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sábado, 18 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4705: Meu pai, meu velho, meu camarada (9): Testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (João Seabra)


1. Mensagem de João Seabra, ex-Alf Mil da CCAV 8350, Piratas de Guileje (Guileje, 1972/74), com data de 17 de Julho de 2009:

Caro Luís,

Se ainda vier a propósito, podes publicar o testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo e Sá (já falecido) e Comandante do BCP 12, sobre o Capitão João Cordeiro (RELOPS nº 16/73 "Dinossauro Preto", de que há pouco tempo obtive cópia no AHMS).






Tenho estado sem "ir ao blogue", porque tenho o trabalho atrasadíssimo e gostava de ter 10 dias de férias, a partir de 28 de Julho.


Se tiver tempo, ainda porei à tua consideração (e de mais uns quantos) uns esclarecimentos, acompanhados de pedido de conselho.


Abraço,
João Seabra

Imagem: © João Seabra (2009). Direitos reservados

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Notas de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4703: Meu pai, meu velho, meu camarada (8): Sobre o Capitão-Pára João Costa Cordeiro (Manuel Peredo)


1. O nosso Camarada Manuel Peredo, que foi Fur Mil Pára-quedista (CCP 122 / BCP 12, Brá, Bissalanca, 1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem em 17 de Julho:


Camaradas,

Li com especial atenção o poste de Pedro Cordeiro, filho do Capitão-Pára Cordeiro.

Foi meu Comandante de Companhia durante uns três meses, mais ou menos.

Depois de regressarmos de Gadamael ele passou a comandar a CCP 122 em substituição do Capitão Terras Marques.

Soube do seu falecimento, quando já tinha regressado à Metrópole. Não posso fazer grandes comentários sobre a sua personalidade, devido ao pouco tempo que estive sob o seu comando e, na altura, a nossa actividade operacional, também não era muito elevada, porque todo o batalhão estava muito desgastado depois da campanha de Gadamael.

A ideia que tenho dele é que devia ser um homem sério e pouco dado a brincadeiras.

Aqui mando uma fotografia onde ele está no meio de um grupo que acabara a comissão.

Nos páras fazia-se uma festa para homenagear os "velhinhos" e entregar os galhardetes da companhia e do batalhão. Eu sou o primeiro da direita, ao lado do Primeiro Sargento Cardoso, secretário da companhia. Na foto estão também o Primeiro Sargento Tavares e o Furriel Fernandes, meu colega de pelotão.

Um abraço,
Manuel Peredo
Fur Mil Pára do CCP 122

Foto: © Manuel Peredo (2008). Direitos reservados
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Notas de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4700: Meu pai, meu velho, meu camarada (7): Cap Pára João Costa Cordeiro: Um homem de carácter (António Santos / Carlos Matos Gomes)

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje, no último dia do evento. Na foto, o Coronel de Cavalaria do Exército Português, Carlos Matos Gomes, na situação de reforma, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra como Nó Cego, Soldadó ou Fala-me de África (que assina sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz)... É também um conhecido historiógrafo da guerra do ultramar / guerra colonial, co-autor, juntamente com Aniceto Afonso, diversas publicações. A mais recente tem por título Os Anos da Guerra Colonial (Matosinhos: Quidnovi, 2009) (que acaba se ser distribuída com o Correio da Manhã, em 16 volumes).

Na foto, por detrás do Matos Gomes, vê-se o edifício, em ruína, da antiga 2ª Rep (salvo erro) do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. Matos Gomes, na altura capitão do Batalhão de Comandos da Guiné, foi um dos protagonistas do 25 de Abril neste palco da história recente dos nossos dois países...

O Capitão Pára-quedista da CCP 123, João Costa Cordeiro, foi do seu curso da Academia Militar. Num pequeno depoimento sobre o malogrado João Cordeiro, morto na Guiné, em acidente, num exercício de salto em pára-quedas (ao que julgo saber, perto da Base A12, em Bissalanca), o Matos Gomes faz aqui alguns revelações sobre o seu camarada que, muito provavelmente, serão uma grata surpresa para o seu filho Pedro....

Foto e legenda: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.



