segunda-feira, 16 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16096: Álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69) - Parte I: Bissau e Bissalanca, 1968


 Foto nº 1 > 1968 > Bissau, numa esplanada, á espera do embarque para férias. O José Salvado é o primeiro da direita


Foto nº 2 > 1968  > Bissau: porto, com a estátua de Nuno Tristão, no final
da Av da República, hoje, Av Amílcar Cabral...  Era a principal artéria da cidade, vinha da Praça do Império ao Cais do Pidjiguiti.



Foto nº 3 > 1968 > Bissau: Praça do Império e palácio do Governador


Foto nº 4 > 1968 > Bissau, av da República


Foto nº 5 > 1968 > Bissau, rua


Foto nº 5 > 1968 > Aeroporto de Bissalanca. Na pista, um Super Constellation, da TAP


Fotos: © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados



1. Primeira parte do álbum de fotografias do novo membro da nossa Tabanca Grande, José Salvado, ex-fur mil arm pes inf, CART 1744 (São Domingos, 1967/69). É natural da Covilhã, vive hoje nas Caldas Raínha onde é advogado. Também passou por Angola onde foi administrador de posto (1969-1975).

A CART 1744 chegou ao TO da Guiné  em 25 de julho de 1967, sendo colocada em S. Domingos, na região do Cacheu, como companhia de intervenção. Fez operações em S. Domingos, Susana, Ingoré, Cacheu e Sedengal.

O José Salvado veio de férias à metrópole em 1968. Regressou a casa no T/T Niassa, com partida a  15 de maio de 1969, e desembarque  em Lisboa no dia 21.

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Nota do editor:

Vd. poste de 15 de maio de 2016 >  Guiné 63/74 - P16091: Tabanca Grande (486): José Salvado, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CART 1744 (São Domingos, 1967/69); foi também Administrador de Posto em Angola, é hoje advogado, vive nas Caldas da Rainha, e passa a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 715

Guiné 63/74 - P16095: Agenda cultural (482): A Fundação Casa de Macau e o sinólogo, nosso amigo e camarada, António Graça de Abreu convidam-nos para a tertúlia, de amanhã, dia 13, às 18h30, na Praça do Príncipe Real, 25-1º , Lisboa: "Macau visto da China"



"Macau visto da China", por  António Graça de Abreu, dia 17 de maio de 2016, 3ª feira, às 18h30



Fundação Casa de Macau, Praça do Príncipe Real, 25-1º, Lisboa



Agradece-se a confirmação prévia do interessados > telef 21 322 344o / fcmacau@netcabo.pt








1. Convite que nos chega da Fundação Casa de Macau:

Exmos/as Senhores/as,

No âmbito do Ciclo de Tertúlias de 2016, honra-nos promover a participação do conhecido sinólogo António Graça de Abreu na tertúlia que se realizará no próximo dia 17 de Maio, pelas 18:30, subordinada ao tema: «Macau visto da China».

Nas mais diversas atividades e campos disciplinares, da História à Poesia, do ensino à tradução, António Graça de Abreu reflete a sua vasta experiência e conhecimentos numa profícua e ampla bibliografia que vale a pena conhecer.

A tertúlia do dia 17 de Maio será pois uma oportunidade e um privilégio para todos.
Contamos com a V. presença!

Fundação Casa de Macau
Sede: Av. Almirante Gago Coutinho, 142 1700-033 Lisboa
Centro de Documentação: Praça do Príncipe Real, 25 - 1º 1250-184 Lisboa


2. Mensagem de 13 do corrente, do nosso camarada e amigo António Graça de Abreu;

Na próxima terça-feira espero pelos meus Amigos na Fundação Casa de Macau, ali no Príncipe Real, nos melhores espaços de Lisboa.

