segunda-feira, 2 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16040: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (7): A capela do Xime (set 1972) e o nicho de Mansambo (dez 1973)... A devoção mariana e a "canibalização" dos nichos... (Sousa de Castro, 1.º cabo radiotelegrafista, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74)



Fotio nº 1 A  > Mansambo > 19 de dezdembro de 1973 > O Sousa de Castro junto ao nicho, originalmente construído pela CCAÇ 2404 (novembro de 1969/maio de 1970), e que a CART 2714 (1970/72), que veio a seguir, "adaptou"..."Senhora, protege a CART 2714"




Fotoº 1  >  O Sousa de Castro, em Mansambo, em 19 de dezembro de 1973 (data que vem na legenda da foto). 


Foto nº 2 > O Sousa de Castro na capela do Xime, em 17 de setembro de 1972... Pareceque a capela era já pouco usada pela rapaziada da CART 3494 que em março de 1973 foi substituída pela CCAÇ 12, cujos militares, quase todos do recrutamento local, eram fulas e muçulmanos... Havia tamb+em uma pequena mesquita no Xime. A capela cristã, no final, também servia de depósito de caixões com restos mortais de militares portugueses que aguardavam, o transporte fluvial para Bissau.


Fotos: © Sousa de Castro (2016). Todos os direitos reservados




Foto nº 3 >  Nicho construído em Mansambo pela CCAÇ 2404 (Binar e Mansambo, 1968/70). A CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 substituiu a CART 2339, "Os Viriatos" (Mansambo) entre novembro de 1969 e maio de 1970... Foi, por sua vez, rendida pela CART 2714 ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (1970/1972).   A CART 2714 foi rendida pela CART 3493 (que em março de 1963 foi para Cobumba, na região de Tombali), sendo substituída pela  CART 3494, do mesmo batalhão (BART trocou o Xime por Mansambo... O nicho mariano diz: "Senhora protege a CCAÇ 2404"...

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Mansambo > 1996 > Monumento erigido pela CART 2714  ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (1970/1972). Era o único que restava de pé quando o Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) voltou à Guiné, quinze anos depois.

Foto: © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, com data de 30 de zbril, que nos envou o Sousa de Castro [ex-1º cabo radiotelegrafista, CART 3494, Xime e Mansmabo, 1971/74; vive em Viana do Castelo; é o nosso grã-tabanqueiro nº 2]

Duas fotos para completar post em apreço (*)

Ter em conta a legenda do nicho em Mansambo [, comparando com a foto nº 3: a CART 2714 / BART 2917, Mansambo,. 1970/72, "canibalizou" o nicho original que era da CAÇ 2404, BCAÇ 2852, 1968/70]

Cumprimentos,

SdC

2. Comentário do editor:

Obrigado, António, pelo teu "olho clínico". Nunca tinha dado conta deste fenómeno a que se pode chamar, sem ofensa, e com toda a propriedade,  "canibalização": canibalizar, segundo o dicionário, também significa "reaproveitar peças de aparelhos, viaturas, armas, etc., em outros mecanismos semelhantes".

O "desenrascanço" do português, na tropa e na guerra, levava-nos muitos vezes a isso, nomeadamente no caso da manutenção e reparação das viaturas... Mas com monumentos e nichos religiosos ainda não me tinha dado conta... Minto: há pelo menos um caso, aqui já relatado, de aproveitamento de um memorial nosso por parte dos "camaradas do PAIGC" (**)... E putro, muito mais espantoso, de "canibalização" praticada pela naturação: neste caso, trata-se de uma "reapropriação: na natureza nada se perde tudo de transforma, até a carcassa de uma antiga vitura militar das NT, em Guileje (***).

A malta da CART 2714  quando foi para Mansambo aproveitou o nicho constrruído pelos rapazes da CCAÇ 2404 (que lá estiverm uns meses, até acabar a comissão)... E fizeram bem, em procurar a proteção da "santa das santas" Afinal, para a CCAÇ 2404 a guerra já tinha acabado.

De resto, a canibalização é uma prática corrente entre os "povos", a nossa civilização (, as nossas cidades; Lisboa, por exemplo)  é composta de "sucessivas camadas" dos povos conquistados e conquistadores: os lusitanos foram romanizados, cristianizados, islamizados, recristianizados... Das antas fizemos capelas como a Anta de Pavia, hoje monumento nacional!... Das mesquitas (como a de Mértola) fizemos igrejas... E há-se ser assim pelos séculos pelos séculos ("secula seculorum")... LG



Guiné- Bissau > Região de Bafatá > Gabu (antiga Nova Lamega) > Fevereiro de 2005 > O José Couto entre dois militares das Forças Armadas, no centro da parada do antigo quartel das NT, junto ao monumento de homenagem a Amílcar Cabral (que, por sua vez, é uma canibalização do memorial aos mortos do BCAÇ 2893, que esteve ali sediado entre 1969/71).

Foto: © José Couto / Tino Neves (2006). Foto gentilmente cedida por José Couto (ex-furriel miliciano de transmissões, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2005 >  Foto  de uma carcaça de um viatura militar das NT que a natureza "canibalizou" (***)... Foto enviada, como prenda do Nata de 2005 pelo nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014).

Foto: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2005). Todos os direitos reservados

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30 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16034: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (5): Capelas, igrejas e nichos religiosos no mato: fotos de António Santos, Arlindo Roda, Benjamim Durães, Carlos Silva, Jorge Pinto, Mota Tavares, Zé Neto (1929-2007)

(**) Vd. lposte de 7 de dezembro de 2006 >  Guiné 63/74 - P1349: Quartel Novo de Nova Lamego: paredes finas e chapa de zinco (Tino Neves)

(***) Vd. poste de 14 de dezembro de  2005 > Guiné 63/74 - P348: A Nossa Foto de Natal 2005

(...) "Olá, Luís: Há dias falava-te de apropriação da língua portuguesa (...). Depois de vir ontem de Guiledje, onde tirei esta fotografia, posso-te falar de apropriação pela natureza: uma carcaça de camião com mais de 30 anos, envolvida por uma árvore que entretanto por lá nasceu. Nem que se queira, não se pode tirar o esqueleto de lá.... Abraços, Pepito" (...)

domingo, 1 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16039: Atlanticando-me (Tony Borié) (13): O que não te mata, faz-te andar como um coxo

Décimo terceiro episódio da nova série "Atlanticando-me" do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66).




O que não te mata, faz-te andar como um coxo

Companheiros, hoje queríamos falar de coisas alegres, coisas que coloquem no nosso pensamento alguma diversão, que nos façam viver com alguma esperança, que nos façam esquecer a maldita guerra que lá vivemos, coisas que envolvam bom tempo com família e amigos, viagens, antigas paixões, amores, alguns de ocasião, recordações e exageros de juventude, mas... mas, ainda não vai ser hoje, talvez na próxima.

