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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19482: Ser solidário (222): O nosso camarada Luís Mourato Oliveira parte dia 2 de março para Bissau, para fazer voluntariado durante 3 meses, através da organização sem fins lucrativos "ParaOnde"... E qualquer ajuda humanitária adicional pode ser encaminhada para (e seguir por conta de) a loja "Paris em Lisboa", no Chiado


Excerto do sítio da organização sem fins lucrativos ParaOnde, fundada em novembro de 2014.


"Uma experiência de voluntariado poderá realmente transformar a tua vida e, por consequência, muitas outras.

"Encaramos a nossa missão como uma cadeia de boas ações e queremos que te juntes a ela. Trabalhamos para promover a consciencialização, a transformação social e a entreajuda, de forma a ativar e consolidar a empatia e a valorização da diversidade. Que tal fazeres voluntariado em conjunto com pessoas de todo o Mundo para reconstruir casas no Nepal? Ou aproveitares os teus conhecimentos para dares apoio escolar a crianças e jovens de contextos sociais vulneráveis em Lisboa?

"O mundo, fora de Portugal ou ao lado de casa, não é só aquilo que conheces e há muito para explorar, tanto para conhecer e muito para dar. Entra neste movimento, ficamos felizes de te ter a bordo."



1. Mensagem do Luis Mourato Oliveiranosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, o último  comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74): 

Data: sexta, 25/01, 16:32



Assunto: Voluntariado na Guiné Bissau


Caro Luís,

Na sequência da nossa conversação de hoje, venho tentar dar mais alguma informação sobre a missão de voluntariado em que participarei a partir de 2 de Março próximo e durante três meses. (*)

A organização que me vai enviar designa-se ParaOnde e podes conhecê-la melhor no FaceBook. É gente muito jovem,  cheia de iniciativa,  e já conheço dois elementos que estarão durante parte do período da minha missão, podiam ser minhas netas, mas acho giro.

A missão é numa escola num bairro com grandes problemas e muita pobreza em Bissau e, sendo as minhas competências na área do ensino limitadas, vou ser aproveitado na motricidade e desporto dado ter sido jogador e treinador de andebol com formação obtida na Federação Portuguesa de Andebol.

Aproveito para levar para a organização, para que seja disponibilizada aos beneficiários desta algumas coisas. Um amigo meu com uma loja muito prestigiada em Lisboa, "Paris em Lisboa", não faz saldos e vai oferecer produtos da loja que se encarregará de expedir para a Guiné.

A estes vou juntar algum material desportivo que espero obter da Associação de Andebol de Lisboa com quem já falei na pessoa de presidente e, caso a nossa gente queira de algum modo contribuir, como calculas, estou de braços abertos.

Na formação que tive na organização ParaOnde, foi-me transmitida alguma desconfiança nas remessas, pois para além de ser um problema no desalfandegar, há riscos de exigirem "refresco" ou mesmo de cobrarem taxas. O que te pedia era informação que alguns nossos camaradas devem ter nestes processos, pois sei que regularmente fazem ofertas para lá, nomeadamente a "Tabanca de Matosinhos".

O coordenador em Bissau da missão é Humbongo Braima Sambu, que talvez seja conhecido por alguns de nós e está no FB podendo também no futuro ser contactado pela nossa malta. (**)
Fico a aguardar as tuas notícias e disponível para qualquer dúvida que seja levantada

Um abraço e bom fim de semana


Luís Oliveira




Lisboa > Chiado > Loja "Paris em Lisboa" (Foto da página do Facebook) (com a devida vénia...)


2. Nova mensagem do Luís Mourato Oliveira:

Data: quarta, 6/02/2019 à(s) 13:27

Assunto: Voluntariado em Bissau

 Olá,  Luis


Só agora te dou notícias porque também até hoje estive a aguardar informação do coordenador da escola em Bissau, mas nada de estranhar dado o país e cultura que bem conheces.

Como te disse há dias, vou partir dia 2 de Março e regresso no final de Maio, a organização que me vai enviar é ParaOnde.org e poderás conhecê-la melhor no FaceBook e a escola onde que irei trabalhar na área da motricidade e desporto é a Escola Particular Humberto Braima Sambu em Bissau- Bairro Pack 1. (**)

Qualquer informação ou remessa para esta instituição deve ser dirigida para:

Escola Particular Humberto Braima Sambú
A/C Mamadu Djassi C.P. 200
Bissau
Guiné Bissau




Guiné-Bissau > Bissau > Escola Privada Humberto Braima Sambu > 21 de novembro de 2018 > Alunos e alunos com o novo uniforme... A Escola foi fundada em maio de 1992  (Foto da págima do Facebook, com a devida vénia...)

Tenho estado a tentar arranjar alguma coisa que seja útil para aquela pobre gente e um amigo meu proprietário da loja "Paris em Lisboa", no Chiado e que nunca faz saldos, já me prometeu enviar texteis (Turcos, atoalhados, lençois etc.) e encarrega-se de todo o expediente inclusivamente do transitário e transporte. 

Caso alguns camaradas (a Tabanca de Matosinhos costuma ter algumas iniciativas, tal como a ONGD "Ajuda Amiga") queiram aproveitar a boa vontade do meu amigo Zé Carlos e tenham algo com que colaborar, poderiam juntar o material a expedir na loja e seguia tudo por conta da "Paris em Lisboa" que por sinal tem meios para o fazer.

Por hoje já vai alguma informação e fico a aguardar tuas noticias e alguma questão que queiras colocar.

Um abraço

Luís
_____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19389: Ser solidário (221): A "ONGD - Afectos com Letras" precisa de material para tratamento de queimaduras para dar resposta a uma solicitação do Hospital Simão Mendes de Bissau

(**) Vd.poste de  3 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13568: Ser solidário (163): Escola Humberto Braima Sambu, precisa de ajuda

sábado, 5 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15822: Ser solidário (196): Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga", com a consignação de 0,5% do IRS... Notícias: A "Ajuda Amiga" (i) tem novo sítio na Net; (ii) tem novos corpos sociais para o biénio de 2016-17; e (iii) os seus dois cententores deste ano já chegaram a Bissau (Carlos Silva)


1. Mensagem de Carlos Silva, nosso grã-tabanqueiro, um dos "históricos" da ONGD "Ajuda Amiga":

Data: 24 de fevereiro de 2016 às 18:04
Assunto: Newsletter e novo sítio da AJUDA AMIGA

Amigos
Aqui vão novidades da nossa associação Ajuda Amiga
Um abraço
Carlos Silva


2. NOTÍCIAS DA "AJUDA AMIGA"


NOVO "SITE" DA AJUDA AMIGA

A AJUDA AMIGA tem um novo site: http://www.ajudaamiga.com

A Sapo vai deixar de permitir o acesso aos sites que esta possuía a partir do dia 29-02-2016, assim vai deixar de existir o endereço http://ajudaamiga.com.sapo.pt, pelo que foi registado este novo domínio e alugado um espaço para alojamento do "site", tendo o antigo "site" migrado para este novo alojamento

IBAN DA AJUDA AMIGA

Dado que o NIB agora não é suficiente para as operações bancárias informamos que a conta da Ajuda Amiga no Montepio tem o IBAN: PT50 0036 0133 99100025138 26.

CONSIGNAÇÃO 0,5% DO IRS (Vd. destaque, acima)


ASSEMBLEIA GERAL DA AJUDA DA AJUDA AMIGA E ELEIÇÕES

Decorreu no passado dia 30/1/2016 a Assembleia Geral da Ajuda Amiga onde foi:

(i)  aprovado o Relatório e Contas de 2015;

((ii) aprovada a alteração da morada da sede da Associação,

(iii) e,  por proposta da Direção, aprovado como sócio de mérito o sócio n.º 2 Adrião Lourenço Mateus e como sócios honorários José de Almeida Gomes e a Fundação de Sousas;

(iv)  por proposta de um grupo de associados, foram igualmente aprovados como sócios de mérito o sócio n.º 1 Joaquim Carlos Martins Fortunato, e o sócio n.º 3 Carlos José Pereira da Silva.

Foram realizadas as eleições para os órgãos sociais da Ajuda Amiga para o biénio 2016-2017, tendo tomado posse a única lista apresentada, e cujos membros são indicados no "site" da Ajuda Amiga na lista dos "Órgãos Sociais", na página "Quem Somos". [Alguns dos quais são membros da Tabanca Grande: por ex., Carlos Fortunato, Carlos Silva, Manuel Joaquim, Zé Carioca].


CONTENTORES DA AJUDA AMIGA EM BISSAU

Os dois contentores enviados pela Ajuda Amiga chegaram a Bissau no dia 18-02-2016, estando o nosso parceiro, a FED - Fundação Educação e Desenvolvimento,  a tratar do seu desalfandegamento, que deverá estar concluído no dia 15 de Abril, estando planeado a deslocação de um grupo de membros da Ajuda Amiga para iniciar a distribuição dos bens nessa data.

Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua do Alecrim, 8, 1º Dto.
2770 - 007 Paço de Arcos

NIPC 508617910
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Pessoa Coletiva de Utilidade Pública

Site http://www.ajudaamiga.com
E-mail ajudaamiga2008@yahoo.com
Telemóvel +351 937149143

Vd. também conta no Facebook
___________________

domingo, 20 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15512: Ser solidário (191): Agora quem ajuda a "Ajuda Amiga"? (...) "Vamos ficar sem armazéns na Amadora, procuramos um novo espaço, não paramos... Seguem em janeiro de 2016, para a Guiné-Bissau, dois contentores com mais de 1400 volumes, são cerca de 22 toneladas... Com este envio ultrapassamos as 200 toneladas de bens enviados, e entre eles mais de 200 mil livros"... (Carlos Fortunato / Carlos Silva)



"Nesta época festiva a Ajuda Amiga entregou mais uma vez um cabaz de Natal aos voluntários carenciados da Ajuda Amiga, pessoas desempregadas, que apesar de viverem com muitas dificuldades, possuem um grande espírito de solidariedade, e durante todo o ano trabalharam para ajudar os outros, doando o seu tempo. Sem eles a nossa missão seria impossível. Aos bens alimentares doados para este fim à Ajuda Amiga, acresceram bens adquiridos pela Ajuda Amiga com a participação dos voluntários na sua escolha, permitindo assim suprirem melhor as suas carências e terem um Natal um pouco melhor." (Fonte: Ajuda Amiga > Notícias > 2015)



1. Mensagem do Carlos Silva. dirigente da ONGD Ajuda Amiga [e nosso grã-tabanqueiro, de longa data: jurista, foi fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71; tem mais de 90 referências no nosso blogue]:

Data: 19 de dezembro de 2015 às 08:28

Assunto: Gostaria de doar televisão, telemóveis, vestuário, medicação e brinquedos...

Olá, Luís

Espero que o Fortunato diga alguma coisa, no entanto, parece-me não ser possível (*), dado que a senhora vive em Lagos e como tal temos dificuldade em transportar o material para a Amadora.

O Comando da PE ou Lanceiros 2, informou-nos que temos sair de lá.
Conheces alguém que possa ceder um espaço para nós ??

Um abraço com votos de Festas Felizes
Carlos Silva

2. Mensagem do Carlos Fortunato, presidente da Ajuda Amiga - Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento [, nosso grã-tabanqueiro, da primeira hora, tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue;  foi fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71; é informático reformado]:

Bom dia

Neste momento já não é possível aceitarmos doações, temos que carregar os contentores no início de janeiro, e estamos a embalar as ultimas coisas que temos em armazém para seguirem nele.

Como refere o Carlos Silva, vamos ficar sem armazéns pois aqueles que estamos a usar vão ser destruídos, mas não vamos parar, depois desta distribuição em 2016, embora a nossa estratégia continue focada no ensino, a partir de 2017 vai passar por construir, escolas, bibliotecas e poços.

Vamos continuar a mandar volumes com bens para a Guiné-Bissau com coisas que sejam importantes, como os livros para as escolas e bibliotecas, etc., obviamente as quantidades serão mais pequenas, não vamos enviar contentores, mas algumas dezenas de caixas em sistema de grupagem, enquanto nestes dois contentores de Janeiro seguem mais de 1400 volumes, são cerca de 22 toneladas, com este envio ultrapassamos as 200 toneladas de bens enviados, e entre eles mais de 200.000 livros.
Como refere o Carlos Silva precisávamos de um espaço, pois vamos continuar a enviar bens.

Penso que enviando menos quantidade será mais fácil consegui-lo, por outro lado existem também outras dificuldades, como os custos de transporte que têm vindo a aumentar, a nossa equipa de voluntários desempregados que tem vindo a desaparecer, pois vão procurar emprego noutros lugares, Portugal não tem emprego para eles, e os velhotes como nós têm dificuldade em realizar certos trabalhos, porque somos nós que recolhemos os bens, embalamos e carregamos os contentores.

Um abraço, boas festas e obrigado pelo intenção, não foi possível concretizar, mas fica o espírito de solidariedade manifestado.

3. Comentário do editor:

A Ajuda Amiga precisa da nossa ajuda. Uma forma solidária de o fazer é a consignação de 0,5% do do nosso IRS. Ver aqui como fazer.

Outra forma é descobrir um armazém onde se possa guardar os bens que vão sendo doados...

Desejamos um feliz Natal para todos os dirigentes, voluntários e parceiros da ONGD Ajuda Amiga e as melhores perspetivas para a continuação da sua ação solidária em 2015. (LG)


"As acções humanitárias e de apoio ao desenvolvimento que realizámos em 2012, apenas foram possíveis graças ao apoio de entidades publicas e privadas, de particulares, dos nossos parceiros, e do empenho dos nossos voluntários, a todos o nosso renovado agradecimento.", lê-se na página da Ajuda Amiga.
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15507: Ser solidário (190): Gostaria de doar televisão, telemóveis, vestuário, medicação e brinquedos aos meus conterrâneos da Guiné-Bissau, meu berço que não conheço (Indira Monteiro Corte-Real, tetraneta de Honório Pereira Barreto, que vive em Lagos)

Indira Monteiro Corte-Real, foto do
Linkedin
1. Mensagem da nossa leitora Indira Monteiro Corte-Real:


De: Indira Corte-Real

Data: 18 de dezembro de 2015 às 11:35

Assunto: Gostaria de doar televisão, telemóveis, vestuário, medicação e brinquedos...


Bom dia, gostaria de ajudar, como faço para entregar o que tenho?

Vivo em Lagos [, Algarve], adoraria imenso poder contribuir, afinal é a minha terra, sou tetraneta de Honório Pereira Barreto, infelizmente não conheço o meu berço mas adoraria poder ajudar no que posso os meus conterrâneos.

Desejo de um bom dia.

Indira Monteiro Côrte-Real
Enviado do meu Windows Phone

2. Mensagem enviado à Indira e à ONGD Ajuda Amiga, a/c Carlos Fortunato, Carlos Silva e Manuel


Amigos e camaradas:

Contactem este "tetraneta" do Honório Barreto que tem material para doar para a gente da terra dos seus antepassados... 

Sei, pelo Manuel Joaquim, que a Ajuda Amiga está a preparar dois contentores para mandar, muito proximamente, para a nossa querida Guiné-Bissau...

Para a Indira: clique aqui, para saber mais sobre esta ONGD portuguesa que tem feito um trabalho exemplar em termos de solidariedade com os  nossos amigos e irmãos da Guiné-Bissau:

http://ajudaamiga.com.sapo.pt/

Boas festas. Luis Graça

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Nota do editor:

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14052: Ser solidário (176): (i) A ONG Ajuda Amiga vai enviar, em janeiro ou fevereiro de 2015, um contentor de 20 pés, de ajuda humanitária para a Guiné-Bissau; e (ii) notícias da campanha contra o ébola (Carlos Fortunato, presidente da Ajuda Amiga)


Guiné-Bissau > Bissau > 18/11/ 2006 > "Em 2006 resolvi fazer uma viagem ao passado e reencontrar os bons amigos que deixei na Guiné, o calor humano que só ali existe, aquele cheiro a África que se sente no mato, e de algum modo reencontrar a minha juventude, mas sabendo que existem ali muitas dificuldades, quis também que fosse uma viagem de ajuda e solidariedade, para com aquela boa gente. (...) Se tivesse que resumir a viagem a uma foto e a uma frase, esta []acima] seria a foto (é uma pessoa desconhecida), e a frase seria "Uma viagem fantástica" (Fonte:  Guiné: Os Leões Negros > Uma viagem fantástica, 226/12/2006, crónica de Carlos Fortunato; Foto editada por L.G., reproduzida aqui com a devida vénia]






(...) "Um grupo de trabalho da Ajuda Amiga constituído pelos nossos médicos, por "especialistas" em crioulo, desenho gráfico, fotografia e a nossa modelo Jessica, produziram um folheto, em português e em crioulo da Guiné-Bissau, no âmbito da campanha de luta contra o ébola, a que a Ajuda Amiga aderiu, através do seu Projecto Stop Ébola.

A campanha de angariação de apoios decorre como o previsto, e cerca de 300 kg de sabão, desinfectantes, e produtos de higiene foram já angariados e estão prontos para seguir para a Guiné-Bissau, no nosso contentor que parte no fim do mês de Janeiro de 2015.

A campanha de recolha de apoios e de sabão está em curso, participe.

Os donativos em dinheiro devem ser enviados para a conta da Ajuda Amiga no Montepio Geral com o: NIB 0036 0133 99100025138 26

O IBAN é o PT50 0036 0133 99100025138 26

ou podem ser enviadas através de cheque passado em nome de Ajuda Amiga, para a sua sede:

Ajuda Amiga
R. do Alecrim, nº 8, 1º Dt.º
2770 – 007 Paço de Arcos" (...)




Lisboa > 15/12/2008 > Reunião com a Porline e a Portmar > Da a esquerda para a direita, dr. José Manuel Vidicas, rerente da Portmar, dr. Carlos Fortunato, presidente da Ajuda Amiga, e Engº. Manuel Pinto de Magalhães, general manager da Portline. O Carlos Fortunato é um homem solidário e que sabe bater às portas certas (Neste caso, a Portline - Transportes Maritimos Internacionais, SA,  e as empresas que lhe estão associadas, Portmar - Agência de Navegação, Lda., e Portline Logistics, Lda.,. importantes pareciros da Ajuda Amiga, garantindo o transporte dos contentores com a ajuda humanitária para a Guiné-Bissau) (Foto: Cortesia do portal da Ajuda Amiga).



