segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12703: CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, Tavira, 1968: Guia do Instruendo (documento, de 21 pp., inumeradas, recolhido por Fernando Hipólito e digitalizado por César Dias) (1) : Parte I (1-6 pp.)



Tavira > CISMI (Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria) > 1969  > Encostas do Rio Gilão (ou melhor Rio Séqua, pois que o Gilão só começa depois da ponte romana...)  > 1º Pelotão da 2ª Companhia > O Carlos Silva, natural de Gondomar, foi um dos muitos camaradas que, tendo feito a recruta no RI 5, Caldas da Raínha, foi frequentar o  2º ciclo do CSM, no no CISMI em Tavira, neste caso para tirar a especialidade de armas pesadas de infantaria (canhão sem recuo, morteiro 81, metradalhadoras pesadas Browning e Breda...). Esteve lá, de 10/4/1969 até 27/6/1969. Passou ainda pelo RI 10 (Aveiro) onde foi promovido (e "praxado") como 1º cabo miliciano até ser mobilizado para a Guiné. Embarcou no "Ana Mafalda" a 17/9/1969, com os seus camaradas do BCAÇ 2879. Esteve na região do Oio, Setor de Farim.

Foto do Carlos Silva, inserida na sua página e aqui reproduzida com a devida vénia.












As seis primeiras páginas, não numeradas, do "Guia do Instruendo", usado no CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, em Tavira, na altura em que o César Dias lá fez a recruta e a especialidade (sapador) (2º semestre de 1968). O documento, de 21 páginas, era policopiado a "stencil". O César Dias mandou-nos  o documento em "power point", com 21 "slides". As páginas foram convertidas em formato jpg. O original foi-lhe dado pelo seu camarada de recruta,o Fernando Hipólito, que foi depois mobilizado para Angola, enquanto o César foi parar à Guiné.

Imagens (digitalizadas): © César Dias (2014). Todos os direitos reservados.[Edição: L.G.]


César Dias, Mansoa, 1970

1. O César Dias [,ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71, foto à esquerda, ]  mandou-me ontem a seguinte mensagem:


Boa noite, Luis

Como tens falado de Tavira, aqui nos meus papéis e fotos encontro coisas que serão inéditas, penso eu. Esta é uma delas, um documento histórico, apanhado na altura num cesto de papéis. Um abraço, César


2. Resposta de L.G.`

Camarada César, é uma preciosidade roubada à "cesta secção"... Dou-te os parabéns por a teres salvo... Ou melhor: dou os parabéns ao teu (e nosso) camarada Fernando Hipólito que te fez chjegar o documento...  Tenho uma vaga ideia de também ter recebido (ou lido), no CISMI,  um exemplar do "Guia do Instruendo", quando lá fiz  a minha especialidade de armas pesadas, na mesma altura que tu (set/dez 1969). Vou publicar o documento em partes numa série com o teu nome...  Outra questão: tens mais fotos da instrução, do nosso tempo ?  São fotos raras... Se sim, digitaliza e manda, por favor!... Um alfbravo miliciano. Luis



Tavira > CISMI > Almoço do dia do Juramento de Bandeira > Meados de 1968 > Tony Levezinho de lado (elipse encarnada), César Dias,  de frente (a azul) e, em segundo plano, o Fernando Hipólito (a amarelo). O Hipólito, que descobriu o César Dias através do nosso blogue, foi mobilizado para Angola. O António Levezinho, por sua vez, vou conhecê-lo, mais tarde, no Campo Militar de Santa Margarida, nos princípios de março de 1969,  aquando da formação da nossa companhia (independente), a CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Foi um dos grandes amigos que eu fiz na Guiné.

Curiosamente, não sei onde é que ele tirou a especialidade (atirador de infantaria). O Cèsar ficou no CISMI, para o 2º ciclo do CMS. Foi nessa altura que estivemos juntos. E, depois, na Guiné, estivemos perto, mas nunca nos encontrámos: ele, em Mansoa; eu (e o Tony) em Bambadinca. Ele partiu para a Guiné em 7/5/1969 e nós,  duas semanas depois... No mesmo navio, o Niassa. (LG)


Foto: © César Dias  (2010). Todos os direitos reservados

3. Comentário ao poste P12673, assinado pelo César Dias [, foto atual à direita] : 

Luís, também eu estive 6 meses em Tavira, na recruta (3ª Companhia) e na especialidade de Sapador ( 2ª Companhia), e pelos vistos estivemos no mesmo turno, com o tal tenente Esteves do qual me recordo como se divertia ao anunciar à sexta feira os cortes nos fins de semana:  "O militar é a parte válida do povo e como tal não há fim de semana para ninguém".

Eu penso que ficámos retidos algumas vezes porque foi nessa altura que Salazar caiu da cadeira.  Sobre esse Alferes [de que falas], lembro-me que era algarvio e também dava instrução de provas fisicas ao meu pelotão, Deves-te lembrar do meu pelotão, pois andavam todos com um estropo de corda ao ombro, fazia parte da farda.

Tudo o que referes avivou-me a memória já muito fraca, mas foi a parte de Tavira que conheci.



Tavira > Quartel da Atalaia > Antigo CISMI, hoje RI 1 > 1 de fevereiro de 2014 >  Belo exemplar da nossa arquitetura militar, fica situado na Rua Isidoro Pais. Imóvel em vias de classificação,segundo o excelente síio da Câmara Municipald e Tavira, de onde  se extrai, com a devida vénia, o texto abaixo reproduzido.

Foto: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


(..) "Quartel da Atalaia (...): Por volta de 1780, devido à transferência do Regimento de Infantaria de Faro para esta cidade, aumenta o número de efetivos militares em Tavira. O facto leva o Governador e Capitão-general do Algarve, Nuno José Fulgêncio de Mendonça Moura Barreto, a exercer a sua influência junto da corte no sentido de se construir um quartel em Tavira, capaz de alojar condignamente o regimento da cidade.

O Quartel da Atalaia, um dos mais antigos do país, é iniciado em 1795 com o beneplácito de D. Maria I, de acordo com a inscrição lapidar que encima o arco da entrada principal. A construção foi interrompida pouco tempo após o seu início, sendo apenas retomada em 1856, depois de atenuados os efeitos de uma conjuntura politica e economicamente desfavorável, de invasões francesas, de permanência da corte no Brasil e de convulsões politicas que conduziram à implantação do Liberalismo e à Guerra Civil. 

Durante este interregno os militares acolhiam-se em casas particulares até que, em 1835, na sequência da extinção das Ordens Religiosas, é entregue ao exército o antigo Convento de Nossa Senhora da Graça. Aí, rapidamente adaptaram os militares as antigas estruturas religiosas a aquartelamento militar.

