quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13918: (Ex)citações (249): Quando os barcos chegavam ao porto fluvial de Bambadinca: fotos de Jaime Machado e legendas de Beja Santos


Foto nº 1 A 


Foto nº 1 


Foto nº 2 A


Foto º 2 


Foto n~º 3 A


Foto nº 3

Guiné > Zona leste > Bambadinca > c. 1968/69 > Bambadinca e o seu porto fluvial [Fotos nº 1 e 2];  vista parcial de Bambadinca, rio Geba e bolanha de Finete, a partir do cima da rampa de acesso ao aquartelamento e posto administrativo.  A partir de 24 de novembro de 1969, a administração do porto de Bambadinca passou a dispor dum autogrua mais potente, a Galion, que veio substituir a auto grua Fuchs (que se sê na foto nº 1 A). Na história do BCAÇ 2852, lê-se que no dia 25/11/1969, o 2º comandante do BENG 447 visitou a sede do batalhão, visita essa que só pode estar relacionada com a entrega da autogrua Galion, permitindo melhorar as operações de carga e descarga no porto fluvial de Bambadinca.

A autogrua Galion veio de LDG de Bissau até ao Xime, e depois foi escoltada pela CCAÇ 12 até a Bambadinca, numa viagem cheia de peripécias que nos obrigou a dormir no mato, devido a um enorme atascanço a meio do troço (,ainda não havia estrada alcatroada!)... Nessa dia, 24 de novembro de 1969, o nosso querido camarada e amigo Tony Levzinho  celebrou as suas 22 com a companhia infernal da mosquitada,.. (LG)


1. Bambadinca, mesmo quando o porto do Xime ganhou projecção, a partir de finais de 1969, era o escoadouro de mercadorias do Leste, manteve durante a guerra um papel de primeira grandeza no aprovisionamento de todos os aquartelamentos [. Foto nº1 ]. Consigo distinguir o Ismael Augusto [, ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70], respondia por tudo quanto fossem viaturas e peças. É o primeiro à esquerda [Foto nº 1 A]. 

Hoje tudo desapareceu, restam umas estacas.

Um outro ângulo do porto de Bambadinca, em tempo de azáfama [Foto nº 2]. Tanto era possível aqui chegar um batelão que levava mancarra, como embarcações com passageiros e carga (foi o que me coube, numa viagem de 10 horas, de Bissau até aqui, passando meteoricamente por Porto Gole, em 2 de Agosto de 1968), como vários comboios de carga ou LDP ou LDM com equipamento militar [, e até LDG, pelo menos até 1967]

A partir de Outubro de 1969, a situação mudou com as obras do porto do Xime que o tornaram mais atractivo para o transporte de material militar e tropas. E com o alcatroamento [,mais tarde, em 1971/72] e a capinação abundante das bermas, entre o Xime e Amedalai, reduziram-se substancialmente os riscos de emboscadas e mina.

Esta Bambadinca a caminhar para o rio Geba já não existe [Foto nº 3]. Esta estrada graciosa transformou-se num caminho cheio de capim, nas bermas agonizam edifícios que há 40 anos fervilhavam de vida, com comércios de todo o tipo. São verdes com que hoje não se captam imagens, era o verde da Fuji.

Ao fundo, do lado direito, o Bairro Joli e Santa Helena [, Foto nº 3 A]; no fundo, do lado esquerdo, sente-se o porto de Bambadinca e, mais adiante ,a bolanha de Finete. 

Vivi este ambiente que o Jaime Machado captou do extremo do quartel, num amplo balcão. Como gosto desta minha Bambadinca.


Fotos: Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70)  [, foto atual à direita]

[Edição: LG]

Legendas:  Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13914: (Ex)citações (248): Ainda a embarcação "Bubaque", antiga LP4, antiga traineira de pesca algarvia... Comprada como sucata à Marinha, foi a embarcação da carreira regular Bissau-Bambadinca- Bissau (Ambasciatore Manuel Amante da Rosa)

Guiné 63/74 - P13917: Meteorologia na Guiné (Jorge Teixeira - Portojo - ex-Fur Mil do Pel Canh S/R 2054)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo), (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), enviada no dia 18 de Novembro de 2014 a propósito do recente falecimento do meteorologista Anthímio Azevedo:

Amigo Carlos,
Ao ler a história de vida do meteorologista Anthímio de Azevedo falecido ontem, lembrei-me dos meteorologistas que passaram por Catió. Também o Anthímio passou pela Guiné entre 67 e 71, aonde regressou já depois da revolução, entre 76 e 77. Ver o artigo da autoria de Teresa Firmino no jornal Público

Cruzei-me durante a comissão com vários meteorologistas ligados à Força Aérea, que faziam medições de humidade e outras coisas a partir de um aparelho localizado no "aeroporto" de Catió.