Prometo uma visão diferente de Macau, acompanhando o olhar sinuoso das gentes da imensidão das terras da China, centrado sobre a estranha e fascinante cidade de Macau.
Apareçam. Vamos tentar olhar Macau com os olhos da China.
Abraço, António Graça de Abreu

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Nota do editor:


Guiné 63/74 - P16094: Nota de leitura (839): Num número da revista Africana encontrei um trabalho de certo fôlego intitulado “Guiné: o gentio perante a presença portuguesa”, da autoria da antropóloga Maria Teresa Vázquez Rocha (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
Pareceu-me particularmente interessante o trabalho desta antropóloga que coligiu relatos sugestivos de viajantes, juntando-lhes documentação sobre a vida das praças e a atividade missionária.
Trata-se de um percurso linear onde podemos ver a euforia de certos viajantes, a deceção dos missionários, as permanentes reivindicações de capitães-mores a pedirem mais efetivos, melhores condições, a deplorar a presença de estrangeiros perante o alheamento das autoridades portuguesas. É juntando estas peças que ganha uma certa claridade o que foi a ténue presença portuguesa e descobrir as razões pelas quais a Grande Senegâmbia excedeu as nossas possibilidades. 

Um abraço do Mário




A Guiné entre os séculos XV e XVIII: olhares e documentos

Beja Santos

Num número da revista Africana encontrei um trabalho de certo fôlego intitulado “Guiné: o gentio perante a presença portuguesa” da autoria da antropóloga Maria Teresa Vázquez Rocha, em que se procura analisar as reações, perante a presença portuguesa, até ao século XVIII das populações autóctones. E o texto arranca com um belíssimo parágrafo do Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde, de André Álvares de Almada: “Esta terra é tão abundante de tudo que nada lhe falta; abastada de muitos mantimentos, muito fresca de ribeiras de água, laranjeiras, cidreiras, limoeiros, canas-de-açúcar, muitos palmares, muita madeira excelente. Povoando-se, viria a ser de facto de maior trato que o Brasil; nesta terra há algodão e o pau que há no Brasil, e marfim, cera, ouro, âmbar, malagueta, e podem-se fazer muitos engenhos de açúcar”. A autora fala abreviadamente das ligações da Guiné aos grandes impérios da África Ocidental e socorre-se de vários autores para caraterizar as diferentes etnias, e cita novamente André Álvares de Almada: “E como os reinos dos negros sejam tantos e as linguagens tão várias como os costumes diversos, porque em cada espaço em menos de 20 léguas há duas e três nações, todas misturadas, e os reinos uns pequenos, e outros grandes, sujeitos uns aos outros”. Os grupos referenciados são: Balantas, Felupes, Banhuns, Cassangas, Cobianas, Manjacos, Brâmes, Papéis, Bijagós, Beafares, Nalus, Mandingas, Fulas. Quanto à caraterização da chegada, instalação e primórdios portugueses, a fonte mais invocada é a “Crónica da Guiné”, de Azurara.

A ligação a Cabo Verde vem desde os primeiros tempos e daí as designações “Rios da Guiné do Cabo Verde”, “Guiné do Cabo Verde” ou “Senegâmbia do Cabo Verde”. Tudo começa com os comerciantes originários de Cabo Verde que se fixaram no continente adquirindo escravos e outras mercadorias, como escreveu Henrique Pinto Rema, a propósito das primeiras missões da costa da Guiné: “Estes comerciantes brancos, vindos do arquipélago, sobretudo de S. Tiago, familiarizaram-se com os negros e com as negras, aprenderam as línguas do país, enriquecendo-as por seu lado com vocábulos da própria língua materna e confiadamente se lançaram pelo sertão adentro, de onde lhes veio o epiteto de lançados”. Cacheu surge em 1588, teve praça construída por Manuel Lopes Cardoso. Mas só com Gonçalo Gamboa Aiala será construída uma fortaleza propriamente dita e ele nomeado capitão-mor, em 1641. A fixação mais densa dos portugueses verificar-se à apenas nos finais do século XVII, como forma de salvaguardar os interesses nacionais face às intenções francesas. E daí a construção da fortaleza em Bissau, em finais do século XVII e renovada em 1708. Como escreve a autora: “Só no reinado de D. José I, em 1753, se restabeleceu a capitania, ficando Nicolau de Pina Araújo à frente da mesma. A reedificação da fortaleza de S. José de Bissau torna-se então indispensável. O novo forte foi construído sob enorme oposição dos indígenas, a qual se manifestou por inúmeros atos agressivos; Papéis e Grumetes cometiam enormes desacatos, o que não impediria estes de serem, noutras alturas, grandes auxiliares na defesa das praças da Guiné”.

