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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19072: In Memoriam (328): Homenagem da Tabanca de Matosinhos ao João Rebola (1945-2018)... O toque de silêncio e o poema com que nos despedimos dos heróis (José Teixeira)


João Rebola (1945-2018). Foto: Tabanca de Matosinhos


1. Mensagem do dia 4 de Outubro de 2018, do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):

Assunto - A Homenagem da Tabanca de Matosinhos ao João Rebola

O João Rebola era um cativador de amigos. À volta dele vivia-se a amizade, a alegria e a boa disposição. Aquele homem nunca deixou transparecer desanimo ou tristezas, mesmo quando já minado pela doença, nos recebia em sua casa.

Agora que partiu ao encontro do Criador, sentimo-nos mais pobres.

Na despedida final foi bem patente a amizade que o unia a muitos camaradas da Guiné que se cruzaram com ele nos últimos anos da sua vida. Uma presença massiva de gente que palmilhou as picadas da Guiné, vinda de norte e sul do país, que lhe quis prestar a ultima homenagem com a presença nas cerimónias fúnebres.

Em devido tempo, o Eduardo Moutinho Santos, Presidente da Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné- Bissau, transmitiu aos presentes, em nome da Tabanca Pequena e da tertúlia da Tabanca de Matosinhos, as seguintes palavras:


UMA DESPEDIDA ...

Caro João Rebola

Com a permissão da Elsa e dos teus filhos Maria João e Miguel, em meu nome pessoal e dos teus amigos e camaradas da Tabanca de Matosinhos aqui presentes, e também de todos aqueles que, por vários motivos, aqui não podem estar neste nosso último encontro, queria recordar-te - pelo resto dos dias que ainda por aqui andarei - com algumas palavras para expressar-te a gratidão que sinto por teres permitido há uma dezena de anos que, por nos termos encontrado e conhecido na Tabanca de Matosinhos, eu fizesse parte do teu círculo de amigos e camaradas. E acredita que, de facto, sinto de todo o meu coração que fomos amigos e camaradas com a magnitude que estas palavras encerram.

- Apesar de ter sido bancário durante mais de 23 anos, e ter andado muitos anos pelo Sindicato desempenhando várias funções e cargos sindicais, nunca – se a memória me não atraiçoa – ali nos encontrámos. Felizmente que eu não era grande “cliente” dos SAMS.

- E apesar de a nossa permanência na Guerra ter coincidido no tempo, e os nossos aquartelamentos na Guiné - Có e Jolmete - apenas distarem uns 15 kms entre si, as condições do terreno e a guerra não permitiram que tivéssemos oportunidade para qualquer encontro.

Assim, foi a necessidade de conviver e partilhar experiências nos convívios da Tabanca de Matosinhos, para fazermos a catarse do stress da guerra, que levou a conhecermo-nos e a unir os nossos esforços e os de muitos camaradas de armas, seu familiares e amigos, na missão que atribuímos à nossa ONGD, a Tabanca Pequena-Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, de proporcionar ajuda às populações daquele martirizado país irmão.

E, caro João, nessa missão foste o melhor de todos nós, o mais entusiasta e o mais empenhado, ou seja, o primeiro.

Obrigado João por teres aceitado o meu desafio para participares na Direção da ONGD como tesoureiro, e me teres mostrado que é sempre possível, com muito pouco, dar sentido àquela máxima da Madre Teresa de Calcutá que tinhas como lema de vida: “Não devemos permitir que aquele que vem ter connosco saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.”

João, continua, onde quer que estejas, a abençoar a Elsa, a tua para sempre companheira, amiga e amante, e os teus filhos Maria João e o Miguel que te terão para sempre no coração.

Perdoem-me, mas faltam, ainda, uma palavras de todos nós, teus camaradas de armas. A guerra, por que passamos na nossa juventude, matou-nos a todos um poucochinho que fosse. Por isso, devemos considerar-nos merecedores da homenagem que se presta aos que caem em combatem. Aqui fica essa homenagem e deixo-te com o toque de silêncio e o poema com que nos despedimos dos heróis:


Toque do SILÊNCIO ... (música de fundo).

O dia terminou, e o sol escondeu-se
sobre os lagos, nas colinas e no horizonte.
Mas tudo está bem,
a luz ténue obscurece a visão,
e uma estrela embelezando o céu
e brilhando luminosa,
aproxima-se ao longe.

Cai a noite.
Graças e louvores pelos dias vividos
debaixo do sol,
debaixo da chuva,
debaixo das estrelas e
debaixo do céu.

E enquanto percorremos o nosso caminho
- disso temos a certeza –
Deus está próximo.