Por sua vez, o Quartel da Atalaia, ainda por concluir, servia de hospital de coléricos civis por ocasião da peste que se abateu sobre a cidade em 1833. O edifício ficará concluído somente nos primeiros anos do século XX, só então para lá se transfere a guarnição de Tavira.

Trata-se de um rico exemplar de arquitetura militar. Apresenta planta retangular composta por corpos ligados em torno de um amplo pátio central interior. O maior interesse reside na fachada principal, constituída por um solene corpo central que forma a porta de armas, dois pavilhões de telhado simples de quatro águas com mansardas, terraços cercados por balaustrada e, nas extremidades, torreões com duplo telhado. 

Embora o recorte dos vãos, de inspiração barroca, revele o gosto cortesão próprio da época de D. Maria I, poderá estar aqui presente a lição da arquitetura pombalina da recém-fundada Vila Real de Santo António, em cuja implantação colaborou o engenheiro militar José Sande de Vasconcelos (1730 - 1808), destacado para o Algarve cerca de 1772 e possível autor do projeto deste quartel.

No decurso do século XX, o edifício sofre algumas alterações funcionais. Assim, em 1950 é construído um novo refeitório, em 1954 é calcetado o pátio da parada e em 1970 é adicionado um segundo piso nas alas laterais, para servir de novas casernas." (...)

Guiné 63/74 - P12702: Parabéns a você (690): José Brás, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1622 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12693: Parabéns a você (689): Constantino Neves, 1.º Cabo Esciturário do BCAÇ 2893 (Guiné, 1969/71)

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12701: Crónicas higiénicas (Veríssimo Ferreira) (1): A raiva que vai cá por dentro

1. Em mensagem do dia 5 de Fevereiro de 2014, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3 e Bissau, 1965/67) enviou-nos a sua primeira Crónica Higiénica.


CRÓNICAS HIGIÉNICAS

1 - A RAIVA QUE VAI CÁ POR DENTRO

Já vai sendo hábito ficar piurso e contra tudo o que aparece escrito, dando loas aos IN's que fui obrigado a combater na Guiné. Daí que e a propósito da "A minha homenagem a alguns dirigentes do PAIGC", dum nosso distinto escritor num post que foi há dias publicado no nosso blogue, manifeste aqui e mais uma vez meu desacordo quanto ao facto de se elogiarem tipos que ajudaram a matar tantos dos nossos.

O camarada fala assim porque e também como diz, só conheceu Bissau, não esteve ao lado de vivos agora, mortos daí a segundos, não apanhou pedaços de corpos dos nossos. Mas entendo que a história tem de ser contada, só que e à semelhança do que agora acontece quando me aparecem notícias (onde falam, falam falam ...de política ...de futebol) quer nos jornais, quer nas TV's e até no face, mudo de canal e não vejo não senhor.
É que não sou 100% de rancores nem de vinganças... sou apenas 98%, mas enervar-me, não vou nessa. Podem não me tratar bem (mas gosto) só que quando me tratam mal... afino com'ó caraças.

Nesta provecta idade dos 71 anos (faço 72 a 21 de Fevereiro - tomem nota, colectem-se e mandem a prenda), não estou disposto a aturar madurezas, NÃO SENHOR.

Continuando: a bestialidade terrorista de que falei na crónica anterior, foi uma das formas que tivemos de combater pois que "semeavam" minas por tudo o que era sítio, onde pensavam que os militares Portugueses, viessem a passar e nem se preocupavam se matavam soldados, sargentos ou oficiais. Dizia o IN, que não estava a combater o Povo. E então se não éramos Povo, éramos o quê?
Se tinham tantos apoios doutros países, porque não avançar por aí politicamente? Esta de "terroristas bons" nunca me passaria pela cabeça, mas tal como o ditado abaixo, direi: deixa andar porque:
"MUCHOS PERROS MATAN A UNA LIEBRE. PERO LA FECUNDIDAD DE LAS LIEBRES ES SUPERIOR A TODOS LOS ESFUERZOS DE LOS PERROS" - (sic, Hans Hellmut Kirst, no livro OS LOBOS)

Pois é... também sei castelhano, olaré!
Este é o inicio duma fantástica história, que continua a fazer-me gostar de ler. Está roto, está sublinhado, quando o comprei passei oito horas seguidas e avidamente desejoso de conhecer o final... para além das mais trinta ou mais vezes que o tenho vindo a visitar e sempre ali encontro novos motivos para o considerar o melhor dos melhores.
No fundo trata-se duma história passada numa pequena aldeia alemã e nos palhaços que apoiaram a ascensão, auge e queda do nazismo.

E por falar em nazis: "DESPACHÁMOS MILHARES".

Pôssaras, pôssaras !!! Mais uma informação apensa no nosso blogue. Foi em 1968, diz com foto e tudo.

Está provado que não foi verdade, mas sendo-o fiquei tão triste que tropas assim destemidas, não tenham lá estado de Agosto de 1965 a Abril de 1967, pois que estes sim e não eu como tenho afirmado, teriam pacificado tudo e mais alguma coisa.

A este propósito deixem-me que recorde com muita saudade, um locutor da Emissora Nacional, cujo nome se me passou, dado o meu alzheimeirado estado, que ouvia todas as manhãs às oito e que começava assim: "Alô gaivotas do Tollan" e que tinha também um programa à noite onde partia discos mas antes dizia: "Este disco não é intocável mas também não é inquebrável" ...Logo a seguir ouvíamos o ruído do escaqueirar do dito.

O que quero dizer é: Que pena não podermos "partir" este ... Cá para mim começo e desconfiar que e perante tantos mortos e só com um pelotão, o gajo que escreveu esta coisa mal cheirosa, deve ser um dos carniceiros de Treblinka (ter-se-á enganado e trocou os nomes das terras) e que escapou às malhas dos caçadores israelitas.

Mas lá, que me fartei de rir... fartei.

Veríssimo Ferreira,
3 de Fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12700: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (46): Ocupação dos tempos livres

1. Em mensagem do dia 23 de Dezembro de 2013, o nosso camarada Belmiro Tavares (ex-Alf Mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), fala-nos da ocupação dos "tempos mortos" e da actividade da sua Unidade para combater o stress do pessoal.


HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES

46 - Ocupação dos “Tempos Livres”

Uma das primeiras regras ordenadas pelo nosso capitão versava o tema dos “tempos mortos”; os oficiais foram “aconselhados” a acompanhar os seus soldados o mais possível e de sol a sol para que eles não se isolassem cada um em seu canto pensando em coisas tristes.
Podiam jogar a tudo e a nada; podiam escrever à namorada, à família, aos amigos e às madrinhas de guerra; era permitido contar anedotas, cantar e até assobiar; enfim: deviam estar sempre ocupados com qualquer tarefa.

Uma coisa era absolutamente proibida: passear em Bissau enquanto por lá estivemos, para não serem negativamente influenciados pelos boatos e aldrabices que circulavam vivamente entre a tropa da capital para que não partissem para o mato já “vencidos”.

