domingo, 13 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18630: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (26): a oportunidade do limiano Mário Leitão conhecer pessoalmente três nomes míticos da FAP que atuaram no TO da Guiné, em 1972/74: António Martins de Matos, Miguel Pessoa e Giselda Antunes Pessoa












Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 > A mesa dos "gloriosos malucos das máquinas voadoras"... Miguel Pessoa, António Martins de Matos, Mário Leitão e Giselda Pessoa...E por auqi também passou o paraquedista, do BCP 21 (Angola, 1970(72), Jaime Bonifácio Marques da Silva... Um quinteto de luxo


Fotos (e legendas): © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Ficámos  a saber que o Mário Leitão está longe de ser um "infilrado" na Tabanca Grande... Ele está de pleno direito na nossa Tabanca Grande: foi furriel miliciano de farmácia, em Luanda, em 1971/74... e tem estado a escrever as biografias de todos os bravos limianos (em nº 52), que morreram, no perído da guerra do ultramar, incluindo no TO da Guiné.

É um camarada generoso, caloroso e afável. Além disso, foi piloto civil, amadpr,  com 300 e tal horas de voo, até ao dia em que teve um acidente e teve de pagar uma pipa de massa por causa dos estragos da máquina.. (Ele um dia pode-nos contar melhor esta história que eu só apanhei por alto) (*)

O Mário Leitão fez questão de conhecer pessoalmente, além do António Martins de Matos, "o casal mais strelado do mundo", o Miguel e a Giselda.

Já aqui lembrámos que o nosso grã-tabanqueiro Mário Leitão, de Ponte de Lima, é hoje farmacêutico reformado, tendo sido por outro lado professor na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo. Foi piloto civil, amador  (com 300 e tal horas de voo)... Não sabemos se ainda o é, depois do grave acidente sofrido há uns anos.  Continua a ter uma grande paixão pelos aviões.  E é sobre eles que fala com os seus ocasionais companheiros de mesa, nas fotos que acima reproduzimos,,, (**)

Em Monte Real, teve agora a oportunidade de conhecer ao vivo uma das lídimas represemtantes do corpo de enfermeiras paraquedistas que estiveram em África. Neste caso, uma das mais novas... Leia-se  a dedicatória que escreveu à Giselda no exemplar do livro que lhe ofereceu, "História do Dia do Combatente Limiano":

"Monte Real, 5/maio/2018: À enfª  Giselda Antunes Pessoa, com a grande emoção de conhecer pessoalmente uma enfermeira paraquedista da guerra do ultramar. Com um abraço do Mário Leitão (Fur Mil Farmácia de Luanda,  71/73)".

Ao Miguel ofereceu o livro "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos",com as seguintes palavras de dedicatória (incompleta):

Guiné 61/74 - P18629: Convívios (856): Pessoal de Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70): Alferradeira Velha, Abrantes, 26 de maio de 2018, meio século depois do embarque para o CTIG... Organização a cargo do ex-1.º cabo escriturário José Augusto Mendes Mourão, da CCS


Lisboa > Casa do Alentejo >  13. Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968771) > 26 de maio de 2007  > O Mourão Mendes (ex-1.º cabo escriturário da CCS/BCAÇ 2852, que vive atualmente em Torres Novas) e o Gabriel Gonçalves, o famoso GG (ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAÇ 12, residente em Lisboa).

Foto (e legenda) © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.. [Edição: Blogue Luís Graça & Camnarada da Guiné]


Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16.º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Os organizadores de dois convívios anteriores, o Fernando Sousa (CCAÇ 12), que é da Trofa, e o José Augusto Mendes Mourão (CCS / BCAÇ 2852), que é de Torres Novas.

Foto (e legenda) © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados.. [Edição: Blogue Luís Graça & Camnarada da Guiné]



1. Pela mão do meu amigo e camarada Fernando Andrade de Sousa, ex-1.º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e  Bambadinca, 1969/71), adido ao BCAÇ 2852, entre julho de 1969 a maio de 1970, chega-me esta convocatória para  o 24.º convívio do pessoal de Bambadinca (1968//1). (ªª).

O evento vai realizar-se em 26 de maio de 2018, em Alferrarede Velha, Abrantes. A organização está a cargo do nosso camarada José Augusto Mendes Mourão, ex-1.º cabo, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/0). É um "histórico" enquanto organizador destes convívios.
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de maio de 2007 >  Guiné 63/74 - P1788: Convívios (10): Pessoal de Bambadinca 1968/71: CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52 e 63 (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 8 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18616: Convívios (855): XXXI Almoço de Confraternização, e comemoração do 46.º aniversário da chegada, dos Oficiais, Sargentos e Praças, e familiares, do BCAÇ 2879, dia 26 de Maio de 2018, em Folgosinho (Carlos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2548)

Guiné 61/74 - P18628: Blogues da nossa blogosfera (92): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (11): "Poema do desgaste e do contraste"


Do Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.

POEMA DO DESGASTE E DO CONTRASTE

ADÃO CRUZ


Há muito que não saía à rua
há muito que não saía fora de mim
em direcção ao meu corpo abandonado
estendido em fria paleta sem cor
sobre um manto de poemas carcomidos
ruídos de musgo e manchas de bolor.

Há muito que não saía à rua
há muito que não sentia a dor
do desprezo da poesia
feita espuma de coisas impalpáveis
escaldantes, abertas e sangrantes
no sofrido labirinto da alma vazia.

Há muito que não saía à rua
há muito que não me apercebia
um só momento
do cantar bronco do poeta
em perpétuo e estúpido invento.

Há muito que não saía à rua
há muito que não dobrava a porta
deste corpo abandonado
na escuridão de uma noite peregrina
de lacrimosas horas perdidas
em poemas de cinza em cada esquina.

Há muito que não saía à rua
há muito que não sentia o abrigo dos lençóis
e pisava o chão purulento do degredo
na lama fria dos poemas e do medo
que rompiam as cadeias do meu corpo.

Há muito que não saía à rua
há muito que as linfas secaram a felicidade
mudando o cair da noite e o nascer do dia
em matéria grosseiramente física
de versos telúricos, celulósicos, iónicos
sem poesia nem liberdade.
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18308: Blogues da nossa blogosfera (91): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (10): "O meu gesto das coisas simples"

Guiné 61/74 - P18627: Blogpoesia (566): "Vi o vento irado...", "Pedras e flores...", e "Pairando no ar...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Vi o vento irado... 

