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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20513: In Memoriam (358): Carlos Marques Santos (Coimbra, 1943-2019), ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Mansambo, 1868/70)

IN MEMORIAM

Carlos Marques Santos (1943-2019)


 Carlos Marques Santos
Ex-Fur Mil Art da CART 2339 (Mansambo/Guiné, 1968/1970)


Soube do falecimento do nosso amigo e camarada de armas Carlos Marques Santos no facebook, e confirmei através da sua filha Inês Santos que prontamente respondeu a uma mensagem que lhe enviei no sentido de confirmar o triste acontecimento.

O Corpo do Carlos estará a partir das 15 horas de hoje em Câmara Ardente na Capela de Santo António dos Olivais, em Coimbra, onde amanhã, pelas 11 horas, será celebrada Missa de Corpo Presente, seguindo-se o funeral.

Em nome da tertúlia e dos editores deste Blogue, apresento à família do nosso amigo Carlos Marques Santos, especialmente à sua esposa Teresa, filhas, netos e demais familiares, as mais sentidas condolências.

O Carlos apresentou-se à tertúlia em Dezembro de 2005 - P380 de 28 de Dezembro. Foi, portanto, um dos primeiros membros da nossa Tabanca Grande. Tem mais de 9 dezenas de referências no nosso blogue.  Foi também um dos históricos do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, em Montemor-o-Novo, em 2006, de que ele foi o organizador.

Bambadinca, 1969 > Carlos Marques Santos, à esquerda, na fila de trás.

Bambadinca, 1969 > Carlos Marques Santos em primeiro plano

Mansambo > Cumprimentando o Régulo da Tabanca

Penafiel, 2008 > Convívio da CART 2339 > Carlos Marques Santos, ao centro, na segunda fila.

Encontro da Tabanca Grande, Ortigosa, 2008 > Carlos Marques Santos e Mário Beja Santos
 ____________

Nota do editor

Último poste da série de 30 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20397: In Memoriam (357): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019): missa do 7º dia, na igreja do Vimeiro, Lourinhã, domingo, 1 de dezembro, às 11h00... Testemunhos do filho Rui Ferreira (Inglaterra) e dos amigos Rui Chamusco (Malcata, Sabugal; e Lourinhã) e João Crisóstomo (A-dos-Cunhados, Torres Vedras; e Nova Iorque)

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18719: Ser solidário (212): Gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas em Candamã e quando é que costumam celebrar o convívio anual (Luís Branquinho Crespo)



1. Mensagem do nosso camarada Luís Branquinho Crespo (ex-Alf Mil da CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70), com data de 26 de Maio de 2018:

Meus Caros Amigos

A associação a que pertenço com alguns amigos e amigas e que constituí chamada de Associação Humanitária Para a Cooperação e Desenvolvimento, Resgatar Sorrisos, e já constituída em ONGD, iniciou em Março a construção de uma Escola para a 5.ª e 6.ª Classes em Candamã[1], junto a Bambadinca e entre esta localidade e o Xitole.

Com uma equipa de vários homens fizemos as fundações, colocámos ferro, depositámos brita, cimentámos as fundações, fizemos subir pilares e com a ajuda da população a escola vai crescendo.

Sei, porque no local ainda existem restos físicos da passagem de militares nossos pela zona (há registos gravados em pedra de por lá terem passado em 1969 os Viriatos), gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas nessa tabanca e quando é que costumam celebrar o convívio anual e com quem posso contactar, indicando-me o nome e telemóvel ou modo de os obter.

Estou convicto e convencido que tinham todo o interesse em saber do nosso projecto e talvez até queiram colaborar.

Será que os meus amigos podem ajudar e responder informando-me do nome e dos possíveis contactos?

Aguardo pelas v/ informações.
Desde já o meu agradecimento.

