quinta-feira, 28 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16343: Convívios (764): Moledo, Lourinhã, 14 de agosto de 2016: encontro de combatentes, 5º aniversário da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste... Estamos todos convidados!

 

Cartaz pormocional do convívio da AVECO - Associação dos Veteranos do Oeste, da autoria do nosso amigo e camarada António Basto. Moledo da Lourinhã é uma terra fascinante, a 70 km de Lisboa que merece uma visita. (*)

Foi aqui, em Moledo [, do baixo latim "Moletu(m)", rochedo], que Pedro e Inês fizerem o seu ninho de amor. Inês teve aqui um palácio, entretanto demolido no séc. XVI. Tem igreja renascentista e é a povoação do país com mais esculturas por metro quadrado (**), Os seus moinhos de vento, de oprigem árabe, também são um motivo de atração. Tem igualmente monumento aos combatentes do Ultramar. Fica situado  no planalto das Cesaredas.




Lourinhã > Moledo > Arte Pública > 25 de agosto dfe 2015 > Inês, peça de Joana Alves, em pedra da região... E o nosso editor com a mãosinha... "na mama firme da bajuda".

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados


1. A  AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste, com o NIPC 510 083 617,  tem  sede na Rua dos Bombeiros Voluntários, Edificio do Centro Coordenador de Transportes, Piso 1, Sala 2, Lourinhã, e é  uma Instituição Particular de Caracter Cultural e Social.

Foi constituida por escritura pública de 16 de dezembro de 2011.

É uma Associação que agrega antigos combatentes (Veteranos) da Guerra Colonial e das Missões de Paz, de todos os Ramos das Forças Armadas.

2. Tem como objetivos principais:

(i) o apoio social, médico e jurídico, a defesa de direitos e das justas reivindicações de todos os associados, e a obtenção de assistência específica aos ex-combatentes e seus familiares,  portadores de deficiência por perturbação pós-stress traumática de guerra (PTSD);

(ii) promoção de actividades lúdicas e culturais para os seus associados e familiares.

(iii) não tem fins lucrativos e  é independente de ideologias políticas, étnicas, religiosas e económicas.

3. Contactos: 

AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste [brazão à direita]

Rua dos Bombeiros Voluntários - Centro Coordenador dos Transportes - Piso 1 – Sala 2
2530-147 LOURINHÃ

Telefone: + 351 261 46 9457

Guiné 63/74 - P16342: (Ex)citações (314): A faca de mato, original, que usávamos no CTIG... Um ícone que "passeou" comigo, de Guileje e Gadamael a Nhacra e Paunca, entre 1972 e 1974... (J. Casimiro Carvalho, ex-fur mil op esp / ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11)


Foto: © J. Casimiro Carvalho (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. "Coisas que passearam comigo na Guiné...1972-74", diz ele, o osso "herói de Gadamael" (que a Pátria deve-lhe muito, no mínimo  uma cruz de guerra,  mesmo que seja de ferro enferrujada!... À atenção do senhor inquilino de Belém que zela pelos valores e pelos heróis pátrios)...

"Material icónico, por demais conhecido no Blogue (em fotos desses tempos), são os originais", garante ele... O camuflado, as divisas de furriel, o cinturão, a faca de mato... 

Estamos a falar do J. Casimiro Carvalho [ex-fur mil op esp/ranger, CCAV 8350 e CCAÇ 11, Gadamael, Guileje, Nhacra e Paúnca, 1972/74; membro da nossa Tabanca Grande, tem cerca de 70 referências no blogue; vive na Maia; é um bom amigo e melhor camarada, além de pai e avô babado...

É pena não se ver a faca de mato inteira, com a lâmina inox... Muito menos o nome do fabricante.  Há aqui um tira-teimas: era alemão ou português do Minho ?...

Mas esta era a nossa verdadeira faca de mato (a avaliar pelo cabo em osso e pela baínha em cabedal) que o exército disponibilizava, pelo menos aos graduados... Vamos pedir ao dono para nos mandar uma foto da faca, desembainhada, de  corpo inteiro, nuínha em folha, da ponta ao cabo... Há um inquérito a decorrer sobre a "faca de mato" e os usos e costumes dos seus donos... Ver blogue, ao canto superior esquerdo. É só clicar nas respostas (uma ou mais apropriadas)... Até por volta das 20h30 do dia de hoje, hora a que fecha a urna eletrónica...