Embora me tenham explicado o quanto eram importantes essas medições, agora já não me recordo delas, das explicações, mas lembro que nos ríamos fazendo perguntas do tipo, se formos atacados os Fiat's não saem porque a tua leitura meteorológica dá nuvens negras ou muita chuva para o sector?. Ou calor que derrete as chapas dos bichos? Imagina estarmos a levar na corneta e só porque mandaste uma mensagem negativa sobre o sector e estares aqui connosco a aguentar sem ajuda dos céus. Os abrigos são só para os das transmissões, não dão para todos.
Enfim, aquelas cenas com que o pessoal do mato atrofiava a cabeça dos senhores de Bissau vindos para passar uma temporada connosco.

Um dia experimentámos o Cabo Mendes, Meteorologista da Força Aérea e as suas investigações meteorológicas. Estava no final a comissão da CCS do BART 1913. Uma malta que nunca esquecerei.
Resolvemos ir mijar no recipiente que recolhia a humidade ou lá que era do aparelhómetro colocado no aeroporto. O Mendes ia dando em maluco porque não poderia haver tanta humidade que enchesse o "cantarinho". Não sabia o que fazer para mandar a mensagem diária.
Já não me lembro como tudo acabou. Mas ele deve ter aldrabado os registos.

Estas lembranças são porque morreu um senhor comunicador e cientista, Ahthímio de Azevedo, Açoriano.

Madrugada da despedida da CCS do BART1913: Da esquerda para a direita: Ernesto, nome próprio, Ché Guevara, apelido; Eu; Cabo Mendes meteorologista da FA e Quim Mendes, Artilheiro.

Nesta foto: De costas e à esquerda, dois meteorologistas da FA - os nomes esqueci. Os outros jogadores são o Quim Mendes da Artilharia; também esqueci o nome do outro jogador, um sapador. Os assistentes são o André e o Arménio Almeida.

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Guiné 63/74 - P13916: Perfil da CCAÇ 1498 / BCAÇ 1876 - "Os Vagabundos" (Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, com data de 8 de Novembro de 2014:

Camarada Carlos Vinhal:
Dando sequência à minha primeira iniciativa - após a qual decorreu uma eternidade – penso na frase que me dirigiste: “sê bem-vindo a esta Tertúlia de ex-combatentes”.
Foi simpática a maneira de receberes o “periquito”. Agradeço essa tua generosidade. Sinto pouco à vontade a tratar-te por tu. Mas, como é timbre do blogue e como, tão bem, recomendaste… assim seja!
 “Muitos não seremos de mais para relatar as memórias e deixar testemunhos fotográficos da guerra da Guiné”. – Tentarei fazer deste teu lema a minha divisa.
Assim:
Começo por fazer a apresentação - à laia de “Bilhete de Identidade” - do perfil da COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”.

Para ti e para toda a Tertúlia
Um forte abraço
A. Teixeira da Silva


 COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”


 A CCAÇ 1498 é uma Sub-Unidade do BCAÇ 1876 pertencente ao RI 2 - Regimento de Infantaria n.º 2 de Abrantes.

Embora abrantina foi em Santa Margarida que fez a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) com vista à Guerra Colonial.

- Embarcou no dia 20/JAN/66, com destino à Guiné, na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, no navio motor Uíge, o qual lançou âncora, nas águas do Geba, cinco dias depois.

- Desembarcou às primeiras horas do dia seguinte e, sem ver Bissau - acontecimento invulgar com tropas recém-chegadas - partiu para o mato sob escolta fortemente armada;

Em João Landim, na margem esquerda do Rio Mansoa, sofre a primeira decepção. Viu-se fraccionada em três grupos autónomos, em cumprimento da missão que lhe haviam destinado. Cambou o rio, numa geringonça ladeada por bóias de bidões de gasolina vazios, ao encontro de veteranos a caminho da peluda. Deles adquire armamento - G3 e munições - num ritual enfadonho, sob a inclemência de sol escaldante, ao ritmo pachorrento de dois escreventes, que as desarriscavam e arrolavam numa e noutra lauda;

Disseram-lhe que ali era a fronteira da guerra. Com armas apontadas a um inimigo imaginário, chegou aos locais que a esperavam. Có (onde assentou comando e secretaria), Jolmete e Ponate.

