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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5749: Álbum fotográfico de Júlio Marques Tavares, sold cond auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Parte I) (Marisa Tavares)









Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > O Sold Cond Auto Júlio Marques Tavares, que morreu no Canadá,  de doença, há cerca de 25 anos ... As fotos, disponibilizadas pela filha Marisa (n. 1978), enfermeira especializada na recolha de órgãos e tecidos humanos (Toronto, Ontário, Canadá), não trazem legendas. Cotejando estas fotos com as do Victor Condeço,  camarada do Júlio, não tenho dúvidas em concluir que são de Catió, do tempo da CCS/BART 1913 (1967/69)... Aguardo, no entanto, o parecer especializado do Victor, que vive no Entroncamento.

1. Mensagem, em inglês,  de Marisa Tavares, a luso-canadiana filha do Júlio Marques Tavares, da CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69),

Hello,

Thank you so much for publishing my father's info and picture on your blog (*).

I can understand Portuguese to a certain extend. My primary language is English.

You mentioned Victor Condeço as someone who served along side my father in Guinea. I'm not sure if he wrote something but I can not find it.

I have been scanning some of my father's pictures that I have found from my father's time in Guinea. Here are the photo's I've been able to put up tonight:

If I understood correctly someone commented about my father asking when or how he passed away.

After my father's time in the military,  my father married my mother and had a son. My father came to Canada to try and find a better life for his family. Six months later my mother and brother made their way into Canada to be with my father.

My father worked in construction here in Canada. In 1978 I was born and a when i was about 6 years old my father was diagnosed with end stage cancer. He underwent surgeries, treatment and spent many months in the hospital but after an 8 month battle with cancer my father passed away.

He is survived by his wife (my mother) Celinia Ramos Godinho Tavares (originally from Pardilho, Portugal).

His son, Pedro Miguel Godinho Tavares who is now in his late 30s, married and has his own business which is on the legal (issuing licenses, making sure all laws are being followed on sites etc.) side of construction.

And his daughter (me) Marisa De Fatima Godinho Tavares, I was very young when my father died. I went to school to be a nurse, never married, and currently am working with the provincial organ and tissue donation program here in the province of Ontario. I specialize in corneal transplants and am also an enucleator (a medical professional which recovers eyes after death for transplant purposes) for the province.

His mother died shortly after her son died. She was a widow and with her my family name ended. My father didn't have any brother's or sisters, my brother and I don't have any kids.

I'm grateful to have found your site. Feel free to pass along the pictures and or story of my father's life post war.

Thanks in advance,

Marisa
Toronto, Canada




Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel >


"Foto nº 4 - Foto tirada de cima do depósito da água do quartel [JUL 1967]. Vista parcial da parte nova do quartel. A parada com o cepo (raiz) do Poilão, à esquerda as casernas nº 1 e nº 2, ao centro o edifício do comando, por detrás deste as camaratas de sargentos e depois destas as novas messes ainda em construção, tal como a camarata de oficiais à direita. O telhado vermelho era a messe e bar de sargentos".  Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

[ Foto à esquerda: O Vitor Condeço, Fur Mil Mec Arm, CCS/BART 1913, Catió, 1968]



2. Tradução da mensagem da Marisa:


Muito obrigada por publicar, no seu blogue, uma foto com o meu pai bem como informações sobre ele.

A minha primeira língua é o Inglês, mas sou capaz de entender sofrivelmente o Português.

Você  menciona o Victor Condeço como alguém que fez a tropa com o  meu pai na Guiné. Não tenho certeza se ele escreveu alguma coisa, mas não consigo encontrá-la.

Estive a digitalizar algumas fotos,  que encontrei , do meu pai, do seu tempo de  Guiné.  Aqui estão as fotos que consegui pôr 'on line' noite:

http://www.flickr.com/photos/47130308@N03/sets/72157623206286189/show/

Se bem entendi,  alguém fez um comentário sobre o meu pai,  perguntando quando ou como é que ele faleceu.

Depois de tropa, o meu pai casou-se com a minha mãe. Tiveram um filho. O meu pai veio depois para o Canadá para tentar encontrar uma vida melhor para a sua família. Seis meses depois, a minha mãe e o meu juntaram-se ao meu pai no Canadá.

O meu pai trabalhou na construção civil, aqui no Canadá. Em 1978 nasci eu e,  quando eu tinha uns 6 anos, ao meu pai foi diagnosticado um cancro  em fase terminal. Foi submetido a tratamento médico-cirúrgico, e passou vários meses no hospital. Depois de uma batalha,  de 8 meses, com o cancro, o  meu pai faleceu.

A ele sobreviveu a sua esposa (minha mãe),  Celinia Ramos Godinho Tavares (originária de Pardilhó, Portugal).

O seu filho, Pedro Miguel Godinho Tavares, que está agora com quase 40 anos, é casado,  e tem seu próprio negócio,  ligado às questões legais da construção (emissão de licenças, certificando  de todas as leis estão sendo cumpridas nos locais, etc.).

Quanto à sua filha (eu, Marisa De Fatima Godinho Tavares), era muito jovem quando o pai morreu. Fui  fazer o curso de enfermeira, nunca me casei, e actualmente estou  a trabalhar no programa de doação de órgãos e tecidos humanos,  aqui no Estado de Ontário. Especializei-me  em transplantes de córnea e também sou uma enucleator (uma técnica de saúde que recupera olhos post-mortem para efeitos de transplante).

A mãe do meu pai (minha avó) morreu logo depois dele. Ela já era viúva e,  com a sua morte, acaba também o nome da minha família. O meu pai não tinha nenhum irmão ou irmã. O  meu irmão e eu não temos filhos.

Estou grata por ter encontrado o seu site. Esteja à vontade para publicar as imagens e/ou ou a história de vida do  meu pai a seguir à guerra.

Antecipadamente obrigada, 

3. Comentário de L.G.:

De uma primeira análise das fotografias, conclui-se que o Júlio Tavares era soldado condutor auto. Vemo-lo, por várias ocasiões,  ao voltante de um GMC, de um Unimog 404 e até de um Matador... A namorada e futura mulher, mãe de Marisa, era de Pardilhó (concelho de Estarreja, distrito de Aveiro). Presumo que também ele fosse de Pardilhó ou de lá perto. (É uma delícia, a foto com ele sentada sua secretária improvisada, ao ar livre, onde ele escrevia as cartas ou aerogramas para a sua namorada, vísível na foto emoldirada)...

Vê-se, por outras  fotos, que o Júlio era um homem familiarizado com a água (ria de Aveiro)... Será no rio Ganjola ? ... Estava como peixe dentro de água. E tinha jeito para a pesca. Vêmo-lo igualmente num conhecido bar de Catió, frequentado também pelo Victor. Há ainda fotos de operações, de aeronaves da FAP e de prisioneiros do PAIGC... Ficarão para um próximo poste.

Entretanto, aguardo a resposta do Victor à seguinte mensagem:

Victor: Lembras-te deste camarada, o Tavares ? Ele rmorreu, de cancro, no Canadá, seis ou sete anos depois da filha ter nascido (em 1978).. A filha Marisa lê (mal) o português... Vamos ajudá ?