Um abraço meu e o reconhecimento da
RESGATAR SORRISOS (ONGD)[2]

Atentamente
Luís Branquinho Crespo

Infografia: Projeto da escola de Candamã, Bambadinca, Bafatá, Guiné-Bissau. 
Luís Branquinho Crespo (2018)

********************

2. Ontem mesmo, dia 6, recebemos do camarada José Martins, nosso consultor para assuntos militares, a seguinte mensagem:

Boa noite 
Nas minhas notas só tenho com passagem por Candamã:

CCAÇ 1551 de Maio a Novembro de 1966
CCAÇ 1550 de Janeiro de 1967 a Janeiro de 1968
CART 2339 de Setembro de 1968 a Novembro de 1969
CCAÇ 2404 de Novembro de 1969 a Março de 1970

Sendo Candamã um destacamento de nível pelotão/pelotão reforçado, há "espaços de tempo" entre a saída e entrada de nova unidade, o que pode não ter acontecido na realidade. As minhas notas são baseadas nas informações do Volume VII da CECA, pelo que pode haver omissões. 

Nota:
Sábado é apresentado no Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes (15h30), mais um "Caderno de Estudos Leirienses", sobre a Grande Guerra, em que existem textos de, pelo menos, dois tabanqueiros, que têm ligações afectivas a Leiria. 

Abraço 
Zé Martins
____________

Notas do editor:

[1] - Vd. poste de 22 de janeiro de 2018 Guiné 61/74 - P18240: Ser solidário (209): Construção de Escola em Candamã, iniciativa da Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (Mário Beja Santos / Luís Branquinho Crespo)

[2] - Vd. poste de 24 de fevereiro de 2018 Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Mansambo) (Luís Branquinho Crespo)

Último poste da série de 14 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18414: Ser solidário (211): Concentração cívica (hoje, 4ª feira, às 18h00, no antigo Hospital Militar Principal, Estrela, Lisboa) e petição pública a favor do apoio social e clínico aos militares e seus agregados familiares, incluindo os antigos combatentes da Guerra em África

quinta-feira, 1 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18368: (Ex)citações (330) O "meu querido mês de julho de 1969"... e a "justum bellum", de Mamadu Indjai, contra os colonialistas e os "cães" dos colonialistas (Luís Graça)


Foto nº 1 >  No rescaldo do ataque a Candamã, na madrugada de 30/7/1969: granadas de canhão s/r, e de RGG, 1 granada de mão, munições, restos de fardamento, etc,


Foto n.º 2 > Em Mansambo, o Henrique Cardoso, alf mil, cmdt do 1.º Gr Comb, 2.ª cmdt da CART 2339 (1968/69)



Foto nº 3 > A tabanca de Candamã, transformada em "alvo militar" pelo Mamadu Injdai...

Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (Mansambo, 1968/69) > Candamã


Fotos: © Henrique Cardoso  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em todas as guerras as grandes vítimas são sempre as criança, as mulheres e os velhos que não podem pegar em armas... E logo seguir os combatentes,  os que pegam as armas, convencidos de que lutam por uma causa justa ("justum bellum")... E depois ainda os combatentes que lutam contra a sua própria guerra, os combatentes sem causa, arrebanhados para a guerra, como eu e tantos outros, de um lado e do outro... Quantos dos que morreram nas guerras, sabiam por que lutavam e podiam morrer? 

Este foi "o meu querido mês de julho de 1969" em que tive o primeiro contacto, brutal, com a guerra e as suas insanáveis contradições... Foi aqui que comecei a perceber que não se pode fazer uma guerra sem tomar partido e sem odiar... É preciso "objetivar" o outro, o "inimigo"... Não há guerras justas, muito menos sem ódio... O resto é ideologia...

Amílcar Cabral falava, não poucas vezes, dos "cães dos colonialistas"... Amílcar Cabral usou, não poucas vezes, esta expressão racista, referindo-se aos guineenses que não tomaram partido pela sua causa, o seu partido... (É verdade que ele sabia fazer a distinção entre os portugueses e o "regime colonialista" português; mas também é verdade que, não poucas vezes,  se referia a nós, "tugas", em sentido depreciativo, se não mesmo racista...).

Para os comandantes e demais combatentes do PAIGC, seguindo esta ordem de pensamento (único), o termo "cães dos colonialistas"  tinham um sentido explicitamente racista e um alvo concreto: os fulas, os manjacos e outros grupos étnicos,  menos permeáveis ao apelo da  "guerra de libertação", da "justum bellum"...

O comandante biafada (ou mandinga, não sabemos ao certo...) Mamadu Indjai levava a peito a "justum bellum": um "cão" dos colonialistas bom, era um "cão" morto... Infelizmente, alguns dos meus soldados fulas também partilhavam a teoria inversa: um balanta bom era  um balanta morto... Cada um tinha a sua "justum bellum" e os seus ódios de estimação...

