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terça-feira, 12 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4331: Convívios (127): Comemoração do 39º Aniversário do Regresso do BCAÇ 3832, 9 de Maio p.p., em Monte Real (Belarmino Sardinha)


Caros Camaradas e Editores,

Conforme o anúncio divulgado no blogue, embora os organizadores se tivessem esforçado em enviar individualmente essa informação, ocorreu o reencontro de alguns camaradas, para comemorarem o 39º aniversário do regresso do BCAÇ 3832 da Guiné e do seu regresso a casa.

Os que puderam, souberam e/ou quiseram es tiveram presentes, o que proporcionou um almoço a 109 participantes, segundo informação dos organizadores.

Houve ainda lanche e quase ceia, cheia estava pelo menos a barriga, porque nada faltou, que eu desse por isso e a festa durou até às tantas. Pelas 21H30 ainda lá se encontravam mais de metade dos participantes, sendo certo que vários pernoitavam no local.

Aproveito para enviar algumas fotos, cujos nomes me escuso a indicar, não só por ser difícil conseguir lembrar-me dos nomes de todos, o que poderia ser discriminatório, mas porque além disso me parece ser mais significativo mostrar-lhes o aspecto após passados estes anos e registar para a posteridade os que estiveram presentes.

Certo de que ao reconhecerem-se na fotografia me desculparão, pois caso contrário só acertaremos contas para o ano, seguem as mesmas. O encontro ou concentração efectuou-se no Parque Olímpio Duarte Alves,em Monte Real e o Almoço no Restaurante da Pensão Cozinha Portuguesa a publicidade é apenas para registo do local).

Tendo sido eu militar de rendição individual sem vínculo a qualquer Batalhão ou Companhia, considero-me um penetra mas daqueles que são sempre convidados como se fizesse parte daquela família. Resta-me esta forma de colaboração para mostrar o meu reconhecimento.






Os Homens do BCAÇ 3832 Os Homens e as Famílias do BCAÇ 3832
















A concentraçãs das "tropas" masculinas & femininas







O Bolo de Aniversário - Intervenção do ex-Capitão Leal (Tenente Coronel na reforma) então comandante da Cia. 3304
Um abraço para todos
(Belarmino Sardinha)
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Nota de MR:
Vd. último poste da série em:

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4162: Convívios (108): Almoço convívio do pessoal do BCAÇ 3832 em Monte Real, 9 de Maio de 2009 (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem de Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, com data de 6 de Abril de 2009:

Caros Editores,

Envio a informação do Almoço Convívio do BCaç 3832, com quem convivi durante 6 meses e que têm a gentileza de me convidar sempre a juntar a eles e festejar o reencontro.

Não fazendo parte da comissão organizadora mas podendo dar o contributo ao digitalizar o documento e enviá-lo para divulgação no Blogue, se assim o entenderem, na expectativa de que possa chegar aqueles que por dificuldade ou alteração de morada ou outra não receberam esta informação.

Com um abraço para todos,
BSardinha

BCAÇ 3832 - Divisa: Excelente e Valoroso - Mansoa 1970/73


OBS:-Para aceder aos pormenores, clicar nas imagens
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4156: Convívios (106): Pessoal da CCAV 8351 - Tigres de Cumbijã, dia 9 de Maio de 2009 em Meadela, Viana do Castelo (João Melo)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4132: Efemérides (19): O ataque a Mansoa, no dia das mentiras, 1 de Abril de 1971 (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos, com data de 1 de Abril. O Germano foi 1º Cabo Operador Cripto, CCaç 3305/ BCaç 3832, Mansoa, 1971/73 (*).

Boa tarde a todos,

No "nosso tempo" o dia 1 de Abril era o dia das mentiras, não sei se ainda hoje assim continua, mas também, e para o caso, pouco importa.

Venho só lembrar o pessoal do Batalhão de Caçadores 3832 que faz hoje exactamente 38 anos que sofremos o nosso primeiro ataque.

Não terá sido todo o Batalhão, mas o pessoal em Mansoa sofreu neste dia o seu baptismo de fogo e que fogo, camaradas!

Eu, por exemplo, estive a vê-lo, durante largos minutos, metido num buraco (uma vala) em frente ao posto dos correios em Mansoa, na rua principal.

Dentro da vala, cheio de m..., de barriga para cima a apreciar os very-lights e a ouvir os sons das morteiradas e das costureirinhas.

Um espectáculo, gratuito e, felizmente, sem consequências para o pessoal.

Recordar ainda é viver.

Um abraço para todos.
Germano Santos
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

sábado, 3 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3692: Tabanca Grande (107): José Carlos G. Ferreira, ex-1.º Cabo Caixeiro da CCS/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

1. Mensagem de José Carlos Gonçalves Ferreira, com data de 19 de Setembro de 2008

Amigo Luís
Dei com o vosso blogue e encontrei notícias que me fez lembrar o que passámos na Guiné.

Vou começar pela minha identificação:
Sou o ex-1.º Cabo Caixeiro José Carlos Ferreira da CCS/BCAÇ 3832 que esteve em Mansoa de 70/73.

Vi que o César Dias contactou com o Germano Santos que esteve também em Mansoa na mesma altura, fala no Alferes Rito Rodrigues das Transmissões. Conheci esse senhor que tinha por hábito no início de cada mês chatear com belas frases como, Zé Carlos esta merda deu prejuízo, desculpa o termo, mas era isso mesmo que eu ouvia, nessa altura estava no bar de oficiais, onde tinha alguns amigos como o Major Rocha das com quem tinha amizade. Adorava encontrar e ter notícias do Alferes Monteiro da Companhia de Milícias, julgo que era do Porto, e do Alferes Amorim, o nosso fotografo, era ele quem nos tirava as fotos e deve ter algumas bem bonitas dessa altura.

Mais teria a contar, espero um dia ter a possibilidade de me encontrar com vocês pelo que espero notícias vossas.

Um abraço a até um dia destes.
Zé Carlos

2. No dia 28, o José Carlos Ferreira enviava esta mensagem:

Amigo Luís
Segue em anexo alguma fotos de Mansoa pelo que solicito que dês uma vista de olhos e selecciones as que entenderes por bem utilizar.

Um abraço.
José Carlos Ferreira

3. Comentário de CV

Caro José Carlos, bem-vindo ao nosso Blogue

A demora na resposta deve-se a tu teres utilizado o endereço particular do Luís Graça e a tua mensagem ter ficado por lá perdida. Aceita as nossas desculpas.

Vamos publicar algumas das fotos que mandaste, ficando as restantes para quando enviares alguma história.

Não te esqueças de nos enviar uma foto actual.