Reconheces os lugares ? Isto é Catió e arredores...As fotos não têm legenda... Gostava de fazer uma selecção e publicá-las... Mas preciso das tuas preciosas observações, legendas, notas... Quando puderes, vê o "slide show"... Um abração. Luís

A Marisa tinha enviado, esta mamhã,  a seguinte mensagem, em português:

Uma correcao. O meu pai nao faleceu em 1978. Eu nasci em 1978... Ele faleceu 6 anos depois.
Hontem (yesterday) eu encontrei os papeis do militario do meu pai. Tambem vou scan logo...  Thank you,  Marisa

Na minha resposta, aproveitei para a convidar a integrar a nossa Tabanca Grande:

OK, it was a mistake of mine! I write in a hurry. Send me more details concerning the military story of your father and our camrade Tavares, who has been acting as a driver soldier at Catio headquarters of the 1913th  Artillery Battalion... He was also born in Pardilhó, Estarreja, Aveiro, like as your mother ?... I' m waiting for some news from Victor Condeço (He is living at Entroncamento city).



I invite you to join us at our 400-member blog community. We have also, with us,  sons, wifes, brothers and other relatives of our camrades, dead, victims of  Guinea-Bissau colonial war or passed away after the war, due to disease, injury, accident or violence...  Best wishes / Saudações

Luis (I am assistant professor in social siences at National School of Public Health, New University of Lisbon, Lisbon > + 351 21 751 21 93 (room) / + 351 21 471 0736 (home) / + 351 931 415 277 (mobile)

4. O Victor Condeço [, foto à esquerda,] acaba de me mandar, ao fim da tarde, a seguinte mensagem, que eu começo por agradecer, com conhecimento à Marisa (que está a recorrer a um tradutor automático, quando tem dificuldades de leitura das nossas mensagens):


Olá, Luís: Tenho uma muito vaga ideia do Júlio Tavares, ontem mesmo pedi a um camarada que também foi condutor da CCS do BART 1913, para me ajudar a recordar algumas coisas a respeito do pai da Marisa.

Ainda não tive resposta, mas hoje vi e revi a fotos que a Marisa ontem colocou na Net, relembrei algumas das caras que ali aparecem entre elas a do Júlio, embora não recorde os nomes da maioria das pessoas.

As fotografias, só duas ou três não são tiradas em Catió. Contudo vai ser difícil e moroso fazer a sua legendagem, pela quantidade e porque não estão numeradas.

Vou procurar fazer uma selecção e fazer o melhor que me seja possível, mas tens de me dar algum tempo.

Um abraço

Victor Condeço
______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 1 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5742: Em busca de ... (115): Camaradas de meu pai, Júlio Marques Tavares, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Marisa Tavares)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5742: Em busca de ... (115): Camaradas de meu pai, Júlio Marques Tavares, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Marisa Tavares)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > O Júlio Marques Tavares é o segundo a contar da esquerda.

Foto: © Marisa Tavares (2009). Direitos reservados.


1. Mensagem, de hoje, de Marisa Tavares, filha de um camarada nosso, a viver em Toronto, Canadá / Mrs. Marisa Tavares' today message:


(i) Subject - BArt 1913


 My father was in Bart [1913], Guinea-Bissau,  from 1967-1969. His name was Julio Marques Tavares. He is under the flag [photo].


He passed away a long time ago, I was only 6 years old. Now as an adult,  I'm trying to learn more about him.


Do you know where I can gather more information about my father?


Thank you in advance,


Marisa Tavares


Toronto, Canada


2. Resposta de Luís Graça / Mr. Graça' s reply:

(ii) Dear Marisa:

Many thanks for your message. I will do my best in order to find out more data concerning this period of your father's life. Please notice the name and contact of Victor Condeço, a war camrade of you father, at Catió, Tombali Region, in the south of Guinea-Bissau, during the years of 1967-69.

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/BART%201913

I hope you can read our blog in Portuguese. I'm just publishing your call. Best wishes. Luis


3. Tradução para português / Portuguese translation [L.G.]:

(i) Assunto - BART 1913

O meu pai esteve na Guiné, na CCS do BART 1913 (1967/69). Chamava-se Júlio Marques Tavares. É o que está debaixo do estandarte [na foto]. Faleceu há muito tempo, quando eu tinha  apenas 6 anos. Agora que sou mais velha, procuro saber mais coisas sobre ele.

Vocês podem dizer-me onde encontrar mais informação sobre o meu pai ? Antecipadamente agradecida, Marisa Tavares, Toronto, Canadá. (*)

(ii) Querida Marisa:

Muito obrigado pelo seu mail. Faremos o nosso melhor com vista a descobrir mais informação sobre este período da vida do seu pai. Tome boa nota do nome e do contacto de um camarada de seu pai, Victor Condeço, que esteve com ele em Catió, Região de Tombali, no sul da Guiné, durante os anos de 1967-69.

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/BART%201913

Esperamos que saiba ler Português, para poder acompanhar o nosso blogue. Vamos publicar o seu apelo. As nossas melhores saudações. Luis

4. Informação sobre o BART 1913:

Foi mobilizado pelo RAP 2. Partiu para a Guiné em 26 de Abril de 1967. Regressou à Metrópole em 2 de Março de 1969. Esteve em Catió, o comando e a CCS. Comandante: Ten Cor Art Abílio Santiago Cardoso. Subunidades:  CART 1687 (Cachil e Cufar);  CART 1688 (Bissau e Biambe); e CART 1689 (Fá Mandinga, Catió, Cabedú, Buba,  Gandembel, Cabedú, Canquelifá, Bissau).
_______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 31 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5738: Em busca de... (114): Neusa Danho procura amigos de seu pai, o 2.º Srgt Mil Cristóvão dos Santos - 3 (Paulo Santiago)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5116: Em busca de... (98): Pessoal da açoriana CAÇ 3326 - Os Jovens Assassinos de Mampatá (1971/73) (António Amaral Brum, Ontário, Canadá)



Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 , Os Unidos de Mampatá (1972/74) > Um foto aérea de povoação e aquartelamento... A unidade de quadrícula anterior terá sido a CCCAÇ 3326 (1971/73, Mampatá e Quinhamel) a que pertenceu o nosso camarada António Amaral Brum, há 36 anos emigrado no Canadá.


Foto: © José Manuel Lopes (2008). Todo os direitos reservados .


1. Texto do editor L.G.:

Recebi ontem um telefonema do Canadá, da esposa do nosso camarada António Amaral Brum, de origem açoriana, ex-Sold da CCAÇ 3326 – Os Jovens Assassinos de Mampatá (sic), e que teve como comandante o Cap Mil Art José Carlos Paulo Carvalho, militar e homem que ele muita admirava, e de quem gostaria de ter o contacto telefónico.

Esta subunidade, composta por militares açorianos, partiu para a Guiné em 21 de Janeiro de 1971 e regressou em 17 de Janeiro de 1973. Esteve em Mampatá e Quinhamel. É contemporânea das:

(i) CCAÇ 3325 (Guileje, Nacra; Cap Inf Jorge Saraiva Parracho);

(ii) CCAÇ 3327 (Brá, Bachile, Bassarel, Tite, Bissau; Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves);e

(iii) CCAÇ 3328 (Bula, Ponta Augusto, Barros, Bula) (esta última, com cinco comandantes).

Todas elas foram mobilizadas pelo BII 17 (Ponta Delgada), com excepção da última que veio do Funchal (BII 19).