Falamos um pouco da guerra que lá vivemos, no nosso caso, e talvez muitos de vocês, talvez seja, “andar pela tabanca”.

A nossa geração fez a diferença, mas pagando um preço exorbitante, por exemplo, nesta última semana, ao abrir o computador, havia mensagens comunicando-me a hospitalização de dois “irmãos de guerra”, um aí em Portugal, o Alexandre, que foi “o nosso Alferes” no aquartelamento de Mansoa, outro aqui na Florida, o Jorge, de quem já escrevi a sua história de guerra, que serviu em Bissau, claro, além de nós que temos um pequeno problema de movimentação, mas é uma “avaria” que está a ser reparada, oxalá a “avaria” dos nossos “irmãos de guerra”, entre os quais se encontram os que já mencionámos, também possa ser reparada.

Este tempo em que temos estado “inactivos”, passamos o tempo, entre outras coisas, vendo fotos a preto branco, tiradas na então nossa Guiné, estão lá companheiros, quase todos, lá foram parar sem estarem minimamente preparados tanto física como mentalmente, aliás, ninguém pode estar preparado, pelo menos mentalmente para viver numa zona de combate, as privatizações eram tantas, os resultados eram devastadores, alguns de nós foram empurrados para as piores áreas, pensando muitas vezes que aquele momento, era o seu último, passando dias sem dormir, semanas sem tomar banho e, meses e meses pensando que não mais retornavam à sua aldeia, em Portugal, mas nós fomos treinados e mentalizados que estávamos a fazer a diferença, a libertar o povo da tirania, fazendo uma coisa boa para os outros. Nesta altura da nossa vida, esperamos sinceramente que fique provado, para as gerações vindouras, que estávamos errados, e que o povo da então nossa Guiné, encontre o seu rumo, possa finalmente viver independente, em paz e progresso, construindo uma nação onde os guinéus possam ter um futuro risonho, pelo menos sem fome e livres de guerra.


Quando voltámos para a Europa, voltando à vida civil, foi um desafio, para dizer no mínimo, porque quem vinha duma zona de combate, servindo o seu País, continuar a ser “desprezado” pela sociedade de então, pois emprego era para as pessoas e amigos do regime, nós andávamos vestidos conforme ganhávamos, por tal tal motivo, andávamos sempre com roupa velha, já coçada, alguma dada por amigos, foi difícil acostumar a não ver as pessoas nativas da Guiné, não ver as savanas e pântanos, a não se assustar quando se ouvia o barulho dos foguetes em qualquer romaria, pois o trauma do pensamento estava lá, causado pelas explosões, que alterou a forma como o cérebro funciona, pensando nós, que era a explosão de uma qualquer mina, fornilho, ou mesmo um ataque ao aquartelamento. Tudo isto companheiros, sem falar quando se estava num espaço público ou mesmo na taverna da nossa aldeia, ficávamos sempre a um canto com as costas para a parede, considerando todos, como um possível inimigo.

Mas nem tudo foi mau, também havia os momentos da chegada da coluna de alimentos, que trazia cigarros e álcool, da avioneta do correio, convívios forçados que criaram verdadeiras amizades de “irmãos de guerra” e, pelo menos para nós, felizardos que sobrevivemos, produziu no nosso pensamento efeitos prolongados, uma força interior, bastante forte, que não nos vai deter ou impedir de realizar qualquer coisa, mas as marcas, os resultados dessa vivência, desse tempo, de angústia e stress, estão a aparecer, pois a idade já é um pouco avançada e, nós dizemos algumas vezes:
"O que não te mata, faz-te andar como um coxo"

Tony Borie, Abril de 2016.
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Nota do editor

Poste anterior da série de 10 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15957: Atlanticando-me (Tony Borié) (12): Um mau dia

Guiné 63/74 - P16038: Blogpoesia (445): "Roseira da minha porta...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Em mensagem do dia 30 de Abril de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema intitulado "Roseira da minha porta:


Roseira da minha porta...



Como ficou bonita a roseira da minha porta 
ao raiar da primavera.
Dá-lhe o sol de manhã à noite.
Cada dia é uma festa.

Ainda me lembro do meu avô José,
de sacho na mão,
a ter plantado,
plantinha tenra.

Cresceu comigo.
Me venceu no porte.
Era um regalo chegar a casa
e receber dela as boas vindas.

Eram vermelhas as suas flores.
Se impertigavam quando passava.
Pareciam dizer:
- Quero ir contigo.

Pegava em seis.
E minha jarrra verde
punha em festa
a mesa da sala,
de portas abertas.

E, toda a casa,
durante uns dias,
ficava alegre...
Uma alegria!

lindo dia de sol

Berlim, 29 de Abril de 2016
9h31m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P16016: Blogpoesia (444): "Um ritual...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16037: In Memoriam (256): José Eduardo Alves (1950-2016), ex-Soldado Condutor Auto da CART 6250, Mampatá, 1972/74), falecido ontem, dia 30 de Abril de 2016. O funeral é amanhã, segunda-feira, pelas 10 horas, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira

 IN MEMORIAM

José Eduardo Alves (1950-2016),
ex- soldado condutor auto da CART 6250, "Os Unidos de Mampatá" (1972/74), natural de Leça da Palmeira... O funeral é 2ª feira, dia 2, às 10h00

A notícia chegou ontem ao nosso conhecimento através do Ribeiro Agostinho, que estava a acompanhar mais de perto o estado de saúde do nosso malogrado camarada José Eduardo.
Mal chegados do convívio comemorativo do Dia do Combatente de Matosinhos, no Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, já a esposa do José Eduardo, a D. Conceição, comunicava ao Agostinho o falecimento de seu marido.

Desde há algum tempo que o José Eduardo [foto actual à direita] lutava contra a doença que o apoquentava. Ainda chegou, mais a esposa que sempre o acompanhava, a inscrever-se no X Almoço/Convívio dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos e no XI Encontro da Tabanca Grande, mas em nenhum deles participou, infelizmente.

O José Eduardo e a D. Conceição eram muito amigos, principalmente das crianças, da Guiné-Bissau, onde se deslocaram várias vezes a partir de 2009, no seu automóvel, com fins humanitários(1).
Estava inclusive prevista uma ida à Guiné-Bissau, ainda este ano, para levar mais donativos, contributos variados que fazem imensa falta à população daquele país irmão.
  
A D. Conceição chegou a confidenciar que quando encontrava roupa de criança abandonada, ainda em bom estado, levava para casa, lavava, consertava, passava a ferro, e guardava para um dia levar, ou mandar, aos meninos da Guiné-Bissau. 

