos de incerteza da sua vida. Se vai calar definitivamente a sua boca tanto apreciada pela comunidade local, mas tambem esperando uma resposta da vossa parte, sempre com esperanças de que podem ajudar segundo as vossas possibilidades.

Já temos confirmação de 2 apoios de 50 euros cada. enviados através de SOFIB WESTERN UNION.  Queríamos saber se já foi depositado na Caixa Económica-Montepio Geral,  segundo a coordenada que enviei, para assim me poder deslocar a Bissau e fazer a encomenda do Filtro harmónico para a Rádio.
Mais uma vez obrigado pela atenção.
Luis da Silva
telef 002456634323

9.  Nova mensagem, de 5 do corrente

Amin Papagaio
Amigos da Guiné e da Rádio Papagaio, Senhores, Osvaldo Colaço e Fernando Súcio

Recebemos as vossas contribuições, o muito significantes para nós. Dos grãos em que se enche o papo duma ave. Assim, e esperamos que exerçam vossas influências junto aos restantes amigos da Guiné para que façam o mesmo gesto de solidariedade.

De todos os pedidos enviados aos vossos companheiros, só vocês os dois é que até então deram a sua mãozinha num total de 100 euros. É para a instalação do filtro na rádio que termina neste mês de Março. Esperamos que as vossas influências junto aos vossos colegas possam surtir algum resultado positivo.

Um abraço do vosso amigo, Luis da Silva.
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de fevereiro de 2013 > óniosGuiné 63/74 - P11117: Ser solidário (142): Movimento Lionístico em favor da solidariedade para com o povo da Guiné-Bissau (Jaime Machado / José Rodrigues)

Guiné 63/74 - P11225: Parabéns a você (543): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor Auto da CCS/BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11210: Parabéns a você (543): António Marques Lopes, Coronel DFA Reformado, ex-Alf Mil da CCAÇ 1690 (Guiné, 1967/69)

sábado, 9 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11224: (Ex)citações (214): Na Operação Irã, realizada nos dias 2 e 3 de Maio de 1965, participaram as CART 566 e CART 730 (João Parreira)

1. Mensagem do nosso camarada João Parreira, ex-Fur Mil Op Esp / COMANDO da CART 730 / BART 733 e do Grupo de Comandos “Fantasmas”, Bissorã e Brá, 1964/66, com data de 4 de Março de 2013:


Guiné 63/74 - P11157: Memória dos lugares (219): Olossato, anos 60, no princípio era assim (5) (José Augusto Ribeiro)

Com agradecimento pela partilha daquele conjunto das cinco fotografias (?) que retrata o bom resultado de uma operação que foi feita em Morés em 1964 com a Companhia do Olossato e a 730 (?), provavelmente referem-se a uma 'op' realizada nos finais daquele ano, Novembro(?) Dezembro(?).

Ajudas-de-memória:

Camarada e Amigo Carlos Vinhal,
Estive recentemente a ver em Memória de Lugares, o P11157 de 26 de Fevereiro enviado pelo nosso camarada José Augusto Ribeiro, da CArt 566.

Contactei alguns camaradas da CArt 730 sobre esta operação que foi mencionada ter sido efectuada em Nov/Dez 64(?) e da qual eu não me recordava.

O meu amigo Zaupa da Silva, furriel mil. enfermeiro da 730 respondeu-me dizendo:

A data da operação a Mores foi em 2 de Maio de 1965 foi uma operação em que foi o médico e o capelão. Tu estavas nos Comandos, nessa operação sofremos uma grande emboscada numa casa de mato. Estivemos mais de uma hora debaixo de fogo mas por sorte não tivemos nem um ferido. Do pessoal que aparece nas fotos é da "566" ainda vagamente me lembro de algumas caras. 
Um abraço Zaupa

A Companhia (730) à qual pertenci, e que esteve envolvida nesta operação foi para Bissorã em 8 de Dezembro de 1964.



Foto 166 > Material capturado ao IN

Foto: © José Augusto Ribeiro (2013). Direitos reservados



Fui rever o que tinha em meu poder e assim junto envio um Relatório abreviado da Operação “Irã” efectuado pela CArt 730.

02 e 03MAI65 – A CArt 730 participou na operação “Irã” que proporcionou o maior sucesso das NT na Província e talvez mesmo em todas as outras até àquela data.

