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domingo, 24 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22657: (De) Caras (180): 55 anos depois, o reencontro ao vivo, em São da João da Madeira, com o ex-alf mil médico Francisco Pinho da Costa (BCAÇ 1888, Fá Mandinga e Bambadinca, 1966/68) (João Crisóstomo, Nova Iorque, de visita a Portugal)


São João da Madeira > 23 de outubro de 2021 > Dois velhos camaradas do tempo de Porto Gole: o alf mil at inf João Crisóstomo, da CCAÇ 1439 (1965/67) e o alf mil médico Francisco Pinho da Costa, do BCAÇ 1888 (Fá Mandinga e Bambadinca, 1966/68).


São João da Madeira > 23 de outubro de 2021 > À esquerda, o ex-alf mil médico António Azevedo Praia de Vasconcelos, do BCAV 1897 (Mansoa e Mansabá, 1966/68).


Fotos (e legendas): © Vilma / João Crisóstomo (2021).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do João Crisóstomo, com data  de hoje, dia 24, às 10:14:, antes do encontro marcado para hoje, domingo, com missa às 12h30, no Mosteiro  do Varatojo, Torres Vedras, das famílias Crispim & Crisóstomo (*):


Caro Luís Graça,
   
Acabo de chegar a casa (, em Torres Vedras, depois da Vilma ter regressado a bordo, no passado, dia 20, vinda da Eslovénia) . Gostas que partilhemos experiências relacionadas com a Guiné … aqui vai o que se passou ontem comigo:

Fui a Coimbra onde tinha deixado para encadernar um calhamaço que comprei um dia numa feira em Nova Iorque. Reencaderná-lo lá era proibitivo mas lembrei-me de o fazer em Portugal. E foi em Coimbra que encontrei quem o fizesse. 

Aí lembrei-me de vários amigos e camaradas que tenho encontrado em anos anteriores e que gostaria de encontrar outra vez. Tenho pena de o não poder fazer, que o tempo e outras razões não permitem tudo. Mas há um indivíduo, camarada da Guiné,  que, graças ao António Figueiredo,   da minha CCaç 1439,   eu consegui reencontrar há cerca de dez anos e com quem tenho falado desde então pelo telefone, mas cuja oportunidade de encontrar pessoalmente tem sido elusiva. 

 Sabia que ele morava perto dali e telefonei-lhe. Estava em casa e ficou satisfeito de saber que eu estava em Portugal. Imediatamente combinamos um encontro/almoço num restaurante local, o "Katekero", mesmo em frente da câmara municiipal e lá fomos, eu e a Vilma a conduzir como de costume, até S. João da Madeira.

Não te preciso dizer o que senti, que em circunstâncias é experiência muito repetida , mas que não deixa de ser menos sentida sempre que um de nós reencontra um camarada.

Dentro em pouco falávamos da Guiné: 

"Olha, João    − disse- me ele logo ao começar   −, estive lá só quatro meses,  mas fiquei a gostar daquilo e hoje tenho saudades.” 

E logo lembrou a emoção que sentiu um dia quando numa visita ao Porto, em frente ao centro comercial de Brasília,  deparou com o capitão Amândio Pires, comandante da CCaç 1439…
 
Trata-se do alferes médico Francisco Pinho da Costa, do BCaç 1888,  sediado em Bambadinca,  em 1965 /66. Tem agora 84 anos, com uma memória ainda muito boa, lembrando coisas nos seus pormenores, capacidade que eu há muito perdi substancialmente. 

Perante a minha surpresa, uma vez que estivemos na Guiné na mesma altura e ele ter mais sete anos que eu, explicou que isso se deve ao facto de ter adiado o serviço militar várias vezes para que ele pudesse acabar o seu curso de medicina. Pensei que ele tinha feito o curso de oficial miliciano em Mafra, mas esclareceu-me me "ter sido preparado" em Santarém, uma preparação rápida "ad hoc" (disse ter sido apenas cerca de um mês, se me não engano) ao fim da qual, mesmo sem saber ainda bem o que era e como funcionava uma G3, foi enviado em rendição individual para a Guiné.



Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966). De pé à esquerda, na primeira fila, de óculos,  o alf mil médico Francisco  Pinho da Costa, hoje, com 84 anos, a residir em São João da Madeira.

Foto (e legenda): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Apesar das poucas vezes que estive com ele (ele apenas esteve na Guiné quero meses e apenas apareceu algumas vezes na CCaç 1439), lembro-me bem dele, como um indivíduo afável, bem disposto e sempre a querer ajudar no que quer que fosse: mostrei-lhe,  no computador que propositadamente tinha trazido,  vários postes do nosso blogue, nomeadamente os postes P22258 e P22478. Ele aparece numa foto (vd, acima),  a do primeiro poste, o P22258 ( da esquerda é o segundo, de óculos, ) por ocasião da visita da Supico Pinto a Porto Gole e reconheceu , parece mais e melhor que eu, a maioria dos que aparecem nessa foto. Outras fotos que lhe mostrei foram para ele momentos de emotiva saudade. 
 
Mas foi a leitura do relatório sobre a operação Gorro que lhe ocasionou ume enxurrada de comentários e detalhes, alguns deles a meu respeito que eu tinha já completamente esquecido mas que me vieram à memória então.

Lembrou que o Capitão Pires o havia mandado para ir nessa "saída ao mato”. Mas,  quando ele se preparava para o fazer,   alguns elementos da tabanca vieram ter com ele, avisando-o que não fosse. Mas ele não lhes deu ouvidos: o capitão tinha-o mandado ir e portanto ia. Mas que mais tarde os mesmos membros da tabanca que o haviam aconselhado a não sair, voltaram e desta vez com mais insistência o avisavam de que não devia ir pois que iam ser atacados. Que não lhes deu atencão, mas que,  perante a insistência deles de que iam ser atacados,  resolveu então levar uma G3, como todos os outros.

Lembra-se de ir em pé em cima do “granadeiro”,  agarrado à “parede da frente "por trás do condutor António Figueiredo, quando a mina explodiu e foi pelos ares. "Foram os maiores minutos da minha vida”… sentiu e ficou consciente do sopro da explosão que o fez ir pelos ares mas que depois "parecia nunca mais chegar ao chão”… 

 E quando de pernas direitas atingiu o chão, percebeu logo que tinha partido uma das pernas, para logo verificar que tinha o calcanhar e tornozelo da outra também estavam partidos. Mas que haviam vários feridos (pensa ele que eram cerca de oito) , os que foram com ele pelos ares e as dores eram sofríveis. 

