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sábado, 13 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25066: In Memoriam (493): Falecimento do Capitão Miliciano de Artª da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), engº Fernando Pires (Luís Dias)




1. O nosso Camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), enviou-nos  a seguinte mensagem:





           Falecimento do meu capitão
 

Perder um companheiro que esteve connosco na guerra, mas especialmente alguém que era um bom amigo é imensamente doloroso. Fui hoje informado por um dos seus filhos, que o Engº FERNANDO PIRES, ex-Capitão Miliciano de Artª, que comandou a CCAÇ 3491, pertencente ao BCAÇ 3872, faleceu no dia 11 de Janeiro, no Hospital de Cascais, aos 81 anos, devido a problemas respiratórios. 

Antes do Natal, tinha falado com ele ao telefone e tínhamos combinado encontrar-nos no fim deste mês, pois ainda estava em convalescença de uma intervenção cirúrgica melindrosa. 

A história militar deste meu amigo é um "produto" daqueles tempos em que estávamos em três frentes de Guerra. O meu amigo esteve no Serviço Militar Obrigatório, em 1963, com a idade normal com que se era "chamado" e serviu o percurso normal de um oficial miliciano da especialidade de artilharia e teve a sorte, pensava ele, de não ter sido mobilizado para o Ultramar. Terminado o seu tempo de serviço, voltou à sua vida civil, trabalhava na EFACEC, namorava e tinha a sua vida organizada e um futuro promissor. Contudo, em 1971, foi "re-pescado" para ir para a Escola Prática de Infantaria - Mafra, tirar o Curso Para Capitães (CPC) e mais tarde vir a ser mobilizado para a Guiné a comandar uma companhia de caçadores, jovens "chavalos", onde, a seguir ao 1º Sargento Gama, era o mais velho, com cerca de 30 anos e eu o "puto" mais novo.

O Capitão Pires dirigia uma companhia (cerca de 150 elementos), também 2 pelotões de milícias e era responsável por 250 elementos da população que viviam numa Tabanca anexa ao nosso aquartelamento, isto no Dulombi, Leste da Guiné, região de Bafatá. Foi o nosso comandante entre 18 de Dezembro de 1971 e 4 de Abril de 1974 e dirigiu a companhia com competência e elevado brio profissional, sem nunca deixar de ser um excelente ser humano. Soube das dificuldades que era comandar tanta gente, pois eu próprio fui comandante da mesma, nas suas ausências e férias, o que me foi muito útil, quando fui nomeado comandante do CIM de Bambadinca, em Agosto de 1973.

Depois de terminada a nossa comissão e seguindo cada um o seu rumo, encontrávamo-nos, de quando em vez, mas após o 1º Convívio da companhia, realizado no então R.I. nº2, em Abrantes, de onde partíramos para a Guiné, almoçávamos muitas vezes e íamos aos convívios juntos. 


Na foto, em 1º plano, o Capitão Pires, com o General Spínola, estando eu em 2º plano, no dia da inauguração do nosso quartel em Abril de 1972.

Caro amigo Fernando Pires, que descanse em paz e até um dia destes, para voltarmos a falar da amizade que nos uniu nesta "vida". 

Luís Dias 
Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

10 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25055: In Memoriam (492): Fernando Peixinho de Cristo (1947-2004), ex-cap mil inf, cmdt, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74); natural de Coimbra, e reputado hidrogeólogo a nível nacional e internacional

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25055: In Memoriam (492): Fernando Peixinho de Cristo (1947-2004), ex-cap mil inf, cmdt, CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74); natural de Coimbra, e reputado hidrogeólogo a nível nacional e internacional


Capa do livro de homenagem a 
"Fernando Peixinho de Cristo: Vida e Obra" 
(2009, edição de AIH-GP, Grupo Português 
da Associação Internacional de Hidrogeólogos)


1. Muitos dos homens (e algumas mulheres, as enfermeiras paraquedistas) que fizeram a guer da Guiné, entre 1961 e 1974, têm vindo a desaparecer por doença, acidente, ou  "lei natural da vida"... De um ou outro, sobretudo se teve visibilidde mediática, vamos "sabendo pelos jornais" (como se dizia antigamente). Da maior parte, só por notícia dada por email ou telemóvel de camaradas, amigos ou familiares. Noutros casos, só vimos a saber tardiamente, às vezes muitos anos mais tarde. 

Foi o caso do ex-cap mil inf Fernando Peixinho de Cristo, comandante da CCAÇ 3545 (Canquelifá, 1972/74), condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª classe em 1974. A CCAÇ 3545, que pertencia ao BCAÇ 3883, sediado em Nova Lamego, embarcou de avião para o CTIG em 22mar72 e regressou a 21jun74.

No poste de apresentação à Tabanca Grande, o nosso grão-tabanqueiro José Peixoto, que vive V. N. de Famalicão, e foi 1.º cabo radiotelegrafista da CCAÇ 3545/BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74), faz referência ao seu "saudoso" comandante nestes termos (**):

(...( No dia 5 de janeiro de 1974, por volta das 14h00, toda a malta da companhia (CCAÇ 3545) aproveitando o que parecia ser um tempo de acalmia, apenas aparente, após a análise de tudo o que se encontrava à sua volta, decidiu abandonar os abrigos, cada um acompanhado da sua arma mais os parcos haveres. No grupo estavam incluídos os artilheiros, apresentando-se no abrigo de Transmissões no qual se encontrava o nosso comandante capitão Peixinho Cristo.
 