Vi o vento irado com as núvens. 
Elas não se entendiam entre si. 
Umas queria seguir para norte. 
Saudosas da neve branca. 
Outras para o sul. 
Mortas por mergulhar no mar. 
Chamou a trovoada para as pôr na ordem. 
Um trovão tronitruante as estremeceu de medo. 
De repente se desfizeram em chuva tão copiosa, fez esbordar os rios. 
O mar subiu três pontos. 
As marés sumiram as praias. 
E as gaivotas, esbaforidas, grasnavam loucas por alimento. 
Foi o fim do mundo. 
Eis que o rei sol, incomodado com toda a desordem, resolveu intervir. 
O céu ficou azul. 
O calor serenou a tempestade. 
Num instante, tudo ficou em paz... 

Roses, 8 de Maio de 2018 
9h7m 
Jlmg

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Pedras e flores... 

O mundo, como a vida,
é tecido de pedras e flores. 
Calcamos um chão de abrolhos,
sorrimos à cor das cores. 
Há sempre um bem para cada mal. 
Uma fonte pura que mate a nossa sede. 
A nossa fé e a nossa esperança. 
É infinito o céu azul. 
Não têm conta as estrelas que só de noite brilham. 
Não tem limites o poder da nossa imaginação. 
É divina a arte do fulgor das sinfonias
como a de combinar as cores num quadro belo de pintura. 
Brilham no tempo os versos geniais de Virgílio e de Homero. 
Ainda hoje, desafiam o poder dos deuses as pirâmides colossais que há no mundo. 
Quisesse o homem e teríamos já o céu aqui na terra... 

ouvindo "Adágios Russos"
Roses, 9 de Maio de 2018 
9h5m
Jlmg

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Pairando no ar... 

Como gaivota, pairando no ar,
vejo os salpicos brotando das ondas. 
Cardumes bailando a alegria da água,
descrevem bailados, num silêncio sem fim. 
Desafio as nuvens paradas no céu,
zombando de mim. 
O vento tardou. 
Abandonadas, ficaram ali como o destino traçou. 
E o pequenino farol, implantado ao fundo,
parece tão triste,
esperando nevoeiro para tocar. 
No casario ao longe, do lado de lá,
reluzem janelas de vidro, fechadas. 
Bate-lhes o sol, reflectem o céu,
emitindo faíscas. 
As gaivotas em bandos, disputam os cardumes ocultos,
mal sabem o risco que correm. 
Pela estrada, entre a praia e as casas,
zumbem os carros num frémito veloz. 
Enquanto as camionetas de carga,
paradas na berma,
descarregam os géneros que atiça o comércio. 
E penso: Que sou eu tão minúsculo,
no meio de tudo? 
Oiço esta música bem linda e sonho... 

ouvindo "Adágios Russos" 
Roses, 10 de Maio de 2018 
9h33m 
dia cinzento
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18603: Blogpoesia (565): "Sombras nos olhos", "Hora das acácias...", e "O sabor das coisas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18626: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulos 47/48/49: "Quero dizer-te que só em quinze dias os turras derrubaram cinco aviões"


Fiat G-91. O primeiro a ser abatido por um Strela foi em 25 de março de 1973, sob os céus de Guileje.. Era pilotado pelo nosso camarada Miguel Pessoa, então tenente piloto aviador.

Foto de arquivo do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva [foto atual à esquerda] (*) 

(i) nasceu em Penafiel, em 1950, "de pai incógnito" (como se dizia na época e infelizmente se continua a dizer, nos dias de hoje), tendo sido criado pela avó materna;

(ii) trabalhou e viveu em Amarante, residindo hoje na Lixa, Felgueiras, onde é vizinho do nosso grã-tabanqueiro, o padre Mário da Lixa, ex-capelão em Mansoa (1967/68), com quem, de resto, tem colaborado em iniciativas culturais, no Barracão da Cultura;

(iii) tem orgulho na sua profissão: bate-chapas, agora reformado; completou o 12.º ano de escolaridade; foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção);

(iv) tem página no Facebook; é avô e está a animar o projeto "Bosque dos Avós", na Serra do Marão, em Amarante;

(ix) é membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande.

2. Sinopse dos postes anteriores:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;

(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da dos percursos de "turismo sexual"... da Via Norte à Rua Escura;

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau, e fica lá mais uns tempos para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vi) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM para Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos' (ou vê-cê-cês), os 'Capicuas", da CART 2772;

(vii) faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos;

(viii) é "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe";

(ix) a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(x) Dino, o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xi) faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda; e ao fim de três meses, está a escrever 30/40 cartas e aerogram as por mês; inicialmente eram 80/100; e descobre o sentido (e a importância) da camaradagem em tempo de guerra.

(xii) como "responsável" pelo reabastecimento não quer que falte a cerveja ao pessoal: em outubro de 1972, o consumo (quinzenal) era já de 6 mil garrafas; ouve dizer, pela primeira vez, na rádio clandestina, que éramos todos colonialistas e que o governo português era fascista; sente-se chocado;

(xiii) fica revoltado por o seu camarada responsável pela cantina, e como ele 1º cabo condutor auto, ter apanhado 10 dias de detenção por uma questão de "lana caprina": é o primeiro castigo no mato...; por outro lado, apanha o paludismo, perde 7 quilos, tem 41 graus de febre, conhece a solidariedade dos camaradas e está grato à competência e desvelo do pessoal de saúde da companhia.

(xiv) em 8/11/1972 festejava-se o Ramadão em Fulacunda e no resto do mundo muçulmano; entretanto, a companhia apanha a primeira arma ao IN, uma PPSH, a famosa "costureirinha" (, o seu matraquear fazia lembrar uma máquina de costura);

(xv) começa a colaborar no jornal da unidade (dirigido pelo alf mil Jorge Pinto, nosso grã-tabanqueiro), e é incentivado a prosseguir os seus estudos; surgem as primeiras dúvidas sobre o amor da sua Mely [Maria Amélia], com quem faz, no entanto, as pazes antes do Natal; confidencia-nos, através das cartas à Mely as pequenas besteiras que ele e os seus amigos (como o Zé Leal de Vila das Aves) vão fazendo;

(xvi) chega ao fim o ano de 1972; mas antes disso houve a festa do Natal (vd. capº 34º, já publicado noutro poste); como responsável pelos reabastecimentos, a sua preocupação é ter bebidas frescas, em quantidade, para a malta que regressa do mato, mas o "patacão", ontem como hoje, era sempre pouco;

(xvii) dá a notícia à namorada da morte de Amílcar Cabral (que foi em 20 de janeiro de 1973 na Guiné-Conacri e não no Senegal); passa a haver cinema em Fulacunda: manda uma encomenda postal de 6,5 kg à namorada;

(xviii) em 24 de fevereiro de 1973, dois dias antes do Festival da Canção da RTP, a companhia faz uma operação de 16 horas, capturando três homens e duas Kalashnikov, na tabanca de Farnan.