Capturou-se a maior quantidade de material de sempre, cerca de 1 tonelada, por parte da CArt 566, que executou a acção no objectivo tendo a "730" montado a segurança

A CArt 730 saíu de Bissorã em 021515, desembarcou em movimento pelas 17h30 e irradiou para outra localização onde montou estacionamento. Depois seguiu para outro local, onde montou uma rede de emboscadas em protecção à CArt 566 que executou o ataque à Base Central do Morés.

Pelas 05h50 após a execução do golpe de mão pela CArt 566 à Base Central Morés cerca de 20 elementos fugindo do objectivo caíram na zona de morte, na qual foi feito um prisioneiro que interrogado imediatamente localizou a Base de Iracunda para onde a CArt 730 seguiu para a execução do golpe de mão.

A Companhia sofreu 2 fortes acções de de fogo de várias armas sem consequências. Foram destruídas a cozinha e as casas de mato da Base que, pela constituição encontrada, denunciavam sem dúvida a presença de um numeroso grupo In.

A CArt 566 arrancou com cinco helicópteros carregados de mateiral In, além do transporte pelo pessoal e já não falando no que o incómodo e peso obrigaram a abandonar durante a marcha de regresso.

Com um abraço amigo.
João Parreira
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 21 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11129: (Ex)citações (213): Cameconde, hoje seria um lugar de absurdo, de pesadelo e de loucura... (Alexandre Margarido, ex-cap mil, CCAÇ 3520, Cacine e Cameconde, 1972/74)

Guiné 63/74 - P11223: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (7): Fotos de um líder, do Cap Inf Op Esp Fernando Assunção Silva, primeiro cmdt da CCAÇ 2797


À esquerda: O saudoso Cap Op Esp Fernando Assunção Silva


1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 17 de Fevereiro de 2013:


FANTASMAS DO FUNDO BAÚ

7 - Fotos de um líder - Cap Op Esp Fernando Assunção Silva

Caros Luis Graça/Carlos Vinhal,
Cordiais saudações.

Remexendo o fundo do baú, agora ligeiramente ilustrado, encontrei essas duas fotos de um LÍDER.
Esta é a minha modesta e respeitosa homenagem. Fica a imagem, as palavras já foram escritas:

Sereno, intrépido, generoso... um LÍDER

(...) "A CCaç 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guileje (o que veio a conseguir em 1973 por via directa). Sofreu baixas, incluindo o comandante da companhia (24Jan71) e nos finais de Janeiro de 1971 era uma subunidade extenuada psicologicamente. 

Com muito trabalho de todos, reagiu, recuperou, deixou obra feita (reordenamento, escola, posto sanitário, casernas, organização do terreno) e garantiu a posse de Gadamael, a segurança da população, o apoio logístico a Guileje e a liberdade de movimentos no seu sector. Em suma "Cumpriu a Missão". Não desmereceu do seu primeiro e valoroso comandante de companhia – Capitão Assunção Silva, dos seus restantes camaradas mortos e feridos em combate e da confiança da população que apoiou de múltiplas formas e com quem manteve relações de respeito e amizade." (...) 

Coronel Morais Silva

"O Capitão Assunção Silva comandou sempre magistralmente a reação a todas as flagelações, e ordenava patrulhas regulares, algumas delas comandadas por ele pessoalmente. Pois é, e numa delas aconteceu, um simples disparo de um franco-atirador atingiu-o mortalmente no peito."

Vasco Pires


Ao fundo o saudoso Capitão de Infantaria Op Esp Fernando Assunção Silva, à sua direita Alferes Campinho, Alferes Manso, os dois da CCAÇ 2796, e Alferes Costa Gomes, Pel Rec Fox 2260 (um "benemérito" de Guileje, pois fazia a segurança das colunas de reabastecimento), à sua esquerda Vasco Pires (camiseta branca) e Alferes Rodrigues CCAÇ, os restantes são Furriéis da CCAÇ e Pel Rec, que por estarem parcialmente retratados não dá para identificar. 
Me perdoem os camaradas, se quarenta anos depois errei algum nome.

Forte abraço
Vasco Pires
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11185: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (6): ...onde também tem lealdade, dedicação e competência

Guiné 63/74 - P11222: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (5): Balantas, mandingas e mansoancas


Foto s/nº - "A morte da árvore"... [Parece ser um poilão sagrado, centenário...]


