terça-feira, 29 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17710: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (18): Págs. 137 a 144

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série 25 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17697: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (17): Págs. 129 a 136

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17709: Notas de leitura (991): “Memórias SOMânticas”, de Abdulai Sila, Ku Si Mon Editora, 2016 (Mário Beja Santos)

“Memórias SOMânticas”, de Abdulai Sila, Ku Si Mon Editora, 2016


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Há as memórias românticas e as somânticas. A heroína desta poderosa narrativa de Abdulai Sila interpela-nos à partida: "O que devo dizer que fiz na vida se ninguém entende que o meu hoje ainda promete ser diferente do meu ontem?". No fim da vida, e quando toda a gente lhe diz que ela nada tem, contesta por escrito, não está louca, no entanto reconhece, que a loucura profética nunca suplantará a magia da narração. A literatura da Guiné-Bissau tem percorrido os caminhos mais ínvios do desentendimento e do desalento e estas "Memórias SOMânticas" falam de um sonho que não morre e que de alguém que não se resigna.
Continuo a não entender por que Abdulai Sila não é editado em Portugal, para benefício da nossa língua comum.

Um abraço do
Mário


Memórias SOMânticas: a pujança da literatura guineense

Beja Santos

“Memórias SOMânticas”, é o mais recente título de Abdulai Sila, Ku Si Mon Editora, 2016. Até agora, dava como dificilmente ultrapassável a obra de Filinto Barros “Kikia Matcho”, a dolorosa narrativa de um combatente que tudo dera para ter uma pátria e que depois o ignorou. Aqui há uns anos, fui procurado por uma antropóloga alemã, Tina Kramer, que me veio pedir ajuda para a sua digressão na Guiné-Bissau, pretendia recolher depoimentos sobre a reconciliação nacional e o sentir dos combatentes do PAIGC passadas estas décadas. Procurei ser útil, e a Tina partiu levando como intérprete e motorista Abudu Soncó, meu irmão no Cuor. Passaram-se os meses, e eu ansioso por conhecer os detalhes desta pesquisa em ciências sociais. A Tina veio um tanto atarantada, o Abudu vinha em estado lamentoso com o que vira e ouvira. Tinham percorrido as profundezas do país, pedido para contactar gente que habitara em locais duríssimos, como Morés, a mata de Fiofioli, Kubukaré, em Sara – Sarauol. Houve gente que se recusou a falar ou pedia dinheiro, alegando miséria extrema; houve quem fez depoimentos a soluçar, perdera pais e irmãos, ficara com incapacidade, cedo o PAIGC os esquecera, a humilhação era tal que tinham que trabalhar para compatriotas que auferiam pensões vindas de Portugal… Não é preciso acrescentar mais nada.

Esta portentosa narrativa de Abdulai Sila abre com um texto em crioulo, em português reza o seguinte: Os revezes da vida são como fogo do lixo a arder por baixo/Quem me vê de longe julga-me palmeira/Mas quem se aproxima sabe/Que eu sou um poilão grande/Nem os boabás se igualam a mim. É narrativa confessional, na primeira pessoa, uma mulher combatente, agora está presa a uma velha e esfarrapada cadeiras de rodas, guarda intactas gostosas e amargas recordações de infância, dirige-se-nos com forte convicção: “Nas noites de indecisão procurei a luz redentora, nos vestígios da luta pela afirmação procurei amparo. Cantei, louvei, celebrei a vida. Mas a vida insistia em querer iludir-me a qualquer momento, a todo o custo, não me reconhecendo o direito a interregno nessa batalha que se anunciava eterna”.

Adorava a mãe, dela guarda mensagens e sentenças, um exemplo: “O fim de uma coisa é sempre o início de uma outra”. Um outro exemplo: “Na vida há coisas que podes mudar, outras não. Concentra-te naquilo que podes influenciar com a tua ação e coloca o resto no seu respetivo lugar. Assim podes vislumbrar o fim de uma situação e o início de outra. É este o segredo da vida”.

A mãe morreu, escolheu uma nova mãe. Crescia e com interpelações dolorosas, inquietantes: será que uma mulher tem sempre que pertencer a um homem? Alguém lhe disse que a mulher foi feita para sofrer não para mandar. Depois apaixonou-se, o jovem falava-lhe de igualdade, justiça e liberdade e visionava que um dia iriam ser africanos de verdade. E partiu para a guerrilha, lá longe. Ela decidiu também partir, encaminhou-se para Conacri, foi uma habituação difícil. Voltaram-se a ver, houve desentendimento, fez-se enfermeira, mas aquele seu companheiro não lhe saía do espírito. Ela começara por trabalhar no Lar do PAIGC, sonhara ser professora, não enfermeira. Tornou-se uma enfermeira exemplar. Deslocou-se para a Frente Sul, o seu homem podia ser encontrado em Kubukaré, aí ardeu a paixão, fizeram um filho. Foi habitar em Boké, dali um dia partiram o seu homem e o seu filho, vieram anunciar que tinham morrido. “Lembro-me de ter visto o teto branco da enfermaria a fugir de mim e a mudar constantemente de cor. Era um movimento vagaroso, que se repetia sem parar. Separando-se do resto da enfermaria, o teto daquele quarto deslocava-se para cima, em direção às nuvens no céu e a meio do caminho mudava de cor. Depois voltava para o seu lugar inicial, trazendo e enchendo o quarto do ruído ensurdecedor do motor de um camião a alta velocidade. Às vezes era só o motor do camião, outras vezes vinha misturado com gritos”. A guerra chegou ao fim, ela viu a sua Guiné esplêndida e gloriosa: “Eu sou dos inúmeros concidadãos que definitivamente vão voltar para casa magoados, com alguma amputação, temporária ou vitalícia. Eu levo todo um sonho amputado”.

