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domingo, 7 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19080: (De)Caras (119): Marco Paulo, um dos nossos camaradas, hoje famosos, que passaram pelo CTIG... Era o 1º cabo escriturário João Simão da Silva, e foi colocado no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura


Guiné > Bissau > Junho de 1969 > Fortaleza da Amura >   QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné) > O Virgílio Teixeira, numa das vezes que foi ao QG / CCFAG, na fortaleza da Amura,  em data que já não pode precisar (c. 1967/68), encontrou no Bar de Oficiais o cantor Marco Paulo ("era 1.º cabo, e o responsável pelo Bar").


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Houve camaradas nossos, que passaram pelo TO da Guiné, e que depois se tornaram famosos, nas suas atividades profissionais: políticos, artistas, desportistas, médicos, jornalistas, etc. Famosos, quer dizer, conhecidos do grande público... 

É o caso, por exemplo, do cantor Marco Paulo, que foi 1.º cabo escriturário, e que esteve colocado no QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné), na fortaleza da Amura... Não sabemos a sua unidade, nem exatamente em que período lá esteve: talvez entre 1966 e 1968, cerca de 18 meses; e talvez em rendição individual.

Vários camaradas já referiram aqui o seu nome: 

O Hugo Guerra (ex-alf mil, hoje Coronel DFA, Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 50, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70), encontrou o Marco Paulo, que ele não conhecia,  nos correios de Bissau, na época natalícia de  dezembro de 1968. Tiveram um pequeno "desaguisado" por causa dos botões da camisa (*)...

Por sua vez, o Virgílio Teixeira (ex-al mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, set 1967 / ago 1969) escreveu que, nas suas  visitas a Bissau,  foi várias vezes ao QG, na fortaleza da Amura , e que "numa delas encontrei no Bar de Oficiais o cantor Marco Paulo, que já o conhecia do Porto, morava perto de mim, e já começava a ser conhecido". E acrescenta: "ele era 1.º cabo, e o responsável pelo Bar, servia no balcão ele ou outros em serviço. (...) Depois acabou por dar espectáculos em alguns lugares da Guiné, mas eu nunca vi nem assisti a nenhum". (**)

O Virgílio Teixeira esclarece, em comentário (**), que "o Marco Paulo, já depois de chegarmos da Guiné, morava por aí perto de mim, ao lado da casa de uma irmã minha, e só por isso o via raramente, quando visitava a minha irmã [, no Porto]".

Também num blogue do Luís de Matos (ex-fur mil, da CCAÇ 1590 / BCAÇ 189, Os Gazelas, 1966/68), havia uma referência ao Marco Paulo: ele chegou a Bissau, a 11 de agosto de 1966 e foi dar uma volta à noite com vários camaradas, alentejanos.   O blogue já não está mais disponível na Net (o link era: http://luisdematos.blog.com/2007/7/) mas aqui vai um excerto (*)

(...) O furriel miliciano Charneca, que é natural de Beja, ou arredores, não sei bem, pertence à CCS do meu batalhão, o [BCAÇ]  1894, disse-me que há um nosso camarada, já 'velho', o que equivale a dizer que não é 'periquito', que está no rádio do Quartel-General com o Marco Paulo, um artista da rádio e da TV e também alentejano, de Mourão.Vamos lá ter com eles, para nos mostrarem como é isto. Ou pelo menos, aquele meu amigo vai connosco. Estava uma noite escura como breu. Não me recordo de mais nada. O que sei é que me vi dentro dum táxi, com o Charneca e o tal amigo do QG, por um trilho, em que o capim era bem mais alto que o nosso transporte e fomos parar a uma vivenda onde havia música. Muita música cabo-verdiana e dança, frangos no churrasco, cerveja e whisky. (...)


2. Em tempos publicamos dois extractos de entrevista com o Marco Paulo (, nome artistico de João Simão da Silva, nascido em Mourão,  na margem esquerda do Guadiana, Alentejo, em 21 de janeiro de 1945).  

Uma das entrevista era do  Correio da Manhã, de 9 de junho de 2007:

(...) –Fez tropa na Guiné durante dois anos. Do que se recorda?

– Recordo-me de ter pedido a todos os santos para não ir, acima de tudo porque eu sabia que se fosse para a Guiné possivelmente quando regressasse já não podia dar seguimento à minha carreira. A minha sorte foi que o meu produtor, Mário Martins [, da Valentim de Carvalho], fazia sempre questão que eu viesse de férias. Durante esse período eu gravava, e quando voltava para a Guiné a editora lançava o disco. Por isso nunca caí no esquecimento.