O meu papel, como graduado da CCAÇ 12, na minha esfera de ação muito limitada, foi  impedir que, em situações-limite,  os meus "mamadu indjai" fulas, fardados com a farda do exército do meu país, levassem a teoria à prática... O verdadeiro Mamdu Indjai, biafada ou mandinga, comandante do PAIGC; esse, nunca se coibiu de praticar a teoria...

Dizem os cronistas que terá sido ferido três vezes em combate. À quarta, sucumbiu sob o pelotão de fuzilamento dos triunfadores da "justum bellum"... Mas Amílcar Cabral já não estava lá para ver... Já estava no olimpo dos deuses e dos heróis... A história (ou uma certa historiografia...) encarregou-se  de o 'santificar'... Em boa verdade, ele teve, apesar de tudo, a sorte dos criadores que não sobrevivem às suas criaturas...


2. Confirmei a sequência dos acontecimentos na história do BCAÇ 2852 (1968/70), Cap. II, pag. 90, bem como na história da minha CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

As coisas andavam "feias e bravas"  lá para aqueles lados dos regulados a norte do Corubal, depois da retirada de Madina do Boé em 6/2/1969...  O "chão fula" ficou desguarnecido a sul e sudeste, incluindo o setor de Galomaro (vd. carta de Duas Fontes ou Bangácia, nome do sede do posto administrativo que, com a guerra, terá perdido importância, em detrimento de Galomaro):

Na madrugada de 30 de Julho de 1969, eu estava em Candamã, ainda as armas dos defensores da tabanca fumegavam ... O espetáculo dessa madrugada ficou-me na memória e inspirou-me um poema que vou sucessivamente revendo...

Eis o filme desse mês (só registo a actividade da guerrilha que, haveríamos de saber mais tarde, era comandada pelo Mamadu Indjai, na zona de acção da CART 2339, Mansambo, 1968/69):

(1) No dia 1 de julho, às 20h00, um Grupo IN, estimado em 30 elementos, flagelou à distância o destacamento de Dulombi, a sudeste de Galomaro / Duas Fontes... durante duas horas (!). Os camaradas do PAIGC utilizaram Mort 60, LGFog, Metralhadoras Ligeiras e armas automáticas. Causaram 1 morto e 7 feridos, todos civis. Retiraram na direcção Norte...

(2) Em 10, um outro grupo IN, em número não estimado, emboscou um grupo de 4 civis de Dulombi, a partir de uma árvore, em Paiai Numba [, a sul de Padada, vd. carta da Padada]. Só dois dos civis conseguiram regressar a Dulombi, para contar o sucedido...

(3) Quatro dias depois, a 14, por volta das 16h05, um bigrupo (equivalente a um Gr Comb nosso, reforçado, c. 40 homens) - que presumivelmente se dirigia a Dulombi - reagiu a uma emboscada nossa em (PADADA 2E4), com Mort 60, LGFog e armas automáticas durante cerca de 35 minutos... Antes de retirar para Sudoeste, o IN causa às NT 1 morto, 2 feridos graves (1 civil), 3 feridos ligeiros, além de danos materiais num rádio CHP (de mal o menos)...

(4) No dia seguinte, às 20h00, um grupo IN (estimado em cerca de 40 elementos) atacou as tabancas de Cansamba e Madina Alage, durante 60 minutos, com Mort 60, LFog e armas automáticas mas, desta vez, felizmente, sem consequências... O IN retirou na direcção da tabanca de Samba Arabe, levando consigo um elemento da população...

(5) A 20, pelas 20h00, tocou de novo a vez à tabanca de Cansamba, flagelada por um grupo de 30 guerrilheiros, durante 20 minutos, sem consequências... Retirou na mesma direcção (Samba Arabe)...

(6)A 24, às 00h45, é atacado o destacamento de Dulombi, da direcção SSW. O IN, estimado em 60 elementos, utiliza LGFog e armas automáticas.

(7) Nesse mesmo dia, às 17h20, o aquartelamento de Mansambo é flagelado, a grande distância, com Mort 82, a partir da direcção sudoeste. Sem consequências. Na outra ponta do Sector L1, o Xime é flagelado, às 19h45 por canhão s/r.