Descansa em paz!!! JOÃO

02/10/2018

Eduardo Moutinho Santos

[Publicado também na página do Facebook da Tabanca de Matosinhos]
______________

Nota do editor:

Último poste da série >  2 de outubro de  2018 > Guiné 61/74 - P19064: In Memoriam (327): António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018): até sempre, camarada ! (António Duarte, Jorge Araújo, Luís Graça)

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19063: In Memoriam (326): João Rebola (1945-2018)... Homenagem dos amigos e camaradas. Fotos de Manuel Resende... O funeral é hoje, às 15h00, na igreja da Senhora da Hora, Matosinhos.


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Foto nº 5


Foto nº 6

Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >


1. Imagens do João Rebolo (1945-2018) (*), porta-estandarte da Tabanca Pequena de Matosinhos,  tendo ao lado o Manuel Carvalho (fotos nºs 1 e 2) ed o Xico Allen (Foto nº 2); petiscando com os manos Varrasquinha, Diamantino e Manuel, de Ervidel, Aljustrel (foto nº 3); sentado à mesa, entre o J. Casimiro Carvalho à sua direita e o António Barbosa (Gondomar), à esquerda (foto nº 4); tocando e cantando com a malta da Tabanca de Matosinhos (fotos nºs 5 e 6).

Fotos: © Manue Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Seleção de mensagens de condolências emviadas por alguns dos seus amigos e camaradas, e recolhidas da Net (páginas do Facebook, Blogue...)

(i) Conselho de Administração da ONGD Tabanca Pequena:

(...) A sua forma de ser, estar e agir na vida, na sua simplicidade, foi um manancial de vivências que marcou todos quantos com ele se cruzaram na sua caminhada neste mundo. (...)

(ii) Carlos Vinhal, coeditor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné:

(...) Em SMS de ontem, manhã cedo, o nosso camarada José Teixeira deu-nos notícia do falecimento do João Rebola que há muito se encontrava doente. Lutou quanto pôde com a doença que o vitimou até da lei da morte se libertar. Ainda no passado dia 14 de Setembro, em resposta a um SMS que lhe mandei, dizia-me: "Bem não estou, gostaria... mas estou vivo". (...)

(iii) Tabanca Grande Luís Graça:

(...) É mais um duro golpe para os amigos e camaradas da Guiné, em especial da Tabanca de Matosinhos e da Tabanca Grande. Estão as nossas tabancas mais pobres e a fazer o luto pela perda de mais um bom amigo e camarada da Guiné!... 

Sabíamos da doença que o minava, mas mesmo assim arranjava forças para consolar e encorajar os que ainda estavam pior do que ele... Foi o caso do Joaquim Peixoto, que ele foi visitar ao hospital, pouco semanas antes de morrer... Que nobreza de carácter, que lição para todos nós!


Para a família enlutada vai o meu abraço solidário, em meu nome pessoal e dos membros da Tabanca Grande. Luís Graça (...)

(iv) Hélder Sousa:

(...) O João Rebola foi daqueles amigos "ganhos" aqui,  através do Blogue,  e com o qual foi muito fácil ganhar empatia, respeito e consideração.

Contactei algumas vezes com ele por força da regularização das quotas da Tabanca de Matosinhos e, mesmo este ano, quando a doença já mais o incomodava, não deixámos de conversar. É com tristeza que tomei conhecimento desta "partida". (...)


(v) J. Casimiro Carvalho:

(...) Fui ao velório "despedir-me" do João Rebola. Encontrei outros combatentes na mesma triste Missão. Um camarada que merece uma referência, pelo seu espírito bonacheirão, amigo e sempre bom camarada. Sempre com um sorriso rasgado para nós. e são esses que me custa ver "partir"
Adeus camarada da Guiné. (...)

(vi) Francisco Baptista:

(...) O João Rebola foi um bom homem e um camarada excelente, membro muito diligente dos Corpos Sociais da Tabanca de Matosinhos. Sem nunca procurar qualquer notoriedade, discreto e sem fazer alarde, foi sempre muito dedicado aos camaradas e aos pobres e abandonados da Guiné, o grande objectivo social da Tabanca.


Nos almoços em que estava presente, procurou sempre dar a todos e a cada um alguma visibilidade nas muitas fotografias que tirou. Afincadamente procurava cobrar as quotas dos que se esqueciam ou dos que deixavam de estar presentes nos almoços. Há cerca de meio ano encontrei-o e falou-me das minhas quotas em atraso, penso que duas. Eu prometi-lhe que quando ele voltasse eu iria também e pagaria tudo o que era devido. Infelizmente ele não pôde voltar mas eu irei à Tabanca de Matosinhos brevemente almoçar e pagar as minhas quotas em atraso.

João, irei lá pagar-te porque tu para mim continuarás vivo até ao meu fim e não posso faltar à palavra a um amigo. Até sempre camarada!