– Chegou a sentir medo?

– Quando cheguei à Guiné não foi fácil. Pensei: “Olha, vou para o mato. Levo lá um tiro na cabeça e pronto!” Só que fui para o quartel da Amura, para a secção de Justiça, como escriturário. Ouvia os bombardeamentos, mas não deu propriamente para sentir medo. Depois, como a rádio lá passava muitos discos meus, eu era aproveitado para abrilhantar as festas militares.

– Compreendeu, à época, as motivações daquela guerra?

– Eu não estava por dentro dos assuntos da política. Disseram-me que Guiné era Portugal e eu acreditei. Hoje, olhando para trás, vejo que foram dois anos perdidos.


Outra das entrevistas, com o Marco Paulo, "a propósito dos 35 anos de carreira e dos 3 milhões de discos vendidos". conduzida pelo jornalista e escritor Luís Osório, e publicada nas Selecções do Reader's Digest - Portugal - Revista, em nembro de 2011, pode ler-se:

(...) Luís Osório [LO] - Sei que está a comemorar mais um ano de carreira..

Marco Paulo [MP] - E são já 35 anos a cantar, imagine só. Tanto tempo que quase parece, bem, quase parece que a pessoa que sou hoje nada tem a ver com a pessoa que fui... Passei muitas dificuldades no início, não foram apenas rosas.

LO - Que tipo de dificuldades?

MP - No início tive de cumprir 18 meses de serviço militar obrigatório, depois tive também de viver com o que diziam e faziam os meus críticos. Durante muitos anos o meu nome esteve vetado na televisão. Fui muitas vezes mal tratado. (...)

(...) LO: Voltando um pouco atrás. Onde cumpriu o serviço militar? 


MP: Na Guiné. Quando fui para a guerra, já tinha gravado dois ou três discos, discos sem grande sucesso mas que passavam na rádio e que já vendiam alguma coisa. Ao regressar da guerra, não fazia ideia do que seria a minha vida no futuro, não era líquido que o meu futuro passasse pelas cantigas.

LO: Recorda o dia em que partiu para a guerra?

MP: Muito bem. No fundo, não sabia para onde ia. Foram dias muito inquietantes, mas por sorte acabei por ir parar a Bissau. Os meus pais choraram quando se despediram de mim, choraram tanto como eu. Aliás, lembro-me de ter chorado duas vezes na minha vida: nessa ocasião e quando me deram a notícia de que tinha um cancro. Não é nada fácil alguém me ver chorar, nada fácil mesmo.

LO: O estatuto de cantor beneficiou-o de alguma forma durante a Guerra Colonial?

MP: De forma nenhuma. Por sorte, não estive nos sítios onde se vivia a guerra, limitei-me a estar numa zona mais resguardada. Fui obrigado a ir. Estava numa secção de escritório a fazer cartas, para mim foram quase umas férias. Só me apercebia de que existia guerra quando me convidavam para ir cantar a algum hospital ou à Força Aérea; no sítio onde estava não percebia nada. Deu-me muito prazer cantar na Guiné, os meus camaradas pediam-me e eu nunca recusava. (...)

Infelizmente, não dispomos de nenhuma foto do nosso camarada Marco Paulo, do tempo da Guiné.  Nem conhecemos o "sítio oficial" do popular cantor (***).
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11132: Vivências em tempo de guerra (Hugo Guerra)

1. Mensagem do nosso camarada Hugo Guerra* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70, hoje Coronel, DFA, na reforma) com data de 8 de Fevereiro de 2013:

Amigos e camaradas

Não devem saber, mas depois de ser ferido em São Domingos em março  de 1970,  fiz-me à vida e fui trabalhar e viver para Angola em Setembro desse mesmo ano.

Como era Regente Agrícola de formação, não tive qualquer dificuldade em arranjar bons empregos e por lá estive até Agosto de 1974 quando optei por reingressar no Exército e vir prá Capital.

Corri Angola de Norte a Sul, exceptuando as Terras do Fim do Mundo, e depois da experiência traumatizante que foi Gandembel/Ponte Balana e São Domingos tive oportunidade de formar opinião comparativa entre as três colónias.

Também passei algum tempo em Moçambique.

