domingo, 9 de fevereiro de 2014

Guiiné 63/74 - P12699: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (16): Não gostaria de regressar ao passado e muito menos em Tavira (Manuel Luís Lomba, ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66)


Foto nº 1252

Foto nº 1246

Foto nº 1293


Foto nº 1267



Foto nº 1284



Foto nº 1280

Tavira, 1 de fevereiro de 2014 > Tavira: o rio Gilão, a ponte romana, o CAT - Centro Auditivo de Tavaira (fotos nºs 1280 e 1284; à esquerda, o edifício da Câmara Municipal de Tavaira

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


1. Mensagem de 7 do corrente, do nosso camarada  Manuel Luís Lomba (ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66; auitor do livro "Guerra da Guiné_ A batalha de Cufar Nalu". Faria, Barcelos, Terras de Faria, Lda: 2012, 314 pp.) [Capa, imagem à esquerda]


Olá, Carlos Vinhal e um grande abraço, extensivo a toda a comunidade tabanqueira!

Manuel Luís Lomba


2. Memórias do quartel de Tavira

por Manuel Lu+is Lomba [, foto atual à direita]


Vou aproveitar a boleia da narrativa ilustrada do nosso patriarca Luís Graça para revisitar o quartel da Atalaia de Tavira, que o marquês de Pombal mandara construir, que nos serviu de CISMI e nos servirá de antecâmara à nossa Guerra da Guiné.

Entrei como recruta para essa ”escola do crime” de Tavira, parafraseando o Manuel Alegre, não como poeta mas como radialista da propaganda antiportuguesa em Argel, em Agosto de 1963, e saí cabo-miliciano atirador pouco antes do Natal, sem nunca haver abraçado uma G3 (abraçá-la-ei pela primeira vez a treinar desembarques, no ilhéu do Rei, defronte a Bissau) e após termos aguentado uma semana de campo, em exercícios de patrulhamentos, escoltas, vanguardas, guardas de flanco, cercos e assaltos, por montes lá para as bandas de S. Brás de Alportel, sob chuva torrencial dia e noite, estoicamente, durante a qual os corpos não gozaram de linha enxuta, nunca nos deitamos a dormir, sem rações de combate, as cozinhas rodadas sem funcionar e o estado de fome agravado pela deserção dos vendedores ambulantes.

A sua última jornada constava da passagem pela carreira de tiro, na estrada Tavira-Olhão, para exercícios de fogo de bazuca e morteiro de 60. O rancho era cozinhado durante as deslocações, o grão-de-bico começara a ser servido cru pela enésima vez, não obstante a proximidade do quartel e da disponibilidade da sua cozinha e foi então que alguns corajosos - que pena não me lembrar dos nomes - despejavam as marmitas nos caldeirões logo que servidos e nem foi obedecida a tão sacramental ordem de “sentido!” vociferada pelo oficial de dia - o truculento alferes Matos, que verá o braço preso e rodeado de indignados, dispostos a tudo, por ele ousar levantar o punho para o que lhe estava mais próximo. Os seus alferes usaram de argumentos apaziguadores e a tensão distendeu-se. Uma das maiores cenas de virilidade e valentia, das ocorridas na minha vida militar...

Mas a indignação, não. Ao lado da carreira de tiro havia uma cerâmica tijoleira, a miséria da vida patente nas suas jornaleiras, a trabalhar descalças, vestidas de trapos de chita cobertos de lama vermelha, que coexistia com a bonita moradia do seu dono, a campear sobre um extenso laranjal. Encharcados até à medula dos ossos, cheios de fome e a tremelicar de frio, algum apontador terá tremelicado mais que de frio e um ou dois disparos pareceram ter a chaminé da fábrica como alvo (falhado), enquanto a malta que podia se “desenfiava” a “desalaranjar” as árvores tão cuidadas e de tão preciosos frutos, pela comiseração tácita daquelas pobres que o patrão destacara para nos vigiar... Os pobres sem pobres são pobrezinhos - sentença de um Guerra Junqueiro. O capitão Salgadinho São Brás era o diretor da instrução, entendeu dar por terminadas essas marchas finais e mandou vir camiões Morris, do quartel, para carregar os mais debilitados. Aquela saga acabou no refeitório, com uma cadeirada de lulas, bem quente e bem apurada, meio casqueiro e um caneco de vinho per capita.

As participações foram retiradas e sem lugar a “porradas”, por recomendação do comandante major Cardeira da Silva.

Em Janeiro de 64 apresentei-me no RI 13, em Vila Real, começamos a andar pelo Marão a afrontar e o gelo, no entanto reconfortados pela aguardente que aquela gente fazia questão que aceitássemos e, em Maio, apresentei-me em Cavalaria 7, onde a fome se apresentou mais refinada e onde formamos o BCav 705 com destino à Guiné, para onde embarcamos em Agosto e donde regressamos, em Maio de 1966.

Fui um dos 1200 soldados-instruendos que foram encurralados no CISMI de Tavira e muitos viremos a ser estivados no cargueiro Benguela, tal e qual o gado, com destino à Guiné. Os tetos falsos das suas casernas (o 1º andar será acrescentado mais tarde) eram formatados pelo colmo das canas próprias para foguetes, bons como refúgio dos percevejos, que nos aterravam nas fuças, por gravidade. A abundância de pasto era tal que até esses hemípteros algarvios não se davam ao esforço de abrir as asas.

A ausência de instalações sanitárias seria a mais grave deficiência do CISMI: a previsão de nos esticar à fome talvez valesse de razão suficiente para haver apenas 6 sanitas “turcas” de grés, ao lado do “parque-auto” - com o rácio de uma para cada 200! Durante a noite, a parada era continuamente povoada de fantasmas em trajos menores, em demanda das sanitas. E entre a malta circulava a palavra de ordem “cagar para a tropa”, como forma de luta contra aquela indecência. Havia ativistas a sacrificar o seu tempo de rua para a cumprir. O amontoado daquela “matéria” só não chegava a passar da sua porta de acesso geral, porque os faxinas tinham a preocupação de não a deixar transbordar para a parada.

Após toque de alvorada do dia em que o tenente-coronel comandante (indígena tavirense) era rendido pelo major Cardeira da Silva, um ex-prisioneiro da Índia, foi dado o alerta de “cagalhões” a nadar nos lavatórios coletivos à entrada do refeitório e no da caserna contígua, creio que era da 2ª Companhia. O que boiava no lavatório desta apresentava tais dimensões que se gerara um movimento de turismo interno para a sua contemplação. Era um dia de festa castrense, a malta sem fazer a higiene pessoal, sem aceder ao refeitório e a unidade em alvoroço, próximo da prevenção. A primeira inspeção feita por quele pequeno major, que se revelará grande homem e grande militar foi a esses locais, mandando logo desonerar os soldados-instruendos do evento. A partir daquele dia a vida do quartel entrou em melhorias. A creolina recendia por todo o lado e as obras da requalificação e ampliação sanitária arrancaram. Relatório de baixas: o sargento do rancho, o sargento da limpeza - e os percevejos!