Recebe um abraço da Tertúlia.
CV

4. Fotos

Mansoa, 28 de Agosto de 1971 > Bar de Oficiais

Mansoa, 22 de Dezembro de 1971 > Com o Delfim Delães

Mansoa, 26 de Julho de 1972 > Bomba de gasolina depois do ataque à povoação e aquartelamento

Mansoa > Pista depois do ataque

Entrada de Mansoa, 31 de Agosto de 2008 > Posto de controlo

Mansoa, 31 de Agosto de 1972

Mansoa > Com o Zé Rodrigues das Transmissões. Dia para esquecer, grandes copos

Mansoa > Festa na Tabanca

Fotos e legendas: © José Carlos (2008). Direitos reservados


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Nota de CV

Vd. último poste da série de 29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3681: Tabanca Grande (106): George Freire, ex-Comandante da 4ªCCaç (Fulacunda, Bissau, N. Lamego, Bedanda). Maio 1961/Maio 1963)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3372: Unidades que passaram por Mansoa, de Maio de 1969 a Fevereiro de 1971 (César Dias)

1. Há tempos (já lá vai mais de ano e meio..), o César Dias lembrou-se de nos mandar estes elementos informativos sobre as unidades que compunham o sector de Mansoa no seu tempo, o período em que estiveram no sector e as respectivas baixas (mortos e feridos graves, evacuados para Lisboa ou para Bissau). Ai ficam, uma vez que podem ser úteis a muitos camaradas nossos. Obrigado, Césra. Como vès, na nossa Tabanca Grande, nada se perde, tudo se transforma...

Recorde-se que o César Vieira Dias foi Furriel Miliciano Sapador, na CCS do BCAÇ 2885, um batalhão que esteve em Mansoa e Mansabá desde Maio de 1969 a Março de 1971 .



Unidades que passaram pelo sector de Mansoa no período de 8 de Maio de 1969 a 15 de Fevereiro de 1971

por César Dias


(i) BCAÇ 2885 substitui o BCAÇ 1912 em 14 de Maio de 1969

Composição do Batalhão

CCS - Não teve mortos em combate; 6 Evacuados para Lisboa: 21 evacuados para o HM 241 (Bissau)
CCAÇ 2587 > 1 morto; evacudos: 10 (Lisboa) + 26 (HM 241)
CCAÇ 2588 > 7 mortos; evacuados: 14 (Lisboa) + 31 (HM 241)
CCAÇ 2589 > 6 mortos; evacuados: 8 (Lis) + 21 (HM 241)


(ii) Outras Forças adstritas ao Batalhão


CART 2411 nos destacamentos de Porto Gole, Bissá e Enxalé até 15-03-1970 > Não teve mortos; Evacuados: 5 (Lisboa) + 14 (HM 241)

CCAÇ 2403 em Mansabá, desde 10-69 a 21-04-1970 > 2 mortos e 3 evacuados: 1 (Lisboa) + 2 (HM 241)

CART 2732 em Mansabá desde 21-04-1970 até 11-11-70 para COP6 > 1 morto; 5 feridos (evacuados para Lisboa); mais 6 (HM 241).

CCAÇ 15 em Mansoa desde 4-03-1970 > Evacuados: 4 (Lisboa) + 15 (HM 241)

CCAÇ 17 em Mansabá 17-10-1970 (sem baixas)

PEL CAÇ NAT 54 no destacamento de Porto Gole e Enxalé até 26-10-69 : 1 ferido (HM 241)

PEL CAÇ NAT 57 no destacamento de Cutia até 28-01-70 sendo rendido pelo PEL CAÇ NAT 61 > 1 ferido (HM 241)

PEL CAÇ NAT 58 no destacamento de Infandre desde 16-11-69: 6 mortos; 2 feridos evacuados para Lisboa e 1 para o HM 241

PEL CAÇ NAT 61 em Mansabá até 28-01-70: 8 feridos (HM 241)

PEL CAÇ NAT 62 no destacamento de Braia, extinto em 16-11-69 e substituído pelo
PEL CAÇ NAT 58: sem baixas

PEL MORT 2172 > feridos graves: 1 (LIsboa) + 1 (HM 241)

11º PEL ART 8,8 em Mansoa: sem baixas

PEL MORT 2004: 2 feridos evacuados para o HM 241

- 1 secção em Mansoa
- 1 Esq em Cutía
- 2 Homens em cada destacamento: Bindoro, Infandre, Rossum, Bissá, Porto Gole, Enxalé, Jugudul, Braia e Uaque

21º Pel Art /ga 7: 1 ferido evacuado para Lisboa

2 Auto Metr / Pel AM 2048 em Mansoa e Mansabá > Feridos evacuados: 1 (Lisboa) + 2 (HM 241)

PEL MILÍCIA 155 depois 250, em Mansoa: 1 morto; 1 ferido grave (HM 241)

PEL MILÍCIA 156 depois 251, em Mansoa: 1 morto; 1 ferido grave (HM 241)

PEL MILÍCIA 159 depois 253, em Mansabá: 1 morto, 1 ferido grave /HM 241)

GRUPO DE CAÇADORES BALANTAS, este grupo foi transformado em PEL MILÍCIA 186 depois 252 em 1-12-69: Mortos: 5; feridos evacuados: 1 (Lisboa) + 2 (HM 241)

PEL SOLDADOS BALANTAS, sem Quadros (esteve 2 meses em Mansoa, voltando depois para Bolama): sem baixas.

28º PEL ART 14, substitui o 11º PEL ART 10,5 indo este para Bissorã para o BCAÇ2861 em 19-07-70: sem baixas

1 PEL AML PANHARD com 3 viaturas, em Mansabá: sem baixas

(iii) Outras unidades:

COP6 em Mansabá

CCAÇ 15, a 2 grupos de combate

PEL SAP da CCS do BCAÇ2885 em 21-11-70 até 09-02-71

13º PEL ART, substitui o 21º PEL ART que foi para Olossato em 21-11-70

BCAÇ 3832, substitui o BCAÇ2885 que em 15-02-71 ruma ao Cumeré a aguardar transporte para Lisboa.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3071: Os nossos regressos (11): Guiné, 1970/73. Porra, é muito tempo. (Germano Santos).

A ida e o regresso do BCaç 3832

Germano Santos

ex-1.º Cabo Operador Cripto
CCaç 3305/BCaç 3832
Mansoa 1971/73
__________

Tudo começou a 19 de Dezembro de 1970 quando manhã cedo os putos e os menos putos, sendo que na maioria eram mesmo putos, nos pusemos a subir as escadas que nos conduziam ao barco que nos iria levar.
Grande estreia em viagens marítimas e de tão grande distância para quase todos nós.

O destino era Bissau. O destino era a Guerra.

O "Carvalho Araújo" também não queria ir



O transporte era horrível, nada mais nada menos que o "Carvalho Araújo", barco que simultaneamente com o transporte de militares para África, servia também para o transporte de gado dos Açores para o Continente.
Os aposentos então, eram uma pequena "maravilha". Tudo ao molho e fé em Deus porque o cansaço por certo apareceria e para dormir qualquer lado havia de surgir.
Lá arrancámos, mas as coisas não começaram bem. Então não é que o "Carvalho Araújo" não queria navegar e resolveu parar ali mais ou menos sob a ponte. Já não me recordo se foi na noite desse dia ou na manhã seguinte que ele resolveu abrir caminho para abraçar e nos pôr também a abraçar essa maravilhosa terra africana.
Viagem de amotinados ou coisa parecida foi o que me pareceu ser a viagem nos primeiros dias, tantos eram os vómitos, tantas eram as bebedeiras.

