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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23289: In Memoriam (437): Belmiro da Silva Pereira (1946-2022), natural de Peniche, morreu aos 75 anos, em 12/2/2022; foi alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1969/71); era médico reformado do SNS


Belmiro da Silva Pereira ou só Belmiro Silva Pereira (1946-2022), natural de Peniche,  morreu aos 75 anos, em 12 de fevereiro de 2022. Foi alf mil, CCAÇ 6 (Bedanda, 1969/71). Depois de passar à disponibilidade, completou a licenciatura em medicina, e integrou a carreira de medicina geral e familiar do SNS, tendo chegado a diretor do centro de saúde de Peniche. Foto: Cortesia da Agência Funerária de Peniche, 12/2/2022 (seguramente, do álbum de família).


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Um artista português, do tempo dos Beatles... Ao fundo, ao canto esquerdo, um dos bedandendes de 1972/73, o Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, hoje advogado, natural do Cadaval, e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "patrão" da casa, Belmiro da Silva Pereira, dando as boas vindas.


Peniche > O 1º encontro dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Algures no promontório do Carvoeiro, onde atacámos a sardinhada... Da esquerda para a direita, o Hugo Moura Ferreira, e o Belmiro da Silva Pereira (ex-alf mil, CCAÇ 6, Bedanda, 1969/71), médico, e a alma daquele encontro na sua adorada terra, Peniche). Com o Belmiro, está o seu filho. Foi o 4º encontro dos bedandenses.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Lu
ís Graça & Camaradas da Guiné.]

1. Mensagem do José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (BráBironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), nosso vizinho, amigo e camarada, médico veterinário, e agricultor, residente no Bombarral:


Data - 23/5/2022, 16h30
Assunto - Belmiro Silva Pereira

Caro Amigo Luís,

Desejo que te encontres bem.

Tomei hoje conhecimento, por informação de um familiar que reside perto de Peniche, que o Belmiro faleceu recentemente. (*)

Fui seu colega no Liceu de Leiria e, depois ao longo das nossa vidas encontrámo-nos várias vezes em Peniche, a sua terra natal, onde era adorado pela sua simpatia, popularidade e também pela competência na actividade de Médico.

Recordo o Belmiro, como um amigo irradiando alegria e boa disposição.

Embora me pareça que não fazia parte da nossa tertúlia, lembrava-me de um encontro de bedandenses, que ele organizou em sua casa (P12102) (**) e assim aqui vai mais uma triste notícia.

Um grande abraço do José Carvalho

 

2. Resposta do editor LG:

Obrigado, José, pela partilha desta dolorosa notícia de mais um camarada da Guiné que se despede da Terra da Aegria.

Conheci o Belmiro Pereira da Silva nessa altura, no convívio dos bedandenses, de 28/9/2013 ... Estou desolado.

Temos dois postes referentes a esse convívio (P12102 e P12109) (**), com fotos minhas e do Hugo Moura Ferreira. São, de resto, as únicas referências que temos no blogue ao seu nome, Não temos nenhuma foto dele em Bedanda. Gostava que ele entrasse a título póstumo para a Tabanca Grande, se a família (esposa e filho) não se opuser. Seria uma justa homenagem.

Foi um belo convívio, esse, do final do verão de 2013, de que ainda hoje guardo gratas memórias...

Bom, esse 4.º encontro do pessoal que passou por Bedanda, realizou-se Peniche, o 1.º em terras do sul,  sob organização hopsitaleira e calorosa do Belimiro da Silva Pereira, que só então vim a saber que tinha sido alf mil da CCAÇ 6, em 1969/71. 

Esse convívio, num sítio secreto, junto ao Cabo Carvoeiro, juntou três dezenas e meia de bedandenses, familiares e amigos.

Vim a saber, em conversa com ele, que já estava no 2.º ano de medicina, creio que em Coimbra, quando foi chamado para a tropa. Na altura não deu as habilitações académicas corretas, pelo que foi parar ao contingente geral. Mas alguém (se não erro, o capitão) descobriu a marosca e o nosso Belmiro lá foi, contrariado, para a EPI, para o COM, em Mafra. 

Quis o azar que, depois, fosse parar com os quatro costados ao então tão temido TO da Guiné. De rendição individual, como os demais graduados e especialistas metropolitanos das companhias africanas, lá foi fazer a guerra em Bedanda, na CCAÇ 6.

