quarta-feira, 22 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23378: Historiografia da presença portuguesa em África (322): A Guiné e as Campanhas Coloniais (1850-1925) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Julho de 2021:

Queridos amigos,
A coleção Batalhas da História de Portugal teve grande notoriedade, para além das livrarias chegou a vender-se nos quiosques e papelarias, teve imensa procura, recebeu apoio da Academia Portuguesa de História e vários investigadores consagrados colaboraram ativamente nos diferentes livros. Um deles foi dedicado às campanhas coloniais, poder-se-á dizer que não traz grandes novidades mas é uma boa síntese divulgativa e permite uma leitura num contexto comparativo com as campanhas que decorreram em Angola (Cuamato, Dembos, Lunda, I Guerra Mundial), Moçambique (Campanhas da Zambézia e a luta contra os Bongas, Barué, Chire, Macequece, Campanhas do Sul do Save, Marracuene, Magul, Coolela, Chaimite, a Campanha de Gaza, até à pacificação do Angoche), depois temos um quadro dos acontecimentos na Índia e Macau até às campanhas e revoltas em Timor. Enfim, uma obra que merece ser apreciada num meritório trabalho de divulgação que infelizmente parece ter arrefecido, é público e notório o abrandamento de trabalhos em torno do Império Colonial Africano e mesmo do Império Português em geral.

Um abraço do
Mário



A Guiné e as Campanhas Coloniais (1850-1925)

Mário Beja Santos

A Coleção "Batalhas da História de Portugal" consagrou um volume às campanhas coloniais que ocorreram entre 1850 e 1925 em Angola, Moçambique, Guiné e Timor. O texto principal deste volume é da responsabilidade do Prof. Doutor António Ventura, QUIDNOVI, 2006. Como é compreensível, vamos cingir as nossas observações ao que o historiador refere sobre a Guiné.

Vejamos como ele introduz a problemática das campanhas na colónia:
“Na Guiné, desde a década de 40 do século XIX que se sucederam as sublevações e os confrontos entre diversas etnias locais, por um lado, e entre estas e as autoridades portuguesas, por outro. Em 1844, os Grumetes atacaram a Fortaleza de Bissau, que contava com um reduzido número de defensores. Em 1853, foi criado o cargo de Governador da Guiné, com residência em Bissau, ficando-lhe subordinado o governo da Praça de Cacheu. Nesse ano, ocorreu a sublevação dos Papéis, que atacaram Bissau, que só foi salva graças à intervenção de forças francesas: o brigue Palinure desembarcou um destacamento em socorro da Praça. A 9 de Outubro de 1856, Honório Barreto conseguiu forçar a submissão destes sublevados”.
No período posterior dá-se uma nova organização administrativa, a Guiné é constituída como um só concelho, fica subdividida em Praças e Presídios, sob a administração de um Governador chamado da Guiné Portuguesa, residente em Bissau, virá a ser a sede de um Distrito Administrativo Militar, na vila é também criada a Comarca Judicial. Os conflitos interétnicos agudizam-se: a guerra sangrenta de Fulas contra Mandingas e Beafadas, que se estenderá ao Forreá em 1866. Em 1871 eclode nova rebelião dos Grumetes de Bissau, durante a qual foi morto o Governador-interino do Distrito. Em 1878, os Felupes atacaram em Bolor uma força comandada pelo Tenente Calisto dos Santos, morrem dois oficiais e 50 soldados. O acontecimento tem grande repercussão em Lisboa, decide-se romper com a dependência de Cabo Verde e estabelece-se autonomia da Província, pela primeira vez há uma capital na Guiné, Bolama.

Mas as sublevações não param, logo houve que reprimir uma revolta do Batalhão de Caçadores N.º 1, em Bolama. No ano anterior, os Felupes de Jufunco cediam todo o seu território a Portugal. Assinam-se tratados de paz com os Fulas do Forreá e com os Beafadas de Guinala. A despeito desta atmosfera de paz, em 1881 os Fulas e Futa-Fulas do Forreá atacaram a Praça de Buba, e pouco tempo depois revoltam-se os Beafadas de Jabadá, tudo fica aparentemente resolvido com acordos de paz. Não param as sublevações mas também as homenagens ao governo da colónia. Em 1885 é feita a paz em Buba entre os Fulas e Beafadas, depois de uma longa guerra de extermínio. No ano seguinte, Portugal confirma e ratifica a Convenção Luso-Francesa, renuncia-se ao território do Casamansa incluindo o porto de Ziguinchor. Sucedem-se pequenas desordens, rebeliões na ilha de Bissau, no Leste e nos Bijagós. Onde fervilha a tensão é mais à volta da fortaleza de Bissau, mas também há guerra na região do Geba. em 1892, a província é convertida em Distrito Militar Autónomo. Criaram-se os Comandos Militares de Bissau, Cacheu e Geba, mas os efetivos continuam a ser minúsculos e as rebeliões na ilha de Bissau permanentes. Tudo parecia ter melhorado na região de Cacheu bem como na região de Cacine, melhorara a ocupação militar da Guiné, para além de Bolama e Bissau, estendia-se a Geba, S. Belchior, Sambel-Nhantá, Cacheu, Farim, Buba, Bolola, Contabane, Cacine e Cacondo. Ao todo, estavam no território dois destacamentos com sete oficiais, dois sargentos e duzentos cabos e soldados.