Para compensar o facto do nosso barco navegar muito depressa e por essa razão nos ter feito passar o Natal dentro dele, lá fomos presenteados com uma manhã no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde.
Creio que uma grande parte de nós terá comido pela primeira vez batatas fritas, mas doces. Eu comi e estranhei imenso.

Seguimos viagem e eis-nos em Bissau a 29 de Dezembro. Julgo que terá sido batido o record marítimo Lisboa-Bissau, nada menos nada mais que dez dias. Um espectáculo.

Depois seguiu-se o Cumeré para uns, o Quartel-General para outros e, mais tarde, cerca de um mês, a zona de intervenção do Batalhão para todos.

De volta no Uíge

O regresso, o ansiado regresso deu-se em Janeiro de 1973, aos dias 6 desse mês e num barco a sério (para quem tinha ido no Carvalho Araújo) o "Uíge". Cinco dias, apenas cinco dias, metade do tempo gasto na ida, foi quanto demorámos a regressar.

Para além da felicidade que foi o regresso, as condições não tinham nada a ver com a ida.
Melhores acomodações. Melhor comida. Menos vómitos. Menos bebedeiras, mas muita, muita alegria.

Duas situações ocorreram nesta viagem que demonstram claramente como alguns de nós crescemos em África e também como alguns de nós já embarcámos algo crescidos.
Num espectáculo levado a efeito numa das noites da viagem, espectáculo todo ele concebido e realizado por nós militares, praças, cabos, sargentos e oficiais, a certa altura ia actuar, creio que declamar poesia, um alferes, mais concretamente o alferes Farinha (actualmente no Brasil).
Todo o comando do Batalhão e do navio estava a assistir ao dito espectáculo. Vai daí o apresentador do mesmo anunciou que o camarada Farinha ia actuar.
Foi o bom e o bonito, o comando do Batalhão chamou de imediato o apresentador para o informar que termo camarada tinha-se esgotado na Guiné, agora os oficiais tinham de ser apresentados pela sua patente.
O apresentador desceu ao palco e informou o alferes Farinha que o espectáculo deixava de ter apresentador.
Confesso que já não me lembro se o espectáculo continuou ou não, penso que sim, mas não comigo.

Uns dias antes de embarcarmos, alguns de nós que em Bissau, no Café Pelicano, aguardávamos pelo transporte de regresso, começámos a falar sobre a "porra" do tempo que tínhamos estado na Guiné. Achávamos nós que tinha sido muito tempo, de Dezembro de 1970 a Janeiro de 1973. Para nós eram três anos de calendário, embora soubéssemos que de facto tinham sido mais ou menos 25 meses.
Vai daí decidimos arranjar um lençol no qual escreveríamos qualquer coisa parecida com isto:

Guiné 1970 – 1973 – Porra é muito tempo

A ideia era prender o lençol onde fosse possível e apenas no dia do desembarque em Lisboa, para que todos soubessem o que pensávamos da nossa guerra em terras da Guiné. Se melhor o pensámos melhor o fizemos.
E, na verdade, no dia do desembarque, lá no alto do "Uíge", preso aos botes de salvação, lá estava o nosso lençol, muito esticadinho para que se pudesse ler bem o que nele escrevemos.

Com o que não contávamos é que nesse dia, manhã cedo, Lisboa iria acordar com um denso nevoeiro no Cais da Rocha e nem tão pouco com a pronta resposta da Polícia Militar.
O que o lençol dizia só se começou a ler quando o barco atracou, mas foi mensagem de pouca duração, dado que a Polícia Militar entrou pelo navio dentro e deu cabo da nossa saudação.
Creio que ainda tentaram saber quem tinham sido os engraçadinhos, mas julgo que acabaram por desistir e deixaram-nos ir em paz, não para casa, mas sim para Abrantes a fim de fazermos o espólio.

E pronto, acabou-se a minha história sobre a ida e o regresso do Valoroso Batalhão de Caçadores 3832.

Um abraço para todos.
Germano Santos
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Notas:

1. fixação do texto e sublinhados de vb;

2. Artigos relacionados em 11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

16 Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3064: Os nossos regressos (10): Uma ida atribulada, um regresso tranquilo...(Valentim Oliveira)

domingo, 6 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3026: Convívios (69): Pessoal do BCAÇ 3832, no dia 31 de Maio de 2008 na Covilhã (Germano Santos/Belarmino Sardinha)

1. Mensagem de Germano Santos de 1 de Julho de 2008

Este nosso almoço realizou-se no passado dia 31 de Maio na Covilhã, no Restaurante do Turismo Rural de Santa Iria, no lugar da Senhora do Carmo.


BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73) cuja divisa era: Excelente e Valoroso


Foto 1> Chegada do pessoal ao Complexo do Turismo Rural


Foto 2> Entrada no Restaurante, com o ratas o Ex-Capitão Leal e outros


Foto 3> O Feliciano, o Conceição Mendes, etc.


Foto 4> O Abrantes, o Helder e outros


Foto 5> O Formiga, o Zé Manel, o Henrique, o Pratas, o Dionísio, etc.

Fotos e legendas: © Belarmino Sardinha e Germano Santos (2008). Direitos reservados.
______________

Nota de CV:

Pede-se aos camaradas que queiram ver os Encontros/Convívios das suas Unidades publicados no Blogue, o favor de enviar no máximo 4 a 5 fotos devidamente legendadas e acompanhadas de um texto onde descrevam o evento. Acontecem sempre coisas engraçadas como por exemplo encontrar um camarada que não se via há muitos anos e um sem número de peripécias que dão significado a estes convívios.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3009: Com sangue na guelra: Nós e a mística dos comandos da 38.ª, em Mansoa (Belarmino Sardinha)

1. Texto de Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM (Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74).

Com o Sangue na Guelra
por B. Sardinha

Tomei conhecimento deste Blog após algum tempo, muito, depois de criado.

Embora procure actualizar-me rapidamente, tenho consciência que muito me falta ainda ler do que já está escrito, mas não podia nem queria deixar de participar, não com factos de guerra propriamente ditos, que felizmente não vivi fora dos quartéis por onde passei, mas com outros que poderão ser interessantes para quem se queira dedicar a estudar, investigar, e pretenda um dia, daqui a mais alguns anos - não faltam muitos para se extinguirem os últimos de nós pela lei natural da vida -, analisarem, com a devida distância, as implicações que tiveram estas guerras de guerrilhas da altura, no comportamento social, individual e colectivo e no pós- independência das colónias ou províncias, hoje Países, onde nos batemos como se dizia, pela Pátria.

Tudo isto a propósito do que li escrito pelo Amílcar Mendes, da 38.ª de Comandos, a quem antes de mais envio o meu abraço, onde além de nos dar a conhecer na 1ª pessoa as tragédias sofridas por estes camaradas, se sentiu, certamente que não neste blog mas na sociedade em geral ou por pessoas pouco identificadas ou mal esclarecidas, apelidado de assassino.