Quem foi do seu tempo, ou que ainda o apanhou em Bedanda foi o nosso grã-tabanqueiro João Martins, ex-alf mil art, comandante de um Pel Art. Dos bedandenses do blogue, ou meus conhecidos, estiveram presentes, o Hugo Moura Ferreira, o Rui Santos e João Martins, eu, a Alice, o Joaquim Pinto Carvalho  mais a esposa, Maria do Céu, e ainda o Belarmino Sardinha e a esposa.

O grande ausente, por razões de saúde, foi o nosso querido (e já saudoso) Tony Teixeira, de Espinho.  

Eu já conhecia o Belmiro de Peniche, meu vizinho portanto. Tínhamos amigos comuns na Lourinhã (a quem dei explicações quando putos ...),  e sei que estudara em Leiria com amigos meus do tempo da escola primária. Estava longe de o imaginar na Guiné na mesma altura que eu, em 1969/71, e também numa companhia africana: ele na CCAÇ 6, eu na CCAÇ 12, ele bedandense, eu bambadinquense... Mas uma vez concluí, nesse já longínquo dia 28 de setembro de 2013,  que o Mundo era Pequeno e que a Nossa Tabanca era... Grande.

O Belmiro, como diz o José Carvalho,  o nosso "barão do K3", era de facto uma figura muito popular em Peniche, como homem e depois como médico, mas confesso que não era pessoa das minhas relações pessoais. Creio que estivemos juntos em encontros (profissionais) dos médicos de clínica geral e familiar, nos anos 80/90. Ele foi diretor do centro de saúde de Peniche. Mas não voltámos mais a encontrarmo-nos depois de 2013. Sei que o pai era também uma figura popular na sua terra, conhecido como o Chico Futuro, dono de um traineira que andava na pesca da sardinha, segundo imformação do nosso camarada Joaquim Jorge, de Ferrel.

É mais que justo este IN Memoriam no nosso blogue (*). Descobri entretanto, uma notícia da agência funerária local, no Facebook, das poucas referências que encontrei: afinal, o nosso camarada Belmiro da Silva Pereira já fora a enterrar há 3 meses, em 14 de fevereiro de 2022. 

Segundo a sua página no Facebook, nasceu em 22 de setembro de 1946.

Já dei conhecimento à malta de Bedanda e a outros que o conheceram, da Lourinhã e de Peniche. E pedi ao Joaquim Pinto Carvalho, ao Rui Santos e ao Hugo Moura Ferreira para darem a triste notícia aos demais bedandenses, de quem não temos o endereço de email. As nossas condolências, embora tardias, à esposa, ao filho e demais amigos e camaradas que lhe eram mais próximos. LG


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 125/199 > Casa do chefe de posto


Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quinta-feira, 8 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18391: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - II (e última) Parte (Jorge Araújo)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Agosto de 1972 > O obus 14

Foto: © Vasco Santos (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971 > A famosa e feliz foto do ex-Alf Mil Médico Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande desde Fevereiro de 2007: a saída do obus 14, de noite.

"Foi tirada com a máquina rente ao chão. Bedanda tinha três. Uma arma demolidora. Um supositório de 50 quilos lançado a 14 km de distância... Era um pavor quando disparavam os três ao mesmo tempo... Era costume pregar sustos aos periquitos... Eu também tive honras de obus, quando lá cheguei... Guileje não tinha nenhum obus, mas sim três peças de artilharia 11.4. A peça era esteticamente mais elegante do que o obus" - disse-me o Amaral Bernardo, no dia em que o conheci pessoalmente, no Porto, no seu gabinete no Hospital Geral de Santo António, que é a sua segunda casa, e onde é (ou era, em 2007) o director do ensino pré-graduado da licenciatura de medicina do ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/HGSA Ciclo Clínico (ou seja, responsável por mais de meio milhar de alunos, um batalhão; reformou-se, entretanto] [LG]...

Foto (e legenda): © Amaral Bernardo (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Guiné > Região de Tombali > Bedanda> CCAÇ 6 > 1970 > O famoso obus 14... [Julgamos que esta foto terá sido dada ao Hugo Moura Ferreira por uma dos camaradas da CCAÇ 6 que estavam em Bedanda em 1970}.

Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" (OUT-DEZ'69) - ATAQUE A BEDANDA EM 25 DE OUTUBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 6, 1967/1974)

(Parte II)
1. INTRODUÇÃO

Com a presente narrativa, a última de duas relacionadas com o ataque a Bedanda em 25 de Outubro de 1969, ocorrido treze dias após o primeiro, encerra-se a análise à segunda missão do "plano de acções militares" do PAIGC (*), de um "pacote" de nove – mais uma do que inicialmente pensado, uma vez que Buba seria contemplada com outra flagelação "extra" devido aos fracassos registados por "Nino" Vieira (1939-2009), e seus guerrilheiros, na primeira – todos eles previstos concretizar durante o último trimestre desse ano, nas regiões de Quinara e de Tombali, contra os diferentes aquartelamentos das NT, cujo calendário se recorda abaixo.

Para a elaboração deste trabalho de pesquisa global, apresentado em fragmentos, continuaremos a utilizar um documento base, que é o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/ fms_dc_40082 (2018-1-20)], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares, adicionando-lhe, sempre, outras informações de diferentes fontes bibliográficas, como metodologia de caracterização e de aprofundamento histórico.




2. O AQUARTELAMENTO DE BEDANDA E AS SUAS UNIDADES


Como foi referido no primeiro fragmento do ataque a Bedanda [P18387] (*), os antecedentes históricos da CCAÇ 6 têm a sua origem na estrutura orgânica da 4.ª CCAÇ (Companhia de Caçadores Nativos [ou Indígenas], esta criada e instalada, primeiramente, em Bolama em finais de 1959.


Quatro anos e meio depois, em Julho de 1964, mudou-se para Bedanda, por necessidades operacionais, como resposta ao pedido de intervenção dos africanos no esforço da guerra. Em 1 de Abril de 1967, decorridos três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos em Bedanda, esta Unidade foi renomeada, passando a designar-se por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6 - "Onças Negras"].


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1970 > Vista aérea da tabanca e aquartelamento. Foto que nos foi enviada pelo nosso camarada, da primeira hora, Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil inf, que esteve na Guiné, entre novembro de 1966 e novembro de 1968, primeiro na CCAÇ 1621 (Cufar) e depois na CCAÇ 6 (Bedanda).

Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Um ano depois, em 10 de Junho de 1968, como reconhecimento da importante acção desenvolvida nas múltiplas missões que lhe foram confiadas, a CCAÇ 6 viria a ser merecedora de uma condecoração atribuída pelo Governo Central ao seu Estandarte [Cruz de Guerra de 1.ª Classe], em cerimónia pública presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz (1894/1987), de homenagem às Forças Armadas Portuguesas, realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Recorda-se, acima, o texto que originou a condecoração tornado público na comunicação social [DL, em 11 de Junho de 1968, p11; e DN, em 12 de Junho de 1968].

Para além da CCAÇ 6, o Aquartelamento de Bedanda dispunha também de um Pelotão de Canhões sem Recuo [PCS/R], de um Pelotão de Artilharia de obus 14 [Pel Art] e de um Pelotão de Milícias [Pel Mil n.º 143], da etnia fula.


3.  O ATAQUE A BEDANDA EM 24OUT1969… QUE PASSOU PARA 25OUT1969 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO,

Desenvolvimento da acção: (Conclusão)

No dia 24 de Outubro [de 1969], às 17h15, as forças do Corpo Especial de Exército deviam atacar as instalações militares do campo de Bedanda mas, devido ao número insuficiente de transportadores não puderam concentrar no local toda a quantidade de munições necessária e muito menos distribui-la a tempo para as 3 posições de fogo, razão principal porque tiveram que adiar a missão.

No dia seguinte, com a aprovação do Comandante do Corpo Especial de Exército ("Nino" Vieira), as forças de Artilharia prontificaram-se a realizar a operação e a iniciá-la à mesma hora indicada para o dia anterior [17h15]. Às 17h00 todas as peças estavam prontas para o tiro, quando descobriram uma avaria na comunicação. Devido a esse imprevisto só meia hora mais tarde iniciaram o fogo de enquadramento com uma peça de canhão 75, desde a posição de fogo do GRAD. O inimigo [NT] respondeu imediatamente, cortando a instalação em dois pontos. Só 15 minutos depois foi retomada a direcção de tiro e deram por terminado o enquadramento para as [peças] GRAD [foguetes/foguetões de 122 mm]. Imediatamente as peças de canhão abriram fogo, realizando tiro indirecto desde a distância de 2.000 metros. Do posto de observação, pareceu (a visibilidade, dada a hora já avançada da tarde, era deficiente) ser um tiro efectivo, cobrindo a zona indicada.

