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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10133: (De) caras (12): Foi com um arrepio que voltei ao Xime e a Mansambo, ao ver o vídeo sobre o quotidiano da Cart 2339 (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo António Vaz, ex- cap mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69), com data de ontem, com um comentário sobre o vídeo, excecional, de 50 minutos (, editado em duas partes), que publicámos sobre a vida e a obra dos Viriatos, o pessoal da CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo), vídeo esse  que terá passado despercebido a muitos dos nossos camaradas que conheceram a região, e/ou que foram contemporâneos dos acontecimentos:


Data: 8 de Julho de 2012 17:59

Assunto: Imagens da Cart 2339

Camaradas da Cart 2339:

Foi com um arrepio que vi as imagens do vosso e nosso quotidiano no sector L1 da Guiné onde andei com a CArt 1746 do Xime. Operações de desmatação fizemos duas ou três,  sendo uma delas a Cabeça Rapada; fui a Mansambo mais que uma vez, comandei a 2339,  se não me engano 2 vezes,  por impedimento do vosso Capitão (Soares ?) e recordo que vocês eram Malta Porreira.

Revi e revivi as picadas, a intensa chuva, os tornadinhos, as bajudas, tudo.

Um grande agradecimento e um enorme elogio pelo que me foi dado ver e pelo cuidado posto na edição das imagens que não foi de certeza tarefa fácil.

Não há nada como a TROPA MACACA que nós fomos.

Abração do António Vaz
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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10009: Memória dos lugares (185): Saiba V. Excia que está na Ponta do Inglês!, disse o Alf Mil João Mata para o Brig Spínola (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O ex-alf mil João Mata e o ex-cap mil António Vaz, da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69). O João Guerra da Mata foi o último comandante do destacamento da Ponta do Inglês, um dos míticos topónimos da guerra da Guiné...

Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada António Vaz (ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69), com data de 4 do corrente:

- Não tenho a certeza de ter aterrado no sítio certo… - disse, ao aterrar, o Brigadeiro Spínola. 
- Saiba V. Exa. que está na Ponta do Inglês - respondeu o Alf Mil João Mata que usava na ocasião calções, barba, tronco nu e uma extraordinária boina de cor verde alface com uma estrela de metal. 


A Ponta do Inglês

A Cart 1746 saiu de Bissorã a 7 de Janeiro de 1968,  seguindo de Bissau para o Xime via Bambadinca,  a bordo da barcaça Bor. Um Grupo de combate seguiu directamente para a Ponta do Inglês onde rendeu o pessoal da CCAÇ 1550.

Este Pelotão da Cart 1746 era comandado pelo Alf Mil Gilberto Madail que lá permaneceu cerca de 4 meses sendo substituído por outro comandado pelo Alf Mil João Guerra da Mata que lá esteve até Outubro data em que este Destacamento foi abandonado.

A Ponta do Inglês foi ocupada e os abrigos construídos em Dezembro de 1964 na Op Farol pela CCAÇ 508,  comandada pelo malogrado Capitão Torres de Meireles, morto em combate na Ponta Varela.

Este destacamento teve sempre uma triste sina porque não tinha meios senão para ESTAR. A dispersão de meios que encontramos no L1 a isso conduzia. Nunca serviu de nada a não ser castigar, sem culpa formada, as guarnições que para lá eram enviadas.

Não controlavam nada na foz do Corubal e nada podiam fazer em conjunto com o pessoal do Xime para manter aberto o itinerário Ponta do Inglês/Xime porque a Companhia do Xime ocupava também Samba Silate, Taibatá, Demba Taco e Galomaro. Assim o seu isolamento era, foi, praticamente total.

Os géneros só a Marinha os podia levar e o mesmo se pode dizer das munições, correio, tabaco, combustível, etc.

A chegada dos abastecimentos era motivo de alegria geral como se pode ver nas imagens que junto.


Por muito que o pessoal controlasse os gastos, a falta de quase tudo fazia-se sentir. Bem podia o Comando da Companhia pedir insistentemente pela vias normais a satisfação dos pedidos que não conseguíamos nada. Cheguei a tentar meter uma cunha directamente na Marinha, mas as prioridades eram outras. Como alguns géneros recebidos da Companhia que lá tínhamos rendido estavam deteriorados, a situação ainda foi pior. Esta situação originou, a pedido do Alf Madail, o Fado da Fome,  que o Manuel Moreira ilustrou nas quadras populares da sua autoria.

O Destacamento da Ponta do Inglês era a pequena distância da margem do Rio Corubal e tinha a forma quadrangular. A guarnição era formada por 1 GComb + 1 Esq/Pel Mort 1192 e pelo Pel Mil 105.


O destacamento era formado por 4 abrigos principais nos vértices para o pessoal, para a mecânica e rádio. O combustível e as munições ficavam na parte mais perto do Corubal; na parte central sob uma árvore frondosa (poilão ?) um abrigo mais pequeno onde ficava o Alferes, o enfermeiro e logo ao lado o forno do pão e uma cozinha, tudo muito rudimentar. Tinha o espaldão do Morteiro na parte central. Não tinha, ao contrário do Xime, paliçada e apenas duas fiadas de arame farpado.


Os abrigos eram de troncos de palmeira com as indispensáveis chapas de bidão, terra e não eram enterrados. Uma saída na direcção do rio e outra no lado oposto para as idas à água e à lenha. No destacamento havia um Unimog para estas tarefas.

A água era tirada a balde de um poço existente a cerca de 700 metros do arame farpado que também era utilizado pela população, totalmente controlada pelo IN, e pelo próprio IN, sem nunca este ter aproveitado as nossas idas à água e à lenha para nos incomodar e vice-versa

Diz o M. Moreira: 

O poço era um só,
Estava longe do abrigo,
Dava a água para nós
E também p’ro Inimigo.

Nunca percebi por que razão se fez o Destacamento,  afastado do único poço com água potável... Uma proposta de sã convivência? O caso é que resultou.

O que se passou nos tempos infindáveis em que o gerador esteve avariado, assunto já abordado neste Blogue, por quem o foi substituir, depois de aturados pedidos a Bissau sem que se resolvesse em tempo útil,  é inenarrável. 