No contexto da guerra, se assim o quiserem entender, todos que lá estivemos o fomos. Até mesmo eu, sem nunca ter saído da frente de um rádio o posso ter sido. Não acredito que qualquer camarada, no seu perfeito juízo, assim o considere. Só pode ser dito por alguém que nunca lá esteve ou por razões políticas que o motivem e me escuso de referir.




Guiné >Região do Oio > Mansoa > 2005 > Panorâmicas de Mansoa na actualidade > Fotos enviadas pelo nosso amigo e camaarada Constantino Neves e a ele cedidas pelo ex-Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria José Couto, da sua Companhia, a CCS/BCAÇ 2893. Voltou à Guiné em 2005. Já aqui publicámos fotos dele, do Cacheu, de Quinhamel e de Bafatá.

Fotos: © José Couto / Tino Neves (2006). Direitos reservados.


Tenho amigos que, continuando a sê-lo, embora pensem dessa forma, não consigo demovê-los, acham que por se terem ausentado na altura certa todos os outros o deveriam e poderiam ter feito e assim são co-responsáveis, mas cada um sabe das condições de vida que tinha, da sua formação e esclarecimento político e contactos na altura.

Mas voltando aos operacionais comandos, é certo que eram vistos de forma diferente da outra tropa, começavam logo por ser voluntários recrutados na instrução, mas quem é que aos 20 anos, sabendo ou calculando que ia parar à Guiné, Angola ou Moçambique não queria ir melhor preparado, não queria ser herói, chamar a atenção das miúdas e mostrar-se forte e valente sem medos nem receios?

Só quem nunca teve 20 anos e nunca cometeu excessos pode dizer uma tal barbaridade, ainda por cima não assumida ao que parece.

É verdade que estes militares tinham uma postura que lhes era transmitida e eles assumiam-se como diferentes, melhores e superiores, era uma outra forma de se afirmarem quando nada tinham tido antes onde pudessem fazê-lo, era normal naquela idade, a libertação dos pais e das dependências, a passagem a homem. Veja-se como mo Amílcar Mendes retrata e se distancia hoje dessa postura, mas assume-a.

Recordo um episódio da chegada desta companhia de comandos periquitos, a 38.ª a Mansoa, e o alvoroço que criaram quando substituíram à Porta D’armas os velhinhos do BCaç 3832, desejosos de regressarem a casa.

Habituados que estávamos a sair uniformizados mas sem obrigatoriedade de jogar com as peças certas de cada uniforme, quer dizer sairmos à vontade já que os passeios se limitavam a três ruas, irmos até à sede dos Balantas ou ao cinema, beber umas cervejas no Simões ou simplesmente dar uma volta, com estes à porta d’armas não podíamos sair do quartel se não estivéssemos fardados a rigor, quer dizer, sapatos e meias altas já que de botas de lona ninguém passava. Também não se lhes podia chamar periquitos.

Claro que rapidamente se espalhou isto no quartel e, passado pouco tempo, estava uma quantidade significativa de militares fardados a rigor, alguns até com a farda n.º 1, a formar à entrada do quartel e a pedir revista pelo oficial de dia.

Esta atitude tomada pela velhice e outros menos velhos como eu, com apenas 5 meses de Guiné, foi ultrapassada de imediato e voltou tudo à normalidade. Mas ficava sempre um mal estar que só o tempo esbatia, o conhecimento e a porrada que uns e outros íamos levando, cada uns nas suas situações.

Outras coisas eram feitas de propósito para obrigar a essa divisão, mas era normal no regime da altura e em qualquer outro que arranje formas de distrair para impedir aquilo que é importante, e era importante impedir que a generalidade dos militares, mais ainda os operacionais considerados de elite, não se misturassem e apercebessem da realidade, mas é esse estudo e as suas implicações que pode e deve ser feito por especialistas da matéria. Mas dizia eu que havia coisas que eram mal interpretadas e aceites, tais como terem construído um refeitório e um bar só para eles, onde acabou por não ser, já que eu, como individual, acabei por almoçar com eles uma vez e no bar passei muitas horas, mas tenho consciência de que terei sido mesmo uma excepção.

Ninguém pode hoje criticar um antigo militar que aos 20 anos esteve envolvido em actos que fizeram parte de um passado da história de Portugal, quando se tenham cingido ao andamento normal da situação vivida no local.

Não creio que alguém seja hoje capaz de chamar isso a Salgueiro Maia, também ele tendo chefiado um grupo operacional de comandos e um oficial que tinha orgulho na sua farda e no seu porte, mas que o tempo ajudou igualmente a amadurecer e a quem todos devemos o contributo e a bravura em 25 de Abril de 1974.

Um abraço para todos
B. Sardinha

terça-feira, 17 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2956: Tabanca Grande (75): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM (Guiné 1972/74)



Belarmino Sardinha
1.º Cabo Radiotelegrafista STM
Guiné
1972/74




1. Após a pré-apresentação à nossa Tabanca Grande no dia 14 de Junho na série O Nosso Livro de Visitas, Belarmino Sardinha apresenta-se formalmente com esta mensagem, de 16 de Junho, e o texto que anexou.

Estimado Camarada,

Foi com agrado que recebi a tua resposta. Claro que irei enviar as minhas fotos para me juntar a vós.

Quanto a factos, como fui em rendição individual e fazia parte daqueles que não saíam em operações, por ser do STM, felizmente não tenho história nem histórias dessa vivência a não ser por compreensão e solidariedade. Justifico assim a minha presença no almoço do BCAÇ 3832, com quem convivi durante seis meses.

Não deixarei por isso de vos dar o meu apoio e contributo sempre e quando for necessário.

Junto umas palavras que melhor descrevem o que aqui refiro. Por ser folha e meia, juntei como ficheiro para possibilitar a sua leitura em separado. Mas achei importante enviá-lo para melhor nos conhecermos.

Estava já em Bissau quando aconteceu o 25 de Abril, irei pensar se houve algum facto que mereça destaque.

Desculpem se pouco tenho que vos ajude, mas contem pelo menos com o apoio.

Um abraço,
Belarmino Sardinha
Odivelas
Ex-1º Cabo Radiotelegrafista STM


2. Apresentação
Por Belarmino Sardinha

Camarada,
A pior coisa que pode acontecer é sermos nós próprios a cometermos imprecisões dos factos que descrevemos e que não admitimos que sejam postos em causa.
Acontece que a memória quando não preservada, por escrito, submete-nos a algumas partidas, no caso concreto mais ainda por se tratar de factos tão dolorosos por vezes, que se torna difícil justificar o erro.

Cometi um erro quando referi ter estado em comunicação com Gadamael quando foi com Guileje (1).
Embora aqui reconheça de pronto o meu erro não deixa de ser lamentável que o tenha cometido, pelo que vos peço a todos desculpa.

Não fui sujeito a qualquer situação que mereça destaque, por isso me limitei a participar com alguns dados que pudessem permitir ou sugerir a quem melhor do que eu o possa fazer.
Limitei-me a viver dentro das paredes dos aquartelamentos, guardado pelos operacionais e a partilhar com todos eles as suas aventuras e desventuras apenas e só como camarada presente, pelos laços que nos uniam a situação.