O telefone do nosso camarada Brum é o 905 664 1497 (telemóvel ? nº fixo ?). Não tenho a certeza de ter percebido bem o apelido, mas pareceu-me ser Brum. Vive em Hamilton, Ontário (possivelmente, é preciso marcar o prefixo do Canadá e da região, para contactar com ele pelo telefone).

O Brum gostaria muito de encontrar antigos camaradas, em especial o Fur Mil Martinho (ou Martins ?), bem como o Portugal, para além do seu antigo capitão (que chegou inclusive a convidá-lo para vir trabalhar com ele no Continente).

Está há 36 anos no Canadá. Há 14 teve um acidente de trabalho na fábrica onde trabalhava, e que lhe provocou traumatismo craniano (“brain injury”). Está reformado, e faz a sua vida normal, conduz o seu carro, etc.

Falei com a esposa, açoriana, com sotaque cerrado de S. Miguel. Disse-me que queria muito fazer uma surpresa ao marido. Voltou hoje a falar-me… Não conhece Lisboa. Julgava que eu tinha uma base de dados com todos os contactos de todos os militares que passaram pela Guiné, e que logo ali lhe daria o telemóvel do ex-Cap Mil Paulo Carvalho. Alguém lhe deve ter dito que eu também falava numa rádio… Meu Deus, onde já vai o nosso blogue!…

Pareceu-me ser uma pessoa simples e uma esposa dedicada… Pedi-lhe para me mandar fotos, digitalizadas, do marido. Vai pedir à filha, que sabe trabalhar com a Internet. A última vez que o casal veio aos Açores foi há 10 anos. Insistiu comigo para pôr à frente do nº da companhia o nome de guerra por que eles eram conhecidos – Os Jovens Assassinos de Mampatá

Amigos e camaradas, quem pode dar uma ajuda a este nosso camarada da diáspora portuguesa ? (*)

_____


Nota de L.G.:


(*) São escassas as referências à CCAÇ 3326 no nosso blogue:




segunda-feira, 20 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4220: Cancioneiro do Cantanhez (2): Cabedu és nossa terra (Tony Grilo, Canadá)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cantanhez > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67)> Capelinha do antigo destacamento de Cabedu ... O autor da foto, Tony Grilo, esteve em Cabedu ao tempo da CCAÇ 1427 que, em 30 de Maio de 1967, foi substituída pela CART 1614 (*).

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cantanhez > Cabedu > Vista aérea do destacamento e da tabanca de Cabedu, com a sua pequena pista de aviação.

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catió > Cemitério de Catió > Duas sepulturas de militares portugueses, pertencentes à CCaç 1427 (1965/67), segundo informação do Tony Grilo.

Fotos: © Tony Grilo (2009). Direitos reservados.

1. Resposta do nosso camarada da diáspora (vive no Canadá desde 1972), Tony Grilo, que foi Apontador de obús 8,8, em Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966 e é membro da nossa Tabanca Grande desde Março último (**)... Ele entrou em contacto connosco, em 5 de Março, tentando saber notícias da malta que passou por Cabedu, entre 1966 e 1968: CCAÇ 1427, CART 1614 e BAC [Bateria Anti-Costa].


Amigo Luís Graça:

Obrigado pelo teu email.

Dando resposta as tuas perguntas àcerca de Cabedu, vou tentar explicar o melhor possível.

Era um acampamento no meio da célebre mata do Catanhez, só podíamos sair de lá, por mar ou de avião.

Era um acampamento pequeno quando lá cheguei (em Julho de 1966).Tinha uma pista para avionetas e helicópteros,uma população muito pequena, talvez umas 15 a 20 tabancas [moranças],com uma clareira de uns 100 metro até à mata.

Quando cheguei, estava lá a [CCaç] 1427,uma companhia velha, com bastante experiência, e com algumas operações no Catanhez, onde numa delas tiveram 2 mortos e vários feridos, um deles com uma bazucada na cabeça. Por sinal tiveram que deixar o corpo na mata e fugir, pois os turras caíram-lhes em cima, se não fugissem ainda lá ficariam mais (***).

Da 1427 ficaram 2 mortos enterrados em Catió. Aí vão as fotos das seputuras (***).

Durante os meus 18 meses en Cabedu, alargámos o acampamento para o dobro, fizemos abrigos subtertrâneos, um paiol de munições, uma igreja (aí vai a foto) e um campo de futebol.

Estavamos perto de um famoso acampamento, Darsalame, onde o Amilcar Cabral e o Agostinho Neto [o autor deveria querer dizer 'Nino' Vieira..., já que o angolano Agostinho Neto era dirigente do MPLA e não do PAIGC], paravam muito. Numa das operações da [CCaç] 1427 e mais 2 companhias, quase que apanharam o Amílcar, mas ele foi mais esperto e safou-se.

Fomos atacados muitas vezes, pois os turras tinham a pouca vergonha de vir mesmo à beira da mata, apontavam o canhão sem recuo, em fogo directo, e salve-se quem puder. Mas assim que o obus 8,8 começava a vomitar, os turras calavam-se logo e fugiam, pois onde elas (as granadas)caíam faziam um estrago termendo.

Muita fome se passava aí, pois estavamos quase sempre sem mantimentos. Como tudo era trazido por batelões, levavam uma vida a chegar lá, então tínhamos que nos desenrascar, as galinhas dos pretos é que pagavam. Quando não havia chance para isso, iamos para a tabanca comer bianda com eles.

Apanhei ai uma fraqueza tão grande, por vezes não conseguia segurar-me nas canetas, até que tive que ir para Bissau ao hospital fazer exames, pois estava com uma anemia do último grau. Pois é, meu caro Graça, desculpa a liberdade, até bicho branco deitava nas fezes...

Quanto à tua pergunta sobre a minha vinda para o Canadá... Foi mais uma das minhas aventuras (pois a gente só esta bem onde não está).

Como tinha cá a minha irmã e cunhado, nesse tempo tudo foi muito fácil para eu imigrar, e então vim. Mas hoje, se me perguntares se estou arrependido, em parte estou, pois deixei um bom emprego e tinha uma boa situação em Portugal. Por outro lado, estou feliz pois pude dar uma boa educação aos meus 4 filhos que, todos, estão bem na vida, aqui.

Emfim, nem tudo na vida são rosas.

Graça, agora aí vão uns versos que eu fiz em Cabedu.

Um grande abraço para toda a TERTúLIA.
Tony Grilo

2. Cancioneiro de Cantanhez > Cabedu, nossa terra (*****)
por Tony Grilo


Nas tabancas dos nativos
Nós fazemos uma acção
Que certo Mundo não sabe
Que nos sai da coração.

O inimigo espreita
Atacando gente boa,
Mas os soldados respondem
Sem ser com tiros à toa.

De canais e muito mato
É composta a região,
Os musquitos são malignos
Terroristas de picão.

Com insectos ou sem eles
Que o tempo se vá passando,
Oh malta, já estamos vendo
O Niassa navegando.

Em Cabedu, em Cabedu,
Vão desfilando tantos soldados,
Mesmo com guerra, és nossa terra,
Nestes dois anos amargurados.

Oh Cabedu, oh Cabedu,
És fortaleza desta Guiné,
Te defendemos com valentia,
Aqui no mato, de noite e dia.

Cabedu, 1966
Tony Grilo

[Fixação / revisão de texto: L.G.]