Se virem que estas minhas recordações são interessantes para o blogue vamos a isso. Caso contrário, 6ª de papéis.

Um abraço amigo do
Hugo


Vivências em tempo de guerra 

- Como está, Senhor Capitão? E os senhores Alferes,  sentem-se bem? Está uma óptima tarde para o nosso chazinho, só tenho pena que não possamos ficar mais tempo aqui fora porque os mosquitos não nos largam... Vamos entrar.

Assim falava a Dona, mulher do Gerente da Fazenda Tabi,  a maior produtora de banana do Norte de Angola com o à-vontade do seu estatuto,  dirigindo-se depois ao subgerente e à mulher deste que também faziam parte deste ritual.

Com o grunhido de assentimento do marido, homem feito nas roças de cacau um São Tomé sempre de chibata na mão e acompanhado do seu fiel cão, entrámos.

Um dos criados, fardado de branco e com luvas da mesma côr, habituado a estas andanças, providenciou as bebidas para todos em copos de cristal e um dos Alferes dirigiu-se ao piano e dedilhou qualquer melodia, que já se sabia fazia os encantos da Dona.

A conversa naquele dia girou à volta do acidente que poucos dias antes tivera lugar, quando um Unimog carregado de militares havia sido alvo de uma emboscada no percurso para as salinas a poucos quilómetros da sede da Companhia, tendo os soldados sido apanhados à mão ( parece que levavam as armas debaixo dos bancos) e não podendo resistir foram dizimados e a viatura queimada.

 
- Uma desgraça… Um lamentável acidente…

- Um enorme desleixo - disse eu, ainda fresquinho de dois anos de porrada na Guiné.

- Mas eles não foram culpados -  logo se levantou a Dona.

Pois não, a culpa é da bandalheira a que se deixa chegar esta situação nas Fazendas onde os Senhores Oficiais são tratados a uísque, gin e tapas, onde os Furriéis têm um belo bar com piscina,  jogos de cartas ou de mesa e onde as patrulhas são efectuadas por civis armados.

O ambiente ficou de cortar à faca. Veio-me à cabeça que àquela hora, na Guiné estariam a começar os ataques aos desgraçados que iriam passa a noite em claro a levar e dar porrada e sem lhe passar pela cabeça que noutras paragens como aquela onde agora eu me encontrava se jantava com todos os requintes, se bebiam os melhores vinhos de mesa com café, conhaque e charutos.

Se não estou pirado, esta cena passou-se em Outubro de 1970.
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 8 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9714: Memória dos lugares (179): Eu e o João Barge na Ponte Balana, em dezembro de 1968 (Hugo Guerra)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9813: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (16): Um momento alto: o lançamento do livro do Idálio Reis (Parte I): um abraço solidário para todos os nossos amigos guineenses, na pessoa do Pepito e do Cherno Baldé, nossos grã-tabanqueiros, que estão em Bissau... Um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!!!


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Os seis magníficos gandembelenses presentes na sala... Ao centro, o Idálio Reis que, juntamente com o Joaquim Gomes Soares (o da ponta direita), eram os únicos representantes da CCAÇ 2317). Os restantes representam outras subunidades que passaram por (ou intervieram em) na mítica Gandembel/Ponte Balana: da esquerda para a direita,   o Eduardo Moutinho dos Santos, ex-cap mil grad inf  (que comandou a CCaç 2381,  "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Buba, Empada, 1968/70),  o José Manuel Samouco, ex-Fur Mil Armas Pesadas, também da CCAÇ 238a (e meu vizinho de Torres Vedras), o Hugo Guerra (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana,Chamarra e S. Domingos, 1968/70, hoje Cor DFA reformado, e que hoje faz anos), o nosso Zé Teixeira, outro Maioral (que nos emocinou a todos, em 1 de março de 2008, na sentida homenagem que fez nas ruínas de Gandembel a todos os combatentes que ali, em pleno "corredor da morte",  lutaram, morreram, foram feridos, sofreram, entre abril de 1968 e janeiro de 1969)... 

Esteve no encontro mas faltou à foto de grupo o José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69)... Faltou também o Alberto Branquinho, que desta vez não poude comparecer ao encontro.Faltou também, infelizmente para sempre, o João Barge (1944-2010)... Faltaram outros camaradas ligados à história de Gandembel, de 1968/69 (os páras do BCP 12, as enfermeiras pára-quedistas, embora uns e outros estivessem representados, e bem,  no nosso encontro, etc.).