Aquela companhia era a melhor em futebol, em cujas pelejas pontificavam, entre outros, o Crispim, da Académica e o Lourenço, um terrível forcado. Começamos a gozá-los como a “companhia do cagalhão”. A sua malta assumiu o epíteto, apurara-se para a final, que decorreu no campo da Atalaia, com outra unidade daquela da Região militar, no galhardete entregue ao capitão da equipa adversária figurava um grande “cagalhão”, o qual não reparou e mandou entregar de lembrança ao brigadeiro segundo-comandante...

Naquele meu tempo, a generalidade dos oficiais e dos furriéis do CISMI revelavam-se gente decente, militares exigentes mas dignos. Lembro-me dos tenentes Dias Pinto, Branco, Cerro e Bernardo, comandantes das companhias; lembro-me do alentejano alferes [José Jerónimo da Silva] Cravidão, que virá a morrer em combate na Guiné [, com o posto de capitão,] e dos alferes Mota Freitas, Portugal e sobretudo do Simões, comandante do meu pelotão, uma alma excecional como homem e como militar. Lembro-me do moçambicano Jorge Tembe, um furriel “charrua”, que será o ministro da Agricultura do primeiro governo da Frelimo.

E não poderia esquecer o alferes Cadete, o Patilhas, o mais militarista e o mais fundamentalista, com a sua sádica tendência em dar a ginástica de aplicação militar nas salinas. Casado de fresco com uma beldade tavirense, quando o casal se cruzava connosco, ele reagia alto e bom som aos nossos olhares cobiçadores a proferir expressões, impróprias de serem reproduzidas neste blogue de gente grisalha...Aqueles oficiais terão visibilidade no contexto do 25 de Abril, com patentes mais elevadas.

Estive uma semana hospedado no convento da Graça, que não era hotel, mas anexo e enfermaria do CISMI, por ter desconchavado uma mão, num salto ao plinto. A pista de obstáculos funcionava no seu logradouro. Na prova final para a classificação física tinta de saltar a paliçada com um saco de areia que pesaria quase tanto eu. O Guima, camarada da Foz do Douro, agachou-se junto a ela e alavancou-me de tal maneira que, em vez de saltar com o saco de inertes a cavalear-me, voei sobre a paliçada e espalhei-me a cavalear o saco. Salvé, meu inesquecível Guimarães!

Não vou omitir a referência ao 500, cão-mascote de quartel, invocado em todas as conversas de caserna, pela sua orientação sexual da preferência pelo mesmo sexo e tão sorna, que ladrava deitado!

Da cidade de Tavira não guardei boas recordações, ressalvando da praia da ilha e das grandes travessas de conquilhas, que custavam 2$50, não obstante um dinheirinho para os nossos rendimentos. No final do primeiro mês no CISMI, a mourejar que nem condenado, o Exército patrão nem um centavo nos abonou e ainda nos obrigou a pagar-lhe 2$50 e ao segundo mês 1$00. O nosso pré de 30$00/mês ia parar todinho ao bolso de alguém, acrescido desse reforço. O major Cardeira da Silva salvou-nos dessa ladroeira e salvou a honra da unidade.

Fui particularmente sensível ao facto de sermos descriminados nos cafés, que se pagavam por um copo de água da torneira. E as queixas chegadas ao quartel quando nas esforçadas patrulhas de instrução recorríamos a algum poço para matar a sede ou encher os cantis, magoavam ainda mais.

Não gostaria de regressar ao passado e muito menos em Tavira.

Guiné 63/74 - P12698: Manuscrito(s) (Luís Graça) (20): Gostei de voltar a Tavira (Parte III): E de ter tempo para a ver do alto do seu castelo...


Foto nº 1173


Foto nº 1174

Foto nº 1175

Foto nº 1162

Foto nº 1165


Foto nº 1181

Foto nº 1182

Foto nº 1183


Foto nº 1166


Tavira, 1 de fevereiro de 2014 >  Tavira vista do seu castelo...


Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados



1. Eu tive (e penso que muitos de nós tivemos ou ainda temos...) uma relação de amor-ódio pelas terras (cidades vilas, tabancas…) que nos calharam na lotaria da vida militar, cá e lá (na Guiné)…

No meu caso, e referindo-me apenas ao meu percurso militar na então chamada metrópole, essa relação de amor-ódio diz só respeito a 3 terras: Caldas da Raínha (RI 5), Tavira (CISMI) e BC 6 (Castelo Branco). As terras e as suas gentes só aqui são chamadas por albergarem unidades miliatares que fizeram parte das minhas/nossas  estações do calvário… De Santa Margarida não falo, porque não era terra de gente, era um imenso campo militar, medonho, desolador...

A de 4 de março de 1969, passei a pertencer, seguindo a minha caderneta militar, ao RI 2 (Abrantes), por ter sido mobilizado para o CTIG… Só que não me lembro sequer de me ter apresentado em Abrantes. Fui direitinho, tal como meia centena de quadros e especialistas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), ao Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) onde fizemos a Escola Preparatória de Quadros e a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO). A partir de 11 de abril de 1969, passámos a aguardar embarque. E na noite de 23 para 24 de maio lá fomos a caminho de Lisboa, do Cais da Rocha Conde Óbidos, de comboio. Aguardava-nos o Niassa, a nós e a mais uma série de companhias independentes…

Da Tavira desse tempo, das suas gentes,  ruas, monumentos e paisagem circundante, eu guardava algumas reminiscências, avivadas por passagens ocasionais em viagens de turismo a seguir ao 25 de abril (fiz umas férias, no início de 1980, num "turismo rural" a uns escassos quilómetros da cidade, mas nunca me deu para revisitar o quartel da Atalaia) ...

No tempo em que eu estive em Tavira (de 29 de setembro a 14 de dezembro de 1969), a fazer o 2º ciclo do CSM (especialidade de armas pesadas de infantaria) não tive tempo (nem  muito menos dinheiro) para fazer “turismo”: lembro-me  do centro de Tavira e de uns passeiso à volta, Santa Luzia, ilha de Tavira, Luz de Tavira, talvez Cacela A velha (não posso garantir)… Mas não sei se alguma vez, ali mesmo perto do quartel da Atalaia, na colina de Santa Maria, eu tinha entrado no castelo (de origem moura) e contemplado, com olhos de ver, a Tavira branca e cor de tijolo de que desfrutei há dias…

Na época não me interessava tanto por história e património como hoje. Confesso que não tinha, na véspera de fazer 22 anos, grande “tranquilidade e abertura de espírito” para tirar o melhor partido possível das circunstâncias… Hoje, tenho um outro olhar, mais distanciado e crítico,  sobre as coisas (e o meu passado). E agradeço à Alice a prenda de anos que foi este fim de semana, em Tavira, alojado no Convento das Bernardas… LG


Mapa das cidade de Tavira (pormenor). Edição do Turismo do Algarve. Redproduzido aqui com a devida vénia...