A realidade era outra, cedo descobriu que se tinha falado em reconciliação e agora se perseguia sistematicamente os inimigos de ontem, irmãos guineenses. Ela fora uma guerrilheira com credenciais, deslocou-se por todo o país à procura de desaparecidos, aparentemente ninguém sabia de nada. Apercebeu-se que tinha havido fuzilamentos. Trabalhou intensamente num internato, queria viver a paixão da sua causa, encontrou pela frente a burocracia, a indiferença, viu o desânimo no rosto da gente. E descobriu que o seu partido já não se interessava por internatos. “Perdido o internato, os meus filhos desapareceram um após outros, até não sobrar nenhum. Mas sinto que estão por aí, entregues à sua sorte, sem a bênção de quem devia revelar-lhes as virtudes regeneradoras da fé e as lições da vida tiradas da História”.

E agora ela está por ali agarrada à cadeira, à procura de respostas que tardam em chegar. Foi amputada de tudo, perdeu companheiro e filho, tiraram-lhe o internato e chegou aquela blasfémia de se insinuar que os guineenses não eram capazes de tomar conta da sua terra e de construir o sonho pelo qual tinham combatido. Não entende os jovens, com os gestos obscenos, descobriu que os pais são condescendentes porque os filhos não têm profissão. No entanto, ela continua a arder em esperança, espera nesse novo mundo em que a maldade e o sofrimento não podem existir. Tem orgulho na sua história, continua a pensar que nasceram, toda aquela gente nasceu, para uma missão, sabe que vai partir em breve deste mundo, e grita bem alto aquele seu sonho que nunca envelheceu:  
“Marginalizados? Nós é que domesticámos o invasor e abolimos o medo perante o desconhecido. Na calada da noite prenhe de incertezas reinventámos a vida e, bem alto no céu, fizemos soar a sinfonia da dignidade.
Deserdados? Construímos um mundo plural, onde todas as cores do arco-íris se fundem sem nunca se confundirem. Recuperámos a palavra, e abençoando-a, fizemos com que a magia da narração sustentasse os novos limites da razão. Muito além do verbo e da doutrina.
Não erguemos troféus, não exigimos medalhas, nem guardámos ressentimentos. Impusemos um novo paradigma da inteligência: sem ser mártir nem ambicionar ser herói, viver uma paixão até à exaustão e morrer sonhando”.

Uma narrativa que muito honra a literatura da Guiné-Bissau.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17688: Notas de leitura (990): “Cartas do Mato, Correspondência Pacífica de Guerra”, por Daniel Gouveia, Âncora Editora, 2015 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17708: Efemérides (263): morreu há 17 anos, a 22 de agosto de 2000, a dra. Dalila Augusta Carneiro Azevedo de Brito Barros Aguiar, psicóloga clínica, precursora no diagnóstico e tratamento do stress pós-traumático de guerra, cofundadora da associção "Apoiar", minha grande amiga (Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


A dra, Dalila Aguiar


1. Mensagem do nosso amigo e camarada Mário Vitorino Gaspar, ex-fur mil at art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:


Data: 28 de agosto de 2017 às 04:12

Assunto: Homenagem Doutora Dalila Aguiar


Mário Vitorino Gaspar

Dia 22 de Agosto de 2000: faleceu a Doutora Dalila Aguiar… Foi há 17 anos.


"… É a doença da guerra,

o inferno dentro de cada homem.

O Stress de Guerra que não pode deixar de ser denunciado,

deve ser feito o balanço desta calamidade pelo Estado…"


(Doutora Dalila Aguiar, Colóquio em Portimão a 4 de Abril de 1998)

A Doutora Dalila Augusta [Carneiro] Azevedo de Brito Barros Aguiar faleceu no dia 22 de Agosto de 2000.

Tive conhecimento da existência de apoio aos ex-militares da Guerra Colonial através da RTP. Existiam os Serviços de Psicoterapia Comportamental, sendo Director dos mesmos o Psiquiatra Doutor Afonso de Albuquerque.