Para além destas praças foram criadas as de Geba, Farim e Zinguinchor. Era quase impossível encontrar colonos devido à natureza do clima e os degredados enviados eram em pequeno número e elevada a taxa de mortalidade. A autora, que pesquisou no Arquivo Histórico Ultramarino cita documentação alusiva à falta de condições de salubridade, às más condições existentes, ao miserável estado da praça de Cacheu, aos conflitos permanentes com as populações circundantes. Desde muito cedo também que irá surgir um problema para o qual não se encontrou solução adequada: a presença efetiva de missionários. Aliás, enviavam-se padres visitadores que tinham uma ação pouco ou nada eficaz, eram frequentes os conflitos entre os visitadores e os moradores das praças, na medida em que os primeiros cometiam excessos e faziam desmesuradas exigências.

Nesta documentação, a autora deteta informação sólida sobre os europeus e o seu comportamento em terras guineenses: falta de qualidades morais de lançados e comerciantes, ganância e toda a sorte de expediente para enriquecer rapidamente, arbitrariedades de toda a espécie. Ficamos igualmente a saber o que se transacionava nas praças, com destaque para o tráfico de escravos. E temos também as queixas sobre a concorrência de franceses, ingleses e holandeses, é percetível o enfraquecimento da presença portuguesa. Quanto às relações políticas, há um documento eloquente, a carta do rei de Bissau, Bacampolco, a D. Pedro II, em 26 de Abril de 1694, manifestando a sua afeição e propondo-se enviar o seu filho primogénito e onde diz: “Rei de Portugal meu irmão, a esta minha ilha veio o bispo dos cristãos e eu o recebi com amor e desejava que ele ficasse logo amigo, pelo gosto que tive de o ver; e como se ele tornar a esta ilha e me achar vivo me quero lavar minha cabeça e fazer cristão, e não só eu mas todos os meus vassalos; peço e rogo a Vossa Majestade que o queira mandar com ele alguns padres para me ensinarem e a minha gente o caminho verdadeiro do Senhor Deus para salvação das nossas almas, que estou pronto e com grande vontade fazer igrejas em que se conheça e adore o verdadeiro Deus”.

A ação missionária dos franciscanos foi hostilizada por quantos se dedicavam ao tráfico de escravos, são choques infindáveis, os frades sairão da Guiné no início do século XVIII. A missionação da Guiné ficou entregue aos cuidados dos padres seculares de Cabo Verde, a assistência foi sempre muito reduzida. Como observa a autora, o século XVIII foi marcado pela decadência missionária. Até 1940, a igreja da Guiné esteve dependente de Cabo Verde, depois ganhou autonomia.

Queremos agora fazer referência a outro artigo publicado nesta revista Africana, trata-se de uma conferência proferida por Silva Cunha em 1959 no Instituto dos Altos Estudos Militares e que tem a ver com os antecedentes da subversão na Guiné. Em dado passo, e falando da importância do movimento islâmico na Guiné e Moçambique, disse o seguinte: “Cerca de um terço da população indígena destas províncias seguem o credo muçulmano e o número tende a aumentar, pois o islamismo, religião missionária, faz um intenso proselitismo entre as populações animistas do nosso território, sem que, infelizmente, se lhe oponha por parte das missões cristãs um apostolado eficiente. A situação é tal que, a manter-se, dentro de uma dezena de anos toda ou quase toda a população nativa da Guiné estará islamizada. Ora, a comunidade de religião cria novas afinidades que, por vezes, superam mesmo as divisões tribais e tendem a uniformizar os caráteres sociais das populações”. O antigo ministro do Ultramar enganou-se, o islamismo cresceu, tal como, surpreendentemente, as religiões cristãs, com destaque para o catolicismo. Iniciada a guerra, verificou-se que o islamismo não foi em si um fator de divisão, ou seja, nem toda a população islamizada se manteve fiel à bandeira portuguesa, e os aspetos religiosos, na atualidade, não parecem tender a agravar as grandes questões étnicas e não se deteta a tal uniformização dos caráteres sociais das populações. Há outros fatores em jogo nesta ponderação, o cultural, a vitória sobre o analfabetismo, a criação de riqueza, o sentido de identidade nacional, o primado do trabalho, etc, jogam tanto ou mais que o fator religioso na tal uniformização dos caráteres sociais do povo.