1. Mensagem do Carlos Fortunato, nosso grã-tabanqueiro, e presidente da direção da ONG Ajuda Amiga

Data: 13 de dezembro de 2014 às 08:37

Luís

Na ONG Ajuda Amiga está tudo a andar para em Janeiro ou inicio de Fevereiro de 2015 enviarmos mais um contentor com ajuda para a Guiné-Bissau, o ano passado enviamos dois contentores um de 40 pés e outro de 20 pés, este será mais pequeno apenas de 20 pés.

Existe um grupo de 3 membros da Ajuda Amiga que está a planear lá ir, são os camaradas Carlos Silva, Carlos Rodrigues e o Luís Campos, os quais vão acompanhar a distribuição, de qualquer modo temos sempre os nossos voluntários locais, a AD e a Embaixada/Cooperação Portuguesa que também nos apoiam.

Eu não irei em 2015 à Guiné, as nossas despesas são todas suportadas por nós, e lá ir todos os anos fica muito dispendioso.

Realizar um projeto na Guiné é sempre uma aventura, todos os anos aparece sempre qualquer coisa que lança dificuldades inesperadas.

Neste momento as questões a que temos que dar mais atenção é ao processo de desalfandegamento do contentor, e ao ébola.

O ébola apareceu pela primeira vez na Região de Boké, na Guiné-Conacri em Outubro passado, esta região fica junto à fronteira com a Guiné-Bissau, mas aqui o surto foi controlado, mas para sul nomeadamente junto à fronteira sul a situação continua descontrolada.

O vírus assumiu tal dimensão na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, que já não é controlável, assim o número de casos e de mortos vai continuar a aumentar.

De qualquer modo parece-me que nestes pequenos focos que aparecem isolados, a resposta está a ser eficaz, e que os conseguem controlar, o problema,  como já referi anteriormente, foi não terem feito no inicio uma intervenção eficaz e terem deixado a epidemia assumir esta dimensão.

Na minha opinião pessoal agora só com a vacina será possível conseguir controlar esta situação, claro que neste momento significa vacinar 20 milhões de pessoas...

Além do habitual apoio ao ensino e à língua portuguesa, aos idosos,  nomeadamente antigos combatentes, às famílias carenciadas e às crianças, vamos fazer uma pequena campanha de prevenção contra o ébola.

Se houver resposta positiva aos pedidos de apoio financeiro, poderemos dar maior dimensão à campanha de prevenção do ébola, produzindo mais folhetos, distribuindo mais sabão e fazendo mais ações de sensibilização.

A Guiné-Bissau voltou a abrir as suas fronteiras com a Guiné-Conacri no passado dia 9-12-2014, em resposta ao apelo de não exclusão das populações dos países onde grassa a epidemia do vírus, mas Senegal continua com as fronteiras fechadas com a Guiné-Conacri.

A Organização Mundial de Saúde publica periodicamente relatórios no seu site (que pode ser consultado aqui):

Envio-te em anexo o mapa com a situação retirada do relatório de 10-12-2014.

Envio-te também o folheto e o press release que a Ajuda Amiga elaborou sobre o ébola.



Situação da epidemia do ébola na África Ocidental, em 10/12/2014 (Fonte: WHO, 2014)


No nosso site em http://ajudaamiga.com.sapo, na página "Noticias" vamos dando conta das nossas ações, a última noticia foi sobre a visita da Primeira Dama da Guiné-Bissau ao armazém da Ajuda Amiga na Amadora. (*)

Obrigado pela vossa disponibilidade e colaboração, e espirito de solidariedade que desde sempre têm demonstrado.

Aquele abraço

Carlos Fortunato



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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 14 de dezembro de 2014 > Guiné 67/74 - P14023: Ser solidário (175): (i) a Primeira Dama da Guiné-Bissau em visita privada às instalações, na Amadora, da ONG Ajuda Amiga; (ii) Rubiato Nhamajo, Miss Guiné-Bissau Portugal 2014, e Yasmin Djo, Miss Turismo Guiné-Bissau Portugal 2014, colaboram como voluntárias com a Ajuda Amiga

domingo, 14 de dezembro de 2014

Guiné 67/74 - P14023: Ser solidário (175): (i) a Primeira Dama da Guiné-Bissau em visita privada às instalações, na Amadora, da ONG Ajuda Amiga; (ii) Rubiato Nhamajo, Miss Guiné-Bissau Portugal 2014, e Yasmin Djo, Miss Turismo Guiné-Bissau Portugal 2014, colaboram como voluntárias com a Ajuda Amiga




Instalações da ONG Ajuda Amiga, na Unidade de Apoio do Exército na Amadora > 17 de novcembro de 2014 > Carlos Fortunato, Presidente da Ajuda Amiga  e a sra. dona Rosa Vaz, Primeira Dama da Guiné-Bissau, esposa do Presidente da República, José Mário Vaz.




Instalações da ONG Ajuda Amiga, na Unidade de Apoio do Exército na Amadora > 17 de novcembro de 2014 > Da esquerda para a direita; Carlos Fortunato, Presidente da Ajuda Amiga, Coronel Arnaldo Costeira,  Comandante da Unidade, e a sra. dona Rosa Vaz, Primeira Dama da Guiné-Bissau.




Rubi, a vencedora da Miss Guiné-Bissau Portugal 2014


Instalações da ONG Ajuda Amiga, na Unidade de Apoio do Exército na Amadora > 3 de novcembro de 2014 > Rubi e o Carlos Fortunato



Dois lindas bajudas lusoguineenses que estão a colaborar com a Ajuda Amiga; da esquerda para a direita,  (i) Rubiato Nhamajo, Miss Guiné-Bissau Portugal 2014; e (ii) Yasmin Djo,  Miss Turismo Guiné-Bissau Portugal 2014



1. A Primeira Dama da Guiné-Bissau, sra dona Rosa Vaz, esposa do esposa do Presidente da República, José Mário Vaz,  fez no passado dia 17 de novembro  uma visita  às instalações da ONG Ajuda Amiga, na Unidade de Apoio do Exército na Amadora.

Apesar de se tratar de uma visita particular, a primeira dama não deixou de ter as devidas honras militares e a protocolar atenção do Comando da Unidade, na pessoa do cor  Arnaldo Costeira

As jovens Rubiato Nhamajo (Miss Guiné-Bissau Portugal 2014)  e Yasmin Djo (Miss Turismo Guiné-Bissau Portugal 2014»  estiveram na manhã desse dia,  nas instalações da Aujda Amiga,  a escolher brinquedos para as crianças da Guiné-Bissau, no âmbito do projecto de distribuição de brinquedos às crianças hospitalizadas, a que a Ajuda Amiga se associou, e  à tarde fizeram a entrega simbólica dos mesmos à Primeira Dama, a qual está a preparar o  envio de um contentor com ajuda.

Na conversa com  Primeira Dama, o nosso camarada Carlos Fortunato, presidente da direção da Ajdua Amiga  procurou encontrar áreas de colaboração entre as suas iniciativas e as da Ajuda Amiga,  de modo a que  a acção conjunta da Primeira Dama e da ONG Ajuda Amiga possam gerar sinergias.  Uma das áreas de colaboração definidas foi a luta contra o ébola.


2. No passado dia 3 de novembrio, a ONBG Ajuda Amiga teve a visita,  ao seu armazém na Amadora, da jovem Rubiato Nhamajo, vencedora do Concurso Miss Guiné-Bissau Portugal: (i) Rubi tem 19 anos; (ii) é estudante do Curso de Recepção, Hotelaria e Turismo;: (iii)  tem feito alguns trabalhos como modelo;  e (iv)  quer vir a  ser assistente de bordo.

"Foi uma jovem que nos impressionou pelo seu grande espírito de solidariedade, revelando assim que também tem uma grande beleza interior" - disse o presidente da direção da Ajuda Amiga, o nosso camarada Carlos Fortunato -  "Mostramos-lhe as caixas já prontas a seguir no contentor, os livros para as crianças das escolas, os livros infantis e os brinquedos para os infantários, os livros para as bibliotecas, as roupas e calçado para doar às crianças dos Centros de Recuperação de Crianças Subnutridas e aos idosos carenciados, as máquinas de costura para apoiarem os cursos de formação de costureiras, o sabão e a lixívia para ajudar no combate ao ébola, etc., e ela disse-nos 'Já estou entusiasmada! Também vou participar!0, tornando-se assim a nossa mais recente voluntária."

Rubi falou  ao presidente da direção da Ajuda Amiga do seu  projecto cujo objectivo é oferecer brinquedos às crianças doentes que estão no Hospital Simão Mendes em Bissau. Carlos Fortunato manifestou todo o seu gosto em  em ajudar, enviando no próximo contentor caixas com brinquedos para esse fim [Vd. ponto 1, referente a notícia de 17/11/2014].