Com um bocado duma tábua e alguma ajuda que lhe deram ele próprio endireitou e imobilizou a  perna partida e começou a ajudar aqueles que precisavam da sua ajuda; lembra-se de ter instruido um indivíduo — pensa ele que era um cabo enfermeiro que estava ferido — a tapar e fechar com os próprios dedos a veia junto ao ouvido, pois este estava a sangrar pelos ouvidos e tinha de ser evacuado imediatamente. Depois de evacuado nunca soube mais dele.

E lembra-se bem de mim: que eu ia ao lado do condutor e que eu ia a dormitar quando a mina rebentou. A mim e ao condutor não nos sucedeu nada, apesar de termos sido lançados pelos ares. Lembra-se que eu o abracei quando vi que ele estava vivo; e lembrou-me dum facto que de todo tinha esquecido até hoje: que lhe disse que eu estava ferido, mas que não sentia dores, mas que — dizia eu— o sangue me corria pelas pernas. E logo verificou que o que eu pensava ser sangue a escorrer na perna era apenas o azeite de uma lata de sardinhas… Sucede que eu tinha comigo a ração de combate e um estilhaço qualquer atingiu o meu saco da ração de combate mas a lata de sardinhas salvou-me do pior. E a verdade é que quando ele mencionou isto eu lembrei-me imediata e vivamente de tudo isso. 

O raça da idade faz destas coisas… . Como me lembrei também da troça de que fui alvo depois muitas vezes … o que me admira é ter completamente esquecido isto; um facto que se não fosse o médico a lembrar-me agora, provavelmente nunca mais me viria à memória…

E foram umas atrás das outras, as histórias e memórias que relembramos, umas boas, outras menos boas: a historia dum alferes, Alves Moreira, conhecido como "o Grilo” que era comandante do Xime: havia no Xime um cão de guerra ( devo dizer que nunca ouvi isto antes) que,  embora não atacasse ninguém sem razão, só respeitava mesmo o soldado que o havia treinado. O alferes porém pensava que, porque alferes, sabia melhor que os outros, e gostava de mostrar as suas capacidades e conhecimentos no manejo de cães de guerra; mas o cão parecia não concordar e não reconhecia autoridades; e um dia atirou-se ao alferes que apenas se salvou de pior porque o treinador presente controlou imediatamente “ aquela falta de respeito” a um oficial . 

Um dia perguntou o que é que seria feito do cão quando o treinador deixasse de o ser por qualquer motivo. Para seu desmaio foi informado que muito provavelmente nessa altura o pobre bicho teria de ser abatido… O mesmo alferes estava um dia em cima duma ponte (que identificou mas cujo nome não lembro,) e estava de queixo e braço apoiados na proteção/berma da ponte, quando dele se aproximou um indivíduo que havia acabado de chegar ao Xime. E, ainda periquito, não sabendo de quem se tratava mas procurando informação ou conselho, aproximou-se dele e perguntou: 

"Olha lá, tu conheces o comandante aqui do Xime? dizem-me que é um grande filho da puta”… Ao que o alferes, sem uma nem duas, espetou-lhe uma grande murraça enviando o inocente desgraçado para o meio do rio…

Do Enxalé lembrou ainda que quando aí esteve havia uma grafonola; mas o problema é que só havia um disco e ele depressa se cansou da variedade musical que isso oferecia… Foi neste momento que eu compreendi que deve ter sido então no Enxalé que nasceu o popular dito "vira o disco e toca o mesmo"…

E quando estávamos nós neste desfilar de recordações apareceu um indivíduo que conhecia bem o nosso Francisco Pinho da Costa. Depois das devidas apresentações, vim a saber que se tratava de um outro veterano da Guiné, de nome António Azevedo Praia de Vasconcelos. Também ele foi alferes miliciano médico nos anos 1966/68 do BCAV 1897, cujo comandante era o tenente coronel Vasconcelos Porto, e lembrava as companhias desse batalhão : CCav 1615, 1616 e 1617 . Esteve em Canquelifá, Nova Lamego, Madina do Boé, Mansabá, e Bissorã (se bem percebi estes últimos dois nomes). 

Tivmos pena do encontro ter acontecido tão "em cima da hora"; o Francisco Pinho da Costa (e parece-me que o recém-chegado António Vasconcelos também) conhecem o Adão Cruz , membro da nossa Tabanca Grande, e teria sido um encontro ainda mais interessante. Mas "como não pode ser desta vez, ficará para outra ocasião".. Oxalá as distâncias e idades o permitam. (**)

João Crisóstomo

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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 19 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22645: (De)Caras (144): O que é que o José Manuel Matos Dinis (1948-2021) pensava do nosso blogue, em abril de 2013

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22322: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte X: Op Garrote, 23 de maio de 1966, golpe de mão na região de Madina / Belel



João Crisóstomo (Nova Iorque)


1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)



CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé,
Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história”
como eu a lembro e vivi
(João Crisóstomo, luso-americano,
ex-alf mil, Nova Iorque) (*)


Parte X: Dia 23  de Maio de 1966, Operação Garrote: golpe de mão na região de Madina /Belel

 

Como não tenho qualquer memória  desta Operação Garrote , excepto pelo que depois ouvi falar dela, acredito que não participei nesta operação.   Por este motivo vou transcrever  o que me parece mais relevante, tal  como  consta no “relatório”.

(...) A CCAÇ 1439  realizou uma  importante operação, de nome  Garroye  na região de Madina /  Belel. Golpe  de mão da CCaç 1439:  (...) para os bons resultados desta Operação muito contribuiu o guia utilizado, Pedro Pina. 

As NF  divididas em dois escalões, actuaram da seguinte forma: O 1º  escalão desenvolveu um cerco  seguido de assalto tendo apanhado de surpresa o IN. Com o movimento e forças das NT,  o IN não conseguiu reagir imediatamente. Em virtude do acampamento IN estar bastante disperso , o cerco não pode efectuar-se com perfeição tendo parte do IN conseguido esquivar-se à acção das NF. Feito o assalto fizeram-se as baixas  e capturou-se o material que abaixo  se descrimina.

Organizou-se uma força de perseguição dos elementos que conseguiram esquivar-se à acção das NT. Depois de batida toda a zona, iniciou-se o regresso ao quartel  tendo o IN emboscado as NF na região de Madina. Novo  grupo de perseguição  tentou cercar os elementos do IN emboscantes,  tendo-se os mesmos esquivado ao contacto." (...)