Chegámos ao mato a 29 de Junho, dia de S. Pedro, à tarde; ao cair da noite, um pelotão fez uma caminhada de 3/4 km para incendiar umas “moranças”, já abandonadas (fogueiras de S. Pedro) avisando os independentistas da nossa chegada e das nossas boas intenções.

Iniciou-se logo, com grande azáfama a limpeza e a defesa do aquartelamento e o alojamento de todo o pessoal. Estas tarefas, porém, não se sobrepunham à actividade operacional.
Ao quarto dia, fizemos a primeira visita à “casa” do inimigo: fomos recebidos a tiro; houve mortos e feridos (do lado deles) e uma aldeia foi riscada do mapa.
O quinto dia foi célebre! Um imponente “baptismo de fogo” (ponham imponência nisso!) que nos marcou positivamente para o resto da comissão. O chamado pelotão de acompanhamento foi “desmantelado”; o pessoal (e respectivas armas) foi distribuído pelos outros pelotões que passaram a chamar-se “grupos de combate” (GComb).

A partir do baptismo de fogo, em dias alternados, dois GComb actuavam em qualquer recanto da zona. Ao fim de duas semanas (aproximadamente) alterávamos o ritmo actuando em dois dias consecutivos… para “enganar” o in., quebrando rotinas.

- Domingos e feriados eram diferentes… apenas porque se hasteava a bandeira.
- Nos dias livres (saída para o mato) continuávamos a preparar a defesa e a beneficiar as instalações.
- A Gulbenkian ofereceu-nos uma pequena biblioteca.
- De vez em quando, líamos jornais de há três ou quatro meses… mas líamos!
- Sempre que possível também líamos uns livros. Eu levei apenas os dicionários de alemão (correspondia-me com uma qualquer Merkel) e Os Lusíadas, o meu livro de cabeceira.
- Em Bissau só havia livros de guerra: J. Larteguy e L. Uris; comprei do que havia.
- Também dávamos lugar à música; a rádio Bissau emitia durante algumas horas em dois períodos; podíamos ouvir dezenas de vezes por dia o “Tango dos Barbudos” o disco que todos pediam – incrível!
- Também pescávamos, caçávamos e petiscávamos com os amigos; Mais tarde tivemos nativos (as) que regressaram no exílio forçado no Senegal; elas vieram embelezar as imediações do quartel
- Dedicámo-nos a construção civil:
- Reconstruímos pontes – beneficiámos estradas e picadas (uma picada com doze quilómetros passou a estrada)
- Construímos, partindo do nada, duas pistas de aterragem (uma era o aeroporto internacional de Binta)
- Ajudámos a reconstruir duas tabancas;
- Construímos o nosso estádio e a nossa igreja;
- Demos nomes às ruas (avenida Marginal, Avenida Capitão de Binta, Avenida do aeroporto, Rua Pathé Baldé, Largo “tomada da pastilha”, Rua 4 de Julho, etc.)
- Construímos uma escola para os miúdos “retornados”
- “Contratámos um professor (que não fazia greve) para leccionar a primária

NOTA: Para grande surpresa nossa, os alunos daquela escola, descalços e semi-nus, alinhados por alturas, assistiram ao hastear da bandeira e cantaram, orgulhosamente, o Hino Nacional (ainda com canhões).
Nesse dia, a nossa verde/rubra (ainda tinha o vermelho) “tremeu”, heroicamente, por ter mais aqueles dedicados filhos.


Reprodução das páginas 4 e 5 do trabalho do nosso camarada José Eduardo Oliveira (JERO), ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675, intitulado "O Sabre - 47 anos depois do regresso - Ontem e Hoje"

- Durante cerca 6/7 meses funcionaram eficientemente as aulas regimentais (prova que a nossa CCAÇ 675 se comportava como um grande Regimento) e trinta e duas praças, com apenas a 3ª classe de adultos, fizeram lá a 4ª classe.
- Quando nos acontecia um trágico acidente, no dia seguinte a companhia saía toda para o mato, ficando o quartel entregue ao 1º sargento (por vezes ao médico), aos “não operacionais” e doentes.
Dávamos assim cumprimento a duas teorias:
Primeira: se caíres de um cavalo monta logo outro cavalo;
Segunda: se formos todos para o mato os turras não têm a preocupação de vir procurar-nos ao quartel, pois estamos lá, perto deles.
- A nossa actividade operacional começou a diminuir - lentamente - a partir dos quinze meses porque já tínhamos a zona completamente limpa, e também porque seria humanamente impossível manter aquele ritmo durante os dois anos.
- Quando um alferes entrava de férias, os furriéis faziam o mesmo e o GComb só fazia serviço de escala; os soldados tinham assim as suas férias.
- Todos escreviam cartas e bate-estradas; alguns abusavam; eu escrevia e recebia 15 a 20 cartas por semana.
Como podem depreender, ali havia tempo para tudo e os “tempos mortos” eram quase, quase, quase nulos, graças ao nosso heróico e admirável capitão, o maior sábio da tropa àquela época que pretendia que o seu pessoal estivesse sempre ocupado. Penso que por isso mesmo nenhum dos nossos elos veio a sofrer do dito stress de guerra.

Valeu a pena!
Lisboa, 23 de Dezembro 2013
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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12637: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (45): Carta de condução

Guiiné 63/74 - P12699: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (16): Não gostaria de regressar ao passado e muito menos em Tavira (Manuel Luís Lomba, ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)


Foto nº 1252

Foto nº 1246

Foto nº 1293


Foto nº 1267



Foto nº 1284



Foto nº 1280

Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Tavira: o rio Gilão, a ponte romana, o CAT - Centro Auditivo de Tavaira (fotos nºs 1280 e 1284; à esquerda, o edifício da Câmara Municipal de Tavaira

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


1. Mensagem de 7 do corrente, do nosso camarada  Manuel Luís Lomba (ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66; auitor do livro "Guerra da Guiné_ A batalha de Cufar Nalu". Faria, Barcelos, Terras de Faria, Lda: 2012, 314 pp.) [Capa, imagem à esquerda]


Olá, Carlos Vinhal e um grande abraço, extensivo a toda a comunidade tabanqueira!

Manuel Luís Lomba


2. Memórias do quartel de Tavira

por Manuel Lu+is Lomba [, foto atual à direita]


Vou aproveitar a boleia da narrativa ilustrada do nosso patriarca Luís Graça para revisitar o quartel da Atalaia de Tavira, que o marquês de Pombal mandara construir, que nos serviu de CISMI e nos servirá de antecâmara à nossa Guerra da Guiné.