Guiné 63/74 - P16341: Inquérito 'on line' (63): Para que servia a faca de mato ?... Resposta de Jorge Araújo (ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 1




Guiné > Zona leste > Setor L1 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > Subsetor do Xime (1972) > Foto nº 2

Fotos: © Jorge Araújo  (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO?

27 de julho de 2016   | Jorge Araújo [ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974)];


Na sequência do conteúdo publicado no P16337 (*), eis um pequeno contributo factual sobre o uso da nossa companheira (mais uma: a faca de mato) no quotidiano das aventuras e imponderáveis no CTIG.

A faca de mato da imagem supra  [, foto nº 1] foi utilizada na sequência do episódio ocorrido em 10 de agosto de 1972 [vai fazer quarenta e quatro anos] com o meu grupo de combate [o 1.º da CART 3494] no rio Geba, e que foi baptizado como «o naufrágio no Rio Geba».

Citação extraída do P10246.

[…] “Fazendo uso da faca de mato, que usávamos presa ao cinturão, procedemos ao corte de alguns troncos dos arbustos existentes na zona, arremessando-os na sua direcção, visando facilitar a mobilidade nos últimos metros da tortura. Os pequenos troncos, porque foram colocados entre os corpos e o tarrafo, funcionando como estrado, acabariam por provocar ligeiros ferimentos, particularmente no peito e zona abdominal, devido às suas saliências”. […]


A faca de mato servia, ainda, para gravar a nossa assinatura [ideogramas] em locais por onde passámos, nomeadamente árvores, como é o exemplo acima.[, foto nº 2]


Boa semana.

Um abraço. Jorge Araújo.

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 27 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16337: Inquérito 'on line' (62): Para que servia a faca de mato ? Em 80 respostas (provisórias), 31% diz que nunca teve faca de mato; para 41% era um objeto multiuso, para 33% um abre-latas e para 25% uma ferramenta de sapador... O prazo de resposta termina amanhã, 28, às 20h38... Mesmo em férias, esperamos chegar às 100 respostas

Guiné 63/74 - P16340: Convívios (763): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte II - (E)ternos namorados (fotos de Manuel Resende)


Foto nbº 15 > O sempre simpático e elegante casal de Paço de Arcos, Carlos Alberto Cruz e Irene


Foto nº 16 >  O sapador Luis R, Moreira e companheira Irene


Foto nº 17  > O António Fernando Marques e a Gina, as pessoas mais encantadores da Torre da Marinha


Foto nº 18  > O casal mais "strelado" do mundo: Miguel e Giselda Pessoa


Foto nº 19 > Os inseparáveis Jorge Canhão e Maria de Lurdes, que vivem em Oeiras


Foto nº 20 > Zé Carioca e esposa Ilda


Foto nº 21 > Os já fregueses da Tabanca da Linha, Manuel Lema Santos e esposa Maria João


Foto nº 22 > Arlindo Clérigo, pára ferido no inferno de Gadamael e evacuado para a Metrópole, e a sua companheira Ermelinda 


Foto nº 23 > Caras conhecidas... Carlos Carronda Rodrigues, cor ref (Algueirão) e esposa Manuela.

Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro, Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés) > 26º convívio da Magnífica Tabanca da Linha (*)

Fotos: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como escreveu no poste anterior o cronista-mor da Tabanca da Linha, o Zé Manel (Matos Dinis) no seu estilo irreverente e bem disposto (*):

"(...)  Importante, importante, é a possibilidade para confraternizarmos, para nos expressarmos com alegrias e risadas, e gritos, se alguém, algum dia, alguém se lembrar disso".

E lembra que "foram várias as caras novas, malta que pareceu integrar-se com facilidade, o que vem provar que há coisas importantes que nos unem" (*)...

Como sempre não faltaram os casais... Aqui vai uma seleção, a partir das fotos do Manuel Resende, dos (e)ternos namorados da Tabanca da Linha. Até à rentrée!...