1. Mais dois depimentos sobre o João Costa Cordeiro, ex-Cap Pára (CCP 123 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74), a pedido do seu filho Pedro (*):

(...) Frequentei o Colégio Militar onde fui colega de tantos outros filhos de ex-combatentes (...) . Da guerra a maior parte de nós ouvimos histórias em segunda e terceira mão, raras vezes aos nossos Pais (os que ainda os tinham), desbotadas e incertas.

Sempre pensei seguir as pisadas do meu Pai e tornar-me Pára-quedista de carreira. Quis o destino que, no último ano do Colégio, um incidente com um oficial me tivesse mostrado tudo o que a tropa pode ter de mau... resolvi não dar mais um desgosto à minha Mãe e ainda hoje não sei se fiz bem.

O certo é que hoje, homem feito (quase 40 anos), sei muito pouco de meu Pai e menos ainda do Militar que foi. Se os ex-combatentes falam pouco da Guerra, menos falam ainda aos filhos de camaradas falecidos... (...) (*)


2. António Santos , ex-Sold Trms, Pel Mort 4574, Nova Lamego (1972/74). É membro da nossa Tabanca Grande desde 15 de Maio de 2006; residente em Caneças, concelho de Odivelas.

Caro amigo

Eu conheci o teu pai, e digo-te que foi uma excelente pessoa, eu admirava-o, em primeiro lugar porque em tempos também queria ser pára-quedista, mas segui outro caminho; em segundo lugar, como oficial era bastante acessível.

Como capitão não tinha peneiras, sei do que estou a falar porque ele ìia com alguma frequência ao quartel do Batalhão de Nova Lamego e passou algumas vezes pelo meu serviço que era de Transmissões e falei umas quantas vezes com ele.

Além disso quando tinha tempo, nas horas vagas, era o único que saltava com o cogumelo sobre a pista de NL, o meio aéreo tinha que ganhar altitude com pouco espaço, portanto só em espiral é que se conseguia... Pista da qual eu tinha uma vista privilegiada porque ficava em frente ao quartel do Batalhão.

Para terminar digo-te que o teu pai foi um valente.

Um abraço do

ASantos

SPM 2558


3. Carlos Matos Gomes, Cor Cav Ref, que é leitor assíduo do nosso blogue:

Meu caro Pedro, conheci bem o seu pai. Sou mesmo curso dele da Academia Militar. Fiz parte com ele das equipas de atletismo da Academia que ganhou os campeonatos universitários de 65 e 66. Tenho, não sei onde, fotos dessas actividades, em que particpraram o Glória Alves, o Leonel de Carvalho entre tantos outros militares. O número de corpo dele era o 12.

Estive com ele na Guiné. Era, o que se pode dizer com toda a propriedade um homem de carácter, bem formado, um militar exemplar, de trato fácil, acessível que honrava quer os pára-quedistas quer todas as Forças Armadas.

Acresce ainda, e isso talvez não saiba, esteve envolvido desde o início no movimento dos capitães que iria dar origem ao MFA e ao 25 de Abril. Poucos dias antes da sua morte estivemos reunidos, o pequeno núcleo que constituía a comissão, na LDG Bombarda, ou Montante, atracada em Bissau... Um jantar de oficiais num navio não despertava suspeitas...

O Cordeiro, o nosso duze, o seu pai era um homem de que se pode orgulhar a todos os títulos, como militar e como cidadão...

Receba os melhores cumprimentos e o testemunho do apreço do Carlos de Matos Gomes.

__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)

Guiné > Região de Tombali > Corredor de Guileje > 26 de Março de 1973 > O Cap Pára João Cordeiro, comandante da CCP 123 / BCP 12, no meio do grupo do Marcelino da Mata. Foi ele que comandou a operação de resgate do Pilav Ten Miguel Pessoa, ejectado sob os céus de Guileje, depois do seu Fiat G-91 ter sido abatido por um Strela, na véspera... (*)

Foto: © Miguel Pessoa (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem de Pedro Miguel Pereira Cordeiro, sob a forma de comentário ao P4216 (**):

Caros Senhores

Desde já agradeço a gentileza de todos os que fizeram questão que eu tomasse conhecimento deste poste.

Eu, a minha Mãe e a minha irmã mais velha Patrícia acompanhámos sempre o meu Pai nas 2 comissões que fez, uma em Angola (onde nascemos os dois) e a segunda na Guiné, na qual veio, tal como referido, a falecer.