Legendas (de 1 a 8, a vermelho) (LG):

1 - Rio Séqua e, depois, da ponte romana,  Rio Gilão
2 - Ponte Romana
3 - Convento das Berrnardas
4 - Salinas
5 - Terminal ferroviário
6 - Quartel da Atalaia (antigo CISMI)
7 - Castelo e Igreja de Santa Maria do Castelo
8 - Estrada das 4 Águas (e acesso, por barco, à ilha de Tavira)

PS - Sobre o património de Tavira, vd. o excelente sítio da Câmara Municipal de Tavira
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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12697: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (10): Monitor na instrução de recrutas no RI 14, em Viseu



Viseu > RI 14 >  1966 > Instrutores, Monitores e Soldados duma Recruta  na semana de campo  > Eu estou no centro à frente, com a mão direita no queixo.



Viseu > RI 14 > 1966 > Preparar Homens para a Guerra:  Pelotão de Recrutas no Dia do Juramento de Bandeira. Eram cerca de 8 dezenas!... o Mário Gaspar éo "12.º de cima, a contar da esquerda"...


Fotos (e legendas): © Mário Gaspar (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do Mário Gaspar [foo à direita], enviado 
em 26 de janeiro último:


Camaradas e Amigos: Encontrei estas fotos muito velhas, e escrevi algo que tem a ver com as mesmas. O assunto apresentado não é novo, mas como podem existir dúvidas sobre o número exagerado de elementos que compunham um Pelotão, podem contá-los. Como é o Dia do Juramento de Bandeira, estão também elementos da fanfarra. Mas devem rondar os 77/78 jovens militares. E qualquer Pelotão tinha mais ou menos o mesmo número.

Um abraço, Mário Vitorino Gaspar


2. Monitor na instrução de recrutas no RI 14,  em Viseu

Eu Mário Vitorino Gaspar, ex Furriel Miliciano de Artilharia n.º 03163264 com o Curso de Explosivos de Minas e Armadilhas.

Em 3 de Janeiro de 1966, fui chamado a frequentar o 2.º Ciclo do CSM,  na Escola Prática de Artilharia (EOA), em Vendas Novas, e terminei o Curso de Atiradores de Artilharia, em 2 de Abril, do mesmo ano. Promovido ao posto de 1.º Cabo Miliciano em 3 de Abril de 1966.

Após 10 dias de licença – no dia 13 de Abril de 1966 – mandaram-me apresentar no Regimento de Infantaria n.º 14 (RI 14), em Viseu, ficando como Monitor na Instrução de Recrutas.


Coronel Carlos Faustino da Silva Duarte
Comandante do RI 14, Viseu (1965/68)

O  Comandante do RI 14 em Viseu (1965/68) era  o Coronel Carlos Faustino da Silva Duarte [, foto à esquerda], que fazia parte da equipa da Académica de Coimbra que ganhou a Taça de Portugal em Futebol em 1939.

O Comandante da Companhia era – se a memória não me falha – o Capitão Amaral.

O Comandante de Pelotão era o Alferes Miliciano Antunes (que ficara deficiente em Moçambique, e que aguardava ser operado na Alemanha) – que julgo ter ido para a Brigada de Trânsito da GNR – depois eu, um outro Cabo Miliciano, e um 1.º Cabo Readmitido (PCAB/RD). Formámos os quatro a equipa.

Como já afirmei, dei algumas recrutas, desde Abril a Agosto (a restante equipa ainda ficou em Viseu depois sair), e os Pelotões de Instrução eram constituídos por 77/78 jovens, oriundos de diversas terras, alguns e muitos, nunca tinham visto sequer o mar. E não foi em Viseu que tiveram essa oportunidade. Não era de modo algum possível preparar homens para a guerra – com Pelotões tão numerosos e em condições.

A higiene não fazia parte das suas vidas. Assisti a casos caricatos de pouca ou nula higiene, principalmente quando era destacado para receber os mancebos, 50 cada vez em formatura – mas ainda à civil - para irem ao Médico e à vacina; fazerem os Testes Psicotécnicos; irem ao barbeiro; receberem o fardamento e tomarem  banho.

Pois o curioso era mesmo o banho. Moços existiam que nunca tinham tomado banho, alguns deles, até com crostas na cabeça, tornavam-se os mais interessados numa higiene normal. Outros com enormes cabeleiras. Por fim, alguns deles, vinham-me contar, e orgulhosos,  que já haviam tomado mais de um duche.

Mas toda esta conversa porquê ? Tudo tem a ver com o número exagerado de futuros militares do Exército Português, nos Pelotões, com tão pouco tempo de instrução pela frente. E tratava-se de preparar homens para a guerra.

E como é difícil acreditar que o Exército Português, preparava homens para uma guerra nestas circunstâncias, envio uma foto no Dia do Juramento de Bandeira – de uma das algumas recrutas que dei como Monitor de um Pelotão – no RI 14, em Viseu, no ano de 1966. Sou o 12.º de cima, a contar da esquerda.

No dia 6 de Agosto marchei para a Escola Prática de Engenharia (EOE) em Tancos para frequentar e completar o XX Curso de Minas e Armadilhas, iniciado a 8 de Agosto de 1966 e terminado a 17 de Setembro de 1966.

Estava encontrado o meu destino: - Guiné!
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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de fevereiro de  2014 > Guiné 63/74 - P12682: Recordações de um "Zorba" (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68) (9): SOS, procuro os meus camaradas 'Zorbas', José Paulo Oliveira de Sousa Teles (alf mil), Luís Alberto Alves de Gouveia (alf mil), José Fernandes Durães (fur mil enf), José Norberto Rodrigues Vieira (fur mil), Carlos Alberto Monteiro Leite (fur mil), Rui Filipe Alves Ribeiro (fur mil)

Guiné 63/74 - P12696: Bom ou mau tempo na bolanha (44): Fomos Combatentes, tratem-nos bem (Tony Borié)

Quadragésimo quarto episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.


Companheiros, isto não é um texto, é um desabafo de revolta, pois embora vivendo aqui, de uma maneira ou de outra, tenho acompanhado quase tudo o que se vai passando aí no nosso Portugal, pelo menos o que dizem nos meios de comunicação.

É com tristeza que vou verificando que não tratam as pessoas, principalmente aquelas com idade já um pouco avançada, onde infelizmente se encontra a nossa classe, a classe daqueles que quando eram jovens, foram “arrancados” às suas aldeias, vilas ou cidades, foram mandados ao “trambolhão”, em porões de barcos, alguns de carga, combater para a África, e hoje são apelidados, muitas vezes com alguns sorrisos não muito recomendáveis, de “antigos combatentes”.