3. Prossegue a campanha de luta contra o ébola na Guiné-Bissaum e a recolha de donativos em dinheiro,  pos quais devem ser enviados para a conta da Ajuda Amiga no Montepio Geral com o:

NIB 0036 0133 99100025138 26

O IBAN é o PT50 0036 0133 99100025138 26

Podem também ser enviadas através de cheque passado em nome de Ajuda Amiga, para a sua sede:

Ajuda Amiga
R. do Alecrim, nº 8, 1º Dt.º
2770 – 007 Paço de Arcos

Para mais informações,  ligar para a Ajuda Amiga; (i) telemóvel  937 149 143; (ii) email  jcfortunato@yahoo.com


Texto e fotos; Adapt livre do portal da ONG Ajuda Amiga >Notícias de 2014

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sábado, 13 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14021: A minha máquina fotográfica (10): Cerqueira, a Olympus Pen D3 que tens há 40 anos para entregar a um furriel da CCAÇ 13, a pedido do libanês Alfredo Kali, de Bissorã, deve ser do Alberto de Jesus Ribeiro, de Estremoz ( Carlos Fortunato, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71; presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga)


1. Mensagem que mandei ontem ao Carlos Fortunato, com conhecimebto ao Henrioque Cerqueira, a propósito de uma Olympus Pen D3,  de um furriel, Guerreiro, da CCAÇ 13:

 Carlos:

Saúde!... Dá uma vista de olhos a este mail e vê se podes ser útil ao nosso camarada Cerqueira, que também esteve na tua CCAÇ 13, em Bissorâ, na parte final da guerra...

Ele anda à procura do fur mil Guerreiro, algarvio, que veio antes dele... Tem uma encomenda para lhe entregar, há 40 anos... Pode ser que tu tenhas alguma pista, já que vais a Bissorã todos os anos e conheces muita malta da CCAÇ 13...

Entretanto, como estão as coisas este ano ? O contentor sempre vai seguir ? Dispõe do blogue para dar notícias da Ajuda Amiga...

Bons augúrios para 2015. Luis



2. Resposta de hoje de manhã do Mensagem de Carlos Fortunato  [ ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71, e presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga]  ao Henriqu Cerqueira, com conhecimento ao editor LG, em resposta aos mails que me mandei ontem;

 De: Carlos Fortunato 

Data: 13 de dezembro de 2014 às 06:26

Assunto: Máquina Olympus de Furriel da CCaç 13

 Cerqueira: O Luís Graça deu-me a conhecer o teu email sobre a Olympus
 do furriel Guerreiro, mas não existia nessa altura nenhum furriel
Henriqiue  Cerqueira
 Guerreiro, existiam 2 furriéis do Algarve,  o Eduardo Coelho Silva, mais conhecido por Eduardo, e o José Teodoro Cabrita Vieira, mais conhecido pelo "Russo".

Se a memória não me falha (e às vezes falha nalgumas coisas), o único que tinha essa máquina era o furriel Alberto de Jesus Ribeiro, mais conhecido por Ribeiro, era uma máquina excelente, creio que a comprou em Bissau, tirava melhores fotos que a minha que era mais sofisticada, e que até tinha um sistema reflex, comprei-a em 2º mão em Lisboa.

Infelizmente o Ribeiro perdeu as fotos que tirou.

No último almoço da Ccaç 13 a que fui,  até perguntei ao Ribeiro pela máquina fotográfica, mas já não me lembro bem da resposta, mas creio que foi que ela se avariou.

Não me lembro de ninguém com o nome Guerreiro na CCaç 13 (qualquer que fosse o posto), nem nas minhas listas da CCaç 13 tenho alguém com esse nome.

Por isso tens a minha hipótese de que essa máquina é do Ribeiro (o som do nome até é parecido), mas ele não é do Algarve, creio que é de Estremoz, no entanto o "Russo",  que também era furriel no mesmo pelotão (1º pelotão da Ccaç 13), era do Algarve e talvez na conversa que tiveste com o Alfredo [Kali] ela tinha ido parar ao Algarve.

O fato de ele a dar ao Alfredo faz sentido, pois o Alfredo ia frequentemente a Bissau, coisa que nós não podíamos fazer, e como ela tinha sido comprada em Bissau, o Ribeiro teria tentado acionar uma eventual garantia ou reparação.

O comerciante Alfredo [Kali] continua vivo, quando lá fui este ano em Março/Abril, disseram-me que estava em casa, ele não está lá sempre, tinha lá ido por causa do negócio do cajú, fui a casa dele à tarde [, em Bissorã,] mas disseram-me que estava a fazer a sesta, e depois não tive tempo de lá voltar outra vez, pelo que não falei com ele.

Não tenho email do Ribeiro,  nem dos restantes, mas fica aqui o telefone (919 364 941). Nos emails que trocámos anteriormente,  não sei se ficaste com o do Adriano Silva, que era do pelotão do Eduardo, por isso vou encaminhar este email também para ele, pois ele pode esclarecer se o Eduardo tinha alguma máquina Olympus, é ele quem organiza o próximo almoço da CCaç 13.

Lembro-me de me dizeres que estiveste pouco tempo na CCaç 13, mas aparece no próximo almoço da CCaç 13 e podes falar com o Ribeiro, e entregar-lhe a máquina, ele costuma aparecer.

O almoço da CCaç 13 é sempre no último sábado do mês de Maio.

Um abraço

Carlos Fortunato
__________________

Nota do editor:

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Guiné 673/74 - P13774: Os nossos camaradas guineenses (39): Calaboche Tchuda, apontador de bazuca do 4º pelotão da CCAÇ 13, e prémio Governador Geral...Preso e fuzilado de imediato, quando regressava da sua escola, em Nhacra, depois da independência... (Carlos Fortunato)


Guiné > Região do Oio > CCAÇ 13 (1969/71) > Viagem a Bissorã > 1970 > Da esquerda para a direita; Calaboche [Tchuda], Carlos Fortunato e Manuel Cuna na rua principal de Bissorã.

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2003). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

1. Mensagem do editor LG enviada ontem ao  Carlos Fortunato  (ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71, e presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga) [, foto à direita]:


Carlos:

Excelente texto que não conhecia, e que reproduzi com a devida vénia e referência ao autor e fonte (*)...

Uma dúvida: O teu (e nosso) malogrado camarada guineense chamava-se Calaboche Tchuda ou "Calabouche" Tchuda ? Tens ideia de quando e onde foi morto (, possivelmente fuzilado, ) pelo PAIGC ? Pelo nome e apelido, seria balanta...

Outra coisa: Podes e deves utilizar o nosso blogue para mensagens solidárias da Ajuda Amiga. "Rezemos" para que o ébola não chegue à GB, o que me parece quase impossível... Parabéns pelo teu excecional trabalho. Um abraço do Luis.


Calaboche Tchuda, apontador de bazuca, do 4º pelotão
da CCAÇ 13. Morto pelo PAIGC , Foto: Carlos Fortunato
2. Resposta pronta do Carlos Fortunato

Assunto: Op Jaguar Vermelho

 Amigo e camarada Luís:

O Calaboche Tchuda [, foto à esquerda,]  foi morto em Nhacra, quando se dirigia para a escola onde dava aulas como professor.

Segundo me contaram,  o PAIGC apanhou-o no caminho para a escola, amarrou-o a uma árvore e fuzilou-o.

Não estava envolvido em qualquer ação contra o Estado ou outra entidade, foi um puro ato de vingança, contra alguém cansado da guerra, e que queria que acabasse uma luta entre guineenses a matarem-se una aos outros, pois eram todos irmãos, como ele várias vezes me afirmou.

Tenho um texto sobre este assunto, no meu site que infelizmente tem sido abandonado, à espera de tempo, para ser melhorado:

 http://destaques.com.sapo.pt/GuineSoldados.html [Os massacres em Bissorã - por Carlos Fortunato] (**)

Obrigado pela disponibilidade do Blog e pelo vosso apoio [à Ajuda Amiga].

Infelizmente deixaram o ébola atingir estas proporções, e só agora começam a tomar algumas medidas.

1 alfa bravo romeo alfa charlie oscar

Carlos Fortunato (***)

_________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 20 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13766: (Ex)citações (240): Água da bolanha... quem a não bebeu ?!... Recordando aqui o pesadelo que foi a Op Jaguar Vermelho, no Morés, em 9 de junho de 1970... (Carlos Fortunato. ex-fur mil trms. CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, e presidente da direção da ONDG Ajuda Amiga)

(**) Alguns excertos, com a devida vénia:

(...) O crime pelos massacres é assim imputado a Luís Cabral, e a sua execução aos Serviços de Segurança,  dirigidos por Buscardini.

É do conhecimento geral que os fuzilamentos foram realizados por soldados, e nunca por elementos ligados à segurança.

A guerra era algo que os soldados africanos lamentavam constantemente, o seu desejo era que fosse feita a paz. Falavam que não podiam andar ali a matar os seus irmãos, e que todos se deviam sentar e conversar, para se chegar a um acordo.

A aspiração dos soldados africanos da CCaç 13 era apenas a de terem uma vida melhor, e o empenho de alguns deles para se desenvolverem era extraordinário. Apesar de apenas falarem balanta e algumas palavras de crioulo, dedicavam-se afincadamente ao auto-estudo, pegando em livros de leitura que decoravam, numa tentativa de aprender a ler.

Apresento a seguir uma imagem com o extracto de uma carta do soldado Calaboche, é apenas um exemplo de um homem simples, já cansado de guerra, que lutou leal e dignamente, na procura de um futuro melhor, acreditando que ele seria ao lado de Portugal.

Carta de 1971

"... Meu amigo Fortunato eu agora estou farto de guerra eu só quero tirar quarta classe depois foi em Bissau tirar carta de condução civil depois deu tropa cos pontapé..."

