Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esquadrão de Reconhecimento 2640 (1969/71) > Uma autometralhadora Fox, em reparação na oficina do Esquadrão... Este tipo de viaturas blindadas adaptava-se mal às difíceis condições do terreno na Guiné... Não me lembro de ter visto muitas a andar pelos seus próprios meios nos sítios por onde andei... Imagino a trabalheira que terá sido trazê-las até aqui. Na foto, o 1º cabo Mauel Mata
Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esquadrão de Reconhecimento 2640 (1969/71) > Na foto, o nosso camarada Manuel Mata de pé, em cima de uma viatura autometralhadora Daimler. Ao fundo, o famoso cartaz, visível dos ares: "Aqui mora a cavalaria!"...
Lisboa > O N/M Uíge, que transportou o Esq Rec Fox 2640, mais o Pel Rec Fox 2175 até Bissau, em 15 de novembro de 1969. Mas nem todos compareceram: um oficial desertou... O EREC 2640 foi render o EREC 2350. em Bafatá.
Fotos (e legendas): © Manuel Mata (2006). Todos ops direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue ;Luís Greaça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do Fernando Gouveia, com data de 5 do corrente:
[Foto à esquerda, Fernando Gouveia foi alf mil rec e inf, Cmd Agr 2957 Bafatá, 1968/70: é arquiteto da CM Porto, reformado; e membro da nossa Tabanca Grande desde 9/4/2009]
Carlos:
Os dois casos de desertores que considerei no inquérito não sei muito bem se realmente o são ou não, face ao que tem sido dito e repetido no blogue.
Se consideras que realmente o são, talvez seja assunto interessante para "alimentar o voraz blogue".
O primeiro caso é o descrito no poste P4637 (*), sobre um elemento pertencente ao EREC 2350, ao nosso lado em Bafatá, que, vindo de férias, não mais voltou. Como digo nesse texto, talvez a sua decisão tivesse a ver com a morte de dois camaradas, calcinados, dentro de uma FOX, uns tempos antes, lá para os lados de Piche.
O outro caso, referido no meu livro "Na Kontra Ka Kontra", a páginas 139, foi-me contado, como autêntico, pelo próprio, de que não sei o nome, durante um almoço na "Tabanca dos Melros".
Ficará ao teu critério fazer um poste com essa matéria, e da forma que entenderes.
Um grande abraço,
Fernando Gouveia
Cortesia de Carlos Coutinho |
por Fernando Gouveia
Hoje em dia, nos escritórios, quer do Estado, quer privados, é comum ver aquelas etiquetas autocolantes com código de barras, colocadas em todo o mobiliário e objectos de trabalho, a querer dizer que têm dono, que estão "à carga".
Hoje em dia, nos escritórios, quer do Estado, quer privados, é comum ver aquelas etiquetas autocolantes com código de barras, colocadas em todo o mobiliário e objectos de trabalho, a querer dizer que têm dono, que estão "à carga".
Há quarenta anos ainda não era assim nas empresas ou nas
repartições públicas, mas na tropa já se processava esse zelo, como todos muito
bem sabem. Tudo estava "à carga".
Os três alferes (às vezes 4 ou 5) do Agrupamento iam comer ao Esquadrão, daí que eu tenha assistido a todas as fases desta estória caricata.
Em determinada altura um condutor duma autometralhadora Fox veio de férias à Metrópole e não voltou, desertou. (Não me lembro se já tinha acontecido aquela emboscada em que um rocket IN perfurou a blindagem duma Fox e carbonizou os seus dois ocupantes.)
Correu o respectivo auto de deserção. Já depois do auto concluído, alguém se lembrou que esse condutor tinha uma pistola distribuída. Todos os responsáveis directos entraram em pânico. Havia que resolver a situação.
Os alferes do Esquadrão, Rodrigues, Sena, Grosso e Amaral, depois de discutirem vários dias como resolver esse berbicacho decidiram que se daria baixa da pistola no próximo ataque IN a Piche ("Dien Bien Piche", como também era conhecido dada a quantidade de ataques lá verificada, e por similitude com Dien Bien Phu, no Vietname), onde tinham um destacamento.
Ao fim de pouco tempo o ataque deu-se e, para os nossos cavaleiros, o assunto parecia ter sido resolvido em beleza.
Puro engano, alguém descobriu que o desertor possuía um armário fechado e, lá dentro, entre outros pertences, que aliás também deveriam ter sido discriminados no auto, estava, a agora, famigerada pistola.
Muito nos divertimos, os alferes do Agrupamento, com esta última situação criada. Era ver os alferes do Esquadrão a não quererem, cada um, nas suas mãos a dita pistola. Parecia que queimava.
Passados quarenta anos, não recordo como resolveram este último problema, mas das duas uma, ou alguém se presenteou com uma pistola que já não estava "à carga", ou então tiveram que esperar por um novo ataque a Piche e fazer um novo auto do achamento de uma pistola. (**)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 3 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4637: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (8): À carga no Esquadrão de Cavalaria de Bafatá
(*) Vd. poste de 3 de julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4637: A Guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (8): À carga no Esquadrão de Cavalaria de Bafatá
(**) Último poste da série > 5 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16686: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (18): Mais um caso "atípico", o de David [Ferreira de Jesus] Costa, ex-sold at art, CART 1660, Mansoa, 1967/68 (Virgínio Briote)