PS - Pedimos desculpa por não saber identificar todos os participantes que aparecem nas fotos (Partes I e II)...
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Guiné 63/74 - P16339: Convívios (762): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte I - Grandes corredores d'Algés & Dafundo e d'Além-Mar em África (Texto de José Manuel Matos Dinis; fotos de Manuel Resende)


Foto nº 1  >  A nova "sala de pasto", agora em Algés, o restaurante Caravela de Ouro


Foto nº 2 >  O "camisola amarela" é um português da Linha, pois claro, ex-Diamang... Nem tudo se perdeu no retorno ao "Puto"... A pele e a alma e o resto do corpinho vieram com o nosso Zé (Manel Matos Dinis), aqui no exercício das suas funções de (e)terno adjunto do Comandante Rosales. Ainda na foto: António Castanheira e Carlos Santa.


Foto nº 3 > Um foragido que à  Tabanca da Linha retorna: o Humberto Reis, o "camisola vermelha" que, tal como os seus régios antepassados, escolheu as terras da Lourinhã, refúgio de Pedro e de Inês, para refrigerar o coração com as brisas matinais. Com ele, António Maria Silva.


Foto nº 4 > O veteraníssimo Rui Santos, o "camisola azul"... Outro grande corredor de fundo... Com António Alves Alves.


Foto nº 5 > Um "bedandense" entre as gentes da Linha: o Hugo Moura Ferreira, ex-camisola amarela... Com José de Jesus da CCAÇ 2585 (Jolmete)


Foto nº 6 >  O fadista de Bissorã, o rapaz da "camisola verde às riscas"... Está nostálgico, o nosso Armando Pires, why? why?...


Foto nº 7 > O Zé Dinis de Souza Faro, numa pose luminosa...


Foto nº 8 >  "Manuel Joaquim, à minha direita, um grande senhor", diz o Souza Faro... Ainda na foto, António Gil das Caldas da Rainha.


Foto nº 9 >  Do outro lado a Linha... do Estoril, em Algés... Manuel Joaquim, Diniz Souza E Faro, António Gil, José António Chaves, Joaquim Nunes Sequeira (o Sintra), e António Souto Mouro (de costas).


Foto nº 10 > Um ribatejano, régulo da Tabanca de Setúbal, em visita de cortesia à Tabanca da Linha onde se come sempre bem e se recebe melhor...


Foto nº 11 > Manuel Resende, o fotógrafo de serviço que tem fixado, para a eternidade, os melhores momentos conviviais da Magnífica Tabanca da Linha



Foto nº 12 > Da esquerda para a  direita: Manuel Lema Santos, lídimo representante da Reserva Naval (e Moral da Nação) mais o Zé Rodrigues, que vive em Belas (que a nossa base de dados não mente)


Foto nº 13 > Fernando Sousa, "outro bedandense", escritor, autor de "Quatro Rios e um Destino", que se prepara no final do ano para lançar o seu primeiro livro de poesia...


Foto nº 14 > Por fim, mas não menos importante, o comandante Jorge Rosales, tendo a seu lado o José Colaço, dois dos nossos grã-tabanqueiros sempre nobres e leais... 14 fotos de uma difícil seleção num lote de 60, enviadas pelo Manuel Resende... Mas há mais, na parte II...

Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro,  Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés) > 26º convívio da Magnífica Tabanca da Linha (*)

Fotos: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Bloghue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Manuel Matos Dinis, com data de 21 do corrente:

Assunto - O Último encontro da Magnífica Tabanca da Linha

Foi hoje.

Conforme ampla divulgação feita pelos instrumentos do costume, foi hoje o último encontro da Magnífica Tabanca da Linha.

Foi o último realizado, mas vão continuar. Que ninguém se assuste, que o génio desta tabanca está para durar. A realização começou no final do mês passado. Alguns dos magníficos da região de Algés, há muito tempo que propunham a realização de um encontro lá para aquelas bandas. 

Nesse pressuposto, S. Exa., acompanhado do ministro privado das tecnologias, Manuel Resende; do impoluto repórter reformado, Armando Pires, e de alguns dos elementos daquela região, marcaram almoço no previsto local do acontecimento. Parece que S. Exa. ficou estragado de mimos, bebeu uns copos, e deu luz verde à realização. Fixou-se a ementa e o preço, mostraram-se retratos do edifício, e vai de anunciar às gentes interessadas a próxima realização do evento. Que foi hoje. Colocaram-se as moedas nos parquímetros, e ala, que tocou a reunir.