(8) Meia hora depois, a sul de Madina Xaquili, a cerca de 1 Km, um grupo IN não estimado reagiu a forças da CCAÇ 2445, causando 6 feridos ligeiros, entre os quais 2 milícias. Simultaneamente, este destacamento é flagelado à distância, com Mort 60 e LGFog. Há apenas danos numa viatura GMC. O IN retira na direcção de Padada. Três Grupos de Combate da CCAÇ 12 (na altura, ainda CCAÇ 2590) tiveram aqui, nesse dia, o seu baptismo de fogo... em farda nº 3 (!).

(9) No dia seguinte, à 1h20, é atacado o destacamento de  Quirafo, durante 3 horas (!), por um grupo estimado em mais de 100 elementos, que utilizam 3 Canhões s/r, 3 Mort 82, vários Mort 60, RPG 2 e 7, Metr Lig e outras armas automáticas... Felizmente, há apenas 1 ferido, mas as instalações do destacamento ficam praticamente destruídas, bem como os rádios DHS e AN/RC-9 e quatro G-3... O arame farpado fora cortado em vários pontos... Quirafo, na altura é guarnecido por um pelotão da CCAÇ 2406.

(10) A 26, há uma nova flagelação do Xime, às 17h45, da direcção Sul. Com Canhão s/r e Mort 82 durante 10 minutos. No Xime está a CART 2520, com menos dois pelotões (um destacado em Galomaro e outro - duas secções - na Ponte do Rio Udunduma).

(11) No dia seguinte, 27, às 16h50, Mansambo volta a ser flagelado, à distância, durante 10 minutos, com Mort 82. Sem consequências.

(12) Em 28, por volta das 22h30, o destacamento e tabanca de Madina Xaquili vai conhecer o inferno: durante 1 hora e meia, é atacado de todas as direcções, por um grupo de cerca de 60 elementos, com Mort 82, Mort 60, LGFog e armas automáticas. Há dois feridos. Na altura era defendido pelo Pel Mil 147.

(13) A 29, às 10 da manhã, um grupo IN reagiu, durante 10 minutos, a um patrulha nossa, a 200 metros a SW de Dulombi, que acabava de sair na sequência do rebentamento de uma mina A/C. O IN, que utilizou Mort 60, LGFog e armas automáticas, causou 2 feridos civis.

(14) A 30, às 18h00, Mansambo sofre nova flagelação à distância, da direcção SW, durante 20 minutos, com Canhão s/r e Mort 82. Sem consequências.

(15) A fechar o mês (quente) de julho de 1969, é a vez da tabanca em audodefesa de Candamã [, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo,] conhecer o inferno: a 30, às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas, causando um 1 ferido grave e 4 feridos feridos às NT e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil... Valeu o comportamento heróico dos homens - menos de  pelotão - de Mansambo!...

Registe-se para a história: o 1.º pelotão da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso foi quem, com a população civil, defendeu a bela tabanca de Candamã... Por feitos muito  menos heróicos, distribuíram-se a torto e a direito muitas cruzes de guerra durante a guerra colonial...
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de:

26 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos

5 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16562: (De)Caras (47): Ainda o enigma dos ferimentos de Mamadu Indjai [N'Djai] e a missão do Bobo Keita na mata do Fiofioli (Jorge Araújo)

 4 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(**) Último poste da série >  15 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18321: (Ex)citações (329): Da Restauração da Independência de 1640 à guerra na Guiné (1963/1974). Batalhas em campos e tempos desiguais (José Saúde)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos


Vídeo (13' 55'') > You Tube / Luís Graça... Há um trecho sobre Candamã, a chegada do pelotão do alf mil Henrique Cardoso (na vésepra do ataque...) e o reforço do sistema de autodefesa da tabanca, a vida na  aldeia depois do ataque, o quotidiano da tropa e da população, as chuvas de agosto... (de 1' 11' a 7' 09''). (Ligar o som, o vídeo tem um fundo musical)


1. A CART 2339, Os Viriatos, foi uma subunidade que esteve na zona leste da Guiné, região de Bafatá, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão.

Os Viriatos, unidade de quadrícula, construíram de raiz o aquartelamento de Mansambo, entre Bambadinca e o Xitole. E participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969). 