Segue-se uma descrição bastante exaustiva dos “resultados”, os quais  se resumem como segue:

(i) destruição do Acampamento IN; baixas infligidas ao IN: 4 mortos confirmados  e feridos confirmados em número não estimado. Foram  capturadas duas mulheres 

(ii) material capturado:  6 espingardas mauser; 3 pistolas metralhadoras de  diversas marcas ; 13 granadas de diversos tipos ;15 carregadores de diversos tipos; 356 munições de varios tipos; 2 livros de escola da PAIGC.

Durante  a emboscada foram atingidos ligeiramente os soldados da CCaç 1439,   Francisco Assis de Freitas,  nº 334/65, e o soldado de 2ª classe ,da provímciaa, Calubus Pago. nº 218/63l

Pessoal que foi distinguido durante esta Operação:

Alf mil Luís Manuel Zagalo de Matos;

2o Sargento António Manuel Azevedo;

Furriel Mil Eduardo José Ferreira de Oliveira;

1º cabo  276/65 Manuel Fernandes

soldado 607/63Manuel Rosa de Oliveira

Caç nativo Quemó Nanquin

Caç nativo Queba Soncó

1º cabo da P.A. 236/64 Bonco Sanhá

1º cabo da P. A. 240/ 64 -Sori Baldé

Refe5ência elogiosa  à Operação  Garrote  feita pelo Comando de Agrupamento nº 24 (Bafatá, 1965/67):

"Apraz a este comando registar a boa concepção  dos planos estabelecidos, e dentro dos condicionamentos impostos mais pelo terreno  do que pelo IN, o acertado desenrolar da acção  e comportamento da NT bem secundadas  senão igualado ultrapassado  pelos actos individuais de caçadores nativos e elementos da Polícia Administrativa".

Dia 30 de Maio de 1966

 No dia 30 de Maio a CCaç 1439 escoltou o Exmo Cmdt  do BCaç 1888 e official de operações do mesmo de Enxalé a Porto Gole.

As NT sofreram duas emboscadas na região de Besmunha. As NT reagiram convenientemente gtentando um envolvimento e e posteriormente um assalto às posições IN. O IN foi desalojado das suas posições e perseguido, furtando-se ao combate.

O official de operações do BCaç 1888,  foi atingido por rebentamento de uma Granada ofensiva, supõe-se que lançada com dispositivo, pois o IN encontrava-se instalado a mais de 100 metros da Estrada.

(Continua)

_________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 6 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22258: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte IXb: Porto Gole: 3 de março de 1966, ataque IN, e visita da "Cilinha"

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21617: Os nossos capelães (15): Fiz uma vez uma operação, em que ia o capelão, que pelas vestes me parecia franciscano... Era gorducho e baixinho... Seria o Pe. António Paulo Frade, o capelão do BCAÇ 1888 (Bambadinca, 1966/68)? (José António Viegas, ex-Fur Mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68


1. Mensagem do nosso camarada  José António Viegas, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e  Ilha das Galinhas, 1966/68).
 
Date: sábado, 5/12/2020 à(s) 22:15
Subject: Padres Franciscanos

Boas Luis

Hoje tive a agradável surpresa de um telefonema do João Crisóstomo a desejar as Boas Festas.

Estivémos a conversar  um bocado e veio à baila o assunto dos padres franciscanos, Numa das últimas operações com a CCAÇ  1439,  já não consigo lembrar se nos fins de 66 ou princípio de 67,  fizemos uma operação ao nível de Batalhão,  que era o BCAÇ 1888, e vinha integrado um Padre Franciscano, gorducho e baixinho, que nos acompanhou na operação, 

Lembro de brincar com ele a dizer como é que ele aguentava o calor com aquelas vestes castanhas e pesadas. O João não ia nessa operação e não tem idéia de quem seja ele,  o Franciscano estava sediado em Bambadinca.

Vou tentar contactar o meu Alferes [, cmdt do Pel Caç Nat 54,] ou outros Camaradas para ver se têm alguma idéia.

Um abraço

Viegas

2. Comentário do editor LG:

Viegas, obrigado pela tua mensagem e o carinho que manifestas sempre pelo  nosso blogue. Obrigado pelas tuas boas festas, que eu retribuo em nome de toda a nossa Tabanca Grande, Tudo de bom para ti, família, amigos e demais camaradas da Tabanca do Algarve.

Em relação à informação que prestas, sobre o capelão do teu tempo, vamos lá a ver se te dou uma pista (*)... O BCAÇ 1888, a que estava adido o teu Pel Caç Nat 54, partiu para o CTIG em 20/4/66 e regressou a 17/1/68 [Vd. ficha de unidade, no ponto 3, a seguir]...

Na lista dos 113 capelães que passaram pelo CTIG durante a guerra (**), encontro um nome, cuja comissão coincide justamente com a comissão de serviço do BCAÇ 1888: é o nº 31 da lista, e chama-se António Paulo Frade, mas em princípio não seria franciscano (OFM - Ordem dos Frades Menores], mas sim do clero regular....

A única referência que encontrei a este capelão foi a seguinte:

(...) "Sensivelmente a meio da comissão, chegou a Salazar [, Norte de Angola,] o novo Capelão militar, um meu antigo chefe escuteiro, de nome António Paulo Frade, que passou a dar-se muito bem com o Comandante Carvalho" (...). Fonte: Blogue do PAD - Pelotão de Apoio Directo, nº 1245, 1967/69, criado e mantido pelo ex-fur mil Álvaro RoxoVaz, que mora no Fundão. 

Este PAD, comandado pelo tenente Carvalho, partiu para Angola em 11/10/1967 e ficou instalado em Salazar [, hoje N’Dalatando}, Quanza Norte, adido ao BCAÇ 13. A maior parte do pessoal metropolitano do PAD 1245, regressou a casa em 27/12/1969. O capelão António Paulo Frade devia, pois, pertencer ao BCAÇ 13.

Acabada a comissão no CTIG, em 21/1/1968, deduzimos que este  capelão fez uma segunda comissão em Angola para onde deve ter partido  em finais de 1968 (a meio da comissão do PAD 1245).