Leiam e pensem por uns segundos:
1 - O desporto dos chamados “pobres”, e também o nosso, na idade que por lá passámos, era o futebol.
2 - O desporto dos empregados com alguns estudos, que normalmente dizem que são de “colarinho azul”, é o futebol de salão ou talvez o basquetebol
3 - O desporto de alguns empregados que normalmente dizem que são de “colarinho branco”, é o ténis ou mesmo a mesa de bilhar
4 - O desporto dos executivos, ou dos ditos “empresários”, ou mesmo dos nossos representantes no governo em qualquer país, na sua maioria, é o golfe.


A conclusão é surpreendente:
Quanto mais alto é a pessoa na estrutura corporativa, mais pequenas são as suas “bolas”, com que brinca. Dá-nos pensar que as pessoas com grande responsabilidade em posição de dirigir os nossos destinos, lá no governo e não só, principalmente no que diz respeito aos direitos e algum respeito pelos antigos combatentes, devem brincar com “bolas de berlinde”, pois essas personagens, são tão importantes, que nem sequer se lembram que nós na verdade, ainda existimos, ainda por cá andamos.

Desculpem lá o desabafo.
Tony Borie, 2014.

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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12633: Bom ou mau tempo na bolanha (43): Todos tivemos um "Torres" (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P12695: (In)citações (61): Pepito, Clara, Isabel, estamos convosco! ...E fazemos votos para que o bom irã, acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, ajude a dar força, ânimo e esperança à família Schwarz, nesta hora difícil (Luís Graça)


Lisboa > Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa > 9 de setembro de 2007 > O Pepito quando, há uns anos atrás, me foi visitar ao meu local de trabalho... Tirei-lhe uma foto mesmo debaixo de uma palmeira, para dar lhe dar um ar africanista... Coisa que ele não é: é guineense, nado e craido na Guiné, desde 1949... E tem uma vida e uma obra inteiramente dedicadas ao seu país, que ele ama demais, ao ponto de se esquecer, muitas vezes, da sua saúde, segurança e bem-estar.  Sua, e da sua família: é casado com a também nossa grã-tabanqueira, portuguesa, Isabel Levy Ribeiro. Ambos são engenheiros agrónomos, formados pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade  de Lisboa. Carlos Schwarz da Silva, de seu nome completo, Pepito, para os amigos, é filho de Artur Augusto Silva  (1912-1983) e de Clara Schwarz (n. 1915). Em Bissau, o casal tem duas filhas e uma neta. E em Portugal um filho e mais uma neta.

Foto (e legenda) : © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.


1. Perguntava eu, há dias, a 30 de janeiro último, ao Pepito, se ele cá vinha aos anos da mãe, como é habitual... Eis a resposta que me deu:

Amigo Luís:

Vou de facto para o aniversário da minha mãe (dia 14), mas sobretudo para varrer os hospitais e ficar de papo para o ar. É que estou com uma crise de hepatite que me dá dores e me tem cansado 24 horas por dia. Os médicos que consultei exigiram todos: REPOUSO. Para mim isso não é tratamento, mas castigo. Como tenho culpas no cartório, sou obrigado a obedecer. (...)



Clara Schwarz (n. 1915)
2. Há umas horas atrás, sou surpreendido por um telefonema do Eduardo Costa Dias,  antropólogo do ISCTE, nosso gra-tabanqueiro, e amigo comum, meu e do Pepito, dizendo-me que este acabara de chegar a Lisboa e de ser internado no Hospital Curry Cabral, o que depois confirmei, eu e a Alice, ao telefonarmos para a pobre da Isabel, que está com uma grande carga em cima, e que precisa de uma palavra amiga: é que, além do Pepito, com uma crise de hepatite A (que é o preço que se paga por se viver numa Guiné palúdica e sem serviços de saúde!), a sua mãe, a Dona Clara Schwarz, a decana da nossa Tabanca Grande [, foto à esquerda], à  beira de fazer 99 anos,  caiu há três ou quatro  dias, partiu um braço e está também internada  (, no Hospital de Santana)...

Um azar, quando nos bate à porta,  parece que nunca vem só!

3. Em cima destas notícias, que nos deixam tristes e preocupados, eu só quero desejar ao meu/nosso amigo Pepito e à sua querida mãe a melhor  recuperação possível.  Sabemos que o Pepito é uma força da natureza, mas vamos agora incentivá-lo a descansar, a convalescer, a deixar tratar-se, a acatar a prescrição médica...

Vamos estar em contacto com a Isabel, fazendo votos para que o bom irã, acocorado no alto do poilão da nossa Tabanca Grande, ajude a dar força, ânimo e esperança à família Schwarz e aos seus amigos... Acabo de receber também um mail do Zé Teixeiro, preocupado  naturalmente com a situação do Pepito e da sua mãe. 

Pepito, Clara, estamos convosco!... Pepito, estás entregue em boas mãos. E estás na terra onde nasceu a tua mãe e onde tens muitos e bons amigos. Sê paciente, coragem! Nunca te esqueças da tua própria divisa, que é também inspiradora para todos nós: "Desistir é perder, recomeçar é  vencer!".

Um alfabravo apertado, de toda a malta amiga, aqui da Tabanca Grande. Luis

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12694: Inquérito online: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados finais (n=285)... Entre o desejo e a realidade, as opiniões de A. Vasconcelos, A. J. Pereira Costa, H. Sousa, H. Cerqueira, J.L. Mendes Gomes, J. Cabral. L. Graça, M. Amaro e V. Alves


Foto nº 12_155

Guiné-Bissau > Região do Oio  > Mansabá >  Dia nº 12 da viagem > 16 de abril de 2006 > Mullher com 2 dentes de ouro...


Foto nº 12_186

Guiné-Bissau > Região do Oio > Mansabá > Dia nº 12 da viagem > 16 de abril de 2006 > Esta não não é seguramente uma tabanca de fulas

Foto nº 13_059

Guiné-Bissau > Região do Cacheu   > Sâo Vicente >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Estrada que já foi alcatroada


Foto nº 13_307

Guiné-Bissau > Região do Oio  > Jumbembem >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Menino com "brinquedo"


Foto nº 13_338


Guiné-Bissau > Região do Oio  > Canjambari >  Dia nº 13 da viagem > 17 de abril de 2006 >  Burros


Fotos (e legendas): © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]

1. Terminbou em 30/1/2014, às 15h23, a sondagen sobre o eventual desejo de voltar á Guiné. Responderm, 285 leitores, o que é uma recorde em termos de resposta a sondagens no nosso blogue. 