(xix) é-lhe diagnosticada uma úlcera no estômago que, só muito mais tarde, será devidamente tratada; e escreve sobre a população local, tendo dificuldade em distinguir os balantas dos biafadas;

(xx) em 20/3/1973, escreve à namorada sobre o Fanado feminino, mas mistura este ritual de passagem com a religião muçulmana, o que é incorreto; de resto, a festa do fanado era um mistério, para a grande maioria dos "tugas" e na época as autoridades portuguesas não se metiam neste domínio da esfera privada; só hoje a Mutilação Genital Feminina passou a a ser uma "prática cultural" criminalizada.

(xxi) depois das primeiras aeronaves abatidas pelos Strela, o autor começa a constatar que as avionetas com o correio começam a ser mais espaçadas...


3. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 47/48/49



O autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. E muito menos fazer autocensura 'a posterior', de acordo com o 'politicamente correto'... Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. ]


47º Capítulo  > FELICITAÇÕES


Todas as gerações são diferentes. A minha foi, indiscutivelmente, a mais diferente de todas.

Começa meia dúzia de anos após a 2ª guerra mundial, atravessa metade do século XX e entra pelo século XXI, talvez no período em que o mundo mais rapidamente evoluiu.

Orgulho-me de ter vivido este tempo. Sem grandes meios financeiros, consegui ter uma vida. Não fora a minha falta de tacto familiar, poderia ter sido um exemplo para muitos. É bem verdade que não há bela sem senão.

Pelos outros, lamento não ter a imagem que gostavam que eu tivesse. Por mim, vindo de onde vim, fiz mais que alguma vez sonhei fazer.

(28 De Setembro de 2017. Quinta-feira 19H00.

Há quarenta e cinco anos escrevi para uma pessoa que hoje comemora 65 anos:

“Queridinha do meu coração. Neste dia do teu aniversário que tem um significado especial para mim, te escrevo com redobrado amor, pois quero que este dia, que passaremos muitas vezes juntos, esteja sempre radioso de felicidade e que o nosso amor continue sempre forte como agora é.”

As circunstâncias da vida alteraram-se o que não me impede de manter os desejos de feliz aniversário a uma mulher que, se não fosse ela, estes textos não existiriam. Chama-se Maria Amélia Moreira Mendes. Ainda hoje é a minha esposa. Perdoem-me esta pequena lembrança mas, como estou a escrever no dia do seu aniversário, é a minha pequena homenagem à mãe dos meus filhos e avó da minha querida neta Catarina.)


48º Capítulo  > ABATERAM UM AVIÃO


Estranhamente, e sendo um leitor de vários géneros literários, como já frisei, faço um discurso completamente obscurantista. Quero acentuar que os meus estudos se resumiam ao 2º grau (4ª Classe). O que sinto, quanto mais avanço na leitura do que naquele tempo escrevi é que vou lentamente alterando a minha forma de pensar. Espero não ter grandes surpresas de comportamento, mais lá para diante. Para já, trata-se dum avião.

“Querida lamento que andes constipada, podia perguntar ao médico que remédio devias tomar mas quando o aéro aí chegasse, decerto já estarias curada, sabes que nem sempre a avioneta vem buscar correio. Penso até que decerto vai piorar, os “turras” abateram um avião nosso e morreu o piloto, como vês não somos só nós que matamos às vezes também sofremos baixas e agora devem ter melhores armas pois até aviões abatem”

Peço desculpa pela violência das palavras e confesso-me, de facto, preocupado que no restante correio que tenho de ler se me deparem piores situações. Continuarei a escrever, desdobrando um a um cada aerograma ou carta que imediatamente colocarei no computador. Uma coisa continuo a garantir-vos: 90% do que escrevi até ao dia 31 de Março de 1973, é amor, ternura e carinho.

“Hoje fiquei contente porque o Sr. Padre do batalhão que é o alferes capelão pediu-me para eu escrever alguns artigos para o jornal de Tite. Ainda vou ser famoso. Ah ah ah”

No dia seguinte, por ser domingo, mandei uma quadra duma canção de Dércio Marques. Título: “Vim de Longe”

Sou o riso das lavadeiras,
Aroma das madrugadas,
Sou o silêncio das eiras,
Sou a raiva das enxadas.

Nessa semana, soubemos que íamos ser aumentados. Seria verdade? No dia seguinte ou poucos dias depois, já confirmaria.


49º Capítulo  > ABATERAM CINCO AVIÕES


Dizia eu, mais atrás, não saber se com a morte de Amílcar Cabral, dirigente máximo do PAIGC, iria melhorar ou piorar a situação bélica na Guiné, mas em Abril eu escrevia:

“Quero dizer-te que só em quinze dias os “turras” derrubaram cinco aviões, aliás três avionetas e dois aviões. Por isso já podes ver que desde que morreu o Amílcar Cabral que era o chefe deles isto em vez de melhorar piorou. Nós felizmente temos tido sorte e espero que a sorte nos continue a proteger para regressarmos todos sãos e salvos.

Um amigo meu que está em Manpatá escreveu-me a dizer que na companhia dele já houveram três mortos e bastantes feridos. Nós graças a Deus ainda nenhum ferido tivemos.

Agora outro assunto. Saiu na ordem de serviço que eu passo a ser o único responsável pelas contas da cantina. Que merda. Até agora era um alferes mas o esquema foi alterado. Acontece que as contas da cantina nunca batiam muito certas e numa primeira análise parece que continua assim. Já viste? Vou passar a lidar com mais ou menos cinquenta contos por mês e se há algum desvio de dinheiro? Até aqui só lidava com papéis. Creio que vou estar à altura do encargo e hoje mesmo vou pedir ao 1º Sargento para fazer um balanço às contas. Se não estiver tudo direito não aceito nem que me castiguem. Fiquei contente por saber que o Castro e o teu primo regressaram bem”.