Esta sequência de cenas (a história da CART 2339, e em especial do pelotão do Henrique Cardoso) foi originalmente filmada em 8mm. O filme foi depois convertido para o formato digital. O vídeo é do ex-alf mil Henrique J. F. Cardoso  (que era o 2º comandante da CART 2339):  vive hoje em Custóias, Matosinhos, e gostaríamos muito que se juntasse à nossa Tabanca Grande. Reforço aqui o convite que já lhe fiz em 2012.

Uma cópia do vídeo foi gentilmente cedida pelo seu camarada Torcato Mendonça para divulgação no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Mais uma vez, fica aqui o nosso reconhecimento ao autor (e ao seu camarada e nosso colaborador permanente Torcato Mendonça).

Trata-se de um documento, raro e precioso, sobre o quotidiano de uma unidade de quadrícula no TO da Guiné. O vídeo está dividido em duas partes (*), com a duração de cerca de 50 minutos, abarcando toda a comissão da CART 2339 no CTIG. O nosso leitor tem aqui a Parte I (35´33'').

Na Parte II (13' 44'') interessa-nos sobretudo destacar  a  estadia do pelotão do Henrique Cardoso em Candamã, em uljho e agosto de 1969, resumida em cerca de 6 minutos.

Diz-me agora o Henrique Cardoso que as NT esgotaram as munições na resposta ao ataque de 30/7/1969,  a sorte foi o clarear do dia e a retirada da força atacantes com os seus mortos e feridos. No vídeo, mostram-se alguns sinais do ataque (incluindo cápsulas de munições espalhadas pelo chão e algumas granadas por utilizar). É na sequência deste  ataque que é feita a reparação do arame farpado, que já existia. Como s rádios não funcionaram, não foi possível pedir o apoio da artilharia de Mansambo (obus 10.5). O Henrique Cardoso lembra-se ainda de lá estar vários a comer conversas de cavala, que era os únicos mantimentos que possuíam.


 2. O nosso camarada Luís Branquinho Crespo, presidente da ONGD Resgatar Sorrisos, quer erguer   uma escola em Candamã (**).

Este topónimo obrigou-me logo a relembrar factos passados, há quase 50 anos, no TO da Guiné, que ainda estão bem presentes na minha memória, associados às primeiras idas para o mato e ao contacto com a brutalidade da guerra, logo nos primeiros dias da minha chegada a Bambadinca, em julho de 1969.

Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, é atacada durante mais de duas horas até ao amanhecer do 30 de julho desse ano. Esse brutal ataque (o PAIGC utilizou dois bigrupos, reforçados, e armamento pesado) surgiu na sequência do recrudescimento da actividade IN no tradicional triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, após a Op Lança Afiada (8 a 18 de março de 1969).

Não resisto a "repescar" o vídeo,  já aqui publicado, do Henrique Cardoso (*), que, segundo informação que ele me transmitiu ao telefone, tinha acabado de chegar de véspera, a Candamã. Um dos objetivos do pelotão era, para além do reforço do sistema de autodefesa, construir mais uns abrigos para a população.

Constato, pela história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), que já em dezembro de 1968, Candamã, no subsetor de Mansambo, tinha um pelotão destacado, pertencente à CCAÇ 2401, pelo menos até março de 1969 (***).

A partir de junho, a CART 2339 destaca um pelotão para Candamã (duas secções) e Afiá (uma secção). O vídeo do Henrique do Cardoso não é de junho, como eu pensava,mas sim de julho e agosto..

A partir de 18 de julho, a minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12, entra em cena, como subunidade de intervenção no subsetor L1 (e outros), tendo logo o seu batismo de fogo em 24 desse mês (em Madina Xaquili)... Foi um mês alucinante, o de julho de 1969, para as NT e as populações sobre a nossa proteção no setor L1,

Recordo-me de ter chegada a Candamã, nessa madrugada de 30 de julho de 1969, vindo de Afiá (op Guita), quando as  armas dos defensores da tabanca ainda fumegavam... (****).

A tabanca em audodefesa de Candamã (, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo, entre Mansambo e Galomaro,)  tinha acabado de conhecer o inferno: às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas.

O ataque  causou 5 feridos às NT (dos quais 1 grave) e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil, além da destruição de moranças e outros bens da população. O arame farpado foi cortado em vários pontos.