Afastada do seu Batalhão de origem, subordina-se ao BCAV 790, sediado em BULA, de que é comandante Henrique Calado, Tenente-Coronel de Cavalaria;

Em 02/FEV/66 - com 8 dias apenas - é baptizada pelo IN, na mata de JOL, ao participar numa Operação com o seu Grupo de Ponate;

Em 01/FEV/67 - com 12 meses de comissão - reagrupou-se em BINAR, ficando, então, dependente do seu Batalhão de origem (BCAÇ 1876) entretanto chegado a BULA para render o BCAV 790, cuja comissão havia terminado;

Em 19/SET/67 - com 20 meses de mato - chega o momento de conhecer Bissau. Despede-se de BINAR entregando a missão à CART 1647;

Volta a cambar o Mansoa. Aquartela-se no QG, em Santa Luzia (vulgo seiscentos) aguarda o Uíge e regressa à Metrópole;

Em10/NOV/67 desembarca em Alcântara com a missão cumprida.


CONTACTOS COM INIMIGO
- 48 Em Golpes de Mão, Emboscadas ou Flagelações;
- 10 Ataques ao Quartel;
- 03 Minas anti-carro;
- 01 Mina anti-pessoal;


MORTOS E FERIDOS EM COMBATE 
- 06 Mortos;
- 21 Feridos;


PUNIÇÕES - 11 
- Três com 5 dias de prisão disciplinar
- Um com 8 dias -
- Cinco com 10 dias -
- Um com 15 dias
- Um com 20 dias.


LOUVORES E CONDECORAÇÕES 
- 38 Louvores
- 08 Condecorações
- 03 Cruzes de Guerra


CITAÇÃO HONROSA

“Este comando (CTIG) felicita a CCAÇ 1498 pela valentia de que deu provas nas operações “Buldogue” e “Balear”. 
- Ao fim de 18 meses consecutivos no mato, parte dos quais num aquartelamento sujeito a numerosos e fortes ataques do IN, a sua recuperação moral e física mostram bem quanto vale a força de vontade quando com elevado espírito patriótico se sabe querer".


LOUVOR COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ 

LOUVOR
- Louvo a C. Caçadores 1498/RI 2, porque sendo uma Companhia que passou toda a sua comissão no interior da Província, logo desde o início sofreu as contingências da guerra, a inclemência do clima e o choque das primeiras baixas provocadas pelo IN, entre as quais o seu Comandante de Companhia.
E ainda porque sendo uma Companhia considerada pelo Comando do Batalhão a que esteve de reforço, e com razão uma Sub-Unidade cansada, soube, uma vez regressada ao seu Batalhão orgânico e depois de reagrupados os seus Pelotões, ressurgir completamente e evidenciar-se pela sua vontade, energia, determinação e agressividade que vem patenteando no combate, caça e perseguição ao IN onde quer que ele se encontre. E tão extraordinário é o rejuvenescimento desta Companhia que, apesar de desfalcada de alguns dos seus elementos, quer por doença, quer devido à mudança de situação, com os que ficam, não hesita em lançar-se em operações mesmo em dias consecutivos como já aconteceu, sempre que detecta a presença do IN em qualquer zona do seu sector, dando-lhe caça, capturando alguns dos seus elementos, perseguindo-o, capturando material, etc., e estando sempre pronta a voltar à carga sempre que o IN se revele.
Pela sua actuação em combate e pelas consequências sofridas pelo IN, tem-se este encarniçado contra o seu Aquartelamento em ataques violentos, sem que, contudo, tenha feito esfriar o entusiasmo de todos os Oficiais, Sargentos e Praças da Companhia, antes porém parece contribuir para lhes estimular a determinação, a vontade e o querer, na luta enérgica e sem tréguas que sempre lhe move.
Destacam-se entre as muitas operações que realizou, as Op. «Banidor, Biqueirada, Buganvília, Bengala, Bravura, Buldogue, Balear, Brusca, Bonaparte, Bastidor e Balroa», que merecem referências especiais pelos resultados obtidos, quer em baixas causadas ao IN, na vontade e apego postos na luta, no material capturado e muito especialmente nos documentos capturados na Op. «Buldogue» que se revelaram de extraordinária importância para o CTIG.
Por tudo, e porque é uma Companhia com a qual se pode contar, sem contestação até ao último minuto da sua permanência na Província, pelo seu espírito de corpo fundamental numa tropa, pela coesão dos seus Oficiais, Sargentos e Praças que vibram em uníssono, se comportam com a mesma determinação, a mesma valentia, o mesmo querer, merece bem a C. Caç.1498 ser apontada e justamente considerada como uma esplêndida Sub-Unidade do Batalhão, que muito prestigia ao mesmo tempo que muito honra o Exército a que pertence e que luta intransigentemente pelos ideais da Pátria e integridade do solo Português em África.