Por altura do seu falecimento já faltava muito pouco tempo para terminar a sua comissão e, como a minha Mãe estava grávida da minha irmã mais nova e estava a passar muito mal, voltámos pouco tempo antes para a Metrópole.

O seu falecimento foi, e ainda hoje é, um golpe brutal para a nossa família que se fez, aumentou e encurtou sempre em teatro de guerra. Sou pois, também, um filho dessa guerra que vocês vivenciaram de forma tão intensa, cada um à sua maneira.

Frequentei o Colégio Militar onde fui colega de tantos outros filhos de ex-combatentes: Bação Lemos, Brito, Santiago, Veiga, Quintans dos Santos, Alvarenga, só para nomear alguns do meu curso Colegial. Da guerra a maior parte de nós ouvimos histórias em segunda e terceira mão, raras vezes aos nossos Pais (os que ainda os tinham), desbotadas e incertas.

Sempre pensei seguir as pisadas do meu Pai e tornar-me Pára-quedista de carreira. Quis o destino que. no último ano do Colégio, um incidente com um oficial me tivesse mostrado tudo o que a tropa pode ter de mau... resolvi não dar mais um desgosto à minha Mãe e ainda hoje não sei se fiz bem.

O certo é que hoje, homem feito (quase 40 anos), sei muito pouco de meu Pai e menos ainda do Militar que foi. Se os ex-combatentes falam pouco da Guerra, menos falam ainda aos filhos de camaradas falecidos...

Este foi o primeiro testemunho não solicitado e, como tal, imparcial a que tive acesso. Por tal estou profundamente agradecido, afinal é parte da minha história, da história do Avô das minhas filhas!

Alguns de vocês acharão estranho, mas a verdade é que passo pouco tempo sem pensar no meu Pai, a sua ausência é, para mim, muito presente, assim seja com todos os nossos filhos quando nos formos, de preferência que fiquem um pouco mais conscientes dos nossos predicados, defeitos e humanidade. Tal foi-me negado, qualquer acrescento é um tesouro inestimável!

Peço desculpa se me alonguei demais mas para mim a guerra foi anteontem e vai estar presente na minha vida até eu morrer.
Um grande abraço e muito obrigado.

Pedro Miguel Pereira Cordeiro,
filho do Cap Pára João Costa Cordeiro

2. Pronto depoimento, a meu pedido, sobre o Cap Pára João Cordeiro, cmdt da CCP 123 (Bíssalanca, BA 12, 1972/74), por parte do Manuel Rebocho, ex-sargento pára-quedista da CCP 123 (Maio de 1972/Julho de 1974), hoje Sargento-Mor Pára-quedista, na Reserva, e doutorado pela Universidade de Évora em Sociologia da Paz e dos Conflitos (tese de doutoramento: A formação das elites militares portuguesas entre 1900 e 1975) (***).


Meu caro e camarada Luis

Conheci, para o bem e para o mal, muito bem o Capitão Pára-quedista Cordeiro.

Também para o bem e para o mal, o que fui na Guiné deveu-se a ele: primeiro pelo ódio que tínhamos um pelo outro, depois pela cumplicidade a que a guerra nos obrigou, que nos tornou amigos. Fizemos as pazes, assumindo ambos que havíamos cometido um excesso em determinada altura.

Na minha tese de doutoramento dedico-lhe, também para o bem e para o mal, várias páginas.

O Capitão Cordeiro faleceu num salto em pára-quedas, porque o mesmo não abriu. Salto esse que foi efectuado sobre o nosso batalhão, [BCP 12,] em Bissalanca.

Escrever para um filho sobre o comportamento do pai não é, para mim, tarefa fácil.

Tenho recebido vários e-mails de camaradas que me pedem uma cópia da tese, alegando que a mesma lhe terá sido enviada por mail, mas lê-se com dificuldade. Talvez algum amigo do Capitão Cordeiro queira enviar ao Miguel uma das ditas cópias que parece andam a circular.

Mas uma coisa adianto ao Miguel: o ódio que eu tinha pelo seu pai e vice-versa, resultou mais de uma criancice do então 1.º Sargento Pára-Quedista Catarino (comigo há sempre nomes, nunca me peçam que os omita), que lhe foi fazer queixas minhas, de factos que o próprio Catarino tinha criado.