As garrafas de cerveja penduradas no arame farpado, cheias de combustível,  tinham que ser continuamente acesas nas noites de chuva forte ou de vento. O risco que a “malta” corria nessas circunstâncias, sendo a única coisa iluminada na escuridão, tornando-se um alvo fácil era enorme, embora, que me lembre,  nunca tenha havido flagelações nessas alturas.


Flagelações houve muito poucas - seis - sem grandes consequências, a água do poço nunca foi envenenada e mesmo sabendo que a resistência oferecida pelas NT, aquando dos ataques, fosse de nutrido fogo mantendo o IN em respeito, penso que este nunca empenhou efectivos suficientes e capazes para provocar danos consideráveis. No fundo o IN sabia que enquanto aquele pessoal ali estivesse enquistado, a tropa do Xime, com a dispersão acima referida, estaria muito menos apta a fazer operações complicadas.

As relações entre o pessoal podem considerar-se muito boas,  não havendo atitudes condenáveis, que até seriam possíveis num ambiente concentracionário como aquele. A convivência com a Milícia logo de início se mostrou muito favorável porque, abastecendo-se de géneros junto das NT, passaram a pagar muito menos do que anteriormente porque os preços eram os mesmos que nos eram debitados sem alcavalas de qualquer espécie. Não me recordo da existência de familiares a viverem com o pessoal africano, mas segundo o testemunho do Tabanqueiro Manuel Moreira, uma mulher deu à luz na época em que lá esteve e foi o 1.º Cabo Enf Cordeiro Rodrigues - o Palmela - ajudado por ele que assistiram ao parto.

Com a falta de géneros tudo se aproveitava incluindo a caça, que se resumia a tiro de rajada para bandos de aves grandes, pernaltas (não sabemos quais) e se caiam nas redondezas eram o pitéu desse dia. As noites eram passadas como se calcula, com as sentinelas nos quatro cantos do quadrado e a malta a ver e a ouvir os rebentamentos que vinham da direcção de Jabadá, de Tite, Porto Gole e do Xime, claro. Pode ser sinistro mas não é difícil pensar que muitos diriam: 
- Antes eles do que nós.

Como de costume, depois das tarefas de rotina, quando o calor era menos intenso seguia-se o eterno futebol com bolas dadas pelo MNF, de péssima qualidade, substituídas pelas tradicionais trapeiras. Num dos reabastecimentos que se fizeram conseguimos levar para alem de gado mais miúdo algumas vacas, que como sabemos, na Guiné são de pequeno porte. Como o futebol também farta,  houve alguém que sugeriu tourear uma das vacas que ainda estava viva para tardios bifes.

Foi uma festa com as peripécias inerentes à Festa Brava e todos os dias “a las cinco en punto de la tarde” soltava-se a vaca e era um corrupio de faenas com cornadas… incompetentes. O tempo foi passando e já só restava um dos pobres animais para animar os fins da tarde. 

Como o reabastecimento nunca mais chegava e o atum com arroz já não se podia ver e muito menos comer o Alf Mata teve de decidir entre o partido pró-tourada e o partido pró-bife. Não foi fácil, mas acabou por vencer este último. Convocou-se o Soldado Condutor J. Viveiro Cabeceiras que também era padeiro, magarefe e pau para toda a obra, que procedeu à matança. Começando a esquartejar a rês,  vai ter com o Alferes e informa-o que a vaca estava tísica, pulmões quase desfeitos. 
- Come-se a vaca ou não se come a vaca

Nova discussão e resolveu-se não aproveitar as vísceras e apenas o músculo. Assim se comeu carne assada sem problema de maior. Quando esta acabou voltou-se ao atum aos enlatados,  tudo coisas que já escasseavam mas o pessoal andava triste com a falta dos fins de tarde taurinos. Então o Cabeceiras foi ter com o Alferes e disse-lhe:
- Meu Alferes a malta anda tão triste que se quiser e autorizar eu faço de vaca pois guardei os CORNOS.

E assim de conseguiram mais uns fins de tarde…

Felizmente com a redistribuição das Forças no terreno, iniciada pelo Brig Spínola, foi a Ponta do Inglês evacuada sem problemas em 7/8 de Outubro de 1968, pondo-se fim ao disparate da sua existência. 

Há uma enorme falta de informação (para mim) sobre a evacuação da Ponta do Inglês; nem na história do BART 1904, nem na da CART 1746, apenas é mencionada a data em que se efectuou. Tenho ideia que,  para além do pelotão da 1746, Secção  de Morteiros e Milícia,  estiveram na Ponta do Inglês pessoal de outras unidades a montar segurança (mas quais?) enquanto o pessoal carregava a barcaça Bor de todo o material e bagagem da rapaziada. Estivemos nas imediações da Ponta Varela a assegurar a passagem da Bor a caminho de Bambadinca. Foi uma operação, para mim sem nome, que envolveu mais meios que não recordo.

Segundo informação de oficiais do BART 1904, o Brig Spínola com o respectivo séquito aterrou na Ponta do Inglês, já ia adiantado o carregamento da Bor, mandando evacuar a segurança, depois de se ter armadilhado o que estava determinado, e só depois reparou que já não havia segurança nenhuma e que ele e os outros Oficiais que o acompanhavam tinham ficado, como hei-de dizer, abandonados na margem do Corubal com o pessoal do ou dos helis a chamá-los quando se aperceberam da situação.

O pelotão da Cart 1746 chegou ao Xime sem problemas e todos tivemos uma enorme alegria por voltarmos a estar juntos. ....E na verdade o que vos doi... É que não queremos ser heróis (FAUSTO).