Perante tal situação, todo o pessoal que se encontrava na área das transmissões, ficou aturdido, sem saber o que se estava a passar, facto estar ali toda a companhia reunida! Após alguns minutos de conversa com o capitão, logo se ficou a saber a sua  intenção era de abandonar Canquelifá.(***)

A intenção não passou disso mesmo pelo facto de o capitão ter pedido alguma calma, descendo ao posto de transmissões no qual estabeleceu contacto com Nova Lamego e desta creio a Bissau. Com quem falou não me apercebi, apesar de estar junto, a resposta que lhe foi dada também não sei, apenas sei que na posse do que lhe foi dito/prometido, subiu ao cimo do abrigo de transmissões onde aguardava toda a companhia e disse:

- Rapazes, é uma virtude confiar nos chefes. Vamos todos para os abrigos mais uns dias.

E assim foi, pois toda a companhia recolheu aos seus abrigos de armas e bagagens. reconhecendo a Liderança e Motivação de um chefe. Honra lhe seja feita.(..)

2. Comunicado da direção do Grupo Português da Associação Internacional de Hidrogeólogos (AIH-GP)

Hidrogeólogo (Sócio n.º 90762)

É com enorme pesar que informamos que faleceu no dia 26 de março 2004 o nosso colega Fernando Peixinho de Cristo, Presidente Fundador do Grupo Português da AIH (AIH-GP) (A.

Tinha 57 anos, e nasceu na cidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Ciências e Tecnologia se graduou em Geologia em 1977 com alta classificação. 

Em 1983 fez a especialização em Hidrogeologia em Barcelona (Espanha) no curso de pós-graduação da Universidade Politécnica da Catalunha (Curso Internacional de Hidrologia Subterrânea).

A carreira profissional de Peixinho de Cristo começou em 1978, na então chamada Direcção-Geral de Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos (DGRAH), organismo da Administração Pública que está na origem do actual INAG (Instituto da Água), a "autoridade da água" em Portugal.

Na DGRAH, e organismos que lhe sucederam, desenvolveu intenso trabalho no domínio das águas subterrâneas, sobretudo em sistemas aquíferos da orla sedimentar pós-Paleozóico do território português, tendo chegado a altos níveis de chefia de serviços.

Sua competência profissional associada à capacidade de diálogo e facilidade de gerir situações conflituantes, levaram Peixinho de Cristo ao lugar de Director do Ambiente da região central de Portugal, vasta região extremamente habitada e com actividades difíceis de compatibilizar.

Além de hidrogeólogo teve intervenção relevante como professor convidado em escolas superiores, na área das geociências, dando aulas e orientando estágios científicos,  nomeadamente nas universidades de Coimbra e do Algarve.

Foi membro do Conselho Nacional da Água e, mais recentemente, em representação da AIH-GP, pertenceu à Comissão de Acompanhamento da próxima Lei-Quadro da Água, que faz a transposição da Directiva 2000/60/CE para a legislação portuguesa.

Para além da grande competência profissional, as qualidades humanas e cívicas do colega Peixinho de Cristo tornam a sua morte num acontecimento muito doloroso para os hidrogeólogos portugueses.


3. Simlis de luto com morte de Peixinho de Cristo 
 
Fernando Peixinho de Cristo, administrador-delegado da SIMLIS - Saneamento Integrado dos Municípios do Lis, morreu ontem [26 de março de 2004]   num acidente de viação no IP5, ao quilómetro 137 do Itinerário Principal (IP) 5, junto à ponte de Muxagata, entre Celorico da Beira e Fornos de Algodres. 

Especialista em questões ligadas aos recursos hídricos, Peixinho de Cristo, de 57 anos, era desde há dois anos administrador-delegado da empresa multimunicipal que está a gerir todo o projecto de saneamento dos concelhos de Leiria, Porto de Mós, Batalha, Ourém e Marinha Grande e foi responsável por um estudo para o tratamento dos efluentes das suiniculturas da região. 

Antigo director regional do Ambiente do Centro, ocupou este cargo durante o último governo socialista, entre 1997 e 2002, e foi também presidente do grupo português da Associação Internacional de Hidrogeólogos. 

De acordo com a Brigada de Trânsito da Guarda, o veículo despistou-se no sentido Este-Oeste no IP5 e as causas do acidente ainda não estão esclarecidas. No acidente ficou ainda ferido com alguma gravidade José Luís Caseiro, quadro superior da Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) do Centro, que seguia com Peixinho Cristo.

4. Comentário do editor LG:

Não o conhecemos pessoalmente. Todavia, pelo que já lemos da sua atuação no TO da Guiné, foi um sereno mas  bravo comandante da CCAÇ 3545, a sua atuação na heroica defesa de Canquelifá, desde agosto de 1973 e sobretudo no primeiro trimestre de 1974, valeu-lhe a Cruz de Guerra de 3ª Classe.

Outro oficial que se distinguiu nesta companhia foi também outro Fernando, o Fernando de Sousa Henriques, também escritor (tem, de resto, 15 referências no nosso blogue). 

Ambos morream de acidente. É justo recordá-los e honrar a sua memória. Nenhum deles inegra(va) a Tabanca Grande.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 31 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25019: In Memoriam (491): O Nuno Rubim (1938-2023) que eu conheci nos Comandos do CTIG, de junho a dezembro de 1965 (Virgínio Briote)

(**) Vd. poste de 30 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16656: Tabanca Grande (497): José Peixoto, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAÇ 3545/BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74), nosso 731.º Grã-Tabanqueiro

(***) Vd. tabém poste de 10 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25053: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XLI: Canquelifá, a ferro e fogo, no 1º trimestre de 1974

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25032: Casos: a verdade sobre...(37): O Ten Art Montanha, Ernesto Luiz Lemonde de Macedo, foi mortalmente ferido no combate de Nhamacurra, a 50 km de Quelimane, no dia 1 de Julho de 1918, vindo a falecer no dia 22 do mesmo mês (Morais da Silva, Cor Art Ref)