Reconheço que a memória já não é o que era, ou terei eu feito por esquecer para evitar lembrar-me daqueles com quem não partilhava as operações mas partilhava as conversas, os copos e as vida antes deles a perderem e serem devolvidos depois de embalados.

A experiência mais caricata terá sido um jantar de 24 para 25 de Dezembro de 1973 em Aldeia Formosa, onde a refeição de consoada foi esparguete com marmelada e as cervejas se compravam no bar com caixas de fósforos, moeda que funcionava como dinheiro.

Recordo-me também de ter feito sofrer até ao último dia possível, o despenseiro que se tinha negado fornecer-nos diariamente, para o posto de rádio do STM, um casqueiro e um pedaço de margarina para as sandes da noite de quem estivesse de serviço ao rádio, única forma de contacto com o exterior e que funcionava 24 sobre 24 horas, à luz de duas garrafas de petróleo com uma torcida de atacador a sair pelo furo das caricas.

Confesso ter-me sentido importante nessa altura, tanto mais que ele já oferecia tudo, enlatados de chouriço e tudo, para que se lhe enviasse a mensagem a marcar as férias que permitiam vir até à tão ansiada metrópole. Aceitei apenas o casqueiro e a margarina, mordomia naquele tempo para as noites de serviço.

Podem todos ficar descansados, ele acabou por vir de férias e quando voltou eu já lá não estava, mas constou-me que continuou a haver casqueiro e margarina todas as noites. Aprendeu a lição e a saber o que era estar solidário e partilhar com os outros. Infelizmente mesmo naquele ambiente também aconteciam coisas destas, como a superioridade que se tornava ficção quando a necessidade ou o medo apertavam.

Julgo que hoje já somos todos mais iguais e compreendemos melhor o que se passava, até nisso a idade tinha importância.

Lamentavelmente, de tudo o resto, tirando umas garrafas de gin bebidas com o Brito da 38.ª de Comandos, camarada que vivia em Loures, na altura o mesmo Concelho a que eu pertencia por ainda não ter sido criado o de Odivelas, pouco mais tenho a registar, era sempre em conversas, bebidas e comidas que eu me reunia com estes amigos. Nada mais soube do Brito, espero que ainda esteja de boa saúde entre nós, pese os estilhaços que passeia consigo.

Mas dizia eu que tudo que me lembro se reúne em torno da mesa, infelizmente parece-me ter sido sempre a última ceia, já que também com o Tojo, furriel miliciano da Companhia de Transportes, surpreendido por um roquete na porta da viatura em que seguia, no dia imediatamente a seguir a termos aproveitado uma vinda do Pateiro (da 38.ª de Comandos) a Bissau para como bons alentejanos e na companhia de outros que o não eram, termos estado a comer e a beber umas cervejas e a festejar, o ainda podermos fazê-lo já que razão não havia para mais.

Parece-me por isso ser curta a minha história, pelo que calar-me-ei depois desta evocação que, lamento ser sempre ou quase sempre lembrando aqueles que já partiram há muitos anos, quando tinham apenas vinte e poucos anos.

Hoje, com filhos bem mais velhos do que nós éramos quando regressávamos, acentua-se mais este meu sentimento de incompreensão para tudo o que aconteceu.

Este texto, se para mais nada serviu, teve o mérito de ajudar a libertar-me um pouco mais e a ter com quem partilhar este sentimento da ausência dos companheiros que tombaram, mesmo sabendo que podia não mais os encontrar depois de acabado o serviço militar.

Talvez tenha sido o que mais me marcou e por isso tenha aproveitado aqui para evocar aqueles que não podendo fazê-lo pelas razões óbvias merecem que os lembremos e falemos deles.

A quem interesse este assunto das Guerras, sejam elas Coloniais ou do Ultramar, embora não se tratando da Guiné, lembro que foram publicadas duas obras, uma pela Caminho, intitulada A Primeira Coluna de Napainor (2), narrativa de um camarada em serviço em Moçambique e uma outra de um camarada em Angola, Médico, já falecido, intitulada Henda Xala (3), publicada pelo Círculo de Leitores, cuja leitura acho interessante embora saiba esgotada pelo menos a do Círculo de Leitores.

Belarmino Sardinha
_______________

Notas de CV:

(1) - Fui 1.º Cabo Radiotelegrafista STM - 036858/71 - e estive colocado em Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau nos anos de 1972/74.

Curiosamente estava de serviço no Posto Director de Bissau e em contacto com o operador de Gadamael no dia e hora em que capitulou.


Vd poste de 14 de Junho de 2008> Guiné 63/74 - P2942: O Nosso Livro de Visitas (16): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM (Guiné 1972/74)


(2) - A Primeira Coluna de Napainor




António S. Viana iniciou a sua actividade de jornalista no antigo jornal O Século, passando depois pelos vespertinos Diário de Lisboa, A Capital e Diário Popular e por diversas revistas. A sua actividade jornalística preferida foi sempre a reportagem, embora tenha trabalhado em todas as habituais secções da imprensa escrita. O autor classifica este livro como uma reportagem, sempre adiada, que afinal se revelou um romance, em que mistura factos de ficção com factos da realidade, inspirado na sua experiência como militar na antiga África colonial portuguesa. Em 1968, um ano depois do regresso de Moçambique, publicou um conjunto de trinta poesias, num livro em co-autoria, Poemas, que abre com a sua primeira poesia (...)

Foto e texto retirados do site da Editorial Caminho, com a devida vénia.



(3) Sobre o romance Henda Xala, consegui saber que é de autoria de Abílio Teixeira Mendes (1939-1984) e que foi publicado pelo Círculo de Leitores.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2404: Tabanca Grande (48): França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)

1. Mensagem do nosso novo camarada França Soares, ex-Fur Mil da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73, com data de 29 de Dezembro de 2007:

Camaradas:
Sou o ex-Fur Mil França Soares do 4.º Gr Comb, da CCAÇ 3305, BCAÇ 3832, aquartelado em Mansoa e destacamentos próximos.

Cheguei à zona de Mansoa em inícios de 1971 e aí permaneci até ao 1.º trimestre de 1973, mais precisamente e sobretudo nos destacamentos de Infandre e Braia, para além da defesa da periferia da vila e ainda na intervenção operacional da zona.

Cheguei a Infandre quatro meses após a tristemente famosa emboscada à coluna de Infandre, no fatídico dia 12 de Outubro de 1970 (1), onde foram assassinados, entre muitos outros, o meu conterrâneo Fur Mil Dinis César de Castro e gravemente ferido, entre muitos outros, o meu ainda querido amigo 2.º Sargento Augusto Ali Jaló.

Durante os cerca de vinte e sete meses que permaneci sequestrado na Guiné, por sorte, pela graça de Deus e não sei porque mais, jamais sofri qualquer morto ou ferido no meu Grupo de Combate, facto de que muito me orgulho e me regozijo. Para isso, muito contribuiu o meu próprio empenho, a colaboração da generalidade dos soldados e cabos às minhas ordens, não esquecendo a colaboração dos diversos furrieis que comigo colaboraram, de que destaco o Furriel Brito do Rio e o Alferes Pacheco, pessoa que recordo com grande estima e muita amizade.