António Vaz, ex Cap Mil

PS - Esta estória da Ponta do Inglês só foi possível com as recordações do Manuel Moreira (releiam o Fado da Fome), do João Guerra da Mata,  o ex-Alferes – último comandante daquele destacamento, e de Vera Vaz nas interpretações desenhadas.
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Nota do editor:

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9800: Tabanca Grande: oito anos a blogar (10): Parabéns! (Carlos Matos Gomes / António Vaz)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012>  Que belo friso de camarigos, de diversas épocas e diferentes lugares da guerra da Guiné (1961/74): Luís R. Moreira (Bambadinca, Nhabijões e Bissau, 1970/72), Magalhães Ribeira, o "pira de Mansoa" (Mansoa, 1974), Torcato Mendonça (Fá e Mansambo, 1968/69, João Mata (Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69), António Vaz (Bissorã e Xime, 1967/69), Luís Graça (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), e Manuel Moreira (Bissorã, Ponta do Inglês e Xime,1967/69)... (LG)


Foto: © António Vaz (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





1. Mensagem de parabéns do cor cav ref e escritor Carlos Matos Gomes [, foto à direita, na Amura, em 7 de março de 2008; foto de L.G.]:


Data: 23 de Abril de 2012 18:32

Assunto: Parabéns

Meus caros amigos, estive a ver as fotos da festa da Tabanca. Queria deixar aqui os meus parabens, mas também expressar a admiração pelo convívio e pela sã troca de afetos e memórias entre aqueles que passaram pela Guiné no cumprimento do serviço militar.


Todos ficamos enriquecidos ao visitar esta Tabanca. Em especial ao Luís Graça e aos editores, o meu bem hajam e o estímulo para que continuem. Para todos os que aqui partilham os seus segredos, os seus pensamentos, os seus sentimentos vai o meu obrigado pelo que me têm ensinado.

Um grande abraço para todos do Carlos Matos Gomes.

2. Mensagem, do dia 24 do corrente, do nosso camarigo António Vaz, antigo cap mil, CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69):

 
Olá, caros camaradas:


Hoje, dia do aniversário do nosso blogue e ainda não tendo passado da meia noite,quero aqui deixar a merecida mensagem de PARABÉNS para os editores,organizadores e evidentemente para o Luís Graça.

Saúde para todos e que durante muitos anos nos acompanhemos uns aos outros.
Pela iniciativa de uns e pelo empenho de todos penso que estamos assim todos de parabens.

O almoço e o convívio em Monte Real foram o que toda a gente viu: um sucesso!!!
Aqui vão fotos do acontecimento com um grande abraço para todos do

António Vaz

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9798: Tabanca Grande: oito anos a blogar (9): Os "nós" e os "laços" do nosso querido Blogue (Manuel Joaquim)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9781: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Muitas caras novas...

VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O Valentim Oliveira e a neta Cyndia,  de 19 anos > O nosso camarada, que vive em Viseu, estava desolado por duas razões: (i) o Ruiz Alexandrino, por motivos de saúde, não pôde comparecer à última hora. ele que tem sido uma presença frequente nos nos encontros; (ii) o Virgínio Briote e a Maria Irene desta vez também falharam... O Valentim, um bravo da Ilha do Como,  fez este ano, em 5 de janeiro, a bonita idade de 70 anos... Recorde-se que ele foi Soldado Condutor da CCav 489/BCav 490, e portanto camaradada nosso coeditor Virgínio Briote (mesma companhia). Estava desolado por ser o único representante do batalhão... A Cyndia, por sua vez, tinham estado na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, no IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em  20 de Junho de 2009, com a mãe da Maria Irene e sogra do Virgínio, a senhora dona Irene Fleming (hoje com 100 anos!). Por outro lado, o Valentim estava orgulhoso da sua neta que, além de já ter carta de condução, é estudante de marketinh, no Instituto Superior Politécnico de Viseu. Ficámos muito felizes por rever o nosso camarada e a sua neta.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O Carlos Pires e a Joaquina (Amadora)... São duas caras novas. O Carlos foi nado e criado na Guiné, filho de pais portugueses, comerciantes. Fez a tropa lá, no início da década de 1970. Pertenceu à CCAÇ 13. Ficou muito feliz em conhecer o Carlos Silva e o Manuel Joaquim, dirigentes da ONGD Ajuda Amiga cujo presidente da direção é, nem mais menos, o Carlos Fortunato, um homem da primeira geração da CCAÇ 13 - Os Leões Negros. O Carlos Fortunato, soubemos através do Carlos Silva, está ainda em Bissau, sem conseguir desalfandegar o contentor com material para diversas intituições, incluindo a AD. Deve regressar esta semana, ficano o Pepito de acompanhar as operações alfandegárias, quando (e se) a vida  se normalizar em Bissau. Pela conversa que tive com o Carlos Pires (que vive em Portugal desde o 25 de abril), tem diversos amigos na Guiné-Bissau, ou naturais da Guiné-Bissau (como é o caso do António Estácio que, embora inicialmente inscrito no nosso Encontro, acabou por não poder vir). 


Representação da CART 1746 no VII Encontro da Tabanca Grande em Monte Real. Da esquerda para a direita: ex-Alf Mil João Mata, ex-Cap Mil António Vaz e ex-1.º Cabo Manuel Moreira.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > Da direita para a esquerda, o António Vaz (ex-cap mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) mais dois dos seus alferes, o João Mata e um outro camarada, angolano de nascimento, amigo do Rui Alexandrino, mas cujo nome não retive... Homens com grandes histórias, confidencia-me o António Vaz... Fique na mesma mesa, e conversámos um bocado... Quero vê-los inscritos como membros da Tabanca Grande, e conto para isso com os bons ofícios do António Vaz (, que se revelou para mim um excelente conversador: falámos bastante do Xime, da Ponta do inglês, dos picadores e guias do Xime, como o Seco Camará  ou do Mancaman, já aqui em tempos recordado pelo ex-alf mil capelão Arsénio Puim).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012  > O meu camarada António Mateus, da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), recentemente entrado para a Tabanca Grande, juntamente a esposa Laura. Vivem em Guifões, Matosinhos, são vizinhos do Albano Costa que me mandou um grande abraço, através deles.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Duas caras que já são familiares, na nossa Tabanca  Grande, dois camaradas e amigos do meu tempo de Bambadinca, o António F. Marques e o J. L. Vacas de Carvalho que desta vez não contou nenhum fadinho "por falta de ambiente intimista"...