1. Mensagem do nosso camarada, Coronel Art Ref, António Carlos Morais da Silva (ex-Instrutor da 1.ª CCmds Africanos em Fá Mandinga; Adjunto do COP 6 em Mansabá e Comandante da CCAÇ 2796 em Gadamael, 1970 e 1972), com data de 2 de Janeiro de 2024:

Guiné 61/74 - P25023: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XLII: ten art Ernesto Luiz Lemonde de Macedo (Lisboa, 1892 - Quelimane, Moçambique, 1918)

Comentário de Fernando Ribeiro:
“Eu peço desculpa pela minha estranheza, mas custa-me acreditar que este militar tenha sido morto pelos alemães na zona de Quelimane, na Zambézia. Quelimane fica a muitíssimos quilómetros de distância do Rio Rovuma, que fazia (e ainda faz) fronteira entre Moçambique e o ex-Tanganyika, atual Tanzânia. Talvez mil quilómetros! Como foi que os alemães foram parar a Quelimane? Não se terá dado o caso de o infortunado tenente Ernesto Luiz Lemonde de Macedo ter sido morto pelos guerreiros de um régulo local, eventualmente aliado dos alemães?”


Caros editores
Porque convivo mal com faltas de educação e de civismo comentei:
O formato da documentação que possuo sobre o Ten. Lemonde de Macedo (fotos de documentos oficiais) não é compatível com o espaço de Comentários pelo que as enviarei, via mail, para os editores o poderem fazer e assim dissipar estranhezas aceitáveis e "palpites" inaceitáveis.

Em anexo seguem alguns documentos que me serviram para escrever as circunstâncias da morte em combate do meu camarada artilheiro.
Por regra, não brinco em serviço. Para que conste.

Muita saúde para 2024.
Cumprimentos cordiais
Morais Silva

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Nota do editor

Último poste da série de 27 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P25006: Casos: a verdade sobre...(36): A morte do Braima Djaló, o irmão do Amadu Djaló e de outros 'comandos' do BCmds, na Caboiana, e do aprisionamento do tenente graduado 'comando' António Jalibá Gomes, cmdt da 3ª CCmds (Joaquim Luís Fernandes, ex-alf mil, CCAÇ 3461, Teixeira Pinto, 1973/74)

Guiné 61/74 - P25030: In Memoriam: Os 14 membros da Tabanca Grande falecidos em 2023 (ou cuja notícia da morte só foi sabida por nós em 2023)


António Cunha (Tony) (c.1950 -c. 2022) (*)
O ex-fur mil Cunha foi esteve temporariamente colocado em Mansoa, em 1973, na 38.ª CCmds: acabou a comissão na CCAÇ 6, em Bedanda, onde era conhecido como o Furriel Mezinho Djaló: vivia em North Arlington, New Jersey, USA; era o nosso grã-tabanqueiro nº 782.

António Eduardo Jerónimo Ferreira (1951-2023) 
Ex-1.º cabo condutor auto rodas da CART 3493 / BART 3873 (Mansambo e Cobumba, 1972/74); vivia em Moleanos, Alcobaça; integrava a nossa Tabanca Grande desde 15/3/2012.

Armando Tavares da Silva (5/5/1939 - 1/2/2023) 
Grão-tabanqueiro nº 734, desde 25/1/2017; historiador, autor de "A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto, Caminhos Romanos, 2016, ISBN 978-989-8379-44-3).

Carlos Alberto Rodrigues Cruz (26/05/1941 - 07/09/2023)
Ex-fur mil inf, CCAÇ 617 / BCAÇ 619(Catió e Cachil, 1964/66); membro da Tabanca Grande desde 21/1/2014; vivia em Paço de Arcos, Oeiras


 
Carlos Nuno Carronda Rodrigues, cor inf 'cmd'  (1948 - 2023)
Ex-alf mil, CCAÇ 6, "Onças   Negras", Bedanda, 1970/72, cor cmd ref: membro da Tabanca Grande, sob o n.º 876, desde 23/6/2923; viviia na área metropolitana de Lisboa.

Coronel Inf Ref Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro (26/07/1926 - 22/03/2023)
Ex- Major Inf, 2.º Comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): vivia no Porto: membro da Tabanca Grande, a título póstumo, nº 879, desde 31/7/2023.



Fernando da Silva Costa (1951-2018)
Ex-fur mil trms da CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa 1973/74) (*); moravaem Lisnoa; membra da Tabanca Grande desde 25/10/2009.

Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023)
Ex-cap mil art,  BENG 447 (Bissau, 1970/72); nasceu em Arouca; éra membro da Tabanca Grande desde 5/7/2013,



José António Paradela (1937-2023)
Ilhavense, arquiteto, escritor,  andou na pesca do bacalhau aos 16 anos, e fez o serviço militar no Marinha; pseudónimo literário "Àbio de Lápara"; membro da Tabanca Grande nº 872, desde 23/2/2023.



José Carlos Suleimane Baldé (c. 1951 - 2022) 
Ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1969/74): era natural de Amedalai,  Xime, região de Bafatá. Guiné-Bissau; entrou para a Tabanca Grande em  15 de maio de 2012, depois de ter visitado Portugal em 2011.



José Marcelino Sousa (1949 - 2023)
Ex-1º cabo at inf, CCAÇ 3327 / BII 17 (Bissau, Mata dos Madeiros, Calequisse, Tite e Bissássema, 1971/73): natural da ilha das Flores, Açores, vivia  desde 1974 em Stoughton, Massachussetts, EUA... Passou a sentar-se, no lugar nº 877, sob o poilão da nossa Tabanca Grande , desde 25/6/2023.



Manuela Gonçalves (Nela)  (Castelo Branco, 1946  - Caldas da Rainha, 2019)
Professora aposentada, cooperante, esposa do ex-alf mil,  Nelson Gonçalves, cmdt Pel Caç Nat 60, 1969/70, vítima de mina A/C , em 13/11/1969, na estrada São Domingos-Susana: integrava a nossa Tabanca Grande desde 9/1/2006.