BISSAU, 12 DE Outubro de 1967

O COMANDANTE MILITAR
Victor Novais Gonçalves Briga

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Guiné 63/74 - P13915: Álbum fotográfico do Victor Neto, ex-fur mil, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Cachil: parte III: A Lancha LD4, que fazia a "carreira" Catió-Cachil... [A ligação de Cachil, na margem esquerda do Rio Cobade, a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió]


Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Foto nº 7 > A lancha do Cachil, que vinha de Catió,,, A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade) a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère (em cuja margem direita se situava o porto exterior de Catió)]

Foto do álbum do ex-fur mil Victor Neto, da CCAÇ 557, enviada pelo incansável José Colaço, nosso grã-tabanqueiro.

Foto: © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição : LG]


1.  Mensagem de José Colaço, em resposta ao nosso pedido de fotos e outras informações sobre a embarcação "Bubaque" (*):

Data: 18 de Novembro de 2014 às 18:37
Assunto: Lancha LD4.

Luís,  envio foto do álbum do camarada Victor Neto (**): trata-se da lancha LD4 que navegou nos anos 1964 a 68 no rio Cagopère,  de Catió para o Cachil,  para o abastecimento de,  entre vários mantimentos,  o precioso líquido,  a água.

A ideia que eu tinha é que era esta lancha, a  LD4, que foi adaptada,  depois de ser abatida ao contingente da  marinha,  para o barco de passageiros Bissau-Bubaque... Errado ? (**)

Um abraço
José Colaço

[ex-sol trms,  CCAÇ 557,
Cachil,Bissau e Bafatá, 1963/65]


2. Comentário de L.G.:

Zé,  obrigado. O barco que está aqui em casa é o "Bubaque" que fazia a carreira Bissau-Bambadinca (e viceversa)... e não Bissau-Bubaque. O Manuel Amante diz que ela, enquanto LP 4 [ Lancha de Patrulha, e não de Desembarque], terá participado na Op Tridente ou batalha do Como (Jan-mar 1964)... Teve uma vida efémera na Marinha (de junho de 1963 a março de 1964)... O pai do Manuel Manuel adquiriu à Marinha uma LP4 e uma LP3... Abraço grande do LG.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13914: (Ex)citações (248): Ainda a embarcação "Bubaque", antiga LP4, antiga traineira de pesca algarvia... Comprada como sucata à Marinha, foi a embarcação da carreira regular Bissau-Bambadinca- Bissau (Ambasciatore Manuel Amante da Rosa)

(**) Últimpo poste da série > 8 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13707: Álbum fotográfico do Victor Neto, ex-fur mil, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > Cachil: parte II: tempo de lutar, tempo de folgar, tempo de rezar

Guiné 63/74 - P13914: (Ex)citações (248): Ainda a embarcação "Bubaque", antiga LP4, antiga traineira de pesca algarvia... Comprada como sucata à Marinha, foi a embarcação da carreira regular Bissau-Bambadinca- Bissau (Ambasciatore Manuel Amante da Rosa)


Guiné > s/d > s/ l >  A embarcação "Bubaque", ostentando a bandeira portuguesa... Antiga LP 4 (Lancha de Patrulha 4, da nossa Marinha, no ativo entre 1963 e 1964), terá sido anteriormente uma  traineira de pesca, algarvia... Depois de abatida ao efetivo, foi comprada pelo pai do nosso camarada Manuel Amante da Rosa,  hoje embaixador da República de Cabo Verde em Roma.

Foto: © Manuel  Amante da Rosa (2014). Todos os direitos reservados. 8Edição: LG]


1. Comentário de L G. 

Manuel: Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!...

Aí tens o teu barcco, o Bubaque [, foto nº1] (*)... Presumo que a foto seja de 1972... O Jorge Araújo foi depois para Mansambo nos primeiros meses de 1973... É seguramente foto anterior ao ataque do dia 1/6/1973, às 1h30h da manhã, que tu dizes ter acontecido... por engano.

De qualquer modo, houve dois feridos graves entre a tripulação e o teu pai poderia ter morrido... Os feridos devem sido atingidos por RPG (LGFog), disparado da margem direita do Rio Geba Estreito, em São Belchior, antes de chegar a Bambadinca...

O PAIGC já não podia atacar no Mato Cão porque havia lá um destacamento das NT... No meu tempo, patrulhávamos o Mato Cão sempre que havia passagem de barcos civis... Qualquer que fosse a hora de passagem... Geralmente a desoras, porque as marés é que mandavam...

Um dia assisti ao espetáculo único (e insólito), do leito do Rio Geba Estreito vazio... Depois veio o macaréu, com um barulho característico (medonho...) e tapou de novo o leito do rio... Nunca mais esqueci...

Obrigado pelo recorte do Diário da República... Tudo indica que estas LP (Lanchas de Patrulha) foram uma solução de emergência por parte da Marinha... Estiveram ao serviço menos de um ano!...

Não há fotos da LP 4!... Talvez o Manuel Lema Santos nos possa dar mais pistas sobre estas misteriosas LP... que faziam parte da Marinha.. pobre, como tu ben dizes...Nem devem fazer parte da história da nossa gloriosa Armada...