No dia 8 de Abril de 1994 conheci a Psicóloga Clínica Doutora Dalila Aguiar, Informou-me que ex-combatentes andavam a organizar-se para fundarem uma Associação de apoio aos ex-combatentes que tinham problemas psiquiátricos/psicológicos provocados pela Guerra Colonial.

Recomendou-me que fosse a uma reunião no sábado de manhã. Nesta, convidaram-me para fazer parte de uma lista, sendo a Doutora Dalila Aguiar subscritora, portanto também fundadora [da Associação Apoiar].

No dia 18 de Abril do mesmo ano, foi feito o registo da APOIAR, sendo eu um dos fundadores e no dia 10 de Dezembro de 1994 foram eleitos os Órgãos Sociais para o Biénio de 1995 e 1996, ocupando eu o lugar de vogal da Direcção Nacional, mas logo de seguida motivado pelo pedido de demissão de dois elementos ocupei o lugar de secretário.

A partir de Dezembro de 1995 a Doutora Dalila Aguiar começou a acompanhar os ex-combatentes, tanto nas Avaliações, Terapias Individuais e de Grupo na sede improvisada da Avenida de Roma – sempre gratuitamente – até porque a APOIAR não possuía apoios. Todas as semanas, lia-lhe nos olhos um sorriso de amor, uma gargalhada, que se escutava no silêncio e se instalava no meu interior. Tratava todos do mesmo modo.

Quando a questionava porque marcava as terapias de todos para a mesma hora, respondia que gostava de ver os ex-combatentes a dialogar. Comecei a ter uma forte simpatia e amizade pela Doutora.

Em Novembro de 1996 foram eleitos novos Corpos Sociais para o biénio 1997/1998, e o presidente do conselho fiscal eleito foi a Doutora Dalila Augusta Azevedo Brito Barros Aguiar. Eu ocupei o lugar de vice-presidente.

As terapias não cessam, a Doutora Dalila Aguiar tinha o condão de me contagiar, com uma só palavra, um só mas grande sorriso. E a guerra que estagnava dentro de mim afastava-se. Transmitia esse Amor pelo mundo que a rodeava.




Braga > Núcleo da APOIAR > 14 de dezembro de 1996 > Colóquio


Fotos (e legendas): ©  Mário Gaspar (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



O Núcleo da APOIAR em Braga organizou um Colóquio, no dia 14 de Dezembro de 1996. Algumas frases da Doutora Dalila Aguiar a determinado momento:

"O conhecimento da doença Perturbação Pós Stress Traumático (PTSD) deve-se aos Americanos, que após um exaustivo trabalho de investigação, feito por Psiquiatras e Psicólogos, junto dos Veteranos da Guerra do Vietname, no próprio local, identificaram a perturbação". 

Continuavam as terapias de grupo e individuais na APOIAR e sempre que algo nos atormentava na conversa, pintava-se a paz no rosto da Dra. Dalila. Ela não só equilibrava os meus tormentos, barrando com uma simples palavra a tempestade que se adivinhava, como estampava um sorriso de paz e amor nos olhos de todos.

A APOIAR realizava Colóquios por todo o país, e nos dias 14 e 15 de Abril de 1997, com a colaboração da Câmara Municipal de Beja organizou dois, com o tema: "Ciclo Guerra Colonial Memória – Silenciada". Simultaneamente a esteve exposta uma Exposição Fotográfica da APOIAR. No primeiro dia, a Dra. Dalila Aguiar, Psicóloga Clínica da APOIAR, disse: 

"Não existem só consultas para os ex-combatentes, mas também para as mulheres e os filhos dos mesmos, que também sofrem com a guerra".

Foi oradora em diversos colóquios, deu entrevistas, mas é de destacar parte do discurso no dia 4 de Abril de 98 em Portimão, na Biblioteca Municipal, com o apoio do Jornal "Povo do Algarve" e da Câmara Municipal. O tema foi:  "Guerra Colonial – Os Traumas e a Sociedade". Referiu: 

 "… É a doença da guerra, o inferno dentro de cada homem. O Stress de Guerra que não pode deixar de ser denunciado, deve ser feito o balanço desta calamidade pelo Estado…", continuando: - "… Costuma-se dizer que as instituições não tratam das paixões da alma, neste caso é necessário que o façam", e acrescentou: – "… Instalada a doença, inicia-se o calvário para estes homens e suas famílias. Com efeito, não se pense que eles vão sofrer sozinhos. Mulheres e filhos são também altamente afectados nas suas vidas. Nestas condições, não sabemos nunca a repercussão da guerra na nossa sociedade, dado que pelo menos, pelo menos, três gerações sofrerão as suas consequências". Acabou: – "Os filmes, as fotografias e os livros começaram a aparecer, os silêncios quebram-se e as memórias daqueles que durante anos calaram dentro de si os horrores da guerra. O balanço numérico é o seguinte no final: 8.807 morreram; 30.000 ficaram mutilados fisicamente e outros desapareceram, mas o Estado Português passou certidões de óbito para arrumar o assunto. Mas onde estão? Será que morreram de facto?"