Compareceu um bom número de tertulianos, animados de boa disposição, e do bom apetite que a escada até ao segundo andar proporciona. Calma, deixem-me contar: claro que não morreu ninguém com o esforço, ou insuficiências potenciadas pela contagem dos degraus. Nada disso. Para esses, a organização dispõe de um elevador. E foi o que aconteceu, a malta atafulhou o cubículo elevatório de cada vez que se passava da rua para a sala sacrificial. 

E logo à entrada, emboscados, mas suficientemente à vista para não falharem pontarias, dois elementos procediam à recolha do dinheiro: um estendia a mão onde se colocavam os valiosos euros, enquanto o outro rabiscava num papel marcado com manchas de azeite, ou manteiga, mas ainda com aromas de outros temperos, os nomes dos pagantes. Nesta parte a coisa correu bem, pois não se registaram desacatos como vinha sendo costume, quando havia o hábito de pagar no fim. Parabéns à organização que acabou com as confianças malévolas.

A localização permite uma vista para a Marginal, depois para a linha, onde passa o comboio sem custos acrescidos, a seguir pode ver-se o bocado de terra destinado aos concertos barulhentos, e, finalmente, lobriga-se o rio, que dali parece ribeiro. O pessoal já não via nada, e alguns tiveram a sorte de descobrir uns fritos e rodelas de paio que não saciaram as fomes. Provaram-se vinhos, da terra do senhor doutor, e ouvi alguém soletrar Esteva, que logo percebi, não havia Esteva. Isto, na parte dos tintos, porque os brancos eram da mesma proveniência e não havia da D. Ermelinda. Ninguém morreu de sede. Aliás, havia água com excessiva fartura, e uma espécie de laranjada, certamente da mais qualificada indústria sumarenta. Nem lhe toquei, livra!

Aproximou-se a hora de refeiçoar, e o pessoal compôs-se nas mesas para o diligente serviço de caldos, um elaborado a partir das melhores espécies vegetais, outro com um acentuado palato a marisco, com escassas farripas de camarão a comprovar a sapidez, ambos com dotações suficientes de Maggi, que lhes davam carácter e autenticidade. Bebe mais um copo, Zé! Era a voz da consciência a apaziguar o estômago.

E logo veio a grande atraqueção culinária, o prato de bianda com garoupa, a que se acrescentaram gambas. Nada a dizer, pois o cozinheiro, à semelhança do defesa da selecção de futebol que ganhou o europeu, não inventou nada, e o conduto correu previsivelmente bem. Óspois, como seria escrito pelo camarada Veríssimo, podíamos escolher entre salada de frutas e pudim. A salada estava boa, e do pudim ouvi rumores de que não ia além da mediania.

Mas foi bom. No final correram umas garrafas de magníficos alcoóis que fizeram acentuar a necessidade de frescura para enfrentar a digestão, e que facilitaram a algazarra seguinte, que hoje ganhou méritos de amplificação, ou por causa da concentração do pessoal, ou por causa do tamanho da sala que não permitiu mais largueza na distribuição.

Conforme é do conhecimento geral, importante, importante, é a possibilidade para confraternizarmos, para nos expressarmos com alegrias e risadas, e gritos, se alguém, algum dia, alguém se lembrar disso. Foram várias as caras novas, malta que pareceu integrar-se com facilidade, o que vem provar que há coisas importantes que nos unem. Por mim, regressei a casa com a noção do dever cumprido. Para todos vai o meu abraço fraterno. Isto, se S. Exa. o Senhor Comandante, não achar necessário exercer o seu exclusivo direito de censura. (**)

Inté! JD
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16273: Convívios (759): Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, no próximo dia 21 de Julho, em Algés (Manuel Resende)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16338: Os nossos seres, saberes e lazeres (165): Ai, se Bocage soubesse ou visse… (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Fevereiro de 2016:

Queridos amigos,
Asseguro-vos que estes setubalenses são afáveis, e quem veio de outras procedências e aqui assentou praça está contente e promete ficar.
É um espaço amplamente voltado para o rio e ensimesmado em ruas, ruelas e pracetas. Assomam monumentos que evocam tempos faustos, havia uma rica lavoura, os medievos fizeram do sal uma das suas principais riquezas; e há o entorno da Arrábida, as praias paradisíacas e a gastronomia tem os seus pergaminhos.
O pretexto era uma exposição de Júlio Pomar, com derriço fiquei mais tempo e não me arrependi.