E já agora quanto é que o teu pai deu pela sucata ? E quanto era o bilhete de viagem ? Já não me lembro... Os militares não pagavam ? Ainda te recordas ?

E o teu pai tinha lucro ? ...Era o negócio dele, da família... Vocês tinham mais barcos ?...

Buona sera, ambasciatore... LG

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Guiné 63/74 - P13913: Parabéns a você (818): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13901: Parabéns a você (817): José António Viegas, ex-Fur Mil Art do Pel Caç Nat 54 (Guiné, 1966/68)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13912: (Ex)citações (247): A embarcação "Bubaque", da carreira Bissau-Bambadinca-Bissau (Manuel Amante / Jorge Araújo / J. F. Santos Ribeiro)



Foto nº 1 > Rio Geba > c.- 1973 > Uma canoa em primeiro plano, e ao fuindo, o Xime e um braco de transprote de passageiros que, segundo o Manuel Amante, é(era) o seu "Bibaque"...A voto é tirada da margem direita, do aldo do Enxalé

Foto: © Jorge Araújo  (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


Foto nº 1-A


Foto nº 2 > O "barco turrra", segundo a expressão usada pelas NT...

Foto: © J. F. Santos Ribeiro (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


Foto nº 3 > 1967 > Bissau > Porto > Estivadores

Foto: © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

Foto nº 4 > 1967 > Rio Geba > Ponta Varela, na margem esquerda, antes de se chegar ao Xime >  Viagem de LDG a caminho do leste


Foto nº 5  > 1967 > Bambadinca > Porto fluvial >  Aproximação de LDG >


Foto nº 6 > 1967 > Bambadinca > Porto fluvial >  Aproximação de LDG > Fotos [3, 4, 5, 6] do álbum do  João Martins [, ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69 ]

1.  Mensagem enviada pelo correio  interno da Tabanca Grande, esta manhã:

Amigos e camaradas: a conversa sobre a "nossa" Guiné é como as cerejas... Conversa puxa conversa e lá vamos dar ao nosso querido "Bubaque", o barco de passageiros onde muitos de nós, rapaziada do leste, íamos  de Bambadinca [, fotos nº 5 e 6] até  Bissau [, Foto nº 3], para ir de férias (via TAP) ou fazer uma escapadela...

Viagem memorável, de dia ou de noite, que implicava passar por pontos temíveis do Rio Geba Estreito (Ou Xaianga) como o Mato Cão e, à saída do Xime, a Ponta Varela [, Foto nº 4]...

Quem tem recordações dessas viagens ? E sobretudo fotos, nomeadamente do "Bubaque" (,. atacado em 1/6/1973, às 1h30, ao que parece por erro de identificação ? (*)...

O "Bubaque", a "Bor" e outros barcos civis (também conhecidos por "barcos turras") fazem parte do nosso património de memórias,,, A Tabanca Grande agradece... Saudações. Luís Graça

2. Respostas imediatas:

(i) Manuel Amante [ex-fir mil, BINT, Bissau, 1973%74]

Meu Caro Luís,

Tenho uma [foto] ue te poderá servir. Envio mais logo porque esta no Ipad.

Mas das minhas pesquisas sobre as Lanchas Patrulhas da Marinha Pobre (traineiras de madeira algarvias de popa redonda transformadas em lanchas patrulhas) descobri a Portaria das LP.
E vai em anexo. 
Abraços. Manuel



(ii)  Jorge Araújo [ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime, Enxalé e Mansambo, 19723/74]

 Caro Luís,

Ontem iniciei a elaboração de uma nova narrativa [efeméride] sobre a actividade operacional da CART 3494. agora no Enxalé. Como depois de almoço sigo para Portimão (ISMAT), só lá para 6.ª feira é que estará concluída.

Entretanto, uma das imagens que vou utilizar para enquadrar o texto é a que anexo [Foto nº 1, acima].
Será que se trata do Bubaque? Não sei... É a resposta, possível, ao presente apelo.

Boa semana e um abraço, Jorge Araújo.


Junto envio foto no chamado barco "turra" [, Foto nº 2]....De Bissau até Bafatá em 1971 (1º cabo trms, CCS/BCaç.2912, Galomaro, 1970/72)...

(iv) Manuel Amante:

Este não. [Foto nº2].