O Capitão Cordeiro foi pouco hábil e criticou-me severamente e eu respondi-lhe à letra, o resto é fácil de imaginar. Os melhores Sargentos colocaram-se do meu lado, alguns Oficiais seguiram-nos e o Comandante mandou calar toda a gente, e arrumou o assunto.

Nenhum tivera razão. Todos nos excedemos e todos perdemos.

Já na Guiné, e por sugestão do Capitão Cordeiro, perante todos os graduados da CCP 123, aceitámos dividir as responsabilidades do que havia acontecido. Para citar as palavras do Capitão Cordeiro, "dividimos a bicicleta ao meio". Pelo que, há 38 anos que eu, ao falar sobre o assunto, assumo que tive 50% de responsabilidades no lamantável incidente, cuja verdadeira responsabilidade foi dum terceiro.

Um abraço

Manuel Rebocho

3. Comentário de L.G.:

Meu caro Pedro: Só temos, para já, dois pequenos comentários sobre o seu pai, enquanto militar. Talvez se arranje mais, no futuro, incluindo postes e fotos. (Vieram de dois antigos camaradas da FAP, o então Pilav Ten Pessoa, o primeiro a ser abatido por um Strela; e o Manuel Rebocho, que era então, em 1973, sargento pára-quedista na subunidade comandada pelo seu pai.).

É o nosso testemunho, solidário... Espero que o ajude a também reorganizar as suas memórias de infância e adolescência, você que estava lá, na Guiné, nesse fatídico dia em que o pára-quedas do seu pai não se abriu... (****).

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2009 Guiné 63/74 - P4051: FAP (18): Kurika da Mata (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

Vd. também poste de 14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4184: FAP (22): Entrega do meu pára-quedas ao Museu dos Pára-quedistas, na Base Escola de Tancos (Miguel Pessoa)

Caro João [Seabra]:

(...) Quanto ao Cap Cordeiro, também me incluo na lista dos que têm por ele grande consideração. Não me posso esquecer que foi o grupo de pára-quedistas que ele comandava quem primeiro chegou ao pé de mim, conjuntamente com o grupo do Marcelino, quando me recuperaram do corredor do Guileje.

"Podes ver uma foto do Cap Cordeiro no post 4051, durante a acção em que fui recuperado. Senti muito a sua morte num estúpido (mas sempre possível) acidente num salto de treino, na Guiné. Um abraço. Miguel Pessoa" (...).



(**) Vd. poste de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4216: Comentários que merecem ser postes (4): Homenagem à memória do Capitão Pára-quedista João Costa Cordeiro (João Seabra)

(***) Vd. postes anteriores desta série:

20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)

21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4060: Meu pai, meu velho, meu camarada (2): Militar de carreira, herói da 1ª Grande Guerra, saiu do RAP 2 como eu (David Guimarães)

21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4062: Meu pai, meu velho, meu camarada (3): No Dia Mundial da Poesia (António Graça de Abreu)

24 de Maio de 2009> Guiné 63/74 - P4407: Meu pai, meu velho, meu camarada (4): Não é um elogio fúnebre que te quero dedicar... (António G. Matos)

26 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4420: Meu pai, meu velho, meu camarada (5): A minha família e o RAP2 (Vila Nova de Gaia) (David Guimarães)

14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4184: FAP (22): Entrega do meu pára-quedas ao Museu dos Pára-quedistas, na Base Escola de Tancos (Miguel Pessoa)

Caro João:

(...) Quanto ao Cap Cordeiro, também me incluo na lista dos que têm por ele grande consideração. Não me posso esquecer que foi o grupo de pára-quedistas que ele comandava quem primeiro chegou ao pé de mim, conjuntamente com o grupo do Marcelino, quando me recuperaram do corredor do Guileje.

"Podes ver uma foto do Cap Cordeiro no post 4051, durante a acção em que fui recuperado. Senti muito a sua morte num estúpido (mas sempre possível) acidente num salto de treino, na Guiné. Um abraço. Miguel Pessoa" (...).