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Em primeiro plano, o meu querido ciriurgião ortopedista, que tratou do meu joanete, o Francisco Silva... A seu lado, um outro camarada, o  António Silva, da mesma companhia e do tempo de Xitole, a CART 3492 (1971/74).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 >  O Alexandre Margarido e o José Vermelho.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 >  O Manuel Carmelita  (Vila do Conde) e o João Marcelino (Lourinhã)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O João Marcelino e o Juvenal Candeias (ex-Alf Mil da CCAÇ 3520, Estrelas do Sul, Cacine, Cameconde, Guileje, 1971/74)... Pel comversa que tive na mesa com estes cacineiros, terá sido o Juvenal Candeias quem trouxe ao nosso encontro o Margarido (ex-alferes mil, graduado em capitão, da CCAÇ 3520)... Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

terça-feira, 17 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9758: Memória dos lugares (181): O Xime - Esclarecimentos (António Vaz, CMDT da CART 1746, 1968/69)



1. O nosso camarada António Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) enviou-nos a seguinte mensagem. 


O XIME 

Olá camaradas

É com todo o gosto que farei os esclarecimentos pedidos pelo camarada Torcato e desde já lhe digo que tenho pena de não o poder de fazer de viva voz no dia 21 por ter verificado que o seu nome não consta na lista dos inscritos para o almoço de Monte Real. 


1- Esta imagem mosaico altera a perspectiva da realidade. As três fotos foram tiradas do extremo oriental do sítio voltado de costas para o Geba com a bolanha à esquerda. 

2- No primeiro plano à esquerda vê-se a cobertura do abrigo do gerador e um pouco do abrigo dos combustíveis (ambos enterrados) 

3- Na rua central, a nossa Main Street, na primeira construção à esquerda ficava o refeitório, o bar dos sargentos, a secretaria e o meu gabinete e na traseira a cozinha. 

4- O espaldão do Morteiro 82 está por aí enterrado. Do lado direito no primeiro edifício ficava a oficina auto e outras instalações. 

5- Passando à fotografia aérea que tirei a caminho de Bambadinca: 


6- Junto à parte central da paliçada, ainda não tínhamos construído a caserna abrigo com material do BENG. 

7- A seguir às duas construções acima descritas pode ver-se do lado esquerdo uma pequena construção triangular que era a capela atrás da qual e encoberta pelas arvores está a construção, com tecto de colmo, que abrigava as quatro “celebres roulottes”. Ao lado da qual ficavam as transmissões e atrás um pequeno abrigo. 



8- A seguir do lado esquerdo (construção com arcadas) era a arrecadação do material de guerra e outros. 

9- Em frente à direita era o posto de socorros e outras instalações, o forno do pão. 

10- Construímos par alem da caserna abrigo já citada mais seis abrigos para Secção, uma oficina para o material auto. 

11- No fim era a Porta de Armas a tabanca do Xime com cerca de 50 moranças e o início da estrada (estrada?) para Amedalai e para o resto do Mundo. 

12- Por hoje é tudo. Espero ter relembrado a quem passou ou viveu no Xime algo que já não tinham na memória. 

Um abraço para todos 
António Vaz 
Cap Mil CMDT da CART 1746


Adenda do AV:

Adenda (entre muitas que se poderiam fazer): Na foto mosaico a figura que se vê do lado direito é o ex-alf Gilberto Madail que não aparece na foto dentro da tabanca das roulotes porque foi ele o fotógrafo. Nessa foto além de mim estão três ex alferes, meus queridos amigos,da esquerda para a direia, João Mata,que vai comigo a MonteReal, o António Teles e o Rui Neves, estes dois, infelizmente, permaturamente já falecidos e de quem tenho muitas saudades.


Na parede que une/separa duas das rulotes há uma placa em nome da Caç 508 em que se presta homenagem a um Capitão Meireles que pelas minhas "investigações" não pertencia a essa Ccaç.
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Nota de MR: 

Vd. último poste desta série em:


sexta-feira, 13 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9741: Memória dos lugares (180): O Xime, em cinemascope, do meu tempo (António Vaz, comandante da CART 1746, 1968/69)



1. Mensagem do nosso camarada, e novo membro da nossa Tabanca Grande, António Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69), que esperamos rever em Monte Real, no próximo dia 21, no nosso VII Encontro Nacional:

Data: 2 de Abril de 2012 00:26
Assunto: Foto


Olá,  camaradas!

Como agradecimento pelas fotos do Xime,  recuperadas e republicadas por  minha causa - Luis Graça  dixit -, aqui vai uma em " cinemascope e  colorizada " do Xime que conheci em 68 e meio 69.

Um abraço do António Vaz

2.  O António Vaz mandou-nos ontem os seus elementos de identificação que estavam em falta (incluindo as duas fotos regimentais):

Aqui vai o meu perfil e as fotos da praxe para o arquivo do Blogue:


Nome completo ANTONIO GABRIEL RODRIGUES VAZ (abreviadamente António Vaz)
Natural de Lisboa
Data do nascimento: 29 de Maio de 1936
Morada:  [...] Lisboa
Telemóvel: [...]
 
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Nota do editor:


Último poste da série >  31 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9688: Memória dos lugares (179): Gã Dembel ou Gandembel das morteiradas... (José Teixeira, CCAÇ 2317, 1968/70)

sábado, 31 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9684: Tabanca Grande (326): António Vaz, ex-cap mil CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69




António Gabriel Rodrigues Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69.





Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 13 > Cais do Xime, em frente à bolanha do Enxalé > "Poucos de nós se atreviam, solitariamente, a pisá-lo por estar demasiado exposto… Mas havia um puto que apanhava aí camarão, enquanto sonhava com o momento de vir para Lisboa estudar" (RM)... O camarão (gigante) desta parte do Geba era muito apreciado e pago a 50 pesos o quilo em Bambadinca, na tasca do Zé Maria... Pergunto-me se esse puto não poderia o nosso amigo, hoje engenheiro, e membro da nossa Tabanca Grande, José Carlos Mussá Biai... (LG)

Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 4 > Cais do Xime... Milhares e milhares de homens e de viaturas passaram por aqui, ao longo de toda a guerra... Havia tensão naquela ponte. Ali começava o Geba Estreito. A montante e a juzante, havia ataques do PAIGC contra as nossas embarcações: Ponta Varela, Mato Cão... O aquartelamento do Xime era flagelado ou atacado com frequência... O PAIGC tinha, desde o início da guerra, uma boa implantação no triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, entre a margem direita do Rio Corubal e a estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Na região do Poindon/Ponta do Inglês perderam-se muitas vidas... Por sua vez,  a saída do Xime, em Madina Colhido, era temida...