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A mesa da FAP: ao centro, em segundo plano, entre a Giselda e o Miguel Pessoa, o Victor Tavares, ex-1º cabo pára (CCP 121 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74, um homem que conheceu  alguns dos mais duros e trágicos cenários da guerra da Guiné: Gampará, Guidage, Guileje, Gadamael, quatro topónimos começados por G, tal como Gandembel, que já não é do seu tempo...).

 De costas, o António Martins Matos (AMM) e o Jorge Narciso (, ex-1º cabo especialista, BA 12, 1969/70).  À esquerda deste, de perfil, o Jaime Brandão e o Carlos Campos, ambos pilotos, tal como o AMM.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O Victor Tavares, à direita, com o antigo comandante do COP 5, Coutinho e Lima (até à retirada de Guileje, em 22 de maio de 1973)... De que falarão estes dois veteranos ?... 


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Duas  ex-enfermeira pára-quedista Natércia Neves (à direita) e Giselda Pessoa (à esquerda), ambas do mesmo curso. Nenhuma delas conheceu a Gandembel/Ponte Balana do tempo da CCAÇ 2317...



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Lendo (e comentando para mim) o livro do Idálio... O Hugo é um dos sobreviventes de Gandambel / Ponte Balana... Hoje, 27, dia dos seus anos, escrevi-lhe o seguinte bilhetinho:


"Meu caro Hugo: Foi com alegria que te revi em Monte Real, em companhia da tua sempre efusiva Ema e desta vez com um dos teus netos... Foi bonito teres trazido um dos teus netos. Temos um dever de memória para com os nossos descendentes. Gostei particularmente de te ver a perguntar ao neto onde estavas numa das fotos do livro do Idálio Reis, sobre Gandembel. E o puto não teve dúvidas em indicar, no meio da molhada, o então lingrinhas Hugo Guerra, comandante do Pel Caç Nat 55, a tomar o seu banho à fula... Que ternura, a tua, e que cumplicidade, notei eu no teu sorriso de avô babado!

"O tempo é o mais precioso recurso, juntamente com a saúde, que temos. O tempo em Monte Real foi escasso para estar contigo e com cada um dos grã-tabanqueiros. Mas gostei de falar contigo. O que eu aprendi sobre Gandembel/ Balana!... Percebi a grande estima e admiração que tinhas para com o malogrado João Barge...E mais não direi: ficaste de, assente o pó do nosso VII Encontro Nacional, me de mandares algumas das tuas memórias desse tempo...

"Hoje quero-te felicitar pelo teu dia, desejar-te as melhoras da tua saúde, e fazer votos para que a gente se encontre, de novo, um dia destes. Em boa forma! Parabéns, Hugo, herói de Gandembel e Ponte Balana!

"PS - Com a Ema mal falei, mas dei-lhe os parabéns, por ter concluído, com sucesso, a sua licenciatura em serviço social. É uma mulher de armas!... Um beijinho para ti, Ema. E cuida-me bem desse gandembelense, um exemplar de uma espécie em vias de... extinção".


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Em primeiro plano, o Idálio e o Carlos Pires (Amadora), um guineense nado e criado na antigo território português (Filho de comerciantes, fez lá, no TO da Guiné, o seu serviço militar. A Guiné é e será sempre a "sua terra"). Em segundo plano, a nossa querida Giselda Pessoa e o nosso camarigo Joaquim Gomes, dois "ajudantes adhoc" do nosso escritor, nesta sessão de autógrafos.



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" >  Uma dedicatória especial para o nosso "minino" Adilan, nascido na Guiné durante a guerra, e que o Manuel Joaquim resgatou das garras da  guerra.... 




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Sessão de lançamento do livro do Idálio Reis,  "A CCAÇ 2317 na Guerra da Guiné - Gandembel / Ponte Balana" > Dedicatórias a dois grandes guineenses, e grã-tabanqueiros, o Pepito e o Cherno Baldé quem foram particularmente lembrados e acarinhados neste dia. Eu tenho em meu poder os livros autografados pelo Idálio Reis, esperando a melhor oportunidade para os enviar pelo correio. Com um voto de esperança e de confiança no futuro da Guiné-Bissau!... Já hoje telefonei ao Pepito: estava no norte da Guiné! Como sempre, um homem que transborda otimismo pelos poros da pele!...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


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Nota do editor:

Último poste da série >  24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9794: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Tanta gente, camarigos! (Fotos de Jorge Canhão)