Duas boa almas, uma, o José Eduardo que nos deixa, e outra, a D. Conceição, que vai ter de enfrentar a saudade do seu marido. O filho de ambos, a trabalhar na Suíça, estará já junto de seu pai para a derradeira despedida e para confortar a sua mãe, no dia de todas as Mães.

Quem quiser e puder prestar uma última homenagem ao nosso camarada José Eduardo, um homem simples, mas de grande estofo moral, altruísta, trabalhador incansável(2) e amigo verdadeiro de quem pela sua vida passou, pode fazê-lo a partir de hoje, domingo, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira, onde o seu corpo já se encontra em Câmara Ardente.

O funeral sai da mesma Capela às 10 horas da manhã(3), de amanhã segunda-feira, para a Igreja Matriz, onde será celebrada Missa de Corpo Presente, seguindo depois para o Cemitério n.º 2 da mesma freguesia, onde o corpo será sepultado.

Em especial, à D. Conceição e ao filho de ambos, a tertúlia do nosso blogue envia as mais sentidas condolências, com a certeza de que o José Eduardo jamais será esquecido por nós.


Guiné-Bissau - Numa das sua visitas àquele país, o José Eduardo, à esquerda e o António Carvalho, à direita.


Guiné-Bissau - A D. Conceição rodeada de meninos
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Notas do editor

(1) Vd. poste de 23 de maio de 2010 Guiné 63/74 - P6459: Ser solidário (72): Viajar (e sentir) pela Guiné (José Eduardo Alves, ex-Condutor da CART 6250/72)

(2) Vd. poste de 22 de maio de 2009 Guiné 63/74 - P4400: História de Vida (22): Refazendo a vida correndo o mundo (José Eduardo Alves)

(3) - Horário alterado posteriormente ao lançamento do poste, depois de o editor falar com a D. Conceição.

Último poste da série de 21 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15999: In Memoriam (254): Nina Amado (1932-2016), Mãe do nosso camarada e amigo Juvenal Amado, falecida no passado dia 13 de Abril

Guiné 63/74 - P16036: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (6): A capela do Xime (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)










1. Mensagem do Jorge Araújo, com data de 28 de abril

Caro Camarada Luís,
Boa Noite!
Os teus comentários expressos no meu último poste (*) , dos quais emergem um montão de memórias, levaram-me a elaborar uma resposta em nova narrativa histórica que anexo. Ela não esgota este tema, pelo que sugiro a quem pelo Xime passou e tenha fotos melhores que as minhas o favor de as publicar (**).

Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo. (***)

ABR 2016
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 28 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16026: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (3): Imagens com história... separadas por 44 anos: Xime (1972) e Monte Real (2016) (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)

(...) Tabanca Grande disse...

Jorge, é incrível, fui tantas vezes ao Xime, em geral em operações, mas reconheço que nunca andei a explorar a tabanca e o antigo posto administrativo... Desconhecia por completo a existência de uma capela!... Um gajo quando lá ia, ia sempre com os "cornos enfiados" no Poindom / Ponta do Inglês e na porrada que ia dar e levar.... Como já aqui escrevi o asubsetor do Xime era uma autêntica ratoeira, sempre que saía do arame farpado, a partir de Madina Colhido sentia-me "encurralado"... E algumas vezes tivemos que regressar a toque de caixa, com o apoio da artilharia, as granadas de obus 10.5, a silvarem por cima das nossas cabeças... Arrepiante!... Ninguém como a CCAÇ 12 foi tantas vezes ao Poindom / Ponta do Inglês... A CCAÇ 12 esteve 5 anos na guerra... de julho de 1969 a agosto de 1974!... Houve 3 "gerações" de quadros e especialistas, de origem metropolitana... Eu sou "sócio fundador"... Apanharam 4 batalhões diferentes em Bambadinca!... Os meus pobres camaradas guineenses deveriam ter ido ser todos condecorados no 10 de junho de 1974! Esses,sim, foram uns heróis e defenderam o seu "chão" (...) 

Guiné 63/74 - P16035: Parabéns a você (1072): José Carlos Neves, ex-Soldado TRMS do STM/CTIG (Guiné, 1974) e Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703 (Guiné, 1964/66)


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Nota do editor

Último poste da série de 29 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P16029: Parabéns a você (1069): Giselda Pessoa, ex-2.º Sarg Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1072/74)

sábado, 30 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16034: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (5): Capelas, igrejas e nichos religiosos no mato: fotos de António Santos, Arlindo Roda, Benjamim Durães, Carlos Silva, Jorge Pinto, Mota Tavares, Zé Neto (1929-2007)


Foto nº 1 >  Zona leste > O fur mil at inf, Arlindo T. Roda, da CCÇ 12 (1969/71), no interior de  um capela ou igreja,  não sabemos exatamente onde... Bambadinca ? Bafatá ?  Já não nos lembramos do interior da capela de Bambadinca (que também servia de capela mortuária)...

Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados.



Foto nº 2 > Exterior da capela de Bambadinca. À porta o fur mil Arlindo T. Roda

Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados.



Foto nº 3 > Exterior  da capela de Bambadinca ... Aquartelamento e posto administrativo de Bambadinca. Foto de Benjamim Durães  ex-fur mil op esp, Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.



Foto nº  4 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Março de 2007 > O anterior da capela onde, entre outros, rezaram missa capelães como o Horácio Fernandes (CCS/BCAÇ 2852, maio/dezembro de 1969) e o Arsénio Puim (CCS/BART 2917, 1970/71).

Foto: © Carlos Silva (2007). Todos os direitos reservados.




Foto nº 5  >  O Arlindo Roda, no interior de um aquartelamento que ainda não conseguiimos identificar... Não é o Xime... Será Xitole, Saltinho... ?

Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados.


Foto nº  5 > O fur mil at inf José Luís Sousa, também da CCAÇ 12, natural do Funchal, na capela do mesmo aquartelamento não identificado (foto nº 4)

 Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados


Foto nº  6 >  Nicho construído em Mansambo pela CCAÇ 2404 (Binar e Mansambo, 1968/70). A CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 substituiu  a CART 2339, "Os Viriatos" (Mansambo) entre novembro de 1969 e maio de 1970... Foi, por sua vez, rendida pela CART 2714 ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (1970/1972).

 Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados



Foto nº  7 > Igreja de Bafatá

Foto: © José Fernando dos Santos Ribeiro (2013). Todos os direitos reservados.




Foto nº  8 > Igreja de Nova Lamego. "Graça, Cunha e eu" (António Santos, ex-sol trms, Pelotão de Morteiros 4574/72, Nova Lamego, 1972/74)

Foto (e legenda): © António Santos  (2006). Todos os direitos reservados.




Foto  nº 9 > Capela de Guileje, na Região de Tombali, construída pela CART 1613 (1967/68) > Guileje foi "terra de fé e de coragem".. Foto do nosso saudoso cap art ref Zé Neto (1929-2007).