Valeu o comportamento heróico da população da tabanca e dos homens de Mansambo  (o 1º Gr Comb da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso) - menos de um pelotão (já que uma secção estava na vizinha Afiá)!... Homens, que eu conheci e abracei, nessa mesma madrugada, quando a aldeia ainda fumegava, na sequência de incêndio de várias moranças.

Saberíamos mais tarde que: (i) as forças do PAIGC eram comandadas pelo tristemente célebre  Mamadu Indjai (*****); e (ii) tiveram 2 mortos e 6 feridos (relatório apreendido na Op Nada Consta).




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > Reconstrução de moranças, presumivelmente em Candamã, depois do ataque de 30/7/1969. Fotogramas de "slides", do Henrique Cardoso, retiradas, com a devida cortesia,  do seu vídeo, disponível aqui, no You Tube / Henrique Cardoso.

Fotos: © Henrique Cardoso (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


6 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10124: Vídeos da guerra (9): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte I) (Henrique Cardoso)

(**) Vd. poste de  24 de fevereiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Masambo) (Luís Granquinho Crespo)

(***) Vd.  poste de  22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.

(****) Último poste da série > 24 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18248: Efemérides (268): Faz 51 anos que chegámos a Bissau, no T/T Uíge, partindo depois numa LDM e num Batelão BM-1 para Gadamael (Mário Gaspar, ex-fur mil, CART 1659, Gadamael, 1967/68) - Parte II

(*****) Vd. poste de 4 de setembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(...) Saberei apenas,
muito anos depois,
que, julgado e condenado em Conacri,
fuzilaram o Mamadu Indjai,
no Boé,
que diziam ser região libertada da Guiné…

O mesmo Mamadu Indjai,
acrescente-se,
fero e bravo comandante,
que ferimos gravemente
no decurso da operação Nada Consta,
o mesmo Mamadu Indjai,
que, três anos e meio depois,
chefe das "secretas",
será o Judas de Amílcar Cabral. (...)


Vd. também poste de 7 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

sábado, 28 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16997: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493) (13): O dia mais triste...

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > 1969 > Mansambo

Foto: © Carlos Marques Santos (2006)


1. Mensagem do nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74) com data de 20 de Novembro de 2016:

Amigo Carlos
Antes de mais, faço votos para que te encontres de boa saúde assim com os que te são queridos.
Acabo de escrever e vou enviar-te um pequeno texto recordando aquele que foi o dia mais triste do meu tempo de Guiné.
Recebe um abraço


PEDAÇOS DE UM TEMPO

13 - O DIA MAIS TRISTE...
 
Quando “tropeçamos” no passado mesmo que tal tenha acontecido há já muito tempo, a mente leva-nos a viver situações que podem ser boas ou más, mas não há como fugir. Foi o que aconteceu comigo há dias ao ler um dos postes publicado sobre a construção das instalações de Mansambo.

Cheguei aquele local uns dias mais tarde que a minha companhia, e no dia que os “velhinhos” nos deixaram fiz o meu primeiro serviço, acompanhado pela G3 que era para mim quase desconhecida, fui um dos que foram fazer segurança ao pessoal que andava a transportar a água para as nossas instalações, chuveiros, cozinha e abrigos.

Éramos oito os homens da companhia incluindo o motorista do unimog e o ajudante, mais os picadores que eram três. A distância entre as nossas instalações e fonte era de poucas centenas de metros mas pela manhã o trajeto era sempre picado para que o unimog 411 e acompanhantes pudessem passar em segurança não fosse estar por lá alguma mina colocada durante a noite.

Quando lá chegámos fomo-nos distribuindo para junto de algumas das árvores que lá existiam, só regressámos às instalações próximo da hora de almoço. Foi à sombra de uma de maior porte que me “instalei”. Enquanto lá estivemos não me lembro de ter falado com algum dos camaradas ali em serviço mas sei que o cérebro não parou de pensar, em quase tudo, só que em nada de bom.
Ver os velhinhos partir com a alegria natural de quem conseguiu chegar ao fim da comissão e vai regressar a casa, e pensar no tempo que nos faltava para que também nós pudéssemos viver um dia assim… na altura, falava-se que seria vinte e dois meses depois foram quase vinte e sete.
Preparação para a guerra na Metrópole eu não tive, apenas tinha utilizado a arma duas vezes onde disparei cinco tiros de uma vez e vinte de outra.