Carta Hidrográfica da Guiné Portuguesa, 1844, Sociedade de Geografia de Lisboa que amavelmente permitiu a sua publicação no livro “Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro”, por Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, Fronteira do Caos, 2014, reproduz-se com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16081: Nota de leitura (838): Alexandre Herculano e a Questão de Bolama (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16093: Parabéns a você (1078): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Maio de 2016 Guiné 63/74 - P16090: Parabéns a você (1076): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas das CART 3493 (Guiné, 1972/74) e Agostinho Jesus, ex-1.º Cabo Mecânico Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74)

domingo, 15 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16092: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (13): três poemas de Valdemar Rocha, militar de transmissões em Santa Luzia, premiado nos Jogos Florais da UDIB (1972)


Capa da brochura Caderno de Poesias "Poilão", edição limitada a cerca de 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A obra é editada em dezembro de 1973, por iniciativa do Grupo Desportivo e Cultural (GDC) dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (A história do GDC dos Empregados do BNU remonta à I República: foi carido em 1924).



1. Considerada a primeira antologia da poesia guineense, esta edição (hoje rara) deve muito à carolice, ao entusiasmo, à dedicação e à sensibilidade sococultural de dois homens:(i) o Aguinaldo de Almeida, caboverdiano, funcionário do BNU, infelizmente já falecido; era o coordenador da secção cultural do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do BNU - Banco Nacional Ultramarino, Bissau; e (ii) o nosso camarada Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74; "último soldado do império", é natural de Castelo Branco, e vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo) [, foto a seguir, em Bissau, em 1972/73].


,
Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74)




2. Hoje publicamos três poemas de Valdemar Rocha (*), dois deles premiados  nos Jogos Florais da UDIB - 1972.

Não temos mais referências sobre Valdemar Rocha, a não ser que :

(i) era natural de Rebordosa, Douro, concelho de Paredes;

(ii) na vida civil, era  empregado de escritório;

 (iii)  na época estava em Bissau na unidade de transmissões (Santa Luzia);

(iv) ajudou o Albano Mendes de Matos e o Aguinaldo Almeida a organizar esta antologia;

e ainda (v) foi ele que trouxe dois poemas do Luís Jales  de Oliveira ["Ginho", que esteve em Gadamael Porto, Região de Tombali, 1973; tem página no Facebook e é natural de Mondim de Basto]





Sabe-se que foi um alferes miliciano da Unidade de Tarnsmissões [, aquartelada em Santa Luzia,]  quem desenhou a capa para «Poilão» a pedido de Valdemar Rocha. (**)









Guiné > Bissau > Sede da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau > c. 1962/64. Foto do nosso camarada açoriano Durval Faria (ex-fur mil da CCAÇ 274, Fulacunda, jan 1962/ jan 64)

Foto: © Durval Faria / Blogue Luís Graça > Camaradas da Guiné (2011). Todos os direitos reservados.

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Notaa do editor:

(*) Últimos postes da série:

16 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15259: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (12): Eunice Borges é a única voz feminina desta antologia


12 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13877: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (10): (i) O poeta, cidadão do mundo; (ii) Caminha; e (iii) A minha mãe (Tavares Moreira, n. 1938, Bubaque)


(**) Sobre a históris deste caderno de poesias "Poilão", vd..

24 de outubro de DE 2014 > Guiné 63/74 - P13796: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (8): Respondo a algumas perguntas: (i) o poeta Pascoal D' Artagnan, que era filho de mãe balanta e pai italiano; e (ii) o 'making of' do livrinho (Parte I)


25 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13798: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (9): o 'making of' do livrinho (Parte II)


Guiné 63/74 - P16091: Tabanca Grande (486): José Salvado, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CART 1744 (S. Domingos, 1967/69); foi também Administrador de Posto em Angola, é hoje advogado, vive nas Caldas da Rainha, e passa a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 715


Foto n-º 1 > O José Salvado em S. Domingues, na região do Caacheu


Foto nº 2 > A LDM 311 no rio Cacheu


Foto nº 3 > 2.º grupo de combate da CART 1744


Foto nº 4 >  Pela picada for

Fotos: © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados


1. Mensagem de José Salvado, com data de ontem:

Caro amigo Luís Graça,

Respondendo ao convite, envio o pequeno texto, contendo os meus elementos militares e actuais:

Camaradas ex-combatentes,

Assentei praça no RI 5, nas Caldas da Rainha, no dia 16/05/1966, como soldado miliciano.