Foto (e legenda): © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  (2016). Todos os direitos reservados.


Foto nº 10 > Zona leste > Região de Gabu > Capela de Buruntuma > O arquiteto e mestre de obras foi o Mota Tavares, nosso camarada do BCAÇ 1856 (Nova Lamego, 1965/67) que nos mandou fotos da "sua" capela... Anda à procura do militar que está nesta foto... mas ele próprio nunca mais deu notícias

Foto: © Mota Tavares (2016). Todos os direitos reservados.



Foto nº 11  > Região de Quínara, Fulacunda >  3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Soldados construindo a capela cristã (pormenor) em terra de beafadas e muçulmanos.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados.



1. Capelas no mato... Símbolos da religiosidade do soldado português... Não havia aquartelamento (ou até mesmo destacamento) que não tivesse a sua capela ou capelinha... Ou um nicho religioso, geralmente mariano, para orar, debaixo de um poilão (como o da foto nº 6: "Senhora, protege a CCAÇ 2404").

Ao longo da guerra (1961/74),  improvisaram-se arquitetos, engenheiros, pedreiros, carpinteiros, trolhas, decoradores, etc.,  para erguer estas construções efémeras onde o soldado português erigia as mãos ao céu, e rezava, sozinho ou em grupo...  Muitas vezes não havia capelão, ou quando o havia ficava na CCS do batalhão, a dezenas de quilómetros de distância...

Temos diversas fotos publicadas no blogue, e outras mais estão disponíveis na Net. Mas gostávamos que nos mandassem mais exemplares, com a devida legenda: local, data, autor...

Entretanto, pede-se ajuda para legendar (ou completar a legendagem de) as fotos nºs 1, 5 e 6. O Arlindo Roda mandou-nos as fotos, em devido tempo (2010),  mas sem legenda. E não está contactável: presumo que ainda viva em Setúbal. É natural dos Pousos, Leiria. O nosso obrigado a ele e aos restantes fotógrafos.

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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16033: Nota de leitura (834): Panos de Cabo Verde e Guiné-Bissau (Mário Beja Santos)

Pano guineense

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2015:


Queridos amigos,


Há quem esqueça que as esculturas Nalus e Bijagós são exibidas nalguns dos museus mais exigentes em todo o mundo.

Dentro do artesanato há igualmente expressões de grande valor, mostra de grande sensibilidade, é o caso da panaria, o tecer foi trabalho dos escravos transportados da Senegâmbia para Cabo Verde, o tecer na África Ocidental está documentado desde os tempos mais remotos.

A exposição de que iremos falar realizou-se em 1996 no Museu Nacional de Etnologia e foi um senhor acontecimento, destinada a graúdos e miúdos, muitíssimo bem documentada, foi um primor. Bom seria que estes panos que fazem parte de um riquíssimo acervo do museu deambulassem pelas escolas e pelas localidades onde reside a comunidade guineense instalada em Portugal.

Um abraço do
Mário


Panos de Cabo Verde e Guiné-Bissau

Beja Santos

Entre Abril e Novembro de 1996 decorreu no Museu Nacional de Etnologia a exposição Panos de Cabo Verde e Guiné-Bissau. Por diferentes títulos, foi uma exposição modelar. O museu possui um acervo riquíssimo de panaria cabo-verdiana e guineense. A ideia central da exposição foi a de propor um diálogo com as comunidades cabo-verdianas e guineenses, pensou nos mais novos e em divertimentos multiculturais. Preparou-se igualmente uma excelente documentação, corrigiram-se informações que permitiram avaliar as mutações ocorridas desde a criação do museu (anos 1960) e o fim do século XX. O ponto de partida foi o livro de referência de António Carreira, "Panaria Cabo-Verdiana-Guineense", de 1968, reeditado pelo Instituto Cabo-Verdiano do Livro em 1983.

É sobre a rica documentação produzida que vamos dizer alguma coisa. Nos países da África Ocidental ao Sul do Saara – numa área situada entre o Senegal, a Oeste, e os Camarões a Este – há a tradição de os tecelões produzirem panos de algodão de bandas estreitas, que geralmente não ultrapassam os 25 centímetros de largura, em teares horizontais. Este pano de bandas estreitas é a expressão da tradição e da inovação na tecelagem de Cabo Verde e da Guiné, e está mesmo presente na vida dos emigrantes.

Perde-se na noite dos tempos a tecelagem na África Ocidental, nos apontamentos refere-se a importância da tecelagem no Reino do Gana, por exemplo. Os relatos dos séculos XV e XVI sobre os povos africanos com que se estabeleceram relações comerciais e de amizade dão-nos conta da antiguidade da tecelagem. Cadamosto e Valentim Fernandes referem que a maior parte da gente andava nua mas as mulheres e os homens de estatuto superior usavam roupas de algodão, panos e camisas, compridas e de mangas largas. Os panos vincavam o estatuto social e a hierarquia política dos seus possuidores. Esta tecelagem tem origem em Cabo Verde e depois migrou para a Guiné, onde o pano de bandas continua a ter um papel importante nos momentos ritualizados dos diferentes grupos étnicos; em contratos e cerimónias de casamento muçulmano, nos funerais e no amortalhamento de cadáveres, no pagamento de práticas de adivinhação. Escreve-se nos apontamentos desta exposição que Fulas e Mandingas, no pedido de casamento, a mãe da noiva recebe do emissário do noivo bandas brancas de algodão. Refere-se mais adiante que o vestuário tradicional dos Fulas e dos Mandingas islamizados é o pano de bandas azul-escuro ou claro tingido pelo Saracolés. Os Manjacos e os Papéis usam panos com decoração elaborada e com grande semelhança com a panaria cabo-verdiana.

Era explicado na exposição que os panos apresentados tinham sido recolhidos em 1963, na Guiné, por Fernando Quintino, e em 1964 e 1970, em Cabo Verde, por António Carreira. Os currículos e a vida de investigação de Quintino e Carreira aparecem muito bem detalhados.

Depois produziu-se documentação para o meio escolar, a história dos panos contada na escola. Diz-se concretamente que no século XV já se exportava bastante algodão para Portugal, Flandres e Espanha, e foi com este produto que se passaram a fabricar, a partir do segundo quartel do século XVI, milhares de panos com os quais se adquiriam por compra, escravos na Costa da Guiné.