Recorde-se qual era a pergunta:

"MUITO SINCERAMENTE, NÃO GOSTARIA DE MORRER, SEM UM DIA AINDA PODER VOLTAR À GUINÉ"...
Eis os resultados finais:

Discordo totatmente =10 (3%)
Discordo em parte = 4 (1%)
Discordo = 6 (2%)

Não discordo nem concordo = 19 (6%)

Concordo =57 (20%)
Concordo em parte = 18 (6%)
Concordo totalmente = 120 (42%)

Não aplicável, já lá voltei uma vez = 29 (10%)
Não aplicável, já lá voltei mais do que uma vez = 22 (7%)

Votos apurados=  285 (100%)


2. Graficamente, os resultados poderiam ser assim apresentados (Gráficos nºs 1, 2 e 3):



Gráfico 1


Gráfico 2


Gráfico 3


Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


3. Comentários de alguns dos nossos grã-tabanqueiros, ex-combatentes:

Álvaro Vasconcelos  [ex-1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia FormosaBissau, 1970/72]

Na minha juventude vivi períodos que marcaram o meu ser. Todos eu gostava de poder reviver.
Não sou muito viajado, mas por onde já passei, no nosso "jardim á beira mar plantado", já estive na sede de todos os Concelhos, alguns conheço-os bem. Devo ter passado em, pelo menos, 3000 das quatro mil e não sei mais quantas freguesias, algumas tenho no coração!
Contarei cerca de meia dúzia de países que fugazmente visitei (Espanha, França, Suíça, Itália, Tunísia, Principado de Andorra, Gibraltar e cidade de Ceuta.
Quem dera que me fosse possível reviver: Voltar a todos os lugares por onde passei, mas será impossível!
Certamente não poderei voltar aos locais da Guiné onde passei momentos difíceis. Por isso gostava de lá voltar. Já me não lembro dos menos difíceis, seria que a memória mos aclarava?

António J. Pereira da Costa [alf art na CART 1692/BART 1914,Cacine, 1968/69; e Capitão Art Cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime eMansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74]

Depois dos resultados desta sondagem venham cá dizer-me que o Pélissié não tem razão.
Somos mesmo uns "nostálgicos"!

Reparem que o Cabral pergunta (e bem) de que Guiné estamos a falar quando falamos da Guiné...

Mas ser nostálgico não é mal! Só que, é uma espécie de... visão de um regresso ao passado que já não há.

Hélder Sousa [ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72]

(...) A 'sondagem' em si mesmo, ou melhor, a questão, parece pertinente.  A esta distância 'dos acontecimentos', vivendo cada vez mais 'o ocaso da vida', suportando as dificuldades que a todos (uns mais que outros, certamente) vai tocando, é pelo menos interessante 'sentir' qual a relação que a maior parte de nós tem com esse seu passado.

Seja lá por que motivo for: revivalismo, busca da juventude, saudosismo, etc. É tão legítimo dizer que não se quer ir, para se guardar as boas imagens que se tem e não se chocar com aquilo que se diz que se irá ver, como se dizer que sim, que se quer ir, sob um pretexto qualquer.

Eu votei que sim, que "não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné". É uma ideia antiga, que já foi mais forte, mas que ainda permanece. No entanto o tempo vai passando e as hipóteses vão diminuindo. Não há 'condições'....

Henrique Cerqueira [ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74]

Camaradas e amigos: Nunca mais voltei á Guiné e na realidade nunca tive vontade de lá voltar. Creio que jamais irei visitar a Guiné. No entanto eu tenho muito apreço e respeito pelo sacrifício que o povo da Guiné Bissau tem passado desde a Independência. Fico sempre satisfeito quando encontro algum natural da Guiné, mas isso não me dá vontade alguma de a visitar. Mas não será só por ser a Guiné pois que eu não gostaria de visitar qualquer país africano. 

Já agora e a talho de "foice" eu também nunca mais visitei Tavira no Algarve porque tal como a Guiné me foram impostos e não gostei mesmo nada de lá ter passado parte da minha vida. Já Caldas da Rainha, Elvas e Évora que também me impuseram,  eu guardo gratas recordações de acolhimento e até de vida militar.

Em relação á Guiné é pura e simplesmente porque não gostei nem gostaria de [voltar a pisar] território africano.

Joaquim Luis Mendes Gomes [ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]

Não! Voto não. Prefiro deixar como está...minha lembrança de lá...com muitas horas de dor...mas também, com outras tantas felizes...Quero levá-las assim, como estão...

Jorge Cabral [ex-alf mil at art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, setor L1, Bambadinca, 1969/71]:

Voltar à Guiné? A que Guiné? A de hoje não é a do nosso tempo.Missirá tem uma Discoteca..Os meus soldados africanos , já morreram quase todos. As belas bajudas são avós..
Era bom, era voltar a ser jovem...mesmo na Guiné da nossa juventude...

Luís Graça [ex-fur mil, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71]


(...) O René Pélissier chamou-nos "blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude"... Alguns de nós afinámos... Aliás fizemos uma sondagem a propósito da "boca" do gaulês...

(...) Pessoalmente não me senti insultado. "Nostálgico" vem do "nostalgia", do francês "nostalgie"... O nosso vocábulo "saudade" é mais complexo, do ponto de vista conceptual e semântico, filosófico, psicológico, antrpológico...

A opinião do Pélissier é apenas isso, uma opinião... Quanto às motivações para "voltar" à Guiné (que já não é a mesma Guiné do nosso tempo) são todas legitimas...  A motivação humana é complexa, dinâmica, multifatorial... Todas as motivações são legítimas desde que não "atropelem" os outros...Eu fui lá em 2008, com sentimentos ambivalentes... Já aqui escrevi sobre esse regresso, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje... Estive lá de 28 de fevereiro a 7 de março de 2008...

Pôr as coisas em termos de simples "nostalgia da juventude" é redutor, quanto a mim (...)

Manuel Amaro  [ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971]

Não há dois tabanqueiros iguais, apesar de não sermos assim tão diferentes uns dos outros. Isto para dizer que eu não voltei, nem tenciono voltar à Guiné.
Alguma coisa contra? Nada.  Até deixei lá alguns amigos.  Um foi Procurador Geral da República e depois de escapar à morte num dos muitos golpes de Estado, teve que trabalhar como taxista. Outro, depois de alguns anos sem dar nas vistas, fez parte da primeira Comissão Nacional de Eleições.
Por fim, o amigo Henrique Rosa foi Presidente da República, interino, durante dois anos.

Mas, não. Nunca senti qualquer chamamento para visitar a Guiné.  Dirão que não tenho espírito solidário, porque quem lá vai é para ajudar. Pois, mas eu ajudo onde estou.

Tenho acompanhado aqui as brilhantes actuações solidárias dos nossos camarigos tabanqueiros, nas várias áreas a que se têm dedicado. Admiro a sua coragem e tenacidade.

Portanto, não fui, nem penso ir, sem que isso signifique menos consideração por aquele povo tão sacrificado.