Excerto da lista dos 113 capelães que passaram pelo CTIG (**)

3. Ficha de unidade > Batalhão de Caçadores nº 1888 (BCAÇ 1888)
 
Unidade Mob: RI I - Amadora
Cmdt: TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar
2.° Cmdt: Maj Inf Artur Miguel Agrely Rebelo
OInfOp/Adj: Não identificado
Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE Manuel Pereira Pimenta de Castro
CCaç 1549: Cap Mil lnf José Luís Adrião de Castro Brito
CCaç 1550: Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo
CCaç 1551: Cap Mil Inf Francisco Silva Pinto Pereira
Divisa: "Vendo, Tratando e Pelejando"

Partida: Embarque em 20Abr66; desembarque em 26Abr66
Regresso: Embarque em 17Jan68

Síntese da Actividade Operacional

Em 26Abr66, rendendo o BCaç 697, assumiu a responsabilidade do Sector L I, com sede em Fá Mandinga e a partir de 14Nov66, em Bambadinca, e abrangendo os subsectores de Xitolc, Xime, Bambadinca e Enxalé, este até  1Jul67 e retirado ao sector por alteração dos limites.

Comandou e coordenou a actividade das forças que lhe foram atribuídas, orientando a sua acção sobre as linhas de infiltração do inimigo, em patrulhamento, reconhecimentos e emboscadas em ordem a obstar à sua instalação e movimentação na zona. Desenvolveu ainda uma intensa actividade psicossocial junto das populações, promovendo a sua autodefesa e reordenamento e garantindo a segurança dos itinerários e a recuperação das populações.

Dentre o armamento capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora pesada, 2 metralhadoras ligeiras, 70 espingardas, I lança-granadas foguete, 4 minas, 28 granadas de armas pesadas e 3000 munições de armas ligeiras.

Em 16Jan68, foi rendido no sector de Bambadinca pelo BArt 1904 e recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
 
 Duas das suas companhias estiveram em (ou passaram por) o Sector L1: a CCAÇ 1550 e a CCAÇ 1551

A CCaç 1550 seguiu imediatamente para Farim, a fim de substituir a CCaç 675, como subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 733 e depois do BCaç 1887, orientada para a realização de patrulhamentos, emboscadas e acções sobre os corredores de Sambuiá e Samine.

Em 28Dez66, foi rendida pela CCaç 1546, e após curta permanência em Bissau, seguiu em 03Jan67 para Xime, a fim de substituir a CCav 1482. Em 1lJan67 , assumiu a responsabilidade do subsector de Xime, com efectivos destacados em Ponta do Inglês, Taibatá e Galomaro e depois ainda em Demba Taco, Samba Silate e Candamã, estes por períodos curtos e variáveis, ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 09Jan68, foi rendida no subsector de Xime pela CArt 1746 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A CCaç 1551, seguiu imediatamente para Bambadinca, a fim de substituir a CCav 678 e assumir a responsabilidade do respectivo subsector e, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão. Por períodos variáveis, destacou efectivos para guarnecer destacamentos em Amedalai, Taibatá e Candamã, tendo em 14Nov66 transferido a sua sede para Fá Mandinga.

Em 27Jan67, por troca com a CCaç 818, assumiu a responsabilidade do subsector de Xitole, com um pelotão destacado em Saltinho, mantendo-se no mesmo sector. Destacou ainda efectivos para guarnecer os destacamentos em Cansamange, Quirafo e Ponte do rio Pulom, por períodos curtos. A partir de princípios de Jun67, passou a ter um pelotão destacado em Mansambo. 

Em 14Nov67, por troca com a CArt 1746, voltou para Fá Mandinga, de onde seguiu para Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso. Observações

Tem História da Unidade incompleta (Caixa n." 72 - 2: Div/d." Sec., do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 85/87.
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >  3 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21605: Os nossos capelães (14): João Baltar da Silva (Santo Tirso, 1944 - Moçambique, 2011): fez duas comissões no CTIG, de 16/9/1971 (Joaquim L. Fernandes, ex-alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974)

(**) Vd. poste de 17 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19023: Os nossos capelães militares (9): segundo os dados disponíveis, serviram no CTIG 113 capelães, 90% pertenciam ao Exército, e eram na sua grande maioria oriundos do clero secular ou diocesano. Houve ainda 7 franciscanos, 3 jesuitas, 2 salesianos e 1 dominicano.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20057: Consultório militar do José Martins (44): as medalhas que não foram entregues: o caso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)





Brasão da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)




1. Trabalho de pesquisa do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70; vive em Odivelas; tem já perto de 400 referências no nosso blogue):



HÁ MEDALHAS QUE NÃO ENTREGUES 


Nem todas as medalhas, que foram atribuídas a militares que estiveram nos diversos teatros de operação nas antigas províncias portuguesas, foram entregues aos galardoados.

Referi-me, em especial à Medalha da Cruz de Guerra ou outras Medalhas, ou porque não se acharam merecedores de tal condecoração ou que, por desconhecerem esse facto, nada fizeram pela sua entrega.

A atribuição de Medalhas iniciava o seu processo com a citação de acção praticada em campanha, que levava muitas vezes o comandante da companhia a promover um louvor em Ordem de Serviço da unidade. Essas Ordens de Serviço eram enviadas para o Batalhão e, muitas vezes, esse louvor era considerado como “sendo dado pelo comandante do batalhão” e assim subindo na cadeia hierárquica.

Apercebi-me, provavelmente pela leitura de algum comentário, que na Companhia de Caçadores nº 1439 [, CCAÇ 1439],  mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15, aquartelada em Tomar, havia quem não tivesse recebido a medalha atribuída.

Pois bem, quem não recebeu a medalha, ou saiba que algum familiar seu não a tenha recebido, pode iniciar o processo da outorga da mesma, requerendo a sua entrega física, ainda que a “título póstumo”.



Companhia de Caçadores nº 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)

Ano de 1966 


MEDALHA DE VALOR MILITAR



■ Soldado de Infantaria, de 2ª classe, nº 925/64 MAMADU JALÓ 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - RI 15 GUINÉ
 - Grau Cobre, com palma 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO n" 31 - 3.a série, de 1966:

Por Portaria de 27 de Dezembro de 1966: Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Medalha de Cobre de Valor Militar, com palma, nos termos do artigo 7º, com referência ao parágrafo 1º do artigo 51º do Regulamento da Medalha Militar de 28 de Maio de 1946, o Soldado de 2.a classe nº 925/64, Mamadu Jaló, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - porque na operação "Avante", quando as nossas tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das nossas tropas, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ser um desastre.