Um abraço do
Mário


Ai, se Bocage soubesse ou visse… (2)

Beja Santos

Pois bem, atraído pelas entranhas de Setúbal, trajetos que escapam ao turista que vem à procura de praias, petiscos ou os monumentos consagrados, aproveitei a deixa de passear pelo mais vetusto, a Setúbal que teve muralhas, palácios e sede de bispado, aqui começou a cidade virada para o mar.


Já se falou de que Setúbal teve muralhas, hoje derruídas, praticamente esquecidas. O que aqui vemos, manifestamente desprezado, é uma entrada à volta de um pano de muralha, e lá ao fundo houve quartel de infantaria, o 11, hoje escola de hotelaria, dispõe de uma galeria municipal e consta que para breve ali aparecerá hotel onde no passado se erguiam as casernas dos soldados.


E não digam que não somos um povo divertido, estamos no Beco dos Proletários, em palácio da velha fidalguia, mas a desgraça maior são aqueles cabos que desfeiam o que nos devia merecer muito respeito. O que pensaria o senhor conde se por aqui passasse e visse o desaforo destes proletários na vizinhança?




Disse para comigo: olha, entraste a preceito na Idade Média, ou tempo muito parecido. A rua é elegante no seu enviesamento, prédios restaurados olham para prédios decrépitos, mas a inversa é verdadeira. E há estes arcos, felizmente bem integrados e condizentes do respeito pelo património histórico. O viajante mete conversa, há gente que veio do Norte e que arrumou a sua vida em Setúbal, andam contentes com a afabilidade setubalense; há mesmo quem tenha dito que nas últimas décadas o que era ruína pura se transformou em edifício com enlevo, há quem diga com o peito cheio de orgulho que Setúbal vai ser, nas próximas décadas, uma das cidades mais lindas do mundo. E di-lo com convicção, com a mesma convicção se regista tão bons sentimentos.


A época do Entrudo presta-se a atividades económicas muito dignas, este senhor está à espera da clientela, ainda lhe perguntei se era um negócio de aluguer, foi perentório – aqui é só para vender. Já me cruzei com espadachins, gatos e gatas, super-homens e rapaziada tirada da guerra das estrelas, acreditem que a curiosidade foi acicatada pelo turbilhão da cor, com esta garridice ninguém se irá disfarçar de Conde Drácula.



Há sempre um refrescamento de olhar quando se vem ao Museu do Trabalho, aproveitou-se lindamente uma fábrica ao abandono, o visitante tem ao seu dispor manifestações laborais da mais diversa índole. Desta vez, quedei-me frente à mercearia de outras eras, há mais de 60 anos frequentei uma parecida, no termo da Rua de Entrecampos, numa altura em que ainda não sonhávamos que ia aparecer a Avenida dos Estados Unidos da América, vendia-se arroz em cartuchos, azeite a granel, uma quarta de banha em papel manteiga, o milho tinha as suas medidas e havia a rasoira, móveis imponentes, o livro para registar as vendas a fiado. Tenho quase a certeza que todos vós têm lembranças deste mundo passado, agora peça de museu.



Um dos propósitos que me trouxe a Setúbal foi ver estes desenhos de Pomar, a exposição terminava nesse dia, sempre tinha perdido a ocasião de conhecer tão belas obras. Estava interdito tirar imagens, limitei-me ao que reza na brochura. Convidado pelo Metropolitano de Lisboa, nos anos 80, a desenvolver um projeto plástico para o revestimento azulejar das paredes da estação do Alto dos Moinhos, Pomar tomou como tema quatro grandes poetas – Camões, Pessoa, Bocage e Almada. Sensível à especificidade do espaço da estação de metropolitano, o artista inspirou-se na técnica cursiva e caligráfica dos grafitis e nas pinturas parietais das grutas de Altamira e de Lascaux, como ponto de partida para um intenso olhar pessoal. Esses desenhos foram depois expostos na Gulbenkian, mais tarde em Setúbal, no que toca a Bocage. E o poeta regressou 30 anos mais tarde, nas comemorações que a autarquia lhe preparou.