Para o triénio de 1999/2000/2001 e a 19 de Dezembro de 1998 foi eleita presidente do conselho fiscal a Doutora Dalila Aguiar. Eu, Mário Vitorino Gaspar. fui eleito presidente da direcção nacional da APOIAR.

Mais tarde adoece, e na doença continua a ser uma Mãe Coragem. Teve alta, mas mesmo doente surgiu na APOIAR continuando a prestar apoio diariamente – sem horário – saindo da sede da Avenida de Roma, muitas vezes multada – e por volta das 22 horas e mais, no escuro da noite, mas sempre com um sorriso.

Quando eu lhe transmitia que a APOIAR não possuía verbas para lhe atribuirmos uma remuneração, mas que logo que assinássemos o Protocolo o faríamos, a Doutora sorriu, dizendo "se me derem dinheiro, dou-o à APOIAR".

Mesmo na doença não transmitia uma só escapadela de dor, pelo contrário pretendia sempre que falássemos de nós. Animava-nos. Sempre disponível! Aquele sorriso de verso florido pintado no rosto. A voz carinhosa e pausada. E incentivava sempre! Proibia as tristezas e medos. Obrigava-nos a sorrir, inclusive renascia uma gargalhada escondida no nosso interior.

Voltou a ser hospitalizada, mas a doença superou o seu sorriso e simpatia, e no dia 22 de Agosto de 2000 faleceu.

Em 14 de Dezembro de 2002, na 16.ª Assembleia Geral da APOIAR, no Salão Nobre do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, foi aprovada por unanimidade uma proposta da Direcção Nacional. Foi atribuída à Doutora. Dalila Augusta [Carneiro] Azevedo de Brito Barros Aguiar o estatuto de Sócio Honorário.

A Dra. Dalila Aguiar esteve comigo – que a conheci de perto – e connosco. Vincará a sua presença na minha vida. Perdurará para sempre no meu íntimo o sorriso e o saboroso aconchego da sua palavra. É um amuleto que guardarei sempre comigo no peito, junto do coração.

"A Dra. Dalila Aguiar – com "M" maiúsculo de "Mulher e de Mãe, é Mãe da APOIAR." Manteve e vai continuar a manter intacta a dignidade, e estará sempre guardada na minha mão, e viva no meu coração e no coração da APOIAR.

Mário Vitorino Gaspar

PS - Era casada com o eng agr. Fernando Queiroz de Barros Aguiar 
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17707: (De) Caras (92): O cap 2.ª linha Abna Na Onça, balanta, e o 1º srgt Arlindo Verdugo Alface, alentejano do Cano, concelho de Sousel, dois "irmãos de sangue", e dois "homens grandes" com quem tive o privilégio de conviver (Jorge Rosales, ex-al mil, 1ª Companhia Indígena, Porto Gole, 1964/66)


Guiné > Região do Óio > Porto Gole > 1º Companhia de Caçadores Indígenas (1964/66) >  O Abna Na Onça e o Jorge Rosales 


Guiné > Região do Óio > Porto Gole > 1º Companhia de Caçadores Indígenas (1964/66) > Jorge Rosales e o 1º srgt Arlindo Verdugo Alface, junto ao monumento comemorativo da chegada do explorador português Diogo Gomes em 1456.


Fotos (e legendas): © Jorge Rosales  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Dois "homens grandes" que conheci em Porto Gole

por Jorge Rosales (*)

[Ilha das Cabras, Bijagós, julho de 1966... O "comandante" Jorge Rosales, régulo da Magnífica Tabanca da Linha, já no final da sua comissão, depois de ter passado 18 meses em Porto Gole, 1964/66...  Alferes  miliciano,   pertenceu à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª, CCAÇ, e outra em Nova Lamego, a 3ª CCAÇ). 

Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Ficou lá 18 meses. Passou os últimos tempos, em Bolama, no CIM - Centro de Instrução Militar, a dar recruta a soldados africanos. É membro da nossa Tabanca Grande desde 9/6/2009 (*)]


Depois de dez dias entre Bissau e Farim, vejo-me a caminho de Porto Gole, Geba acima, a favor da maré; ia num barco da casa “Gouveia”, que levava géneros para Porto Gole e, talvez, Xime e Enxalé  (**) …

No barco, sentia-me ansioso, apreensivo: Mafra, Cica 2, viagem no “Alfredo da Silva”, com passagem pelo Mindelo e Praia, pertenciam ao passado.

Tentava adivinhar qual a reacção do pelotão veterano de Porto Gole, à chegada do Alferes “maçarico”. Era, para mim, um salto no escuro...

À minha espera, como maior graduado, estava o 1º Sargento [Arlindo Verdugo] Alface. Foi ele que me orientou, com os seus conselhos e “palpites”.