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3182: Em busca de... (38): Causas da morte do Alf Mil Manuel Sobreiro (Mampatá, 1968) Parte II (José Martins)

Vd. postes de:

5 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3986: O Nosso Livro de Visitas (57): Tony Grilo, Canadá: Artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)

24 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4073: Tabanca Grande (126): Tony Grilo, Artilheiro, Apontador de obús 8,8 (Guiné, 1966/68)

15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4192: Estórias avulsas (28): Sorte na Vida... ou quando uma dor de dente te salva a vida (Tony Grilo, Canadá)

(***) Segudo os dados recolhidos e tratados pelo nosso camarada A. Marques Lopes, haveria apenas um militar da CCaç 147, sepultado em Catió:

Vd. poste de 5 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)


(...) Avelino do Patrocínio Lage, Soldado / CCaç 1427 / 03.01.66 / Cafal / Ferimentos em combate / Paranhos, Porto / Corpo não recuperado.

(...) Adolfo do Nascimento Piçarra, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Ferradosa, Alfândega da Fé / Cemitério de Catió, Guiné.

(...) Albino Teixeira Martins, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Cachopo, Tavira / Corpo não recuperado.


(****) Vd. último poste da série > 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3915: Cancioneiro do Cantanhez (1): De Cafal Balanta a Cafine, Cobumba, Chugué, Dugal, Fatim... (Manuel Maia)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4192: Estórias avulsas (28): Sorte na Vida... ou quando uma dor de dente te salva a vida (Tony Grilo, Canadá)

1. 1. Mensagem de Tony Grilo (*), Apontador de obús 8,8, Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966/68, com data de 10 de Abril de 2009:

Amigo Vinhal e todos os camaradas da Tabanca Grande.

Vinhal, antes de mais, quero agradecer-te todos os e-mails que me tens enviado, obrigado.

É sempre bom saber o que se passa na nossa Tabanca.

Tenho começado a juntar alguns dos meus apontamentos de há 41 anos, do diário que escrevi na Guiné.

Preparei uma pequena história, a que dou o título, Sorte na vida.

Talvez não seja das melhores, mas para mim foi algo que ficou gravado na minha memória, até ao dia de hoje. Mas graças a DEUS hoje estou vivo e gozando com saúde, neste maravilhoso País que é o CANADÁ.


PS - Caros amigos, aí vão mais umas fotos.

Um grande abraço para toda a tertúlia destas terra do Canadá.


2. SORTE NA VIDA
por Tony Grilo

Assm começa a história...

Em Dezembro de 1967 comecei por ter uma horrível dor num dente, com uma cavidade, passando noites sem dormir. Então, comecei a pedir ao Alf Santos (nosso comandante da Artilharia), para me deixar ir para a consulta externa a Bissau. Não foi fácil, mas lá o convenci.

Lá parti nos ditos batelões através daqueles rios, até chegar a Bissau. Apresentei-me na bateria - BAC 1, que ficava no QG.

No dia seguinte comecei a rotina até ao Hospital Militar.

Havia uma semana e dias, quando o Capitão recebeu um rádio de Cabedú a informá-lo de que tinha havido um forte ataque a Cabedú, que tinha ocasionado a morte a dois soldados indígenas e um ferido grave. Um dos soldados, Cunhete, era o municiador da minha secção. Isto sucedeu no dia 23/12/67.

Terminada a consulta externa, regressei a Cabedú.

À minha chegada ao cais, estava o meu amigo e colega, 1.º cabo Carneiro. Com estas palavra me disse:
-Grilo, és um tipo cheio de sorte!

E eu perguntei:
- Porquê?
- Já vais ver - respondeu ele.

Chegamos ao acampamento e qual não foi o meu espanto, que quando olhei para a minha caserna, estava toda destruída. Entrei lá dentro: a minha cama estava toda estilhaçada e a minha almofada toda furada.

A morteirada acertou em cheio no meio da caserna, metade era dos cabos e a outra metade dos soldados. Foi onde morreram os dois e foi ferido outro. Por sorte essa noite não havia cabos lá dentro na hora do ataque.

Até ao dia de hoje, penso que foi o dente que me salvou.

Há uns anos atrás tive que arrancá-lo e disse logo ao médico:
- Por favor, não deite o dente fora, pois salvou-me a vida.

Então contei-lhe a história. Ainda hoje o tenho guardado numa caixa.






__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4073: Tabanca Grande (126): Tony Grilo, Artilheiro, Apontador de obús 8,8 (Guiné, 1966/68)

Vd. último poste da série de 15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4189: Estórias avulsas (27): O meu amigo Dinha e o RDM (Belarmino Sardinha)

terça-feira, 24 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4073: Tabanca Grande (126): Tony Grilo, Artilheiro, Apontador de obús 8,8 (Guiné, 1966/68)

1. Mensagem de Tony Grilo(*), Apontador de obús 8,8, Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966/68, com data de 23 de Março de 2009:

Amigo Graça e todos os camaradas da tabanca grande:
Cá estou a dar resposta ao teu e-mail, embora um pouco atrasado, mas não esquecido dos camaradas.

Agora vou dar resposta às tuas perguntas.

Sou natural do Alto Alentejo, duma terra chamada Barbacena a 15km de Elvas.
Vivi e cresci em Belém, Cascais, Cabo Espichel e por último na Rua Lopes Alto S. João - Lisboa.

Emigrei para o Canadá em 1972, onde tenho residido atá hoje.

A pouco e pouco tenho já contacto com alguns camaradas da 1427 e 1614.
Obrigado à TABANCA GRANDE.

Por hoje é tudo. Aí vão umas fotos, depois mando a história, pois estou indo através do meu diário, pois já são muitos anos, quero e tenho que ler. Tudo o que tenho escrito, dava para fazer um livro.

Um forte abraço para todos os camaradas.
Para ti um forte abraço.
Tony Grilo










2. Comentário de CV

Caro Tony Grilo
Muito obrigado pelo teu contacto.

Estás oficialmente apresentado à tertúlia, faltando apenas uma foto tua antiga.
Vê se nos arranjas uma foto das antigas onde estejas em grande plano para que possamos fazer uma foto tipo passe, como a que editei para a tua actual.

Quando nos enviares fotos, por favor manda sempre as respectivas legendas com a data, local e acontecimento para as podermos enquadrar nas histórias enviadas.

As que foram hoje publicadas vinham com pouca qualidade e sem acompanhamento das respectivas legendas.

Aguardamos próximas notícias tuas. Até lá recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia.

Votos de boa saúde por essas lindas terras do Canadá.

Carlos Vinhal
__________

Nota de CV

(*) Vd. poste de 5 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3986: O Nosso Livro de Visitas (57): Tony Grilo, Canadá: Artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)

Vd. último poste da série de 9 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4003: Tabanca Grande (125): Júlio Pinto, ex-2.º Srgt Mil da CART 1769/BART 1926 (Angola, 1967/69)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3986: O Nosso Livro de Visitas (57): Tony Grilo, Canadá: Artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cantanhez > Cabedu > Restos (arqueológicos...) do antigo destacamento de Cabedu... Por aqui passaram, em 1963/56, os valorosos e esforçados militares portgueses da CCAÇ 555, comandados pelo Cap Inf António Ritto e de que fazia parte o Fur Mil At Inf Norberto Gomes da Costa, hoje mestre em história, e que passa a integrar a nossa Tabanca Grande.

Foto: © José Teixeira(2008). Direitos reservados.