Durante esse avanço, ao ver que o Furriel António Nunes Lopes, que fazia parte do mesmo grupo, como seu comandante de Secção, estava a ser insistentemente alvejado com tiros de pistola metralhadora, num gesto de abnegação extraordinária lançou-se sobre ele e cobriu-o com o seu corpo para o proteger, com grave risco da própria vida, demonstrando não só uma dedicação sem limites pelos seus superiores, mas ainda qualidades de desinteresse e de sacrifício exemplares e coragem moral.


Ministério do Exército, 27 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.



MEDALHA DA CRUZ DE GUERRA

■ Caçador auxiliar NAUSER SANA 
– 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série, de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Caçador auxiliar, Nauser Sana - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Caçador auxiliar Nauser Sana, do Xime, porque na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre.

Durante o assalto às casas do mato, sempre a par do saudoso, inesquecível e extraordinário caçador nativo Adão Canala, demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, pois, nos lugares onde este fosse maior, ele lá estava avançando sempre sem medo.

Demonstrou serena energia e sangue frio debaixo de fogo, que não se alteraram, mesmo depois de saber estar morto o seu companheiro Adão. Portou-se, pois, como um valente perante o Inimigo oculto e traiçoeiro.

■ Civil contratado BRAMA LAI 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Civil contratado, Brama Lai - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (publicado na OS nº 78, de 21 de Setembro de 1965, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 17 do corrente e por proposta do Exmº Comandante do Batalhão de Caçadores nº 697, louva o nativo contratado Brama Lai, do Xime, porque, na Operação "Avante", em que esteve presente como carregador de munições, quando as Nossas Tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, como voluntário, do grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre. 

Teve consciência do perigo, mas quis contribuir com a sua presença e com a sua arma, no lugar mais arriscado, no que demonstrou coragem e decisão de enfrentar o perigo, serena energia, sangue frio, valentia e bravura debaixo de fogo, ao continuar avançando em busca dos bandidos, mesmo depois de ter um braço esfacelado.

■ Caçador Nativo - ADÃO CANALA 
- 1ª CLASSE (Título póstumo) 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 – 3ª série, de 1966. Por Portaria de 23 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores 697, a título póstumo.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores nº 697, com a seguinte redacção: Porque, prestando serviço no Xime e tendo já dado provas admiráveis e excepcionais, tanto na detecção de minas inimigas - a ponto de lhe ter ficado a fama de que tinha um sexto sentido apuradíssimo para este trabalho, devido ao número daqueles engenhos que detectara, com um interesse e entusiasmo invulgares - como na preparação de um grupo de caçadores nativos de que era chefe, grupo que a tropa preferia e de que não prescindia para as picagens, pela confiança que lhe inspirava, e com o qual, não só estava sempre pronto a desempenhar em todos os momentos qualquer missão que surgisse. Foi voluntário frequentes vezes para montar emboscadas durante a noite e, com grande espírito de sacrifício, confirmou nas operações "Bravura" e "Avante", o seu portuguesismo sem mácula e a sua firme vontade de vencer, revelando na primeira operação, como componente de um grupo de eliminação de sentinelas, o seu sangue-frio e audácia notáveis e na segunda, em que, encontrando-se com as nossas tropas debaixo de nutrido e violento fogo inimigo não localizado, em terreno que nos era de todo desfavorável, a um sinal do Comandante da operação, avançou, integrado num reduzido grupo, correndo em direcção às origens dos tiros, disparando uma G3 para onde vinha mais fogo inimigo, procurando sempre o objectivo oculto e traiçoeiro, sem se preocupar com as balas que sibilavam à sua volta. Com esta arrancada heróica obrigaram o Inimigo a suspender o fogo, do que resultou poderem as nossas tropas safar-se da situação crítica em que se encontravam e a transformar em sucesso para nós, embora com baixas, o que parecia ir ser um desastre. Foi mortalmente atingido ao avançar, sempre com a sua arma a disparar. Morreu como herói, com a obstinada abnegação de salvar os seus camaradas de combate, correndo para isso ao encontro dos bandidos. 

Com este feito demonstrou cabalmente, o jamais esquecido jovem caçador Adão, a sua coragem, a sua bravura, a sua decisão, o seu notável sangue-frio e sua serena energia debaixo de fogo e inscreveu o seu nome no número dos heróis da "Ditosa Pátria Que Tais Filhos Tem".
Ministério do Exército, 23 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.


■ Furriel Miliciano de Infantaria - ANTÓNIO NUNES LOPES 
 -  Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 - 3.a série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Furriel Miliciano de Infantaria, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 694 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. Publicado na OS nº 89, de 29 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Furriel Miliciano, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, com a sua Secção reforçada, do grupo que, sob o comando do Comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que podia ter sido um desastre.

Durante esta acção incutiu no seu grupo a necessidade de avançar, a fim de descobrir e aniquilar um dos grupos Inimigo que mais flagelava as Nossas Tropas, com o que demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, a sua serena energia e sangue frio debaixo de fogo, bem como a sua valentia e bravura perante o Inimigo traiçoeiro, nada tendo havido que conseguisse quebrar o seu ânimo, nem mesmo a morte de um dos seus melhores elementos ou o sibilar das balas à sua volta.


■ Alferes Miliciano de Infantaria - JOÃO FRANCISCO CRISÓSTOMO
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 20 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Alferes Miliciano de Infantaria, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na Operação "Avante", durante o combate, comandando um grupo de destruição e busca, teve um comportamento exemplar, quer na atribuição de funções aos componentes desse grupo, quer dinamizando todo o seu pessoal, não permitindo, com grande sangue frio, que o facto de haver um morto e um ferido no seu Pelotão, provocasse desânimo. Esteve verdadeiramente à altura no desempenho do que lhe fora determinado. 

Mostrou-se um oficial valente que soube disciplinar e levar os seus homens ao cumprimento da missão, avançando alheio ao perigo e com a consciência de que para vencer é necessário penetrar nas posições inimigas. Durante o regresso, num acto de abnegação digno de apreço, vendo o cansaço nos seus homens, não hesitou em transportar, ele próprio, durante cerca de um quilómetro, o corpo de um dos seus, abatido naquela operação.