À esposa do João Rebola, senhora simpática que conheço bem e a toda a restante família dele envio os meus sentidos pêsames Envio os meus sentidos pêsames também a todos os amigos e camaradas da Tabanca de Matosinhos e doutros lugares. (...)

(vii) Valdemar Queiroz:

(...) Que chatice já começarmos a morrer. Que chatice, não merecíamos. Pelo menos que o tempo passado na Guiné conte mais uns anos no tempo da nossa vida. Não merecíamos morrer tão cedo.
Não merecíamos. (...)

(viii) Armando Pires:

(...) João Rebola morreu. E eu tenho um imenso aperto no peito. Em sua memória, das minhas crónicas no blog Luís Graça & Camaradas da Guiné:

Bissorã, 1969 (**)

(...) "Saímos da casa, e quando íamos a atravessar a rua quase fui abalroado por um gajo que, numa motorizada em grande velocidade, fez duas “chicuelinas” para me evitar, seguindo em frente sem dizer água vai nem água vem.
 – Que é isto, ó Filipe?

Com um largo sorriso informa-me, “é pá, é o maluco do Rebola, furriel da 2444”.
Apresentado assim pelo Filipe, o espanto passou-me e pensei para com os meus botões:
– Queres ver que já estou com a minha gente?

(...) Passei à porta do bar dos sargentos da 2444 e do seu interior saiam uns acordes de viola, que por acaso até me soarem bem ao ouvido.
– Pode-se entrar, camaradas?

Apresentámo-nos, sai um Johnnie Walker com duas pedras de gelo a selar o momento, e dei comigo a pensar que o gajo da viola era o mesmo que, no dia da minha chegada, me ia “atropelando” com a mota.
– Ouve lá, pá, tu não és o João Rebola?

Contei-lhe que tinha sido o Filipe (...) Gargalhada geral, venha de lá esse abraço, “ hei de vir aqui mais vezes – disse eu – que talvez ainda façamos umas fadestices".

Mais tarde (…) saí para jantar e tropecei de novo no João Rebola.
– Queres boleia, pá?

(…) E convidou-me a fazer “a viagem” na sua motorizada.
– Tens medo de andar nisto, pá?
– Só não sei andar, mas medo de andar não tenho.
– Ó pá, mas se quiseres aprender eu ensino-te já. Isto é o mesmo que andar de bicicleta.

E foi assim que o João Rebola, antes de ser meu viola privativo, se transformou no meu instrutor de motorizada.

(...) Chamado à sua presença, o capitão Barros abriu a conversa.
– Ó furriel Pires, o nosso comandante pretende estreitar os laços de amizade e de cooperação entre as nossas tropas e a comunidade civil de Bissorã, e propôs-me que realizássemos no nosso bar de sargentos, que tem espaço e excelentes condições, uns serões sociais (…) e eu pensei fazermos umas sessões de bingo aos sábados à noite (…) o nosso comandante até me disse constar entre os nossos oficiais que o senhor canta muito bem o fado…

"Olha para onde vens tu, ó Barros!" - pensei eu - e atalhei aquela espécie de música para encantar meninos fazendo-lhe uma declaração definitiva.
– Pois é, meu capitão, mas fará o favor de dizer ao nosso comandante que comigo não há fados à capela.

O senhor capitão pôs um ar surpreendido, (…) “o que é que o nosso furriel quer dizer com isso?”.
– Meu capitão, quero dizer que, sem acompanhamento, sem guitarra e sem viola, eu não canto.
O recado foi levado ao senhor comandante, foi-lhe transmitido na messe de oficiais, e ali mesmo o alferes miliciano Marcão, comandante do 2º grupo de combate da 2444, anunciou que tinha no seu grupo um furriel que tocava muito bem viola. O furriel de que o Marcão falava era o João Rebola.

Encurtando parágrafos à história, as sessões de bingo foram por diante, o João Rebola trouxe consigo outro exímio violista, o soldado Vilas Boas, e depois de várias horas de necessários ensaios lá fizemos a nossa apresentação pública.

Todos os sábados à noite, o bar de sargentos da CCS enchia de tropa e civis para as sessões de bingo, e, modéstia à parte, rebentava pelas costuras quando chegava a hora do fado.”

O João Rebola, à minha direita na foto, não voltou a tocar para mim nem eu tornei a cantar com ele.
Perene, foi a amizade que nos uniu, a memória que dele me fica. (...)



Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 > Messe de sargentos > Numa das sessões de fados aos sábados: da esquerda para a direita, João Rebola, viola,  Armando Pires, voz, e Vilas Boas, viola...
"Sou o João Manuel Pereira Rebola, ex-furriel mil que cumpriu,  desde 15/11/68 a 20/08/70, a sua comissão na Guiné. Mas foi em Bissorã que conheci o furriel enfermeiro "ribatejano e fadista", Armando Pires,  e que ao fim de 40 anos nos reencontrámos!!! (...) O Armando, durante o tempo em que a minha companhia, a CCaç 2444, 'Os Coriscos', permaneceu em Bissorã, todos aos sábados, na messe dos sargentos do BCAÇ 2861, cantava fados como ninguém e tinha como acompanhantes o Vilas Boas e eu, que me encontro à sua direita, na foto, que confirma o epíteto de furriel fadista. Aqui está a prova real!" (Excerto do poste P10821). (**)

Foto (e legenda): © João Rebola (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradasda Guiné]



Lisboa > Arquivo Geral do Exército, no antigo Convento de Chelas (, sito no largo de Chelas, em Chelas, Freguesia de Marvila, Concelho de Lisboa) > 22 de fevereiro de 2013 > O reencontro de 2 velhos amigos, camaradas de armas e companheiros de fadistagem em Bissorã... O João que reconheu o Armando... 43 anos depois: à direita, Armando Pires (Miraflores, Carnaxide, Oeiras) e João Rebola, à esquerda  (Senhora da Hora, Matosinhos)... E tudo graças ao nosso blogue... É caso para dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!"...

Foto: © Armando Pires (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
    (ii) Vivia no Porto (, mas eu tenho  a ideia que era oriundo do Sul);
    (iii) Andou na escola Colégio Portuense (, turma de 1967); 
    (iv) Estudou em Faculdade de Letras da Universidade do Porto (, turma de 1985);
    (v) Era reformado nos SBN-SAMS; e, anteriormente,  trabalhara no Sindicato Bancários do Norte;
    (vii) Era o tesoureiro da ONGD Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau e um dos "régulos" da Tabanca de Matosinhos;
    (viii) Entrou para a Tabanca Grande em 18/12/2012, sendo o seu "padrinho" o Armando Pires (***); tem mais de 20 referências no nosso blogue;

(ix) Tocava viola, bandolim e cavaquinho; era casado, e pai de duas filhas e, muito provavelmente, avô;

(x) Não chegou a completar os 73 anos; despediu-se cedo demais da "terra da alegria"; era amigo do seu amigo e camarada do seu camarada. (LG)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19061: In Memoriam (325): João Manuel Rebola (1945-2018), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2444 (1968/70). Estará em Câmara Ardente na Capela da Senhora da Hora (Matosinhos) e o seu funeral será amanhã pelas 15 horas

IN MEMORIAM





JOÃO MANUEL REBOLA  (1945-2018)
Ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2444, 
Cacheu, Bissorã e Binar, 1968/70

********************

Notas do editor:

1 - Em SMS de hoje, manhã cedo, o nosso camarada José Teixeira deu-nos notícia do falecimento do João Rebola que há muito se encontrava doente.

Lutou quanto pôde com a doença que o vitimou até da lei da morte se libertar.

Ainda no  passado dia 14 de Setembro, em resposta a um SMS que lhe mandei, dizia-me: "Bem não estou (gostaria) mas estou vivo".

À família da João endereçamos as nossas mais sentidas condolências e a nossa solidariedade nesta hora difícil. 

********************

2 - Da Tabanca Pequena de Matosinhos, de que João Rebola era um dos dirigentes, recebemos a notícia que a seguir reproduzimos:

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19060: In Memoriam (324): António Manuel Sucena Rodrigues (1950-2018), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (1972/74)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17880: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (10): 8.º e 9.º Dias: Bissau e Regresso a Portugal (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Continuação da publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

AS DESLOCAÇÕES PELO INTERIOR DA GUINÉ-BISSAU (10)

8º DIA: DIA 06 DE ABRIL 2017 – CIDADE DE BISSAU 

Depois de um sarau agradável com o grupo das médicas e enfermeira italianas que tínhamos conhecido na Praia Varela e que connosco vieram jantar e conviver no restaurante do Aparthotel Machado, descansámos a que seria a última noite que passaríamos na Guiné-Bissau, já que cerca da meia-noite do dia seguinte, teríamos o embarque que, de regresso, nos traria de volta ao rincão lusitano.

Bem dormidos e com o pequeno-almoço tomado, eis-nos de jeep em direcção ao centro da cidade de Bissau, onde havíamos decidido passar o último dia em terras guineenses.
Conforme havido sido já de véspera preparado, através do nosso colega João Rebola e com a preciosa colaboração dum nosso comum amigo médico da Guiné-Bissau, tivemos pelas onze horas da manhã, um encontro informal com o Senhor Presidente da República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário Vaz, que amavelmente acedeu em receber-nos, o que para nós foi uma honra.