1. Mensagem de Tony Grilo com data de 26 de Fevereiro de 2009 dirigida ao nosso Blogue

Amigo Graça:

Desculpa o meu começo Pois eu sigo os teus conselhos. Na tabanca todos nos tratamos por tu, e aí vai.

Caro amigo Graça, primeiro que tudo quero felicitar-te pela tua obra.

Agora se me dás licença, vou-me apresentar: O meu nome é Tony Grilo, cumpri o serviço militar, um ano e meio, em Portugal, e em 1966 fui mobilizado para a Guiné.

Saímos, no dia 31 de Maio de 1966, do cais de Alcântara no navio Alfredo da Silva. A viagem demorou 6 dias, percorremos 3666 milhas marítimas e chegámos no dia 6 de Junho de 1966.

O navio ficou ao largo, à espera do capitão de porto para o rebocar para o cais. E ali também vinham 6 pessoas.

Isto é apenas uma pequena história que sucedeu.

Agora vou contar-te algo mais sobre a minha pessoa!

Estive 24 meses na Guiné, era Apontador do obus 8,8 e a nossa Bateria, estava situada no QG em Bissau.

Estive ali só 2 semanas, pois fui enviado logo para o mato, Cabedu, ao Sul da Guiné, na célebre mata do Cantanhez.

Estive lá longos 18 meses, onde a vida era difícil, muita fome aí passávamos.

Ao fim desse tempo regressei a Bissau.

Como era bom rapaz e o capitão engraçou comigo, disse logo ao Primeiro para me marcar viagem para o mato. O motivo foi por me desenfiar do quartel. Não havendo sítio melhor, fui logo para Cacine e Cameconde, também ao Sul, na área do Cantanhez.

Graça, isto é só um pequeno apontamento, pois agora que tenho o vosso E-Mail, já é mais fácil contar as minhas histórias da passagem pela Guiné.

Actualmente vivo no Canadá, já há 38 anos, estou reformado e estou a pensar regressar ao nosso lindo Portugal em fins de Maio deste ano.

Graça, em breve vou-te enviar as minhas fotos.

Queria pedir-te um especial favor: gostaria de saber como contactar com camaradas da [CCAÇ] 1427, [CART] 1614 e da BAC que estiveram nos anos 1966 a 1968.

Um grande abraço a todos os camaradas da Tabanca Grande.

Para o Graça um forte abraço, deste teu camarada que terá muito gosto em conhecer-te pessoalmente.

Talvez em breve aquando do meu regresso a Portugal!

Até breve, caro AMIGO!

Tony Grilo

2. Mensagem de Luís Graça para Tony Grilo, com data de 27 de Fevereiro de 2009:

Tony:

Sê bem-vindo. Vou publicar (eu ou o Carlos Vinhal) a tua mensagem. Presumo que queiras figurar no nosso blogue (e na nossa Tabanca Grande) com as fotos da praxe (pelo menos uma antiga, do teu tempo de artilheiro) e outra actual.

Então vives no Canadá... Em que sítio? Toronto? E já agora, em que terra nasceste ou aonde costumas vir, de férias?

Olha, tenho ideia que me mandaste mais dois mails, a seguir a este. Pode ter acontecido eu tê-los eliminado sem querer, pensando tratar-se de Spam... Podes fazer o favor de os reencaminhar de novo para mim ?

Um bom fim de semana, camarada e amigo Tony. Vai gozando a tua reforma com saúde.
Recebe um abração do Luís


3. Comentário de CV

Caro Tony, esperamos as tuas notícias e as fotos da praxe.

Suponho que foste em rendição individual para seres colocado na Artlharia (BAC]em Bissau.

Hás-de contar-nos mais pormenores das tuas aventuras durante a tua estadia no mato, disparando aquelas velhas, mas eficazes peças.

Como diz o Luís Graça, gostaríamos de saber mais de ti, como por exemplo, o teu antigo posto militar, onde é a tua terra natal e outras coisas mais que nos possas contar.

Recebe um abraço em nome da tertúlia.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3792: O Nosso Livro de Visitas (56): Paulo Botelho procura fotos da CCAÇ 2789, Guiné, 1970/72

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3891: FAP (11): Jorge Caiano, ex-Melec/AV, BA12, 1969/70, reconhecido por Augusto Ferreira



1. Reprodução do poste de 13 de Fevereiro de 2009 > 786 JORGE CAIANO. do blogue do Victor Barata Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74 (com a devida vénia...):


Augusto Ferreira
2º Srgt Melec/Av Tete
Coimbra

Assunto - O Jorge Caiano


(...) Amigo Victor, ao ler no nosso blog as notícias relacionadas com o acidente que vitimou, na Guiné, o nosso companheiro piloto Francisco Manso, pelo CAIANO (*), parei por uns momentos, pois o nome era-me familiar.

Mas inicialmemte era MMA pensei, não deve ser o mesmo que conheci. Mas quando foi feita a correcção pelo Luís Graça, de que era MELEC/AV, concluí que não estava errado. Estive com ele.

Em 1971 pertencemos á mesma secção eléctrica da BA7 – S. Jacinto-AVEIRO. Tanto quanto me lembro, ele vivia em Quintãs, na zona de Aveiro.

Era um jovem alto e bem constituído fisicamente. Estávamos lá na altura na secção, com 1º Srgt Agostinho, com o Lapa e eu, todos de Coimbra, juntamente com ele.

Cheguei a esta base (na altura de instrução de pilotagem ), no final de Maio de 1971, acabadinho de concluir, na BA2-Ota, a especialidade de Electricista de Aviões e Instrumentos e foi aí que utilizei, pela primeira vez, os meus conhecimentos da especialidade, nas dezenas de aviões T6G que lá estavam estacionados, também na companhia do nosso companheiro CAIANO.

Não sei se ele se recorda de mim, e espero não estar errado. De qualquer modo, de aqui lhe envio um forte abraço e o desejo de que seja muito feliz, no país que escolheu para viver e trabalhar. (...).

Até breve
Augusto Ferreira

_________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3879: FAP (9): Jorge Caiano, ex-1º Cabo Esp Melec, BA12, 1969/70, no Canadá desde 1974

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3262: No 25 de Abril eu estava em... (5): Gadamael e depois Cufar (José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152/73)






Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > Em quase todos os aquartelamentos do CTIG, houve a seguir ao 25 de Abril de 1974 tentativas mais ou menos bem sucedidas de aproximação do PAIGC com vista ao cessar fogo, ao fim da guerra e à reconciliação (e vice-versa). Nas duas fotos de cima, vemos um camarada nosso, o ex-Fur Mil José Manuel Lopes, celebrando a esperança da paz e da reconciliação com os guerrilheiros do PAIGC. O mesmo aconteceu, mais a sul, em Gadamael, conforme o depoimento do José Gonçalves, que hoje vive no Canadá.

Fotos: © José Manuel (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem enviada em 24 de Fevereiro de 208, por José Marcelino Gonçalves, ex-Alf Mil Op Especiais, CCAÇ 4152 (Gadamael e Cufar, 1973/74). Vive no Canadá e faz parte da nossa Tabanca Grande desde 24 de Junho de 2008 (*).


Assunto - Mais um tertuliano fã do nosso blogue


Caro camarada Luís:

Apresenta-se o Alferes Miliciano de Operações Especiais, José Gonçalves.

Antes de mais tenho que pedir desculpa pela acentuação e ortografia uma vez que vivo no Canadá (já lá vão 33 anos). O meu teclado não tem acentos e a minha língua agora é o ingles.