Tinha a sabedoria de transmitir, com subtileza, a sua experiência, coisa que não vem nos livros… adquire-se. (***)

Para o Abna Na Onça, capitão de segunda linha, o Alface era o confidente, o amigo leal; fez questão de tornar o Alface seu irmão de sangue. 

Assisti à cerimónia de troca de sangue destes dois homens, com os braços unidos. 

Num fim de tarde, na sua tabanca, o Abna chamou-me para me mostrar, com orgulho, a sua assinatura: “ Abna na Onça Alface”. 

Foi, para mim, um privilégio conviver com estes dois “Homens Grandes“: um, balanta de Porto Gole, o outro, alentejano do Cano [,  concelho de Sousel, distrito de Portalegre].

O Abna morreu em combate, em Bissá, em [14 de[ Abril de 1967, como relata o Abel Rei no seu livro, “Entre o Paraíso e o Inferno“.  O Alface, também já não está entre nós, vítima de atropelamento na zona de Lisboa. 

A “Tabanca Grande“ fez-me voltar à Guiné, às suas recordações… e a mais forte, de todas elas, deu motivo a este relato. 

Jorge Rosales  (***)


2. Comentário de Cherno Baldé:

(...) O apelido do cap Abna "Na Onça" sugere-me uma grafia errada por simpatia, como diriam os entendidos na matéria. Existe o apelido balanta muito próximo,  "Na Onta",  que, provavelmente, alguém transformou em "Onça", para não variar.

De uma forma geral, o português metropolitano,  na altura, não era bom em captar e grafar os nomes indígenas, existem variadíssimos exemplos disso, como o caso de um familiar meu cujo apelido "Baldé" foi transformado em "Valdez" para não complicar. Se ele, de facto, tivesse o tal apelido, "Na Onça", hoje apareceriam muitos com o mesmo apelido,  o que não me parece ser o caso" (...).
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  9 junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça

(...) Era muito amigo do mítico Capitão de 2ª linha, o Abna Na Onça, chefe espiritual, poderoso, da comunidade balanta da região, a quem o PAIGC havia cometido o erro fatal de “matar duas mulheres e roubar centenas de cabeças de gado”. O seu prestígio, a sua influência e e o seu carisma eram tão grandes que ele sabia tudo o que se passava numa vasta região que ia de Mansoa a Bambadinca (nomeadamente, importantes informações militares, como a passagem de homens e armas do PAIGC).

Jovem (teria hoje 72/73 anos se fosse vivo), era um homem imponente, nos seus 120 kg. Schultz tinha-lhe oferecido um relógio de ouro e uma G3 como reconhecimento pelos seus brilhantes serviços … Mais tarde, será morto, em Bissá, em 14/4/67, com seis dos seus polícias administrativos, todos eles residentes em Porto Gole… Nesse dia o destacamento é abandonado pelas NT: “ um dia trágico para quem estava no inferno de Bissá", como escreveu o Abel Rei no seu diário ("Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné, 1967/68, editado em 2002, pp. 68/70) (...)

 (...) Enquanto [o Jorge Rosales] lá esteve, em Porto Gole, havia um certo respeito mútuo, de parte a parte. A influência de Cabral era evidente, fazendo a distinção entre o povo (português) e o regime (colonialista). Podiam deslocar-se num raio de 10 km…. Mas a ligação com Mansoa já se perdera. O troço já não era seguro. Em Mansoa estavam os respeitados Águias Negras (BART 645, que dominavam o triângulo do Óio: Olossato, Bissorâ e Mansabá) .

Do lado do Geba, eram os fuzileiros que impunham a lei e o respeito. Lançavam uma bóia e fundeavam a LDG em frente a Porto Gole. Vinha quase tudo por rio: os frescos, a bianda, os cunhetes de munições… (excepto o correio, que era lançado do ar, de DO 27, e às vezes ir cair no tarrafo; em contrapartida, o correio expedido ia de LDG... Singuralidades de Porto Gole que não tinha uma simples pista de terra batida, para as aeronaves). Tem vários amigos fuzos, desse tempo, incluindo o comandante Castanho Pais.

Do outro lado, a nascente estava a CCAÇ 556, no Enxalé… Também conhece dois furrieís do Enxalé, de quem se tornou amigo. Também passou por Fá. E no final da comissão, esteve em Bolama, por onde passavam os periquitos… Conviveu com algumas companhias que, de Bolama, partiam para operações no continente (...).