O anterior sim [Foto nº 1].
.
A casa de leme do Bubaque era à proa e tinha um toldo a quase todo o cumprimento.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de novembro de  2014 > Guiné 63(74 - P13909: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XVII: junho de 1973: dois ataques à navegação no Rio Geba Estreito, sendo o mais grave contra a nossa conhecida embarcação "Bubaque", propriedade do empresário Amante da Rosa, e que fazia o trajeto regular Bissau-Bambadinca.Bissau

(**) Ùltimo poste da série > 5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13850: (Ex)citações (246): Ainda o rebentamento de uma granada no meio da população de Ganturé, durante um batuque (Mário Vitorino Gaspar)

Guiné 63/74 - P13911: Agenda cultural (358): Lançamento do 15.º livro da colecção Fim do Império "O General Ramalho Eanes e a História Recente de Portugal", de Vieira Pinto, dia 25 de Novembro de 2014, pelas 15h00, no IASFA/CASOeiras, Auditório Princesa Benedita (Manuel Barão da Cunha)


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Nota do editor

Último poste da série de 17 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13906: Agenda cultural (357): Apresentação do livro "Nós Enfermeiras Paraquedistas", dia 26 de Novembro de 2014, pelas 18h00, no Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide (Miguel Pessoa)

Guiné 63/74 - P13910: Efemérides (178): Evocação do Centenário da I Grande Guerra na cidade de Vila do Conde (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

MEMORIAL DA I GRANDE GUERRA EM VILA DO CONDE
© Ribeiro Agostinho


15.11.2014 – Cerimónia Evocativa do Centenário da Grande Guerra

No dia 15 de Novembro de 2014, o Núcleo da Liga dos Combatentes de Matosinhos realizou a cerimónia da Evocação do I Centenário da Grande Guerra, na cidade de Vila do Conde (Largo da Meia Laranja), com a colaboração da Câmara Municipal de Vila do Conde e da Associação Social e Cultural dos Vilacondenses Ex-combatentes do Ultramar.

Vista panorâmica da Cerimónia. © LC

Numa manhã caracterizada por condições extremamente adversas em termos meteorológicos (vento forte e chuva em regime de fortes aguaceiros), a cerimónia foi presidida pelo Sr. Tenente Coronel Bruno Neves da Escola Prática de Serviços e contou ainda com a presença da Sr.ª Presidente da Câmara, Elisa Ferraz, Vereadores da autarquia, Presidente do Núcleo de Ribeirão, Presidente da Associação de Combatentes de Vila do Conde, autoridades militares e civis da cidade, representantes de associações locais, alunos do Agrupamento de Escolas D. Afonso Sanches, muitos sócios da Liga e da Associação de Combatentes local e população em geral.

Guião do Núcleo de Matosinhos em primeiro plano. © RA

Posicionaram-se no local os porta-guiões do Núcleo de Matosinhos, do Núcleo de Ribeirão, da Associação de Combatentes de Vila do Conde e os estandartes de várias coletividades de Vila do Conde.

A cerimónia teve início com a chamada dos 32 combatentes do concelho mortos na Grande Guerra, por três combatentes do Ultramar naturais de Vila do Conde, seguida da deposição de coroa de flores transportada por dois militares da Escola Prática de Serviços e com a prestação das honras militares por um clarim e uma Secção daquela Escola, leitura da prece religiosa pelo Reverendíssimo Prior, Padre Dr. Paulo César Dias, leitura das mensagens do Exmo. Sr. Presidente da Liga dos Combatentes e do Exmo. Sr. Presidente da República, descerramento de placa alusiva pela Presidente da Câmara e pelo Tenente Coronel Bruno Neves acompanhados pelo Presidente do Núcleo, Tenente Coronel Armando Costa.

Entidades que presidiram à cerimónia de Evocação: TCor Armando Costa, Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes; TCor Bruno Neves, 2.º Comandante da Escola Prática de Serviços e Dra. Elisa Ferraz, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde. © LC

Carlos Vinhal, na qualidade de vilacondense, iniciou a chamada dos Combatentes de Vila do Conde caídos em campanha na I Grande Guerra. © CV
 
Deposição da Coroa de Flores na base do Monumento. © LC

Toque de Homenagem aos Mortos. © LC

Leitura da mensagem do General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, a cargo do TCor Armando Costa. © LC

Leitura da mensagem do Presidente da República, Prof Cavaco Silva, a cargo de um Oficial da Escola Prática de Serviços. © LC

Descerramento da Placa Evocativa do Centenário da I Grande Guerra. © LC

A referida cerimónia terminou com a atuação do Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos que cantou a Vila do Conde o Hino da Liga dos Combatentes de uma forma brilhante, apesar de no decorrer da sua atuação ter chovido copiosamente, dando assim um exemplo de grande determinação e estoicismo.

O Coro do Núcleo de Matosinhos interpretou, já debaixo de chuva impiedosa, o Hino da Liga dos Combatentes. © LC

Por iniciativa da Sra. Presidente da autarquia, o programa desta Evocação terminou no Salão Nobre dos Paços do Concelho que foi completamente preenchido pela assistência e onde se assistiu a uma alocução daquela autarca que se dirigiu a todos os presentes, chamando especial atenção aos jovens para a necessidade de se manter bem viva a memória daqueles que foram um exemplo de coragem e sacrifício, combatendo em guerras que fizeram a história da Humanidade.