A produção de panos em Cabo Verde está diretamente relacionada com os primeiros contingentes de escravos que vêm da Guiné (entenda-se, a Grande Senegâmbia). Assim o tecelão surgiu em Cabo Verde com o escravo africano. Sobre o pano artesanal na Guiné-Bissau e a sua recuperação nos anos de 1980 escreve Isabel Mesquitela, alguém de quem aqui se já se falou. Isabel Borges Pereira Mesquitela foi para a Guiné-Bissau em 1986, descobriu que a panaria guineense tinha praticamente desaparecido, procurou contribuir para a recuperação de uma arte ancestral de grande beleza. O declínio da panaria manifestou-se nos anos 1960, entre um pano de importação europeia e um pano produzido num tear Manjaco o preço podia variar sete vezes mais. Para essa recuperação, como ela escreve, selecionou-se Calequisse, Bafatá e Gabu: Calequisse era considerada o berço dos tecelões Manjacos, em Bafatá viviam famílias de tintureiros Saracolés, e o Gabu por ter uma tecelagem diferente da dos Manjacos. Vale a pena ler o que ela escreve:

“A importação do fio de algodão fiado nas fábricas portuguesas, o grande desejo dos velhos artesãos voltarem aos teares, a valorização e promoção dignificada do pano e as boas condições económicas proporcionadas aos tecelões, foram os agentes fundamentais para sucesso da empresa M’Banyala, Panos da Guiné-Bissau (a palavra é de etnia Manjaca e significa mostra de bandas)”.

Noutro contexto, Isabel Mesquitela confessou o seu desalento quando, a partir de 1994, não pôde prosseguir com o seu projeto empresarial, tais e tantos foram os condicionalismos impostos que desviaram de forma drástica os índices de qualidade e de beleza que sempre caracterizaram a tecelagem guineense. Ela escreveu um livro sobre o pano artesanal na Guiné-Bissau, socorreu-se do clássico de António Carreira “Panaria Cabo-Verdiana-Guineense”, descreve minuciosamente o tear Manjaco/Papel e o que o distingue do tear Fula. Explicando como estes panos são feitos em peças chamadas bandas fala da panaria. Um pano de banda estreita mede aproximadamente 1,2 m x 1,8 m. É constituído por seis bandas de aproximadamente 0,2 m x 1,8 m. Às barras transversais das pontas chamam “boca” e o padrão em si, entre duas bocas é denominado corpo. Isabel Mesquitela elenca os padrões recuperados. Dá igualmente atenção ao pano tingido que tem longa história nesta região de África. Segundo António Carreira, os Mandingas eram bastante entendidos na arte de tingidura de panos.

Esta exposição que decorreu no Museu Nacional de Etnologia produziu documentação do maior interesse, incluía mesmo legendas e explicações sobre as peças expostas e incluía glossário explicando, entre outros termos, o que eram anil, banda, pano, pano boca-branca ou pano de pente ou pano d’obra.

Creio que foram deixados vários aliciantes para uma visita ao Museu Nacional de Etnologia. A panaria guineense merece ser conhecida.
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P16013: Nota de leitura (833: “A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães”, por Jorge Sales Golias, Edições Colibri, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16032: Camaradas da diáspora (12): Notícias da América: "Luso-Americanos que morreram ao serviço das Forças Armadas dos USA", último livro do jornalista e escritor Fernando Santos (João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Portogole, Missirá, 1965/67)


Luso-Americano, jornal fundado em 1928. Notícia, da edição de 29/3/2016, referente ao último livro do jornalista e escritor Fernando Santos, amigo do nosso grã-tabanqueiro João Crisóstomo.


(...) "O mais recente livro do jornalista e escritor Fernando Santos mostra a virtude, o coração e a alma de origem portuguesa. O último sacrifício de portugueses e luso-americanos na defesa da América que adoptámos como casa.

"Desde a Guerra da Independência que as forças armadas americanas contam com portugueses a luso-americanos nas suas fileiras. Guerra Civil, 1ª e 2ª Guerra Mundial, Guerra da Coreia, Guerra do Vietname, Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão, Guerra do Iraque, e operação “Inherent Resolve” no Iraque e na Síria.

"O trabalho de Fernando dos Santos que, durante décadas, foi editor-chefe do Luso-Americano é considerado de indelével valor por constituir um esforço de pesquisa inédito, tal como o seu primeiro livro Os Portugueses de New Jersey."


Fonte: Cortesia de Luso-Americano [mar 29, 2016]


1. Mensagem do João Crisóstomo (Nova Iorque) [, ex-alf mil, CCAÇ 1439 , Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66, ativista de causas sociais, a viver em Nova Iorque desde 1975; natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras; nosso grã-tabanqueiro]:


Data: 19 de abril de 2016 às 18:00

Assunto: Lista ... e reunião....

No sábado passado, dia 17 deste mês, houve um jantar de angariação de fundos para um monumento aos luso-americanos veteranos nos Estados Unidos ( a ser construído num parque em Newark, estado de New Jersey, onde há uma numerosa comunidade portuguesa). (*)

Ao mesmo tempo este foi ocasião para o lançamento de mais um livro pelo conceituado jornalista/autor Fernando Santos ( ex-editor do Luso Americano nos USA, depois de ter sido redator da Agenêcia France Press em Portugal), justamente intitulado "Luso-Americanos que morreram ao serviço das Forças Armadas dos USA".

A sorte colocou-me exactamente na mesa do Fernando Santos (somos amigos de longa data!) e partilhavam da nossa mesa alguns dos seus amigos que ele me havia avisado eram veteranos das nossas "guerras no Ultramar português,  Entre estes havia um, Carlos Pais, que havia prestado serviço em Cabo Verde, e me falou, entre muitas outras coisas, da diferença entre o clima etc da Guiné, onde parece ter ido frequentemente, e Cabo Verde. Sugeri então que lesse o teu/nosso  blogue e talvez ele tivesse mesmo vontade de te contactar. Oxalá o faça.

Foi por ele que o Fernando Santos teve acesso a uma lista de militares condecorados nas guerras ultramarinas, onde evidentemente a Guiné ocupa lugar de destaque, pois era lá, mais do que em qualquer outro lugar, que a coisa era mesmo quente, como todos sabemos. 

É natural que dela já tenhas conhecimento e eu estou aqui a pretender "ensinar o Padre Nosso ao Vigário" como se costuma dizer . Se é o caso, desculpa. Se porém a não conheces,  talvez aches relevante, pois aí estão os nomes (por ordem alfabética) de todos os que receberam alguma distinção por parte do nosso governo (,embora na verdade todos os que por lá andaram merecem o nosso muito respeito e admiração , sempre houve alguns que foram mais notados do que outros, embora isso não queira dizer que muitos outros não fossem merecedores de igual e talvez maior distinção do que muitos dos que nesta lista estão incluídos). 

Aqui vai portanto o link [, portal UTW - Ultramar Terraweb, Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, 1959-1975, fundado pelo nosso camarada e grã-tabanqueiro António Pires [ex-Furriel Mil Mecânico Auto da CSM/QG/RMM (Moçambique 1971/1973], a quem mandamos um grande fraterno e fotos de boa continuação da navegação pela "picada" (muitas vezes armadilhada...) da Web]:

http://ultramar.terraweb.biz/condecoracoes.htm

E pronto,  meu caro.