Na carta seguinte em que só falava de amor, talvez pelo título, aproveitei para mandar uma letra duma canção do Roberto Carlos – “Escreva uma carta, meu amor”

Nos dias seguintes, começámos a perceber que as avionetas já não viriam com tanta frequência.
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sábado, 12 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18625: Os nossos seres, saberes e lazeres (267): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 1 de Março de 2018:

Queridos amigos,
O fito para termo da viagem era mesmo estacionar nas termas de S. Pedro do Sul, o que havia a farejar era no mundo termal, o viandante portou-se como um aquista, deambulou pelas margens do Vouga, repimpou-se na biblioteca do Palace e andou de câmara na mão à procura dos seus regalos.
Ficará para outra oportunidade visitar Manhouce, subir às alturas para contemplar as serras de Montemuro, Estrela e Caramulo e até pôr os pés em Viseu e Lamego, são museus inescapáveis, há para ali arte sacra do melhor, desta vez era a satisfação de uma lembrança por causa dos bilhetes postais que o viandante recebera na Guiné, nestas termas, enquanto procurava aliviar os tormentos das artroses, escrevera-lhe bilhetes postais com votos de boa saúde e que regressasse bem para reiniciar a sua vida, escrevia como se estivesse a fazer promessas e o viandante veio aqui recordar a gratidão que deve a tais lembranças.

Um abraço do
Mário


De Estremoz para as termas de S. Pedro do Sul (4)

Beja Santos

As termas de S. Pedro do Sul são o termo da viagem. Uns vieram à busca de tratamento para os seus males respiratórios, o viandante vem à procura de lembranças, como explica. Durante aqueles anos em que andou a fazer guerra pela Guiné, a sua mãe meteu-se ao caminho e veio aqui fazer cura balnear para os seus joelhos carregados de artroses. Enviou-lhe em agosto de 1968, setembro de 1969 e junho de 1970 postais marcados pela esperança no alívio do seu sofrimento, que tudo estava a correr bem na companhia do neto mais velho, que se banhava nas águas do Vouga, e que estava cheia de saudades do filho, rezava permanentemente para que nada de mal lhe acontecesse. O viandante guardou esses postais e aqui está à cata de lembranças. Resta dizer que se sair de Monsanto e se andou por quilómetros de terra calcinada, paisagens lunares, o grotesco de alturas destemidas e granitos furibundos contrastando com solos enegrecidos, ainda será pior no regresso quando o viandante regressar sozinho de autocarro, logo Vouzela e Oliveira de Frades pareciam ter levado com uma bomba de neutrões em cima, eram florestas derribadas, aquele violento contraste entre o casario de pé rodeado dos vestígios do fogo adormecido. Pois bem, chegou-se às termas, olhou-se especado para este Titanic em terra e o viandante disse com fé: daqui não saio, é só ler e passear aqui à volta, daqui não saio, daqui ninguém me tira.



O escritor Alain Robbe-Grillet escreveu o argumento do filme “O Último Ano em Marienbad” de Alain Resnais, e o viandante nunca esqueceu aquele ambiente alucinante com misturas de tempo incríveis; também guarda lembranças do sanatório em que decorre uma das obras-primas de Thomas Mann, “A Montanha Mágica”, os temas bailam pela cabeça do viandante. Começa a itinerância passeando-se pelo Inatel Palace Hotel, o gigante data do início da década de 1930, conheceu maus momentos e teve que ser remodelado anos depois de aqui terem vivido famílias de retornados. Nos anos 1990 foi alvo de obras e aqui está, sumptuoso e confortável. O viandante anda à volta e procura dimensionar o que a região das termas oferece.



O ciclópico hotel tem quartos para todas as dimensões e bolsas, vai da suíte ao turístico, é acolhedor na sala de jantar e no bar, oferece biblioteca e um conjunto de jogos, tem piscina, solário e jardins. S. Pedro do Sul está a escassos quilómetros, tem a fama o Vale de Lafões e a Serra de S. Macário de onde se avistam as serras de Montemuro, Estrela e Caramulo, pormenores que nesta viagem não provocam qualquer aliciante ao viandante, veio para bisbilhotar, matar a curiosidade, cheirar águas sulfurosas, ouvir conversas dos termalistas, captar pormenores, anda atento aos elementos Arte Deco, são discretos, leves e muito bem enquadrados.



Quem desenhou a traça deste hotel ciclópico sabia da poda, rasgou corretamente os pontos de luz, estabeleceu para esses espaços comunitários uma boa relação na escala, desenhou bons truques, lambris, sugeriu dimensões palacianas para o restaurante e adjacências, os aquistas podem aqui entrar alquebrados mas rendem-se à majestade do lugar.



Quando o viandante foi pagar a primeira refeição teve a agradável surpresa de ver uma rutilante aguarela de Sofia Areal, artista que muito aprecia, vejam como assenta como uma luva, ainda bem que convocam as belas-artes para estes espaços.



No chamado período laboral, ruído não falta à volta desta região termal, andam a fazer obras em frente do hotel, são as ruínas romanas e uma igreja porventura medieval que são alvo dos trabalhos. Porque o local é antigo, a nascente de água termal de S. Pedro do Sul é explorada desde o século I da nossa era. Os romanos construíram um balneário (o que dele resta é hoje monumento nacional), sobre cujas ruínas D. Afonso Henriques mandou edificar um novo balneário. Passeia-se pelas ruas e sentem-se os odores das águas sulfúricas, o viandante descansou, passeou, teceu planos para próximas viagens, daquilo que tem em agenda irá em breve à Provença, mais tarde aos Pirenéus franceses, recebeu um convite para passar uns dias entre Haia e Roterdão com o inevitável regresso a Bruxelas e depois uns dias não muito longe de Oxford. Se Deus nosso Senhor lhe der vida e saúde, 2018 será sulcado por passeios europeus, ficará para mais tarde outros passeios mais alentados.
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Nota do editor

Poste anterior de 5 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18606: Os nossos seres, saberes e lazeres (265): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (3) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 10 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18621: Os nossos seres, saberes e lazeres (266): VI Encontro de Teatro Sénior, de 11 a 13 de Maio de 2018, na Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense, em Almada (António José Pereira da Costa)

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18624: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (25): Monte Real, 5 de maio de 2018: o olhar do fotógrafo 'strelado' Miguel Pessoa - Parte II


O Carlos Alberto Cruz, ladeado pelo Carlos Vinhal, à direita, e pela Giselda Pessoa, à esquerda, e acompanhado da sua filha Ana Cristina. Depois de um grave problema de saúde, de internamento hospitalar de alguns dias e de uma lenta mas bem sucedida recuperação, foi um alegria vê-lo, a ele, à Irene, sua esposa e restante família em Monte Real, 5 de maio de 2018, no nosso XIII Encontro  Nacional.


O nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro mais a esposa do Francisco Silva, Maria Elisabete, e a filha de ambos, Ana Cláudia, e os netinhos Sofia e Tiago.



O régulo da Tabanca da Maia, pois quem haveria de ser?!... J. Casimiro Carvalho, herói de Gadamael


O Juvenal Amado, mais o camarada Almiro Gonçalves e esposa Amélia Gonçalves, frequentadores da Tabanca do Centro.


O António Martins de Matos, o Mário Leitão e a Giselda Pessoa... Só podem estar a falar de aviões e de peripécias aéreas...

J
osé Saúde, Manuel Oliveira Pereira e outro camarada de costas que temos dificuldade em identificar


José Manuel Cunté, Manuel Joaquim, António Graça de Abreu e mais o nosso "periquito" António Joaquim Alves.


Mário Gaspar, Juvenal Amado e Almiro Gonçalves.


Os casais António João Sampaio e Maria Clara (Leça da Palmeira / Matosinhos ) e Virgínio Briote e Maria Irene (Lisboa)... O Virgílio, não é preciso recordá-lo, é o nosso coeditor jubilado, um histórico da Tabanca Grande...


Nas pontas Luís Paulino e Armando Pires... Ao meio, um outro camarada,  o Urbano Oliveira, que pertenceu, tal como o Paulino, à  CCaç 2726. Vem da Figueira da Foz e já o ano passado esteve no nosso XII Encontro Nacional.


Dois camaradas da Tabanca da Linha:  António Maria Silva e o  José Miguel Louro (à direita).


Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 >

Fotos (e legendas): © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mesmo combalido, na sequência de um "acidente doméstico", o nosso Miguel Pessoa não quis deixar de vir a Monte Real, e fazer a sua cobertura fotográfica do evento...

Obrigado, Miguel, pelas 52 fotos que nos mandaste. Aqui vai uma segunda seleção. Todos os amigos e camaradas da Guiné te desejam rápidas melhoras. E vê se finalmente consegues dormir na tua cama!... 

Acrescentei as legendas  possíveis a partir de Cáceres onde fui em "visita cultural"... O Carlos far-me-á o favor de as corrigir e/ou completar.

Uma saudação especial vai para o nosso veteranos Carlos Alberto Cruz e sua grande família que o ajudou a vir a (e a estar connosco em)Monte Real... Boa continuação, Carlos, da tua recuperação. (LG)
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Guiné 61/74 - P18623: (Ex)citações (336): Guerra da Guiné: Paixão e Morte em Madina do Boé (Manuel Luís Lomba)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) com data de 6 de Maio de 2018, trazendo-nos uma reflexão sobre a Paixão e Morte em Madina do Boé:


Guerra da Guiné: Paixão e Morte em Madina do Boé

Este escrito é motivado pelo P18585, um testemunho da Guerra da Guiné na primeira pessoa do T-General Pilav José Nico, que aqui invoco como resposta a uns “ historiadores e cientistas sociais”, que se têm feito notar pela pretensão de rescrever a nossa História, à revelia do seu curso e carácter - qual “produto tóxico”, susceptível de adulterar Os Lusíadas em “Os Expansíades”. 


Meus caros: 
Primeiro a gesta dos Descobrimentos e depois a saga da Expansão!

De onde vem esse vento? Compare-se a memória descritiva do cubano Óscar Oramas, embaixador e comissário de Fidel Castro junto do PAIGC, com a do então Capitão José Aparício, comandante da CCaç 1790, contidas nesse post e referidas aos mesmos factos acontecimentais e à tropa nomadizada em Madina do Boé.

A região do Boé foi também um dos “amores” da malta operacional do BCav 705, transferido de emergência para o Leste, em Maio de 1965, e calhou à CCav 704 assentar arraiais em Madina e Béli, comandada pelo então Capitão Fernando Ataíde.
Nove meses após essas operações, em Fevereiro de 1966, ia em trânsito de Bissau para Buruntuma no DO do correio, ao levantar voo em Béli o seu lado esquerdo foi cravejada de balas, os vinte e tal impactos sofridos inutilizaram-lhe o rádio, quase arrancaram o ombro e o braço ao seu furriel piloto, este começou a exclamar “maldição! maldição!”, seguiu-se-lhe o desmaio, comigo, ileso mas na maior das aflições, a tentar fazer um torniquete à abundância da hemorragia, a esbofeteá-lo para o manter consciente; e lá sobrevoamos a linha da fronteira e aterrámos em Buruntuma, quase por gravidade, as nossas fardas de caqui muito ensanguentados – a dele pela gravidade das suas feridas e a minha pelo sangue delas.

Três meses depois, a nossa CCav 704 foi rendida pela CCaç 1416, comandada pelo Capitão Mil.º Jorge Monteiro (que será condecorado com a Medalha de Prata de Valor Militar com Palma), com formação agronómica como Amílcar Cabral, o vencedor de Domingos Ramos, ex-furriel mil.º do Exército Português, um dos mais altos quadros do PAIGC, a desempenhar-se como comandante da Frente Leste, abatido no primeiro momento em que desencadeava um poderoso ataque a Madina do Boé, enquadrado por militares do exército regular cubano, já então responsáveis pelos 4 mortos e muitos feridos graves daquela Companhia.

(Fidel Castro foi o único líder mundial a investir militares do seu exército regular em solo português ultramarino, com a missão de matar soldados portugueses. Sem trazer à colação a sua directa prestação no desastre da descolonização de Angola, merece repúdio o facto de, recentemente, S. Ex.ª o PR e Supremo Comandante das nossas FA´s Marcelo Rebelo de Sousa ter movido mundos e fundos, para lhe ir apertar a mão e o reverenciar…).
 
Quem não se sente não é boa gente.

É sabido que a estratégia de correr a tiro a Europa da África começou a ser preconizada pelos americanos e impulsionada por Lenine, a partir de 1916, que foi o armamentismo e o expansionismo ideológico da União Soviética a patrociná-la, mas que Amílcar Cabral optara por tirocinar a estratégia e táctica para a sua Guerra da Guiné na Academia Militar de Pequim, terá bebido do próprio Mao-Tsé-Tung as lições para transformar a Guiné no “calcanhar de Aquiles” do Ultramar português e bebido do generalíssimo vietnamita Giap a escolha de Madina do Boé, para palco dos eventos decisivos à fundação da Nacionalidade bissau-guineense.