Foto s/ nº - "Bajudas"... [transportando lenha à cabeça]


Foto s/ nº - "Depois da pesca"... [Mukheres, balantas, que regressam do Rio Mansoa]


Foto s/ nº - "Tabanca 2"


Foto s/ nº - "O pilão"


Foto s/ nº - "Alimentar o almoço" ... [Neste caso, os bacorinhos]



Foto s/ nº - "Transporte do rancho"... [Que ternura de foto!]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1972/1974 > BCAÇ 4612 (1972/74) >  Legenda do Jorge Canhão:


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, relativas a Mansoa,  chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão, a quem desejamos boa continuação da sua recuperação de um recente problema de saúde.

Não sabemos quem é o autor (ou quem são aos autores) das fotos,,,  Estas fotos constam de um CD, do Agostinho Gaspar, estão sob um ficheiro com a seguinte designação: Jorge Canhão > Vários Batalhão.

Principais grupos humanos do setor (excertos da Históira do BCAÇ 4162, Mansoa, 1972/74, Cap II, pp. 8-11



Guiné 63/74 - P11221: Do Ninho D'Águia até África (56): ...tudo parecia redondo (Tony Borié)





1. Quinquagésimo sexto episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177:




DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA - 56


O mês era Abril, e alguns diziam:
- A Páscoa, está à porta!.

Para o Cifra, tanto fazia ser Páscoa como Natal, os dias eram iguais, andava por ali, fumava os seus cigarros, umas vezes normais, outras vezes “especiais”, quase sempre trazia nas mãos uma garrafita de “coca-cola”, cheia de álcool, alguma água e um pouco de vinho ou café para lhe dar a cor, parecendo coca-cola, não aparecia à hora do comer e depois roubava pão e vinho, e quando havia oportunidade, álcool ao Pastilhas, metia conversa com este e com aquele, mas o final da conversa era sempre, “tirem-me daqui”. O Curvas, alto e refilão, já não se podia aturar, tinha sempre razão, os outros é que estavam todos errados, mas nesse dia reparou numa coisa diferente.


O Curvas, alto e refilão, andava em cima de uma bicicleta, muito velha, mesmo velha, sem pneus, com os aros tortos a fazer barulho no chão, de vez em quando desiquilibrava-se, quase que caía, colocava os pés no chão e gritava palavras obscenas, bicicleta esta, que possivelmente roubou a algum miúdo natural da aldeia com as tais casas cobertas de colmo, que ficava próximo do aquartelamento, trazia vestido uns calções rotos, em que o forro dos bolsos já tinha desaparecido há muito tempo, nos pés trazia os restos de umas botas de pano e borracha que tinham sido novas há vinte e dois meses atrás, amarradas com um fio, a servir de atacadores, somente nos dois últimos buracos do resto das referidas botas.
A medalha cruz de guerra andava pendurada na frente do resto da camisa suja, que tinha sido amarela quando as botas que trazia nos pés eram novas, medalha esta que balançava com o movimento do seu corpo. Guiava só com uma mão, pois a outra trazia o maço de cigarros “três vintes” e o isqueiro que o Movimento Nacional Feminino lhe tinha oferecido, por indicação do Cifra, não que ele o tivesse pedido, isqueiro esse que funcionava a gasolina ou a álcool, que ele roubava da enfermaria quando apanhava o “Pastilhas” desprevenido, pois o “Pastilhas” quando o via próximo, escondia o frasco do álcool. Quando isso acontecia, usava gasolina e deitava um cheiro que alguns diziam:
- Cheira a gasolina, anda por aí o Curvas, alto e refilão.

Andava na bicicleta, não conseguia rolar pois mais que uns escassos metros, voltava a desiquilibrar-se, quase que caía de novo, e então dizia com a voz um pouco alta e algo excitado:
- Fujam, fujam caral..! Que esta merda, ainda vai cair!

O Cifra olhou para ele e sentou-se em cima de uns restos de um barril de vinho vazio, que por ali andava a já não sabia há quanto tempo, tapou a cara com a mão, em sinal de desespero, pois estava nesse momento a pensar na sua aldeia do vale do Ninho d’Águia, passado uns momentos, tira a mão da cara, e olhou para o tampão, que também era redondo, e pensou para si:
- Isto é muita coincidência.

Olhou para o seu relógio de pulso, que também é redondo, e rondava por volta das seis horas da tarde, o Curvas, alto e refilão, rodava na bicicleta velha, com as rodas tortas, a pequena bolanha, ou seja pântano, que existe ao fundo do aquartelamento, também é redonda na sua superfície, pássaros de diversas cores, voavam e rodavam em redor uns dos outros, na tal pequena árvore florida, de que já se falou, no princípio desta série de textos e que existe junto da bolanha.