Não termino sem lembrar a traição e a cobardia da corja de patifes, militares e políticos de esquerda e de direita, que permitiram que após a independência, milhares de militares tão portugueses como nós, fossem fuzilados sumariamente, num macabro e inexplicável ajuste de contas, só porque foram na cantiga que Portugal era uma nação honrada (2).

Por último, quem me quiser contactar, deverá fazê-lo pelo email: heldersoares@simplesnet.pt, fax: 22 832 55 89 ou móvel: 919 799 729, assim como para me enviarem tudo quanto tenham em vosso poder que diga respeito à história da Companhia do famoso Pazinho, que também recordo com elevada estima e consideração.

2. Comentário do co-editor CV

Caro França Soares :

Quero dar-te as boas vindas à nossa Tabanca Grande, onde poderás contar as tuas estórias e as tuas experiências enquanto combatente.

O teu Batalhão foi substituir o BCAÇ 2885 a Mansoa, ao qual a minha Companhia, como independente que era, estava adstrita.

Aquando do emboscada do Infandre, eu estava em Mansabá.

Não pude deixar de adivinhar o teu azedume pelos fuzilamentos dramáticos dos nossos companheiros africanos, após a independência da Guiné-Bissau. Na verdade muito já foi dito no nosso Blogue sobre isso, mas apesar de tudo podemos ver guineenses que combateram pelo nosso lado, perfeitamente integrados na actual Guiné-Bissau.

Acredito que a maior parte daqueles fuzilamentos foram ajustes de contas, por condutas menos tolerantes entre as diversas etnias durante o tempo de guerra.

Pena que os nossos governantes, do pós 25 de Abril, não fizesssem nenhum esforço para salvar aquela gente da morte. Porventura nada puderam fazer.

Nós portugueses somos recebidos hoje pelos nossos antigos camaradas guineenses como irmãos e o mesmo se pode dizer dos nossos inimigos de então.
__________________

Notas dos Editores:

(1) - Vd Post de 7 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

(2) Vd post anteriores de:

19 de Junho de 2006> Guiné 63/74 - P886: Terceiro e último grupo de ex-combatentes fuzilados (João Parreira)

31 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)

27 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVI: O colaboracionismo sempre teve uma paga (6) (João Parreira)

23 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)

3 de Dezembro de 2005> Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2379: O meu Natal no mato (12): Mansoa, 1971: Uma de caixão à cova... para esquecer o horror (Germano Santos)

1. Mensagem do Germano Santos:

Caros Editores,

Antes de mais, votos de que tudo esteja a correr bem convosco e com os vossos familiares.

Está a escrever para o blogue alguém que até hoje só por uma vez bebeu uísque. E fê-lo exactamente na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, na longínqua Mansoa, tendo apanhado uma bebedeira de caixão à cova.

Nunca mais mais, até hoje, voltei a ficar embriagado e, como já disse, nunca mais voltei a beber uísque. Nem sequer o seu cheiro suporto, quanto mais o seu sabor. E a razão dessa ingestão e bebedeira de uísque ficou a dever-se a uma situação muito grave e lamentável a que assisti parcialmente.

Já não me recordo que horas eram, mas estaríamos muito próximo da meia-noite de 24 para 25 de Dezembro de 1971, quando um ou dois helicópteros aterraram de urgência na pista de Mansoa para evacuar uns seis militares gravemente feridos em Mansabá. Como sabem, Mansabá dista cerca de 30 Kilómetros de Mansoa e os feridos foram transportados por via terrestre de Mansabá para Mansoa a fim de serem evacuados para o Hospital de Bissau.

O que é que tinha acontecido ? Segundo me disseram, exactamente por ser véspera de Natal, um grupo de camaradas nossos, talvez fartos da guerra que viviam e que não queriam, e ainda pelas saudades dos seus familiares, que nestas épocas são sempre mais fortes, quer estejamos na guerra quer estejamos noutro lado qualquer, pôs-se a brincar com granadas, atirando-as ao ar, até que uma delas levou a sua missão até ao fim e explodíu.

Estive a assistir à transferência deles para os helicópteros e vi cenas que preferia nunca ter visto na minha vida. O estado de todos eles era gravíssimo e ainda hoje me interrogo se algum escapou.

Também não sei qual era a Companhia que na altura estava em Mansabá, sei sim que não era nenhuma companhia do meu batalhão.

Do que vi e que não queria ver nunca, resultou a minha única incursão pelo uísque e também a minha única bebedeira da vida. Foi uma noite muito difícil de passar, podem crer.

Um abraço e votos de Boas Festas e um Feliz Natal para todos os tertulianos camaradas da Guiné.

Germano Santos
Op Cripto da CCAÇ 3305 do BCAÇ 3832

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1969: Tabanca Grande (26): Mansoa, 33 anos depois (Germano Santos / Amílcar Mendes)

1. Mensagem de Germano Santos, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832, dirigida ao Amílcar Mendes (ex-1º Cabo da 38.ª CCmds, Brá, 1972/74

Amílcar:

Quando te escrevi no outro dia, não duvidava minimamente que tu eras quem eu pensava. Porém, a prudência aconselhou-me a entrar com alguma reserva.

Devemos ao blogue este reencontro, 33 anos depois. É deveras excepcional o que a Internet hoje em dia nos permite, mas sempre com a interacção dos homens, neste caso do Luís Graça.

Conheci-te através da tua irmã Celeste, cujo conhecimento, para o caso de não saberes ou não te lembrares, nasceu nas colunas do extinto Diário Popular. Eu era amante da filatelia, e a propósito de trocas de selos acabei por estabelecer contacto com a tua irmã. Teria eu cerca de 16 anos: Como o tempo passa!...

Após ter-te escrito no outro dia, comecei a pensar na tua família, nos teus pais e nas tuas irmãs. Tentei recordar-me de nomes e encontrei estes, confirma-me se estou certo. Dos teus pais não me lembro os nomes, mas das tuas irmãs lembro-me da Mila, Bia e Céu. Falta-me uma, mas não me lembro.

Como estão todos ?

A francesa era portuguesa, vivia, porém, em Paris. Estou divorciado dela, mas temos um filho em comum, hoje com 33 anos de idade.

Já não me recordo como chegaste a Mansoa vindo de Guidaje, mas lembro-me quando chegaste a Mansoa - periquito -, pois eu já estava lá há uns tempos. Lembro-me que no dia em que vocês chegaram terá morrido um camarada teu que estava na caserna a limpar a arma. Eu estava na enfermaria e ouvi um tiro na caserna onde vocês foram colocados; quando lá cheguei vi a cena final, ele esqueceu-se de tirar a bala da câmara. Recordas-te disto ?

Vais, então, escrever sobre o terrível Morés. Nunca lá fui dentro, mas sei de cenas lá ocorridas que são quase que indescritíveis. Tenho alguma relutância em contá-las.