A Presidente da Edilidade no uso da palavra. © LC

Por último, o Tenente Coronel Armando Costa na sua alocução referiu que esta evocação é de grande importância para a Liga dos Combatentes, já que esta instituição nasceu fruto das exigências e consequências da 1.ª Guerra Mundial, em proteger e defender os legítimos interesses dos ex-combatentes.

O Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes na sua alocução. © LC

Seguiu-se uma troca de lembranças entre aquelas duas individualidades sendo que por fim num ambiente mais informal e de salutar convívio, decorreu um Porto de Honra oferecido pela autarquia, durante o qual foi lançado o Grito da Liga pelo Presidente do Núcleo tendo sido acompanhado entusiasticamente por todos os presentes.

O TCor Armando Costa entrega à Dra. Elisa Ferraz a Medalha Comemorativa do Centenário da I Grande Guerra. © LC

O TCor Armando Costa recebe das mãos da Dra. Elisa Ferraz um livro sobre Vila do Conde. © LC

Vista parcial da assistência presente no Salão Nobre. © LC

Texto: Liga dos Combatentes
Fotos: © Liga dos Combatentes, Carlos Vinhal e Ribeiro Agostinho
Legendas: Carlos Vinhal

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Comentário do Editor:

Lamentavelmente, a Força Militar que esteve presente na Cerimónia chegou atrasada mais de 1 hora, alegando desconhecimento do local do evento.
Para quem não conhece, fica a informação de que o local da cerimónia dista menos de 10 quilómetros da Escola Prática de Serviços, já que o Quartel fica situado no Concelho vizinho da Póvoa de Varzim.
No mínimo estranho, não terem feito na véspera o reconhecimento prévio.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13855: Efemérides (177): A guerra, a água e o nosso 1.º de Novembro de há 50 anos… (Manuel Luís Lomba)

Guiné 63(74 - P13909: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XVII: junho de 1973: dois ataques à navegação no Rio Geba Estreito, sendo o mais grave contra a nossa conhecida embarcação "Bubaque", propriedade do empresário Amante da Rosa, e que fazia o trajeto regular Bissau-Bambadinca.Bissau


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > c. 1970, +epoca seca > Vista aérea do Rio Geba Estreito onde a circulação de barcos civis de transporte de pessoas e mercadorias, no troço entre a foz do Corubal e  Bambadinca estava mais sujeita a ataques e flagelações do IN (em especial em Ponta Varela e no Mato Cão).

Infelizmente não temos nenhuma foto da embarcação "Bubaque", uma antiga Lancha de Patrulha, LP 4, adquirida à Marinha Portuguesa em 1964, como sucata, e transformada em barco de passageiros. Muitos militares do leste, como eu, fizeram esta memorável viagem Bambadinca-Bissau ou Bissau-Bambadinca.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]



1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir e cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso temos indicado); economista, bancário reformado, formador; foto atual à  esquerda].


O destaque do mês de junho de 1973 (pp. 57/59)  vai para o ataque, à 1 hora e meia da noite, do dia 1, ao barco civil, "Bubaque" (**), no Geba Estreito, no troço entre Bambadinca e  o Xime, em São Belchior, antes do Mato Cão (que nesta altuar já tem um destacamento permanente das NT); ia a bordo o proprietário e capitão do barco, o Amante da Rosa, pai do nosso camarada (e diplomata, cabo verdiano) Manuel Amante. Uma semana e tal depois, a 10 de junho, ao cair da tarde, há novo ataque, desta vez em Ponta Varela, a oeste do Xime, a um comboio de 3 barcos civis (LG).


Junho de 1973:  dois ataques à navegação no Rio Geba Estreito, sendo o mais grave contra a nossa conhecida  embarcação "Bubaque", propriedade  do empresário Amante da Rosa








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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de novembro de 2014 >  Guiiné 63/74 - P13898: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XVI: maio de 1973: o IN recruta coercivamente mancebos nas tabancas sob seu controlo (Poindom, Ponta Varela, Ponta Luís Dias e Ponta do Inglês): um dos recrutas era informador das NT


(**) Vd poste  de Manuel Amante da Rosa [, nosso camarada de armas (, prestou serviço  no BINT, Bissau, 1973/74),  cidadão cabo-verdiano, embaixador, membro da nossa Tabanca Grande desde Maio de 2007; foto à esquerda]:

12 de dezembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5455: Memória dos lugares (60): O Rio Geba e o navio Bubaque, do meu pai (Manuel Amante da Rosa)

(...) deveremos ter saído do sempre atulhado e improvisado cais de Bambadinca às 11 da manhã. Uma a duas horas antes da vazante. Factor regular (horário das marés) que muito nos preocupava para não ficarmos em seco no meio do Mato Cão.