Esse médico, de nome João Maria Goudiaby, presta serviço no Hospital Padre Américo, em Penafiel, e é já nosso bem conhecido, pois, sempre que pode, aparece nos almoços/convívios semanais que os antigos militares que combateram na Guiné, entre os anos de 1963 e 1974, realizam todas as quartas-feiras, no Restaurante Milho Rei, em Matosinhos, sendo, nada mais, nada menos, que cunhado do actual Presidente da República da Guiné-Bissau.

O Senhor Presidente teve o gesto amável de nos receber no seu gabinete da Presidência da República na manhã deste dia e que, sabendo, naturalmente pelo cunhado, daquilo que se estava a passar com o contentor, nos prometeu ultrapassar com a maior brevidade possível a desagradável e pouco clara situação do contentor cativo, porque, no mínimo e para o levantarmos era preciso pagar cerca de 2.500,00 € de taxas de armazenagem!!!

Permitam-me salientar que este grupo de antigos colegas militares, unidos por fortes sentimentos ao povo da Guiné-Bissau, com quem conviveram, constituíram, há já alguns anos a “Tabanca Pequena – Tertúlia de Matosinhos”, de onde nasceu a criação de uma ONG que tem apoiado a população guineense, com material diverso, mas maioritariamente direccionado para as áreas da saúde e da educação, sem descurar outras, onde se descubram maiores carências.


Foto 116 - Bissau: Foto obtida no hall de entrada do Palácio Presidencial, na companhia de Sua Ex.ª o Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário Vaz, que teve a gentileza de nos receber. Na imagem os colegas: Rodrigo, Cancela, Isidro, Monteiro, Moutinho, Azevedo, Angelino, Barbosa, Vitorino, Leite Rodrigues e Rebola. Foi pena a claridade do local, pois não permitiu que os colegas da parte esquerda da foto ficassem muito visíveis

Foto: Com a devida vénia a CONOSABA.BLOGSPOT.PT


Foto 117 - Bissau: Rua lateral poente ao Palácio da Presidência da República, vendo-se em toda a sua extensão o gradeamento de segurança do espaço presidencial 


Foto 118 - Bissau: Depois do encontro com o Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau, os elementos do nosso grupo dirigem-se para junto da Confeitaria Império, onde os nossos jeeps nos esperavam


Foto 119 - Bissau: Os colegas Monteiro, Vitorino, Ferreira e Moutinho, nas instalações da Delegação da TAP Air Portugal, a confirmarem o voo de regresso a Portugal 


Foto 120 - Bissau: Foto da muralha exterior da Fortaleza de S. José da Amura 


Foto 121 - Bissau: Outra foto obtida do exterior da muralha da Fortaleza de S. José da Amura, onde se vêm algumas construções no seu interior, mas que não nos autorizaram a visitar… talvez porque “receassem” que “violássemos” o mausoléu de Amílcar Cabral, que parece lá existir?! Algo inacreditável… 


Foto 122 - Bissau: Visita de cortesia que o colega Vitorino fez à família de um amigo e que eu e o Ferreira acompanhamos 


Foto 123 - Bissau: Almoço do grupo no último dia, no Restaurante Coimbra, localizado ao lado da Catedral 


Foto 124 - Bissau: Sé Catedral, localizada na avenida que do Palácio do Presidente da República nos leva ao Rio Geba 


Foto 125 - Bissau: Um dos talhões do Cemitério da cidade, em cujas campas ficaram sepultados muitos militares portugueses que faleceram na Guiné. Fomos lá prestar-lhes uma sentida homenagem


Foto 126 - Bissau: Um último convívio na sala do restaurante do Aparthotel Machado, antes de nos dirigirmos para o aeroporto, a fim de regressarmos a Portugal


Foto 127 - Bissau: Os colegas Monteiro, Isidro, Vitorino, Barbosa, Rebola e Cancela, já de malas preparadas para deixarmos o Aparthotel Machado e nos dirigirmos ao Aeroporto de Bissau, para o nosso regresso a Portugal


Foto 128 - Bissau: A D. Teresa, esposa do senhor Manuel Machado e a Adelaide, filhita de ambos, ao despedirem-se de nós, quando arrancámos em direcção ao Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, para o nosso regresso 


Foto 129 - Bissau: Uma das últimas fotos de convívio no Restaurante do Aparthotel Machado, de quase todos os colegas que visitaram a Guiné (faltam aqui o Ferreira e o Angelino), acompanhados do guineense Djalló


Foto 130 - Bissau: Já no interior do Aeroporto, e aguardando o embarque, cá estão, o Ferreira, o Vitorino, o Leite Rodrigues, o Rebola, o Isidro, o Azevedo, o Monteiro e o Cancela, numa imagem final 

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9.º DIA - DIA 07 DE ABRIL 2007: O NOSSO REGRESSO A PORTUGAL