Sei que ou te encontras na Guiné ou vais em breve para a Guiné para o Simpósio sobre Guileje. Espero ler o teu parecer sobre este acontecimento.

Tenho vindo a acompanhar este teu/nosso blogue que aprecio muito, e dou os meus parabéns a todos os responsáveis e participantes pela capacidade de reviverem da sua memória com toda a emoção que lhes vai na alma a sua história da Guiné que por vezes é bastante dolorosa.

Também é emocionante a galhardia como muitos dos nossos camaradas prestam homenagem aos seus companheiros de batalha. Pela minha parte decidi desde início esquecer tudo aquilo que para mim foi algo traumático, principalmente pelo esforço e sacrificíos inúteis que todos nós fizemos por uma Pátria que valorizava mais um helicóptero ou um jacto do que um dos seus filhos a morrer no mato. Todos estas experiências e recordações foram esquecidas e raramente contadas porque não via razão para recordar tais experiências. Achando e lendo este blogue muitas coisas me vieram à mente e aqui encontrei coragem de recordar e de uma certa maneira reviver alguns momentos que julgava perdidos. Também pensei que poderia juntar algumas passagens pós- 25 de Abril que ainda não vi contadas.

Eu, como a maioria dos participantes deste blogue, também estive na Guine em Gadamael Porto desde Janeiro de 1974 até Junho do mesmo ano quando o mesmo quartel foi entregue ao PAIGC. De Gadamael a minha companhia, a CCAC 4152, foi para Cufar e aí também entregou o quartel ao PAIGC.


Gadamael: 27 ataques no primeiro mês, Janeiro de 1974...


As minhas experiências em Gadamael, apesar de não serem as mesmas do pessoal que ali esteve em Maio e Junho de 1973, também não foram das melhores tanto no aspecto bélico como no aspecto de condições de vida.

No espacto bélico tivemos 27 ataques (bombardeamentos) no primeiro mês que ali morámos (se se pode dizer que morávamos ali) mas a pontaria do PAIGC não era muito boa nesse tempo, uma vez que era raro alguma granada cair dentro do aquartelamento e quando caía nós respondíamos com tudo o que tinhamos à disposição (3 obuses nessa altura).

Nós sabíamos onde eles também moravam (do outro lado da fronteira) e havia sempre um obus apontado para lá e pronto a disparar. Se a pontaria deles estivesse fraca, nós raramente respondíamos e pensavamos que eles também assim o entendiam. Apesar de não acertarem no quartel, isto tinha um efeito muito grande no abastecimento (que só vinha de Cacine através de LDM durante o dia e quando a maré estava alta). Ora o PAIGC sabia disto e em quase todas as oportunidades de abastecimento eles faziam o seu bombardeamento o que não deixava o abastecimento acontecer.


As granadas de obus e a nossa contabilidade criativa


Na altura em que estive em Gadamael também havia muito controlo sobre a quantidade de granadas de obus utilizadas principalmente em batida de terreno. Estas batidas eram altamente necessárias para que o PAIGC não se sentisse à vontade na nossa zona. Nós sempre fizemos batidas, mas fazíamos uma contabilidade muito criativa. No relatório dos bombardeamentos contávamos as granadas de resposta (O que muitas vezes não acontecia e se ripostávamos contávamos mais granadas do que as utilizadas) e depois usávamos essas granadas nas batidas. Só o exército português poderia fazer guerra desta maneira.


Fominha, muita fominha: "Comeremos cães assim que os gatos se acabarem"


A falta de mantimentos ia cada vez aumentando e tive bastante problemas (quando estava a comandar a companhia devido à ausência do capitão que tinha ido de ferias) porque os soldados fizeram uma demonstração contra as condições alimentares pois só tínhamos arroz e salsichas para cozinhar.

Lembro-me que uma vez o cozinheiro improvisou e fez arroz de tomate com ketchup que ainda havia, pois não havia hamburgers para o utilizar mas o arroz estava intragável. Foi-me dito que alguns soldados tinham começado a caçar gatos e a fazer petiscos com os mesmos.

Foi desta forma que a minha companhia era conhecida em Bissau pelo pessoal de secretaria como a "companhia dos Gatos”, caso que constatei quando fiz a liquidação da mesma. A razão desta alcunha é que eu tinha mandado um telegrama para Bissau com a autorização do comandante do COP 5 (com conhecimento geral) que dizia mais ou menos isto:

“Mantimentos estão-se a acabar. Pessoal presentemente comendo gatos o que também se está esgotando. Comeremos cães assim que os gatos se acabarem.”

As condições de vida também tinham muito a desejar no que respeita a acomodações que nos foram dadas (7 meses depois do desastre de Guileje): estavam pacialmente destruídas e a primeira coisa que tivemos que fazer foi reconstrui-las para podermos pôr um tecto que nos protegesse das chuvas que viriam em breve.

Granadas de bazuca que faziam... pluff!!!

A companhia que fomos render tinha feito algo mas tinham-se concentrado principalmente na construção de abrigos e valas que agora havia por todo o lado. O quartel ainda estava repleto de granadas inimigas que não tinham rebentado e ali se encontravam apropriadamente marcadas com um pau espetado no chão. Algumas destas a poucos metros do paiol de munições (por vezes havia sorte).

No que respeita a material bélico também estavamos muito mal. Eu lembro-me de ter que pedir granadas emprestadas a outro pelotão porque não havia o suficiente para podermos is fazer patrulhas. A companhia anterior à nossa tinha distribuido rockets de bazooka por certas zonas estratégicas para defender certas áreas através de bazooka.

A aparência destes rockets não era da minha confiança e resolvi um dia ir testar umas quantas para verificar se elas estavam funcionais e também para treinar o atirador de bazooka. Fomos para o cais e eu disse ao bazuqueiro para atirar uns quantos rockets para o rio em direcção ao rio Cacine que se via do cais. Qual foi a minha aflição quando o rocket não disparou totalmente e ficou ardendo dentro do tubo e o bazuqueiro a gritar e querendo atirar a bazooka para o chão e fugir. Tive que lhe dar um grito e ordem para se manter de pé com a bazooka apontada para o rio. Ele assim o fez mesmo tremendo como uma vara verde e, passado uns segundos, o rocket ardeu bem e saiu do cano, caindo aí a 50 metros em frente. Ao mesmo tempo começaamos a ouvir rebentamentos, o que era mais um ataque. Fui participar o acontecido ao comandante e a resposta foi que essas eram os únicos rockets que tínhamos.

Passado um mês em Gadamael fui ferido (em acidente com um canhão sem recuo nosso, uma outra estória para contar) e passei quase 2 meses em Bissau a recuperar.

Enfim há muitas estorias para contar como todos nós as tivemos mas a mais interessante é a que conto a seguir.

Maio de 1974: Apresenta-se o senhor comissário político

Era em principio de Maio de 1974 pouco depois do 25 de Abril . Estava na messe de oficiais a beber o meu whisky quando o barman me diz que estava um preto a querer falar com o comandante. Eu fui ver o que era e deparo com um indivíduo, desconhecido, bem vestido e com muita cortesia me pediu para falar com o comandante. Perguntei-lhe quem era e o que queria do comandante. Para minha surpresa disse-me que era o comissário político do PAIGC para a zona de Gadamael e que queria falar com o comandante sobre o 25 de Abril. Fiquei de boca aberta, como é de calcular, e mandei-o entrar e pedi para chamarem o comandante.