Terminado o fogo dos canhões, as peças do GRAD fizeram o seu primeiro disparo que, do posto de observação, pelo clarão produzido, pareceu-nos ter atingido o objectivo. [Este disparo ficou na história da guerra por ter sido o primeiro foguete 122 mm a ser lançado por uma peça GRAD contra as NT]. Mais tarde, segundo os camaradas de infantaria situados a poucas centenas de metros do objectivo, esse disparo caiu dentro do objectivo. Deu-se a ordem de tiro de bataria e, salvo um foguete danificado, foram lançados os restantes [cinco], os quais se dispersaram pela periferia do objectivo.

Finalmente, os morteiros 82 iniciaram fogo, da mesma posição de fogo dos canhões, realizando fogo rápido, mas desordenado e sem muita afectividade, devido à impossibilidade de dirigir tiro naquela altura (tinha anoitecido já completamente) pois haviam roto [danificado] completamente as instalações telefónicas.


Citação: (1963-1973), "Combatentes do PAIGC deslocando uma peça de artilharia anticarro", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_ 43753 (2018-2-12) (com a devida vénia)

Conclusão

1. O tiro de artilharia, no seu conjunto, não foi efectivo como esperávamos, especialmente devido à falta de direcção continua e ordenada do tiro e isso motivado pelas interrupções sistemáticas das instalações telefónicas.

2. Dada a distribuição dos quartéis (com pequenas concentrações em 3 pontos), Bedanda não é um objectivo muito favorável à utilização das [peças] GRAD. Prova-o o facto do primeiro obus ter caído dentro do objectivo e os restantes terem-se dispersado sem atingi-lo.

3. Com a experiência herdada de B1, concluímos que a direcção de fogo feita com a utilização de telefone não dá a mínima garantia. A introdução de rádios impõe-se como uma necessidade urgente para que a realização dessas operações tenham o mínimo de garantia e coordenação com os bi-grupos de infantaria.


4. Não é recomendável a realização de tiro de enquadramento de noite. A observação e as respectivas correcções são vagas e imprecisas.

5. O transporte de munições até aos pontos desejados é algo que deve ser encarado com toda a responsabilidade e garantido contra quaisquer atrasos ou imprevistos.



Actuação da Infantaria

A infantaria deveria actuar imediatamente depois do bombardeamento artilheiro.

Contava com os seguintes efectivos assim distribuídos:

- 3 bi-grupos no quartel do meio, com 5 bazookas RPG-7 (4 granadas cada)

- 2 bi-grupos no quartel de cima (onde estão as lojas), com 2 RPG-7 (4 granadas cada)

A acção da infantaria, prevista para as 17h45 (a operação devia ter início às 17h15) só foi possível 3 horas mais tarde, devido à reacção do inimigo [NT], que abandonou os quarteis, refugiando-se no mato, contra o intenso, embora não muito efectivo, fogo da artilharia. Três horas depois, quando o inimigo [NT] regressava aos quartéis, foi completamente surpreendido com fogo de bazookas (21 RPG-7) e outras armas de infantaria. Sofreu grande número de baixas, que, segundo informações posteriores, ultrapassou os 30 [trinta].

A retirada foi sem problemas, pois o canhão inimigo [NT] e sua dotação foram destruídos pelo primeiro foguete do GRAD.


Correcção às informações obtidas posteriormente pelo PAIGC:

De acordo com a base de dados existente na Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra (sítio: http://apvg.pt), relativa ao número de militares – continentais e de recrutamento local – falecidos nos TO ultramarinos, verificou-se que durante o período em que a Companhia de Caçadores n.º 6 (CCAÇ 6) prestou serviço em Bedanda [de 01Abr1967 a 27Abr1974 = sete anos] o número total de baixas foi de 12 (doze), sendo 10 (dez) do Recrutamento Local e 2 (dois) do Contingente Metropolitano.

Das 10 (dez) baixas de naturais da Guiné, 5 (cinco) morreram em combate (50%), 3 (três) por acidente (30%), 1 (um) por doença (10%) e 1 (um) por afogamento (10%).

Para que conste, foi elaborado o competente quadro nominal.


Pelo acima exposto, conclui-se que as informações obtidas por parte do PAIGC, quanto ao número de mortos durante esta acção, carecem de fundamento (são absolutamente falsas), na medida em que este seu ataque não provocou qualquer baixa mortal, não obstante todo o aparato bélico.