Em 21 de Agosto daquele ano fui para o CISMI em Tavira, tirar a especialidade de Armas Pesadas de Infantaria.

Terminada a especialidade fui colocado no RI 15, em Tomar, onde fui promovido a 1.º Cabo Miliciano, e, no dia 28 de Fevereiro de 1967 fui transferido para o GACA 2, em Torres Novas, para dar a escola de recrutas, sendo integrado na CART 1744, que no da 20 de Maio de 1967, embarcou no paquete Uíge tendo como destino a Guiné. Fui graduado em furriel miliciano na data de embarque.

Chegado à Guiné-Bissau, no dia 25 de Maio de 1967, descemos para uma LDM, onde nos foi distribuído o armamento, e navegando toda a noite chegámos no dia seguinte ao Cacheu, permanecendo ali até ao 27 de Maio, de manhã, e depois tendo embarcado num barco que nos transportou até S. Domingos.

Como Companhia de Intervenção a minha companhia, a CART 1744,  esteve presente em operações em S. Domingos, Susana, Ingoré, Cacheu e o meu pelotão esteve 15 dias no Sedengal em emboscadas para os eventuais fugitivos de uma grande operação que decorria na mata da Coboiana,  no Cacheu.

De regresso, embarquei no paquete Niassa, no dia 15 de Maio de 1969, tendo desembarcado em Lisboa no dia 21 do mesmo mês.

Mais tarde fui promovido a 2.º sargento miliciano.

No dia 13 de Junho de 1969 tomei posse do lugar que me aguardava na Repartição e Finanças de Montemor-o-Velho, como aspirante de finanças, e 2 anos e pouco após a posse, estava a rescindir o contrato, para tomar posse como Administrador de Posto em Angola. [Foto à esquerda,]

Regressado em 1975, fui colocado, no dia 21 de Janeiro de 1976, como funcionário administrativo da Escola Preparatória de Terras de Bouro, que abandonei em 30/09/1979, porque no dia 1 de Outubro (dia seguinte) tomei posse como chefe de secretaria da Câmara Municipal da Lourinhã, lugar que abandonei por transferência para a C. M. das Caldas da Rainha. 

No dia 2 de Dezembro de 1991, tomei posse como Director Administrativo da C. M. da Covilhã, sede do Concelho da freguesia da minha naturalidade.

Passei à aposentação no dia 30 de Setembro de 1994.

Presentemente,  para além de aposentado, exerço funções como advogado, na cidade das Caldas da Rainha, onde resido desde o dia 30 de Setembro de 1984.

Junto as 2 fotos da praxe [e mais algumas da página no Facebook].

Um abraço do
José Salvado


2. Comentário do coeditor CV:

Em nome do Luís Graça e demais editores, colaboradores permanentes e demais amigos e camaradas da Guiné, que se junta simbólica e fraternalmente à sombra do poilão da Tabanca Grande, dou-te as boas-vindas.

Cumpridas as formalidades de apresentação, passas a constar dos nossos registos como o grã-tabanqueiro n.º 715. Ficas a saber que és o primeiro representante da tua companhia, a CART 1744, da qual sabemos pouco.

Esperamos que nos digas mais coisas sobre o tempo que passaste no Cacheu e, já agora, por que não, podes também escrever sobre os tempos passados como administrador de posto em Angola.
Obrigado pela tua vontade em integrar este grupo de antigos combatentes que passaram pela Guiné entre 1961 e 1974. Como costumamos dizer, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, nela cabemos com tudo aquilo que nos une e até com aquilo que nos pode separar, por exemplo, a política, a religião e... o futebol.