(**) Vd. poste original: 17 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5122: Estórias avulsas (15): Homens Grandes, Jorge Rosales (ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ - Porto Gole -, 1964/66)

Guiné 61/74 - P17706: Parabéns a você (1307): António Marques Barbosa, ex-Fur Mil Cav do Pel Rec Panhard 1106 (Guiné, 1966/68) e José Manuel Corceiro, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1969/71)


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Nota do editor

Último poste da série de  27 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17703: Parabéns a você (1306): Jaime Machado, ex.alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)

domingo, 27 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17705: Blogpoesia (526): "Por vielas e azinhagas..."; "Cada dia uma flor..." e "Três anos da minha vida...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728



1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Por vielas e azinhagas…

Me embrenho por vielas e azinhagas desta antro labiríntico.
Desço escadas e subo rampas.
Me debruço nas falésias.
Vejo o abrupto.
Desde as ameias dum castelo.
Sobrevoo por telhados.
Tantas abas, rubras, negras.
Tantas ruas.
Teia longa, emaranhada.
Tantos carros. Formigando.
Envidraçados, os eléctricos,
Levam dentro, bem sentada,
Carga loira de turistas.
Tudo miram e espiolham.
Admiram.
Batem fotos.
Fazem filmes.
Lindo sonho.
E, ao longe, a outra margem.
Que extenso casario.
Uma muralha e mais o rio.
Largo e lento.
É do sul.
Um bom vizinho.
Dá-se bem.
Só de barco.
Vão e vêm.
Fazem trocas.
Tudo vendem
Em cada lado.
Tantas tendas.
Bom mercado.
É a polis.
O castelo.
É o rio
É surreal…

Mafra, 21 de Agosto de 2017
7h39m
Jlmg

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Cada dia uma flor…

Quero em cada dia, mandar uma flor, colhida do meu jardim.
A mais linda e perfumada.
Tenha o condão de sarar a dor.
Repor o brilho no olhar.
Leve a paz. Reverdeça a secura.
Floresça a alegria e dê vontade de viver.
O tempo é negro. Impera o mal.
Foi-se a ordem. Só confusão.
Uma intempérie que não quer partir.
Ninguém previu.
Parece o fim.
Ressurja a esperança, se Deus quiser.
Que o mundo inteiro volte a ser um lindo jardim…

Mafra, 26 de Agosto de 2017
7h36m
Jlmg

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Três anos da minha vida…

Andei três anos, de arma em punho,
Arriscando a vida pela vontade da minha pátria.
Corri África dobrando o cabo de tormentas
na defesa atroz da nossa soberania
contra a vil cobiça das potências imperiais.
Tanta vez eu vi a morte à frente
a ponto de esquecer o valor da minha vida única.
Amortalhei a esperança verde que em mim despontava.
Me conformei com a sorte que o Destino me reservasse.
Por maior que seja a ingratidão sofrida,
Regressei feliz pelo dever cumprido.
Não foi em vão.
Essa é a minha glória e a dos que, como eu, sofreram…

Tapada de Mafra, 27 de Agosto de 2017
16h33m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17685: Blogpoesia (525): "Quando era pequeno..."; "Aquela mulher grave..." e "Diante do mar...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17704: (De)Caras (91): Abna Na Onça, cap 2ª linha, comandante de uma companhia de polícia administrativa, regedor do posto do Enxalé, prémio "Governador da Guiné" (1966), morto em combate em Bissá, em 14/4/1967, agraciado a título póstumo com a Cruz de Guerra de 1ª Classe (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)


Foto nº 1 A


Foto nº 1


Foto nº 2

Guiné > Região do Oio > Porto Gole ou Enxalé > c. abril de 1967 > Abna Na Onça dias antes de ser morto em Bissá (em 14/4/1967) (foto nº 1) mais uma das suas esposas e filho (foto nº 2).

Fotos (e legendas): © José António Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de 23 do corrente, enviada pelo José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68), em resposta ao pedido formulado no poste P17693 (*):

 Caro João Crisóstomo

Ai vai uma foto do capitão de 2ª linha Abna na Onça, tirada poucos dias antes de ele morrer em Bissá, esse homem valente com quem o meu Pel Caç Nat 54 saiu várias vezes,  com ele e a sua polícia administrativa .

Na primeira  levada para se implantar o aquartelamento em Bissá, foi o Capitão Abna na Onça com os seus homens mais um pelotão da Cart 1661, ao 2º. ou 3º. dia,  já não me recordo,  foram atacados em força com canhão sem recuo e morteiro 82 , tendo o cap Abna na Onça sido atingido com estilhaço de granada de canhão sem recuo no peito, enquanto teve forças comandou os seus homens até ao fim. Houve dificuldade de comunicações e só quando chegaram mensageiros de Bissá se soube da tragédia.

Foram depois retirados os mortos e os feridos para Porto Gole a aguardar por ordem,  o que foram 2 dias terriveis com o cheiro, tendo eu gasto pacotes de detergente para tentar amainar o cheiro. Ao segundo dia vieram ordens para enterrar os policias administrativos, o que o fiz junto ao monumento e o cap Abna na Onça viria uma LDP buscá-lo.

Vim a saber depois pelo cabo manobra dessa lancha que a viagem de Porto Gole a Bissau,  foi horrível com o cheiro, tendo os marinheiros vomitado todo o caminho.