O comandante chegou (o nome dele apagou-se da minha memória mas era um capitão tenente fuzileiro especial) e perguntou-lhe se tinha vindo sozinho. O comissário politico disse-lhe que não e que tinha vindo com 2 pelotões e que estavam escondidos perto do campo de aviação. O comandante disse-lhe que o pessoal do PAIGC não podia ficar nesse local e ou se retirava ou se apresentava.

O comissário então dirigiu-se para o mato e começou a falar em voz alta e começaram a aparecer soldados do PAIGC vindos da mata, armados até aos dentes. O comandante então disse-lhes que não permitia que ficassem ali armados, e que para entrarem tinham que nos entregar as armas. Qual não foi o meu espanto quando eles disseram que sim. Nós pedimos a um escriturário para fazer a escrita e começamos a recolher as armas.

Eles entraram e foram conviver com o pessoal que estava do "nosso lado”. Beberam e comeram e nós conversámos com o comissario, depois fomos apresentá-lo ao régulo e mostrámos-lhe o aquartelamento e a tabanca. Depois foi a vez de lhes entregar as armas para estes se irem embora para o outro lado da fronteira . Ouve pequenos desacordos porque alguns deles pensavam que tinham entregue mais munições do que recebiam mas como já estavam bêbedos a maior parte deles (pois os nossos soldados se tinham encarregado disso) e com a comando deles tudo se resolveu amigalvelmente.

Visita de cortesia dos nossos oficiais a Kandiafara, na Guiné-Conacri

Tive outra surpresa quando estes nos convidaram para irmos visitar o aquatelamento deles, em Kandiafara. Eu decidi não ir pois o meu treino de ranger fez-me um pouco incrédulo de tudo o que se estava a passar mas os meus camaradas foram. 

O que me contaram foi que quando passaram a fronteira as autoridades da Guiné Conacri tinham mandado que o PAIGC entregasse os portugueses que tinham passado a fronteira. A resposta do PAIGC foi que não o fariam porque eram convidados do PAIGC e que os devolveriam ao seu aquartelamento e caso a Guiné Conacri os quisesse prender teria que os ir buscar a Gadamael Porto. Claro que nunca vieram.

Depois deste incidente tivemos vários encontros todos eles em Gadamael Porto onde o PAIGC já vinha de Unimog, de marca russa. Nesta altura as negociações em Londres não estavam a correr muito bem e houve alturas onde nós pensámos que teríamos que voltar a lutar outra vez.

Tínhamos decidido entre nós que avisaríamos e daríamos a uns e outros 3 dias antes de reiniciar as hostilidades. Tudo isto foi decidido na messe de oficiais em Gadamael Porto entre uns bons copos de whisky. No pós-25 de Abril fomos militares e também diplomatas pois estávamos em contacto direto com o PAIGC. Disto não tenho a certeza pois os nomes da maior parte das pessoas me escapam, mas lembro-me de um dos dirigentes do PAIGC que veio sempre à paisana e que me parece muito com o Nino Vieira mas não posso afirmar pois nessa altura eu não tinha absolutamente ideia nenhuma de quem era o Nino Vieira.

Retirada de Gadamael sob protecção do... PAIGC

Também tivemos problemas com as milicias porque estes se voltaram contra nós (o que não é de admirar pois nós basicamente os abandonámos à sua sorte) e tivemos que ter protecçao do PAIGC quando nos retirámos de Gadamael. O mesmo não aconteceu em Cufar onde não houve problemas na retirada..

Por agora já chega de estórias e espero ter contribuido com algum conhecimento. Até agora não compartilhado com o blogue.

Se por acaso necessitares de mais alguma informação sobre o período em que vivi em Gadamael ou até fotografias do encontro com o PAIGC eu posso mandar.

Adeus e bom simpósio

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Gonçalves:

O teu texto estava meio esquecido, no nosso blogue, à espera de uma alma caridosa que o corrigisse. Infelizmente, como tu sabes, não temos profissionais, a tempo inteiro, a trabalhar no blogue. Somos todos voluntários e... amadores. Portanto, começo por te pedir desculpa, a ti e aos nossos amigos e camaradas da Guiné, por este hiato de tempo, excessivamente longo, entre o envio da tua mensagem e a sua publicação.

Enfim, já tinhas sido apresentado ao pessoal da Tabanca Grande (*). A tua presença honra-nos e enriquece-nos. Não és o único camarada que vive e trabalha no Canadá, de qualquer modo és mais um digno representante dos portugueses da diáspora (que se estima sejam mais de 5 milhões, dos quais não sabemos, infelizmente, quantos estiveram na Guerra do Ultramnar, e em particular na Guiné). Faz o que puderes por divulgar o nosso blogue e o nosso projecto de reunir os camaradas da Guiné, à volta das nossas vivências e memórias.

Gostei muito de ler o teu depoimento. O que tu contas, passou-se um pouco por toda a parte, nos nossos aquartelamentos, de norte a sul, de leste a oeste. Infelizmente, houve vencidos e vencedores, entre os guineenses, e não conseguimos acautelar devidamente os direitos dos homens que combateram do nosso lado (milícias, militares do recrutamento da província, tropas especiais...). Houve momentos altos e baixos neste processo. Não vamos fazer agora juízos de valor. Nem muito menos recriminar-nos uns aos outros. Interessam-nos reconstituir os factos, organizá-los, analisá-los, divulgá-los, contar como é que se fez essa transição (e depois a entrega dos aquartelamentos) entre as duas forças em presença, o PAIGC e as NT, etc. Como tu muito bem dizes, tivemos que ser soldados e diplomatas... 

Afinal de contas, a guerra é conflito entre duas partes. E geralmente nunca acaba com a aniquilação total ou a derrota, pura e simples, de uma das partes. Acaba em negociação, tarefa reservada aos políticos, Curiosamente, foi um general quem disse que a guerra é a continuação da política de Estado por outros meios... Faz-se a guerra, muitas vezes para melhorar, simplesmente, a capacidade de negociação de uma das partes... Temos que perceber o lado sociológico e estratégico da guerra como conflito... Foi isto, de resto, que se passou na Guiné... Mas tu estavas lá, no 25 de Abril de 1974, e eu não... Tens outra autoridade para falar...

Oxalá o teu depoimento tenha o mérito de pôr o resto da malta, do teu tempo, a falar deste tema: Onde é que estavam no 25 de Abril, e como é que foram os últimos dias de guerra e os primeiros dias de paz (**)...
 
Obrigado pelo teu relato objectivo, sincero e asssertivo, o que não te impediu de o enriquecer com observações bem humoradas. Se puderes, manda-nos imagens digitalizadas desse tempo, em Gadamael e depois Cufar. Material desse não abunda, e é pena que se vá perdendo com o tempo...

Boa saúde e bom trabalho para ti e para a tua família.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2783: Ninguém Fica para Trás: Grande Reportagem SIC/Visão (1): A revolta de um veterano, emigrante no Canadá (João Bonifácio)

1. Mensagem enviada ontem pelo John (ou João) Bonifácio, que vive no Canadá, tendo sido Fur Mil SAM (vulgo: vagomestre), da CCAÇ 2402 (Có e Olossato, 1968/70) (1):

Olá, Caro Luís.

Muito Obrigado pela informação (2). Hoje é domingo e ainda está sol, pois estou a escrever aqui mesmo ao lado de Toronto.