■ Capitão Miliciano de Infantaria - AMÂNDIO MANUEL PIRES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 2ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 22 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar, para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, com a seguinte redacção: Porque, tendo já evidenciado extraordinárias qualidades de comando e competência na condução da operação "Bravura", de que foi comandante, conseguindo assim muito bons resultados, tanto em baixas inimigas como em material de guerra e importantes documentos capturados, bem como na destruição de instalações e meios de vida, confirmou as suas invulgares qualidades de condutor de homens na operação “Avante", que tão bem comandou, pois, ao ver que, com as suas forças, se encontrava debaixo de violento e nutrido fogo Inimigo em terreno manifestamente desfavorável às nossas tropas, e apercebendo-se do perigo que corriam em tal situação, decidiu, com excepcional sangue-frio, coragem e serena energia, numa arrancada heróica, correr, debaixo de fogo, com um pequeno grupo de homens, contra o Inimigo.

 Com esta corajosa iniciativa, que marca o valor do seu autor, fez parar o fogo adversário e safar as nossas tropas de tão crítica situação. E aquilo que podia ser um desastre resultou, finalmente, embora com baixas para as nossas tropas, na captura de material de guerra e de outros importantes materiais, bem como na destruição de instalações e meios de vida do Inimigo.
Ano de 1967


■ Alferes Miliciano de Infantaria - LUÍS MANUEL ZAGALO DE MATOS
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 2 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgada pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho de 07 de Dezembro do ano findo, do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, o Alferes Miliciano, Luís Manuel Zagalo de Matos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Mil, Luís Manuel Zagalo de Matos, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, a que pertence, comandou o grupo de assalto com a valentia já revelada noutras acções da Companhia e entusiasmou o seu pequeno grupo que se lançou ao assalto com tal rapidez, que impediu que o inimigo tivesse tempo de refazer-se, momentaneamente, da surpresa. Embora o Inimigo se furtasse ao combate, ele mesmo comandou o grupo de perseguição, tendo revelado o maior sangue frio, valentia e conhecimento da luta de guerrilhas, atraindo o Inimigo ao combate, onde foi francamente batido, esquivando-se e dispersando. Ainda no comando do grupo de perseguição e quando este foi emboscado, mesmo assim conseguiu aproximar-se do Inimigo, o qual, apesar do violento fogo que desencadeou, mais uma vez se furtou ao combate e dispersou, sendo perseguido durante cerca de meia hora. 


Revelou as mais nobres qualidades militares de valentia e elevada percepção das técnicas de guerra de guerrilhas enfrentando o perigo com todo o desprezo, tendo como único fim o aniquilamento do Inimigo. 


■ 1º Cabo de Infantaria, n º 584/65 - JOÃO FERNANDES BARRADAS 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - BII 19 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O 1º Cabo nº 584/65, João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Iº Cabo nº 184/65 (5432465), João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a acção de perseguição na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e destemido, actuando debaixo de fogo Inimigo. Perseguiu um elemento Inimigo com acções de fogo, obrigando o mesmo a abandonar a sua arma semi-automática Simonov, depois de ferido.

 É um belo exemplo para os seus camaradas, tendo actuado no momento oportuno com toda a valentia e alcançado o que se pretendia.



■ Soldado de Infantaria, nº 9244165 - FERNANDO MACEDO RODRIGUES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 9244165, Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 118/65 (9244165), Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a perseguição feita ao Inimigo na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e com sangue frio, desprezando o perigo e obrigando o Inimigo a abandonar os fardos que transportava. Causou prováveis baixas e capturou material ao Inimigo.

■ Soldado de Infantaria, nº 7158865 - AGOSTINHO DA TRINDADE BAPTISTA
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 7158865, Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 230/65 (7158865), Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque à semelhança do que tem acontecido em várias operações da sua Companhia, se tem manifestado um elemento sempre pronto aos maiores esforços físicos. Durante a acção de fogo na operação "Golo 3", revelou coragem, sangue frio e desprezo pelo perigo, avançando debaixo de fogo contra as posições donde o Inimigo flagelou as NT. Causou baixas prováveis, obrigando o Inimigo a abandonar o material. 

É um militar capaz de missões arriscadas, tornando-se um bom elemento para os seus camaradas e merecendo a justa admiração dos seus superiores.


■ Soldado cozinheiro, nº 3715565 - MANUEL EUSÉBIO NASCIMENTO FERNANDES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado cozinheiro nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque durante todas as operações feitas pela sua Companhia, tem sido sempre um elemento voluntário, cheio de espírito combativo e alinhado sempre nos grupos mais expostos durante as acções de fogo. 

Na operação "Golo 3", revelou coragem, valentia e sangue frio numa acção individual, investindo com desprezo da própria vida e debaixo de fogo, contra as posições do Inimigo, o qual se furtou ao combate e abandonou algum material.


■ 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64 - SORI BALDÉ - Polícia Administrativa 
– CTIG - 4º CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12ª do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64, Sori Baldé - Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o 1º Cabo da Polícia Administrativa n? 240/64, Sori Baldé, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, foi voluntário e embora com um pé ferido enfrentou o Inimigo com ardor e valentia. Desprezando o perigo, tornou-se alvo de admiração de todos quantos presenciaram a sua acção, invectivando o Inimigo com ditos guerreiros, acompanhados de fogo certeiro. Apesar do agravamento do seu ferimento não esmoreceu um instante mostrando-se sempre onde havia mais perigo. 

Este caso tornou-se notado e foi também objecto de elogiosas referências do médico. Demonstrou espírito de sacrifício, valentia e portuguesismo.



■ Caçador Nativo - QUEMÁ NANQUI - Civil 

- CTIG - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quemá Nanqui, Companhia de Caçadores 1439 Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quemá Nanqui (Chefe da Tabanca de Enxalé), porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, sempre voluntário em todas as operações desta zona, confirmou, mais uma vez, o seu valor incontestável. Sempre presente nos lugares mais expostos, desprezando o perigo durante o ataque, fazendo parte do grupo de assalto, temerariamente lançou-se contra as posições Inimigo, causando baixas, e actuando sempre debaixo de fogo. 

Confirmou as suas qualidades durante a reacção à emboscada, em que mais uma vez, desprezando a própria vida, alcançou as posições Inimigo debaixo de fogo. É um português e combatente dos melhores.

■ Caçador Nativo - QUEBÁ SONCO - Civil - CTIG - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6- 2ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quebá Sonco, Companhia de Caçadores 1439 - Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quebá Sonco, porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, voluntário como sempre em todas as operações e filho do régulo de Cuor, elemento permanente nas horas de perigo de todas as Companhias que passaram por esta zona, mais uma vez confirmou a sua valentia, sendo o primeiro elemento a entrar no acampamento ln e causando-lhe a primeira baixa, o que desmoralizou sem dúvida o adversário, continuando a avançar sempre, alheio ao perigo iminente do fogo Inimigo. 