A segunda foto é uma das mulheres dele com o filho.

Foi substituído no comando da Policia Administrativa pelo seu irmão Sagna Na Onça.

Um abraço

Zé Viegas

PS - O malogrado cap Abna Na Onça, morto em combate, em Bissá (e não Biná...), em 14 de abril de  1967, capitão de 2.ª linha, comandante de uma Companhia de Polícia Administrativa e regedor do posto de Enxalé, foi agraciado a título póstumo com a Cruz de Guerra de 1ª Classe, conforme .publicado na OE24/IIIª/67. Tinha sido "Prémio Governador da Guiné", e visitado a metrópole em 1966. (**)

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Guiné 61/74 - P17703: Parabéns a você (1306): Jaime Machado, ex.alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de  2017 > Guiné 61/74 - P17696: Parabéns a você (1305): Manuel Carmelita, ex-Fur Mil Radiomontador do BCAÇ 3852 (Guiné, 1971/73)

sábado, 26 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17702: Convívios (823): Lourinhã, Tabanca de Porto Dinheiro, 18/8/2017 - Parte II: Fotos de Álvaro Carvalho


Foto nº 1> Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge Ferreira, o régulo, Luís Graça e Rui Chamusco.



 Foto nº 2 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Da esquerda para a direita, Elisabte Marteleira, Arcílio Marteleira e Alice Carneiro. O Arcílio foi alferes miliciano, SGE, Bissau, 1964/66.


Foto nº 3 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >   João Crisóstomo e Luís Graça



Foto nº 4> Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Aspeto, parcil, de uma das duas mesas.


Foto nº 5 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  A Maria Helena Carvalho (a Lena do Enxalé) e o Rui Chamusco


Foto nº 6 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Em primeiro plano, o Berlarmino Sardinha, a Maria do Rosário Henriques e o Luís Graça


 Foto nº 7 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O Joaquim Pinto Carvalho e o Estêvão Henriques


Foto nº 8 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Cantando os "parabéns a você" às aniversariantes Alice Carneira e Helena Carvalho.



Foto nº 9 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Em prtimeiro plano, o Pinto de Carvalho (à esquerda), o Belarmino Sardinha e a a esposa Antonieta (à direita).


Foto nº 10 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  O Jaime, o "canito" e a Dina.


Foto nº 11 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Outro aspecto das duas mesas... De costas, a Helena Carvalho, a Alice Carneiro e o Arcílio Marteleira.



Foto nº 12  > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Uma "gracinha" dos "duques do Cadaval" para a nossa aniversariante Alice.


Fotos: © Álvaro Carvalho  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. Continuação da "cobertura fotográfica" do convívio anual (2017) da Tabanca de Porto Dinheiro, desta vez a cargo do Álvaro Carvalho, marido da Maria Helena Carvalho, a nossa querida amiga Helena do Enxalé. O casal mora na Amoreira, Caldas da Raínha, e tem uma especial relação com a CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67).

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Guiné 61/74 - P17701: Convívios (822): Lourinhã, Tabanca de Porto Dinheiro, 18/8/2017 - Parte I: Fotos de Luís Graça


Foto nº 1 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > A chegada do régulo. Eduardo Jorge Ferreira


Foto nº 2 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O régulo dando os parabéns à aniversariante Maria Alice Ferreira Carneiro


Foto nº 3 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > À esquerda, o nosso mais ilustre tabanqueiro, que veio de propósito da Eslovénia... Na véspera, tinha estado no Porto com o bispo timorense Dom Ximenes Belo... À direita, o Álvaro Carvalho, marido da Helena do Enxalé... Foi, com o nosso editor Luís Graça. o fotógrafo que fez a cobertura do evento.


Foto nº 4 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O novo membro da Tabanca de Porto Dinheiro: natural do Sabugal, vive parte do ano na Lourinhã, professor reformado de educação física, e ativista da causa de Timor (lidera um projeto de construção de escolas nas montanhas de Timor Lorosae)


Foto nº 5 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O João Crisóstomo trouxe, da viagem a Timor em abril de 2017, uma coleção de panos, ou "tais", com que tem presenteado os amigos. Nesta ocasião, trouxe um pano para a Alice, que fazia anos. O "tais" tem um grande significado na cultura timorense.


Foto nº 6 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  A aniversariante, ostentando o "tais" que o João Crisóstomo lhe ofereceu como prenda de
anos



Foto nº 7 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Mais outra das nossas joviais tabanqueiras, neste caso  a "duqueza do Cadaval", a Maria do Céu, a mulher do nosso camarada Joaquim Pinto de Carvalho, Em segundo plano, a Maria do Rosário Hen, esposa do Estêvão Alexandre Henriques,



Foto nº  8 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O Estêvão Alexanrde Henriques: com a especialidade de radiomontador, embarcou para a Guiné a 18 de agosto de 1965 a bordo do navio Niassa, chegando a Bissau a 24. Era furriel miliciano. Fazia parte da CCS/BCAÇ 1858. Está de há muito convidado para integrar a Tabanca Grande. [Tem página no Facebook, clicar aqui].