Cor art ref Nuno José Varela Rubim (1938-2023)
Fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424,  e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG,  Cheret, 1972/74): historiógrafo militar, vivia no Seixal; era membro da Tabanca Grande desde 10/6/2006.



Zélia Neno (1953-2023)
Que foi casada com o Xico Allen (1950-2022) e mãe da Inês Allen: a primeira mulher a integrar a nossa Tabanca Grande (em 19 de fevereiro de 2006); viva em Vila Nova de Gaia.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


1. Lista dos amigos/as e camaradas que, em 2023,  da lei da morte se foram libertando (n=14) :

António Cunha (Tony) (c.1950 -c. 2022) (*)
António Eduardo Ferreira (1950 - 2023)
Armando Tavares da Silva (1939-2023)

Carlos Alberto Cruz (1941-2023)
Carronda Rodrigues (1948-2023)
Cunha Ribeiro (1936-2023)

Fernando Costa (1951-2018)(*)
Fernando Magro (1936 - 2023)

José António Paradela (1937-2023)
José Carlos Suleimane Baldé (c.1951-2022)(*)
José Marcelino Sousa (1949 - 2023)

Manuel Gonçalves (Nela (1946-2019 (*)

Nuno Rubim (1938 - 2023)

Zélia Neno (1953 - 2023)

(*) Só soubemos da sua morte no ano de 2023

Total de membros da Tabanca Grande, desde 23/4/2004, o início do blogue= 882... Falecidos = 143 (16,2%).

domingo, 31 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25023: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XLII: ten art Ernesto Luiz Lemonde de Macedo (Lisboa, 1892 - Quelimane, Moçambique, 1918)


Ernesto Luiz Lemonde de Macedo (1892 - 1918)


Nome: Ernesto Luiz Lemonde de Macedo

Posto: Tenente de Artilharia

Naturalidade: Lisboa

Data de nascimento: 23 de Maio de 1892

Incorporação: 1914 na Escola de Guerra (nº 39 do Corpo de Alunos)

Unidade: Regimento de Artilharia de Montanha

Condecorações: Promovido a Capitão por distinção, a título póstumo

TO da morte em combate: Moçambique

Data de Embarque: 31 de Março de 1917

Data da morte: 22 de Julho de 1918

Sepultura: Quelimane - Moçambique

Circunstâncias da morte: A força de segurança afastada de Quelimane, posicionada na zona de Nhamacurra, foi atacada pela guerrilha alemã pelas 15 horas de 1 de Julho tendo como primeiro objectivo a posição das bocas de fogo de artilharia comandadas pelo Tenente Lemonde que as defendeu com bravura e destemor até ser gravemente ferido. Evacuado para Quelimane faleceu em 22 de Julho.



António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Fim da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola (n=5), Moçambique (n=6) e França (Flandres) (n=20), num total de 31. Na nossa série, houve de um erro de numeração: saltámos da parte XIX para a parte XXX ( erro esse que ainda não foi corrigido). (*)

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

Agradecemos a este ilustre militar, que nos honra com a sua presença (ativa) na Tabanca Grande, o nos ter faculdade, em formato ebook, o resultado da sua laboriosa e altamente meritória pesquisa. Num blogue como o nosso de antigos combatentes, temos a obrigação (pelo menos moral) de lembrar aqueles que morreram pela Pátria, bem longe de casa. 
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Guiné 61/74 - P25022: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XLI: ten inf Viriato Sertório da Rocha Portugal Correia de Lacerda (Oeiras, 1887 - Serra de Mecula, Moçambique, 1917)



Viriato Sertório da Rocha Portugal Correia de Lacerda (1887-1917)


Nome: Viriato Sertório da Rocha Portugal Correia de Lacerda

Posto: Tenente de Infantaria

Naturalidade: Oeiras

Data de nascimento: 2 de Janeiro de 1887

Incorporação: 1909 na Escola do Exército (nº 38 do Corpo de Alunos)

Unidade: Regimento de Infantaria n.º 21

Condecorações: Promovido a Capitão por distinção (a título póstumo)

TO da morte em combate: Moçambique

Data de Embarque: 7 de Outubro de 1915

Data da morte: 8 de Dezembro de 1917

Sepultura: Alto da serra de Mecula

Circunstâncias da morte: Morreu numa trincheira combatendo bravamente na serra de Mecula ao 5º dia de combate intenso com as tropas alemãs. No assalto final foi atingido por fogo inimigo quando tentava inutilizar a sua metralhadora. Assim morreu o famoso chefe dos sipaios do Niassa.




António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

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Guiné 61/74 - P25019: In Memoriam (491): O Nuno Rubim (1938-2023) que eu conheci nos Comandos do CTIG, de junho a dezembro de 1965 (Virgínio Briote)

 

Capitão Art Nuno Rubim, o "cvapitrão fula" o tempo da CCAÇ 726 (Guileje, Mejo, Cachil, Catió, Out 1964/Jul 1966). Esta subunidade teve quatro comandantes, o último foi o cap art Nuno José Varela Rubim.