Guiné 63/74 - P9811: Parabéns a você (411): Hugo Guerra, Coronel DFA, ex-Alf Mil - CMDT do Pel Caç Nat 55 (Guiné, 1968/70)

Para aceder aos postes do nosso camarada Hugo Guerra, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9791: Parabéns a você (410): David Guimarães, ex-Fur Mil da CART 2716/BART 2917 (Guiné, 1970/72)

domingo, 8 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9714: Memória dos lugares (179): Eu e o João Barge na Ponte Balana, em dezembro de 1968 (Hugo Guerra)


Guiné > Região de Tombali > Ponte Balana > Dezembro de 1968 > Da esquerda para a direita, os Alf Mil Hugo Guerra e João Barge (1945-2010), com os respetivos "lavadeiros"...

Foto: © Hugo Guerra(2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

1. Mensagem de Hugo Guerra (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70, hoje Cor DFA reformado),  com data de 4 do  corrente:

Caro Luís:

Só há dias fiquei a saber que existia um Cancioneiro de Gandembel e que um dos seus autores seria o João Barge, grande companheiro de abrigo em Ponte Balana onde ambos nos encontrávamos com os respectivos
Pel Caç Nat no final de 1968 e até à retirada, para outros ares menos poluídos.

Eu fiquei na Chamarra e ele acompanhou a CCAÇ  2317 e,  como não o voltei a ver antes de 2000, e na altura não falamos disso, continuei na ignorância.

Na foto que junto, estamos os dois na Ponte Balana com "as nossas lavadeiras", dois rapazes que já acompanhavam o meu Pelotão quando eu aportei a Gandembel.

Tinham algumas missões espinhosas, nomeadamente a de tentar manter com algum ar os colchões de borracha onde tentávamos dormir,tarefa inglória porque os buracos de estilhaços eram muito mais do que os poucos remendos que conseguíamos sacar aos amigos da ferrugem.

Levavam cerca de meia hora a assoprar para que os "alferos" tivessem cinco minutos de consolo...
O resto das noites eram passadas com os ossos em cima dos cunhetes de munições.

Um abraço do
Hugo Guerra
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8462: O fim da picada: o reconhecimento do DFA (1): Os anos cansam e a burocracia enfada (Hugo Gerra, Cor DFA Ref)

1. Mensagem do nosso camarada Hugo Guerra [, aqui na foto à esquerda, quando jovem alferes, no da Guiné[], com data de ontem:


Data: 22 de Junho de 2011 17:58

Assunto: O Fim da Picada...armadilhada

Caros camaradas e amigos

Quando há umas semanas foi publicado no blogue um artigo sobre a realidade actual dos processos para considerar os ex-combatentes como DFA [Deficientes das Forças Armadas], salvo erro da lavra do Pereira da Costa (peço desculpa se não foi), fiquei de orelhas arrebitadas e com vontade de escrever qualquer coisa sobre o assunto.

Meio a brincar meio a sério, porque o assunto é melindroso, gostava de deixar agora o meu testemunho, que reflete um exemplo de muitos casos que conheci.

Sem tecer comentários.

Cronologicamente relatando "o fado" de um militar:

1969 ago 28 - Evacuação do HM Bissau para o HMP em Lisboa, pela Psiquiatria;

1969 nov 27- Presente à Junta Hospitalar Millitar; não é atribuida qualquer desvalorização;


1970 mai 08- Doença considerada adquirida em serviço de campanha;


1977 fev 22 –Requerimento do interessado a solicitar atribuição de desvalorização;

1980 abr 29-Indeferimento do requerimento,por já ter outra desvalorização;

2004 mai 05 – Clínica de Psiquiatria decide iniciar processo por Stress Pós Traumático (PTSD);

2005 jan 14 – Convocado para prestar declarações em Processo Sumário, tendo sido ignorado o que fora levantado em 1969;

2005 fev 10 – Ouvido em declarações, apresentando de novo as mesmas testemunhas já ouvidas em 1969

2010 mar 01- Processo segue da Secção de Justiça para Direção de Saúde;

2010 jun 10 – Autorizada a JHI no HMPrincipal;

2011 abr 11 – Recebe Guia de Marcha para Consulta;

2011 mai 18 – Consulta para atribuição de desvalorização, da doença porque fora evacuado da Guiné em 1969;

2011 jun 21 – Presente à JHI com atribuição de 30% de desvalorização, a somar aos 67% que tinha por ferimentos em combate;

O que se vai seguir não sei e, para ser franco já nem me interessa. Os anos cansam e a burocracia enfada.