Concluindo, achei que a sondagem estava bem estruturada, obedecendo a princípios e normas científicas, usadas em casos semelhantes.


Victor Alves [(ex-Fur Mil SAM, CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72)
Já há algum tempo que nada tenho lido sobre o blogue. Hoje ocasionalmente deparei-me com esta situação.

Como tantos também não gostaria de morrer sem voltar à Guiné. Contudo,  devido a problemas de saúde,  tudo teria de ser bem revisto. Mas em principio também gostaria.

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Nota do editor:

Postes anteriores:

28 de janeiro de 2014 >  Guiné 63/74 - P12650: Sondagem: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados preliminares (n=262): mais de 68% dos respondentes (n=172) gostariam de poder visitar a Guiné-Bissau... 18% dos votantes (n=48) já lá voltaram, uma ou mais vezes... Falta pouco mais de um dia para fechar esta sondagem em relação à qual o António J. Pereira da Costa faz uma crítica metodológica

25 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12631: Sondagem: "Muito sinceramente, não gostaria de morrer, sem um dia ainda poder voltar à Guiné"... Resultados preliminares (n=153): 2/3 dos respondentes (n=103) gostariam de poder visitar a Guiné-Bissau... Um em cada cinco dos votantes já lá voltou...

Guiné 63/74 - P12693: Parabéns a você (689): Constantino Neves, 1.º Cabo Esciturário do BCAÇ 2893 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12681: Parabéns a você (688): Ana Duarte, amiga Grã-Tabanqueira, viúva do nosso camarada Humberto Duarte; Fernando Franco, ex-1.º Cabo do PINT 9288 (Guiné, 1973/74); Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1621 e CCAÇ 6 (Guiné, 1966/68) e José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12692: Direito à indignação (12): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do dia 5 de Fevereiro de 2014, do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67):

Meu bom Amigo Carlos Vinhal
Cá vou eu até Mansabá!
Se achares que tem algum interesse em publicar é todo teu.


Duas linhas sobre o nosso direito à indignação

O país, excepto o ataque terrorista no Norte de Angola, nada mais sabe da guerra do ultramar, a não ser alguma coisita que o regime achava que lhe era útil, era preciso se acreditar que aquilo era um mar de rosas.
Relatos parvos, fáceis de desmontar, eram úteis, eram como que a prova de que aquilo que o Estado dizia era verdade.
Nós somos os culpados, porque não falamos.
Ou falamos muito pouco do que lá vivemos.
Muitos de nós começamos a cortar relações com o exército ainda cá.
O entusiasmo histórico pelo Ultramar, a desilusão que foi aquele Bissau.
Aquilo era muito pior, pior que tínhamos imaginado.
Por muito cedo termos compreendido e começado a gostar daquela terra.
Por muito cedo começarmos a ver o erro em que tínhamos sido metidos.
Por muito cedo condenarmos e sentirmos remorsos pelo que tínhamos feito ou visto fazer, ou saber que se tinha feito.
Por muito cedo vivermos naquele turbilhão de ódios e de amores.
Para não preocuparmos os familiares, não contamos, quase nada.
As pessoas não sabiam.
Sabiam o que o regime queria.
Se falássemos, afastavam-se, porque não acreditavam porque tinham medo.
Isto junto à dificuldade em contar como é disparar uma arma contra alguém, como é o assobiar de uma bala, junto ao ouvido, ouvir rebentamentos e ver os estragos.
Nós falámos muito pouco, contámos muito pouco.
O regime tinha interesse nisso, como possivelmente apoiava relatos, que fossem facílimos de se ver que não tinham pés nem cabeça, em que ninguém acreditasse.
Nós somos os culpados de tudo.
Porque fomos atores lá no teatro.
Porque não fomos capazes de ter contado o que se lá passou, o que lá vivemos, o mais próximo possível de como aquilo tinha sido, mas na devida data.
Só entende a guerra quem a viveu.
E os mortos só pesavam às famílias e a meia dúzia de amigos.
Não me surpreende muito aqueles disparates.
Rodaram muitos por este país.
E tal como os tipos da minha terra que foram condecorados pelo Hitler, este país sempre teve e tem uma costeleta de uma cor algo esquisita, e sabem guardar muito bem o que os pode prejudicar.
E vejam o que têm feito com o 25 de Abril.

Um Grande Abraço
Ernesto Duarte
1965 / 1967
BCAÇ 1857/CCAÇ 1421
Mansabá
Oio
Morés
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12679: Direito à indignação (11): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Belarmino Sardinha / Cândido Morais)

Guiné 63/74 - P12691: Convivios (559): Tabanca do Centro, Leiria, Monte Real, 31 de janeiro de 2014: 4º aniversário, 33º encontro, 80 convivas: um caso de sucesso, um futuro "case study" a ser seguido pelas academias militares de todo o mundo (Miguel Pessoa / Luís Graça)




Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 153 > Foto de grupo, dificultada pelo número elevado de presentes, a chuva que já fustigava o pessoal e a vontade de muitos em avançarem para o petisco...

[O evento reuniu 8 dezenas de centrotabanqueiros... O respasto foi, como habitualmente, na Pensão Montana, cuja lotação máxima é de 80 lugares... sentados] (LG)

1. Mensagem do editor L.G., com data de 3 do corrente:

Camaradas Joaquim e Miguel:

Parabéns pelos festejos do 4º aniversário da Tabanca do Centro, que está viva, animada, de saúde, e recomenda-se. 

Gostaria de dar uma notícia do evento e da efeméride. Peço ao Miguel que selecione meia dúzia de fotos, acompanhadas das respetivas legendas. Eu próprio comprometo-me a fazer um pequeno texto introdutório. Saudações camarigas. Luís Graça


2. Resposta do Miguel Pessoa:

Caro Luís

De acordo com o solicitado, junto envio algumas fotos para usares no texto que pretendes fazer. Como já terás constatado foram publicados no blogue dois textos alusivos ao evento - a revista Karas de Janeiro e um texto bastante imaginativo (à la Dinis) escrito pelo nosso camarada José Manuel Dinis, que te poderão dar uma ideia do modo como este encontro decorreu.

Quanto às fotos, segue embaixo um texto explicativo.

Um abraço. Miguel


3. Uma seleção de fotos do evento (, by Miguel Pessoa):



Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 > Certificado de presença do Agostinho Gaspar  > Aos participantes no convívio foi enviado por e-mail o respectivo certificado de presença. Realce para o nosso camarigo Agostinho Gaspar, fiel participante (e totalista!) com 33 presenças em 33 convívios!

[O Agostinho Gaspar tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue... Fopi 1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria. Já aqui publicámos em tempo a sua preciosa coleção de postais ilustrados sobre a a Guiné do nosso tempo, e em particular sobre Bissau]. (LG)



Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 > Pessoal da CCAV 8351 >  O Vasco da Gama conseguiu reunir um grupo significativo de camaradas pertencentes à sua Companhia. Na sua maioria este pessoal nunca tinha participado num
encontro da Tabanca do Centro.