Foto: © Nuno Rubim (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legenbdagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

CTIG > Companhia de Comandos > Cartão de Identificação > Cartãonbº 03 > Gr Sang > "A" >Grupo "Diabólicos" > Posto > Alferes Mil  > Nome > Virgínmio António M. da SWilva Briote > O Comandante> Nuni J V Rubim, cap

Foto: © Virgínio Briote (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário (*) do nosso editor jubillado, Virgínio Briote (nascido em Cascais, frequentou a Academia Militar, foi alf mil em Cuntima, CCAV 489 / BCAV 490, entree janeiro e maio de 1965; fez  o 2º curso de Comandos do CTIG, de junho a setembro de 1965;  comandou o Grupo 'Diabólicos', de setembro de 1965 a setembro de 1966; regressou a casa em janeiro de  1967; asado com a Maria Irene Briote, professora do ensino csecundário; foi quadro superior da indústria farmacêutica; publicou entre janeiro de 2006 e junho  de 2009. o blogue  Guiné, Ir e Voltar: Tantas Vidas (entretantto descontinuado: pdoe ser visto aqui,no Arquivo.pt), parcialmente reproduzido no nosso blogue; foi editor lioyterário do livro de memórias do Amadu Bailo Djaló, publicado em 2010, pela Associação de Comandos; tem cerca de 280 referências, é autor,m entre outras. ,da série "Guiné, Ir e Voltar", de qwue se publicaram 27 postes, entre  junho d3e 2015 e janeiro de 2016.


Era do meu conhecimento que o estado de saúde do coronel Nuno Rubim vinha a degradar-se e era de esperar o desenlace a curto prazo.

Lamento a perda do meu antigo comandante que conheci em maio de 1965, e com quem privei até dezembro do mesmo ano.

Ambos fizemos parte de um grupo de cerca de 25 militares dos Cmds do CTIG, constituído por oficiais e sargentos e alguns militares guineesnses, entre os quais o Marcelino da Mata, o Abdulai Djaló, o Djmanca e talvez mais um ou dois militares. 

Durante cerca de dois meses que durou o curso, os nossos fins de semana, entre jun e set1965, foram passados no mato. A maior parte das vezes no Oio, que era muito próximo, e uma vez ao Piai (zona de Canquelifá).

Gostei de o ter conhecido, de ter privado com ele, e, naturalmente, a notícia da morte do cor  Rubim não me pode deixar indiferente.

V. Briote | 30 de dezembro de 2023 às 16:15 | (*)

2. Excertos dos escritos do Virgínio Briote, publicados no nosso blogue, sobre o Nuno Rubim (**):

(...) (xiv) Ponto da situação em Brá (***)

Os primeiros grupos, os 'Fantasmas', 'Camaleões' e 'Panteras', percorreram a Guiné de uma ponta a outra. Com o entusiasmo inicial, superaram tudo o que fossem dificuldades, empregaram-se a fundo, os resultados ultrapassaram as expectativas e eram vistos com muito apreço pelo Comandante Militar e pelo próprio Governador-Geral.

Olha vão ali os gajos dos Comandos, a maralha a olhar para eles. Sabe-se como é, ganharam fama e respeito pelo trabalho que fizeram e por aquilo que contaram também. As comissões individuais e as baixas em combate ou por doença, começaram a fazer estragos, os grupos ficaram mais pequenos, era necessário começar novo curso de quadros, aproveitar os resistentes e formar novos grupos.

O major Dinis fora entretanto promovido e regressou a Lisboa. Depois o capitão Rubim tomara conta do Centro e foi o que se sabe. Não por incompetência militar, operacionalmente até era bem competente. Talvez uma certa dificuldade ou falta de paciência no jogo diplomático dos corredores do QG. As questões prendiam-se com a logística e com o emprego operacional dos grupos.

Promessas e mais promessas. Resolveu bater com a porta, sem estrondo como era da sua maneira. Não se entenderam também uns com os outros, a história da Associação Comercial, os problemas disciplinares e os alferes também não ajudaram muito, a verdade tem que se dizer.

De baixa estatura, o corpo maciço escondia uma robustez física incomum. Espantava num tipo daqueles, o jeito que tinha para o desenho, para as pinturas, para tudo que metesse mãos. O tempo vago passava-o a montar modelos de peças de artilharia, carros de combate, aviões de sonho, militares e civis, navios de guerra, desde patrulhas a porta-aviões. Tudo pintado nas cores dos originais, os nomes e tudo. Na saída, deixou-lhe ficar um porta-aviões, as outras maravilhas levou-as todas.

Dois meses depois de ter tomado posse, o novo comandante de companhia estava a ver a história toda para trás, relatórios e actas nas mãos.

Analisara a organização, o quadro orgânico, os efectivos, o sistema de recrutamento, as instalações, a alimentação, a administração, fardamentos, cargas. O estado moral, físico e disciplinar do pessoal. Os oficiais, sargentos e praças, os materiais, a instrução durante e depois do curso, as operações em que intervieram, antes e depois da sua tomada de posse, a forma como os grupos estavam a ser utilizados, tudo a pente fino.

Apesar de ter poucos anos ainda como oficial, achava que, atendendo às circunstâncias próprias do povo português, o pessoal, entenda-se cabos e soldados, era quase sempre bom. Quando surgiam problemas, normalmente deviam-se à organização, frequentemente mal montada ou aos graduados, algumas vezes as duas coisas juntas. Neste caso dos Comandos da Guiné, os oficiais eram cruciais na organização, não se cansava de insistir.

Saía com eles para o mato, acompanhava-os na instrução, fazia-lhes ver a importância do papel deles na organização, moralizava-os, até os tempos livres aproveitava para os acompanhar.

Os alferes tinham colaborado e também neles sentiu a necessidade de falarem com ele. A agressividade incrível com que tinham sido formados e treinados, jovens de 20 e poucos! Como é possível que possam ter dois comportamentos tão distintos, no mato em contacto com o IN e umas horas depois com a PM (Polícia Militar) e a população civil na cidade?

E seria mesmo adequado que estivessem tão próximos de Bissau? Não seria mais sensato, e mais proveitoso até, que estivessem em Mansabá, em Nova Lamego, em Buba, ou num sítio desses? De quem fora a ideia, tê-los a meia dúzia de passos da cidade?

Em alguns casos, não tinha dúvidas, tinham sido mal orientados, deixados ao sabor da intuição de cada um, sem a mínima directiva. Até achava que o produto final era positivo e, se tivessem tido orientação, os problemas disciplinares que ocorreram não teriam existido.

Dos cinco alferes a que a companhia tinha direito, quatro comandantes de grupo e um adjunto, restavam-lhe agora dois, o sobrevivente dos chefes de grupo iniciais e o adjunto, o Caldeira, até então com mais experiência administrativa que operacional. E, pelo que tinha visto deles até agora, achava-os competentes, mereciam-lhe confiança, esperava que continuassem como até aqui na parte operacional, e se integrassem no seu estilo de comando. Contava com eles, eram as pedras base do edifício a reconstruir, dissera-lhes mais que uma vez.

No relatório inicial que fizera para o Comandante Militar, adiantara várias propostas, pensara até que com tantas dificuldades, de tanto lado, se calhar não seria má ideia extinguir os grupos. O Brigadeiro refutou com o argumento de que, apesar de todas as dificuldades, os grupos até então existentes eram os que mais contactos tinham tido com o IN e com mais material capturado até à data. Vira os resultados das tropas especiais que a 3.ª Repartição tinha preparado para o brigadeiro, comparou-os com os fuzos, os páras e com os anteriores grupos de comandos.

Contacto efectivo com o IN em mais de 80% das saídas para o mato. Ouvira o Brigadeiro dizer que não se podia esquecer que os Comandos, a maior parte das vezes, actuavam em áreas densas de IN, em grupos de 20 a 25 homens e às vezes menos, enquanto as outras forças não se metiam lá com efectivos inferiores a meia centena de homens.

Nem um por cento do efectivo total das NT na Guiné, quase 10% das baixas totais causadas ao IN. Extingui-los? Não, a saída deve ser outra, o Brigadeiro a decidir-se por outra solução, para aproveitar o pessoal que restava.

Concluíram a reunião assentando que deveria ser feito o recompletamento para manter o quadro orgânico, isolá-los em Brá, resolver a questão alimentar, ministrar o próximo curso e utilizar os grupos em operações específicas para Comandos e não para reforçar algumas guarnições em sector.

O capitão regressara encorajado, sentira o apoio que andava a reclamar. Depois mudou quase toda a organização administrativa, conseguiu mais praças para o recompletamento, arranjou cozinheiros, alimentação própria, obrigou-os a almoçar todos juntos, disciplinou as saídas, arranjou novas viaturas, melhorou as instalações, e conseguiu, o que não fora nada fácil, fazer aprovar as orientações e normas para o emprego dos grupos.

Agora, todo este tempo passado, achava que valera a pena, que tinha feito bom trabalho.
Os grupos melhoraram os resultados, os conflitos com a PM deixaram praticamente de ocorrer, nem um castigo fora necessário. (...)



Assinatura do Nuno J. V.  Rubim, cap art


(...) (xxvi) Uns continuaram nessas guerras, outros noutras 

(...) O capitão Rubim fez 4 comissões, num total de 9 anos em África. Nos anos de brasa envolveu-se ou foi envolvido pelos acontecimentos do 25 de Novembro, esteve preso em Custóias e em Caxias.

 Depois de ter passado à reserva dedicou-se àquilo que sempre o interessou, o estudo da história militar. Foi professor na Academia Militar, deu aulas a mestrandos nas Faculdades de Letras de Lisboa (Universidade Clássica) e Coimbra, montou vários projectos museológicos, como a Artilharia da Fragata D. Fernando, o Museu da Escola Prática de Artilharia, o Forte de Oitavos em Cascais, foi colaborador da Comissão Nacional dos Descobrimentos e do IPPAR num estudo que realizou sobre a Torre de Belém e tem feito palestras e conferências para alunos de Escolas Primárias, professores universitários, idosos iletrados. Tem vários trabalhos publicados, a maioria como separatas da Revista de Artilharia. E continua a investigar e a escrever enquanto para isso se sentir com forças. (...)

(***) Vd., poste de 24 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15149: Guiné, Ir e Voltar (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando) (XIV Parte): Fuzileiros, Páras e Felupes; O que se terá passado em Catió; Casamento com data marcada e Ponto da situação em Brá

(****) Vd. poste de 17 de dezembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15498: Guiné, Ir e Voltar (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando) (XXVI Parte): Uns continuaram nessas guerras, outros noutras - 2

sábado, 30 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25017: In Memoriam (490): Nuno Rubim (1938-2023): alguns dos seus livros publicados na área da História Militar: "A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa", (2014); "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580", (2013); "A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado: desde D. João II até 1640", (2011)


1 - A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Nuno José Varela Rubim, 2014. - 158, [1] p. : il. ; 30



2 - A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Comissão Portuguesa de História Militar, 2012-. - v. : il. ; 24 cm. - O 2º v. foi editado pelo Falcata - Editores, Unipessoal. - Contém bibliografia. - 1º v.: Geografia e viagens. - 306 p. 2º v.: Navios e embarcações. - 2013. - 210 p. - ISBN 978-989-95946-8-5



3 - A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado : desde D. João II até 1640 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Prefácio, D.L. 2011. - 130, [2] p. : il. ; 28 cm. - Bibliografia, p. 7-8. - ISBN 978-989-652-070-0



Lisboa, Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP / NOVA)  > 6 de Setembro de 2007 > Da esquerda para a direita, Nuno Rubim (1938-2023), Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2012) e Luís Graça (n. 1947).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. O nosso tabanqueiro Nuno Rubim (1938-2023) (*) era um conceitado especialista em História Militar, e em particular em História da Artilharia. Entre 2011 e 2014 publicou diversos livros e separatas de revistas sobre história militar. 


Em 2014, o nosso camarada, Nuno José Varela Rubim, de seu nome completo, ofereceu à nossa Tabanca Grande 26 exemplares do seu último livro "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580: vol. 2: Navios e Embarcações" (Lisboa: Falcata Editortes, 2013, 210 pp, ilustrado).

Foram praticamente contemplados, na altura, todos os grã-tabanqueiros que manifestaram interesse, entre 23 e 31 de maio dce 2024 (**), em obter um exemplar autografado do livro. 

Trata-se de uma obra original, de grande erudição, profusamente ilustrada (135 figuras e desenhos, a grande maioria a cores) que nos honra a todos nós, e que vem enriquecer a nossa historiografia militar. 

(**) Vd. poste de 17 dce junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13299: E as nossas palmas vão para... (8): Nuno [José Varela] Rubim, autor de vasta obra sobre a nossa história militar, com destaque para "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580"

Guiné 61/74 - P25016: In Memoriam (489): Morreu, no passado dia 25, o nosso "capitão fula", o cor art ref Nuno Rubim (1938-2023): fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424, e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG, Cheret, 1972/74)


Nuno Rubim, cor art ref (1938-2023)


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > O Cor Art Ref Nuno Rubim, entre o Cor Cav Ref Carlos Matos Gomes e o Gringo de Guileje, o ex-Fur Mil Zé Carioca, da CCAÇ 3477 (Guileje, Nov 1971/Dez 1972), explicando pormenores da sua obra-prima que foi o diorama de Guileje, que ele ofereceu depois ao Núcleo Museológico de Guileje.

O Nuno Rubim era um profundo conhecedor de Guileje. Recorde-se que ele comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) e a CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966). Foi reconhecido e acarinhado pela população de Guileje,  ainda em 2008,  como o  "capitão Fula"
 
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O Cor Art na situação de reforma Nuno Rubim, participante do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), junto à campa do o Soldado António Gonçalves dos Santos, caído em combate em 4 de Março de 1966, muito perto do cruzamento do corredor de Guileje. Pertencia a um das companhias, a CCAÇ 1424, que o nosso querido amigo Nuno comandou, em Guileje.

Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recebemos ontem, às 9:29, a noticia da morte do amigo e camarada Nuno Rubim, através de email do cor art ref Morais da Silva:

(...) "É com pesar que noticio o falecimento, no passado dia 25 de Dezembro, do meu camarada Cor Art Nuno José Varela Rubim. Que reste em Paz.

Abraço com o desejo de muita saúde em 2024.
Morais Silva".



Só esta manhã, em Candoz, tive conhecimento desta infausta notícia. Fiquei muito triste. Para além de um ativo colaborador do blogue, nos anos de 2006 e 2007, o Nuno Rubim era uma pessoa que eu muito estima e com quem cheguei a privar (na sua casa, no Seixal, fui lá uma bez com o Vrigínio Briote) e em março de 2007 na Guiné, no âmbito do Simpósio Internacional de  Guileje.

O meu primeiro abraço solidário na dor vai para a Júlia, a viúva, natural da Guiné, que eu e a Alice conhecemos na sua terra  e com quem fizemos uma viagem memorável de Bissau a Guileje e regresso. Para a Júlia e restante família ficam aqui também as condolências dos amigos e camaradas da Guiné que se reunem sob o sagrado e fraterno poilão da Tabanca Grande.

Com tempo e vagar (estou fora de casa com Net limitada), farei dentro de dias  um poste homenagem póstuma ao homem, ao militar e ao especialista em história militar que foi o nosso Nuno Rubim. Para já ficam aqui alguns breves ap0ntamentos sobre o seu "curriculum vitae", com particular referência à sua ligação à Guiné e ao nosso blogue.

Era  conhecido, no CTIG,  como "capitão fula" pela população de Mejo e de Guileje, cognome que o honrava muito.

Foi um histórico do nosso blogue. Entrou para Tabanca Grande em 10 de junho de 2006. Tem cerca de uma centena de referências.

Eis um excerto da sua apresentação aos amigos e camaradas da Guiné (que na altura ainda não ultrapssavam os cento e poucos):

(...) Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.

O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.

Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento? (...)

E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...

(...) Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma! Por pouco era a título póstumo !!!...

(...) Finalmente quanto à Tertúlia, pois terei muito prazer em dela fazer parte." (...)


Como ele acima disse, fez duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major ("trabalhei no departamento 'mais secreto', a Cheret , onde desempenhei, como criptólogo AED - Aptidão Especial para Descriptamento, as funções de chefe da Secção de Análise e Controlo. Descriptamos todos (!) sistemas de decifrar dos países vizinhos");

Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966).

Trabalhador incansável, reputado especialista em história da artilharia (com uma extensa lista de obras publicadas), é também um bom amigo e um grande camarada, a quem pedimos, por diversas vezes, informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné.
____________

Nota do editor:

Último poste da série >  10 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24937: In Memoriam (488): Zélia Neno (1953-2023), que foi casada com o Xico Allen (1950-2022) e mãe da Inês Allen... Velório a partir das 11h00 de hoje na Igreja de São Martinho de Lordelo do Ouro (Porto) e funeral amanhã às 14h30

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25001: Efemérides (423): Foi há dois anos, em 28/12/2021, que o "alfero Cabnal" deixou o "palco da vida"... Foi ele quem disse, respondendo a uma pergunta do puto Sitafá, que o "Natal só existe quando mora no mais fundo de nós"...






Quatro fotogramas do vídeo do Jorge Cabral (Lisboa, 1944 -  Cascais, 2021), de apresentação do vol I de livro de contos,  "Estórias Cabralianas", em Lisboa, no Jardim Constantino, em 29 de outubro de 2021.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. No próximo dia 28, quarta feira, vai fazer dois anos que o nosso "alfero Cabral" deixou o palco da vida. A sua morte foi chorada por alguns dos seus camaradas e amigos e sobretudo por muitas das suas amigas, suas antigas alunas, a maior parte hoje profissionais de serviço social nas mais diversas instituições e organizações.