Muita saúde e longa vida, camarada José Salvado,
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15992: Tabanca Grande (485): Completando o processo de adesão do António Osório, que vive em Vila Nova de Gaia: foi fur mil rec inf, CCS/QG/CTIG (Bissau, Cacine, Gadamael, Cameconde, 1970/72)

Guiné 63/74 - P16090: Parabéns a você (1077): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493 (Guiné, 1972/74) e Agostinho Jesus, ex-1.º Cabo Mecânico Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Poste anterior da série de 10 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16072: Parabéns a você (1075): Fernando Valente (Magro), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Guiné, 1970/72) e Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1966/68)

sábado, 14 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16089: Memórias de Gabú (José Saúde) (62): Bafatá, cidade com o rio em pano de fundo. Olhar o Geba. (José Saúde)



Foto nº 1 > Bafatá, com o Geba ao fundo


Foto nº 2 > Uma coluna a Bafatá


Texto e fotos; © José Saúde (2016). Todos os direitos reservados.



1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem. 

As minhas memórias de Gabu

Bafatá, cidade com o rio em pano de fundo

Olhar o Geba

Recordo as idas a Bafatá! O zumbido dos velhos motores das Berliet e dos Unimog que rompiam o silêncio de um misterioso capim onde se camuflavam homens que preparavam emboscadas à tropa tuga. Era o tempo da guerra. Ninguém passava imune a uma guerrilha tremendamente desleal. Sou de um tempo em que a estrada que ligava as duas cidades, Bafatá-Nova Lamego, já se encontrava alcatroada.

Bafatá, terra natal de Amílcar Cabral, cabo-verdiano de sangue mas um cidadão guineense que nasceu no mês de setembro de 1924, situa-se na região centro da Guiné-Bissau, sendo a sua população predominante de etnia fula e mandiga, a que acresce a sua principal fonte económica passar pela produção de arroz e de tubérculos. Bafatá era ainda uma cidade anfitriã para eminentes encontros. Dissecavam-se as agruras da guerra, bebiam-se uns líquidos fresquinhos e os repastos eram de bom grado.

Recordo as cívicas “emboscadas” preparadas pela rapaziada numa ida a Bafatá e que desembocavam normalmente no “Transmontano”, se a memória não me falha o nome. De parte ficava o rancho do quartel, pelo menos por um dia.

Historicamente debruço-me, como é óbvio, sobre a zona de Bafatá. Neste contexto, o seu clima tropical, geralmente quente e húmido, apresentando-se chuvoso entre os meses de junho a outubro e seco entre novembro e maio, era abrasador e ali se recolheram histórias de encanto e desencanto de gentes atirados para as frentes de combate.

Banhada pelo rio Geba a população tinha na pesca uma das suas fontes de rendimento. Todavia, Bafatá era essencialmente uma urbe onde uma visita alvitrava um olhar sobre as águas do Geba que corriam mansamente num leito onde se extraiam outras compensações.

Geba, que em dado momento da minha comissão, tive a oportunidade em conhecer numa viagem fluvial feita entre Bissau e o Xime. Lembro a azáfama que aquela jornada me proporcionou.

Numa LDG amontoada de viajantes lá partimos rio Geba acima. A guerra, nesse tempo, estava ao rubro. Esperei alguns dias pelo embarque para Gabu por via aérea, todavia o tempo protelou-se e a solução passou por aceitar a inexperiente viagem fluvial.

A curiosidade da opção foi quando me deparei com os meus companheiros de viagem. Negros em maioria transportavam consigo todos os seus utensílios pessoais e nem as galinhas faltaram à ordem de chamada.

O instante mais delicado da viagem foi quando chagámos à zona de Ponta Varela. Ordens para o pessoal se deitar e adiantado ainda o comandante da lancha que nem uma cabeça a ver-se do exterior. 

Comentava-se que aquela passagem por Ponta Varela, local onde o rio estreitava, era perigosa e já tinha conhecido fins dramáticos. O PAIGC de quando em vez preparava ataques a partir das margens do Geba. Porém, a passagem foi tranquila e lá navegamos em águas pacatas até desembarcarmos no Xime.