É um exemplo digno de ser imitado por todos os régulos da Guiné Portuguesa.


■ Soldado Telefonista nº 2652365 JÚLIO MARTINS PEREIRA 
- Companhia de Caçadores nº 1439- BII 19 – 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 11 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12?do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 07 de Fevereiro de 1967: O Soldado nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 01, de 05 de Janeiro de 1967, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 20Dez66, considerou como dado por si o louvor constante do artigo 3º da OS nº 181, de 29Nov66, do Batalhão de Caçadores nº 1888, que a seguir se transcreve: Louvo o Soldado Telefonista nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque quando do rebentamento, sob um Unimog, de um engenho explosivo, na coluna em que se deslocava e em presença de tão grande catástrofe e das baixas que resultaram, se ofereceu voluntária e conscientemente para ir até à localidade mais próxima, apesar de serem cerca de 7 kms, para pedir evacuação para os feridos, o que fez sozinho e em corrida veloz. 

É de notar a abnegação e a coragem deste Soldado, que por dedicação aos seus camaradas e com perfeito conhecimento dos seus deveres, não se poupou a qualquer dificuldade e aos perigos que poderia encontrar nesse trajecto.



■ Soldado Condutor Auto nº 5406064 - ANTÓNIO DOS SANTOS CAMPOS 
– Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na OE n.o12 - 3.a série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 05 de Abril de 1967: O Soldado n? 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o 14, de 23 de Março de 1967, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado Condutor Auto nº 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque no ataque ln ao Destacamento de Missirá, quando viu que o lugar onde a sua viatura se encontrava abrigada estava a ser fortemente bombardeado e que a qualquer momento a viatura podia ser seriamente atingida, com o maior sangue frio e desprezo pelo perigo pôs a mesma a trabalhar e deslocou-a para lugar menos exposto. 

Este facto coincidiu com o abrandamento imediato do fogo Inimigo que se pôs em fuga antes das Nossas Tropas iniciarem a perseguição.


■ Alferes Miliciano Médico - FRANCISCO PINHO DA COSTA 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na OE n.o 11 - 2.a série, de 1967. Por Portaria de 09 de Maio de 1967:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª Classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Regimento de Infantaria nº 1.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, do Batalhão de Caçadores nº 1888, prestando serviço na Companhia de Caçadores nº 1439, porque no dia 21Ag066, fazendo parte de uma coluna que seguia para Porto Gole, a fim de prestar assistência da sua especialidade à guarnição daquele Destacamento, apesar de ferido com gravidade por um engenho explosivo Inimigo que a viatura em que era transportado accionou, não deu a conhecer o seu estado, tratando os feridos no local do rebentamento e sob o fogo da emboscada Inimigo, revelando uma extraordinária coragem, sangue frio, desprezo pelo perigo e muita serenidade, só pedindo a sua evacuação após se ter certificado que estava cumprida a sua missão. 

O Alferes Miliciano Médico, Pinho da Costa, com a sua atitude deu um nobre exemplo de carácter, de abnegação e de elevada coragem, demonstrando possuir, no mais elevado grau, espírito de sacrifício e todas as virtudes militares que o distinguem como médico e militar.


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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19694: Consultório militar do José Martins (43): As Últimas Campanhas na África Portuguesa (1961-1974): De Dados Oficiais a Dados Oficiosos (Parte III)

terça-feira, 10 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13265: Consultório militar, de José Martins (4): Unidades que passaram por Fá Mandinga, no leste (1964 / 1974)



Guiné > Zona leste > Carta de Bambadinca > Escala 1/50 mil (1955) > Posição relativa de Fá Mandinga, a escassa meia dúzia de quilómetros de Bambadinca, na direção de Bafatá.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).


1. E a propósito de Fá Mandinga ter sido (ou não) uma "terra importante" no TO da Guiné (*)... Aparentemente teve um papel discreto na guerra... E,. durante muito tempo esteve associada ao nome do engº agrónomo Amílcar. De facto, a estação agrária experimental de Fá tinha boas instalações, entretanto desafetadas com o início da guerra. Mas Amílcar Cabral nunca ali trabalhou, e muito menos viveu. Ele e a sua primeira esposa, portuguesa, Maria Helena Rodrigues, silvicultora, viveram e trabalharam na estação agrária experimental de Pessubé, nas imediações de Bissau, entre setembro de 1952 e março de 1955 (Vd. planta da cidade de Bissau, em baixo).

Mas foi lá, em Fá Mandinga.  que se formou a 1ª Companhia de Comandos Africanos e de lá partiu para a aquela que viria a ser mais tarde, em 22 de novembro de 1970, a Op Mar Verde (, invasão anfíbia de Conacri). E a seguir à 1ª, vieram lá formar-se a 2ª e 3ª CCmds Africanos. com as quais se  constituiu  mais tarde o Batalhão de Comandos Africanos. Sem esquecer o Pel Caç Nat 63, comandado pelo nosso "glorioso alfero Cabral"...

Para tirar as dúvidas, o nosso assessor militar, José Martins [, foto atual à direita ], mandou-nos esta lista, a seguir publicada,  de unidades que passaram por Fá Mandinga,...

Curiosamente parece haver um lapso em relação ao Pel Caç Nat 63, que de facto esteve em Fá Mandinga pelo menos desde o 2º semestre de 1969 até meados do 1º semestre de 1970 (ou mais), indo depois para Missirá em substituição  do Pel Caç Nat 52 (que era comandado pelo Beja Santos). O Pel Caç Nat 63 voltaria a Fá entre novembro de 1972 e agosto de 1974 (quando foi extinto).