Com partida marcada para as 23,55 horas do dia 06 de Abril, e já com as malas preparadas para o regresso ao Continente Europeu, fizemos a última refeição no restaurante do Aparthotel Machado. Cerca das 22,00 horas, e feitas as despedidas do simpático Casal Teresa e Manuel Machado e da sua filhita Adelaide, bem como das 3 empregadas que com eles trabalhavam no Aparthotel, os 10 colegas, Ferreira, Vitorino, Leite Rodrigues, Rebola, Isidro, Azevedo, Monteiro, Cancela, Barbosa e Angelino, que deixavam a Guiné-Bissau, dirigiram-se para os jeeps que aguardava à porta do Aparthotel para os conduzir ao Aeroporto de Bissau, ali bem próximo.

Como curiosidade o facto de, dos 13 colegas que embarcaram comigo para a Guiné-Bissau no dia 30 de Março, ficaram lá mais uma semana o Moutinho, o Rodrigo e o Samouco, aos quais se juntaram outros 9 colegas que viajaram no mesmo avião da “Star Alliance”, que nos trouxe de regresso.

Com um “Adeus Guiné”, viemos talvez “mais ricos”, não só porque cumprimos com êxito a missão a que nos tínhamos proposto levar a efeito, mas sobretudo, porque tudo correu dentro do previsto e em segurança total para todos nós.

A viagem teve a duração de cerca de 4 horas e 15 minutos, feita sempre durante a noite, mas deu perfeitamente para dormir uns bons bocados, pois dos 162 lugares que o avião comportava, três de cada lado do corredor, cerca de 20 vinham vazios na parte traseira do avião, o que permitiu a algumas pessoas poderem “passar pelas brasas”, largos minutos.

Tal como na ida, também feita, grande parte durante a noite, foi-nos servida, cerca das 2 horas da madrugada, uma ligeira refeição.

Após uma viagem perfeitamente calma, aterrámos no Aeroporto de Lisboa, cerca das 5 horas e 15 minutos da madrugada, tomámos pelas 7 horas o pequeno-almoço, após o que nos dirigimos para a sala de embarque, ficando a aguardar a ligação para o Porto, o que aconteceria só cerca das 8 horas e quarenta minutos da manhã, tendo o avião com cerca de 70 lugares, feito uma calma viagem, acabando por aterrar no Aeroporto de Pedras Rubras cerca de 1 hora depois, tendo sobrevoando quase sempre a costa ocidental portuguesa, a baixa altitude e num dia sem nuvens, local onde a Maria Gabriela me esperava para o regresso a casa.

Fotos: © A. Acílio Azevedo, excepto as cujos autores e proveniência foram devidamente indicados

(Continua)
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Nota do editor CV

Último poste da série de 17 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17870: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (9): 7.º Dia: Bissau, Safim, Nhacra, Jugudul, Mansoa, Mansabá e Farim (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15984: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (9): Fotos de Manuel Resende - Parte I


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Foto de família (1)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Foto de família (2)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Foto de família (3)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Foto de família (4)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > À saída missa: o António Barbosa (Gondomar), o tipo mais alto mais do pelotão (, reformado da "Judite"), a Dina e o Carlos Vinhal


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > A representação da Tabanca de Matosinhos: à esquerda, o João Rebola e à direita o Manuel Carvalho


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Carlos Vinhal e Luís Graça, os dois administradores e editores do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné 


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > A família António Santos: António Santos, Graciela, Sandra, Catarina e Raquel (Caneças / Odivelas)... Só falta, na foto, o Rui, que é o genro, mas que também  veio.


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > A Alice Carneiro que totalizou 10 presenças nos nossos encontros, e que teve direito, como mais alguns (poucos) membros da Tabanca Grande,  a certidão comprovativa...

Fotos: © Manuel Resende  (2016). Todos os direitos reservados


1. O nosso camarada Manuel Resende, mais uma vez, fez a reportagem completa do nosso encontro. Das 230 fotos que tirou mandou-nos uma seleção de 150. Os editores, por sua vez, vão selecionar um lote, a publicar por partes. O nosso muito obrigado pela sua generosidade e paciência.

Legenda que acompanha o link o seu álbum no Picasa: "XI - Convívio da Tabanca Grande Luis Graça e Camaradas da Guiné,  realizado mais uma vez em Monte Real. Também mais uma vez a sala D. Diniz do Palace Hotel de Monte Real esgotou, 200 convivas. O sentimento de camaradagem e amizade prevaleceu, como sempre".
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Nota do editor:

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15175: Convívios (711): Divagações e recordações de um dia de verão em Paços de Sousa (Francisco Baptista)

1. Em mensagem de 20 de Setembro de 2015, o nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviou-nos um texto que intitulou Divagações e recordações de um dia de verão em Paços de Sousa.