Em 1896, é a vez dos Manjacos manifestarem rebeldia. Inicia-se a primeira Campanha do Oio, é durante estas operações que um chefe Mandinga, Lamine Indjai, aliado dos Portugueses, morreu a defender a bandeira que levava e que não deixou cair nas mãos dos sublevados. Mas a campanha terminou de uma maneira desastrosa, Graça Falcão, Comandante de Farim e responsável pela Campanha escapou por um triz. Até ao fim do século vão aumentando os postos militares. Há populações que se recusam a pagar imposto e insubordinam-se, daí várias campanhas, logo na zona de Churo, envolvendo forças terrestres e navais, os Papéis submetem-se. Cria-se uma companhia mista de artilharia em Bolama, efetuam-se uns trabalhos de delimitação de fronteiras, as forças portuguesas e francesas foram alvo de ataques. Em 1907 começa a guerra do Cuor, que prosseguirá no ano seguinte, com um contingente nunca visto. O régulo do Cuor, Infali Soncó, foge depois de ter dado séria resistência. Novas operações na ilha de Bissau, é aí que se faz notar Abdul Indjai, que acabará exilado em S. Tomé, depois perdoado e mais adiante vamos vê-lo como um autêntico braço direito do Capitão Teixeira Pinto.

As sublevações, insurreições e insubordinações são uma constante entre o fim da Monarquia e os primeiros anos da I República. A grande alteração começa a ser dada com as operações de Teixeira Pinto nas regiões de Mansoa e Oio, em 1913, com o apoio de forças navais, acompanha-o uma guarda avançada de Abdul Indjai e 400 irregulares. Em janeiro de 1914, depois de nova revolta no Churo começa a marcha da coluna de operações de Cacheu, comandada por Teixeira Pinto, em abril estes territórios dão-se como pacificados, Teixeira Pinto prossegue contra os Manjacos e dá-se por finda a campanha de Cacheu e Costa de Baixo. Teixeira Pinto volta-se agora para os Balantas que pedem a paz. Teixeira Pinto embarcou para Lisboa e só regressou em janeiro do ano seguinte. Desta feita, a grande questão é Bissau, os Papéis dão imensa luta.

Teixeira Pinto e o Tenente Sousa Guerra mais 1600 guerreiros com Abdul Indjai à cabeça, de novo com apoio naval, procuram obter uma vitória definitiva. Os sublevados pareciam levar tudo a melhor até que foram repelidos por Teixeira Pinto que contra-ataca e toma de assalto as posições de Intim e Bandim e mais adiante Antula, e depois Safim, a marcha terminará em Bor e Biombo. Com a captura do régulo de Biombo e a rendição do régulo de Tore terminava com êxito completo a campanha da ilha de Bissau. Foi uma pacificação que custou um elevado preço aos portugueses e seus aliados: 284 mortos e feridos. Mas ainda se estava longe de uma pacificação efetiva. Em março de 1917 era declarado o estado de sítio em todo o arquipélago dos Bijagós, o Tenente Sousa Guerra comanda uma coluna com o objetivo de estabelecer um posto militar em Canhambaque, mas nada sucedeu. De novo declarado o estado de sítio em maio com o mesmo objetivo de estabelecer um posto militar em Canhambaque, o sucesso foi reduzido. É neste período que surgem graves problemas com Abdul Indjai, então régulo do Oio e Cuor, o seu comportamento e os abusos praticados provocaram um grande descontentamento das populações, as autoridades portuguesas viram-se obrigadas a agir contra o seu antigo aliado. Novas operações em julho de 1919 e prisão de Abdul Indjai que será demitido do posto de Tenente de 2.ª linha, previa-se a sua deportação para Moçambique mas morreu em Cabo Verde.

Vão continuar a haver problemas nos Bijagós, grandes combates, em maio de 1926, durante esta fase de tentativa de ocupação, nesta região Bijagó sublevada as forças portuguesas tiveram 22 mortos e 74 feridos. A chamada pacificação da Guiné será reconhecida só em 1936, com a submissão de Canhambaque e a paz com os Bijagós.