Guiné > Zona Leste > Xime >  Destacamento da ponte do Rio Udunduma > > CART 2520 (1969/70) > Foto 9 >  "Udunduma. Quem seria o dono da Piroga? Sei é que o rio era estreito e os putos que chegavam pela hora do almoço, na expectativa de umas sobras, acabavam por infundir-nos alguma tranquilidade… Ora, como poderia o IN flagelar-nos na presença deles? Mas a partir do entardecer, o coaxar das rãs era mesmo infernal!"...


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 1 > "Bar de Sargentos do Xime. Em cima do balcão um barril com uma função meramente decorativa. Mas a telefonia estava operacional bem como um pequeno gira-discos. O Je t’aime, moi nos plus [, Serge Gainsbourg & Jane Birkin, 1968, ] fazia furor e a cantinela Mãe, não chores que o teu filho há-de voltar estava no topo. Ambas puxavam por mais um copo. O camarada, de caça ao piolho, de quem guardo uma boa recordação, era um tipo duro e fixe".


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  19 > "No dia de um ataque ao Xime, uns poucos decidiram prolongar as detonações dos disparos, abatendo duas ou três vacas que, entretanto, andavam um pouco estonteadas, a monte…Esta acção deveu-se ao facto de o proprietário dos bovinos não querer vender nenhuma cabeça à tropa. A partir daí, não teve outro remédio"…


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  20 > Aspeto parcial do aquartelamento, que estava separado da tabanca por uma rede de arame farpado..."Da vista panorâmica do Aquartelamento do Xime, eu destacaria o bidão em primeiro plano, transformado, como era corrente, em depósito para um banho tépido e ferruginoso, mas sempre refrescante… Ponham-me um Dali ou um Miguel Ângelo à frente dos olhos, junto com um bidão amolgado, carcomido, inútil, e é o bidão que ainda me emociona mais: a não me ter salvo a vida, evitou, pelo menos, ser atingido por uns estilhaços, aquando de um ataque ao Enxalé".

Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  3  > "O meu pelotão (ou parte dele) acabado de chegar de Bambadinca ou de Bafatá onde íamos frequentemente abastecer-nos e trazer o correio".



Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  21 &gt"Duvido que esta foto tenha sido tirada por mim… Na minha opinião, e apesar de tão maltratada, é a melhor do conjunto. Do lado esquerdo do poste, o Capitão [, Mil Art António dos Santos Maltez] por quem eu nutria uma grande simpatia e cujo paradeiro ignoro. Não faço ideia nenhuma onde teve lugar a cena ilustrada"...


Fotos: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados (Legendas do autor e do editor).



1. Anteontem, na sessão de lançamento do último livro do Beja Santos, conheci finalmente o António Vaz (*), o camarada, nosso leitor, que tinha feito um belo elogio ao nosso blogue e ao seu espírito de amizade e de camaradagem.

 Nesse mesmo poste (*)  manifestara-lhe  o deu desejo de ver o entrar na Tabanca Grande como o tabanqueiro nº 544. Quinta feira passada, não foi preciso insistir… Ele passa a ser, desde então, o tabanqueiro nº 544…

O António aceita as nossas 10 regras de ouro (incluindo o natural tratamento por tu,  entre antigos camaradas de armas, agora 'cotas') e promete arranjar uma foto atual… Quanto mais seja a que lhe vamos tirar em Monte Real, no nosso próximo encontro, para o qual ele está inscrito. Embora com a máquina em punha, não me lembrei de lhe tirar uma chapa, no meio da conversa com este e com aquele.

Quanto ao resto, ele – que é leitor assíduo do nosso blogue – já aqui fez a sua apresentação (*). A seu lado, estava o cor inf ref José Aparício, o homem que, como capitão, comandava a CCAÇ 1970, na altura da retirada de Madina do Boé e do desastre do Cheche, no Rio Corubal, em 6 de fevereiro de 1969. Também é fã do nosso blogue. 



Qualquer deles são pessoas afáveis. Convidei o Aparício  igualmente  a ingressar na Tabanca Grande. Ficou, por lado, de mandar para o blogue informação sobre duas teses de doutoramento norte-americanas cujo conteúdo poderá eventualmente ser de interesse para nós.


Voltando ao António Vaz, e como ele próprio o diz, tem na Tabanca Grande muita gente do seu tempo, tanto da região do Oio (Bissorã) como da região de Bafatá (Bambadinca, Xime, Mansambo, Xitole, Galomaro…), a começar pelo Torcato Mendonça. 

Já disse ao Torcato que comfirmo "o pormenor da pera"  e e que o0 acha em grande forma, para um camarada com a idade dele.

Recorde-se que o António Vaz também já tinha manifestado a vontade de voltar a ver o nosso Torcato “para caturrarmos à volta de Mansambo onde cheguei a ir numa operação em que também ia o Pimentel Bastos e que dará para umas larachas a propósito”.

Recorde-se, mais uma vez, que a CART 1746 teve como unidade mobilizadora o GCA 2, seguiu para a Guiné em 20/7/1967, regressou em 7/6/1969, esteve em Bissorã e no Xime, e só teve um comandante, o Cap Mil António Gabriel Rodrigues Vaz, de seu nome completo.

Em meu nome do Luís Graça, dos demais editores e de toda a Tabanca Grande, dou ao novo camarada as boas vindas, ficando então para Monte Real a sessão de fotografia...  (LG)



PS - António Vaz, meu camarada, como prenda pela tua entrada na Tabanca Grande, fui recuperar velhas fotos do Xime, do álbum do meu amigo Renato Monteiro (ex-Fur Mil da CART 2479, depois CART 11/CCAÇ 11, Contuboel e Piche, 1968/69, e da CART 2520, Xime, 1969; esta  CART 2520, foi a que vos foi substituir, a vocês CART 1746).