Calaboche nunca conseguiria ver os seus sonhos realizados, pois ele,  tal como muitos outros, foi abandonado à sua sorte, e fuzilado pelo PAIGC. Foi capturado e morto pelo PAIGC, quando se dirigia para a escola onde dava aulas como professor.

Houve quem fugisse para o Senegal, para salvar a vida, mas mesmo [aí] continuaram a ser perseguidos, e foram muitas as dificuldades por que passaram, alguns acabariam por morrer por lá.

Transcreve-se a seguir dois extractos de duas cartas relatando um pouco o que se passou em Bissorã, enviadas por outro ex-soldado africano que conseguiu escapar a esses massacres:


Carta de 1982


" ... Hora bem eu vou-te esplicar poucina en pouco . [explicar um pouco, ] de independencia da Guiné Bissau. O que se passou depois de independencia da Guiné, partido mata muitas pessoas na nossa grupo, mata Tenha Taga, Calabos Tchuda, Furrel Sora Nando, só na nossa grupo, também Caba Santiago, Sitafa Quebá, Bacai, José de mesa oficiais, cozinheiro Nhinde de Olossato. [Pontuei este parágrafo para ser compreensível, o nome do Tenha Taca, Calaboche Tchudá, Sitafá Camará, estão igualmente mal escrito, não consegui identificar se está correcto o nome do Furriel Sora Nando.]

Olha Fortunato eu não tem trabalho depois de independencia partido não deija nos trabalhar junto com eles partido disse que nosso tropa portuguesa luta contra eles. Se voce vem cá na Guiné com cooperante voce capaz de arranjar trabalho por favor amigo Fortunato. …"

Carta de 1988

" ... Os teus soldados chamados Jorge, Barra, Tancana  foi matados em furto em Senegal. ... "[ O 2º e 3º nomes estão mal escritos correctamente é: Birra e Tangana. Na primeira carta de 1982, é referido o nome de Cabá Santiago, conheci o Cabá Santiago, e posso contar um pouco da sua história, tendo por base aquilo que ele me contou, e o que eu conhecia a seu respeito.] (...)


(***)  Último poste da série > 1 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13676: Os nossos camaradas guineenses (38): Reportagem, com vídeo, da revista "Sabado", e tese de doutoramento sobre os comandos africanos, de Fátima da Cruz Rodrigues (Coimbra, UC, 2012) (Virgínio Briote)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13770: Ser solidário (169): SOS, Ébola!... Campanha da ONG Ajuda Amiga: envio de um contentor em finais de janeiro de 2015; e ações de informação e prevenção, em colaboração com o Ministério da Saúde e a ONG AD... Todos os apoios serão bem vindos (Carlos Fortunato, diretor da AJuda Amiga, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71)

1. Segunda parte de uma mensagem do Carlos Fortunato, respondendo a um poste do
Carlos Fortunato
Cherno Baldé (*)



A Guiné-Bissau continua com problemas graves por causa da água, os surtos de cólera que ocorrem todos os anos são um deles.

Iongonclim é uma pequena povoação onde a Ajuda Amiga quer intervir para minimizar esses problemas, tem um poço mas a sua água está a ser contaminada pela água do rio, o que originou 2 casos confirmados de febre tifóide, e o cabelo das crianças ter mudado de cor, devido a uma má nutrição extrema, a que não são estranhos os parasitas que existem na água.

Dados os nossos fracos recursos financeiros, apesar da gravidade desta situação, tivemos que dar prioridade a outra situação mais grave, o ébola.

Se o ébola atingir a Guiné-Bissau será uma catástrofe e uma porta aberta para a sua chegada a Portugal, e isto não tem implicações apenas ao nível da saúde publica, mas também ao nível económico, quer na Guiné-Bissau, quer em Portugal. Se tivermos em Portugal o ébola o que acontece ao turismo? Não é difícil perceber a resposta e as consequências.






A Ajuda Amiga vai enviar mais um contentor no inicio do próximo ano, no fim de Janeiro, nele iremos enviar bens para uma campanha de informação e de prevenção contra o ébola.

A campanha de informação sobre o ébola irá abranger todas as Regiões da Guiné-Bissau, com particular incidência nas cidades de Gabú e Bafatá.

A campanha de informação sobre o ébola e medidas preventivas, irá ser realizada por 3 vias:

·(i) Escolas - tendo como alvo os alunos, tendo como alvo os alunos, com distribuição de folhetos informativos sobre o ébola, distribuição de sabão e outros artigos de higiene e desinfetantes; 

(ii) Rádios - onde serão difundidas informações e feitos concursos aos ouvintes versando este tema, esta ação;

(iii) Folhetos - distribuídos e afixados em pontos chave.

A campanha será realizada pela Ajuda Amiga em articulação com o Ministério da Saúde da Guiné-Bissau e com o apoio do nosso parceiro guineense,  a ONG AD.

Esta campanha irá atingir mais de 500.000 pessoas da população da Guiné-Bissau.

Neste momento estamos a recolher apoios e donativos, toda a ajuda é bem vinda.
O nosso site em http://ajudaamiga.com.sapo.pt vai dando noticias.

Um abraço

Carlos Fortunato (**)
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Nota do editor .

(i) Os donativos em dinheiro devem ser enviados para a conta da Ajuda Amiga no Montepio Geral com o:

NIB 0036 0133 99100025138 26
O IBAN é o PT50 0036 0133 99100025138 26


(ii) "Todos os elementos da Ajuda Amiga envolvidos nestes projectos são voluntários, que suportam as suas despesas, e mesmo no caso da Guiné-Bissau quando se deslocam elementos da Ajuda Amiga para acompanhar a descarga e distribuição do contentor, estas são feitas a expensas próprias."

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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 14 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13733: (In)citações (69): Amigos das ONGD Ajuda Amiga e Tabanca Pequena, é importante abrir poços, mas se a água não for "Iagu Sabi", a população abandona-os (Cherno Baldé, Bissau)

(**) Último postea da série >  20 de outubro de 2014 > Guiné 634/74 - P13769: Ser solidário (168): SOS, Ébola!...Uma oportunidade única para restabelecer as melhores relações diplomáticas com a Guiné-Bissau, País Irmão (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518, e subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé, 1973/74)


Vd. também poste de 19 de outubro de  2014 >  Guiné 63/74 - P13759: Os nossos médicos (83): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Todos (ou quase todos) apanhámos o pé de atleta, a flor do Congo, onicomicoses, chatos, matacanhas... Mas o que me preocupa hoje, como amigo daquele povo, é a doença por vírus Ébola... Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga" a mandar um contentor suplementar no 1º trimestre de 2015, com sabão, sabonetes e lixívia!... NIB: 0036 0133 991 000 251 3826

Guiné 63/74 - P13766: (Ex)citações (240): Água da bolanha... quem a não bebeu ?!... Recordando aqui o pesadelo que foi a Op Jaguar Vermelho, no Morés, em 9 de junho de 1970... (Carlos Fortunato. ex-fur mil trms. CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, e presidente da direção da ONDG Ajuda Amiga)

Carlos Fortunato
1.  Mensagem enviada ao Cherno Baldé (*)  pelo Carlos Fortunato (ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71, e presidente da direcção da ONG Ajuda Amiga):


Data: 18 de Outubro de 2014 às 14:44

Assunto: Poste do Cherno Baldé sobre a água


Caro amigo Cherno


Sei o que é passar sede na Guiné, a pior situação que passei foi numa operação ao Morés,  em 9-6-1970, chamada de Jaguar Vermelho. Mandaram 2 pelotões da CCaç 13 para junto da mata numa patrulha que durava 10 dias, sem existir reabastecimentos, só alguém sentado a uma secretária é que poderia pensar que seria possível levar comida, água e munições para combater numa zona controlada pelo inimigo.(**)

Fomos carregados que nem burros, mas a nossa prioridade foram as munições, assim, dado não existirem nascentes de água na zona, a falta de água mandou 11 soldados para o hospital, caíam para o lado inanimados. Perante isto mandaram um heli com 2 barris de água e munições, mas a água estagnada das bolanhas foi a única fonte de abastecimento regular que encontramos, havia uns comprimidos de cloro que nos davam para colocar na água.

Era para colocar 1 por cantil, eu usei um lenço para filtrar e coloquei 2, e só bebi a água 2 horas depois para dar tempo a fazerem efeito, mas de nada serviu, um mês depois as dores de estomago não paravam, os parasitas faziam no meu estômago um festival gastronómico, que me deixou de rastos.

Ao fim de 7 dias já tínhamos poucas munições e do resto nada, e como não tinham hélis para nos reabastecer, deixaram-nos ir a Bissorã para reabastecer e depois voltamos para lá outra vez.

Carlos Fortunato (***)



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCAÇ 13 (1969/71) > O Calaboche Tchuda,  exímio e bravo apontador de bazuca, do 4º pelotão. Foi contemplado com o Prémio Governador da Guiné pela sua acção na Op Jaguar Vermelho, e morto pelo PAIGC após a independência. Foto de Carlos Fortunato, reproduzida com a devida vénia

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2003). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13733: (In)citações (69): Amigos das ONGD Ajuda Amiga e Tabanca Pequena, é importante abrir poços, mas se a água não for "Iagu Sabi", a população abandona-os (Cherno Baldé, Bissau)

(**) Sobre a Op Jaguar Vermelho, ler aqui mais, no sítio da CCAÇ 13 - Os Leões Negros > Bissorã > Morés:

(...) Morés - Operação Jaguar Vermelho - 9/6/1970
A mata do Morés era um dos nomes míticos da guerra na Guiné, tratava-se de uma mata muito densa, no meio a Guiné, na qual se encontrava situado o quartel general da zona norte do PAIGC.