Infali Soncó, régulo do Cuor, ainda no momento de confraternização com as tropas portuguesas, 1908, fotografia de José Henriques de Melo
Ataque dos auxiliares portugueses na chamada Guerra do Cuor, 1908
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23352: Historiografia da presença portuguesa em África (321): Grande polémica (2): Luís Loff de Vasconcelos versus Teixeira Pinto e Abdul Indjai (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23377: Parabéns a você (2078): Cor Art Ref António José P. Costa (ex-Alf Art da CCAÇ 1692/BART 1914, Guiné, 1968/69) (ex-Cap Art CMDT da CART 3494/BART 3873 e da CART 3567, Guiné, 1972/74); João Crisóstomo, ex-Alf Mil da CCAÇ 1439 (Guiné, 1965/67); e Júlio Martins Pereira, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 1439 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23368: Parabéns a você (2077): Cherno Baldé, amigo Grã-Tabanqueiro, economista e gestor de projectos, natural de Fajonquito, vive em Bissau

terça-feira, 21 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23376: Convívios (933): Rescaldo do XVI Almoço/Convívio do pessoal da CART 1742 - "Os Panteras", levado a efeito no passado dia 18 de Junho, em Moreira da Maia (Abel Santos, ex-Sold At Art)

Foto de família dos "Panteras"


1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador Art da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 20 de Junho de 2022, trazendo até nós o rescaldo do XVI Almoço/Convívo dos "Panteras", levado a efeito no passado dia 18, em Moreira da Maia:



XVI Almoço/Convívio da Companhia de Artilharia 1742

No pretérito sábado, dia 18 de Junho de 2022, depois de um interregno de dois anos devido à pandemia que assolou o País, a malta da CART 1742 - “Os Panteras” - Nova Lamego e Buruntuma, que prestou serviço militar na Guiné Portuguesa nos longínquos anos de 1967/69, voltou a reunir, desta vez na bonita freguesia de Moreira da Maia, com formatura na Praça do Exército Libertador - Feira de Pedras Rubras.

Dali o pessoal dirigiu-se em formatura desordenada para o local do repasto, que dá pelo nome de "Malheiro Eventos" onde foi servido um lauto manjar como é seu apanágio.

Foi mais uma jornada de salutar convívio e de afirmação castrense entre camaradas que outrora, lá na terra longínqua da Guiné Portuguesa, se bateram pela sua Pátria, dignificando a sua bandeira com sangue, suor e lágrimas que ainda hoje, rebeldes, correm pelas suas faces ao recordar tempos idos, quando meninos e moços se transformaram em homens.

Abel Santos, que teve a seu cargo a organização deste Encontro
Nesta foto, à direita, o ex-Alf Mil Sapatinha Figueiredo
Vista parcial da sala
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Nota do editor

último poste da série de 19 de Junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23366: Convívios (932): Rescaldo do XXXV Almoço/Convívio do pessoal da CART 3494, levado a efeito no passado dia 11 de Junho, na Carapinheira - Montemor-o-Velho (António Bonito, Sousa de Castro e Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P23375: (In)citações (210): O Vinho Nosso de Cada Dia (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR da CCS/BCAÇ 3872)

“Numa casa portuguesa fica bem Pão e Vinho sobre a mesa” e em Alcobaça não é exceção.
A tradição do vinho e da vinha está muito enraizada na cultura e economia populares
Com a devida vénia à Camara Municipal de Alcobaça

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 17 de Junho de 2022:


O VINHO NOSSO DE CADA DIA

Alcobaça é uma cidade hoje muito aquém da vitalidade de outros tempos em que era uma vila pulsante das suas gentes na sua indústria e comércio. Era o epicentro de uma região agrícola e vinícola, que inundavam as feiras e mercados semanais e a praça de produtos hortícolas diária.
Esse movimento desaguava numa troca de bens e serviços entre o campo e a vila, onde o comércio de roupas, ferragens, casas pasto e cafés era exuberante e rentável.

Nas aldeias onde pontuam as pequenas quintas de subsistência, o cultivo era variado desde a fruta temporã mais para oeste e legumes batatas e cenouras mais para os campos da Cela e Valado dos Frades que Alcobaça dividia a meias com a Nazaré.

Mas não havia agricultor por pequeno que fosse, que não guardasse um cantinho para a vinha legado dos Monges de Cister. Era um sítio sagrado, onde os garotos criavam água na boca a olhar para os cachos doirados, mais proibidos que o fruto proibido do Eden.
Eram para fazer o vinho por isso intocáveis.

Era motivo de orgulho o vinho que cada um fazia e dava a provar aos amigos, não faltando as comparações mais ao menos críticas, com o de outros, que não estavam presentes.

