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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24675: Recortes de Imprensa (134): Jornal "Voz da Guiné" (4): Reprodução da 4.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 13 de Setembro de 2023:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).

[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24668: Recortes de Imprensa (133): Jornal "Voz da Guiné" (3): Reprodução da 3.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24668: Recortes de Imprensa (133): Jornal "Voz da Guiné" (3): Reprodução da 3.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 13 de Setembro de 2023:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).

[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24666: Recortes de Imprensa (132): Jornal "Voz da Guiné" (2): Reprodução da 2.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

domingo, 17 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24666: Recortes de Imprensa (132): Jornal "Voz da Guiné" (2): Reprodução da 2.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 13 de Setembro de 2023:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).

[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24663: Recortes de Imprensa (131): Jornal "Voz da Guiné" (1): Reprodução da capa do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

sábado, 16 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24663: Recortes de Imprensa (131): Jornal "Voz da Guiné" (1): Reprodução da capa do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Mensagem do nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), com data de 13 de Setembro de 2023, trazendo em anexo a transcrição em word da primeira página (capa) de 4 do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).
[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Vd. poste anterior de Abílio Magro de 12 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24644: Documentos (43): Panfleto dos "Soldados da Guiné", datado de 16 de Maio de 1974, com um apelo às suas famílias para que não os abandonem (Abílio Magro)

Último poste da série de 6 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24536: Recortes de Imprensa (130): "Nós tínhamos um padre, Antonio Grillo, que foi preso acusado de defender os rebeldes e os guerrilheiros que lutavam pela independência (...). Quando Paulo VI se tornou papa, o governo português perguntou o que ele queria de presente: 'Quero a libertação do padre Antonio Grillo'. Dito e feito. Paulo VI era maravilhoso" (...). (Dom Pedro Carlos Zilli, missionário brasileiro do PIME, bispo de Bafatá, em entrevista à Gazeta do Povo, 1/10/2019)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17045: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (40): O jornalismo e a guerra colonial: contactos precisam-se de pessoas (civis ou militares) que tenham trabalhado na imprensa da Guiné portuguesa: O Arauto, Notícias da Guiné, A Voz da Guiné... (Sílvia Torres, ex-oficial da FAP, doutoranda)


Capa do livro "O jornalismo português e a guerra colonial" (Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2016). Organização de Sílvia Torres. Foto de capa do Facebook da autora (com a devida vénia...)


1. Mensagem da nossa leitora, ex-militar da FAP, e filha de antigo combatente da guerra colonial Slvia Torres:

Data: 6 de fevereiro de 2017 às 10:40
Assunto: Imprensa - Guiné Portuguesa

Caros senhores,

Para efeitos académicos (estou a fazer o Doutoramento em Ciências de Comunicação, na FCSH /UNL), necessito de entrevistar pessoas que tenham trabalhado na imprensa da Guiné Portuguesa - O Arauto, Notícias da Guiné e/ou Voz da Guiné - durante a Guerra do Ultramar.

Será que me podem ceder alguns contactos?

Até agora, só consegui falar com Agostinho Azevedo e ]

Desde já, muito obrigada pela vossa atenção.

Cumprimentos.
Sílvia Torres


2. Sílvia [Manuela Marques] Torres > CV abreviado:

(i)  nasceu em Mogofores, Anadia, em 1982, filha de um antigo combatente da guerra colonial;

(ii) licenciada em Jornalismo e Comunicação pela Escola Superior de Educação do Instituto
Politécnico de Portalegre;

(iii) mestre em Jornalismo pela Faculdade de Ciências  Sociais e Humanas da Universidade
NOVA de Lisboa (FCSH / UNL);

(iv) jornalista, entre 2005 e 2007, do "Diário de Coimbra"; tendo colaborado também no "Jornal da Bairrada" (o mesmo onde escreveu o nosso camarada., anigo e escritor, Armor Pires Mota, em meados dos anos 60);

(v) oficial da Força Aérea Portuguesa (FAP), em regime do contrato, de  outubro de 2007 a abril de 2014, 

(vi) enquanto militar, foi locutora da Rádio Lajes e exerceu também funções  na área da Comunicação no Departamento de Informação e Marketing, no Centro de Recrutamento da Força Aérea.