AHHH!!! Mais uma coisa: Se já recebeste isto…. mais uma vez as minhas desculpas por ser redundante; mas se não, aqui vai uma cópia de um convite para a reunião anual da CCAÇ 1439, etc.,. como segue (**) .

Um grande abraço para ti, tua esposa e todos os nossos camaradas que venham a ler este, se for o caso.

A Vilma está -me a dizer para a não esquecer no abraço que vos estou a enviar!...

João Crisóstomo,
 CCAÇ 1439, 1965/67
Alferes Miliciano
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Notas  do editor:

Guiné 63/74 - P16031: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (4): O segredo do Jorge, um conto do José Teixeira (régulo da Tabanca de Matosinhos)

O segredo do Jorge

por José Teixeira


O Jorge viveu a infância e os primeiros anos da sua juventude no mundo do “nós”. Nós, os portu­gueses, os melhores do mundo; nós, os portugue­ses, os descobridores e senhores de grandes possessões em África, na Índia e na Oceânia; nós, os portugueses, uma plêiade fantástica de heróis, de aventureiros e de santos; nós, o homem branco, senhor do mundo.

Na ciência, pontificavam os ilustres brancos. Na religião, o “deus” era branco, e os seus seguidores eram brancos. Tinham ido, nos tempos de anta­nho, para África, para a América e para a Índia levar a “boa nova” de paz e amor aos “outros”, os selvagens, coitados.

Quem caminhava a passos largos para con­quistar a Lua eram os homens brancos. Na polí­tica, sabia, apenas, que, em Portugal, havia um famoso branco, adorado e temido por todos os “outros” brancos.

No início da sua vida, neste espaço terrestre onde nasceu, foi descobrindo que ali também ha­via o “outro”; ou, melhor, “outros” que se dife­ren­ciavam pela casta: os iguais, pobres e humildes, que tiravam o chapéu e se curvavam respeitosa­men­te perante o “outro”, o senhor das terras e ha­veres, de quem dependiam para sobreviver, pelo trabalho, de sol a sol, que lhe prestavam em troca de uma tijela de caldo e uns tostões para matar a fome aos filhos.

A sua grande descoberta, e que o marcou para toda a vida, aconteceu quando desvendou que ele existia porque existia o “outro” e lhe servia de es­pelho vivo. Porque o “outro” andava de pé, come­çou a tentar pôr-se de pé e viu que podia dar pas­sos – os primeiros passos, a grande novidade. Depois foi toda uma vida a olhar para o “outro” e a imitá-lo, para o bem e para o mal. Deste modo, construiu o seu “eu”, a sua personalidade; desco­briu as suas capacidades e potencialidades e a for­ma de as pôr em prática. Se o “outro” não exis­tisse, o Jorge seria apenas um animal, dife­rente dos outros animais pelo dom de saber pensar, mas nunca seria, na realidade, o homem que é e de que se orgulha de ser.

Ao encontrar-se no cosmos, protegido por um deus branco, sentiu que, afinal, era um privile­gia­do. Era branco, e havia os brancos, e os “ou­tros”, pobres coitados, incultos, selvagens, incivi­li­zados, que era preciso salvar para o seu deus branco. Os europeus dos tempos de outrora, capitaneados pelos “nossos”, os heróis portugue­ses, tinham em­pre­en­dido grandes expedições para localiza­rem os “outros”, conquistarem as suas terras, explorarem as suas riquezas e converterem-nos à sua religião. Agora, continuavam a “protegê-los” com as suas armas e a enviar os seus missionários para os converterem ao seu deus, porque os deuses dos “outros” eram falsos. Estranhamente, só muito mais tarde desvendou que, afinal, “nós”, os europeus, ganhávamos fortunas colossais com a escravização, humana e económica, dos “outros”, os tais coitadinhos que precisam de ser salvos…

O “nós”, Portugal, encheu-se, assim, de orgulho pelas “descobertas” de terras que fez, como se elas não existissem desde sempre; pelas riquezas que explorou e roubou aos “outros”, e que aliava à “salvação” das suas almas, aqueles “outros” que tinham história e culturas e projetos de vida pró­prios, terras para cultivarem, e famílias estrutura­das à sua maneira.

Um dia, Jorge, a mando dos dominadores do “nós” – os senhores do mundo –, foi até África para mostrar aos “outros” que quem mandava éramos “nós” – os brancos –, com todo o poder na ponta das suas armas de guerra, e sofisticadas estratégias militares. Aterrou numa aldeia cheia dos “outros”, os selvagens, de quem se afirmava que não aceitavam ser portugueses. Contudo, ao internar-se pela tabanca (1) dentro, armado de uma potente arma, viu-se rodeado por um grupo de simpáticas crianças negras que, disputando-lhe os dedos das mãos, gritavam, alegremente, “beran­co! beranco!” (2),  numa atitude de boas-vindas, o que confundiu e perturbou profundamente o seu espírito.

Tocavam-lhe com as suas mãozitas e, depois, examinavam-nas atentamente, como que para comprovar se, por acaso, não tinham ficado bran­cas. Deliciavam-se a massajar-lhe o cabelo louro, liso e macio, e riam-se, riam-se…

Ali, embalado pela música das crianças, encon­trou uma sociedade aparentemente muito pobre, para
os seus padrões de vida, mas rica de valores humanos, em que o conceito de solidariedade e respeito pela pessoa era igual, ou até superior, ao que ele tinha aprendido no meio do “nós”, os senhores do mundo. Estranhamente, pela primei­ra vez, sentiu que era branco e um branco no meio dos “outros”, os pretos.

Que grande desco­berta cultural a que fez, nesse fim de tarde! Observou a cor da sua própria pele e a importância que esse pormenor tinha no seu próprio destino. Nunca o tinha feito. E foi uma nova luz para a sua própria história.

Jorge sentia-se o “outro”, e registou na sua mente que, afinal, não há brancos nem pretos; há, apenas, pessoas de pele diferente, com capaci­dades e potencialidades, com culturas e religiões, com sonhos e ambições, mas pessoas que mere­cem ser respeitadas. Sentiu, perante a reação das pessoas, que a cor da sua pele, aliada ao poder da arma, que trazia à tiracolo e o acompanhava sem­pre, eram fatores de separação ou talvez de medo. E ficou triste.

Estava no meio de um povo que amava a vida, tanto quanto ele, e que tinha uma estrutura familiar
bem definida, com as suas crianças cheias de vida e com direito a um futuro promissor, me­tido no meio de uma guerra que não queria, mas suportava com estoicismo e esperança.