Mas Alcobaça tinha fama nos vinhos da Adega Cooperativa. (visitar o Museu do Vinho). Os brancos e tintos muito apreciados e até a serem incluídos no Grande Livro de Pantagruel.[*]

Eu, oriundo de família operária sem terra, só despertei para vinho na Guiné onde nos era servida uma coisa parecida que vinha em bidons de 200 litros. Inicialmente intragável, logo me fui habituando à beberagem que comparava com Dão bem fresco, quando almoçava no Libanês em Bafatá.
Eram memoriais essas idas a Bafafá, onde nos dávamos aos excessos que o magro pré nos permitia uma vez por mês.

Quando regressei e passei a conviver com o meu sogro, homem do campo que também era afinador de teares e que fazia da sua terra um autêntico jardim. Também fazia o seu vinho ou água pé, que invariavelmente se bebia bem quando era novo, mas depois eu desviava-me dele pouco tempo depois. Dizia ele muito eufórico “que aquilo é que era vinho real” e sabemos nós que na época se fez muito a “martelo”.

Mas eu não sabendo fazer mas sabendo, que havia outras formas de o fazer, lá lhe fui soprando aos ouvidos que ele deveria ir há junta Nacional dos Vinhos mandar analisar a terra e eles, que o aconselhassem o tipo de castas, que deveria usar numa vinha virada a nascente por isso de terra fria.
E assim ele fez para minha estranheza. De lá veio com os conselhos e os bacelos das castas em percentagem para o vinho ficar bom. Não me lembro das castas mas pelo menos uma era de Bordeaux.
Assim quando fez o vinho ninguém parou de o elogiar pela “pomada”, que tinha produzido, era na verdade um excelente vinho e passou a ser enquanto ele cuidou da fazenda e da vinha.

Há dias fiquei surpreendido com folheto de super-mercados onde eram publicitados como sendo grandes e caros vinhos, que o enólogo aconselha por exemplo:
- um “Douro e Cor Violeta de Concentração e Persistência Elevada. Intensidade e Acidez média com sabor a ameixa, caril e baunilha,
- ou um Alentejo Cor Rubi/ Granada, de Concentração Elevada e Acidez Média. Com Sabor a Especiarias, Ameixa e Carne,
- ou outro Alentejo com cor, concentração, intensidade e acidez média. Com Sabor a Ameixa, Baunilha, Coco, Caril e Café”

Meus caros camaradas, é caso para perguntar para onde foram as uvas? Onde estão as Tourigas nacional, o Fernão Pires, o Trincadeiro que faziam o aclamado vinho do meu sogro como “vinho real”?

Isto leva-me ao velho dito, que o armazenista de vinhos dizia ao filho; “Meu filho, fica sabendo que até de uvas se faz vinho”.

Hoje bebo um copo à vossa saúde e agradeço a todos os que me desejaram bom aniversário.[1]

Um abraço
17/06/2022
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[*] - Os Monges da Abadia de Cister deixaram legado também na doçaria e licores de onde sobressais a Ginja de Alcobaça que não tem igual.

[*] No Grande Livro de Pantagruel reza assim;

Alcobaça. Nesta região - a Al-cacer-bem-el-Abbaci dos antigos mouros - caracterizada por uma grande diversidade de terrenos e de climas, existem admiráveis vinhos, cuja fama já vem do Século XII, devendo principalmente os leves e muito aromáticos tintos, de cores brilhantes e suave sabor, das castas João-de-Santarém, Grand-Noir, Tintinha e Trincadeira. Os brancos de Alfeizerão – de uvas Fernão-Pires, Rabo de Ovelha e Tamarez - também merecem especial atenção. “Tais vinhos reais do meu sogro”.

“Bebe sempre o vinho mais puro que possas adquirir, porque o verdadeiro vinho anima e fortalece”.

Papa Leão XIII

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Notas do editor:

Vd. poste de 17 de Junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23358: Parabéns a você (2075): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)

Último poste da série de 13 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23347: (In)citações (209): As virtudes do Ensino em tempos remotos (Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF)

Guiné 61/74 - P23374: Memória dos lugares (441): fotos da Guiné-Bissau (c. 2019 a 2022), da cineasta e arquiteta Carlota Gomes-Teixeira, cedidas ao blogue (João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447, Bissau, Brá, 1967/71)


Foto nº 1


Foto nº 2  


Foto nº 3



Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


Foto nº 10


Foto nº 11

Guiné-Bissau > s/l > c. 2019/2022


Fotos (e legenda): © Carlota Gomes-Teixeira (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez1967/fev1971)

Data - 07/06/2022, 19:37
Assunto - Fotografias da Guiné

Luís: Boa Tarde, espero que te encontres recuperado, e, que possas aparecer no 37º encontro nacional do pessoal do BENG 447 dia 24, nas Caldas da Rainha. Posso passar a recolher-te na Lourinhã. Avisa antes.