Entrei como recruta para essa ”escola do crime” de Tavira, parafraseando o Manuel Alegre, não como poeta mas como radialista da propaganda antiportuguesa em Argel, em Agosto de 1963, e saí cabo-miliciano atirador pouco antes do Natal, sem nunca haver abraçado uma G3 (abraçá-la-ei pela primeira vez a treinar desembarques, no ilhéu do Rei, defronte a Bissau) e após termos aguentado uma semana de campo, em exercícios de patrulhamentos, escoltas, vanguardas, guardas de flanco, cercos e assaltos, por montes lá para as bandas de S. Brás de Alportel, sob chuva torrencial dia e noite, estoicamente, durante a qual os corpos não gozaram de linha enxuta, nunca nos deitamos a dormir, sem rações de combate, as cozinhas rodadas sem funcionar e o estado de fome agravado pela deserção dos vendedores ambulantes.

A sua última jornada constava da passagem pela carreira de tiro, na estrada Tavira-Olhão, para exercícios de fogo de bazuca e morteiro de 60. O rancho era cozinhado durante as deslocações, o grão-de-bico começara a ser servido cru pela enésima vez, não obstante a proximidade do quartel e da disponibilidade da sua cozinha e foi então que alguns corajosos - que pena não me lembrar dos nomes - despejavam as marmitas nos caldeirões logo que servidos e nem foi obedecida a tão sacramental ordem de “sentido!” vociferada pelo oficial de dia - o truculento alferes Matos, que verá o braço preso e rodeado de indignados, dispostos a tudo, por ele ousar levantar o punho para o que lhe estava mais próximo. Os seus alferes usaram de argumentos apaziguadores e a tensão distendeu-se. Uma das maiores cenas de virilidade e valentia, das ocorridas na minha vida militar...

Mas a indignação, não. Ao lado da carreira de tiro havia uma cerâmica tijoleira, a miséria da vida patente nas suas jornaleiras, a trabalhar descalças, vestidas de trapos de chita cobertos de lama vermelha, que coexistia com a bonita moradia do seu dono, a campear sobre um extenso laranjal. Encharcados até à medula dos ossos, cheios de fome e a tremelicar de frio, algum apontador terá tremelicado mais que de frio e um ou dois disparos pareceram ter a chaminé da fábrica como alvo (falhado), enquanto a malta que podia se “desenfiava” a “desalaranjar” as árvores tão cuidadas e de tão preciosos frutos, pela comiseração tácita daquelas pobres que o patrão destacara para nos vigiar... Os pobres sem pobres são pobrezinhos - sentença de um Guerra Junqueiro. O capitão Salgadinho São Brás era o diretor da instrução, entendeu dar por terminadas essas marchas finais e mandou vir camiões Morris, do quartel, para carregar os mais debilitados. Aquela saga acabou no refeitório, com uma cadeirada de lulas, bem quente e bem apurada, meio casqueiro e um caneco de vinho per capita.

As participações foram retiradas e sem lugar a “porradas”, por recomendação do comandante major Cardeira da Silva.

Em Janeiro de 64 apresentei-me no RI 13, em Vila Real, começamos a andar pelo Marão a afrontar e o gelo, no entanto reconfortados pela aguardente que aquela gente fazia questão que aceitássemos e, em Maio, apresentei-me em Cavalaria 7, onde a fome se apresentou mais refinada e onde formamos o BCav 705 com destino à Guiné, para onde embarcamos em Agosto e donde regressamos, em Maio de 1966.

Fui um dos 1200 soldados-instruendos que foram encurralados no CISMI de Tavira e muitos viremos a ser estivados no cargueiro Benguela, tal e qual o gado, com destino à Guiné. Os tetos falsos das suas casernas (o 1º andar será acrescentado mais tarde) eram formatados pelo colmo das canas próprias para foguetes, bons como refúgio dos percevejos, que nos aterravam nas fuças, por gravidade. A abundância de pasto era tal que até esses hemípteros algarvios não se davam ao esforço de abrir as asas.

A ausência de instalações sanitárias seria a mais grave deficiência do CISMI: a previsão de nos esticar à fome talvez valesse de razão suficiente para haver apenas 6 sanitas “turcas” de grés, ao lado do “parque-auto” - com o rácio de uma para cada 200! Durante a noite, a parada era continuamente povoada de fantasmas em trajos menores, em demanda das sanitas. E entre a malta circulava a palavra de ordem “cagar para a tropa”, como forma de luta contra aquela indecência. Havia ativistas a sacrificar o seu tempo de rua para a cumprir. O amontoado daquela “matéria” só não chegava a passar da sua porta de acesso geral, porque os faxinas tinham a preocupação de não a deixar transbordar para a parada.

Após toque de alvorada do dia em que o tenente-coronel comandante (indígena tavirense) era rendido pelo major Cardeira da Silva, um ex-prisioneiro da Índia, foi dado o alerta de “cagalhões” a nadar nos lavatórios coletivos à entrada do refeitório e no da caserna contígua, creio que era da 2ª Companhia. O que boiava no lavatório desta apresentava tais dimensões que se gerara um movimento de turismo interno para a sua contemplação. Era um dia de festa castrense, a malta sem fazer a higiene pessoal, sem aceder ao refeitório e a unidade em alvoroço, próximo da prevenção. A primeira inspeção feita por quele pequeno major, que se revelará grande homem e grande militar foi a esses locais, mandando logo desonerar os soldados-instruendos do evento. A partir daquele dia a vida do quartel entrou em melhorias. A creolina recendia por todo o lado e as obras da requalificação e ampliação sanitária arrancaram. Relatório de baixas: o sargento do rancho, o sargento da limpeza - e os percevejos!

Aquela companhia era a melhor em futebol, em cujas pelejas pontificavam, entre outros, o Crispim, da Académica e o Lourenço, um terrível forcado. Começamos a gozá-los como a “companhia do cagalhão”. A sua malta assumiu o epíteto, apurara-se para a final, que decorreu no campo da Atalaia, com outra unidade daquela da Região militar, no galhardete entregue ao capitão da equipa adversária figurava um grande “cagalhão”, o qual não reparou e mandou entregar de lembrança ao brigadeiro segundo-comandante...

Naquele meu tempo, a generalidade dos oficiais e dos furriéis do CISMI revelavam-se gente decente, militares exigentes mas dignos. Lembro-me dos tenentes Dias Pinto, Branco, Cerro e Bernardo, comandantes das companhias; lembro-me do alentejano alferes [José Jerónimo da Silva] Cravidão, que virá a morrer em combate na Guiné [, com o posto de capitão,] e dos alferes Mota Freitas, Portugal e sobretudo do Simões, comandante do meu pelotão, uma alma excecional como homem e como militar. Lembro-me do moçambicano Jorge Tembe, um furriel “charrua”, que será o ministro da Agricultura do primeiro governo da Frelimo.