(vii) entre Agosto de 2012 e agosto de 2013,  cumpriu uma missão de Cooperação Técnico-Militar em Timor-Leste:  deu formação em Língua portuguesa  a militares das FALINTIL, Forças de Defesa de Timor-Leste, e  a funcionários civis  da Secretaria de Estado da Defesa da República  Democrática de Timor-Leste;

(viii) autora de “O jornalismo português e a guerra colonial” (2016)


(ix) atualmente é aluna de  Doutoramento em Ciências da Comunicação na FCSH / UNL.


3. Comentário do editor:

Sílvia, obrigado pelo seu contacto... Vamos tentar ajudá-la, com a generosidade e a solidariedade que são o timbre da nossa Tabanca Grande. Para mais, tratando-se da filha de um camarada nosso, combatente da guerra colonial... Costumamos dizer: Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são...

Para já temos, na nossa comunidade virtual, a Tabanca Grande, um camarada que trabalhou, em Bissau, no pós 25 de abril, no jornal "Voz da Guiné"... Sob a direção do capitão Duran Clemente, do MFA da Guiné, esteve integrado na equipa que fez a transferência do jornal para as novas autoridades guineenses... e tem alguns exemplares das últimas edições (**)

Trata-se do Benvindo Gonçalves, ex-fur mil trms.. Mandámos-lhe, por mail, os seus contactos.

Temos  algumas referências, dispersas, sobre a imprensa da Guiné do nosso tempo, em especial sobre o "O Arauto" (que se pubicou, como diário, de 1950 até 1968) e sobre  a  "Voz da Guiné" (1972-1974): ambos foram que era dirigido pelo padre franciscano José Maria da Cruz Amaral (1910-1993).

O que poucos sabem (ou sabiam...) é que este padre franciscano, que passou quase 4 décadas em África (em Moçambique e depois na Guiné), foi também o diretor de "O Arauto", até 1968, altura em que terá sido  "extinto" pelo general Arnaldo Schulz, "em represália contra a linha editorial do Arauto, que procurou denunciar a anarquia militar e civil do seu governo da província" (, facto que precisa de ser comprovado por fontes independentes; na realidade, "O Arauto" foi sempre um jornal alinhado política e ideologicamente com as autoridades do Estado Novo).

Spínola, por sua vez, convidou-o, em 1972,  para director do novo jornal "Voz da Guiné" (, não confundir com "A Voz da Guiné", com vida efémera em 1922),  transformado entretanto em jornal oficial (ou oficioso) da província...
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 6 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16807: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (39): pedido de ajuda para tese de doutoramento em Antropologia, pelo ISCTE-IUL, sob o tema do uso de álcool e drogas na guerra colonial (Vasco Gil Calado)

(**) Vd. poste de 1 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6514: (Ex)citações (78): Como fui colocado no jornal Voz da Guiné (Benvindo Gonçalves, ex-Fur Mil Trms, CART 6250, Mampatá, 1974)

(...) Em 1974, fui mobilizado em rendição individual, como Furriel de Transmissões, para a Cart 6250, sita em Mampatá, e, hoje, envio-vos alguns dados sobre essa minha breve passagem, por esta Companhia e pelas terras da Guiné.

Com o advento da Revolução de Abril ou dos Cravos, a negociação de Paz e o fim da guerra com as Colónias, começou a desmobilização e o regresso a casa, sendo a Companhia onde estava integrado uma das primeiras a regressar, não me incluindo nesse lote, pois devido à minha situação seria deslocado para outro lado, substituindo colegas mais velhos em permanência.