Por mim,  missão cumprida. O Estado Português que fique com a indemnização que considero devida desde 1969.

Preocupam-me os nossos camaradas que padecem no corpo ou na mente as mazelas da guerra; será que têm pedalada para aguentar, ou dito de outra forma, será que merecem este tratamento?

Realcei as datas mais "interessantes" pelos anos decorridos entre cada evento.

Fiquem com um abraço grande do
Hugo guerra

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8170: Parabéns a você (251): Hugo Guerra, ex-Alf Mil CMDT dos Pel Caç Nat 55 e 60, hoje Coronel DFA (Tertúlia / Editores)

Postal de Miguel Pessoa

PARABÉNS A VOCÊ

27 DE ABRIL DE 2011

HUGO GUERRA

O nosso camarada e amigo Hugo Guerra festeja hoje mais um ano de vida

Caro Hugo, aqui estão os Editores, em nome de toda a Tertúlia, a desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos mais próximos.

Que festejes esta data por muitos anos, com a melhor saúde possível, face às mazelas deixadas pela maldita guerra, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) Hugo Guerra foi Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70, e é hoje Coronel, DFA, na reforma.

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8162: Parabéns a você (250): David Guimarães, ex-Fur Mil da CART 2716/BART 2917 (Tertúlia / Editores)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7403: Recortes de Imprensa (36): Gandembel/Balana, com o Hugo Guerra (Pel Caç Nat 55) e o João Barge (CCAÇ 2317)























Excerto de reportagem do jornalista César da Silva, "Um repórter na guerra da Guiné (Conclusão): Em Gandembel, o adeus à guerra. Diário Popular, 17 de Março de 1969, p. 11 (Página digitalizada por Hugo Guerra. Imagens editadas por L.G.)



Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1969 (?) > O João Barge, "descansando de Gandembel", com o Hugo Guerra (comandante do Pel Caç Nat 55)...




Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1969 (?) > O João Barge (Alf Mil, CCAÇ 2317, 1968/70), ao centro, "descansando de Gandembel", com o Hugo Guerra (à sua direita) e o Fur Mil Palmeirim, "do meu pelotão", ou seja, do Pelç Caç Nat 55... Estiveram juntos em Gandembel / Balana...

Fotos: © Hugo Guerra (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



1. Comentário do Hugo Guerra ao poste P7398 (*)

Quando o João Barge chegou a Gandembel [, em Outubro de 1968,], o Pelotão que ele ia comandar estava em Ponte Balana comigo e foi para aí que ele se deslocou.

Passámos juntos mais de dois meses e com ele que "fechei a porta " em Ponte Balana [, em Janeiro de 1969]. Era um amigo bom , calmo e pachorrento, com uma cultura muito acima da média. Sabia falar árabe e com isso se entretinha a falar com alguns dos nativos do meu Pel Caç Nat 55.

O abrigo, no qual ele parece estar a entrar, foi feito pelos seuss homens em Ponte Balana em Outubro ou Novembro de 1968 e era aí que dormia com os Furriéis do seu pelotão.

Quando precisei dele como minha testemunha num Processo por doença, de imediato respondeu afirmativamente e lá veio a Lisboa, onde nos encontrámos há 5 anos. 

Estivemos juntos pela última vez em Monte Real, este ano [, por ocasião do V Encontro Nacional da Tabanca Grande,] e cconversámos emocionados, embora nada deixasse transparecer do seu estado de saúde.

Perdi um grande amigo e camarada de armas. Paz à sua alma, onde quer que esteja. Os meus sentidos pêsames à família.


P.S.- Fui eu e não o Hugo Moura quem avisou o Vinhal logo no dia do falecimento. 

________________

Notas de L.G.:


(*)  Vd. poste de 7 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7398: In Memoriam (65): Faleceu o nosso camarada João Barge, ex-Alf Mil da CCAÇ 2317 (Tertúlia / Editores)

(**) Último poste da série > 26 de Novembro de 2010 >  Guiné 63/74 - P7343: Recortes de imprensa (35): Manecas dos Santos, o último dos cabos de guerra do PAIGC, que comandou os Strela e o cerco a Guidaje, estará na 2ª feira, 29, no lançamento do livro de Moura Calheiros (Diário de Notícias)