A reportagem da SIC, imediatamente a seguir ao vosso noticiário das 20 h (15 por estes lados) foi um reviver de emoções. Nao posso mentir, ao sentir uma lágrima de solidariedade e revolta.

Eu não posso aceitar que em pleno Século XXI, 35 anos depois destes acontecimentos, em que morreram jovens e por uma causa que hoje sabemos foi um desastre político, já que nem os capitalistas ganharam.

Sinto-me revoltado e triste, e desejava que todos os nossos amigos deste Blogue soubessem, que mesmo assim, as famílias terao de pagar para rever os seus muito queridos filhos, irmãos e tios. É muito triste que o homem que mais discursos dá em Portugal, e que ate é PM, não tenha tempo de pensar, a exemplo de outros governos de outros paises, de repor a verdade, e pedir desculpa às famílias pelo abandono e desprezo votado a todos os que ainda por estão enterrados. Pedir desculpa, reconhecer perante o eleitorado que esta guerra existiu, e foi demasiado sangrenta e miserável, e tomar a responsabilidade pela transladação de todos os militares portugueses que, por falta de condições de segurança ou por estupidez dos governos de Salazar e de Marcelo Caetano, foram abandonados.

As minhas desculpas por algum erro meu, mas eu não vou rever o que escrevo. Estou muito emocionado, e não basta a perda de um irmão de armas, mas mais o desprezo e ignorância dos governos, por nã.ao terem tempo para fazer justiça.

Depois deste programa, fico com a impressão que um dos meus alferes da CCAÇ 2402 fez bem em não comparecer para embarque (3).

Um abraco para todos.

João G. Bonifácio
ex-Fur Mil SAM
CCAÇ 2402/BAT 2851
, Mansabá, Olossato
1968/70

__________


Notas de L.G.:

(1) Poste de ou sobre o João Bonifácio:

1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, antigo vagomestre da CCAÇ 2402)


(...) Meu caro João /'My dear John':

1. Fico muito sensibilizado com a tua mensagem… Eu sei que a Pátria não foi Mátria para ti, foi madrasta... E eu sou o primeiro a ser solidário contigo, eu que decidi ficar na terra que me viu nascer... Sei que isso não te vai servir de consolo, mas não imaginas o rol de reclamações que recebo neste pequeno canto da blogosfera!... Enfim, o importante é que hoje estejas bem, nesse grande país que eu admiro… Mas as tuas raízes, a tua identidade, o teu passado estão aqui, estão connosco… Nenhum de nós terá futuro, se não souber preservar e até alimentar o passado. A Guiné marcou-nos a todos, com o seu ferrete... Mas foi em português, na língua de Camões, que exprimimos os sentimentos mais nobres ou dissémos os palavrões mais horríveis. João: não adianta. Não se escolhe a Pátria, não se escolhem os pais nem os irmãos, não se escolhe a língua materna... Mas dessa ao menos eu tenho (e tu tens, nós temos) orgulho... É em português, e em bom português, que comunicamos na blogosfera, neste blogue, na nossa tertúlia, nesta caserna virtual onde todos cabemos, de Lisboa a Bissau, de Viana do Castelo a Toronto, de Coimbra a Luanda" (...)


25 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2212: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (3): Portugueses da diáspora também querem ver (João G. Bonifácio)


20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2562: As Nossas Madrinhas de Guerra (3): Quem as não teve ? (Luís Graça / João Bonifácio / Paulo Salgado)

(2) Vd. poste de 20 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2781: Televisão: Hoje, na SIC, às 21h: Grande Reportagem: Ninguém Fica para Trás: O regresso a Guidaje, Maio de 1973

(3) Vd. poste de 15 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1282: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (1): duas baixas de vulto, Beja Santos e Medeiros Ferreira

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2212: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (3): Portugueses da diáspora também querem ver (João G. Bonifácio)

1. Mensagem do nosso camarada João G. Bonifácio, que pertenceu à CCAÇ 2402 (1968/70) e vive hoje no Canadá (1):

Luís:

Olá! Os melhores cumprimentos. Não sei se alguém pode ajudar, mas aqui vai a minha questão. Há uns dias a RTP1 transmitiu no programa "Prós e Contras" a situação da chamada Guerra do Ultramar, para além de outros nomes que lhe chamaram.

Todos vós devem ter visto. Eu acompanhei no Canadá atraves da RTPi. No dia
16 foi iniciada a nova série, A Guerra (2), com um primeiro documentário, relacionado com o mesmo tema acima indicado.

Escrevi para a Dra Fátima e produção, com a intenção de saber se estes mesmos documentários poderiam ser mostrados, para além da RTP1 mas igualmente na RTPi. Até hoje não mereci qualquer resposta.

Lembrei-me de escrever, pois já somos muitos nesta Caserna, para saber se
alguém pode saber se estes documentarios serão passados na RTPi ou passados
a DVD. Nós, no estrangeiro, pouco ou nada merecemos.

Um abraço para todos vós e o meu obrigado.

Obrigado, Luís.

João Gomes Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
CCAÇ 2402/ BCAÇ 2851
, Mansabá, Olossato
1968/70

2. Comentário de L.G.:

A estreia da série semanal A Guerra (argumento e realização de Joaquim Furtado) foi auspiciosa para a RTP. De facto, foi o programa mais visto em 16 de Outubro, batendo os programas de entretenimento que, a essa hora (21h00), pasassavam na concorrência (SIC e TVi).

O programa registou um share de 32,9 e uma audiência média de 13,6, segundo os dados divulgados pela Marktest. O que quer dizer que foi visto por cerca de 1 milhão e 300 mil portugueses. Infelizmente, não chega aos portugueses da diáspora. Esta série, que levou - ao que parece - um decénio a fazer (!), merece chegar o mais longe possível. Apelamos aos amigos e camaradas da Guiné para façam saber isso aos responsáveis da estação pública. Nós, aqui, estamos solidários com os nossos camaradas que vivem no estrangeiro. Um abraço. L.G.

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Nota dos editores:

(1) Vd. post de:

1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, antigo vagomestre da CCAÇ 2402)

(...) Meu caro João /My dear John:

1. Fico muito sensibilizado com a tua mensagem… Eu sei que a Pátria não foi Mátria para ti, foi madrasta... E eu sou o primeiro a ser solidário contigo, eu que decidi ficar na terra que me viu nascer... Sei que isso não te vai servir de consolo, mas não imaginas o rol de reclamações que recebo neste pequeno canto da blogosfera!... Enfim, o importante é que hoje estejas bem, nesse grande país que eu admiro… Mas as tuas raízes, a tua identidade, o teu passado estão aqui, estão connosco… Nenhum de nós terá futuro, se não souber preservar e até alimentar o passado. A Guiné marcou-nos a todos, com o seu ferrete... Mas foi em português, na língua de Camões, que exprimimos os sentimentos mais nobres ou dissémos os palavrões mais horríveis. João: não adianta. Não se escolhe a Pátria, não se escolhem os pais nem os irmãos, não se escolhe a língua materna... Mas dessa ao menos eu tenho (e tu tens, nós temos) orgulho... É em português, e em bom português, que comunicamos na blogosfera, neste blogue, na nossa tertúlia, nesta caserna virtual onde todos cabemos, de Lisboa a Bissau, de Viana do Castelo a Toronto, de Coimbra a Luanda" (...)