A mata do Morés era um dos "santuários" da guerrilha, apenas superado pelas zonas junto à fronteira sul, pois ai com forte apoio do exterior, e com boas linhas de abastecimento vindas do território da Guiné-Conakry, o seu poder de fogo era inesgotável, transformando num inferno os aquartelamentos junto à fronteira. Na fronteira norte o problema na altura ainda não era tão grave, pois o apoio do Senegal, ainda não era um apoio declarado.

Nesta mata, segundo as informações existentes na altura, a guerrilha possuía uma força estimada em 900 homens bem equipados, onde se incluíam forças especializadas, cubanos, armas pesadas, anti-aéreas, abrigos subterrâneos contra bombardeamentos, hospital subterrâneo, etc.

Apesar de ser uma certeza de que possuía forças consideráveis na zona, era sempre difícil avaliar a dimensão das forças que iríamos enfrentar, pois a guerrilha facilmente as dispersava pelos vários acampamentos existentes, ou as concentrava se existisse um alvo que quisesse destruir.

No centro desta mata existia a tabanca do Morés, mas sem grande importância, e sem grande possibilidade de defesa, pois encontra-se em terreno aberto.

As bases do PAIGC estavam espalhadas pela mata, bem camufladas e era frequente a sua mudança, para evitar a sua localização.

O sucesso de uma operação nesta mata, dependia muito das informações conseguidas por dissidentes do PAIGC, nomeadamente quando se conhecia a localização de depósitos de material, não era este o caso da nossa "visita", pois creio que se queria apenas afirmar ao PAIGC, que não existia nenhum local onde não pudéssemos ir.

Pelo que nos foi dado observar na nossa rápida "visita", a mata possuía caminhos muito estreitos e alguns deles minados, ladeados por um mato tão cerrado que era impossível passar, ou lançar uma granada, nos lados desses caminhos trincheiras, para ninhos de metralhadoras, nas copas de algumas árvores algumas uma placa de madeira e uma caixa, indicavam locais de vigia e talvez a existência de um sistema de comunicações, os abrigos anti-aéreos eram muito rudimentares, e consistiam num enorme buraco cavado no chão, sem qualquer estrutura que o suportasse. (,,,)

Combater no meio da mata do Morés, colocava grandes dificuldades, o primeiro era que ficávamos privado de apoio aéreo (a vegetação é de tal modo cerrada que não se consegue sinalizar a nossa posição, para a aviação nos dar apoio, são escassas as clareiras e normalmente estão sobre a mira de morteiros), as progressões são difíceis (tem que se caminhar agachado ou a rastejar, para conseguir passar entre as árvores), a alternativa de seguir pelos trilhos existentes tinha os problemas referidos anteriormente, pois existia um sistema defensivo implementado, que mesmo sendo rudimentar, dava-lhes vantagem uma grande vantagem num confronto com as nossas tropas.

Apesar de a actividade da guerrilha se caracterizar por acções de flagelação e fuga, a verdade é que nalguns casos excepcionais esta começava a defender terreno, como o caso do Morés.

Uma ocupação deste tipo de terreno, implicava muitas baixas, e a guerrilha acabaria sempre por fugir e regressar mais tarde.

O PAIGC considerava-se invencível nesta mata. (...)

A Operação Jaguar Vermelho

A operação "Jaguar Vermelho" (decorreu durante 17 dias de 25/5 a 10/6/1970), iniciou-se com bombardeamentos de artilharia e aviação (napalm), e patrulhas à volta da mata, nomeadamente pela CCaç 13, CCaç 14, Comandos e Pára-quedistas (durante 15 dias), o seu objectivo era fazer sair da mata mais cerrada os guerrilheiros, e combate-los em terreno mais propicio.

Encontramos mais à frente, um acampamento abandonado à pressa, no qual existia um abrigo antiaéreo rudimentar cavado no solo junto a um poilão de grande dimensão.

No meio deste acampamento estava uma construção sem paredes, apenas coberta com folhas de palmeira, suportada por alguns troncos, a qual devia servir de escola e de local de reunião, à sua volta outras construções de lama, cobertas com capim serviam de habitação. As fotos tiradas pelos "páras" nesta operação, a um acampamento da guerrilha por eles encontrado no Morés, dão uma ideia clara desses acampamentos.
O acampamento era invisível para a aviação, graças à cobertura dada pelas árvores, o chão estava varrido.

Após recolhermos algum material, (uma arma, munições, tambores de metralhadoras DP-27), abandonámos o local e o trilho, seguindo pela densa mata, o que nos obrigou a rastejar ou andar de cocaras, durante quase todo o tempo.

O PAIGC dispersou-se pela mata, procurando formar uma linha para bater o terreno, esta disparava rajadas curtas, tentando provocar uma resposta e localizar-nos. Era obvio que pretendia cercar-nos na densa mata.

Para não sermos cercados, tínhamos que sair da mata sem disparar um tiro, pois pelo som conseguia-se facilmente distinguir de que tipo de arma é que este foi disparado, e isso iria denunciar a nossa posição, o que nos seria fatal dada a desproporção das forças em presença, assim foi dada ordem que apenas poderíamos utilizar facas para lutar.

O facto de fechar o fim da nossa coluna, colocou-me a mim e aos soldados que ai vinham, uma situação muito delicada, pois por diversas vezes ouvíamos o som inconfundível das "costureirinhas" por perto, e as balas a assobiarem junto às nossas cabeças. (...)

Dei ao último homem da coluna a missão de ir disfarçando o nosso rasto, o que ele fez habilmente com um ramo.

Pouco depois um dos soldados que ia à minha frente disse-me a sorrir, que um dos grupos de "turras" que vinha muito perto de nós, nos tinham passado à frente sem nos ver, e que agora íamos nós atrás deles, era a melhor maneira de não sermos detectados.

Felizmente conseguimos sair do interior da densa mata sem sermos detectados, tendo os combates sido travados já numa zona menos densa da mata. Um dos grupos que nos seguia de perto, caiu logo na nossa primeira emboscada (descrita a seguir), eram apenas 6 elementos, mas esta acção denunciou a nossa localização, e deu tempo a outro grupo de nos emboscar logo a seguir.

Apercebi-me que o soldado do meu pelotão a quem estava confiado o morteiro se tinha deixado ficar para trás, pelo que fui ao fim da coluna saber qual era o problema, explicou-me que tinha estado a abotoar a bota, dei-lhe ordem para retomar a posição, mas nesse momento paramos.

Estávamos a atravessar uma clareira, era um terreno de cultivo, provavelmente milho, o resto da coluna tinha entrado no capim, e estava dissimulada no mesmo, apenas eu que vinha em último, tinha ficado ali totalmente a descoberto, na clareira.

Quando me preparava para me reposicionar, o homem do morteiro fez-me um sinal, para olhar para o lado oposto.

Um grupo de 6 elementos, surgia do capim e caminhava directamente ao encontro dos soldados emboscados do outro lado da clareira (2 pelotões), à sua direita estava eu, iam cair numa emboscada com fogo de frente, e do flanco direito.

Nunca tinha tido um alvo tão nítido, e apenas a 30 m de distância, praticamente sem me mover limitei-me a apontar ajoelhado. O ultimo da coluna tinha apenas um saco, os restantes estavam armados, seleccionei como alvo o penúltimo, que tinha uma AK 47, calculando que os da frente, seriam mais facilmente eliminados, apenas havia que deixar que estes entrassem na zona da morte.

Um tiro disparado da frente da coluna, alertou os guerrilheiros, que pararam e olharam com mais atenção para a frente, acabando por perceber que estavam a cair numa emboscada, disparei um tiro, mas saiu uma rajada, e o guerrilheiro foi projectado com o impacto para o lado oposto, mas o disparo não foi mortal, pois conseguiu recuperar o equilíbrio, e recuar abrigando-se num grupo de palmeiras, bem como os restantes elementos. (...)

Percebi que a G3 se tinha avariado e apenas disparava em rajada, o que me dificultava a precisão dos tiros. Abrigado atrás da palmeira, o guerrilheiro ferido, resolveu pagar na mesma moeda o meu tiro, e fez pontaria cuidadosamente na minha direcção, mas antes de ele o conseguir concluir, voltei a disparar na sua direcção, obrigando-o a abrigar-se melhor.

Os dois pelotões que estavam emboscados no capim disparavam furiosamente, mas mesmo assim fiquei surpreendido de nenhum dos guerrilheiros ter ficado logo morto, dado não estarem a mais de 20m de distância de nós.

Uma restolhada de algo a atravessar as folhas dos troncos de uma árvore que estavam por cima da minha cabeça, alertou-se que uma possível granada de morteiro, que me iria cair em cima, larguei a arma e cobri a cabeça com os braços, com a certeza de que ia ser atingido.

A granada caiu mesmo ao meu lado a cerca de 0,5m, teria sido mortal se aquele terreno, não fosse um terreno de cultivo recente, pois apanhando terreno muito macio a granada não rebentou logo e enterrou-se no solo, o qual absorveu a sua explosão e os estilhaços.