Foto nº 9 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Um convidado muito especial e atento a tudo o que se passava à volta: o "chihuahua", o   canito mexicano do Jaime e da Dina.


Foto nº 10 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Um tacho com a caldeirada  à moda do restaurante "O Viveiro", de Porto Dinheiro.


Foto nº 11 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O ramo de rosas amarelas que a Lena do Enxalé, a Maria Helena Carvalho, e o marido, Álvaro Carvalho, ofereceram à Alice. Por coincidênica, a nossa amiga Lena também tinha acabado de fazer anos, uns dias anos, sendo portanto "leoa" como a a Alice...


Foto nº 12 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O bolo do duplo aniversário; o da Alice (72) e o da Lena do Enxalé (66), Foi oferecido pela Alice, tal como o espumamte.


Foto nº 13 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Aspeto parcial dos tabanqueiros, cantando so parabéns a vocè...





Foto nº 14 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Mensagem que o João mandou para a Vilma, depois de tentar, em vão, falar com ela ao telemóvel... "Trying to call... we are all in Porto Dinheiro (21 people...), everybody mad with me because I did not bring you with me. Hugs from everybody"...

[Tradução do inglês: "Estiu a tentar ligar-te... Estamos aqui todos no Porto Dinheiro (21 pessoas ...). Eles estão bravos comigo porque não te trouxe. Abraços da malta toda" ...]


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. Foi um boa almoçarada e um melhor convívio, o da Tabanca de Porto Dinheiro, na praia de Porto Dinheiro,  freguesia de Ribamar, concelho da Lourinhã.
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Marcaram presença vinte e um amigos  e camaradas. Da malta da Guiné, comparaceran à chamada o régulo da Tabanca, Eduardo Jorge Ferreira, o Luís Graça, o João Crisóstomo, o Joaquim Pinto Carvalho, o Belarmino Sardinha, o Estêvão Henriques e o Arcílio Marteleira, mais a Helena do Enxalé... 

O Jaime Bonifácio Marques da Silva. embora nosso grã-tabanqueiro, esteve em Angola. Trouxe com ele a esposa, Dina, a filha Sofia e o genro José, porfessor universitário. (A Sofia doutorou-se recentemente em ciências do desporto, e está de parabéns, por esse motivo e por esperar um bebé).

O Belarmino Sardinha e a esposa Antonieta vieram do Cadaval onde têm segunda casa, em Rocha Forte. Claro  que não podiam faltar os "dques do Cadaval", os Pinto Carvalho, o Joaquim e a Maria do Céu, da Artvilla, Vila Novca, Vilar, Cadaval. 

Da Lourinhã, vieram os casais Luís Graça e Alice Carneiro, Elisabete e Arcílio Marteleira, Fenando e Ângela... O Esrêvão e a Maria do Rosário vivem no Seixal, Lourimhã. tal como o Jaime e a Dina. Nosso novo tabanqueiro é o Rui Chamusco, proefessor de educação física, tal como o Eduardo de quem é velho amigo. É do Sabugal, e tem um projeto solidásrio com Timor Lorosae, de que nos falou. 

O João Crisóstomo veio diretamente da Eslovénia, mas sem a Vilma...Esteve há dias com o secretário de Estado do Vaticano para angariar apoios para o projeto do Rui Chamusco em Timor Leste... A Lena do Enxalé veio com o seu Álvaro Carvalho e este, por sua vez, veio com o superequipamemto fotográfico que lhe custou os olhos da cara: reproduziremos, em segundo poste, algumas das "chapas" que ele nos tirou.... Aniversariantes deste mês, a Helena a 9, e a Alice, a 18,  tiveram direito a um alegre coro que cantou os "Parabéns a vocè"...

Tudo bem comido e bem regado (, a caldeirada recomenda-se aqui no restaurante "O VIveiro"), com direoto a bolo de anos,  espumante e ginginha de Óbidos. O tacho ficou por 18 morteiradas "per capita"... O João Crisóstomo estava com saudades das nossas comidinhas. A Estónia é linda de morrer e é a terra da sua amada Vilna, mas a comida é, no mínimo, uma coisinha deslavada...

Faltou, desta vez, o nosso "capelão", o Horácio Fernandes e a Milita, que vivem no Porto... O Horácio é de Ribamar...

Mais uma vez esteve de parabéns o régulo Eduardo Jorge Ferreira que tem sabido zelar pela nossa saúde e bem-estar com toda a competência, dedicação, ternura e bom humor... Um régulo de cinco estrelas... que foi reeleito para novo mandato,por...unanimidade e aclamação.

Obrigado, Eduardo! Obrigado aos nossos amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro!... LG

(Continuação - Parte II: fotos do Álvaro Carvalho)
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