Espero que não leves a mal o envio de cópia deste mail para o Luis Graça, mas não é todos os dias que dois amigos se encontram ao fim de 33 anos, e ele é o responsável por isso.

Hoje fico-me por aqui. Responde-me e continuaremos o rol das saudades.

Diz-me como estás de saúde e o mais que queiras.

Um abraço grande

Germano Santos

2. Mensagem anterior do A. Mendes, enviada ao camarada Germano Santos:

Sou o Amilcar Mendes, ex-1º cabo da 38ª Companhia de Comandos. Estivemos juntos em Mansoa. Vou te avivar a memória: sou irmão da Celeste e casaste com a francesa com quem nos correspondíamos os dois. Lembras-te como eu cheguei a Mansoa quando vim de Guidaje?

Um grande abraço do Amílcar Mendes

PS - Estou no blogue desde o seu início. Um dia destes vou escrever sobre o Morés.

3. Comentário de L.G.:


Germano e Amílcar: Afinal, a blogosfera é mesmo uma tabanca grande... Eu acho que vocês estavam condenados a (re)encontrar-se. Fico feliz, ficamos felizes, por tal ser possível através do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Quem disse que isto era uma caixa de Pandora, donde só poderiam sair fantasmas, pesadelos, diabos e diabretes ? Pelo contrário, tem sido uma caixa de grandes surpresas e emoções para todos nós...

PS - Desculpem se infrigi uma regra, que é a do respeito pela privacidade de cada um de vós, de cada um de nós. Mas esta estória (como todas as estórias com final feliz, como são as dos reencontros) merece ser partilhada na nossa caserna, entre todos. Entendi que o Germano me dei luz verde, e que o Amílcar não se opunha. Se mudarem de ideias, digam, que a gente num minuto desmonta a tenda.

Guiné 63/74 - P1968: Cusa di nos terra (2): O Embondeiro, aliás, Poilão, de Mansoa (Germano Santos)

Guiné > Região do Óio > Mansoa > c. 1972 > O Germano Santos junto a um enorme embondeiro

Foto: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Germano Santos, ex-operador cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, 1971/73)(1)

Caro Luís,

Creio que uma das fotos que te enviei oportunamente, aquela que tem o nº. 19, é de um embondeiro.

Neste caso, pena é que o fotógrafo se tenha preocupado mais comigo do que com o embondeiro (2).

Este embondeiro está em Mansoa e, pelo que me lembro, é enormíssimo.

Um abraço.

Germano Santos

2. C omentário dos editores:

O Henrique Matos vem dizer, e tem razão, que o teu Embondeiro é um Poilão.

___________

Notas dos editores:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

(2) Vd. post de 18 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1965: Cusa di nos terra (1): Emdondeiro (cabaceira) e poilão (Paulo Santigo / Leopoldo Amado)

domingo, 15 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1953: O cruzeiro das nossas vidas (6): Ou a estória de uma garrafa, com o SPM de Mansoa, que viajou até às Bahamas (Germano Santos)


O Carvalho Araújo (1930-1973), um navio da frota da Empresa Insulana de Navegação (1871-1974). Por quem se interessa pela história da nossa marimha mercante, recomendo o belíssimo sítio do Carlos Alberto Monteiro, que é um velho passageiro da Insulana, e em especial do Funchal, e um apaixonado coleccionador de postais e outros documentos relacionados com a frota da Insulana.

Foto: Ships Insulana, página de Carlos Albert Monteiro (2006) (com a devida vénia...).





Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1971 > "Foto 16 - Na rua principal de Mansoa. Eu estou de camuflado com o meu amigo Sampaio, de Guimarães, infelizmente falecido o ano passado" (GS)

Fotos e legendas: © Germano Santos (2007). Direitos reservados.


1. Texto do Germano Santos, ex-operador cripto da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, (1)

Caro Luís Graça,

Conforme prometido há já uns tempos, aqui vai, finalmente, a minha história sobre a garrafa que decidiu dar uma grande volta marítima.

É uma história sem guerra, mas que nasceu do facto de eu ter ido para a guerra.

Como sabes, eu fui Operador Cripto (1), logo não operacional, e portanto a minha guerra foi muito diferente das guerras de alguns dos nossos camaradas.

Contudo, também sei o que é a guerra, através das diversas flagelações que Mansoa sofreu durante a minha estada por lá.

Também vi coisas que não queria ver; também passei por coisas que não desejava ter passado, etc.

Mas falemos então da viagem da minha garrafa, que começa exactamente na minha viagem para a Guiné.

Estamos em 1970, 19 de Dezembro, quando a bordo do navio Carvalho Araújo (2) - que até aí, segundo me relataram, fazia constantemente o transporte de gado dos Açores para o Continente - inicia a sua viagem para a Guiné o Batalhão de Caçadores 3832, formado pela CCS e pelas Companhias de Caçadores 3303, 3304 e 3305. Eu era um dos dois Operadores de Cripto desta última Companhia.

Este início de viagem não correu lá muito bem, dado que logo nesse dia o navio avariou e passámos a noite sob a ponte 25 de Abril.

Porém, lá fomos navegando e a certa altura mais me parecia que estava num barco de amotinados do que outra coisa qualquer, tal era a quantidade de gente mal embriagada e indisposta com a viagem.

Convém referir que estávamos em vésperas de Natal e passar esta quadra festiva, longe da família e a caminho da guerra, não era evidentemente o que nós desejávamos mais.

Já não me recordo muito bem, mas nesse dia de Natal ou no dia a seguir, alguns de nós - talvez uns quatro ou cinco - decidimos carpir as nossas mágoas com alguém que estivesse noutras paragens, e do mar nos quisemos servir como meio de comunicação. Vai daí, lançámos ao mar algumas garrafas com as mais variadas mensagens. A minha era tão só um cartão de visita, no qual acrescentei o SPM do Batalhão ou do local para onde íamos (Mansoa).

O tempo foi passando e a guerra também.

E surpresa das surpresas. Em finais de Janeiro de 1972 (um ano e pouco após ter deitado ao mar a garrafa), recebo uma carta proveniente dos Estados Unidos da América, mais concretamente de Milwaukee, datada de 19 de Janeiro desse ano e assinada por uma Senhora de nome Lillian Drake, dando-me conta de ter encontrado a garrafa com o meu cartão.

Como não sabia inglês, fui pedir ajuda ao meu Major de Operações - o saudoso, porque falecido, Major Cerqueira Rocha, irmão do então, salvo êrro, Comandante Chefe das Forças Armadas em Portugal (não sei se era assim a designação, mas fica a idéia). Quero deixar aqui uma palavra de muito apreço para os familiares do Major Cerqueira Rocha, um militar e um homem extraordinário, com quem foi um prazer conviver durante dois anos na Guiné.

Foi ele que me leu a carta e que, tal como eu, ficou muito surpreendido por tudo o que nela era referido.