Seguiu-se uma viagem que cruzou Babadinca e logicamente Bafatá. Ali aguardei pela coluna que me levou até Gabú, ficando para trás um outro olhar pelo rio Geba onde o medo a certa altura mexeu com o meu ego. 

Eram os tempos de guerra!... 

Legendas para as fotos:

1 - O Geba como paisagem de fundo
2 - Numa coluna a Bafatá 


Um abraço, camaradas 

José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P16088: Efemérides (225): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (3) (Carlos Vinhal)

Terminadas que foram as cerimónias previstas para a manhã do dia 31 de Abril, dia este que começou com a concentração do dispositivo, pelas 10 horas e 15 minutos e se prolongou para lá das 13, esperava-nos um merecido almoço, servido num espaço exterior da sede, o antigo recreio coberto da Escola, onde a mesma está instalada. 
Pena foi que durante a tarde o vento norte se intensificasse e as pessoas sentissem algum desconforto.
Quem sabe, um dia destes tornaremos aquele espaço mais agradável que permita acolher as pessoas em dias de clima mais agreste.

Alguns dos convidados oficiais fizeram questão de nos acompanhar no repasto. Ao todo, os presentes seriam cerca de 170.

Espaço onde decorreu o almoço. Na sala interior não se consegue montar mais de 10 mesas. Aqui estariam 18.
Foto: Dina Vinhal

Aspecto dos rojões servidos com arroz branco, ou de sarrabulho para os apreciadores
Foto: José Trindade

Uma panorâmica com alguns dos presentes.
Foto: Núcleo

A tarde também teve animação musical. A primeira com o quarteto de trombones da Banda Militar do Exército, Destacamento do Porto, que interpretou alguns trechos de música clássica, marchas, folclore, etc.
Foto: Abel Santos

O Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos da LC, aqui muito desfalcado, dirigido pelo Maestro SAj Luís Manuel Ribeiro, agora com a componente instrumental: acordeão, cavaquinhos e percussão, interpretou algumas canções do nosso folclore.
Foto: Núcleo 

Entretanto as horas indo passando e alguns dos convidados tinham que se retirar, o senhor Major-General Fernando Aguda tinha que regressar a Lisboa e o Dr. Eduardo Pinheiro ia ser Padrinho de Casamento dali a poucas horas.
Passou-se então à fase dos discursos com as intervenções do Presidente do Núcleo, Ten-Cor Armando Costa; do Vice-Presidente da Direcção Central, Maj-Gen Fernando Aguda e a finalizar, Dr. Eduardo Pinheiro, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.

Seguiu-se uma troca de presentes:

Para mais tarde recordar: Dr. Eduardo Pinheiro, Major-General Fernando Aguda e Ten-Coronel Armando Costa.
Foto: Núcleo


Troca de lembranças entre a Câmara Municipal e a Liga dos Combatentes
Fotos: Núcleo

A Direcção Central da LC não esqueceu o aniversário do nosso Núcleo.
Foto: Núcleo

Bolo Comemorativo do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos
Foto: Núcleo

A difícil tarefa de cortar o bolo, a cargo do Major-General Fernando Aguda e do Ten-Coronel Armando Costa
Foto: Abel Santos

Um brinde à eterna juventude
Foto: Núcleo

E assim terminou este dia 30 de Abril de 2016. No próximo ano, nós ou alguém por nós, tudo fará para que o Combatente matosinhense, vivo ou morto, não seja esquecido.
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Texto; selecção, edição e legendagem das fotos, da responsabilidade do editor
Carlos Vinhal

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Voltando um pouco atrás, o senhor Major-General Fernando Aguda, presente em Matosinhos nas celebrações do Dia do Combatente, em representação do senhor Tenente-General Chito Rodrigues, fez um discurso que muito sensibilizou os Combatentes presentes. Melhor que adjectivá-lo é sugerir a sua leitura. 
Pedimos-lhe autorização para o reproduzir no nosso Blogue, aqui fica.

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Nota do editor

Vd. postes anteriores de 13 de Maio de 2016:

Guiné 63/74 - P16083: Efemérides (223): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (1) (Carlos Vinhal)
e
Guiné 63/74 - P16085: Efemérides (224): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (2) (Carlos Vinhal)