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Notas do editor:

(*) vd. poste de 28 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9673: O Nosso Livro de Visitas (131) ): Antonio Vaz, 75 anos, lisboeta, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69: A Tabanca Grande é um fenómeno sem paralelo, que me deixa abismado e surpreendido



(**) Último poste da série > 15 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9608: Tabanca Grande (325): António Eduardo Jerónimo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873 (Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74)


quarta-feira, 28 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9673: O Nosso Livro de Visitas (131) ): Antonio Vaz, 75 anos, lisboeta, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69: A Tabanca Grande é um fenómeno sem paralelo, que me deixa abismado e surpreendido







Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da CART 1525 (1966/67) e da CART 1746 (1967/69) > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz" (RF)... A única foto que temos deste militar, cuja companhia fez a segurança aos "piras" da CCAÇ 2590 (futura CCAL 12), desembarcados de LDG, em 2/6/1969, no porto do Xime...


O Cap Mil António Vaz comandava a companhia a que pertencia o Alf Mil Madaíl, a CART 1746 (que irá acabar a sua comissão no Xime, Zona Leste, Sector L1;  aqui, no Xime, os oficiais dormiam em rulotes que, segundo o Zé Ferraz, terão vindo da antiga estação agronómica de Fá Mandinga onde dizem - mas ainda não vi documentado - terá trabalhado o Eng Agrónomo Amílcar Cabral e possivelmente a sua esposa e colega, portuguesa, Helena).

Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública (ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol): "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo"... (LG)

Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67) (Reproduzida com a devida vénia...).



1. Mensagem que nos chegou, no dia 20 do corrente, do nosso camarada António Vaz, ex-cap mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69), a que pertenceram o Manuel Moreira e JFerraz... Retribuímos a homenagem deste valoroso militar ao nosso blogue, com o convite para se acolher à nossa Tabanca Grande.  Ele é nosso leitor regular, e é do tempo de camaradas nossos do leste como o Torcato Mendonça, o Beja Santos, a malta do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)... Para cumprir as formalidades do blogue, só nos faltam as duas fotos da praxe, uma do antigamente da guerra e outra mais atual (com as rugas da expressão)... Quanto à apresentação, está um mimo! Oxalá muitos outros comandantes operacionais, nossos camaradas, porque andaram connosco no mato, seguissem o exemplo do Amtónio!... Sê bem vindo, camarada! A qualquer hora da noite  ou do  dia!... Vamos aproveitar o macaréu da memórias!... É uma boa altura, já que vamos comemorar os 8 (!) anos de existência, ou sejam,  4 comissões... (LG)


  
De: António Vaz [vazav@sapo.pt]
Data: 20 de Março de 2012 22:46
Assunto: Homenagem



O meu nome é Antonio Gabriel Rodrigues Vaz, lisboeta, de 75 anos e andei pela Guiné de Julho de 1967 a Julho de 1969 como comandante (cap mil) da Cart 1746.


Até Janeiro de 1968 em Bissorã e no Xime até ao fim da comissão ou seja até 14 horas antes de embarcar no Niassa de regresso a Lisboa onde cheguei  na véspera do Santo António de 1969.


A Cart 1746 cruzou-se com com algumas unidades de que fazem parte camaradas que frequentam  a Tabanca Grande e que estiveram num e noutro sector embora o L1 [, Bambadinca,] seja mais "concorrido" o que se compreende.


Confissão:   As minhas recordações da Guiné não têm uma intensidade uniforme. Dizendo melhor, vêm e vão por marés durante estes 45 anos embora nestes últimos  tempos tenham vindo como um macaréu que não baixa. Ficam sempre em maré cheia,  talvez por culpa da Tabanca Grande


A idade é também um facto importante e parece que, ao chegar ao fim do caminho (e isto sem dramatismos) aqueles anos tomaram uma relevância que aqui há 20 ou 30 anos não tinham. Andei entretanto  por outras "guerras" mas é aquela que vem sempre à tona talvez  por ser uma coisa que nada ter  tido a ver com a vida profissional, social e civil em que me movimentava. 


As circunstâncias excepcionais  em que decorreu (nem toda a gente esteve envolvida num conflito armado sem ser militar de carreira) é hoje o motivo que escrevo estas palavras e porque presentemente percorro com frequência a Tabanca Grande da primeira à ultima morança.


A Tabanca Grande é um fenómeno que eu , que não sou bloguista, me deixa abismado e de certo modo surpreendido, porque que eu saiba não tem paralelo com outras formas de depoimento escrito sobre outros teatros de operações nem outras actividades.


Para todos que erigiram e alimentaram com contribuições várias este blog presto aqui as minhas merecidas homenagens.


Eu e a malta da Cart 1746 partilhámos convosco, na Guiné, toda a sorte de provações, vivendo em más e precárias instalações, com faltas de toda a ordem, atascámo-nos nas mesmas bolanhas, cortámo-nos no mesmo capim  verde e fugimos do seco, das abelhas, tivemos a mesma  sede, sofremos emboscadas e gramámos ataques ao estacionamento, encharcámo-nos com as mesmas chuvas e tivemos insolações, isto tudo para além dos inevitáveis mortos e feridos que lamentamos e lamentaremos sempre  profundamente e que não esquecemos.


É por tudo isto que nos irmanamos no blog Tabanca Grande
   
Um abraço para todos do António Vaz
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Nota do editor:


Último poste da série > 15 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9610: O Nosso Livro de Visitas (130): Ex-Cap Inf Diamantino Ribeiro André, comandante da CCAÇ 2406 (Olossato e Saltinho, 1968/70), e ex-presidente da CM de Proença-a-Nova, ouviu-nos na rádio e quer ir ao nosso VII Encontro Nacional, em 21 de Abril próximo


domingo, 20 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9068: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (1): O valente soldado Júlio





Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da CART 1525 (1966/67) e da CART 1746 (1967/69) > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz" (RF)... Este último comandava a companhia a que pertencia o Alf Mil Madaíl, a CART 1746 (que irá acabar a sua comissão no Xime, Zona Leste, Sector L1;; aqui, no Xime, os oficiais dormiam em rulotes que, segundo o Zé Ferraz, terão da antiga estação agronómica de Fá Mandinga onde dizem - mas ainda não vi documentado - terá trabalhado o Eng. Agrónomo Amílcar Cabral e possivelmente a sua esposa e colega, portuguesa, Helena).

Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública (presidente da Federação Portuguesa de Futebol): "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo"... Pergunto ao Zé Ferraz se o reconhece... a ele e ao Cap Vaz, aqui referido no texto supra... (LG)

Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67) (Reproduzida com a devida vénia...).