Aqui houve quartel, mesmo em frente ao Sado. Daqui saíram infantes para a guerra, veio a paz e foi reciclado, deu em galeria municipal, escola de hotelaria e turismo, e vai ter hotel, aqui ficam as imagens para desfazer equívocos, tudo quanto é quartel pode ser convertível.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 20 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16320: Os nossos seres, saberes e lazeres (164): Ai, se Bocage soubesse ou visse… (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16337: Inquérito 'on line' (62): Para que servia a faca de mato ? Em 80 respostas (provisórias), 31% diz que nunca teve faca de mato; para 41% era um objeto multiuso, para 33% um abre-latas e para 25% uma ferramenta de sapador... O prazo de resposta termina amanhã, 28, às 20h38... Mesmo em férias, esperamos chegar às 100 respostas

Foto de José Colaço (2016)
I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"PARA QUE SERVIA A FACA DE MATO ?" 

(PODES DAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA)...

RESULTADOS PRELIMINARES (n=80)

7. Outros usos (mato/quartel) > 33 (41%)

3. Abre-latas > 27 (33%)


10. Nunca tive faca de mato > 25 (31%)

5. Ferramenta de sapador (MA) > 20 (25%)



4. Talher 3 em 1 (faca, garfo, colher) > 14 (17%)
1. Arma de defesa > 13 (16%)
6. Adereço / ronco > 11 (13%)
8. "A minha amiga inseparável" > 7 (8%)
2. Limpar o sebo ao IN > 2 (2%)
9. Objeto completamente inútil > 0 (0%)
11. Não sei / não me lembro > 0 (0%)

Votos apurados às 00h00 de 27/7/2016 >  80
Dias que restam para votar:  até 28/7/2016, às 20h38



Foto à esquerda:

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > 1972 > CART 3492 > "Eu e o Furriel Nunes, do 4º pelotão, se não me engano" 

[, A faca de mato podia ser usada com a baínha presa ao cinturão ou presa na farda ou camuflada, abaixo do ombro esquerdo, à "ranger", como documenta etsa foto com o nosso grtã-tabanqueiro Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73].

Foto (e legenda): © Joaquim Mexia Alves (2006). Todos os direitos reservados.



25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16328: Inquérito 'on line' (59) A minha faca de mato ficará associada para sempre a um acontecimento doloroso: a morte do soldado da minha secção, Aladje Silá, em 20/7/1970 (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

22 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16324: Inquérito 'on line' (58): A minha faca de mato ? Era quase um canivete suíço e 'vestia' com manga de ronco!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

Guiné 63/74 - P16336: (Ex)citações (313): A minha faca de mato, de aço temperado mas não de inox, "made in Portugal", velhinha de 45 anos, amiga inseparável, ainda hoje nas jornadas de caça... (Augusto Silva Santos, ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Fotos: © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Augusto Silva Santos, com data de 26 do corrente:

Augusto Silva Santos 
(ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,



Olá,  Carlos Vinhal, boa tarde!
Espero que esteja tudo bem contigo.

Relativamente ao assunto em referência, estou a juntar a minha modesta colaboração, com um pequeno texto e algumas fotos para ilustrar que, caso assim o entendas, agradeço publicação.

Um Grande e Forte Abraço
Augusto Silva Santos


2. A minha Faca de Mato

Esta é a minha faca de mato, velhinha de 45 anos, que sempre me acompanhou durante toda a minha comissão na Guiné, conforme fotos [4] que o confirmam. Foi uma amiga inseparável, tal como a G3, e que muita utilidade teve em diversas situações, umas mais agradáveis que outras.

Sempre a usei no cinturão. Foi com ela que abri latas de conserva e ostras, que fiz petiscos, que amanhei peixe da bolanha, que colhi ramos de palmeira para fazer abrigos ou camas improvisadas, que tentei detectar minas, mas também para infelizmente ter de abrir a camisa de um camarada ferido por estilhaços de uma roquetada.

Também me lembro de com ela ter gravado,  numa árvore junto ao rio Cacheu, o meu nome e da minha namorada, e agora minha mulher.

Será sempre um objecto muito versátil e de muita importância no campo militar. Sendo caçador, confesso que algumas vezes (será por nostalgia?) já a levei comigo nalgumas jornadas de caça.

No meu caso, julgo tratar-se de uma faca de aço temperado, mas não de aço inox, até porque já apresenta alguns pontos de ferrugem, apesar dos cuidados que ao longo destes anos lhe tenho dispensado. Não tem qualquer designação ou marca para saber onde foi produzida, mas penso tratar-se de cutelaria nacional, pois foi por mim adquirida numa feira / mercado antes do meu embarque para a Guiné. Portanto, não me foi distribuída, era e é de minha propriedade.
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