Se achares merecer a pena, e tiveres tempo, publica o post que te enviei no último mail, de 10 de maio passado ("Minha história no BENG 447").

Hoje anexo 11 fotografias de 2019 a 2022 tiradas na Guiné. a autora está ausente no estrangeiro e por isso não dou a localização.

Reconheço alguns locais por onde passei, mas deixo aos tabanqueiros o exercicio de os descobrirem e nomearem.

Agradeço no entanto que seja mencionado que as fotos foram gentilmente cedidas pela cineasta Carlota Gomes-Teixeira para postar neste blog, sendo os direitos exclusivos da autora, pelo que a sua reprodução e cópia só por ela serão autorizados.

Abraço, João Rodrigues Lobo

2. Comentário do editor LG:

Obrigado por tudo, João. Como já te disse ao telefone, ir às Caldas da Rainha contigo, este fim de semana, ao vosso encontro nacional, não vai dar, ainda ando com duas canadianas, em fase de recuperação da minha artroplastia total do joelho esquerdo. Mas fico sensibilizado pelo teu  convite. Que corra tudo bem.

Quanto às fotos da tua amiga cineasta (e, creio, que também arquiteta), Carolina Gomes-Teixeira, transmite-lhe os  agradecimentos dos "amigos e camaradas da Guiné". Ela está de parabéns:  ela tem uma particular sensibilidade, empatia  e gosto estética, dá-nos imagens da Guiné-Bissau, no seu melhor e no seu pior (incluindo a decadência do seu patrimómio habitacional, da sua antiga arquitetura  colonial e das atuais estruturas urbanas) sem o propósito de chocar ou provocar... 

Sabemos que a nossa Guiné-Bissau tem inúmeros problemas, e nomeadamente urbanísticos,  tal como a generalidade dos países africanos, mas continua a ser uma terra pela qual temos um especial carinho. Ela faz parte das nossas "geografias emocionais". 

Alguns dos nossos leitores poderão aceitar o teu desafio e pôr legendas nas fotos (editadas e e numeradas por nós). Uma ou outra também reconheço(por ex., as nºs 1 e 2).

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23189: Memória dos lugares (440): A antiga pista de Cufar...e uma torre de vigia do tempo da CART 2477 (1969/71) (Martin Evison, Action Guinea-Bissau, Catió e Cufar)

Guiné 61/74 - P23373: Fichas de unidade (25): Batalhão de Engenharia nº 447 (Brá, 1964/74): "Que a tamanhas empresas se oferecem"


Batalhão de Engenharia n." 447 (Brá, 1964/74). Guião.  Tem 111 referências no nosso blogue,

Cortesia: coleção de Carlos Coutinho (2009)


Ficha de unidade > Batalhão de Engenharia nº 447

Identificação: BEng 447

Cmdt: 

  • TCor Eng João Carlos Câncio da Silva Escudeiro
  • TCor Eng Raul Brito Subtil
  • Maj Eng José Fernando Lopes Gomes Marques
  • TCor Eng Fernando Gouveia de Morais Branquinho
  • TCor Eng Bernardino Pires Pombo
  • TCor Eng João António Lopes da Conceição
  • TCor Eng Manuel Francisco Rodrigues Fangueiro
  • TCor Eng Alberto da Maia Ferreira e Costa

2.° Cmdt: 

  • Maj Eng José Fernando Lopes Gomes Marques
  • Maj Eng Eduardo Luís Afonso Condado
  • Maj Eng Alípio António Piçarra Diogo da Silva
  • Maj Eng Luís António dos Santos Maia
  • Maj Eng Manuel Francisco Rodrigues Fangueiro
  • Cap Eng José Pedro de Sá Morais Marques
  • Maj Eng Manuel Augusto da Silva Dantas

Divisa: "Que a tamanhas empresas se oferece"

Início: OlJul64 | Extinção: 140ut74

Síntese da Actividade Operacional


Foi constituído a partir de 1Jul64, integrando todos os elementos de Engenharia então existentes na Guiné, e vindo sucessivamente a integrar:
  • uma companhia de comando
  • uma companhia de serviços
  • uma companhia de construções
  •  uma companhia de Engenharia
  • e um pelotão de transportes especiais e expedição. 

Era considerada uma unidade da guarnição normal da Guiné.

O comandante do BEng foi simultaneamente (i) comandante da Engenharia da Guiné e  (ii) chefe da delegação do Serviço de Fortificações e Obras Militares.

Executou a construção e reparações em aquartelamentos de carácter permanente e semi-permanente, incluindo edifícios e construções especiais e de que se destacam:
  • edifícios de comando
  • casernas
  • armazéns de depósitos
  • paióis
  • oficinas
  • enfermarias
  • e abrigos, 

bem como procedeu à electrificação de aquartelamentos e construção de centrais eléctricas e depósitos de armazenamento de água e ainda da rede dupla de arame farpado de Bissau.