1. Texto do José Ferraz [de Carvalho] que vive nos EUA há mais de 40 anos, e que fez a sua comissão de serviço na Guiné entre 1968 e 1970 (*):


Companheiro e camarada Luís: Aqui está a história do Júlio.

Uma manhã ao alvorecer saí do Xime com a minha malta para montar segurança na área do costume,  entre o Xime e Amedalai para uma coluna de reabastecimentos que sairia pouco depois. Sem novidades passaram e nós regressamos ao Xime.

Essas colunas de reabastecimento de costume regressavam por volta das 3 da tarde. Chegam as três e nada... Quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze e nada. Nunca soube porque os meios rádio nesse dia estavam de rastos e não conseguíamos comunicar com Bambadinca.

Por volta da meia noite fui chamado à  rulotes [, onde dormíam os oficiais]:
- Ferraz,  aguarre no seu grupo e vá ver o que se passa.

Noite de lua nova,  não se via nada.... Agarrei na G-3,  passei pelo abrigo da minha malta,  acordei dois ou três passando duma ponta a outra dizendo:
-Tá no ir,  pessoal balanta!...

E arranquei pelo arame farpado fora. Já no trilho da bolanha passaram-me à frente a bazuca e o morteiro porque suspeitávamos que o IN estava emboscado junto à primeira ponte. Fazia sempre fogo de reconhecimento com 3 morteiradas e isso fazia com que o IN levantasse a emboscada. Nessa noite,  devido ao imprevisto,  tinha a certeza que eles não teriam tido tempo de fazer nenhuma emboscada nem teriam tido nenhuma informação [, do pessoal da tabanca,] indicando a nossa saída... Íamos à vontade mas,  como sempre,  prevenidos.

Passámos Amedalai, e nada da coluna...Chegámos a Bambadinca e eles ali estavam porque a GMC tinha tido um problema com o eixo. Disse ao meu pessoal que se desenrrascasse com os amigos e eu fui dormir. Na manhã seguinte vieram-me avisar que o Júlio estava na enfermaria,  todo cortado.

Primeiro pensamento: O sacana foi para a tabanca mandar a queca da ordem e lixou-se!... Fui à enfermaria e aí estava o Júlio, nu,  na cama,  a G-3 e o saco de dilagramas no chão. 
- Ó Julio,  o que é que te aconteceu ?...
- Meu furriel - diz-me ele - como é que nós chegámos aqui ?
- Ó Júlio,  estavas com a burra,  não?
- Meu furriel,  sabia lá que íamos sair ontem à noite nem me lembro do caminho..

É evidente que o nosso amigo -  vim mais tarde a saber - acordaram- no no gosse gosse,  tá no ir,  ele de tanga,  para não dizer nu,  agarra na sua G-3 e saco de dilagramos e porta fora... Durante esse trajecto,  lua nova,  ninguém se deu conta do estado em que estava ou o que trazia vestido. E aos trambolhões lá foi andando até Bambadinca.


A partir desse dia tive o maior respeito pela sua façanha. Que grande soldado,  que bêbado ou não, não deixou os seus companheiros!... Valente!

Lembro agora, depois da minha louca chegada ao Xime,  quando o Cap Vaz me chamou ao seu gabinete no dia seguinte e me apresentei... Lembro bem da sua figura,  pera e tudo (se bem me lembro,   era arquitecto)..
- Ó nosso furriel,  se não é louco tem-nos de bronze... Benvindo,  agora quero que forme um grupo de combate com aquilo que aprendeu...

E eu disse-lhe:
- Meu capitão,  posso pedir voluntários ?...

Disse-me que sim e,  quando a palavra passou que eu queria voluntários,  quase a toda companhia se apresentou na "parada"... Nunca se formou nada e vi-me como o furriel reponsável pelo 2º pelotão cujo alferes tinha ido para Lisboa evacuado.

Realmente foi um pelotão formidável,  éramos companheiros e tinhamos a maior confiança em todos nós, em situações de perigo ou fora de perigo. Tenho imensas saudades de todos esse valiosos companheiros.

Um forte abraço,  Luís... Do Zé...e aí tens agora o resto história do valente [soldado] Júlio... Se bem me lembro...



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Nota do editor:


(*)  vd. postes de apresentação:



19 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)

(...) Assentei tropa em Setembro de 1966 no CSM [ Curso de Sargentos Milicianos,] das Caldas da Rainha [ RI 5,] e depois da recruta fui enviado para Lamego, para o primeiro curso de Operações Especiais como especialização.



Posteriormente ofereci-me como voluntário para a 16ª  Companhia de Comandos com a qual cheguei a Guiné em 68. No fim da fase operacional não quis ser comando e fui então destacado para a Cart 1746, Xime,  onde o Capitão Vaz me responsabilizou em formar um grupo de combate com o segundo pelotão cujo alferes tinha sido enviado para Lisboa doente. (...)

[Depois do regresso da CART 1746 à Metrópole, em Julho de 1969, ] passei os meus últimos meses da minha comissão como adido ao QG em Bissau. Regressei a Lisboa no velho Carvalho Araujo em 1970. (...)

sábado, 19 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)

1. Mensagem, de 16 do corrente, do José Ferraz de Carvalho (ou simplesmente J. de Ferraz, ou ainda mais simplesmente Zé, como ele gosta que o tratem), aceitando o nosso convite para a ingressar na Tabanca Grande, o que muito nos honra [; ele vive nos EUA, há mais de 40 anos, e continua orgulhosamente a ser cidadão português e a sentir-se patrioticamente português]





Companheiro e camarada Luís:


(i) Ser o nº 527 é uma honra. Obrigado. Para mim é uma honra juntar-me à Tabanca [Grande]. As histórias, como dizes,  já as tens.


Quanto às fotos... tinha uma quantidade delas,  dos meus tempos na Guiné, infelizmente no transcurso da minha vida,  aqui nas Américas,  não sei onde estão.


Foi formidável, o companheiro e camarada Manuel Moreira enviou-me um e-mail dizendo que se lembrava muito bem de mim; enviou-me também uma foto tirada no Xime quando, para descarga da infinita espera, decidimos fundar a Rádio Televisão do Xime.