 Estava eu há dias no IPO de Lisboa â espera de uma consulta de hematologia, e lembrei-me dele. Deu-me uma enorme saudade do "alfero Cabral". Um cancro do pulmão matou-o cedo de mais, aos 77 anos. Para quem amava a vida, o palco da vida, a grande comédia da vida, deixou-nos, no blogue e em livro, alguns das suas deliciosas  "short-stories", que durante anos nos fizeram rir, chorar de rir, recordar, sonhar e... pensar.  Ele era mestre na arte do pícaro, do burlesco, do brejeiro, do humor de caserna.. sem deixar de ser uma pessoa de grande sensibilidade e humanidade.

Não me canso de revisitar as "estórias cabrlianas" (temos cerca de uma centena publicadas no blogue). Pena é que um prometido e anunciado segundo volume nunca tenha chegado a sair. (Tudo se precipitou com a sua morte e a doença do seu editor.)

Temos, isso, sim,  um vídeo, espantoso, com a apresentação, feita pelo autor em pessoa, do primeiro volume das "Estórias Cabralianas",  no Jardim Constantino. em 29 de outubro de 2020, ainda em plena pandemia... 

O vídeo continua, felizmente, disponível na sua página do Facebook (Jorge Almeia Cabral). 
Com a duração de 17' 27'' teve até à data cerca de 600 "gostos", 280 comentários e 8,7 mil visalizações: clicar aqui  na página do Facebook do Jorge Cabral(O vídeo começa com um excerto da canção "Pedaço de Céu"... Com a devida vénia à grande artista que é a Mafalda Veiga).

Durante a pandemia (e agravamento da sua doença),  eu falava com ele, ao telefone, de vez em quando, e a última vez a escassas semanas antes de morrer, ao findar do ano de 2021. 

 Era um homem tímido, que se refugiava na ironia fina, no humor picaresco, e até no "non-sense"...  Nunca usava o palavrão, a graça nele era  utilização do segundo sentido, da linguagem figurada... 

Nesta quadra natalícia, e na véspera do 2º aniversário da sua morte, recordo aqui, com muita saudade a sua figura, e republico  um dos seus micro-contos,

Recorde- se que, na Guiné, ele foi alf mil at art, cmdt do Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71),

Dele escrevi, no dia em que morreu (*):

(...) "De resto, ele nunca escondeu que tinha um 'grãozinho de loucura',  coisa que fazia parte dos genes dos ilustres Cabrais, mas sempre modesto, definia-se como simples 'escrivinhador'...  Pessoalmente, considerei-o como um dos melhores escritores do 'teatro do absurdo da guerra' que nos calhou em sorte. Ninguém poderá falar do nosso quotidiano, nos quartéis do mato, na Guiné, de 1961 a 1974, sem evocar a figura do 'alfero Cabral'.

"Mais do que ninguém ele soube dar-nos (ou devolver-nos) o seu/nosso lado mais solar, alegre, romântico, maroto, brejeiro, provocador, irreverente, desconcertante, descomplexado, histriónico, humorístico, burlesco, pícaresco, saudavelmente louco, da nossa geração,  o lado próprio próprio dos verdes anos (contrabalançando o outro lado mais negro da nossa história de vida,  quando os gerontocratas da Pátria nos mandaram para a guerra: afinal, são jovens que matam e morrem nas guerras)... 

"Enfim, para o 'alfero Cabral' a guerra não foi só 'sangue, suor e lágrimas«  (Curiosamente, poucos sabem que ele tinha passado, se bem que efemeramente,  também pelo Colégio Militar, foi uma das "ratas" de 1955...).

"Mestre do microconto, da 'short story', senhor de uma ironia fina, foi responsável por alguns dos melhores postes que aqui fomos publicando, entre 2006 e 2016. E, como eu já lembrei, é pena que os os 'periquitos' da Tabanca Grande, os que entraram mais recentemente,  não o conhecessem. De facto,  de há meia dúzia de anos a esta parte, tinham vindo tinho a  rarear as "estórias cabralianas",  série que chegou quase à centena de postes."!  (...)

Nesta quadra natalícia, e na véspera do 2º aniversário da sua morten (**), recordo aqui, com muita saudade a sua figura, e republico  um dos seus maravilhosos micro-contos.  
 
Estórias cabralianas > Onde mora o Natal? 

por Jorge Cabral



Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada, os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais.

Dizia um:
– Na minha terra…

E acrescentava outro:
– A minha Mãe fazia…

E a mesa por encanto encheu-se. Rabanadas, filhós, arroz doce, aletria... Juro que vi e até saboreei.

Eis quando o Sitafá interrogou:
– Onde mora o Natal?

Ninguém lhe respondeu... mas eu ainda vou a tempo:
– Está cá dentro, se calhar é um neurónio. E sabes, Sitafá, neurónios, já perdi muitos, mas não quero perder este. Porque Natal, Natal, só existe quando mora no mais fundo de nós.

Jorge Cabral
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste 28 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22852: In Memoriam (421): Jorge Pedro de Almeida Cabral (Lisboa, 1944- Cascais, 2021), ex-al mil at art, cmd Pel Caç Nat 63 (Fá e Missirá, 1969/71), advogado, professor de direito penal no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, nosso colaborador permanente e autor da impagável série "Estórias cabralianas" (de que se publicaram cerca de uma centena de postes)

(**) Último post da série > 17 de dezembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24966: Efemérides (422): A minha despedida da Guiné faz hoje, dia 15 de Dezembro, cinquenta anos (Ramiro Jesus, ex-Fur Mil Comando)