Em colaboração com as Obras Públicas da Guiné, procedeu à construção de estradas com revestimento a alcatrão num total de 520 Km, dos quais 241,35 Km competiram exclusivamente ao BEng, e ainda de 71 Km de estrada sem revestimento de alcatrão e também as pontes de Saltinho e Bafatá.

Forneceu ainda a equipagem e manutenção das jangadas de João Landim, S. Vicente e Farim e ministrou a instrução e formação de pessoal indígena nas especialidades de pedreiro, carpinteiro, canalisador, electricista e operador de máquinas de terraplanagem.

Em 140ut74, após entrega das instalações e dos equipamentos, o batalhão foi desactivado e extinto.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 124 - 2ª Div/4ª  Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), pp. 667/ 668

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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22985: Fichas de unidades (24): 26ª CCmds (Bula, Teixeira Pinto e Bissau, 1970/71)

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23372: Lembrete (41): 37º Encontro Nacional do Pessoal do BENG 447, Brá, Bissau, sábado, 25 de junho, Restaurante O Paraíso do Coto, Caldas da Rainha: há autocarros a partir do Porto e de Lisboa


Capa do livro "A Engenharia Militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia". Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. Lisboa : Direcção de Infraestruturas do Exército, 2014, 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14 ISBN 978-972-99877-8-6. Índice da obra: ver aqui.

[Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes].

Lembrete (*) do convívio aqui anunciado em 6 de abril de 2022 (**), por sugestão do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez1967/fev1971), meu vizinho de Torres Vedras (LG)

Programa


Preços e contactos



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Notas do editor:


Guiné 61/74 - P23371: In Memoriam (438): Mário de Oliveira (1937-2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68), repousa desde 26/2/2022 em campa rasa, a nº 72, do cemitério da Lixa, Felgueiras






Felgueiras >  Lixa > Cemitério local > 11 de abril de 2022 > Campa rasa, nº 72: é lá que repousam os restos mortais do Mário de Oliveira, o padre Mário da Lixa (Feira, 1937 - Penafiel, 2022), ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68). 

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. Passámos por lá, em abril passado, para um último adeus. Era amigo da Alice, sua antiga paroquiana (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 1969).

Foi inumado de acordo com a sua última vontade (*), e deu-nos um grande exemplo de dignidade e de coragem (física e moral):

(...) " Ao meu cadáver — nunca o confundais comigo que, a partir daquele Novíssimo Instante, já serei definitivamente vivente convosco — vesti-o com alguma das roupas que me vedes utilizar diariamente, e depositai-o depois na urna, uma das mais baratas que houver no mercado. Tanto o meu cadáver, como a urna fechada, apresentem-se totalmente despojados de quaisquer símbolos religiosos, como o terço, o cálice, ou a cruz (do Império romano), tudo coisas beatas e deprimentes, por isso, inumanas, pelo menos, simbolicamente.

"A urna manterse-á sempre fechada, até ser depositada numa campa rasa, em terreno comum destinado aos Sem-jazigo, do cemitério de Macieira da Lixa, a terra que, desde a década de setenta do Século XX, inopinadamente, se tornou / revelou um Lugar Teológico de Deus, o de Jesus, que gosta de Política, não de Religião e, nessa mesma qualidade, se colou para sempre ao meu nome de homem presbítero da Igreja do Porto." (...) (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  
25 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23031: In Memoriam (430): Padre Mário de Oliveira, de 84 anos, ex-alf mil capelão, CCS / BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68): o funeral realiza-se amanhã, sábado, dia 26, pelas 16h00, no Barracão da Cultura, Macieira da Lixa, sendo sepultado no cemtiério local, em campa rasa, de acordo com o seu testamento de 2009

Vd. também postes de:


Guiné 61/74 - P23370: Notas de leitura (1457): “Ébano”, por Ryszard Kapuscinski; Livros do Brasil/Porto Editora, 2018, o mais espantoso trabalho jornalístico sobre a nova África (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Outubro de 2019:

Queridos amigos,
Quando surgiu este livro em 1998, foi um murro no estômago para muita gente. Uma das figuras gradas do jornalismo mundial que acompanhara sistematicamente os eventos do continente africano durante mais de quatro décadas, punha a nu novas e velhas tiranias de regimes exclusivamente africanos, com a sua encenação de massacres, genocídios, lideres paranoicos e corruptos. É impossível não sentir um calafrio a ver quilómetros de sucata soviética posta ao serviço de um terrível conflito no Corno de África. Como ele escreve: "Não é um livro sobre África, mas sim sobre algumas pessoas de lá. É um continente demasiado grande para poder ser descrito. É um verdadeiro oceano, um planeta independente, um cosmos variado e rico. É apenas por uma questão de simplicidade e de comodidade que falamos de 'África'. De facto, essa África não existe sequer, a não ser como conceito geográfico".