As pessoas que o compunham cantavam e dançavam as suas modinhas, como ele, na sua terra longínqua. Saíam de madrugada para a lala (3), para amanhar as terras e colher o pão, como também ele o fizera tantas vezes.

Sentavam-se à sombra das árvores no calor da tarde para conversarem, o que lhe recordava, com saudade, os tempos em que ele se aninhava na borda do campo, à sombra das videiras carre­gadas de cachos de uvas doiradas, para saborear a merenda – quantas vezes –, uma sardinha frita com um naco de boroa e um copo de vinho. Eram um pouco preguiçosos, pensava, sem se aperceber de que o calor era abafante e de que o suor lhe escorria pelo peito, mesmo quando estava sentado à sombra do embondeiro a jogar às cartas ou a escrever uma carta para a namo­rada.

E tinham medo, um terrível medo da morte, que espreitava pelos canos das armas a todo o momento, tal como ele.

Deixaram-no entrar no seu ciclo de vida e nas horas vagas da guerra. Jorge embrenhava-se na tabanca, como se fosse na sua aldeia. Discutia-se futebol com emoção ou jogava-se, tantas vezes, com uma bola de trapos. Criou amizades e até se apaixonou pela bajuda (4), que, segundo ele, foi a mulher mais bela que conhecera em toda a sua vida.

Sobre essa paixão, escreveu uns tempos mais tarde:

“Tinha uma pele de uma suavidade intensa, pigmentada com laivos do sangue vermelho que a impregnava e lhe dava vida, transformando o negro, negro, numa coloração rosada; divinal para os meus olhos sedentos. Assim era a pele daquela jovem africana, de corpo esbelto e seios firmes, que avistei ao pôr o pé naquela tabanca, pela primeira vez. O Sol, ao fazer incidir sobre ela os seus raios doirados, dava ainda mais beleza àquele corpo talhado por mão divina em noite de lua cheia.

Os meus dedos, agilmente, tatearam os pomos ardentes que lhe saltavam do peito descoberto, atraídos pelo sorriso cativante e acolhedor que me devorou as entranhas, na ânsia de neles encontrar a chave da porta do futuro, que me esperava na­qu­ele chão vermelho.

Um olhar, profundo e firme, vindo de uns olhos amendoados e de um negro fascinante disse-me que estava a ser ousado em demasia, enquanto duas mãos firmes me retinham o gesto, ficando entrelaçadas nas minhas mãos atrevidas.

Tal como o olhar, as mãos daquela jovem de 18 anos, calejadas pelo duro trabalho da labuta na “lala”, deixavam passar um calor humano de boas-vindas que me encadeou o coração àquela terra e às suas gentes.


A Fatmata, assim se chamava a deusa que penetrou tão docemente no meu coração, foi, de ora em diante, a luz que me iluminou o caminho por entre a floresta da vida que trilhei, ao longo do tempo que se seguiu a este encontro feliz com a sua comunidade.

Estávamos na flor da juventude. Provínhamos de lugares e culturas tão diferentes, tanto quanto é diferente a cor da água e a cor do vinho tinto. Uma coisa, nós tínhamos em comum: a vida. E a vida merece ser vivida com garra e doação, o que fizemos nos seis meses que convivemos. Aprende­mos a conhecermo-nos melhor como pessoas e a respeitarmos a essência de cada um. Pela sua mão penetrei na comunidade local e na sua cultura an­cestral, que desconhecia inteiramente. Foram li­ções de cultura, saberes e práticas, por vezes es­tranhos, mas com sentido para a vida da sua etnia e do seu mundo, localizados no espaço e no tempo histórico. Aprendi a ser um deles – Perdi-me na prisão dos seus braços, encandeado pelo seu olhar cativante e desafiador, e fizemos das nossas vidas o mais belo templo do amor.

Da louca corrida do tempo, ficou apenas a sua imagem, colada à suavidade da sua pele.”



Gerou-se, então, uma tremenda desordem na sua mente. Foram meses de interrogações a si próprio, com respostas confusas; meses de silên­cios e sofrimento.

Tinha o poder das armas do seu lado. Havia uma população autóctone que nem por sombras era hostil ao seu país, bem pelo contrário, dava mostras de uma extrema fidelidade a Portugal, e havia um inimigo na mata a combater. Um povo ras­gado ao meio. Irmãos contra irmãos. As ordens superiores do “outro”, e que mandava nele, eram no sentido de destruir o inimigo e de assegurar o bem-estar da população que lhe era fiel. Mas, do outro lado, nas tabancas dos “outros” que sonha­vam com a construção de um país novo, liberto das peias do colonialismo, havia irmãos dos seus amigos africanos, havia esposas, havia mulheres, crianças e velhos.

O Kebá, seu amigo, disse-lhe, um dia, que uma das esposas e dois filhos tinham optado por com­bater pelos “outros”. Era mais uma razão para se recusar a pegar numa arma, o que não era muito bem visto pelos “senhores” dos galões doirados que mandavam em “nós” e não sabiam o seu segredo, pois, se o soubessem, rotulavam-no de amigo dos “outros” e enviavam-no para a Ilha das Galinhas (5).

Os duros combates sucediam-se. A morte en­tra­va ruidosamente e ceifava as vidas daquela gente. Choravam-se os mortos. Os de cá, ex­pres­sando a dor, mas, quando os mortos eram irmãos do outro lado, abafava-se a dor no silêncio e talvez no ódio.

As crianças saltavam-lhe para os braços, puxa­vam-lhe pela pera, tiravam-lhe os óculos. Ele corria atrás delas e, se caíam no chão, curava-lhes as feridas. Ao cair da noite, sentava-se à porta das moran­ças (6) com os mais velhos em amena cavaqueira. O velho Samba, com as suas histórias, mitos e lendas do povo e, os fatos reais de uma vida rica de expe­riências e a defesa do Corão como livro sagrado e do Islamismo como a religião única e verdadeira, era um homem culto e experiente. Tinha sido durante muitos anos cozinheiro num hotel, na cidade. Quando a guerra eclodiu, decidiu abandonar a profissão e regressar para junto do seu povo, para o organizar na defesa contra o ini­migo, a quem ele chamava o “irmão que andava enganado”.

O Abdulai, com as suas perguntas numa preo­cupação
contínua de apreender novos saberes e conhecimentos da cultura do seu irmão beranco, aprendera a ler e “devorava” tudo o que lhe apa­recia, fossem jornais, revistas de quadradinhos, ou livros.

Um dia, lera algo que o perturbou profun­da­mente: “Os horrores do holocausto”. Descarregou em Jorge todas as questões que tal leitura lhe levantara e transformou uma noite de esplendo­roso luar na noite mais escura que Jorge viveu na sua vida. Às perguntas: Por que aconteceu o holocausto, como puderam matar tanta gente que não andava na guerra, por que as mataram, e tantas outras questões que o Abdulai levantou, ele não foi capaz de responder e, sobretudo, encontrar a mínima justificação. Nessa noite, pela primeira vez, sentiu vergonha de ser branco; sentiu-se cúmplice dos crimes cometidos.