Verificando melhor, lá ao fundo, vem um bando de patos rodeando a bolanha, o furriel miliciano vai a passar por ali, com um cigarro feito à mão na boca, leva a sua G-3 ao ombro, que acabou de limpar, no cabanal, era assim que se chamava ao local onde os militares de acção limpavam e oleavam as armas, que era um lugar que alguém se lembrou de fazer, com quatro estacas de troncos redondos de palmeiras, cobertas com três folhas de zinco, já com alguma ferrugem que andavam por ali, depois alguém para lá levou uns barris de vinho vazios, também redondos, que serviam de mesas, e lá começaram a limpar as armas, passando a chamar-se, “o cabanal da limpeza de armas”. O dito furriel, com uma habilidade espantosa, talvez sobre influência do cigarro feito à mão, dá um tiro certeiro num dos patos, talvez para experimentar a arma, que rodou sobre si, morto por uma redonda bala, saída de um redondo cano, o resto do bando dos patos continuou a rodear a bolanha, mas fugindo, na procura de novos rumos. O Cifra, pensou para si:
- Estou a ficar maluco, é tudo redondo, por favor tirem-me daqui!


Olhou melhor para o barril vazio, e os aros também eram redondos, o buraco no meio, também era redondo, assim como a rolha, e ficou a pensar que o pato que o furriel miliciano matou, sem tirar o cigarro, feito à mão, da boca, cigarro esse que apesar de encurrilhado, na mente do Cifra também lhe parecia redondo, e pensou que o pato morto com o tiro certeiro, não rodará mais, mas fará rodar os membros de quem o comer, e de repente, põe de novo a mão na cara, fica por segundos a pensar e lhe volta à ideia a sua aldeia do vale do Ninho d’Águia e quando era criança também formavam uma roda em redor uns dos outros, esperando que o futuro os rodeasse com os seus caprichos, e quem sabe se foi graças à roda que se inventou a bola de futebol, e por falar em bola, lá ao fundo vem o Trinta e Seis, que é baixo e forte na estatura, e que no pensamento do Cifra, não vem a caminhar, vem a rebolar, pois também parece redondo como uma bola.

Era demais, tinha que ir ver o “Pastilhas”, o tal cabo enfermeiro, pois já estava a ficar tonto, e por cima não tinha fumado nenhum “especial”, e a pensar em tudo isto, levantou a cabeça e reparou lá ao longe que o sol, também redondo, se estava a querer esconder para dar lugar à lua, que nesta altura, também é redonda.

Levantou-se, sacudiu a cabeça e começou a correr ao lado do Curvas, alto refilão, tentando também empurrar a bicicleta, ao que ele resistiu, com os seus insultos habituais, dizendo:
- Fora daqui, caral..!. Isto é a minha bicicleta!
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 2 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11180: Do Ninho D'Águia até África (55): O fim aproximava-se, mas havia desespero (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11220: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/69) (Parte IX): Subsetor de Empada: atividade operacional de Out 68 a jan 69

1. Continuação da série do Manuel Serôdio (, camarada que vive em Rennes, Bretanha, França), sobre a história da sua companhia, a CCAÇ 1787 (*)... 

Material enviado em 26 de fevereiro último.

Recorde-se que a CCAÇ 1787/BCAÇ 1932 foi mobilizada pelo RI 15, partiu para o TO da Guiné em 18/10/1967 e regressou a 21/8/1969. Passou sucessivamente por Bula, Bissau, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel. Comandante: Cap Inf Marcelo Heitor Moreira. O BCAÇ 1932 esteve sediado em Bissau, Farim e Bigene (Comandante: ten cor inf Narsélio Fernandes Matias)

 
Outubro de 1968
(Continuação)...


Patrulhamento a Tarna
Situação:

A área de Tarna Canchuma Manjaco é controlada pela nossas tropas e,   embora não haja ali culturas, as produções frutículas são colhidas  pela população de Empada, devidamente escoltada.

Missão:

Patrulhar a área de Tarna Canchumba Manjaco, aniquilando os grupos  inimigos que se revelassem. 