Um abraço do
Mário



Ébano, o mais espantoso trabalho jornalístico sobre a nova África (1)

Beja Santos

Ryszard Kapuscinski é reconhecido como um dos nomes maiores do jornalismo moderno, um repórter inigualável na cena mundial. Foi um observador direto do início do fim da era da colonização e nos quarenta anos seguintes aqui voltou, deixando testemunhos marcantes de golpes de Estado, massacres hediondos, desvelamento de estranhíssimas guerras tribais e a emergência do racismo. Para quem quer saber o que se tem passado nessa África independente é fundamental conhecer esta obra-prima do jornalismo: “Ébano”, por Ryszard Kapuscinski, Livros do Brasil/ Porto Editora, 2018.

Tudo começa no Gana, em 1958, tempo impulsivo e de inocência, Kwame Nkrumah ainda é tratado como um semideus. E vai anotando, para que o leitor europeu saiba diferenciar em vez de minimizar ou ridicularizar:
“Os europeus e os africanos têm noções de tempo completamente distintas. A perceção que têm do tempo é diferente, como é diferente a relação que com ele mantêm. O europeu está convencido de que o tempo tem uma existência exterior a ele próprio, uma existência objetiva e com uma natureza mensurável e linear. O europeu vê-se a si próprio como um escravo do tempo, está dependente dele, é-lhe submisso. Para poder existir e funcionar tem de respeitar as suas leis férreas e imutáveis, as suas regras e princípios inflexíveis. Os africanos vêem o tempo de modo diferente. O tempo é para eles uma categoria bastante ligeira, elástica, subjetiva. O homem influencia a configuração do tempo, o modo como ele decorre e o ritmo (obviamente só o homem que vive em boas relações com os seus antepassados e com os deuses o consegue). Uma inversão completa do pensamento europeu. Daí que um africano, depois de entrar num autocarro, nunca pergunte quando vai partir; entra, senta-se no lugar livre e passa imediatamente a um estado no qual passa uma grande parte da sua vida – à espera”.

E segue-se outra observação, que se deve atrelar à anterior: “O problema de África é a contradição entre o homem e o ambiente, entre a imensidão africana e o homem indefeso, descalço e pobre que é o seu habitante. Para onde quer que nos voltemos, a paisagem é sempre imensa, tudo está vazio, sem ninguém a perder de vista. Antigamente tinham de se percorrer centenas, até milhares de quilómetros para se encontrar outras pessoas. Não havia informação, saber, progresso técnico, riqueza, mercadorias, experiências diferentes – tudo isto se mantinha longe, não chegava até ali, porque não encontrava o caminho”.

O jornalista viaja, está agora em Kampala, o Uganda dentro de dias será independente. E ele comenta:
“A política interna africana e a dos seus estados é complicada e difícil de perceber. Tal situação deve-se, sobretudo, ao facto de, aquando da partilha de África entre eles, os colonizadores europeus terem reduzido a pouco mais de quarenta colónias os cerca de dez mil pequenos reinados, federações e associações de tribos não estatais, mas independentes, que existiam neste continente na segunda metade do século XIX. Muitos desses reinos e associações tinham um longo historial de conflitos e guerras entre si. E, de repente, viram-se forçados, sem que ninguém lhes pedisse a sua opinião, a integrar a mesma colónia, sendo regidos pela mesma potência (estrangeira) e pelas mesmas leis. Mas tinha começado a era da descolonização. As antigas relações interétnicas, que tinham sido congeladas ou pura e simplesmente ignoradas pelas potências estrangeiras, ressuscitavam, tornando-se de novo ativas. Surgia a oportunidade de libertação, mas uma libertação sob a condição de que os inimigos de outrora formassem agora um estado comum, ao qual servissem em conjunto, económica, patriótica e militarmente”.

Um grande repórter é forçosamente um observador subtil, de cultura aprimorada e dotado para a escrita como escritor maior. Veja-se como Kapuscinski nos apresenta a Etiópia:
“A Etiópia Central é um planalto vasto e grandioso, atravessado por numerosos vales e desfiladeiros. Na época das chuvas, surgem imensos rios no fundo destes enormes despenhadeiros. Nos meses de verão, a maioria seca e desaparece, deixando à mostra o solo seco e gretado e fazendo com que o vento levante nuvens negras de lama, transformada em cinza pelo sol. Ao longo deste planalto, existem montes com três mil metros de altura, que em nada fazem lembrar os graníticos Alpes cobertos de neve, os Andes ou os Cárpatos. Estes são compostos por rocha cor de cobre e bronze, exposta à erosão com os cumes achatados e tão planos que poderiam até servir de aeroportos naturais”.