Divagações e recordações de um dia de verão em Paços de Sousa


Sobra-me o tempo, faltam-me as palavras, na minha cabeça semi-adormecida haverá prazeres e desgostos sem comédias, farsas ou dramas, e há esta música que me embala e me transporta num vaivém que com suavidade, leveza e beleza me cobre o corpo e o espírito como um lençol de linho macio.
Continuarei a viver como quem cumpre um calendário com dias bons e dias maus, os antigos romanos, com mais sabedoria do que eu, tinham os dias fastos e os dias nefastos que eu somente sei distinguir depois de os viver. A alegria de viver está no contraste dos dias e no realce que os melhores momentos vividos atingem. A felicidade contínua não existe na terra e eu confesso que tenho dificuldade em imaginá-la para além da morte. A nostalgia do nada, a melancolia sem razão, o olhar perdido no tempo que passa, a forma de viver pelas sensações mais primárias, que recebemos através dos sentidos, o frio, o calor, a música, o cheiro da terra , a chuva.

Foi desta forma que vivi dois anos na Guiné, bastante indiferente à razão, à dor e ao perigo, ao ódio, ao amor. Os nossos cientistas em antropologia dizem que o nosso antepassado, o homo sapiens nasceu em África. Na África voltei a ser um animal mais bípede do que sábio, e a viver segundo essas emoções primordiais.
Tudo me convidava a viver dessa forma, desde as razões e sem-razões, que se combatiam em mim, por lá ter ido parar, ao paraíso bíblico, dessa terra de bolanhas, florestas, rios e mares, que tinha o cheiro forte e quente do início do mundo quando os nossos antepassados, por serem negros ou não terem pecados, andavam nus, sem frio ou calor, sem vergonha ou pudor.

A acrescentar a tudo isso, a água não era recomendável, podia causar cólera, diarreias e outras doenças, mas arranjava-se cerveja e whisky por bom preço. Um camarada que esteve na Guiné, no meu tempo e não muito longe de mim, contou-me este ano, que o capitão da companhia dele mandava retirar umas pequenas barras de chocolate das rações de combate e as punha à venda no bar dos soldados. Conheci-o lá, sem saber dessa vigarice, por outras razões nunca gostei dele, sei que ainda hoje consegue congregar uma grande parte da companhia em almoços anuais.
Será que se arrependeu e agora anda a devolver os chocolates roubados? Será que os portugueses gostam de ladrões bem-falantes?

Sobre os capitães que comandaram as duas companhias onde estive, não me pronuncio, um já morreu há muitos anos e o outro penso que era um homem honesto. Ainda hoje tenho raiva a esses ladrões, sobretudo graduados de várias patentes, que roubaram tanto alimento essencial às dietas dos soldados. A somar aos trabalhos, sacrifícios e perigos que diariamente sofriam, ainda tinham que ser roubados por quem os devia proteger, do pão necessário e essencial à vida.

Com comandantes destes, qualquer guerra estaria perdida pois um soldado mal alimentado é um soldado desmotivado. Penso que depois do 25 de Abril de 1974, com o fim da guerra, muitos desses heróis, com o registo criminal limpo e com uma folha de serviços gloriosa, arranjaram bons lugares no aparelho do estado e nas autarquias para continuarem a fazer o que bem sabiam, roubar e enganar o povo.

Para que ninguém diga que eu entre queixumes, lamurias e acusações só uso o blogue para lavar a alma do lixo que vai acumulando entre rugas pronunciadas que já não consegue disfarçar, vou enviar algumas fotos dum dia alegre e memorável de sol radioso, que passei, já há quase dois meses com alguns camaradas da Guiné e de outras guerras, num ambiente bucólico, debaixo de uma ramada, com boa comida, bom vinho e boa música popular portuguesa, bem cantada e tocada por camaradas e amigos.

O convívio passou-se na casa da mãe do camarada Vitorino, uma senhora idosa mas alegre e jovial. Tenho encontrado bons camaradas e amigos na Tabanca Grande. Na Tabanca de Matosinhos, o tipo de contacto mais físico, já que almoçamos frequentemente juntos proporciona conversas mais privadas e pessoais entre todos e uma amizade mais personalizada. Foi pelo Vitorino e outros camaradas músicos, que encontrei ocasionalmente num convívio em casa de um amigo comum, que tive conhecimento da Tabanca Pequena ONGD e fui convidado a entrar para sócio e frequentar os almoços semanais.