Por curiosidade o homem à minha direita, de tanga, era o famoso Júlio que bebia 2 garrafas de Sagres grandes como pequeno almoço e foi o protagonista da coluna a Bambadinca onde se cortou o corpo inteiro [sic].




Lisboa > Lyceu Central de Pedro Nunes, no tempo da 1ª República... Foto: Cortesia do blogue De Rerum Natura > 17 de Setembro de 2010 > Os liceus na 1º República.



(ii) Nasci por acidente em Ponta Delgada, Açores,  em 20 de março de 1945, quando meu pai como oficial da marinha aí estava destacado num dos nossos submarinos.

Com 15 dias voltei a Lisboa com a mãe e,  depois de viver com os avós paternos, mudámo-nos para casa dos avós maternos e em 1948 os meus pais finalmente encontraram casa própria, em Carcavelos, onde me criei.


Estive no liceu de Oeiras, depois no Pedro Nunes onde me envolvi nos movimentos de estudantes dessa época e finalmente fiz o terceiro ciclo nos Salesianos do Estoril.


Em 1965 o pai foi nomeado para ser o Senior Portuguese Officer no SACLANT [The Supreme Allied Commander Atlantic,], em Norfolk, Virgínia. Vim então estudar Engenharia nuclear para o Virginia Politecnical Institute,  mas tive que ir primeiro para o Old Dominion College para fazer estudos de habilitação. Sempre quis fazer tropa e estava aqui com uma licença militar porque era da incorporação de 65. Lisboa nunca me reconheceu os meus estudos aqui, pelo que em vez de ir para Mafra [, COM], fui para as Caldas [, CSM].

2. Comentário de L.G.:

Zé, para refrescar a tua memória: A CART 1746 eve como unidade mobilizadora o GCA 2, seguiu para a Guiné em 20/7/1967, regressou em 7/6/1969; esteve em Bissorã e no Xime; comandante: Cap Mil António Gabriel Rodrigues Vaz. O destacamento da Ponta do Inglês, onde esteve o Moreira, foi desativado ao Novembro de 1968. Tudo indica que tenhas chegado ao Xime, em janeiro ou fevereiro de 1969, um ou dois meses do início da Op Lança Afiada. Eu, periquito, quando desembarquei no Xime, em 2 de junho de 1969, ainda estavas lá tu.

Depois foste para Bissau, para o QG, onde ficaste os "últimos meses" da tua  comissão e regressaste a Lisboa já em 1970. Deves ter chegado à Guiné, com a 16ª Ccmds, meados ou finais de 1968... É isso ? É o que deduzo do que escreveste no primeiro poste (*): 


(...) Ofereci-me como voluntário para a 16ª Companhia de Comandos com a qual cheguei a Guiné em 68 [, não dizes em que mês]. No fim da fase operacional [, IAO,] não quis ser comando e fui então destacado para a Cart 1746, Xime, onde o Capitão Vaz me responsabilizou em formar um grupo de combate com o segundo pelotão cujo alferes tinha sido enviado para Lisboa doente" (...).

O Torcato Mendonça acrescenta o seguinte: 


"A Companhia do Xime era a Cart 1746, comandada pelo Cap Mil Vaz e pertencente ao Bart 1904. Os Alferes eram o [Gilberto ]Madaíl; um de Évora (Montes? creio que não, talvez Mata); um que foi evacuado para a metrópole em meados de 68 (estive com ele em Agosto de 68 na minha vinda de férias, acompanhado com o Cap Vaz); e um outro que era, salvo erro, de Angola. Não recordo o nome".

Antes da CART 1746,  passou pelo Xime a CCAÇ 1550 (1966/68) (estivera antes em Farim; era comandada pelo Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo). À CART 1746, seguiu-se a CART 2520 (1969/70) (que veio comigo na LDG), a CART 2715 (1970/71), a CART 3494 (1972/73) e a CCAÇ 12 (1973/74)...

Há cinco anos atrás, recebemos aqui um comentário do António Vaz:

(...) Chamo-me Antonio Vaz, tenho 73 anos e fui capitão miliciano, comandante da CART 1746, no Xime, de Janeiro 1968 até ao fim da comissão, em Junho de 1969.

Como companhia independente, conheci vários comandantes de batalhão: primeiro os de Bula e depois de Bambadinca. Dos que me recordo melhor foram o Cmdt do BCAÇ 1904, Ten Cor Branco, o Fontoura e o Pimentel Bastos. Todos diferentes, todos iguais. Do Pimentel Bastos recordo com saudade o espírito, a cultura e a simpatia ingénua de um homem que não nascera para aquilo. Nas muitas conversas que tive com ele compreendi o seu drama. Eu estimei-o. António Vaz (...)

[Vd. poste de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1025: Tenente-coronel Pimentel Bastos: a honra e a verdade (Luís Graça) ]

Zé, camarada, senta-se aqui ao pé de nós, sob o poilão, frondoso, secular, mágico, fraterno, inspirador, protetor, da Tabanca Grande (**), e deixa fluir (e partilha connosco) os teus pensamentos, memórias, emoções... Estou a acompanhar os teus comentários com muito interesse. Vou aproveitar alguns, para os editar em poste. Manda-me (ou tu, o Manuel Moreira) a tua a que te referes acima, e explica-me o que se passou na tal coluna Xime-Bambadinca em que o Júlio  "se cortou o corpo inteiro". Vejo, por outro lado,  que és um cidadão do mundo, mas intrinsecamente português. Para quem não escrevia em português há muitos anos, estás muito bem. Recebe um grande Alfa Bravo, querido camarada do Xime!... Meu, dos demais editores e do resto da Tabanca Grande. LG


PS - Vou pôr-te na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande (constante da coluna do lado esquerdo) como José Ferraz de Carvalho, se achares bem. Ou só José de Ferraz, se achares melhor.

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Notas do editor:

(*) 14 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9043: Camaradas da diáspora (7): José Marçal Wang de Ferraz de Carvalho, Fur Mil Op Esp, da 16ª CCmds e da CART 1746 (Xime, 1968/69): vive hoje em Austin, Texas, EUA

(**) Último poste da série > 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)