[O Vasco da Gama, natural de Buarcos, Figueiar da Foz, tem 65 referências no nosso blogue. Recorde-se que foi o Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74]. (LG)



Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 132  > Da esquerda para a direita: O JERO e o Joaquim Mexia Alves (, régulo da tabanca) dão as boas vindas ao Carlos Pinheiro, presente por várias vezes nestes encontros, embora sem a assiduidade que desejaríamos. Recorde-se que o nosso camarada de Torres Novas perdeu, recentemente, a sua companheira, Maria Manuela Pinheiro (1950-2014).

[O JERO, acrónimo de José Eduardo Reis Oliveira é jornalista, e um amante da sua terra, Alcobaça; tem 116 referências no nosso blogue; o Joaquim Mexia Alves tem o dobro, 219, devendo-se a ele a criação da Tabanca do Centro; vive na Marinha Grande mas está de alma e coração ligado às Termas de Monte Real, fundadadas pelo seu pai] (LG)



Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 158 >  Sem tempo para tirar o casaco o Miguel Pessoa prepara já a máquina fotográfica. Há que publicar rapidamente a revista "Karas de Monte Real" . já com a reportagem fresquinha do convívio. E são precisas fotografias...

[O Miguel Pessoa também não precisa de apresentação: é um dos ilustres representes da FAP no nosso blogue, onde tem 117 referências; é unanimemente considerado como o mais "strelado" tabanqueiro de todas as nossas tabancas; além disso, é o editor-in-chief da revista  verde e rubra  "Karas em Monte Real"...] (LG)


Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 160 > Pormenor de uma das mesas. Reconhecem-se Vitor Caseiro, Carlos Oliveira, Raúl Castro (Presidente da Câmara de Leiria, tem sido presença assíduo nos nossos encontros mais recentes), Mª Helena Fitas (o Mário tinha entretanto ido dar uma volta...), Jaime Brandão, António Martins de Matos e Joaquim Mexia Alves. Não se reconhecem bem mas estão lá ao fundo o Antero Neves (estreante), o Belarmino Sardinha e o Helder Valério Sousa. De pé o Mário Ley Garcia, presidente do núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, que tem igualmente participado nos nossos convívios.


Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 164 > É interessante ver o número de estreantes, confirmado por esta foto. Embora o Cláudio Moreira, em primeiro plano já seja presença habitual nestes convívios. E claro, o Vasco da Gama, de pé a registar o momento para a posteridade. Ao fundo à esquerda ainda se pode ver o Luís R. Moreira e a Gina Marques, esposa do nosso camarigo António Fernando Marques.



Leiria, Monte Real > Tabanca do Centro > 4º aniversário > 33º encontro > 31 de janeiro de 2014 >  Foto nº 190 > > O Régulo Joaquim Mexia Alves sopra a vela do bolo do 4º aniversário, assessorado pelo Almirante Vermelho Vasco da Gama, não vá faltar fôlego ao Chefe...

Fotos (e legendas, bem humoradas). © Miguel Pessoa (2014). Todos os direitos reservados.


4. Comentário de L.G.:

É caso para dizer, em bom sociologuês, que a Tabanca do Centro é um "caso sério", de tal maneira que pode vir a tornar-se em breve num "case study"!... Se não, vejamos:

Foi criada há 4 anos, em janeiro de 2010. Éuma tabanca "desmaterializada", como agora se diz... Não tem moranças, não tem bolanhas, não tem campos de mancarra, não tem portas, não tem janelas, muito menos abrigos, valas, arame farpado, cavalos de frisa...

Tem um blogue, "Tabanca do Centro", que é uma espécie de bombolom: dá notícias, publica fotos... No primeiro poste, em 6 de janeiro de 2010, o régulo Joaquim Mexia Alves escreveu o seguinte, deflinindo a natureza e o propósito da iniciativa:

Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010 > Início

Este espaço servirá para dar notícias das actividades da Tabanca do Centro, que se reunirá uma vez por mês, à volta de um Cozido à Portuguesa, (pelo menos inicialmente), na Pensão Montanha, em Monte Real.

A Tabanca do Centro será constituída por ex-combatentes da Guiné, mas com certeza que aceitará outros convivas, dependentes do acordo da maioria. Aqui se farão convocatórias e se dará conta do que for acontecendo, se é que acontecerá mais alguma coisa para além do convívio.

Esta Tabanca do Centro é filha da Tabanca Grande, e por isso mesmo a ela está unida e para ela concorre.

Embora os postes que aqui sejam colocados, não levem a grandes comentários, (julgamos nós), avisa-se desde já que não serão admitidos comentários anónimos, mesmo que sejam muito bem educados! Qualquer um ou uma, pode colocar comentários mesmo sob o título de anónimo, mas depois exige-se que coloque o seu nome no fim.

Sejam todos bem vindos!


 Em 1 de março de 2010,  eu (e a Alice) participámos no 2º encontro, de que se deu notícia no poste de 1 de março de 2010. Tive então oportunidade de conhecer pessoalmente "karas" novas, como o José Belo, o João Barge, o Agostinho Gaspar, o Jero, etc. Estando em Lisboa, e na vida dita ativa é-me., contudo,  mais difícil ser centrotabanqueiro assíduo. Mas gostei de lá ter ido.. E prometo aparecer lá numa próxima oportunidade.

Todos os meses do ano (com exceção do mês em que se realiza o encontro anual da Tabanca Grande) a Tabanca do Centro (abreviadamente TC) reune cerca de 50/60 convivas na Pensão Montana, da Dona Preciosa... cujo cozido é já  famoso em o mundo globalizado, até na Lapónia (onde há uma tabanca de um só tabanqueiro e de um só  régulo).

Neste último convívio, o 33º,  a TC bateu o recorde: 80 inscrições aceites... E mais alguns ficaram de fora.

A TC também rem um léxico próprio (, além do calão de caserna, impublicável) que o Miguel Pessoa tem vindo a recolher e a aprimorar, sob a forma de "Dicionário da Tabanca do Centro ou Centropédia")... onde se pode ler,  por exemplo, a seguinte entrada (justamente sobre a "Tabanca do Centro"):

Embora considerada “do Centro”, o facto é que reúne nos seus convívios gente vinda do Porto, Matosinhos, Viseu, Vila Real, Aveiro, Figueira da Foz, Buarcos, Fátima, Cadaval, Lisboa, Cascais, etc., para além dos locais – Leiria, Marinha Grande… e Monte Real.

Criada em Janeiro de 2010, por iniciativa do Joaquim Mexia Alves (Ver “Amado Chefe” e “Régulo da Tabanca”), as suas actividades têm como epicentro a vila de Monte Real, próximo de Leiria. Esta criação teve como objectivo, para além de se manter os contactos através da Net, o de reforçar e aumentar a confraternização dos “velhinhos” da Guiné, proporcionando almoços/convívios com uma periodicidade mensal (ou quase…), não se pretendendo naturalmente originar um afastamento ou dissensão com a Tabanca-Mãe, antes criando um complemento àquela. 

A centralidade da TC é um dos seus pontos fortes:  dista 3320 km de Bissau e 130 de Lisboa, conforme se pode ver (e ler) nas costas da T-Shirt que os centrotabanqueiros vendem como milho...
Edita um revista de grande circulação, a "Karas em Monte Real", dirigida como já se disse pelo Miguel Pessoa, rapaz outrora pilav da FAP, premiado pelo PAIGC com o 1º "Strela" de estimação...

O blogue da TC  tem já cerca de 70 seguidores... A produção, por anos é a seguinte: 2014 (19); 2013 (129); 2012 (122); 2011 (100); 2010 (70). Além do régulo Joaquim Mexias Alves e do editor e fotógrafo Miguel Pessoa, o blogue conta ainda com a colaboração (permanente) do Vasco da Gama e o JERO.

A TC segue a filosofia da Tabanca Grande: privilegia a partilha de memórias e de afetos... Como não se cultivam afetos de barriga vazia, reune-se todos os meses, à volta da mesa... A convialidade dos centrotabanqueiros é já uma imagem de marca.

Em suma, e a propósito do fenómeno (sociológico) da multiplicação das tabancas em Portugal pode dizer-se o seguinte, na senda de um conhecido historiógrafo gaulês das guerras luso-imperiais em África: "A Guiné pode não ter reunido todos os guineenses sob o poilão do grande irã Amílcar Cabral... mas conseguiu juntar todos (ou quase todos) os tugas em tabancas, grandes e pequenas"...

A Tabanca do Centro, a par da Tabanca de Matosinhos, e de outras, de dimensão variável, devia ser um "case study" nas Academias Militares de todo o mundo..."Não há guerra que tanto dure, nem paz que em tão pouco tempo fure": eis uma boa divisa, que os centrotabanqueiros gostam de entoar lá sua sede, em Monte Real...

Estes centrotrabanqueiros, por muitos tiros que tenham dado (e gostado de dar), preferem hoje sentar-se à mesa da paz, da solidariedade, da amizade e da camaradagem (ou da camarigagem, como se pode ler na Centropédia).

Para o seu régulo da TC, seus ajudantes e demais centrotabanqueiros, vai um fraterno e efusivo alfabravo do Luís Graça, em nome de todo o Tabancal (Federação Portuguesa das Tabancas dos Amigos e Camaradas da Guiné).

Guiné 63/74 - P12690: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (80): Ao fazer uma pesquisa na Net, foi com enorme felicidade que encontrei a fotografia do meu irmão Carlos Alberto Maravilhas Soares na companhia de outros camaradas de guerra (Fernando Maravilhas, Matosinhos)

"Homenagem ao Carlos Alberto Maravilhas Soares (guarda redes, já falecido) do Comando de Agrupamento nº 1980" [Bafatá, 1967/68]

Foto: © Amaro Oliveira António (2011). Todos os direitos reservados. Editada por CV


1 . A propósito desta fotografia, publicada no P8569, intitulada "Homenagem ao Carlos Alberto Maravilhas Soares" que pertenceu ao CMD AGR 1980, recebemos esta mensagem do seu irmão Fernando:

Ao fazer uma pesquisa na Net, foi com enorme felicidade que encontrei a fotografia do meu irmão Carlos Alberto Maravilhas Soares na companhia de outros camaradas de guerra.

Como é do vosso conhecimento o meu irmão já faleceu, encontrando-se sepultado num Cemitério em Aartselaar na Região de Antwérpia na Bélgica.

Nós éramos oito irmãos (5 raparigas e três rapazes) o Carlos Alberto era o mais velho de todos nós.
Após o regresso da Guiné, foi juntar-se à restante família que à data já nos encontrávamos todos a viver em ANGOLA, onde viveu e trabalhou após o regresso a Portugal.

A seguir ao 25 de Abril, o Carlos Alberto regressou a Portugal tendo emigrado para a Bélgica, onde viveu os restantes anos da sua vida.
Quando faleceu era funcionário da Embaixada de Portugal em Bruxelas e tinha o seu domicilio em Aartselaar - Antwérpia - Bélgica.

Agradeço à pessoa que postou a foto do meu irmão e aproveito para enviar para todos vós uma abraço com amizade.
Fernando Maravilhas
Matosinhos

Kasteel Cleydael é um castelo com fosso em Aartselaar na província de Antuérpia, na Bélgica
Com a devida vénia a: RenaissanceFestival.com Fóruns
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12657: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (79): Notícias do nosso primeiro Silvério Dias e da "nossa tenente", rostos do Programa das Forças Armadas (ou PIFAS)

Guiné 63/74 - P12689: Blogpoesia (367): O passado e o presente no futuro (José Teixeira)

José Teixeira e as crianças da Guiné-Bissau que sonham com o futuro
Foto: © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2014, a propósito do seu aniversário:

Carlos
Gostava de agradecer a todos os camaradas que neste dia muito especial me dispensaram o seu afeto e carinho.
Creio que nada melhor que oferecer-lhe um poema que escrevi.


O passado e o presente no futuro

O palácio que construí no tempo,
É um local aprazível para habitar.
Nele repousam os eventos que me deram vida,
E foram razão do meu peregrinar.
Os sonhos realizados e os que ficaram pelo caminho,
Os gostos e os desgostos…
Os gestos de amor e carinho –
Tudo lá está guardado num cantinho.
E repouso confortavelmente neste passado,
Cujo tempo me foi roubado.

E não gosto do presente,
Que me arrebata o tempo, para saborear a vida
Pelo seu andar tão apressado.
Já é tempo de fazer parar o tempo e a sua influência,
Deixar-me de correrias, nesta vida repartida,
E viver cada dia que nasce,
Com se fosse o último da minha existência.

Abeira-me do futuro a largo passo,
Com a sua incongruência.
Pintam-no com sinais de esperança,
Salpicados com profundos laivos de terror,
Tornando o tempo do futuro, assustador.
E quanto mais rasgo o horizonte,
Menos tempo tenho para viver,
Porque futuro aproxima-me do tempo de morrer.

E eu apenas quero viver.
Viver a realidade dos acontecimentos,
E tudo o que existe em meu redor
Comedidamente,
Saborosamente,
E serenamente,
Como quem não tem nada a perder.
Perdido no tempo que não deixa de correr,
E com estrita obediência,
Ao que me ditar a minha consciência.

José Teixeira
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12584: Blogpoesia (366): Por uma simples questão de aritmética, cheguei à conclusão que o inferno não existe... [Ou, se existe, só pode ser cá na terra, Joaquim!... LG]