A minha recruta e especialidade foram feitas em apenas três meses, no Trem Auto, dos quais três semanas foram passadas no hospital, HMDIC em Lisboa, depois oito meses no RAP3 Figueira da Foz com a especialidade de monitor auto. De guerra e armas nada conhecia, daí a minha falta de preparação, tive que me habituar à situação que todos vivemos, mas fui sempre um fraco guerreiro.

Era já perto de meio-dia quando regressámos da fonte, estava psicologicamente arrasado, foi então que antes do regresso me ocorreu uma frase que escrevi num papel que tinha comigo e que me acompanhou durante todo o tempo de comissão que simplesmente dizia: tem calma, ainda és jovem e o tempo há-de passar.

Foram várias as vezes que li essa frase assim como outras que entretanto fui escrevendo. Algumas vezes ajudou mesmo… Mas aquele dia foi de todos o mais triste… ainda hoje está presente na minha mente como se fosse ontem. Mais tarde em Cobumba passei por momentos bastante mais difíceis, mas aí, a tristeza não raramente passou a dar lugar à raiva…

António Eduardo Ferreira.



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Mansambo > 1996 > O Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1968/69), contemporâneo da CART 2339 (Mansambo, 1968/69). posando junto ao único memorial que ainda restava, de pé, o da CART 2714 (1970/72)... Dos fundadores, "Os Viriatos", a CART 2339, bem como do quartel que eles erigiram e inauguraram, restavam apenas alguns fragmentos e vestígios... Foto de Humberto Reis (2006)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16773: Pedaços de um tempo (António Eduardo Ferreira) (12): Memórias que me acompanham

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16909: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte VI: Anexos: A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (2)












Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968





1. Sexta  parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)

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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16830: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte V: Anexos A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (1)


















Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968







1. Quinta parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)


Sísifo ...foi condenado pelos deuses, por toda a eternidade (!), a empurrar  uma enorme pedra,  com suas próprias mãos até ao cume de uma montanha. Chegado lá, a pedra rolava novamente montanha abaixo, e o suplício continuava, uma, duas, três, infinitas vezes, inútil e estúpidamente...

"O trabalho de Sísifo" exprime o absurdo de muitas vidas humanas, como a dos Viriatos da CART 2339, em Mansambo.

Tântalo, por sua vez,  por ter tentado enganar os deuses,  foi lançado, por castigo ao rio Tártaro, nunca pondo saciar a sua sede (... nem matar a sua fome),  já que, ao aproximar-se da superfície da água esta se escoava...

O suplício de Tântalo refere-se, assim, ao sofrimento daqueles que desejam ansiosamente algo que está aparentemente ao alcance da mão mas a que esta nunca poderá chegar...A água foi um dos bens essenciais que escasseava em Mansambo e  que os Viriatos aprenderam muito cedo a respeitar como algo de vital e de  sagrado... (LG)

domingo, 27 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16767: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte V: Eu, em Mansambo, com o alf mil op esp Francisco Magalhães Moreira, cmdt do 1º Gr Comb



Guiné >Zona leste > Setor L1 > Mansambo >  c. 1970 > O Fernado Sousa, como o seu malão de primeiros socorros, à direita, com o alf mil op esp Francisco Magalhães Moreira, comandante do 1º Gr Comb,  ambos da CCAÇ 12 (1969/71). Hoje são vizinhos. "Tínhamos regressado de uma operação entre o Xime e Mansambo, Deve ser já para o fim da comissão".

O Francisco Moreira, que não integra a nossa Tabanca Grande (mas que teríamos todo o gosto em o acolher aqui!), vive em Santo Tirso. Já não nos vemos desde 1994. O Moreira era reconhecidamente o homem de confiança do comandante da companhia, o cap inf Carlos Alberto Machado Brito (, hoje cor inf ref). O Moreira passou por Lamego, pelo CIOE, tal como Humberto Reis, os dois "rangers" da CCAÇ 12.