O primeiro batalhão (, ou respetiva CCS,)  a estacionar em Fá Mandinga terá sido o BCAÇ 607 (julho de 1964/abril de 1966). O BCAÇ 1888 também lá esteve, a partir de abril de 1966, indo depois para Bambadinca em novembro desse ano. Também passaram por Fá, a CCAÇ 1589 (entre dezembro de 1966 e abril de 1967, seguindo depois para Madina do Boé (**).  Igualmente lá estiveram, cerca de 3 meses,  antes de irem construir Mansambo,  os "Viriatos", a companhia do Carlos Marques dos Santos e do Torcato Mendonça, a CART 2339 (***). E muitas mais... (LG)


Unidade
Origem
Chegada
Saida
Destino
BCaç  697 -   CCS
RI 15
Jul 64
Abr 66
Fim comissão
CCaç   674
RI 16
Jul 64
Jul 64
Fajonquito
CCav    678
RC 7
Set 64
Jan 65
Ponta do Inglês
Pel Rec  Daimler 809
RC 6
Nov 64
Jan 66
Dulombi
BCaç 1856 - CCaç 1417
RI 1
Set 65
Mai 66
Bajocunda
Pel Mort 1028
RI 2
Set 65
Nov 66
Bambadinca
BCaç 1888 -  CCS
RI 1
Abr 66
Nov 66
Bambadinca
BCav  705 - CCav   702
RC 7
Abr 66
Mai 66
Fim comissão
BCaç 1887 - CCaç 1547
RI 1
Mai 66
Set 66
Bula
Pel Rec Daimler 1133
RC 6
Ago 66
Out 66
Bambadinca
BCaç 1887 - CCaç 1546
RI 1
Out 66
Dez 66
Bissau
BCaç 1888 - CCaç 1551
RI 1
Nov 66
Jan 67
Xitole
BCaç  1894 - CCaç 1589
RI 15
Dez 66
Abr 67
Madina do Boé
CCaç   817
BC 10
Jan 67
Fev 67
Fim comissão
CCaç   818
BC 10
Jan 67
Fev 67
Fim comissão
CArt  1661
RAC
Fev 67
Abr 67
Enxalé
BCaç 1912 – Ccaç 1685
RI 16
Abr 67
Out 67
Fajonquito
CCaç 1426
RI 16
Abr 67
Mai 67
Fim comissão
CCaç 1439
BII 19
Abr 67
Mai 67
Fim comissão
BArt 1913 - CArt 1689
RAP 2
Mai 67
Jul 67
Catió
BArt  1904 - CArt 1646
RAP 2
Ago 67
Jan 68
Xitole
BArt  1904 - CArt 1646
RAP 2
Set 67
Out 69
Fim comissão
BCaç 1933 - CCaç 1790
RI 15
Out 67
Jan 68
Madina do Boé
BCaç 1888 - CCaç 1551
RI 1
Nov 67
Jan 68
Fim comissão
CArt  2338
RAL 3
Jan 68
Abr 68
Nova Lamego
CArt  2339
RAL 3
Fev 68
Mai 68
Mansambo
CCaç 2383
RI 2
Mai 68
Jul 68
Nova Lamego
CArt  2413
RAP 2
Ago 68
Set 68
Xitole
BCaç 2852 - CCaç 2405
RI 2
Dez 68
Dez 68
Galomaro
BCaç 2851 – Ccaç 2403
RI 1
Fev 69
Abr 69
Mansabá
1ª CCmds Africana
CTIG
Jul 69
Jul 69
Bajocunda
1ª  CCmds Africana
CTIG
Set 70
Jul 71
Brá
Pel Caç Nat  52
CTIG
Jan 71
Jul 71
Missirá
2ª CCmds Africana
CTIG
Abr71
Out 71
Brá
3ª CCmds Africana
CTIG
Abr 72
Set 74
Extinção  Unidade
Pel Caç Nat   52
CTIG
Abr 72
Jul 72
Ponte R Unduma
Pel Caç Nat 63
CTIG
Nov 72
Ago 74
Desativada
BArt 3873 - CArt 3493
RAP 2
Dez 73
Jan 74
Bissau

Undiades que passarm por Fá Mandinga 

Fonte: José Martins (2014) (****)



Planta da cidade de Bisssau (c. 1975) > Posição relativa de Pessubé que, no início dos anos 50, ficava já bastante longe do centro de cidade de Bissau.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  9 de junho de 2014 >  Guiné 63/74 - P13263: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (18): 14 mesas, de 10 lugares cada uma, com os nomes das localidades que foram sedes de batalhão ao longo da guerra... Mas cada participante (camaradas e seus acompanhantes) senta-se onde muito bem lhe aprouver...Não há lugares marcados à sombra do poilão da Tabanca Grande ...

(**) Vd. poste de 11 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4510: Memória dos lugares (31): Fá Mandinga, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)

(...) Sobre o Aquartelamento de Fá Mandinga, ainda recordo que:

Em Dezembro de 1966, a minha CCAÇ 1589, recebeu Guia de Marcha para Fá Mandinga.  Embarcamos em Bissau numa LDG em direcção a Bambadinca e daí seguimos em viaturas, pela estrada em terra batida, que estava a ser aberta pelo Batalhão de Engenharia, em direcção a Bafatá [, mais tarde alargada e asfaltada, no 2º semestre de 1967].

A certa altura viramos à esquerda e entramos na picada que nos ia levar a Fá. Era tão estreita que mal lá cabiam uma GMC ou uma Mercedes. Passamos o Aquartelamento de Fá de Cima e começámos uma íngreme descida até Fá de Baixo.
O Aquartelamento era constituído por 4 grandes barracões, dois de cada lado, com uma grande parada no meio. À volta era só capim, que era preciso desbastar para podermos ver mais longe e evitar surpresas “desagradáveis”, embora o pessoal de Fá de Cima nos protegesse pois, devido á sua posição no cimo da colina, viam muito mais longe.  Mas, pelo que eu sei, Fá nunca foi atacada.

A partir daqui fizemos várias operações, com outras Companhias que tinham a sua base em Porto Gole. A maior delas foi à mata do Saraoul, durou 10 dias e foi feita a nível de Batalhão.
 
 (...) Pouco tempo depois recebemos guia de marcha para Madina do Boé.

Quanto ao quartel de Fá, lembro-me que o 1º barracão se situava do lado direito de quem entrava no quartel e servia de caserna dos praças e quartos dos sargentos, e o 2º destinava-se aos Comandantes e, creio que também, a camarata dos oficiais.

Nas traseiras do 1º barracão estava instalado o “meu” Posto de Socorros e o reboque com o material de Campanha do SS, que nunca foi usado.  O 2º pavilhão, do lado esquerdo, só estava meio ocupado por nós, pois a outra metade estava vedada com rede e tinha guardado o material, para a fazenda do Amílcar Cabral [, informação errónea, já que o eng agr Amilcar Cabral nunca trabalhou aqui, mas sim na Granja de Pessubé (LG)].

Não me lembro onde ficavam a cozinha nem as oficinas auto. (...) Armandino Alves, 1º Cabo Aux Enf CCAÇ 1589 (1966/68) (...) 

(***) 11 de agosto de  2009 >  Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto