sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13603: Notas de leitura (631): “2011 Guiné-Bissau" por Ana Vaz Milheiro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Fevereiro de 2014:

Queridos amigos,
Aqui vão imagens de nostalgia daquelas últimas décadas do Império da Guiné.
Ficamos a saber que o engenheiro de minas José Guedes Quinhones foi o responsável pelo plano de 1919 de que veio a nascer a Bissau que Sarmento Rodrigues pôs em execução.
Ouvimos falar na Garden City, a cidade jardim dos trópicos, vemos projetos que tinham em atenção as condições do clima e a defesa contra a insolação. Refere-se que o HM 241 tinha um serviço de ortopedia que estava entre os melhores do Império e do continente africano. Há ruínas de edifícios dos CTT, abandonados à sua sorte, a crueldade é tanta que ninguém pensa na sua revalorização.
Enfim, uma amostragem pela arquitetura do Estado Novo que jaz agonizante ou não valorizada.

Um abraço do
Mário


Um olhar sobre a arquitetura da Guiné-Bissau, por Ana Milheiro

Beja Santos

Ana Vaz Milheiro é docente do ISCTE e está a preparar pós-doutoramento em arquitetura luso-africana do período do Estado Novo. É investigadora responsável do projeto “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitetónica”. É dela, em colaboração com Eduardo Costa Dias, Doutor em Antropologia Social e investigador do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, o precioso “2011 Guiné-Bissau”, Circo de Ideias – Associação Cultural, 2012.

Escreve a autora: “Fui à Guiné-Bissau à procura do Estado Novo, em outubro de 2011. Até ao desembarque, a imagem que tinha da Guiné-Bissau baseava-se nas pesquisas documentais iniciadas três anos antes, recolhidas em livros e opúsculos, nos desenhos, projetos e documentos, em fotografias. Em 2009, Eduardo Costa Dias deslocou-se a Bissau, como faz quase todos os anos. Generosamente, acedeu em fotografar uma primeira lista de edifícios públicos construídos na capital guineense depois da Segunda Guerra Mundial. Do cruzamento das imagens dos edifícios com os projetos arquivados em Lisboa saíram as primeiras ‘narrativas’ sobre Bissau. Faltava o confronto com a cidade real. A viagem levou-nos a Safim, Nabijões, Bafatá, Gabu, Sonaco, Contubuel, Bula, Canchungo, Cacheu e Mansoa”. Estamos em Bissau.

Estamos em Bissau, e a arquiteta Ana Milheiro dá-nos uma novidade sensacional: “A cidade contemporânea começa a ser planeada na sequência dos acontecimentos militares de 1913, assinalando os esforços de João Teixeira Pinto para estabilizar a presença portuguesa na região. Com a I República cresce o sentimento de embelezar a cidade. O plano de 1919, do engenheiro Guedes Quinhones, não só dá início ao processo de monumentalização do espaço urbano como corresponde à sua expansão para lá do perímetro primitivo. Cruza a baixa densidade da Garden City, propondo uma praça radial, implantada na cota mais elevada, ligando-se, através de um boulevard, à zona baixa e portuária. A Av. Amílcar Cabral é, então, a Av. 31 de Janeiro. Os limites da cidade são assegurados por uma “Avenida de cintura”, que faz fronteira com os subúrbios, onde a população africana se irá fixar. Identificam-se os lotes das instalações da energia elétrica e abastecimento de água, do Palácio do Governo, do Novo Hospital e do Banco Nacional Ultramarino. Formam um programa mínimo de equipamento (a que se junta a escola primária, c. 1922) que o Estado Novo reforça depois de 1945. A estratégia estado-novista passa por diminuir os vestígios deste urbanismo de perfil republicano, apropriando-se dos seus símbolos”.

Imagem de Bissau inserida no livro de Ana Vaz Milheiro

Três anos após a passagem de Bissau a capital, chega o arquiteto Paulo Cunha, vem com a responsabilidade de construir casas, a capital está muito carente. O padrão unifamiliar marca a escala de Bissau, contribuindo para acentuar uma fisionomia do tipo Garden City

Uma vista das moradias de Bissau construídas entre 1944 e 1946

A deambulação prossegue pelas ruinas do Hospital 3 de Agosto e a autora observa: “O seu estado ruinoso atual não impede a constatação da qualidade da arquitetura da última fase da presença colonial”. Detém-se na Sé de Bissau, urdida por João Simões em 1945. No lado oposto da avenida encontra-se a sede dos correios cuja fachada é monumentalizada à maneira das obras do Estado Novo. E chegamos a um equipamento que os arquitetos muito apreciam: a estação meteorológica de Bissau. E Ana Milheiro escreve: “É a questão do clima e, mais precisamente a necessidade de isolamento térmico, que irá definira opção por uma cobertura plana, desafiando as rotinas habituais que preferem telhados inclinados. Nas especificações construtivas, refere o arquiteto que o revestimento da cobertura é composto por pequenas lajes soltas que produzem o mesmo efeito de uma caixa de circulação de ar”.

Estação Meteorológica, Lucínio Cruz, 1952, Bissau

Seguem-se visitas aos bairros de Santa Luzia e da Ajuda, há também um olhar demorado sobre a sede do PAIGC outrora a Associação Industrial e Comercial de Bissau, e, ali bem perto há o edifício sede da TAP. A visita a Bissau está praticamente concluída, tira-se uma impressiva fotografia ao pedestal da estátua de Diogo Gomes, o que da estátua resta encontra-se no forte de Cacheu.

Seguem para Bafatá, e depois Contubuel. Diz a autora: “É um sítio histórico extraordinário”. O lugar, famoso pelas madrassas da etnia Mandinga, ostenta vestígios coloniais. Ali se fundou uma missão católica nos anos 50. Ainda em Contubuel, há uma paragem no mercado e a autora escreve: Materializa um desenho elementar: “Um pavilhão só parcialmente fechado com elementos cerâmicos vazados, rematado com uma cobertura de duas ou quatro águas. O recurso a projetos-tipo está instalado entre os profissionais dos organismos públicos que desenham para África durante o Estado Novo. Na Guiné, encontramos pelo menos quatro séries. A escola primária. A estação de correios com residência para o chefe de posto. O celeiro comunitário. E o mercado-telheiro”. Impressiona-se com a escola primária de Cacheu, chama-lhe à atenção o Cine-Canchungo e diz o seguinte: “Aparece nos relatos dos antigos combatentes como local de visionamento de filmes improváveis. A Mulher Infiel de Claude Chabrol, exibido em dezembro de 1972, é um deles. Durante a década de 60, o conflito armado determina a escala alcançada pelos equipamentos diretamente ligados ao esforço militar: instalações hospitalares, aquartelamento ou clube militar”.

Cine-Canchungo, década de 1960

E não esconde o seu maravilhamento com a estação dos CTT de Gabu, e comenta: “O gaveto da estação dos Correios, Telégrafos e Telefones de Gabu funciona como expressão arquitetónica da urbanidade ambicionada para as povoações interiores da Guiné no período colonial. Um edifício que se abre em esquina é um edifício que desenha em cidade. O projeto repete-se, pelo menos, em Bissorã, Mansoa e Bafatá, nesta última com maiores dimensões. Visitámos o posto dos Correios, agora encerrado, e entrámos na casa do antigo chefe. De área mínima, a habitação é, todavia, um privilégio concedido pelo Estado Novo aos seus funcionários”.

O melhor é folhear calmamente o que Ana Vaz Milheiro captou e sentiu. O livro faz parte de uma coleção que procura construir um mapa afetivo de viagens. A arquiteta passou o teste e legou-nos uma pequenina joia de edifícios que milhares e milhares de ex-combatentes nunca esqueceram.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13585: Notas de leitura (630): “Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa”, por Alfredo Margarido (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13602: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (88): Notícias dos nossos camaradas João Crisóstomo (Nova Iorque) e Horácio Fernandes (Porto)... Anúncio do próximo convívio das famílias Crispim e Crisóstomo, em 30/8/2015, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras







Anúncio publicado (ou a publicar) no jornal "Badaladas". de Torres V edras



Vilma e João Crisóstomo [ex-alf mil, CCAÇ 1439,
Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66]
1. Mensagem do nosso querido e ilustre amigo e camarada João Crisóstomo (que me telefonou de Nova Iorque mas não me apanhou em casa)


Data: 10 de Setembro de 2014 às 12:07
Assunto: Horácio Fernandes


Caro Luis Graçaa,

Tentei o teu telefone, mas tenho de recorrer-me do e-mail...

Decidi ficar hoje em casa (, são agora 6.00 AM, )  para poder tratar de coisas em atraso.  Como  é o  caso do Horácio com quem acabo de falar ao telefone.

Ele vai responder e explicar o porquê da confusão: pelo que compreendi,  ele não fazia parte dos quadros  do Batalhão de Caçadores 2852 [Bambadinca, 1968/70] ele esteve em Bambadinca  como "agregado" pois o batalhão dele [, o BART 1913, Catió, 1967{69] já tinha regressado à metrópole e ele teve de ficar mais seis meses  para cumprir  o tempo dele.  Coisa bem normal como te deves lembrar , muito  frequente   nos tempos  de guerra na Guiné...

Espera  um e-mail dele.

Fiquei com inveja (e saudades) ... Valmitão, Ribamar... e amigos com quem   estiveste lá.  Haja saúde para podermos repetir todos juntos  na próxima vez...

Abraço grande
João e Vilma


2. Em 29 de agosto últimom, tinha mandado a seguinte mensagem ao João Crisóstomo, que é amigo de longa data do Horácio Fernandes [ex-alf mil, capelão, BART 1913, Catió, 1967/69, e BCAÇ 2852, Bambadinca, 1969; foto atual à direita]

João:

Como vais ? Tudo bem ? E a tua Vilma ?... Falei há dias de ti, ou melhor falámos, em Valmitão, Ribamar, eu, o Álvaro Fernandes e a Filomena, um casal de Ribamar que vive em Nova Iorque, em Yonkers. A Filomena é afillhada da tua mana, se bem percebi, e fez campanha contigo pela causa da independência de Timor Leste. É minha prima, do clã Maçarico. Descobri-a, por acaso, a ela e ao  marido [, professor primário, amigo do Manuel Filipe], bem como aos pais e ao mano Paulo, que também vive na EUA,,, Estavam de de férias em Valmitão... Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Quanto ao Horácio, preciso que me deslindes esta história... Eu não tenho o contacto dele (telemóvel e email): a questão é de confirmar em que altura exata (e por quanto tempo) esteve ele em Bambadinca: maio a dezembro de de 1969 ? O seu nome não conta da história do BCAÇ 2852, o batalhão que estava nessa altura em Bambadinca...