Na altura em que eu, o Fernando Sousa, Francisco Moreira,  o Humberto Reis e outros estivemos na CCAÇ 12 (maio de 1969/março de 1971),  como unidade de intervenção no Sector L1,  conhecemos, como subnidades de quadrícula em Mansambo, as seguintes:

(i)  CART 2339 (1968/69), adida ao BCAÇ 2852 (1968/70):

(ii) CCAÇ 2404 (novembro de 1969/maio de 1970);

e (iii) a CART 2714, do BART 2917 (1970/72). (Esta companhia será rendida pela CART 3493, a que pertenceram o nosso grã-tabanqueiro António Duarte e  António Eduardo Ferreira; a CART 3493 vai em março de 1973 para Cobumba, na região de Tombali, sendo substituída pela CART 3494, do mesmo batalhão, o BART 3873, sedidado em Bambadinca, 1972/74).

A CCAÇ 12 ia frequentememte a Mansambo, em colunas logísticas ou em operações nos subsetores de Mansambo e Xitole.

Foto (e legenda): © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum de Fernando Andrade Sousa que foi 1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, entre maio de 1969 e março de 1971), e mora na Trofa (*). 

É inacreditável como é que a CCAÇ 12 só tinha dois enfermeiros operacionais para alinhar no mato, aliás, dois 1ºs cabos aux enf, o Fernando Sousa e o Carlos Alberto Rentes dos Santos (e este por pouco tempo, já que foi trabalhar como carpinteiro no reordenamento de Nhabijões!... O 1º cabo aux enf  José Maria S. Faleiro  foi cedo evacuado para a metrópole. +pr doença infetoconbtagiosa,  e e só muito mais tarde foi substituído pelo  1º cabo aux enf Fernando B. Gonçalves.)

Os médicos e os furrieis enfermeiros (como era o caso do nosso João Carreiro Martins) não alinhavam no mato (!), sendo cada vez mais absorvidos pelas tarefas de prestação de cuidados de saúde às populações civis!... 

Spínola parecia confiar apenas no HM 241, nos helicópteros da FAP  e nas enfermeiras paraquedistas que vinham fazer as evacuações Ypsilon!... Quantos camaradas nossos não terão morrido por falta de primeiros socorros no mato!... A vida ali contava-se ao segundo... 

Nunca vi ninguém protestar por esta insólita situação. A política da "Guiné Melhor" levou Spínola a "canibalizar" o seu próprio exército: alguns dos nossos melhores operacionais eram afetados a missões civis, como os reordenamentos, os postes militares escolares e os serviços de saúde!

Mais: a CCAÇ 12 é obrigada a participar directamente no "projecto de recuperação psicológica e promoção social da população dos Nhabijões",  ao tempo do BCAÇ 2852 (e depois do BART 2917), fornecendo uma equipa de reordenamentos e autodefesa, constituída pelos operacionais  alf mil António Carlão (cmdt do 2º Gr Comb), o fur mil at inf Joaquim  M. A. Fernandes (cmdt da 1ª seção do 4º Gr Comb), o 1º cabo at inf Virgílio Encarnação (cmdt da 3ª seção do 4º Gr Comb) ,e o sold arv  at int Alfa Baldé,  que foram tirar o respectivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969, e ainda 2 carpinteiros, um 1º cabo at inf (cujo nome preciso de confirmar) e próprio 1º cabo aux enf Carlso Albertos Rentes dos Santos).

A CCÇ 12 tinham 24 operacionais (graduados e 1ºs cabos atiradores), metropolitanos,  e uma centena de praças do recrutamento local, distribuídos por 4 grupos de combate, sem contar com os especialistas, metropolitanos (condutores auto, transmissões, enfermagem, etc., ao todo uns 35). Os 4 elementos operacionais brancos que são retirados à companhia, representava um 1/6 do total!

Na prática, e durante muitos meses, o pobre  do 1º cabo aux enf Fernando Andrade Sousa era o único a !alinhar no mato", dos 4 elementos iniciais da equipa de saúde!... (A CCAÇ 12 não tinha, de resto,  soldados maqueiros).  

E o Fernando também tinha, além disso, de integrar as equipas de  "ação psicossocioal" (!), por exemplo, as visitas às tabancas (*)...  E mais: ia todos os dias para o poste de saúde quando estava em Bambadinca!... E ainda foi destacado, dois ou três meses, no princípio de 1970,  para o Xime da CART 2520, que estava sem enfermeiro!...

Em conclusão foram homens como o Fernando Anadrade Sousa, "marca c...",, como se diz no Norte, que seguraram as pontas desta p... de guerra!... (Julgo que levou,  no fim, um louvor, averbado na caderneta militar, como seria, de resto,  da mais elementar justiça!).

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