Considerado eufemisticamente como o “Algarve da Guiné”, no entanto sem mar mas com chuvas diluvianas, o Boé (Madina, Beli e Lugajole) tornara-se uma “paixão” na Guerra da Guiné, comum aos seus senhores, o General António de Spínola e o Secretário-geral Amílcar Cabral. Mas enquanto este operara na região (mas além fronteira), com pompa e circunstância e nas barbas da guarnição militar portuguesa, que não usou o direito à perseguição, por razões políticas, a transformação da guerrilha nas FARP, uma espécie de exército convencional, estacionava a sua “roulotte” numa das suas colinas – a colina Cabral – passava lá temporadas, premonitória das suas intenções de Comandante supremo, o Comandante supremo de Bissau operará a sua primeira desistência, com a operação da retirada da guarnição de soberania de Madina do Boé, saldada com 46 mortos dos seus militares, no confronto com o general natural – o rio Corubal.
Retirada da maior transcendência e significado político, porque concedeu ao PAIGC o único território “libertado” de facto, para palco da formalidade da proclamação unilateral da independência da Guiné; e como conquistou Madina do Boé e Béli sem o cerco nem o assalto das suas FARP, o PAIGC transferirá tal manobra para Guidaje, Guileje e Gadamael, abortada sobre Buruntuma.

O alto comandante Osvaldo Vieira, inspector das FARP, também ex-furriel miliciano do Exército Português, delfim e herdeiro político e testamental de Amílcar Cabral, primo direito de Nino Vieira, este a mais alta patente da luta militar do PAIGC, no rescaldo do golpe do assassínio de Amílcar Cabral, viu-se desterrado e acabará os seus dias em Madina do Boé, diz-se que fuzilado nas vésperas da crise dos três G´s (Guidaje, Guileje e Gadamael) à ordem dos seus pares do Conselho Superior de Luta, maioritariamente cabo-verdianos.

O General Spínola tirocinou a guerra na Frente Russa, sob a égide do General Paulus e do exército nazi, e Amílcar Cabral tirocinou-a na Academia Militar de Pequim, privando com Mao e com Giap; a diferenciação abissal entre o pensamento e planeamento militar de ambos na Guerra da Guiné decorrerá dessa contingência?
Amílcar Cabral esforçava-se para chegar a toda a Guiné; ao trocar o vencer pelo aguentar o General Spínola contrariou o mundo darwiniano: o mais fraco sobreviveu ao mais forte.
O abandono da soberania em Madina do Boé pelo General Spínola e a retirada de Guileje pelo Major Coutinho e Lima, serão efeito da mesma causa, não obstante escrutináveis como decisões ao arrepio da disciplina e da lógica militar.


Invoquemos a História: 

Nas guerras Fernandinas, o adiantado-mor da Galiza, General Pêro Rodriguez Sarmiento, montou cerco ao castelo de Monção, na fronteira, com o fim de o fazer capitular pela fome. No seu desespero de causa, a alcaideza Deu-la-deu Martins mandou cozer a fornada do último cereal, atirou os pães aos sitiantes, também dele necessitados, a exclamar: 
- “Tomai perros famintos! E mais vos darei, se o pedires!”. E ele viu-se forçado a levantar o cerco.

Em 1949, “Berlim ocidental” estava para a Europa livre, como Madina do Boé estaria para a “libertação” da Guiné. Os Aliados fizeram abortar o cerco montado pelo Exército Vermelho com uma ponte aérea, que durante um ano os abasteceu de tudo, sem descurar as flores de decoração, gosto tão cultivado pelas mulheres berlinenses.
Em 1999, no decurso do 50.º aniversário desse acontecimento, no aeroporto berlinense de Schonefield, colhi um poster de um avião DC 4 Skymaster, cheguei à fala com um dos seus veteranos pilotos, que me concedeu um autógrafo.


Circunstâncias especiais exigem homens especiais. E de Portugueses sempre os houve.

O post do T.-General José Nico evidencia que, em 1968-69, não obstante a sua mais evoluída estratégia e tácticas, o PAIGC estava a ser empurrado para as cordas da derrota – o momento psicológico desperdiçado para a resolução da Guerra da Guiné, sem vitórias nem derrotas e, sobretudo, sem o abandono. António Salazar, que era estadista, cai, derrotado pela cadeira do forte do Estoril e a cátedra da Universidade negara a clarividência a Marcelo Caetano, que era jurista. O ónus da criação das condições à eclosão da guerra ultramarina e de não lhe pôr termo em tempo útil recai sobre um e sobre o outro.

O PAIGC rearmou-se e ganhou fôlego, enquanto a cristalização da estratégia e tácticas militares criava anticorpos na comunidade castrense e a estagnação do governo de Lisboa faziam engordar as oposições, interna e externas, à guerra ultramarina.
Amílcar Cabral passara a frequentar Moscovo em vez de Pequim e, para reforçar a sua expansão ideológica, numa demonstração que as aviações não ganham as guerras, mas que as decidem, a União Soviética prometeu-lhe a construção de um aeródromo-base militar no Boé dotado de MIG´s, no contexto da sua estratégia, que esbarrará na oposição de Sekou Touré, por lição do assalto a Conacri, sob o argumento que se PAIGC detinha dois terços do território da sua Guiné, teria muito espaço para essa base.
Se os generalíssimos Mao e Giap foram boas companhias, Sekou Touré foi uma má companhia de Amílcar Cabral, eventual portadora da sua desgraça pessoal; o facto de a Guiné-Bissau ter virado em destroço da descolonização será o preço a pagar pelo seu erro de ter preferido, para a sua empresa da libertação, o déspota e sanguinário guinéu ao senegalês Leopold Shengor, culto, democrata e humanista. Amílcar Cabral vivia em contacto tanto com as evidências anti-humanas do colonialismo de Portugal como com as do “socialismo real”, imposto e vigorante na China, Cuba, União Soviética, Europa do Leste, Guiné-Conacri, etc.
Poderá ser entendido como futilidade, mas a história e a evolução da Guiné-Bissau seriam certamente diferentes.