Apresentada a geografia, informa-nos sobre uma situação bélica descomunal:
“Estamos em meados dos anos setenta. África encontra-se no limiar de duas décadas de maior seca da sua história. Guerras civis, golpes de Estado, massacres e ainda a fome que passavam milhões de pessoas na zona do Sahel (África Ocidental) e na África Oriental (sobretudo no Sudão, no Chade, na Etiópia e na Somália) – eram algumas das facetas da crise. A maioria dos países do continente tinha sacudido o colonialismo e iniciado a sua existência de Estados independentes. Nas ciências políticas e económicas prevalecia naquela altura a convicção de que a liberdade trazia o bem-estar, de que a liberdade iria transformar, da noite para o dia, regiões miseráveis num mundo onde corressem, com abundância, leite e mel. Mas a realidade provou ser muito diferente. Nos novos países africanos, estalaram lutas pelo poder, em que ninguém olhava a meios: conflitos tribais e tensões étnicas, o poder do Exército, as tentações de corrupção, ameaças de morte. Simultaneamente, os Estados davam provas de fraqueza e incapacidade de cumprir as suas principais funções. E tudo isto numa época em que o mundo estava sob o domínio da Guerra Fria, transportada para África tanto pelo Ocidente como pelo Leste. Uma caraterística marcante da Guerra Fria consistia em ignorar pura e simplesmente os problemas e interesses dos Estados fracos e dependentes, encarando os seus dramas e acontecimentos apenas na perspetiva dos interesses próprios, sem lhes atribuir uma importância específica”.

E assim chegamos a Idi Amin, o ditador mais conhecido em toda a história da África Moderna e um dos mais execráveis do século XX em todo o mundo.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23359: Notas de leitura (1456): Os Jesuítas na Senegâmbia, os personagens de um insucesso (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23369: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte III: tabanca balanta e destacamento de Bissá, c. 1970






Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > s/ d > c. 1970 > Tabanca e destacamento de Bissá. A população era balanta. Na 4ª foto acontar de cima, ao lado da mulher que remenda roupa, pode ver-se em "ouri" ou "uril", um jogo tradicional africano de estratégia.

Os militares que se vêem nas fotos possivelmente pertenciam à CCAÇ 2587 / BCAÇ 2885, que em 5mar70, rendendo a CArt 2411, assumiu a responsabilidade do subsector de Porto Gole, com um destacamento em Bissá.

Fotos (e legenda): © José Torres Neves (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71).


Organização e a seleção feitas pelo seu amigo e nosso camarada Ernestino Caniço, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa) e Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, (Bissau) (Fev 1970/Dez 1971) (médico, foi diretor do Hospital de Tomar, 6 anos, de 1990 a 1996, e diretor clínico cumulativamente 3 anos, de 1994 a 1996, vivendo então em Abrantes; hoje vive em Tomar).

O José Torres Neves é missionário da Consolata, ainda no ativo. Vai fazer 86 anos. Vive num PALOP. Esteve no CTIG, como capelão de 7/5/1969 a 3/3/1971.

As fotos (de um álbum com cerca de 200 imagens) estão a ser enviadas, não por ordem cronológica, mas por localidade, aquartelamentos ou destacamentos do sector de Mansoa. Sobre Bissá, emos cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue. A tabanca de Bissá (e o reseptivo destacamento, guarnecido por um 1 Gr Comb) ficava a oste de Porto Gole.



Guiné > Carta de Fulacunda (1955) > Escala 1/50 mil > Pormenor: posição relativa de Porto Gole e Bissá, e de outras povoações na margem direita do rio Geba, algumas abandonadas com a guerra.

Segundo o nosso camarada Abel de Jesus Carreira Rei, autor do livro  "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968" (Prefácio do ten gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002), a ocupação de Bissá pelaos NT remontava a 7 de abril de 1967.  

Passaria a ser um destacamento, guarnecido por um pelotão (-) da CART 1661 e uma companhia (-) da Polícia Administrativa de Porto Gole, Uns dias depois, a 15 de abril de 1967, seria um “dia trágico”: um ataque do PAIGC a Bissá, de duas horas, na noite de 14 para 15, faria sete mortos e cinco feridos. Entre os mortos, contou-se o Abna Na Onça, capitão de 2ª linha, balanta. Na sequência deste desastre, o destacamento foi (temporariamente) abandonado e depois reocupado pelas NT.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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Guiné 61/74 - P23368: Parabéns a você (2077): Cherno Baldé, amigo Grã-Tabanqueiro, economista e gestor de projectos, natural de Fajonquito, vive em Bissau

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23365: Parabéns a você (2076): Tibério Borges, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2726 (Cacine, Cameconde, Gadamael e Bedanda, 1970/72)