E não poderia esquecer o alferes Cadete, o Patilhas, o mais militarista e o mais fundamentalista, com a sua sádica tendência em dar a ginástica de aplicação militar nas salinas. Casado de fresco com uma beldade tavirense, quando o casal se cruzava connosco, ele reagia alto e bom som aos nossos olhares cobiçadores a proferir expressões, impróprias de serem reproduzidas neste blogue de gente grisalha...Aqueles oficiais terão visibilidade no contexto do 25 de Abril, com patentes mais elevadas.

Estive uma semana hospedado no convento da Graça, que não era hotel, mas anexo e enfermaria do CISMI, por ter desconchavado uma mão, num salto ao plinto. A pista de obstáculos funcionava no seu logradouro. Na prova final para a classificação física tinta de saltar a paliçada com um saco de areia que pesaria quase tanto eu. O Guima, camarada da Foz do Douro, agachou-se junto a ela e alavancou-me de tal maneira que, em vez de saltar com o saco de inertes a cavalear-me, voei sobre a paliçada e espalhei-me a cavalear o saco. Salvé, meu inesquecível Guimarães!

Não vou omitir a referência ao 500, cão-mascote de quartel, invocado em todas as conversas de caserna, pela sua orientação sexual da preferência pelo mesmo sexo e tão sorna, que ladrava deitado!

Da cidade de Tavira não guardei boas recordações, ressalvando da praia da ilha e das grandes travessas de conquilhas, que custavam 2$50, não obstante um dinheirinho para os nossos rendimentos. No final do primeiro mês no CISMI, a mourejar que nem condenado, o Exército patrão nem um centavo nos abonou e ainda nos obrigou a pagar-lhe 2$50 e ao segundo mês 1$00. O nosso pré de 30$00/mês ia parar todinho ao bolso de alguém, acrescido desse reforço. O major Cardeira da Silva salvou-nos dessa ladroeira e salvou a honra da unidade.

Fui particularmente sensível ao facto de sermos descriminados nos cafés, que se pagavam por um copo de água da torneira. E as queixas chegadas ao quartel quando nas esforçadas patrulhas de instrução recorríamos a algum poço para matar a sede ou encher os cantis, magoavam ainda mais.

Não gostaria de regressar ao passado e muito menos em Tavira.

Guiné 63/74 - P12698: Manuscrito(s) (Luís Graça) (20): Gostei de voltar a Tavira (Parte III): E de ter tempo para a ver do alto do seu castelo...


Foto nº 1173


Foto nº 1174

Foto nº 1175

Foto nº 1162

Foto nº 1165


Foto nº 1181

Foto nº 1182

Foto nº 1183


Foto nº 1166


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 >  Tavira vista do seu castelo...


Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados



1. Eu tive (e penso que muitos de nós tivemos ou ainda temos...) uma relação de amor-ódio pelas terras (cidades vilas, tabancas…) que nos calharam na lotaria da vida militar, cá e lá (na Guiné)…

No meu caso, e referindo-me apenas ao meu percurso militar na então chamada metrópole, essa relação de amor-ódio diz só respeito a 3 terras: Caldas da Raínha (RI 5), Tavira (CISMI) e BC 6 (Castelo Branco). As terras e as suas gentes só aqui são chamadas por albergarem unidades miliatares que fizeram parte das minhas/nossas  estações do calvário… De Santa Margarida não falo, porque não era terra de gente, era um imenso campo militar, medonho, desolador...

A de 4 de março de 1969, passei a pertencer, seguindo a minha caderneta militar, ao RI 2 (Abrantes), por ter sido mobilizado para o CTIG… Só que não me lembro sequer de me ter apresentado em Abrantes. Fui direitinho, tal como meia centena de quadros e especialistas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), ao Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) onde fizemos a Escola Preparatória de Quadros e a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO). A partir de 11 de abril de 1969, passámos a aguardar embarque. E na noite de 23 para 24 de maio lá fomos a caminho de Lisboa, do Cais da Rocha Conde Óbidos, de comboio. Aguardava-nos o Niassa, a nós e a mais uma série de companhias independentes…

Da Tavira desse tempo, das suas gentes,  ruas, monumentos e paisagem circundante, eu guardava algumas reminiscências, avivadas por passagens ocasionais em viagens de turismo a seguir ao 25 de abril (fiz umas férias, no início de 1980, num "turismo rural" a uns escassos quilómetros da cidade, mas nunca me deu para revisitar o quartel da Atalaia) ...

No tempo em que eu estive em Tavira (de 29 de setembro a 14 de dezembro de 1969), a fazer o 2º ciclo do CSM (especialidade de armas pesadas de infantaria) não tive tempo (nem  muito menos dinheiro) para fazer “turismo”: lembro-me  do centro de Tavira e de uns passeiso à volta, Santa Luzia, ilha de Tavira, Luz de Tavira, talvez Cacela A velha (não posso garantir)… Mas não sei se alguma vez, ali mesmo perto do quartel da Atalaia, na colina de Santa Maria, eu tinha entrado no castelo (de origem moura) e contemplado, com olhos de ver, a Tavira branca e cor de tijolo de que desfrutei há dias…

Na época não me interessava tanto por história e património como hoje. Confesso que não tinha, na véspera de fazer 22 anos, grande “tranquilidade e abertura de espírito” para tirar o melhor partido possível das circunstâncias… Hoje, tenho um outro olhar, mais distanciado e crítico,  sobre as coisas (e o meu passado). E agradeço à Alice a prenda de anos que foi este fim de semana, em Tavira, alojado no Convento das Bernardas… LG


Mapa das cidade de Tavira (pormenor). Edição do Turismo do Algarve. Redproduzido aqui com a devida vénia...

Legendas (de 1 a 8, a vermelho) (LG):

1 - Rio Séqua e, depois, da ponte romana,  Rio Gilão
2 - Ponte Romana
3 - Convento das Berrnardas
4 - Salinas
5 - Terminal ferroviário
6 - Quartel da Atalaia (antigo CISMI)
7 - Castelo e Igreja de Santa Maria do Castelo
8 - Estrada das 4 Águas (e acesso, por barco, à ilha de Tavira)

PS - Sobre o património de Tavira, vd. o excelente sítio da Câmara Municipal de Tavira
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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12697: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (10): Monitor na instrução de recrutas no RI 14, em Viseu



Viseu > RI 14 >  1966 > Instrutores, Monitores e Soldados duma Recruta  na semana de campo  > Eu estou no centro à frente, com a mão direita no queixo.



Viseu > RI 14 > 1966 > Preparar Homens para a Guerra:  Pelotão de Recrutas no Dia do Juramento de Bandeira. Eram cerca de 8 dezenas!... o Mário Gaspar éo "12.º de cima, a contar da esquerda"...