Dizia a Senhora que tinha encontrado a garrafa na Ilha de Eleuthera, nas Bahamas, a pouca distância do continente norte-americano, em 10 de Dezembro de 1971 quando se encontrava naquela ilha a visitar amigos. Mais dizia que estava a passear na praia, apanhando conchas e outras coisas, quando reparou na garrafa. Na carta perguntava-me quando e onde é que eu a tinha atirado ao mar.

Passados dias, com a ajuda do meu Major, satisfiz a curiosidade dela.

Aproveito para informar que naquela altura as Bahamas eram pertença dos Estados Unidos da América, sendo, desde 1973, um país independente.

Já após ter regressado a Portugal, tive oportunidade de me deslocar à Embaixada dos Estados Unidos da América e falado com um funcionário sobre esta história. Na altura esse funcionário pedíu-me para esperar um pouco e, passados uns minutos, fui recebido pelo Embaixador que ficou encantado com o ocorrido, e fez o favor de me mostrar não só o mapa americano como o Atlas, para me explicar todo o percurso que a garrafa tinha feito desde o Golfo da Guiné até às Bahamas.

Também li recentemente que o percurso efectuado pela minha garrafa está dentro das 50 maiores distâncias até hoje percorridas por uma garrafa lançada ao mar.

Eu sei que não é uma história de guerra, mas sem a minha ida para a guerra esta história não existiria.

Se achares que é interessante para colocar no blogue, força.

Um grande abraço.

Germano Santos

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Germano: Aqui aparece todo o tipo de estórias, umas mais trágicas ou dramáticas, outras mais cómicas ou divertidas, umas outras ainda mais intimistas e pessoais... Estórias de guerra, de amor, de paz, de camaragem, de solidariedade, de humor... Todas elas estórias de homens (e de mulheres), afectados directa ou indirectamente por uma guerra. A tua estória merece a melhor atenção de nós, até pelo seu insólito e pelo seu simbolismo: o mar, apesar da sua imensa vastidão, é também um ponto de encontro...

Como já tive ocasião de te dizer, tenho uma estória parecida com essa. Um vizinho meu, da Lourinhã, costumava ir pescar para a Praia da Peralta, a sul da Praia da Areia Branca. Isto por volta de meados da década de 1960. Um belo dia apanhou, na praia, um garrafa de gin ou de rum, com uma carta lá dentro, redigida em inglês. De regresso a casa, deu a carta a ler à minha irmã. Era de um súbdito de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra, embarcado num navio da Royal Navy. Ela mesmo respondeu à carta, com a mimnha ajuda, e fez um novo amigo. O marinheiro Barry começou a trocar correspondência com ela. Hoje, passados mais de quarenta anos, continuam amigos. E já se visitaram várias vezes: ele veio a Portugal, ela foi a Inglaterra... Ele inclusive aprendeu a falar e a escrever o português!...

Parabéns pela estória e pela tua garrafa que, na época, bem poderia ter entrado para o livro de recordes do Guiness (que já existia, desde 1951)... Obrigado pelas fotos (cerca de 20) que tu me mandaste, algumas da bela vila de Mansoa que tu ainda conheceste. Fica também aqui uma correcção: tu nunca pertenceste à CCS do BCAÇ 3832, mas sim à CCAÇ 3305, desse batalhão.
_______________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)


(2) Vd. posts anteriores desta série:

11 de Janeiro de 2007> Guiné 63/74 - P1420: O cruzeiro das nossas vidas (5): A viagem do TT Niassa que em Maio de 1969 levou a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Manuel Lema Santos)

21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1301: O cruzeiro das nossas vidas (4): Uíge, a viagem nº 127 (Victor Condeço, CCS/BART 1913)

21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1300: O cruzeiro das nossas vidas (3): um submarino por baixo do TT Niassa (Pedro Lauret)

19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1296: O cruzeiro das nossas vidas (2): A Bem da História: a partida do Uíge (Paulo Raposo / Rui Felício, CCAÇ 2405)

12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)

domingo, 8 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1934: Mansoa era uma vila lindíssima, um jardim (Germano Santos)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1968 > Um periquito do coração da Guiné, o Alf Mil Raposo, da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (1968/70).

Foto: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados.

1. Texto do Germano Santos , nosso novo tertuliano (1)....


Luís:

Obrigado pelo teu e-mail e pela possibilidade que me concedes de poder integrar a tertúlia da nossa aventura africana.

Através do meu contacto contigo já recebi notícias do camarada César Dias, do Concelho de Torres Novas.

Nunca fui a Bambadinca, o mais perto que estive foi na estrada que liga o Jugudul a Bambadinca.


Mansoa era uma vila lindíssima nos anos 70, chamávamos-lhe o jardim da Guiné, tal era a quantidade de flores e árvores que ali existiam. Não tínhamos abrigos, ali era pressuposto não haver guerra.

O Spínola levava lá constantemente jornalistas estrangeiros para verificarem in loco que a Guiné não estava ocupada e que ali se vivia bem. Estas visitas eram feitas durante o dia; à noite, de vez em quando, lá estávamos nós a embrulhar, sem a presença dos jornalistas.

Tínhamos um cinema que passava constantemente filmes para a tropa e para a população; tínhamos um razoável (naquele lugar diria excelente) restaurante, propriedade de um Snr. Simões, antigo soldado que por lá ficou e montou esse negócia com a mulher.

Enfim, não estávamos mal de todo, havia bem pior, mas bem pior na Guiné. É certo que tínhamos também perto de nós um potencial perigo, a mata de Morés, onde a nossa tropa dificilmente entrava e onde as bombas largadas pela nossa aviação ficavam nas copas das árvores. Aqui o PAIGC vivia com alguma tranquilidade, os seus elementos ali possuíam, segundo me era relatado, escolas e hospitais subterrâneos (2).

Era dali, do Morés, que quase sempre partiam os ataques a Mansoa, nomeadamente com os mísseis 122.

Este é um primeiro contacto. Posteriormente darei mais noticias e enviarei fotos.
Já divulguei o blogue por alguns camaradas meus do BCAÇ 3832, espero que eles também comecem a participar.

Um grande abraço e prometo voltar com outras histórias e com uma análise de como encontrei a Guiné em 1998.

Germano Santos

2. Comentário de L.G.: Germano: Dou-me conta, consultando os nosso arquivos, que temos poucas fotos de Mansoa do teu/nosso tempo, muito embora vários camaradas da nossa tertúlia tenham lá passado ou estado em diferentes épocas... Tens algumas fotografias dessa simpática vila do tempo colonial ? Fico a aguardar. Fala-nos também do quotidiano, da vida das pessoas em Mansoa. Se a memória te ajudar...
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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts de:

4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1814: Tabanca Grande (8): Apresenta-se o Operador Cripto da CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832 (Mansoa, 1970/73) , Germano Santos

11 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1835: Tabanca Grande (10): Germano Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, CCAÇ 3305 / BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73

12 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1840: A trágica história dos sapadores Alho e Fernandes da CCS do BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73 (César Dias / Gerrmano Santos)

(2) Vd. post de 4 de Julho de 2007

Guiné 63/74 - P1920: PAIGC: O Nosso Primeiro Livro de Leitura (A. Marques Lopes / António Pimentel) (3): O mítico Morés