Um abraço. Bj para a Vilna. Luis

3.  Mail anterior do João Crisóstomo,  com data de 10 do corrente,  com conhecimento ao Horácio Fernandes:


 Caro Luis Graça, desculpa não ter respondido ainda. É que ainda não tive ocasião de falar com o Horácio. Sucede que tenho muita correspondência dele e quero ver se por acaso tenho alguma carta ( (aerogramas, lembras-te ?) escrita por ele que pudesse lançar luz sobre isso. 

Mas ainda não tive tempo. Estou (,ando sempre...) abarrotando de trabalho...mas agora reparo que dizes não tens os contactos dele. Aqui estão:vai i endereço de email, o telefone fixo, o telemóvel dele e o da Milita [...] 

Coloquei há duas semanas um anuncio no jornal Badaladas, de Torres Verdas, anunciando o nosso convívio para 30 de Agosto de 2015 [, Imagem inserida ao alto].   Destina-se primeiramente aos meus familiares espalhados pelo mundo para que, se for possivel, façam as ferias nessa altura... mas evidentemente que quero incluir os meus amigos, como fizemos no ano passado e quando estivermos mais perto farei outro anuncio com tudo bem clarinho...

Um abraço grande (e com muitas saudades ) para todos vocês.... tu e tua esposa Alice, para o Horácio e a Milita...

João e Vilma

4. Fotos das nossas praias do oeste estremenho ("costa de prata", "silver coast"...), para a Vilma e João Crisóstomo, mas também para a Filomena e o Álvaro  Fernandes, nova-iorquinos,  "matarem saudades"... Sem esquecer a Milita (que é de Fafe) e o Horácio Fernandes (que é de Ribamar, Loruinhã), e que vivem no Porto há 4 dácadas... Com, um xicoração muito especial do Luís Graça e da Alice.

PS1 - Espero poder abraçar o Horácio na festa de Ribamar, no próximo mês de outubro... Já sei que a Miloita não pode vir... Há uma caldeirada à nosssa espera, no dia 13!...A organização é do nosso incansavel e insuperaável Eduardo Jorge Ferreira, ex-PA [, Bissalanca, BA 12, 1973/74], também membro da nossa Tabanca Grande [, foto atual à esquerda].

PS2 - A Flomena, de seu nome completo Maria Filomena Fernandes Eugénio, casada com Álvaro Filipe Fernandes (que era professor primário e fez o serviço militar em Angola, tendo regressado na véspera da independência...), a viver nos EUA desde 1977, é prima direita do Horácio Fernandes (as mães são irmãs,  Elvra Neto, a mãe do Horácio, e a Maria da Conceição Fernandes, mãe da Filomena,)...

A bisavó (do lado Maçarico) de ambos era a Maria da Anunciação, casada com Manuel Fernandes. A Maria da  Anunciação era irmã da minha bisavó paterna, Maria Augusta (Ribamar, 28/10/1860- Lourinhã, 26/7/1920). O avô do Horácio, António Fernandes (Maçarico) foi o último construtor naval de Ribamar, emigrou para os Estados Unidos e lá morreu, deixando cá a esposa e três filhos que nunca mais tiveram notícias dele.. Deve ter nascido por volta de 1890. e emigrado nos anos 20.

Em suma, através do blogue descobri mais dois primos, o Horácio e a Filomena, e ambos amigos do João Crisóstomo. Quando era miúdo o João era visita da casa dos pais do Horácio... Ainda fala com muita saudade do Ti Zé Fernandes Nazarté... Embora petencendo a concelhos diferentes, mas vizinhos (Lourinhã e Torres Vedras), Ribamar e Paradas ficam perto uma da outra...

É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!.


Portugal > Lourinhã > Agosto de 2014 > Praia do Caniçal... A seguir, para sul,  é a Praia de Vale de Frades, Praia da Areia Branca, Praia do Areal Sul, Paraioa da Peralta...Para norte, é o Paimogo...



Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia do Areal Sul, entre a Praia da Areia Branca e a Praia da Peralta... Ao fundo, o forte de Paimogo...


Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia da Peralta... A seguir é o Porto das Barcas, Porto Dinheiro, Valmitão, Porto Novo (esta paria já na na freguesia de A-dos-.Cunhados, Torres Vedras)... Todas estas falésias são da época do Jurássico (200/150 milhões de anos) e
são verdadeiros "cemitérios" de dinossauros...

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.

Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano José Maria Pinto Claro, Deficiente das Forças Armadas (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de hoje, 11 de Setembro de 2014, após ter sido convidado pelos editores a ingressar na nossa tertúlia:

Boa tarde camarada Vinhal

Conforme me foi pedido aqui seguem as informações pessoais.

A minha identificação:
- José Maria Pinto Claro
- Soldado Radiotelegrafista de Engenharia
- Profissão, 1.º Oficial Compositor de Artes Gráficas, Livraria Bertrand, Venda Nova-AMADORA
- Nascido a 23-02-1947
- Ingressei nas fileiras do Exército a 6 de Maio de 1968
- Fui para o Regimento de Transmissões 1 a 6 de Julho onde completei o curso a 9 de Novembro de 1968
- Fui para o Batalhão de Caçadores 10 a 8 de Dezembro de 1968 para ser integrado na CCAÇ 2464/BCAÇ 2861
 
José Maria Claro a bordo do Uíge

- Embarquei em Lisboa, com destino GUINÉ, a 5 de Fevereiro de 1969 no navio Uíge
- Fui ferido em campo de guerra (Biambe), por rebentamento de uma mina anti-pessoal, resultando a amputação da perna esquerda no dia 8 de Abril de 1969
- Saí do HM 241 de Bissau a 19 de Abril de 1969 com destino ao HMP
- Saí do HMP a 8 de Janeiro de 1970, dado como incapaz para todo o serviço militar, com 67,7% de incapacidade.

Quanto a louvores, louvo e felicito a Força Aérea e quem estava no outro lado da linha que atendeu todos os pedidos na prontidão, incluindo a minha evacuação pelo DO e Enfermeiros que quando cheguei ao quartel já estavam na pista à minha espera.

Mais acrescento algumas estórias e dados que considerem relevantes.

Conforme o que foi transmitido pela minha pessoa, é relevante que tinha muito trabalho e responsabilidade às minhas costas sem saber se poderia assim ser, visto que havia mais dois RTs e dois Transmissões de infantaria(*).

Eu era sempre o visado para todas as saídas para o mato, tenho uma versão que não mencionei, mas vou desenvolver:
Foi-me dada ordem pelo Cap. Pratas que tinha de ser eu a fazer as transmissões na saída que iria ser realizada, saída essa que seria às 22 horas para uma emboscada a um certo lugar, que agora não me recordo o nome.
Tinha dito ao Capitão que o aparelho não estava funcionar, mas ele insistiu e exigiu que tinha de lhe transmitir de 30 em 30 minutos.
Tudo bem, a coluna lá saiu, dentro da mata passado os tais 30 minutos, mandei parar os pelotões e tentei a transmissão, o rádio não dava nada, então com a ânsia de cumprir o que me foi exigido, mudei a banda Alta para a banda Baixa e o rádio deu um estoiro, mas ficou com bateria na mesma, então mudei para banda Alta e tive transmissões que foi uma categoria.

Biambe - José Maria Claro ao "telemóvel"

Já na posição de emboscada estou ao lado do alferes (não sei o nome dele, nem o mencionaria, se o soubesse) fiz uma transmissão e perguntam-me que barulho era aquele, eu na minha inocência encostei o micro e disse que era o alferes a ressonar.
À chegada ao quartel, o Capitão estava em cima dos blocos de terra que se tinha afundado para se fazer uma piscina, e quando o Alferes passou, chamou-o ao gabinete e levou uma descasca.

O Radiotelegrafista Claro

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2. Comentário do editor:

Caro camarada e amigo Claro,
Sê bem-vindo a este grupo de camaradas da Guiné que se serve desta página para contar as suas memórias, publicar as suas fotos, comentar postagens de outros camaradas, etc., participando assim na feitura deste espólio de ex-combatentes, melhor dizendo, combatentes, daquela guerra que ditou a morte prematura de quase 10.000 jovens e deixou marcas físicas e psicológicas a muitos milhares, dos quais tu és, infelimente, um testemunho. Esperamos que tenhas ultrapassado psicologicamente a tua deficiência física, se isso é possível na totalidade.
As minas e os fornilhos eram a forma mais cruel de combater, que nos esperava a cada esquina. De parte a parte não se evitava este meio mais covarde de atingir o IN. A cada passo a incerteza do seguinte.
O tempo que passaste nos hospitais, o sofrimento físico e psicológico a que foste sujeito e a adaptação à prótese e à nova vida, não devem ter sido fáceis de suportar. O teu testemunho pode ajudar camaradas na mesma situação que tu.

Muito obrigado por te juntares a nós, que ficamos ao teu dispor para receber e publicar o que queiras, relacionado com a tua (má) experiência enquanto combatente.

(*) O material que tenho cá, teu, para publicar, sairá no início da próxima semana.

Não quero terminar, sem antes te deixar um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal

PS - O José Maria Calro passa a ser o nº 665 da lista dos amigoe e camaradas da Guiné, disponível na coluna do lado esquerdao, por ordem alfabética, de A a Z..

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13541: Tabanca Grande (443): Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, ex- Alf Mil Op Esp/ Ranger da CCS do BCAÇ 4615/73 (Teixeira Pinto, 1973/74)

Guiné 63/74 - P13600: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (14): Sou só o Comandante

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 8 de Setembro de 2014:

Caríssimo Carlos,
Há dias, lendo sobre Marinha na Guiné e "raspando o fundo do baú", lembrei de uma viagem que fiz de Gadamael para Bisau.

Como muitos sabem, Gadamael (Porto) fica num braço de rio, também dito rio Sapo.
A nossa locomoção para fora de Gadamel era preferencialmente, pegar boleia com o Dornier do correio, ou eventualmente com algum "tubarão" em visita aos "perdidos" na fronteira Sul.

Ora, quando tínhamos alguma bagagem mais robusta, a saída era mesmo por mar.
Numa dessas idas, peguei uma embarcação, que não recordo se seria LDG, ou outro barco de guerra. A saída foi ao fim da tarde, e me acomodei no convés da melhor maneira possível. Ao raiar do dia apareceu um Sargento da Marinha, que com a formalidade que lhes é peculiar, me informou que o Comandante estava me convocando para que me apresentasse nos aposentos do Comando.


Guiné -  LDG (Lancha de Desembarque Grande) 105
Foto: © Humberto Reis (2005)

O Comandante era um oficial com patente equivalente a Tenente, talvez Capitão; pediu desculpas de não me ter chamado antes, mas só naquele momento tinha tomado conhecimento da minha presença a bordo. Convidou-me a tomar uma refeição com ele, e lá fomos conversando até Bissau.
Dada altura, perguntei da formação para tal função, e outros detalhes da "arte de marear".
Fiquei surpreso, quando perguntei o que ele fazia a bordo, e me respondeu:
- Sou só o Comandante.

Até hoje lembro a humildade desse Oficial de Marinha!!!

Forte abraço
Vasco Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12047: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (13): A minha singela homenagem aos pais de todos nós

Guiné 63/74 - P13599: Agenda cultural (336): Apresentação do livro "Marcello e Spínola: A Ruptura", do Coronel Manuel A. Bernardo, dia 19 de Setembro de 2014, pelas 21h00, no Pólo da Biblioteca Municipal em Quarteira

C O N V I T E




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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13595: Agenda cultural (335): Semana Cultural - 90 anos - Amílcar Cabral - 11 e 12 de Setembro de 2014, pelas 17h00, no Auditório Armando Guebuza - Universidade Lusófona, Lisboa

Guiné 63/74 - P13598: Blogpoesia (391): Baladas de setembro... (J. L. Mendes Gomes, ex- alf mil, CCAÇ 728. Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)


chove em setembro...


[, ex- alf mil da CCAÇ 728. Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]


me aqueço com esta chuva densa
que está caindo,
riscando linhas de luz no ar,
como num tear a vento,
tecendo o linho.

pausa da praia,
pausa dos incêndios fortuitos
e do fogo posto.

chove em setembro,
chuva benigna.
fecundando a terra,
é o que diz quem vive dela.

água de arminho,
Foto: Candoz, Luís Graça (2014)

luar de agosto,
uvas de vinho
que estão a pintar.

chega a vindima,
depois a colheita.
seara de pão...
ó doce alegria.
benditas sejam.

Mafra, 
11 de Setembro de 2014
8h31m
Joaquim Luís Mendes Gomes 


próxima fornada...

a próxima fornada
vai ser de pão de centeio.
crescido no campo do meio,
cercado de vinha enforcada,
ceifado numa tarde de sol,
e moído de noite,

na mó do moleiro do rio.
Foto: Candoz, Luís Graça (2013)

meia dúzia de broas de pão,
tisnadas do forno,
que minha mãe
amassou e benzeu,
na cozinha,
com água, fermento
e farinha,
enquanto eu jogava o pião.


e uma bôla, primícia,
redonda, larga e espalmada,
crestada nas brasas
da queima do forno,
com chouriço e sardinha.

vai dar um jantar melhorado,
ressumando a caldo de couves,
com gotas de azeite,
e todo o pão da semana,
à fartura...

ouvindo piano concerto de Grieg
enquanto clareia a manhã

Mafra, 9 de Setembro de 2014
6h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes


tarde de Domingo...

está azul o céu.
como há muito não.

há cavalos tranquilos a debicar o chão,
para mim,
de olhos baços,
só me restam
as nuvens a bailar festivas...

mais as copas verdes
duma mata em flor.

oiço acordes
duma música lenta,
minha alma aspira
e canta sonora.

louvores sem fim.
de louca a arder.

baladas tristes,
me chegam do fundo
dum mar profundo.
soam a eterno
dum amanhecer.

voo no ar
como se fora ave.
rumo ao infinito
do entardecer.

Foto: Lourinhã. Praia de Paimogo, 
Luís Graça (2014)

meu barco alado
de asas abertas.
parece uma gazela triste
a que abri a porta.

vou esbaforido.
se ninguém me alcançar,
darei a volta ao mundo.
e ficarei sonhando.

perdi tantos dias
neste porto morto.

só hoje me chegou o vento.

ouvindo Brahms,  piano concerto nº 2.  por Baremboim
Mafra, 7 de Setembro de 2014
17h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13579: Blogpoesia (390): Poema de um ataque na guerra da Guiné (Armando Fonseca)

Guiné 63/74 - P13597: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (4): os comerciantes de Nova Lamego... Era gente de confiança ? (Joaquim Cardoso, ex-sold trms, Pel Mort 4574, 1972/74)



Guné > Região de Gabu > Nova Lamgo > Pel Mort 4574 (1972/74) > Eram tapetes, de estilo oriental, com motivos exóticos (como a fauna e a flora africanas), que os militares  compravam aos comerciantes libaneses. Eles também aproveitaram a "economia de guerra" (LG).

Fotos: © Joaquim Cardoso  (2014). Todos os direitos reservados.



1. Mensagem de Joaquim Cardoso [, ex-sold trms,   Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74],, com data de 17 de agosto passado:


Olá, caro amigo Vinhal

Este simples Olá, é o cumprimento sugerido, em e-mail do nosso " Comandante "Luís Graça, em gozo de férias (?), que, apesar de simples, encerra nele toda a minha consideração, esperando, estou certo, que te encontrarás muito bem por essas praias Matosinhenses, tomando banhos de água e sol.

No dito e-mail, o Luis refere-se também ao estado da sua nova anca e, pelo que diz, está em evolução muito positiva. Ainda bem, pois certamente toda a tertúlia espera que em breve fique em condições de fazer parte de uma qualquer corrida de atletismo ou até de tríplo salto!

Comento de seguida o tema que o Luís colocou, relativo aos Libaneses na Guiné (*):

Tendo estado em Nova Lamego em 1972/74,  direi, sem ter a certeza, que nessa altura na localidade, não chegariam a meia dúzia os estabelecimentos pertencentes a Libaneses, onde se vendiam entre outras coisas, tapetes de estilo oriental, idênticos aos das fotos que junto, adquiridos esencialmente por militares para suas recordações, e tecidos para a feitura de panos com que as nativas tapavam algumas das suas "vergonhas".

Partindo do pressuposto, que essas pessoas eram refugiadas de guerra no seu País, o seu refúgio na Guiné, também em guerra, era por isso muito polémico.

Era voz corrente que, sendo os militares os maiores compradores, esses comerciantes estariam interessados na continuação do conflito por forma a manter os seus negócios, colaborando por isso com o IN. Dizia-se também que, sempre que houvesse encerramento temporário dos seus estabelecimentos, estava à vista ataque iminente!


A ser verdade, é evidente que teriam informação antecipada, por parte do nosso adversário, permitindo-lhes, assim, a possibilidade de se ausentarem do local ou tempo suficiente para uma melhor proteção.

Nessa altura, nos dois principais ataques com foguetões a Nova Lamego, em que felizmente nada de grave aconteceu, não vi, nem obtive informações que dessem firmeza à versão desses procedimentos.

Termino, deixando estes simples apontamentos à consideração, com um fortíssimo abraço a todo o pessoal.

J. Cardoso
Ex-Sold. Transmissões em Nova Lamego - Guiné , 
1972/74 

[. Foto acima, com o António Santos, também do Pel Mort  4574, à sua direita, no posto de rádio]
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13596: Em busca de... (248): Pessoal do Pel Mort 2297 (Bula, 1969/71)... a que pertenceu o meu pai, Eurico Lopes Pereira, natural de Boticas...Quero levá-lo lá, em 2015 (João Pereira, a residir em Angola)



Pormenor da carta de Bula (Escala 1/50 mil). Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)

1. Mensagem do nosso leitor João Pereira, com data de 6 do corrente:


Assunto: Pelotão de Morteiros 2297,  Bula 1969/71


Boa tarde,

Não o conheço, nem estive no ultramar, estou agora no antigo ultramar, em Angola.

Sou filho de um ex combatente pertencente ao Pelotão de Morteiros nº 2297 ,entre os anos de 1969 e 1971.

O meu pai esteve em Bula nesses anos e gostava muito de encontrar ex camaradas desse pelotão. Se tiver informação de algum ex-camarada dele, números de telefone ou email ou até fotos agradecia imenso que me informasse. Estou a planear uma viagem á Guiné para 2015, com o meu pai, o qual me disse que não quer morrer sem lá voltar.


O nome do meu pai é..Eurico Lopes Pereira. É natural de Boticas, Vila Real, Trás os Montes.
Saudações

João Pereira
(0244924989288)
(00351960033914)

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2. Informações que recolhemos sobre o Pel Mort 2297 (Bula, 1969/71), através do nosso colaborador permanente José Martins [, foto à esquerda]:


Luis

(i) Não localizei encontros do Pel Mort 2297, aliás uma PU (Pequena Unidade) formada com cerca de 50 elementos.

No link http://santamargarida.blogspot.pt/2007/09/954-os-progressistas-de-salgueiro-maia.html pode ler-se:


As tropas aquarteladas na zona são em Agosto de 1971:

Bula:
- Batalhão de Caçadores [BCAÇ] 2928;
- [CCAV] 3420;
- Esquadrão de Reconhecimento Panhard 2641
- Pelotão de Morteiros 2297;
- Pelotão de Artilharia 26;
- Pelotão de Milícias 224;
- Pelotão de Milícias 293;

Binar:
- Companhia de Caçadores 17
- Pelotão de Milicias 291

Bissum:
- Companhia de Caçadores 2781
- Pelotão de Milicias 284.

Inhamate:
- Companhia de Artilharia 3330

Destacamentos de Capunga Pete e Ponta Consolação:
- Companhia de Caçadores 2789.

Destacamentos de João Landim, Mato Dingal e Augusto Barros:
- Companhia de Caçadores 2791

Só se o pessoal do Pel Mort 2297 se encontrar com estas (ou algumas destas) unidades.

Se existir História da Unidade no AHM [, Arquivo Histórico Ultramarino, (i] para este caso apenas terão interesse os nomes dos elementos da mesma.

(ii) Tambem encontrei informação sobre o Encontro Anual da Companhia de Caçadores 2465 do Batalhão de Caçadores 2861 Guiné 1969/1970

Data de realização do evento: 4 de Junho de 2011

Hora de início: 11H00

Local: Ponte de Lima

Distrito: Braga

Inscrição  (Telefone, email ou outro contacto): Telefone: 914 272 083

Nome do responsável: José Barbeiro

Fonte: Portal UTW [Ultramar TerraWeb] >  Encontro Anual da Companhia de Caçadores 2465 do Batalhão de Caçadores 2861 Guiné 1969/1970


3. Comentário adicional do nsso editor LG:

João, obrigado pelo contacto. Aqui fica o teu apelo bem como os teus e outros contactos. Não é nada provável que o Pel Mort 2297 se reuna anualmente, já que o número de efetivos destas subunidades era escasso, inferior a um companhia (que tinha quatro pelotões) ou um batalhão (que tinha quatro companhais). Em geral, estas subunidades (pelotões de morteiro, pelotões de artilharia, pelotões de reconhecimento Daimler, etc.) juntam-se, para efeitos de convívio anual, às CCS dos batalhões a que estavam adidas...

Sobre Bula, temos já 220 referências no nosso blogue, muitas histórias, muitas fotos... Dversos camaradas por lá passaram, mas ninguém do Pel Mort 2297, que eu me recorde... Também temos a carta de Bula  (mapa que usávamos nas operações). Clica aqui, o teu pai vai gostar de reconhecer os sítios que vêm na carta.

Esperemos que apareça malta do tempo do teu pai, que tenha estado em Bula, e que o reconheça. O mais prático é mandares fotos digitalizadas do teu pai, em Bula. Diz-me exatamente em que período é que ele lá esteve (1969/71)... É importante o mês de chegada e o de partida.

Manda também uma foto atual, se possível.  Ele não estava sozinha em Bula...Tinha camaradas de outras unidades (CCS/BCAÇ 2928, CCAV 3420. EREC 2641, 26º Pel Art, etc.).

De qualquer modo, vai dando conta dos desenvolvimento das tuas diligências. E quando decidires levar o teu pai à Guiné-Bissau, em 2015, em "romagem de saudade". contacta-nos. Dá uma alfabravo [ABraço] ao teu pai e nosso camarada Eurico Lopes Pereira, grande transmontano. Muita saúde e longa vida para ele e a família. Boa saúde e bom trabalho, para ti, em Angola

PS - É possível que o teu pai tenha conhecido o nosso camarada Armando Pires [ex-Fur Mil Enf, CCS/BCAÇ 2861,Bula e Bissorã, 1969/70].  Ele tem diversas fotos e histórias de Bula. Posso dar-te o contacto dele, se o teu o pai o reconhecer.

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13564: Em busca de... (247): Afonso Pombinho, ex-Soldado da CART 676 (Pirada, 1964/66), procura camaradas


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13595: Agenda cultural (335): Semana Cultural - 90 anos - Amílcar Cabral - 11 e 12 de Setembro de 2014, pelas 17h00, no Auditório Armando Guebuza - Universidade Lusófona, Lisboa





Pedido de publicação desta iniciativa cultural, enviado pelo NUGAU - Núcleo Guineense.de Arquitetura e Urbanismo. Vd. também poste de  2 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13083: Agenda cultural (313): 1ª Conferência Internacional de Arquitetura e Urbanismo na Guiné-Bissau, Bissau, 26-29 de novembro de 2014: resumos de comunicações até 15 de maio (Naldo Nogueira, NUGAU, Odivelas)
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13572: Agenda cultural (334): Noites de Verão no Museu do Chiado, com Kimi Djabaté, o grande artista lusoguineense, oriundo de Tabatô, lídimo representante da tradição da música afromandinga, sexta-feira, 5 de setembro de 2014, 19h30... Entrada livre.

Guiné 63/74 - P13594: Inquérito online sobre os capelães no CTIG: Num total de 73 respondentes, um terço (n=24) nunca conheceu nenhum capelão, e outros tantos (n=28) guardam boas recordações deles


Resultados da nossa sondgem sobre os capelães militares no CTIG. A votação encerrou em 5 de setembro. Houve 73 respondentes. Como se pode verificar, a opinião dos respondentes é simpática e favorável à presença dos capelães no seio das nossas fileiras.

Embora um terço dos respondentes (n=24) não tenha conhecido nenhum capelão, outros tantos guardam boas recordações deles (n=28)... Cerca de um em cada quatro (n=17) acham que  eles "davam algum conforto espiritual aos nossos soldados"... Apenas cerca de 18% dos respondentes disseram que "nunca sentiram a sua falta" (n=13)...

É óbvio que a amosttra, de reduzida dimensão e de conveniência, não permite generalizar as conclusões.

Lembre-se que,  em pelna guerra (1966), não haveria mais do que centena e meia de capelães miliatres no seio das Forças Armadas Portuguesas, empenhadas numa guerra em três frentes: Angola, Guiné e Moçambique. A década de 1960, que é também a do Concílio Vaticano II, foi fortemente marcada pela crise de vocações sacerdotais no seio da Igreja Católica. Dois dos quatro membros da nossa Tabanca Grande que foram capelães no TO da Guiné, acabaram por deixar o sacerdócio: o Arsénio Puim e o Horácio Fernandes (*).

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Guiné 63/74 - P13593: Convívios (625): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte IV: Saltos de paraquedas no estádio municipal... Revivendo emoções fortes


Vídeo (0' 26'')




Vídeo (0' 16'')

Lourinhã > 6 de setembro de 2014...I Encontro de Paraquedistas do Oeste > Saltos de paraquedas no estádio municipal local... Foram três saltos que fizeram reviver emoções fortes a muitos dos presentes (que têm brevet mas deixaram de saltar há muito)... Os jovens paraquedistas (civis)  que saltaram eram dois rapazes e um rapariga.. Lamento não saber a que escola ou associação pertencem...




Lourinhã > 6 de setembro de 2014...I Encontro de Paraquedistas do Oeste > Saltos de paraquedas no estádio municipal local > Entre a assistência, em primeiro plano, à direita, o Jaime Silva e a esposa Dina... À esquerda, um dos furrieis do seu grupo de combate, da 1º CCP / BCP 21 (Angola, 1970/72)...  Este camarada (aqui acompanhado da esposa) veio de Aveiro, e é já um velho amigo do Jaime (um dos organizadores do encontro).


Lourinhã > 6 de setembro de 2014...I Encontro de Paraquedistas do Oeste > Saltos de paraquedas no estádio municipal local >  Aspeto parcial da assistência... Este espetáculo foi possível graças à conjugação de um,a série de boas vontades... Mesmo assim é preciso pagar o avião. etc. O grupo seguiu depois para o restaurante "O Braga", no Vimeiro, a 5 km da vila da Lourinhã.  O almoço de convívio teve 114 inscritos.


Fotos e vídeos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.

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Guiné 63/74 - P13592: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (7): Primeiro, Wakefield e arredores, depois Derbyshire

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Agosto de 2014:

Queridos amigos,
Estamos em Julho e volto a Inglaterra.
A maior satisfação era ter comigo a Joana e a Benedita.
Começamos na região de Yorkshire e depois subimos até Derbyshire. Vimos parques, museus, exposições, passeámos em florestas, entrámos em casas magnificentes como Hardwick Hall e Temple Newsam House. Não faltaram jardins nem passeatas por os parques infantis. Contagiei a Joana com as visitas às charity shops, onde se compra bom e barato, praticando filantropia. Ali me abasteço de roupa, de música, de quinquilharia vária. Tivemos sorte com o tempo. E todos queremos voltar, haja oportunidade, pois claro.

Um abraço do
Mário


Biblioteca em férias (7)

Primeiro, Wakefield e arredores, depois Derbyshire

Beja Santos

Aterrou-se em Manchester e viajámos imediatamente para Wakefield, pedi para irmos visitar um museu onde tinha encontro aprazado com a escultora do século XX que mais admiro, Barbara Hepworth. Entrámos no museu, a Benedita deslumbrou-se com aqueles minérios incandescentes de um artista cujo nome não retive e posou para a câmara, penso que ela julgou que estava numa sala de brinquedos.


Barbara Hepworth foi altamente influenciada por Brancusi mas cedo ganhou autonomia. É uma escultura que apela às raízes fundas da natureza, sentimos a cultura megalítica, as árvores, os cursos de água; mas há algo de anatómico naquela pedra polida, permanentemente esburacada, por vezes é o ente humano reduzido ao esquematismo, parece que a artista regista o fundamental da nossa magnitude, é tudo tão depurado que não é preciso pedir mais, contentamo-nos com a justa medida.


Deambulando pelo museu, cometi uma barbaridade: à socapa, disparei o flash sobre esta pintura de Fernand Léger, felizmente foi a alguma distância, a vigilante veio alvoraçada: No flash! No photos! O mal estava feito. Nunca mais vou esquecer este quadro de Fernand Léger, cores suaves, está marcado pelo cubismo, ainda não é o Fernand Léger das construções maquinais, das tubagens e seres humanos quase tirados da BD.


Continuamos em Wakefield, estamos agora de visita ao parque de esculturas de Yorkshire, espaço de serenidade pontoado por esculturas extremamente originais. Foi a vez da Joana se sentar ao lado de figuras mudas, gostei da fotografia, se me permitem a imodéstia.


Almoçámos no parque e seguimos para Temple Newsam House, na região de Leeds, é uma casa esplêndida em mobiliário, pintura, cerâmica, têxteis, prataria, é só riqueza, magnificência. A Benedita esteve-se nas tintas, queria brincar, pular, pôr tudo num badanal. E ganhou, visitámos a casa à pressa, a correr atrás dela, neta menos fleumática não pode ser, os vigilantes de expressão severa, a Benedita só queria correr, a riqueza não a impressionou.


Já estamos em Derbyshire, impunha-se mostrar à Joana Hardwick Hall, mandada construir por Bess de Hardwick, a mulher mais rica do seu tempo, viveu sempre nas graças de Isabel I. Não conheço uma sala como esta, tão contemporânea do início do século XVII, Bess devia ter dinheiro graúdo, uma parte da casa aparece forrada com toda esta tapeçaria flamenga, esplendorosa e bem mantida. A Joana sentiu-se bem, e eu feliz por vê-la feliz.


Mudámos de paragem, estamos no Peak District, onde se situa o primeiro parque nacional. Ilam Hall é uma casa vitoriana reconvertida em albergue de juventude. Ali perto, com as ovelhas a balir à volta, temos a capela e gostei muito deste túmulo jacente, são belas esculturas, impressionantes. Não resisti e pumba. Espero que gostem.


Agora estamos em Buxton, cidade termal, com ópera, hotéis luxuosos, parques frondosos, por ali, entre os séculos XIX e XX passearam-se os que vinham a banhos. Estava um dia de sol e havia uma exposição de carripanas gloriosas do passado, com intervenções imaginativas. Filha e neta estavam divertidas. Eu não menos, este registo impunha-se.


E passámos para o parque infantil, a Benedita viveu momentos gloriosos, nunca conhecera tamanho escorrega, gostou que se fartou, misturou-se com os mais crescidos, subiu e desceu inúmeras vezes, nunca se cansou, nós a debitar de quinze em quinze minutos duas libras esterlinas, ela queria divertir-se, indiferente ao valor da libra. E todos nós contentes com o contentamento dela.

E ficamos por aqui, vamos para a última jornada, ver parques, jardins sumptuosos, Haddon Halle, berços da Revolução Industrial, em Cromford, Derwent Valley, Matlock e depois Hartington e Eyam. Não há bem que sempre dure, acabaram as férias. O importante é mesmo o que fica: estas gratas memórias, vermos as pessoas que amamos felizes. E esta intensa vontade de querer voltar, Inglaterra vale.

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Setembro de 2014 > > Guiné 63/74 - P13563: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (6): De Swanage para Faringdon, de Dorset para Oxford