Este fogo de morteiro obrigou-me a dar uma folga aos guerrilheiros, e o rebentamento chamou mais a atenção para a minha posição, assim vi-me sobre a mira de duas AK 47, uma era do guerrilheiro que vinha à frente da coluna e estava agora abrigado atrás de uma palmeira que o protegia do fogo de frente, mas não o suficiente para se conseguir colocar em boa posição de tiro, sobre a minha posição sem correr riscos, o segundo do guerrilheiro que tinha ferido, o qual bem protegido com uma palmeira de frente e outra de lado, fazia pontaria mas muito escondido.

Apontei rapidamente e em tiro instintivo disparei contra o primeiro guerrilheiro, que estava totalmente a descoberto, pois este parecia mais determinado a mandar-me para o outro mundo, expondo ao fogo da frente o braço esquerdo que apoiava a AK, apenas para conseguir fazer um bom tiro, assim disparei rápido para evitar que este pudesse concluir o tiro; o disparo atingiu-o pois fê-lo desequilibrar-se para o lado oposto, mas não foi mortal, porque se conseguiu equilibrar e fugir para o capim de onde tinha vindo, e o resto do grupo seguiu-o, debaixo de uma chuva de balas.

Tentei localizar as saídas das granadas de morteiro, para responder às mesmas, mas apercebi-me que os "pofs" da saída vinham da frente da nossa coluna, eram rebentamentos do morteiro 60mm, e ocorriam num circulo à volta, do local de saída, como não existia outro fogo de resposta na frente da coluna, conclui que devia ser "fogo amigo".

Fui falar com o alferes Joshua, sobre o que se tinha passado para da frente da coluna dispararem contra nós, explicou-se que tínhamos ido ao encontro de dois pelotões de "periquitos", que andavam por ali. Tinha sido um deles que tinha disparado granadas em todas as direcções.

Já a noite ia alta quando parámos para dormir (continuávamos a andar durante parte da noite para ser mais difícil seguir o nosso rasto), no meio de uma zona com bastante vegetação, em Larom, o sono profundo era breve, pois havia sempre uma sensação de perigo. (...)

Era uma noite muito escura. A meio do sono fui acordado por uma sensação de perigo, sem me mexer apurei o ouvido, e um ligeiro ruído de passos leves e muito vagarosos atrás de mim, alertou-me para um animal que se aproximava, olhei para o vigia que estava mesmo a meu lado, e pelo seu vulto percebi que olhava fixamente na direcção do ruído, mas nada fazia ... e o animal aproximava-se cada vez mais de mim, pelo ruído devia estar mesmo muito perto.

Lentamente tacteei à procura da G3, destravei-a e virei-me para disparar, mas na mesma altura o vigia fez ruído mexendo com as mão nas folhas secas que cobriam o chão, e o animal deu um salto no ar e desapareceu na escuridão.

Estava apenas a um metro de mim, mas estava demasiado escuro e só consegui vislumbrar um vulto indefinido, seria provavelmente uma hiena, mas para dar aquele salto talvez fosse um leopardo, o que quer que fosse vinha à procura de jantar.

O vigia disse-me sorrindo "Este vinha comer o furriel", furioso perguntei-lhe porque tinha deixado o animal aproximar-se tanto, respondeu-me que era para ver o que era . (...)

Depois de mais uma noite dormida em Larom, no dia seguinte conforme planeado, ao raiar do sol iniciamos a marcha de regresso a Bissorã, estávamos absolutamente arrasados com operação, e a marcha foi penosa, deslocamo-nos primeiro em direcção a Dandu, e pelo caminho passou por nós uma avioneta, que nos confirmou que podíamos regressar, devendo aguardar em Mansabadim a ordem de regresso a Bissorã, a qual nos seria dada ao meio dia.

Ao meio dia conforme planeado apareceu a avioneta, e com ela um sorriso de alegria em todos os rostos, finalmente tinha chegado o fim da operação e podíamos regressar.

O Alferes Pimenta que comandava a coluna correu para uma pequena bolanha, onde colocou um pano vermelho sinalizando a nossa posição, e entrou em contacto pela rádio com a avioneta, mas a fúria com que ficou, deu logo para perceber que eram más noticias.(...)

Foi-nos dado ordem para voltarmos para trás e regressarmos a Dandu, o comando das operações tinha mudado, agora não era um major, mas um coronel que dava as ordens, e era evidente ter havido alguma descoordenação com a passagem de comando, sem água e sem comida (não era suposto continuarmos ali), absolutamente arrasados, lá nos arrastamos debaixo de um sol abrasador para Dandu, e ficamos a aguardar.

As horas foram passando, e a fome e a sede apertando, não havia ali nada que se pudesse comer ou beber, e ninguém tinha previsto ficar ali tanto tempo, apenas o humor se mantinha, ninguém encontrava justificação para nos manterem ali, uns diziam que se tinham esquecido de nós, outros que o coronel está a comer um grande almoço e que só depois é que nos mandava regressar, outros diziam que era só depois dele dormir a sesta.

Finalmente pelas 16h30, chega a ordem de que podemos regressar, e lá iniciamos a penosa caminhada de regresso a Bissorã, que nos parecia tão longínqua, apesar de estar apenas a 10 Kms (do centro de Bissorã até à tabanca do Morés em linha recta eram 20 Kms, e até Dandu 10 Kms), pelo caminho passamos por uma poço que existia em Mansabadim, onde saciámos a sede, e enchemos os cantis.

A primeira coisa que fizemos no regresso foi tomar um banho, a água fria do chuveiro teve um sabor inesquecível, que só quem passou o calor e a sede que passamos consegue perceber. (...)

O saldo final foram 10 combates, em que morreram vários combatentes do PAIGC, e foi capturado algum material e armamento, da nossa parte apenas alguns doentes pelo desgaste da operação.  (...) 

Apenas uma palavra final de elogio, aos soldados africanos que serviram lealmente ao nosso lado, e que se distinguiram sempre pela sua extraordinária coragem, como o soldado Calaboche do meu pelotão, de que passo a relatar um episódio ocorrido nesta operação:

Atravessávamos uma pequena bolanha a norte de Larom, a qual estava seca formando uma clareira, o terreno era ligeiramente inclinado e rodeado de alta vegetação, os guerrilheiros estavam emboscados na orla mais alta, sabíamos que eles estavam por perto, e eles sabiam que nós vínhamos a caminho, quer pelos tiros dos confrontos anteriores, quer pela rajada de G3 que deviam ter ouvido um pouco antes, quando eliminamos à queima roupa um vigia com uma "Simonov", que se aproximou demasiado, do trilho que seguíamos.

A guerrilha deixou passar todos os Grupos de Combate pela pequena clareira, com excepção dos 3 últimos homens, que vinham atrás de mim, e mal entrei no capim deu-se o ataque. (...)

Os 3 soldados que ficaram na clareira, estavam totalmente a descoberto, o que os tornava um alvo fácil, tentei voltar para trás para os apoiar, mas o fogo de uma metralhadora ligeira (penso que era uma DP-27) concentrou-se onde eu estava, e só ouvia zumbidos de balas e vegetação a partir-se à minha volta, rastejei de modo a regressar à bolanha onde estavam os 3 soldados para os poder ajudar, uma granada de RPG rebentou ao meu lado, os soldados respondiam ao ataque em clara inferioridade como facilmente se percebia pelo som dos disparos. (...)

Quando cheguei à bolanha o Calaboche já estava lá, apercebendo-se da situação ele tinha regressado rapidamente à bolanha, recolhendo pelo caminho algumas granadas de bazuca, e ai de peito a descoberto fez frente aos guerrilheiros, exímio atirador de bazuca, aquela distancia não falhava um tiro, e arrasou as posições inimigas, indiferente aos disparos que faziam contra ele. Foi contemplado com o Prémio Governador da Guiné pela sua acção, e morto pelo PAIGC após a independência. (...)

[Publicado no site em 24/02/2003, e revisto em 21/07/2006 por Carlos Fortunato]

domingo, 19 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13759: Os nossos médicos (83): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Todos (ou quase todos) apanhámos o pé de atleta, a flor do Congo, onicomicoses, chatos, matacanhas... Mas o que me preocupa hoje, como amigo daquele povo, é a doença por vírus Ébola... Vamos ajudar a ONGD "Ajuda Amiga" a mandar um contentor suplementar no 1º trimestre de 2015, com sabão, sabonetes e lixívia!... NIB: 0036 0133 991 000 251 3826

1. Continuação do texto sobre doenças e cuidados de saúde no TO da Guiné, no pessoal militar e na população civil, da autoria de Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-alf mil médico BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74, e subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé [, foto à esquerda, em 1973, no Saltinho]] (*)


Data: 16 de Outubro de 2014 às 22:54

Assunto: Doenças na Guiné parte 3


Quanto ás doenças parasitárias, além do paludismo e da amebíase, quasi todos apanhámos o famoso Pé de Atleta nos ripados de madeira dos balneários. O agente micótico é o Tricophytum Rubrum  (Tinha dos Pés).

Nas virilhas e na face interna das coxas também éramos atacados por fungos e Candida Albicans,  o que enchia de comichões e desespero o chamado Intertrigo assim para o qual utilizávamos solução álcool iodada que pincelávamos religiosamente e todos os dias.

Por vezes toda apele do corpo era atacada por fungos, produzindo comichão acentuada e alterações da coloração (Ptiríase versicolor ), a que os guineenses baptizaram de Lica, expondo-se ás primeiras chuvas e dizendo que esta acabaria com a doença .