Fotos (e legendas): © Mário Gaspar (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do Mário Gaspar [foo à direita], enviado 
em 26 de janeiro último:


Camaradas e Amigos: Encontrei estas fotos muito velhas, e escrevi algo que tem a ver com as mesmas. O assunto apresentado não é novo, mas como podem existir dúvidas sobre o número exagerado de elementos que compunham um Pelotão, podem contá-los. Como é o Dia do Juramento de Bandeira, estão também elementos da fanfarra. Mas devem rondar os 77/78 jovens militares. E qualquer Pelotão tinha mais ou menos o mesmo número.

Um abraço, Mário Vitorino Gaspar


2. Monitor na instrução de recrutas no RI 14,  em Viseu

Eu Mário Vitorino Gaspar, ex Furriel Miliciano de Artilharia n.º 03163264 com o Curso de Explosivos de Minas e Armadilhas.

Em 3 de Janeiro de 1966, fui chamado a frequentar o 2.º Ciclo do CSM,  na Escola Prática de Artilharia (EOA), em Vendas Novas, e terminei o Curso de Atiradores de Artilharia, em 2 de Abril, do mesmo ano. Promovido ao posto de 1.º Cabo Miliciano em 3 de Abril de 1966.

Após 10 dias de licença – no dia 13 de Abril de 1966 – mandaram-me apresentar no Regimento de Infantaria n.º 14 (RI 14), em Viseu, ficando como Monitor na Instrução de Recrutas.


Coronel Carlos Faustino da Silva Duarte
Comandante do RI 14, Viseu (1965/68)

O  Comandante do RI 14 em Viseu (1965/68) era  o Coronel Carlos Faustino da Silva Duarte [, foto à esquerda], que fazia parte da equipa da Académica de Coimbra que ganhou a Taça de Portugal em Futebol em 1939.

O Comandante da Companhia era – se a memória não me falha – o Capitão Amaral.

O Comandante de Pelotão era o Alferes Miliciano Antunes (que ficara deficiente em Moçambique, e que aguardava ser operado na Alemanha) – que julgo ter ido para a Brigada de Trânsito da GNR – depois eu, um outro Cabo Miliciano, e um 1.º Cabo Readmitido (PCAB/RD). Formámos os quatro a equipa.

Como já afirmei, dei algumas recrutas, desde Abril a Agosto (a restante equipa ainda ficou em Viseu depois sair), e os Pelotões de Instrução eram constituídos por 77/78 jovens, oriundos de diversas terras, alguns e muitos, nunca tinham visto sequer o mar. E não foi em Viseu que tiveram essa oportunidade. Não era de modo algum possível preparar homens para a guerra – com Pelotões tão numerosos e em condições.

A higiene não fazia parte das suas vidas. Assisti a casos caricatos de pouca ou nula higiene, principalmente quando era destacado para receber os mancebos, 50 cada vez em formatura – mas ainda à civil - para irem ao Médico e à vacina; fazerem os Testes Psicotécnicos; irem ao barbeiro; receberem o fardamento e tomarem  banho.

Pois o curioso era mesmo o banho. Moços existiam que nunca tinham tomado banho, alguns deles, até com crostas na cabeça, tornavam-se os mais interessados numa higiene normal. Outros com enormes cabeleiras. Por fim, alguns deles, vinham-me contar, e orgulhosos,  que já haviam tomado mais de um duche.

Mas toda esta conversa porquê ? Tudo tem a ver com o número exagerado de futuros militares do Exército Português, nos Pelotões, com tão pouco tempo de instrução pela frente. E tratava-se de preparar homens para a guerra.

E como é difícil acreditar que o Exército Português, preparava homens para uma guerra nestas circunstâncias, envio uma foto no Dia do Juramento de Bandeira – de uma das algumas recrutas que dei como Monitor de um Pelotão – no RI 14, em Viseu, no ano de 1966. Sou o 12.º de cima, a contar da esquerda.

No dia 6 de Agosto marchei para a Escola Prática de Engenharia (EOE) em Tancos para frequentar e completar o XX Curso de Minas e Armadilhas, iniciado a 8 de Agosto de 1966 e terminado a 17 de Setembro de 1966.

Estava encontrado o meu destino: - Guiné!
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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de fevereiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12682: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (9): SOS, procuro os meus camaradas 'Zorbas', José Paulo Oliveira de Sousa Teles (alf mil), Luís Alberto Alves de Gouveia (alf mil), José Fernandes Durães (fur mil enf), José Norberto Rodrigues Vieira (fur mil), Carlos Alberto Monteiro Leite (fur mil), Rui Filipe Alves Ribeiro (fur mil)

Guiné 63/74 - P12696: Bom ou mau tempo na bolanha (44): Fomos Combatentes, tratem-nos bem (Tony Borié)

Quadragésimo quarto episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.


Companheiros, isto não é um texto, é um desabafo de revolta, pois embora vivendo aqui, de uma maneira ou de outra, tenho acompanhado quase tudo o que se vai passando aí no nosso Portugal, pelo menos o que dizem nos meios de comunicação.

É com tristeza que vou verificando que não tratam as pessoas, principalmente aquelas com idade já um pouco avançada, onde infelizmente se encontra a nossa classe, a classe daqueles que quando eram jovens, foram “arrancados” às suas aldeias, vilas ou cidades, foram mandados ao “trambolhão”, em porões de barcos, alguns de carga, combater para a África, e hoje são apelidados, muitas vezes com alguns sorrisos não muito recomendáveis, de “antigos combatentes”.

Leiam e pensem por uns segundos:
1 - O desporto dos chamados “pobres”, e também o nosso, na idade que por lá passámos, era o futebol.
2 - O desporto dos empregados com alguns estudos, que normalmente dizem que são de “colarinho azul”, é o futebol de salão ou talvez o basquetebol
3 - O desporto de alguns empregados que normalmente dizem que são de “colarinho branco”, é o ténis ou mesmo a mesa de bilhar
4 - O desporto dos executivos, ou dos ditos “empresários”, ou mesmo dos nossos representantes no governo em qualquer país, na sua maioria, é o golfe.


A conclusão é surpreendente:
Quanto mais alto é a pessoa na estrutura corporativa, mais pequenas são as suas “bolas”, com que brinca. Dá-nos pensar que as pessoas com grande responsabilidade em posição de dirigir os nossos destinos, lá no governo e não só, principalmente no que diz respeito aos direitos e algum respeito pelos antigos combatentes, devem brincar com “bolas de berlinde”, pois essas personagens, são tão importantes, que nem sequer se lembram que nós na verdade, ainda existimos, ainda por cá andamos.

Desculpem lá o desabafo.
Tony Borie, 2014.