Aliu, o homem que detinha o poder gentílico, bamboleando-se na sua rede à porta do seu harém, e Jorge, sentado no banquinho de três pernas, perdidos pela noite dentro e trocando conhecimentos entre duas culturas tão díspares, tanto quanto a sua forma de ser e estar na vida, ou discutindo religião, em que o Islamismo se aproximava do Cristianismo, e vice-versa, no que respeita ao amor de Deus pelos homens e no res­peito que o homem deve ter pelo seu semelhante.

Outras vezes, eram as bajudas, a sua tentação noturna. Perdia-se com elas nas conversas de amor e paixão, sempre em tom baixo, à porta do abrigo e de ouvido atento aos sinais do “outro”, os da outra banda. De vez em quando, aparecia o velho Samba com um sorriso maroto a lembrar o perigo e a mandar recolher.

Nunca a vida tivera tanto valor como naqueles tempos, os melhores tempos da sua juventude. Jorge deixou que o seu sangue embebesse o sofrimento, as alegrias e as esperanças daquele povo e sentiu-se perdido. Ele tinha de ser um dos “outros”, os verdadeiros donos da terra perdidos nas duas frentes da guerra, sem deixar de ser ele, próprio. Mas como?

Havia ainda muito tempo para penar naquela inóspita terra vermelha, regada de sangue e lágrimas por ordem do “outro” que mandava na Metrópole ou “pátria-mãe”, como gostava que se chamasse ao Portugal europeu.

Sabia o rigor das regras militares a que estava submetido, desde que se tornou mancebo e en­trou no quartel, tinha vinte anos. Sabia que, numa vivência em estado de guerra, como aquela em que estava envolvido, há momentos em que “ou matas ou morres”, como diz o povo, na sua sabe­doria popular. Sentia que não tinha o direito de matar, tal como tinha aprendido na catequese que uma velha e rabugenta, mas muito querida, lhe tinha ministrado em criança.


O dilema bailava-lhe dentro da sua mente em sofrimento, e foi crescendo, crescendo, quase o coibia de pensar. A sua consciência impedia-o de agir com a violência das armas, pelo perigo de matar alguém. Impedia-o, também, de desertar ou, de algum modo, de mostrar o seu desacordo quanto às regras e ordens que lhe eram impostas. A morte de camaradas brancos e africanos, caídos por balas ou estilhaços assassinos, perturbava-o e obrigava-o a um estado de alerta e tensão perma­nentes. Isolava-se dos camaradas, fechava-se em si, e resistiu à tentação do álcool, mas já não era o mesmo rapaz alegre e comunicativo. Se o queriam ver feliz, era acompanhá-lo nas suas idas à ta­banca.

Um dia, caiu numa emboscada. Atirou-se para o chão, protegeu-se atrás de uma árvore e deixou-se estar de arma calada. Mandado avançar numa tentativa de envolver o inimigo, seguiu os seus ca­maradas de arma em posição de ataque, sem dar fogo. Descobriu, então, que se podia “fazer guer­ra” de uma forma passiva, não intervindo: to­mou a decisão. Guardou ciosamente o seu segredo durante o resto da longa comissão.


E quantas vezes, perante as situações de morte e de sofrimento que, à sua volta, grassavam na sequência das duras lutas travadas, a tentação de reagir pela força da sua arma teve de ser repelida pela consciência, num combate constante entre o coração e a razão!

Os camaradas foram-se apercebendo da mu­dan­ça que nele se operou. Tornou-se, de novo, um
companheiro alegre e comunicativo. Participa­va nas animações que, esporadicamente, os ca­ma­radas promoviam a pretexto de um aniversá­rio, de uma remessa de iguarias que alguma mãe enviara, numa tentativa de aliviar o isolamento e o sofrimento do filho querido, perdido na guerra. Deliciavam-se com os fadinhos de Coimbra, que Jorge tão bem cantava, mas, quando saíam para o mato, em missão, dita de soberania, à procura do inimigo, Jorge transmudava-se. Fechava-se em si próprio, no silêncio e na atenção aos movimentos que podiam vir da traiçoeira mata.

Terminada a comissão de serviço, regressou à sua terra natal – o Porto –, onde o esperava a família para lhe fazer uma viva e calorosa receção. Recorda-se que só se sentiu liberto do fantasma da guerra quando, ao chegar à estação de Gaia, avistou o seu Porto. Do que resta do primeiro encontro com a família, só se lembra de abraçar a mãe e dizer-lhe ao ouvido: “consegui”.

Ele conseguira cumprir a promessa que fizera à sua mãe na hora da partida para a guerra. Não matar!

José Teixeira



O Zé Teixeira: (i) tem cerca de 300 referências no nosso blogue;

(ii)  foi 1.º cabo aux enf, CCAÇ 2381, "Os Maiorais", Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70; 

(iii) está reformado como gerente bancário; 

(iv) vive em São Mamede de Infesta, Matosinhos; 

(v) é dirigente no movimento nacional escuteiro, onde é conhecido o "esquilo sorridente";

(vi)  é um dos régulos da Tabanca de Matosinhos e continua a ser um dos nossos grã-tabanqueiros mais solidários e inquietos; 

(vii)  como eu gosto de lembrar, o Zé foi talvez dos poucos de nós que, graças ao seu papel de enfermeiro (e também por mérito pessoal, pela sua generosidade, coragem, inteligência emocional e demais qualidades humanas), conseguiu saltar a 'barreira da espécie': ele, tuga e cristão, foi aceite e amado pela população fula e muçulmana, e ainda hoje tem verdadeiros amigos, fulas, lá Guiné-Bissau profunda... Ele é amado, mimado, adorado quando lá volta (e já lá voltou não sei quantas vezes!] (LG)

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Notas do autor

(1) tabanca – aldeia

(2) beranco - branco

(3) lala – campo

(4) bajuda - rapariga casadoira

(5) Ilha das Galinhas – ilha do arquipélago dos bijagós na Guiné-Bissau – antigo campo de prisioneiros no tempo da guerra colonial.

(6) morança – casa típica da Guiné-Bissau coberta com palha de capim.


Fotos do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
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Nota do editor:

Postes anteriores da série:

28 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P16026: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (3): Imagens com história... separadas por 44 anos: Xime (1972) e Monte Real (2016) (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)

26 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16019: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (2): Dez comentários aos primeiros 1500 postes

26 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16018: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (1): Heróis de uma guerra que nunca existiu e que por isso, não vão ficar para a história: o Paranhos, o Pimentel, o Peniche, o Pinto e eu (Luís Graça)