Forças executantes:
2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6 

Sem contato

Patrulhamento a Madina de Cima Beafada 

Situção:

A área de Madina e Beja, é por vezes frequentada por grupos inimigos,  que ali vão colher frutos, embora seja mais ou menos controlada pelas  nossas tropas, dada as frequentes operações que para aquela zona se  efetuam.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n 6

Sem contato


Guiné > Região de Quínara > Empada > 1968 > Em primeiro plano, o furriel Serôdio, mais o Dayves [, presumivelmente da Companhia de Milícia nº 6]

Foto: © Manuel Serôdio (2013). Todos os direitos reservados.


Novembro de 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.
Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Montar segurança aos trabalhadores da bolanha.
Patrulhamentos conjugados com emboscadas (8)

Patrulhamento a Cantora 

Situação:
A área de Cantora é frequentada por grupos inimigos, que patrulham a  área vindos das bases da península da Pobreza. Têm sido ali  estabelecidos alguns contatos mais ou menos rendosos para as nossas  tropas, que ali infligiram perdas em pessoal ao inimigo, e capturado  algum material.

Missão:

Patrulhar a área referida, montando uma rede de emboscadas, por forma  a aniquilar os grupos inimigos que se revelassem.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787 + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6
Não houve contato

Alterações ao dispositivo 

O segundo grupo de combate seguiu para Bedanda, onde ficou a depender  daquele Comando por tempo indeterminado.

Dezembro 1968

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista  de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.

Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Janeiro 1969 

Patrulhamentos e picagem diários à estrada para o cais, Ualada e pista de aterragem.

Montar segurança aos barcos e aviões que demandaram Empada.
Patrulhamentos diários conjugados com emboscadas.

Outros Patrulhamentos


A noz de cola, fruto muito apreciado pelos guineenses... incluindo os guerrilheiros e a população controlada pelo do PAIGC no tempo da guerra colonial no subetor de Empada. Excerto de entrada na Wikipedia: (...) 

"Possuindo um gosto amargo e grande quantidade de cafeína, a noz-de-cola é usada por muitas culturas do oeste africano, tanto individualmente quanto em grupo. Muitas vezes é usada cerimonialmente ou dada para convidados.

A noz era utilizada originalmente para produzir refrigerantes de cola, mas foi substituída por aromatizantes artificiais visando a diminuir custos na produção em massa. (...)

As sementes têm ação estimulante, regularizadora da circulação. Atuam como um tônico revigorante, excitante do sistema nervoso e muscular. É também antidiarréica e usada nos casos de anemia, convalescença de doenças graves, problemas estomacais e certas enxaquecas, e sobretudo nas perturbações funcionais do coração. As sementes contêm teobromina e cafeína, usadas por muitas pessoas como sucedâneo do cacau e do café.

A noz-de-cola cresce espontaneamente na África Ocidental e Central em climas quentes e úmidos. O uso de suas amêndoas difundiu-se na região norte da América Latina por intermédio dos escravos negros que mascavam colas para suportar trabalhos penosos. Depois foi levada a outros países com finalidades agroindustriais".(...)


Patrulhamento a Caur de Cima, Beja e Bijante  [vd. carta de Catió]

Situação: 

A área de Beja, Bijante e Caur de Cima, é por vezes frequentada por  grupos inimigos, que ali vão colher frutos, (sobretudo na altura da  cola), embora seja mais ou menos controlada pelas nossas tropas, dados  os frequentes patrulhamentos que ali têm sido realizados, com a  finalidade de verificar se elementos inimigos têm utilizado o rio  Jassonca como variante da linha de reabastecimento do setor de 
Quinara. Admite-se que os grupos inimigos que esporadicamente ali se  deslocam, sejam constituidos por elementos da população, protegidos  por grupos armados, pois a quase totalidade dos povos das tabancas  referidas, refugiou-se no mato, provavelmente nas áreas de Aidará,  Najo e Ganduá, inteiramente controlada pelo inimigo.

Missão:

De acordo com a diretiva n° 1 do COP 4, para cuja dependência  operacional, a Unidade acaba de passar, compete-lhe executar ações de reconhecimento na região de Caur de Cima, com especial atenção às  nmargens do rios:  Caur,  Daja, Nengonga,  Candate, Bahodo.

Forças executantes:

2 grupos de combate da Companhia 1787  + 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato. Detetados vestígios recentíssimos de grupo inimigo  numeroso, (calculado em cerca de 100 elementos). Verificou-se que os  elementos inimigos tinham apanhado a fruta existente na área, bem como  a cola.

(Continua)
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