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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12633: Bom ou mau tempo na bolanha (43): Todos tivemos um "Torres" (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P12695: (In)citações (61): Pepito, Clara, Isabel, estamos convosco! ...E fazemos votos para que o bom irã, acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, ajude a dar força, ânimo e esperança à família Schwarz, nesta hora difícil (Luís Graça)


Lisboa > Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa > 9 de setembro de 2007 > O Pepito quando, há uns anos atrás, me foi visitar ao meu local de trabalho... Tirei-lhe uma foto mesmo debaixo de uma palmeira, para dar lhe dar um ar africanista... Coisa que ele não é: é guineense, nado e craido na Guiné, desde 1949... E tem uma vida e uma obra inteiramente dedicadas ao seu país, que ele ama demais, ao ponto de se esquecer, muitas vezes, da sua saúde, segurança e bem-estar.  Sua, e da sua família: é casado com a também nossa grã-tabanqueira, portuguesa, Isabel Levy Ribeiro. Ambos são engenheiros agrónomos, formados pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade  de Lisboa. Carlos Schwarz da Silva, de seu nome completo, Pepito, para os amigos, é filho de Artur Augusto Silva  (1912-1983) e de Clara Schwarz (n. 1915). Em Bissau, o casal tem duas filhas e uma neta. E em Portugal um filho e mais uma neta.

Foto (e legenda) : © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.


1. Perguntava eu, há dias, a 30 de janeiro último, ao Pepito, se ele cá vinha aos anos da mãe, como é habitual... Eis a resposta que me deu:

Amigo Luís:

Vou de facto para o aniversário da minha mãe (dia 14), mas sobretudo para varrer os hospitais e ficar de papo para o ar. É que estou com uma crise de hepatite que me dá dores e me tem cansado 24 horas por dia. Os médicos que consultei exigiram todos: REPOUSO. Para mim isso não é tratamento, mas castigo. Como tenho culpas no cartório, sou obrigado a obedecer. (...)



Clara Schwarz (n. 1915)
2. Há umas horas atrás, sou surpreendido por um telefonema do Eduardo Costa Dias,  antropólogo do ISCTE, nosso gra-tabanqueiro, e amigo comum, meu e do Pepito, dizendo-me que este acabara de chegar a Lisboa e de ser internado no Hospital Curry Cabral, o que depois confirmei, eu e a Alice, ao telefonarmos para a pobre da Isabel, que está com uma grande carga em cima, e que precisa de uma palavra amiga: é que, além do Pepito, com uma crise de hepatite A (que é o preço que se paga por se viver numa Guiné palúdica e sem serviços de saúde!), a sua mãe, a Dona Clara Schwarz, a decana da nossa Tabanca Grande [, foto à esquerda], à  beira de fazer 99 anos,  caiu há três ou quatro  dias, partiu um braço e está também internada  (, no Hospital de Santana)...

Um azar, quando nos bate à porta,  parece que nunca vem só!

3. Em cima destas notícias, que nos deixam tristes e preocupados, eu só quero desejar ao meu/nosso amigo Pepito e à sua querida mãe a melhor  recuperação possível.  Sabemos que o Pepito é uma força da natureza, mas vamos agora incentivá-lo a descansar, a convalescer, a deixar tratar-se, a acatar a prescrição médica...

Vamos estar em contacto com a Isabel, fazendo votos para que o bom irã, acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, ajude a dar força, ânimo e esperança à família Schwarz e aos seus amigos... Acabo de receber também um mail do Zé Teixeiro, preocupado  naturalmente com a situação do Pepito e da sua mãe. 

Pepito, Clara, estamos convosco!... Pepito, estás entregue em boas mãos. E estás na terra onde nasceu a tua mãe e onde tens muitos e bons amigos. Sê paciente, coragem! Nunca te esqueças da tua própria divisa, que é também inspiradora para todos nós: "Desistir é perder, recomeçar é  vencer!".

Um alfabravo apertado, de toda a malta amiga, aqui da Tabanca Grande. Luis

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12694: Inquérito online: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados finais (n=285)... Entre o desejo e a realidade, as opiniões de A. Vasconcelos, A. J. Pereira Costa, H. Sousa, H. Cerqueira, J.L. Mendes Gomes, J. Cabral. L. Graça, M. Amaro e V. Alves


Foto nº 12_155

Guiné-Bissau > Região do Oio  > Mansabá >  Dia nº 12 da viagem > 16 de abril de 2006 > Mullher com 2 dentes de ouro...


Foto nº 12_186

Guiné-Bissau > Região do Oio > Mansabá > Dia nº 12 da viagem > 16 de abril de 2006 > Esta não não é seguramente uma tabanca de fulas

Foto nº 13_059

Guiné-Bissau > Região do Cacheu   > Sâo Vicente >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Estrada que já foi alcatroada


Foto nº 13_307

Guiné-Bissau > Região do Oio  > Jumbembem >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Menino com "brinquedo"


Foto nº 13_338


Guiné-Bissau > Região do Oio  > Canjambari >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Burros


Fotos (e legendas): © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]

1. Terminbou em 30/1/2014, às 15h23, a sondagen sobre o eventual desejo de voltar á Guiné. Responderm, 285 leitores, o que é uma recorde em termos de resposta a sondagens no nosso blogue. 

Recorde-se qual era a pergunta:

"MUITO SINCERAMENTE, NÃO GOSTARIA DE MORRER, SEM UM DIA AINDA PODER VOLTAR À GUINÉ"...
Eis os resultados finais:

Discordo totatmente =10 (3%)
Discordo em parte = 4 (1%)
Discordo = 6 (2%)

Não discordo nem concordo = 19 (6%)

Concordo =57 (20%)
Concordo em parte = 18 (6%)
Concordo totalmente = 120 (42%)

Não aplicável, já lá voltei uma vez = 29 (10%)
Não aplicável, já lá voltei mais do que uma vez = 22 (7%)

Votos apurados=  285 (100%)


2. Graficamente, os resultados poderiam ser assim apresentados (Gráficos nºs 1, 2 e 3):



Gráfico 1


Gráfico 2


Gráfico 3


Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


3. Comentários de alguns dos nossos grã-tabanqueiros, ex-combatentes:

Álvaro Vasconcelos  [ex-1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia FormosaBissau, 1970/72]

Na minha juventude vivi períodos que marcaram o meu ser. Todos eu gostava de poder reviver.
Não sou muito viajado, mas por onde já passei, no nosso "jardim á beira mar plantado", já estive na sede de todos os Concelhos, alguns conheço-os bem. Devo ter passado em, pelo menos, 3000 das quatro mil e não sei mais quantas freguesias, algumas tenho no coração!
Contarei cerca de meia dúzia de países que fugazmente visitei (Espanha, França, Suíça, Itália, Tunísia, Principado de Andorra, Gibraltar e cidade de Ceuta.
Quem dera que me fosse possível reviver: Voltar a todos os lugares por onde passei, mas será impossível!
Certamente não poderei voltar aos locais da Guiné onde passei momentos difíceis. Por isso gostava de lá voltar. Já me não lembro dos menos difíceis, seria que a memória mos aclarava?