(...) O Bubaque  era do meu Pai que o adquirira à Marinha Portuguesa e o transformara em barco de passageiro com capacidade para 140 ou 180 passageiros, após ter sido abatido à carga. Teria sido antes uma traineira algarvia que foi transformada ainda em Portugal em Lancha Patrulha (o LP4) com uma pesada casamata blindada, em ferro, a meia nau e enviada para a Guiné em princípios de 1960. Muito patrulhou os rios da Guiné,  tendo inclusivamente participado na batalha do Como.

Com a chegada regular das LDM e LDP as 4 LP tornaram-se absoletas e foram abatidas por Decreto do Ministro da Marinha {[. vd. recordte do Diário da Repúblcia, de 25 de março de 1964]. . Eram robustas, aguentavam bem o mar e todas possuiam bons motores.

O Bubaque era muito conhecido na região do Leste. Era a carreira mais regular entre Bissau e Bambadinca e exclusivamente destinada ao transporte de passageiros e suas cargas. 

Era também conhecido por Djanta Kúcia pela sua rapidez na jornada. Significava que se podia almoçar em casa e chegar ao seu destino ainda a tempo de jantar.


 Fiz muitas e muitas viagens nesse navio, mais de dia que de noite, algumas com acidentes e avarias graves no percurso mas, estando a bordo, nunca fomos vítimas de ataque. Meu Pai, sim, numa madrugada em pleno Mato Cão, por erro de identificação. [Provavelmente, o autor refere-se a este ataque do dia 1 de junho de 1973, à 1h30]

Não me parece que tivesse havido alguma vez um acordo ou pagamento de passagem [, ao PAIGC]. Era sabido que só transportavámos passageiros e muitos deles seriam familiares próximos de quem estava na luta, quando não fossem mesmo guerrilheiros ou mensageiros a caminho de Bissau e vice-versa. 


Transportei muitas vezes militares que demandavam e/ou outro porto. Sentiam-se seguros no Bubaque. A viagem directa Bambadinca-Bissau demorava em média de 5 a 6 horas, duas das quais na auto-estrada do Mato Cão,  a parte que mais encanto me dava. A subir era sempre menos.

No Geba largo, no tempo das chuvas e tornados, a preocupação era evidente devido às vagas curtas, sempre de través e instabilidade da massa humana a fugir da chuva ou a agachar-se do vento a sotavento dele. Nessas ocasiões aproximavamo-nos da margem oposta passando por Jabadá e Enxudé até cortar directo para oeste de Cumeré, passar entre a ponte cais e o ilhéu do Rei e atracar no Pidjiguiti. No outro dia, a favor da maré, lá se iniciava uma outra jornada.  (...)


[Seleção, itálido, bold e realce a amarelo: LG]


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Vd também os postes de:

23 de outubro de  2010 > Guiné 63/74 - P7164: Meu pai, meu velho, meu camarada (24): Bijagós, memórias de menino e moço (Manuel Amante)

12 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5453: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917. Dez 69/Mai 71) (5): O grande Rio Geba

27 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1787: Embaixador Manuel Amante (Cabo Verde): Por esse Rio Geba acima...

(...) Na minha infância e adolescência fiz muitas viagens pelo interior da Guiné-Bissau durante a luta de libertação. Mas o que mais me encantava (70/73), pelas paisagens e desafios, era subir o Rio Geba, nas férias ou mesmo nos fins de semana, num dos barcos de passageiros do meu Pai [o Bubaque] (...)

A jornada começava com a enchente da maré, passando por Portogole, Ponta Varela, Xime e daqui para a frente quase sempre a rasar as margens, ora de um lado ora de outro, ver passar o Mato Cão e Nhabijões até chegar ao pequeno mas movimentado porto de Bambadinca, onde sempre havia lanchas e batelões.

Não raras vezes, no regresso, saíamos de noite de Bambadinca rezando, tripulantes e passageiros, para que nada acontecesse até passarmos o Mato Cão. Salvo raras ocasiões as preces foram escutadas. O encanto era absorvente em noites de luar a descer o Geba a favor da maré, com o maquinista a ficar satisfeito, em termos de rotações do motor, só quando via faíscas e fumo espesso a sair da chaminé. Parecia que andávamos numa estrada cheia de curvas tal a velocidade com que descíamos o rio. 

As apreensões só desapareciam, na última curva, quando víamos as luzes do quartel do Xime. De noite Ponta Varela não constituía perigo. Passávamos a uma razoável distância. (...)