Esse post também evidencia a visão míope da Guerra da Guiné, por parte da liderança do governo de Lisboa.
Por investigação publicada pelo tabanqueiro José Matos, sabemos que o Secretário de Estado da Aeronáutica da altura relatou e instou o governo a dotar as FA de aviões e da panóplia de misseis e antimísseis, já objecto de estudo especializado, compatíveis com o arsenal da parceria da União Soviética com o PAIGC, que tardará 5 anos a fazê-lo, apenas em 1974, “já Inês estava morta”. E não foi por falta de oferta nem de dinheiro - que tudo é capaz de comprar -, como se viu, pela disponibilidade da França, Alemanha, África do Sul e Israel. Não estávamos endividados, o Banco de Portugal possuía quase 1000 toneladas de reservas de ouro, e constituíra uma reserva de 12 meses de divisas de cobertura às importações, garantidas pelo suor e o patriotismo dos portugueses na diáspora.

Pela falta de capacidade, de raio de acção e de letalidade da aviação de Bissalanca, o êxito da acção sobre Conacri resultou parcial e, em 1973, a mesma aviação que impediu ao PAIGC a formalidade da declaração unilateral da independência em Guileje, não tinha capacidade para a impedir no Boé.
Por ironia em que o destino é fértil, será a ameaça desses MIG´s nos céus de Bissau, invisíveis porque não existiam, a precipitar o golpe militar do 25A74…

Que os mortos combatentes dos dois campos da Guerra da Guiné descansem em paz, que os sobrevivos estejam descansados e com a melhor saúde e que o encontro de Monte Real tenha alimentado o corpo e robustecido a alma da sua malta grisalha.
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18488: (Ex)citações (335): a crítica "agridoce" de Mário Beja Santos ao meu livro "Guiné-Bolama, história e memórias" (Fernando Tabanez Ribeiro)

Guiné 61/74 - P18622: Notas de leitura (1065): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (34) (Mário Beja Santos)

BNU - Bissau


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Dezembro de 2017:

Queridos amigos,
A Guiné não é só uma colónia-modelo na conceção imperial, a produção agrícola de um salto. O BNU, já um grande proprietário, também sonha com a expansão, imiscuiu-se desde a produção até à exportação agrícola, vai lançando os olhos à Sociedade Comercial Ultramarina, a empresa competidora dos interesses da CUF. Se até agora os relatórios mostravam uma impressionante desafetação ao poder político, a agulha mudou de rumo, bajula-se o poder instituído, basta ler aqui a louvaminha totalmente despropositada do gerente à viagem do General Craveiro Lopes.

Um abraço do
Mário

BNU - Bissau


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (34)

Beja Santos

A década de 1950 é marcante na vida do BNU da Guiné: na colónia sopram ventos de desenvolvimento, e por isso a Sociedade Comercial Ultramarina é cada vez mais atrativa para investimento. O património do Banco é gradualmente mais valioso, composto de prédios, de propriedades, não esqueçamos que inicialmente funcionou como casa de penhores, o aliciante agrícola é indisfarçável, será assim até ao período da independência. Em Maio/Junho de 1953 há uma nova inspeção ao Banco, determinada por Lisboa, no relatório subsequente aparece um documento revelador dessa aproximação entre a banca e os investimentos abarcando a produção, a transformação, o transporte, a exportação, nomeadamente para a metrópole. É do seguinte o documento que surge solto dentro do relatório da inspeção:

“Exma. Administração da Sociedade Comercial Ultramarina
Exmos. Senhores:

A Sociedade é uma grande organização, espalhada por toda a Guiné, é bem administrada.
Tive ocasião de visitar as suas actividades comerciais e industriais e fiquei com a impressão de que é organismo que pode viver e expandir-se mais. A Guiné é rica, está a desenvolver-se, não fica longe de Portugal e portanto da Europa, importante vantagem para os fretes, por isso as actividades podem seguramente, com a prudência necessária, encarar com confiança o futuro.

Ainda que a cotação das oleaginosas venha um dia a cair fortemente, como se supõe, é certo que fica o recurso da exploração orizícola, cuja produção é hoje insuficiente para as necessidades internas da Província e para a exportação, e pode ser muitíssimo aumentada, dada a extensão de regiões próprias para a sua cultura. Haverá apenas que preparar tais regiões e mecanizar a cultura.
Ainda outros recursos existem que podem ser explorados; portanto, não há motivos para desanimar, antes pelo contrário para, com entusiasmo, se explorarem. O clima da Guiné tão mortífero há algumas dezenas de anos, e raros eram os que pensavam em se fixar aqui, está profundamente alterado para melhor. Isto também é um factor importante pois mais fácil é o concurso de europeus.
Não obstante o que deixo dito do clima, ele não é bom e há muitos pontos da Província em que a modificação não é tão acentuada.

Se V. Exas. pensarem, um dia, em virem até aqui, e ainda que seja na época melhor, devem contar com violento calor principalmente em Farim e Bafatá, poeira vermelha e incómoda, e, por vezes, grandes vespas a entrarem no carro e há que ter atenção à mosca transmissora da doença do sono, já não falando nos incómodos mosquitos.
Não vi a mosca do sono, posto que um médico da respectiva missão me dissesse que ela estava muito espalhada e havia muitos casos.

Os vapores que daqui vão para a metrópole ficam ao largo e não atracam, dizem que por causa da febre-amarela, todavia pergunto se há casos e ninguém os conhece. Parece que não missão médica especial para esta doença.
Nos desembarques nas margens dos rios, se a maré está em baixo ou ainda pouco alta, a grande extensão de lodo só pode ser atravessada dentro de pirogas deslocadas à força de braços dos pretos e às vezes até é necessário aceitar a ‘cadeirinha’ que fazem com os braços para pequenas travessias, ou onde não há pirogas.
Na navegação dos rios é necessário, contar por vezes, com os encalhes, e esperar que a maré suba, no rio Cumbijã ali estivemos encalhados três horas.

Nas residenciais do interior, onde há instalações para hospedagem, tirando Bafatá, elas deixam muito a desejar quanto a rudimentares comodidades.

As actividades da sociedade estão a ressentir-se com a falta de fundos, não porque não lhes tenham sido concedidos créditos mas pelo desvio destes e das suas disponibilidades para a construção do bloco industrial na Bolola.
Estão já ali investidos 9.500 contos. Esta soma tem saído parte dos créditos concedidos à Sociedade, parte das suas disponibilidades. Representa uma imobilização cuja importância faz falta às operações comerciais e há que atender que os produtos estão mais caros e por isso a sua aquisição demanda maior quantidade de dinheiro.
Em minha opinião devia conseguir-se um crédito especial de 15 mil contos garantido pelo bloco industrial, garantido pelo bloco industrial: edifícios existentes, em construção e a construir, maquinismos existentes e ainda a adquirir.
Com tal importância, creio que tudo se poderia concluir. Dele havia que retirar os 9.500 contos já ali empregados e reverterem para o maneio da sociedade. Se o Banco Nacional Ultramarino o não quiser conceder, poderia tentar-se de outra origem”.