António J. Pereira da Costa [alf art na CART 1692/BART 1914,Cacine, 1968/69; e Capitão Art Cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime eMansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74]

Depois dos resultados desta sondagem venham cá dizer-me que o Pélissié não tem razão.
Somos mesmo uns "nostálgicos"!

Reparem que o Cabral pergunta (e bem) de que Guiné estamos a falar quando falamos da Guiné...

Mas ser nostálgico não é mal! Só que, é uma espécie de... visão de um regresso ao passado que já não há.

Hélder Sousa [ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72]

(...) A 'sondagem' em si mesmo, ou melhor, a questão, parece pertinente.  A esta distância 'dos acontecimentos', vivendo cada vez mais 'o ocaso da vida', suportando as dificuldades que a todos (uns mais que outros, certamente) vai tocando, é pelo menos interessante 'sentir' qual a relação que a maior parte de nós tem com esse seu passado.

Seja lá por que motivo for: revivalismo, busca da juventude, saudosismo, etc. É tão legítimo dizer que não se quer ir, para se guardar as boas imagens que se tem e não se chocar com aquilo que se diz que se irá ver, como se dizer que sim, que se quer ir, sob um pretexto qualquer.

Eu votei que sim, que "não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné". É uma ideia antiga, que já foi mais forte, mas que ainda permanece. No entanto o tempo vai passando e as hipóteses vão diminuindo. Não há 'condições'....

Henrique Cerqueira [ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74]

Camaradas e amigos: Nunca mais voltei á Guiné e na realidade nunca tive vontade de lá voltar. Creio que jamais irei visitar a Guiné. No entanto eu tenho muito apreço e respeito pelo sacrifício que o povo da Guiné Bissau tem passado desde a Independência. Fico sempre satisfeito quando encontro algum natural da Guiné, mas isso não me dá vontade alguma de a visitar. Mas não será só por ser a Guiné pois que eu não gostaria de visitar qualquer país africano. 

Já agora e a talho de "foice" eu também nunca mais visitei Tavira no Algarve porque tal como a Guiné me foram impostos e não gostei mesmo nada de lá ter passado parte da minha vida. Já Caldas da Rainha, Elvas e Évora que também me impuseram,  eu guardo gratas recordações de acolhimento e até de vida militar.

Em relação á Guiné é pura e simplesmente porque não gostei nem gostaria de [voltar a pisar] território africano.

Joaquim Luis Mendes Gomes [ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]

Não! Voto não. Prefiro deixar como está...minha lembrança de lá...com muitas horas de dor...mas também, com outras tantas felizes...Quero levá-las assim, como estão...

Jorge Cabral [ex-alf mil at art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, setor L1, Bambadinca, 1969/71]:

Voltar à Guiné? A que Guiné? A de hoje não é a do nosso tempo.Missirá tem uma Discoteca..Os meus soldados africanos , já morreram quase todos. As belas bajudas são avós..
Era bom, era voltar a ser jovem...mesmo na Guiné da nossa juventude...

Luís Graça [ex-fur mil, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71]


(...) O René Pélissier chamou-nos "blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude"... Alguns de nós afinámos... Aliás fizemos uma sondagem a propósito da "boca" do gaulês...

(...) Pessoalmente não me senti insultado. "Nostálgico" vem do "nostalgia", do francês "nostalgie"... O nosso vocábulo "saudade" é mais complexo, do ponto de vista conceptual e semântico, filosófico, psicológico, antrpológico...

A opinião do Pélissier é apenas isso, uma opinião... Quanto às motivações para "voltar" à Guiné (que já não é a mesma Guiné do nosso tempo) são todas legitimas...  A motivação humana é complexa, dinâmica, multifatorial... Todas as motivações são legítimas desde que não "atropelem" os outros...Eu fui lá em 2008, com sentimentos ambivalentes... Já aqui escrevi sobre esse regresso, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje... Estive lá de 28 de fevereiro a 7 de março de 2008...

Pôr as coisas em termos de simples "nostalgia da juventude" é redutor, quanto a mim (...)

Manuel Amaro  [ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971]

Não há dois tabanqueiros iguais, apesar de não sermos assim tão diferentes uns dos outros. Isto para dizer que eu não voltei, nem tenciono voltar à Guiné.
Alguma coisa contra? Nada.  Até deixei lá alguns amigos.  Um foi Procurador Geral da República e depois de escapar à morte num dos muitos golpes de Estado, teve que trabalhar como taxista. Outro, depois de alguns anos sem dar nas vistas, fez parte da primeira Comissão Nacional de Eleições.
Por fim, o amigo Henrique Rosa foi Presidente da República, interino, durante dois anos.

Mas, não. Nunca senti qualquer chamamento para visitar a Guiné.  Dirão que não tenho espírito solidário, porque quem lá vai é para ajudar. Pois, mas eu ajudo onde estou.

Tenho acompanhado aqui as brilhantes actuações solidárias dos nossos camarigos tabanqueiros, nas várias áreas a que se têm dedicado. Admiro a sua coragem e tenacidade.

Portanto, não fui, nem penso ir, sem que isso signifique menos consideração por aquele povo tão sacrificado.

Concluindo, achei que a sondagem estava bem estruturada, obedecendo a princípios e normas científicas, usadas em casos semelhantes.


Victor Alves [(ex-Fur Mil SAM, CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72)
Já há algum tempo que nada tenho lido sobre o blogue. Hoje ocasionalmente deparei-me com esta situação.

Como tantos também não gostaria de morrer sem voltar à Guiné. Contudo,  devido a problemas de saúde,  tudo teria de ser bem revisto. Mas em principio também gostaria.

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Nota do editor:

Postes anteriores:

28 de janeiro de 2014 >  Guiné 63/74 - P12650: Sondagem: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados preliminares (n=262): mais de 68% dos respondentes (n=172) gostariam de poder visitar a Guiné-Bissau... 18% dos votantes (n=48) já lá voltaram, uma ou mais vezes... Falta pouco mais de um dia para fechar esta sondagem em relação à qual o António J. Pereira da Costa faz uma crítica metodológica

25 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12631: Sondagem: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados preliminares (n=153): 2/3 dos respondentes (n=103) gostariam de poder visitar a Guiné-Bissau... Um em cada cinco dos votantes já lá voltou...

Guiné 63/74 - P12693: Parabéns a você (689): Constantino Neves, 1.º Cabo Esciturário do BCAÇ 2893 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12681: Parabéns a você (688): Ana Duarte, amiga Grã-Tabanqueira, viúva do nosso camarada Humberto Duarte; Fernando Franco, ex-1.º Cabo do PINT 9288 (Guiné, 1973/74); Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1621 e CCAÇ 6 (Guiné, 1966/68) e José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)