(****) Vd. postes do Manuel Rebocho:

14 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P877: Nós, os que não fazemos parte da história oficial desta guerra (Manuel Rebocho)"

(...) tomei contacto com o vosso/nosso blogue, através do então Furriel Miliciano José Casimiro Carvalho, da CCAV 8350 (a que abandonou Guileje, em 22 de Maio de 1973), o grande herói de Gadamael Porto, que, não obstante isso, também não faz parte da história oficial da Guerra da Guiné"(...).

28 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1099: O cemitério militar de Guidaje (Manuel Rebocho, paraquedista)

4 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1150: Carta a Pedro Lauret: A actuação do NRP Orion na evacuação das NT e da população de Guileje, em 1973 (Manuel Rebocho)

5 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1151: Resposta ao Manuel Rebocho: O papel do Orion na batalha de Guileje/Gadamael (Pedro Lauret)

17 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1187: Guidaje: soldado paraquedista Lourenço... deixado para trás (Manuel Rebocho).

22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1453: Ninguém fica para trás: uma nobre missão do nosso camarada ex-paraquedista Manuel Rebocho

domingo, 19 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4216: (Ex)citações (23): Homenagem à memória do Capitão Pára-quedista João Costa Cordeiro (João Seabra)

1. Comentário de João Seabra (1), ex-Alf Mil da CCAV 8350, Piratas de Guileje (Guileje, 1972/73) deixou um comentário no P4184 (2) :

Caro Miguel Pessoa,
Deixa-me aproveitar a boleia, para homenagear a memória de um dos Comandantes da CCP 123 que conheci em Gadamael, o Capitão Pára João Costa Cordeiro, valoroso combatente e ser humano de eleição, estupidamente falecido num acidente.

Foi a ele que, pela primeira vez, ouvi o comentário "fez-se o que foi preciso" (que não me recordo de ver aqui mencionado, mas a que faço alusão num texto que, por ser muito pesado, talvez tenha circulado fora do blogue, entre os interessados).

Poderia multiplicar-me em adjectivos sobre o meu homenageado. Bastará, todavia, referir o seguinte:

- A minha Companhia (CCAV 8350) e a CCAÇ 4743, saíram de Gadamael em 25JUN73, sendo substituídos pela 3ª Companhia do BCAÇ 4612, pela CCAV 8452 e pela CART 6252;
- Com a situação em Gadamael já perfeitamente controlada, mas ainda perigosa, estas Companhias passaram a beneficiar de treino operacional que lhes foi ministrado pelas Unidades do BCP 12, proporcionando-lhes conhecimento da Zona e a confiança que se pode imaginar;
- A CCP 121 e a CCP 122 terão regressado a Bissau em 7JUL73;
- Ao que julgo saber, a CCP 123, por iniciativa do seu Comandante,voluntariou-se para ficar em Gadamael durante mais dez dias, para completar o trabalho de treino operacional das ditas Companhias.

Era assim o Capitão Cordeiro. Para ele, entre o que "era preciso fazer", porque entendia ser também esse o dever de uma unidade de elite da Força Aérea, incluía-se, se houvesse oportunidade, ministrar à chamada "tropa macaca", um aperfeiçoamento operacional que o Exército já não estava em condições de ministrar.
Sobre este exemplo de genuína camaradagem, o Jorge Canhão é das pessoas mais indicadas para falar.
Lastimei bastante, algumas generalizações depreciativas em que alguns dos nossos amigos, levados pela indignação, se deixaram cair, relativamente aos Quadros Permanentes das FA.
Bons e maus profissionais há em todas as carreiras. E a arrogância é muito comum na espécie humana.
Quando penso nos nossos camaradas "do Quadro", prefiro lembrar-me - em representação de muitos outros - do Capitão Cordeiro e do Tenente-Coronel Brito, que não conheci mas que não deixou de voar em nosso apoio, ameaçado por armas cujas características não eram conhecidas e sem que as necessárias contra-medidas tivessem sido estabelecidas.

Desculpa o abuso.
Abraço
João Seabra
__________

Notas de CV:

(1) Vd. poste de 1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3954: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (6): A posição, mais difícil do que a minha, do Cap Cmd Ferreira da Silva (João Seabra)

(2) Vd. poste de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4164: Comentários que merecem ser postes (3): O Gen A. Bruno gostava de fardas e do elas representavam em tempo de paz(Santos Oliveira)