No relatório da gerência de 1954 a análise à situação das colheitas continua a merecer a melhor atenção. Volta a referir-se a mancarra como o pilar em que assenta a vida económica bem como todo o comércio da Guiné. Por grau de importância, a seguir às oleaginosas é o arroz, mantém-se como o produto base da alimentação dos guineenses. Não é esquecido o óleo de palma, o relator diz que é extraído dos palmares de cultura espontânea em toda a Província, predomina nos Bijagós e na circunscrição de Cacheu, cobrindo uma área de cerca de 90 mil hectares.

“Uma das primeiras medidas tomadas pelo novo governador foi convocar todos os régulos e ‘grandes’ de maior prestígio e tendo-os com ele reunido em Bissau, expôs-lhes as suas ideias quanto ao problema da produção, mostrando-lhes a necessidade de aumentarem as áreas agricultáveis e procurando, assim, interessar mais a massa indígena nos trabalhos agrícolas e implicitamente no aumento da produção desta província, pois é preciso que ela modifique as suas estatísticas que há dezenas de anos acusam os mesmos índices, sem animadoras oscilações, denotando o marasmo e rotina que, à primeira vista, se não explica, embora se creia que a produção tenha aumentado, dados os esforços desenvolvidos nos últimos anos. O que é certo, porém, é que o movimento da exportação, o único meio de que se dispõe, ainda que sem rigor, para se avaliar a produção agrícola, continua a não apresentar alterações que correspondam ao interesse e cuidados havidos.

Assim, servindo-nos dos dados respeitantes às exportações do ano findo de 1954, verifica-se que a produção da mancarra foi inferior em tonelagem. Declínio também se verificou na exportação do coconote, mas este resultante apenas de não ter sido possível a exportação de toda a produção, não só por desinteresse dos mercados estrangeiros como porque foi atingido o contingente destinado à metrópole.
Contudo, e tendo em consideração não só os quantitativos de mancarra exportados em anos anteriores, como a boa produção de arroz que, sem dúvida, foi superior à do ano anterior, pode-se afirmar que foi bom o ano agrícola que findou”.

Imagem extraída da revista "O Mundo Português"

O discurso do relator mudou radicalmente de agulha, aquilo que até agora era uma observação profunda e independente, quer na análise do mercado quer na observação socioeconómica e política, entra em sintonia com a mística do Estado Novo. Basta ler esta introdução à primeira parte do relatório de 1955:

“O facto de maior transcendência e importância, ocorrido na vida desta Província no ano findo, e pode dizer-se que em toda a sua História, foi, conforme toda a imprensa metropolitana e ultramarina o noticiou, a visita a esta Província de Sua Excelência o Senhor Presidente de República que, acompanhado do Senhor Ministro do Ultramar e das respectivas comitivas, aqui chegou no dia 2 de Maio e foi recebido com delirante patriotismo e entusiástica vibração.
Em cinco séculos de existência, foi esta a primeira vez que a Província da Guiné recebeu a visita do chefe de Estado.

Como em Bissau, o Senhor Presidente da República foi alvo de carinhosas manifestações patrióticas no interior da Província, que percorreu durante alguns dias e onde visitou grandes obras em curso, como seja a nova ponte sobre o rio Corubal, e inaugurou o importante melhoramento que constituiu a construção da ponte Salazar, em Bafatá, no rio Geba.
Várias foram as grandiosas cerimónias e festas realizadas em homenagem ao Senhor Presidente da República durante a sua estadia na capital da Província, tendo em, todas elas o nosso Banco sido representado pelo nosso Ilustre Administrador, Excelentíssimo Senhor Doutor António Júlio Castro Fernandes, e também pelo gerente desta Filial.
Porque muito bem se enquadrou no esplendor dessa visita presidencial, não queremos deixar de aqui fazer referência especial à cerimónia da inauguração em Bissau da nova estátua de Teixeira Pinto, pois constitui uma impressionante homenagem ao heróico e valente pacificador da Guiné”.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 4 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18602: Notas de leitura (1063): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (33) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 7 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18614: Notas de leitura (1064): Retrato do colonizado e retrato do colonizador, por Albert Memmi; editado por Gallimard (2) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18621: Os nossos seres, saberes e lazeres (266): VI Encontro de Teatro Sénior, de 11 a 13 de Maio de 2018, na Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense, em Almada (António José Pereira da Costa)



1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), com data de 9 de Maio de 2018 dando-nos notícia de mais uma iniciativa do NAUS:

Espero ter uma boa fila, ou mais, de ex-combatentes bloguianos a aplaudir.
Devem ir ver, "cá o génio" a partir das 18H30 de Sábado. É o grupo de teatro da Associação Cultural da Terceira Idade de Sintra. 
Quero ver todos os ex-combatentes aos saltos nas primeiras filas da sala e aos gritos de "Napoleão dá-me os teus calções!"

Um Ab.
J A Pereira da Costa
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18606: Os nossos seres, saberes e lazeres (265): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18620: Parabéns a você (1432): Fernando Valente (Magro), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Guiné, 1970/72) e Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1966/68)


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18605: Parabéns a você (1431): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317 (Guiné, 1968/69)

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18619: Documentos (30): Directiva n.º 5/71 do General Spínola para disciplinar a atribuição de Condecorações no TO da Guiné, perante a discrepância entre os 3 Ramos das Forças Armadas (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando)

1. Mensagem do nosso camarada Virgínio Briote, ex-Alf Mil da CCAV 489 (Cuntima e Alf Mil Comando, CMDT do Grupo Diabólicos, Brá; 1965/67), com data de 19 de Abril de 2018, trazendo em anexo a Directiva n.º 5/71 do General António de Spínola onde chama a atenção para a discrepância entre os três Ramos das Forças Armadas na atribuição de Medalhas Militares.

Boa tarde, Carlos!
Em arrumações, dei com uma pasta com documentos sobre a guerra na Guiné que tem alguns elementos que podem ter interesse, não só para os nossos Camaradas como para os curiosos da Guerra na Guiné.
Por hoje envio-te um documento, sem comentários porque o acho esclarecedor, sobre a premente Questão das Medalhas.
Espero que o apreciem.
Tenho, pelos vistos, mais alguns com interesse, especialmente dos tempos do Gen. Spínola.

Um abraço até Monte Real.
V Briote


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