Por vezes as unhas também eram atingidas por fungos tornando-se quebradiças e esfareladas a que dermatologicamente corresponde a Onicomicose. O piolho púbico também aparecia com muita frequência (vulgo chatos), transmitindo-se pelas relações sexuais.

E por fim as famosas matacanhas ou nitacanhas que faziam galerias nas plantas dos pés, depois punham os ovos,  em seguida saía a larva e posteriormente aparecia uma estruturas sacular que tinha que ser removida na totalidade. Era um trabalho em que era necessãrio paciênca de chinês ,e uma agulha bem desinfectada, para não recidivar.

Isto para falar no que era vulgar tratar, quer no centro de saúde civil, quer no Posto Militar, quer na Missão de Sono.

Quanto aparatos ,só os  não conseguidos naturalmente me chegavam, que implicavam manobras por vezes difíceis como versões e por vezes atitudes cirúrgicas a fim de o parto chegar a bom porto.

Apesar de tudo isto tenho saudades destes tempos, deste povo e deste país [, a Guiné-Bissau].

A situação endémica ê agora mais preocupante com o aparecimento num país limítrofe (Guiné Conakri) de um surto de Ébola. Dadas as precárias condições de higiene e salubridade na Guiné Bissau, o eclodir de um surto de Ébola irá constituir um desastre sem paralelo e uma grave ameaça para Portugal, pela possível transposição virica.

Faço parte da  ONG "Ajuda Amiga", de apoio à  Guiné,  e há cerca de mês e meio lançamos um projecto de angariação de sabão,sabonetes, sabão em barra e lixívia tradicional para aumentar a salubridade e as condições higiênicas que contribuírão preventivamente contra qualquer surto. 

Precisamos pois da tua ajuda e de todos os camaradas da Guiné, pois vamos ter custos acrescidos para enviar um contentor suplementar para levar tudo o que já foi angariado. (*)

[V d. aqui vídeo, de 3 minutos, sobre envio de apoio à Guiné-Bissau pela ONG Ajuda Amiga]

Desde já o meu muito obrigado relembrando o NIB da Ajuda Amiga para quem quiser ajudar

NIB > 0036 0133 991 000 251 3826

E por hoje é tudo,  um alfa bravo do Rui.

Enviado do meu iPad

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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de outubro de  2014 >  Guiné 63/74 - P13746: Os nossos médicos (82): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): A mortalidade infantil tinha se vindo a reduzir drasticamente enquanto permanecemos no território, graças às campanhas de vacinação obrigatórias

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13711: Memória dos lugares (274): As estradas (cortadas) de Bissorã-Biambe e Bissorã-Encheia, em plena região do Oio (Carlos Fortunato, ex-fur mil trms, CCAÇ 13, Os Leões Negros, 1969/71, e presidente da direção da Ajuda Amiga)


Guiné> Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: posição relativa de Bissorã, Biambe e Encheia, entre Mansoa, Binar e Bula, em plena região do Oio... A  vermelho, está sinalizada Queré, uma base do PAIGC, ativa em 15/3/1970. As estradas Biambe-Bissorã e Encheia-Bissorã estavam na altura cortadas.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Recentemente,  na Guiné-Bissau, a 26 de setembro último, à noite, no troço da estrada que liga as povoaçoes Bissorã-Encheia [, v d. mapa, a tracejado, a vermelho], um miniautocarro (vulgo, "toca-toca") pisou um engenho explosivo abandonado, provocando a morte de 23 pessoas e diversos feridos.

Especulou-se de imediato se o referido engenho, descrito  como uma "mina antitanque" (, possivelmente uma mina A/C,  reforçada, ) remontaria ao tempo da "luta de libertação/guerra colonial", se à guerra civil iniciada a 7 de junho de 1998 (*)...

De qualquer modo, e para além do trágico balanço em mortos e feridos, para nós, antigos combatentes,  este brutal acidente veio-nos trazer logo, à memória, mais uma vez, o pesadelo das minas, e suscitar a inevitável pergunta: Encheia, Bissorã, onde é que isso fica no mapa ?

Com a devida vénia, fomos à página do nosso querido amigo e camarada, grã-tabanqueiro da primeira hora,  Carlos Fortunato (ex-fur mil trms,  CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71), e presidente da direção da ONGD Ajuda Amiga), "desenterrar" esta pequena crónica, já velhinha, sobre "a estrada do Biambe - 15/03/1970".  Estamos-lhe gratos e mandamos-lhe, daqui, uma alfabravo fraterno,

Reparo, entretanto, que a CCAÇ 2531 não está representada por ninguém na Tabanca Grande,  o que é uma pena...

Sempre solidários, e lutando contra ventos e marés, o Carlos Fortunato e demais amigos da ONGD Ajuda Amiga (de que fazem parte vários membros da nossa Tabanca Grande) prepararam já o próximo Contentor de Ajuda 2015, como se pode ler aqui, em notícia de 16 de julho último:

(...) A ONGD Ajuda Amiga,  depois de ter enviado e distribuído 2 contentores em 2014, prepara agora o envio do próximo contentor em 2015, o qual está planeado para ocorrer em Janeiro de 2015, 2/3 dos bens estão já em caixas etiquetadas e prontos a seguir. (...)

Está também em marcha a campanha contra o ébola:

(...) A Ajuda Amiga juntou-se aos que combatem o ébola e iniciou este mês [outubro de 2014]  a campanha de recolha de apoios e preparação para o combate preventivo contra o ébola, com o objectivo de evitar a sua disseminação à Guiné-Bissau, o que a acontecer será uma catástrofe para a Guiné-Bissau face ao pobre sistema de saúde existente, e será também uma porta que se abre para facilitar a sua entrada em Portugal. (...)

Contactos da Ajuda Amiga: telemóvel >  937 149 143;  Email: jcfortunato@yahoo.com

(LG)

2. Memória dos lugares > A estrada do Biambe - 15/03/1970 (**)
por Carlos Fortunato  [, foto atual à esquerda]

Numa das confraternizações realizadas no bar do aquartelamento do Biambe, entre a recém chegada CCAÇ 13, e a CCAÇ 2531, o capitão Goulão ofereceu um whisky ao alferes Pimenta, e este aceitou pedindo um whisky com gelo, mas o Goulão disse-lhe que gelo era coisa que não havia.
–  Não há aqui gelo, mas em Bissorã há. –  retorquiu o Pimenta.
–  Mas não há estrada, pois esta foi cortada, quando as pontes foram destruídas. –  explicou o Goulão.
–  Abre-se uma estrada. –  insistiu o Pimenta.

A estrada de Biambe para Bissorã estava efectivamente cortada, pois tinha sido destruída a ponte que fazia essa ligação; de igual modo estava cortada a ligação de Encheia para Bissorã, pois tinha sido também destruída essa ponte; assim apenas a estrada do Biambe para Encheia estava operacional.

A CCAÇ 2531 tinha feito recentemente um reconhecimento da zona e havia ficado com uma ideia por onde esta poderia passar, que era seguir pela estrada do Biambe para Bissorã, atravessar uma pequena zona de mato, abrindo uma ligação para a estrada Bissorã-Encheia, pois a partir desse ponto, não existiam pontes e poderia chegar a Bissorã facilmente.

As boas regras mandavam que a estrada fosse picada previamente, pois poderia estar minada, e que existissem grupos a fazer segurança ao longo da mesma, dada a sua proximidade da base do Queré, mas o alferes Pimenta era um homem dos rangers, e trazia consigo uma certa dose de loucura, e o capitão Goulão, era conhecido como o "maluco do Biambe", ou seja,  foi o mesmo que juntar gasolina com fogo, e lá se partiu para Bissorã para ir buscar gelo, com uma GMC à frente a servir de rebenta minas.

Loucuras que se cometem quando se é jovem...

A guerrilha alertada esperou o regresso da coluna, e flagelou a mesma, mas foi rapidamente colocada em fuga face à resposta dada.

Esta estrada serviria mais tarde para a CCAÇ 13 regressar a Bissorã.

A história da CCAÇ 2531 narra assim esta acção, a 15 de Março de 1970:

"Acção 'Borla'

Coluna auto Biambe-Bissorã com a finalidade de abrir o itinerário entre as duas localidades.

Forças empenhada - 03 G. Comb.

A acção teve início às 14h00, durou 04 horas.

Às 17h40 quando as NT regressavam ao Biambe, 01 grupo In com cerca de 40 elementos emboscou-as, utilizando morteiro 60 e armas automáticas, durante 15 minutos na região de Mansoa 2A8 (estrada) causando 02 feridos ligeiros (01 oficial e 01 sargento)."



Publicado em 29/02/2003, por Carlos Fortunato

[Portal CCAÇ 13 - Leões Negros]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13705: (In)citações (69): Quando a rotina é traiçoeira ou o flagelo das minas que continuam a vitimar civis na Guiné-Bissau (Nelson Herbert)

(**) Último poste da série > 17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13620: Memória dos lugares (273): Ganjola, destacamento de Catió, na margem direita do Rio Ganjola, vista pelo saudoso Victor Condeço (1943-2010), ex-fur mil mec armamento, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69)...Foi também lá que tombou, em combate, em 23/1/1965, o lourinhanense José António Canoa Nogueira (sold, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/66)