Por outro lado, desde o início do conflito [1963] e até à alteração do nome para CCAÇ 6 [1967], a 4.ª CCAÇ contabilizou 15 (quinze) baixas, sendo 5 (cinco) do Contigente Metropolitano e 10 (dez) do Recrutamento Local.

Seguindo o mesmo procedimento anterior, apresenta-se o respectivo quadro nominal.


Continuaremos a desenvolver este tema com a apresentação dos principais factos ocorridos em cada um dos restantes ataques.

Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
07MAR2018.
_______________

Nota do editor:

(`) Vd. poste de 7 de março de 2018  > Guiné 61/74 - P18387: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - Parte I (Jorge Araújo)

sábado, 23 de dezembro de 2017

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16339: Convívios (762): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte I - Grandes corredores d'Algés & Dafundo e d'Além-Mar em África (Texto de José Manuel Matos Dinis; fotos de Manuel Resende)


Foto nº 1  >  A nova "sala de pasto", agora em Algés, o restaurante Caravela de Ouro


Foto nº 2 >  O "camisola amarela" é um português da Linha, pois claro, ex-Diamang... Nem tudo se perdeu no retorno ao "Puto"... A pele e a alma e o resto do corpinho vieram com o nosso Zé (Manel Matos Dinis), aqui no exercício das suas funções de (e)terno adjunto do Comandante Rosales. Ainda na foto: António Castanheira e Carlos Santa.


Foto nº 3 > Um foragido que à  Tabanca da Linha retorna: o Humberto Reis, o "camisola vermelha" que, tal como os seus régios antepassados, escolheu as terras da Lourinhã, refúgio de Pedro e de Inês, para refrigerar o coração com as brisas matinais. Com ele, António Maria Silva.


Foto nº 4 > O veteraníssimo Rui Santos, o "camisola azul"... Outro grande corredor de fundo... Com António Alves Alves.


Foto nº 5 > Um "bedandense" entre as gentes da Linha: o Hugo Moura Ferreira, ex-camisola amarela... Com José de Jesus da CCAÇ 2585 (Jolmete)


Foto nº 6 >  O fadista de Bissorã, o rapaz da "camisola verde às riscas"... Está nostálgico, o nosso Armando Pires, why? why?...


Foto nº 7 > O Zé Dinis de Souza Faro, numa pose luminosa...


Foto nº 8 >  "Manuel Joaquim, à minha direita, um grande senhor", diz o Souza Faro... Ainda na foto, António Gil das Caldas da Rainha.


Foto nº 9 >  Do outro lado a Linha... do Estoril, em Algés... Manuel Joaquim, Diniz Souza E Faro, António Gil, José António Chaves, Joaquim Nunes Sequeira (o Sintra), e António Souto Mouro (de costas).


Foto nº 10 > Um ribatejano, régulo da Tabanca de Setúbal, em visita de cortesia à Tabanca da Linha onde se come sempre bem e se recebe melhor...


Foto nº 11 > Manuel Resende, o fotógrafo de serviço que tem fixado, para a eternidade, os melhores momentos conviviais da Magnífica Tabanca da Linha



Foto nº 12 > Da esquerda para a  direita: Manuel Lema Santos, lídimo representante da Reserva Naval (e Moral da Nação) mais o Zé Rodrigues, que vive em Belas (que a nossa base de dados não mente)


Foto nº 13 > Fernando Sousa, "outro bedandense", escritor, autor de "Quatro Rios e um Destino", que se prepara no final do ano para lançar o seu primeiro livro de poesia...


Foto nº 14 > Por fim, mas não menos importante, o comandante Jorge Rosales, tendo a seu lado o José Colaço, dois dos nossos grã-tabanqueiros sempre nobres e leais... 14 fotos de uma difícil seleção num lote de 60, enviadas pelo Manuel Resende... Mas há mais, na parte II...

Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro,  Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés) > 26º convívio da Magnífica Tabanca da Linha (*)

Fotos: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Bloghue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Manuel Matos Dinis, com data de 21 do corrente:

Assunto - O Último encontro da Magnífica Tabanca da Linha

Foi hoje.

Conforme ampla divulgação feita pelos instrumentos do costume, foi hoje o último encontro da Magnífica Tabanca da Linha.

Foi o último realizado, mas vão continuar. Que ninguém se assuste, que o génio desta tabanca está para durar. A realização começou no final do mês passado. Alguns dos magníficos da região de Algés, há muito tempo que propunham a realização de um encontro lá para aquelas bandas. 

Nesse pressuposto, S. Exa., acompanhado do ministro privado das tecnologias, Manuel Resende; do impoluto repórter reformado, Armando Pires, e de alguns dos elementos daquela região, marcaram almoço no previsto local do acontecimento. Parece que S. Exa. ficou estragado de mimos, bebeu uns copos, e deu luz verde à realização. Fixou-se a ementa e o preço, mostraram-se retratos do edifício, e vai de anunciar às gentes interessadas a próxima realização do evento. Que foi hoje. Colocaram-se as moedas nos parquímetros, e ala, que tocou a reunir.

Compareceu um bom número de tertulianos, animados de boa disposição, e do bom apetite que a escada até ao segundo andar proporciona. Calma, deixem-me contar: claro que não morreu ninguém com o esforço, ou insuficiências potenciadas pela contagem dos degraus. Nada disso. Para esses, a organização dispõe de um elevador. E foi o que aconteceu, a malta atafulhou o cubículo elevatório de cada vez que se passava da rua para a sala sacrificial. 

E logo à entrada, emboscados, mas suficientemente à vista para não falharem pontarias, dois elementos procediam à recolha do dinheiro: um estendia a mão onde se colocavam os valiosos euros, enquanto o outro rabiscava num papel marcado com manchas de azeite, ou manteiga, mas ainda com aromas de outros temperos, os nomes dos pagantes. Nesta parte a coisa correu bem, pois não se registaram desacatos como vinha sendo costume, quando havia o hábito de pagar no fim. Parabéns à organização que acabou com as confianças malévolas.

A localização permite uma vista para a Marginal, depois para a linha, onde passa o comboio sem custos acrescidos, a seguir pode ver-se o bocado de terra destinado aos concertos barulhentos, e, finalmente, lobriga-se o rio, que dali parece ribeiro. O pessoal já não via nada, e alguns tiveram a sorte de descobrir uns fritos e rodelas de paio que não saciaram as fomes. Provaram-se vinhos, da terra do senhor doutor, e ouvi alguém soletrar Esteva, que logo percebi, não havia Esteva. Isto, na parte dos tintos, porque os brancos eram da mesma proveniência e não havia da D. Ermelinda. Ninguém morreu de sede. Aliás, havia água com excessiva fartura, e uma espécie de laranjada, certamente da mais qualificada indústria sumarenta. Nem lhe toquei, livra!

Aproximou-se a hora de refeiçoar, e o pessoal compôs-se nas mesas para o diligente serviço de caldos, um elaborado a partir das melhores espécies vegetais, outro com um acentuado palato a marisco, com escassas farripas de camarão a comprovar a sapidez, ambos com dotações suficientes de Maggi, que lhes davam carácter e autenticidade. Bebe mais um copo, Zé! Era a voz da consciência a apaziguar o estômago.

E logo veio a grande atraqueção culinária, o prato de bianda com garoupa, a que se acrescentaram gambas. Nada a dizer, pois o cozinheiro, à semelhança do defesa da selecção de futebol que ganhou o europeu, não inventou nada, e o conduto correu previsivelmente bem. Óspois, como seria escrito pelo camarada Veríssimo, podíamos escolher entre salada de frutas e pudim. A salada estava boa, e do pudim ouvi rumores de que não ia além da mediania.

Mas foi bom. No final correram umas garrafas de magníficos alcoóis que fizeram acentuar a necessidade de frescura para enfrentar a digestão, e que facilitaram a algazarra seguinte, que hoje ganhou méritos de amplificação, ou por causa da concentração do pessoal, ou por causa do tamanho da sala que não permitiu mais largueza na distribuição.

Conforme é do conhecimento geral, importante, importante, é a possibilidade para confraternizarmos, para nos expressarmos com alegrias e risadas, e gritos, se alguém, algum dia, alguém se lembrar disso. Foram várias as caras novas, malta que pareceu integrar-se com facilidade, o que vem provar que há coisas importantes que nos unem. Por mim, regressei a casa com a noção do dever cumprido. Para todos vai o meu abraço fraterno. Isto, se S. Exa. o Senhor Comandante, não achar necessário exercer o seu exclusivo direito de censura. (**)

Inté! JD
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16273: Convívios (759): Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, no próximo dia 21 de Julho, em Algés (Manuel Resende)