O Vitorino quase não perde um dos almoços da Tabanca. Eu que nem sempre posso ir (tenho outros amigos para almoçar no mesmo dia) gosto sempre de o encontrar lá. Sou muito amigo dele e ele dá-me a honra de ser também meu. Sou um entre os muitos amigos que ele tem, pois é consensual entre todos os que o conhecem, que ele consegue distribuir a sua simpatia natural e a amizade, entre muitos e consegue estar sempre bem disposto mesmo quando a vida lhe corre menos bem. A casa situada em Paços de Sousa, perto de Penafiel, está isolada numa zona de pinhal com vinha e horta contíguas.

Depois do almoço houve uma grande sessão de música popular portuguesa cantada e tocada pelo Vitorino e 9 ou 10 amigos, uns camaradas da Guiné, outros só amigos.
Dentre os amigos que pertencem à Tabanca Grande estava o José Teixeira, o Xico Allen, o João Rebola, o Barbosa, o coronel Coutinho Lima. O José Teixeira que se sabe distinguir tanto na prosa como na poesia, como muitos sabem, que tem por cá muitos amigos e muitos amigos na Guiné. Amizades obtidas e consolidadas nas deslocações que tem feito lá regularmente.
O Xico Allen que mais do que todos tem feito deslocações à Guiné, por terra, por ar e por mar, um camarada popular conhecido em todas as tabancas de Portugal e da Guiné. A haver cônsul da Guiné no Porto devia ser escolhido entre estes dois camaradas pois conhecem bem as realidades e a história recente da Guiné e sabem estabelecer laços de amizade entre os dois países.
O João Rebola, esse alentejano dum raio, que penso que já regressou à Guiné depois do susto que passou em Bissorã quando o inimigo emboscado o deixou passar a correr na motoreta dele.
O coronel Coutinho e Lima, um camarada sempre bem disposto, que eu não conhecia pessoalmente, um comandante famoso, que sem autorização do general Spínola ordenou e comandou a retirada de Guileje, essa praça forte mais flagelada do que todos os quartéis da Guiné, para poupar a vida dos homens sob o seu comando e a da população. Sobre isso escreveu um livro, que eu vi oferecer aos dois irmãos da casa. Disse-nos ainda que estava a escrever outro sobre as outras duas comissões que fez também na Guiné. Comandante ficamos a aguardar e que os ares de Vila Fria te dêem saúde e te inspirem!

Havia outros que só pertencem à Tabanca de Matosinhos, o Jorge Cruz, o Luís, o Ferreira, o Júlio, o Manuel Galvão que fizeram tropa na Guiné em variados lugares e diferentes especialidades. Todos estes camaradas penso que todos ou quase todos, já voltaram em visita à Guiné.
Seriamos cerca de 23 entre diferentes amigos, tendo ainda faltado alguns que não puderam ir.
Dentre os músicos, lembro-me agora de um deles que canta tão bem como toca, o Arménio, que se safou das guerras por ser mais novo do que a maioria presente.

Graças ao Vitorino e à sua família, passámos um dia muito agradável, com boa comida, bom vinho e boa música. Um grande dia só possível porque o Vitorino é um homem que tem um grande coração e gosta de organizar estas festas alargadas em que se celebra a amizade. Na amizade vivem-se as virtudes mais nobres entre os homens; a confiança, o respeito, a honestidade, a lealdade, a tolerância, a solidariedade.

"Dos sentimentos humanos, o menos egoísta o mais puro e desinteressado é a amizade" 
Cícero

P.S.  
- Agradeço ao Vitorino e ao irmão Emílio, bem como às simpáticas cozinheiras (a comida estava óptima) as esposas deles e à esposa do Carlos Teixeira, pelo grande convívio que nos proporcionaram, sem esquecer a animação feita pelos músicos.
- Agradeço ao Chico Allen pelas muitas fotos que me remeteu e pela boleia que me deu e ao João Rebola pelas fotos que me enviou também.

A todos um abraço.
Francisco Baptista

O Xico Allen em acção

Quase pronto a ser servido


João Rebola, Cor Coutinho e Lima, José Teixeira e Francisco Baptista


Vitorino, o nosso anfitrião, dedilhando a viola

Emílio, irmão do nosso camarada Vitorino, durante um pezinho de dança

A Matriarca, senhora D. Eva Salgado, com uns bonitos 88 anos, feitos há dias, mãe de 9 filhos, entre os quais o Vitorino e o Emílio.

Para ouvir "Videira que dá uvas azuis e brancas" na interpretação dos Musikotas, clicar aqui



Centro de operações


Francisco Baptista, António Barbosa e Xico Allen

  António Barbosa ataca o tacho

Francisco Baptista e Coronel Coutinho e Lima

Fotos: © Xico Allen e João Rebola
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15142: Convívios (710): XVII Encontro do pessoal da CCAÇ 4544, levado a efeito no passado dia 13 de Setembro de 2015, em Alcobaça (António Agreira)