A Cart 6250 saiu de Mampatá por via marítima, pois, além do pequeno aeródromo de terra batida existente em Aldeia Formosa, esta era a alternativa que nos restava, já que não havia estradas que nos ligassem a Bissau. Essa saída deu-se recorrendo a uma LDG (Lancha de Desembarque Grande), demorando bastante tempo, pois a navegação tinha que ser feita tendo em atenção as marés, pelo que passámos uma noite no caminho dormindo ao luar aguardando a subida da maré para podermos prosseguir a viagem.

Quando chegámos a Bissau, rumámos para o Ilondé, de onde a CART 6250 regressou à Metrópole, tendo-me eu apresentado no Quartel Geral de Adidos para nova colocação.

Não satisfeito com a situação, e com a ajuda e intervenção de alguns amigos um pouco influentes, consegui contornar o problema e fui colocado no jornal “Voz da Guiné”, fazendo o meu tempo de tropa como se na vida civil se estivesse, pois não era obrigatório andar fardado. (...)

(...) Como revisor de redacção, ajudei a proceder à transferência de propriedade do jornal de Portugal para a Guiné, e ainda guardo, como prova de passagem por esse serviço, um exemplar de cada um dos últimos jornais impressos sobre a administração Portuguesa antes e depois da independência.

Igualmente guardo com muito carinho, um outro exemplar do jornal com o nome de “Libertação“, já impresso sobre o controlo do PAIGC, no pós Independência da Guiné-Bissau, aí sim, já mesmo o chamado “órgão informativo do PAIGC", reflectindo para a sociedade e a população em geral, os pensamentos, ideias, ideais e reflexões sobre a guerra da Independência nas ex-colónias e noutros países de pensamento e cariz político nitidamente na linha dita comunista. (...)

(...) Foi um processo pacífico de transferência de papelada, fotografias, máquinas e demais material ligado à impressão do jornal, incluindo as instalações e veículos, culminando assim de forma ordeira, sem contestações, nem provocações, a nossa presença naquele serviço.

Procurámos sempre manter-nos fiéis a uma linha de conduta e orientação programada e fiscalizada pelo seu director, pessoa afável, educada e de bom trato,  sempre pronto a ajudar e nada militarizado, mesmo anti-regime.

Acaso do destino, esse Director era um dos capitães de Abril, conhecido como capitão Duran Clemente, que veio a protagonizar mais tarde a voz da revolta na tomada da Televisão em Portugal quando do 25 de Novembro de 1974.

Com a sua ajuda, terminei a minha curta passagem por terras da Guiné, tendo regressado a Lisboa por via aérea na noite do famigerado 28 de Setembro de 1974. (...)

sábado, 25 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13798: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (9): o 'making of' do livrinho (Parte II)

Capa



B. O CADERNO DE POESIAS «POILÃO» (*) (Continuação)

por Albano Mendes de Matos


[ Albano Mendes de Matos, ten cor art ref, que esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, como tenente, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo] [, foto à direita, como 2º srgt].


Procurei o Valdemar Rocha (Unidade de Transmissões), Armando Lopes (GA 7), Joaquim Lopes (QG-CTIG) e o Carlos Ramos, que logo concordaram com a ideia e os dois primeiros entregaram-me poemas. O Valdemar entregou-me, também, poemas do Jales de Oliveira.

Planeei «POILÃO». Sem jeito para desenho, rascunhei, a esferográfica, o esboço de um poilão (árvore típica da Guiné) estilizado, que tenho, porque quase todos os rascunhos foram perdidos quando vinham, da Guiné, num caixote que foi arrombado no cais de Santa Apolónia e pilhadas algumas coisas. Os poemas de «POILÃO» salvaram-se porque os touxe numa pasta.

De 2 comissões em Angola, trouxe muitos apontamentos e fotos que me serviram para publicar o caderno de contos «O Jangadeiro», o livro «Meninos da Mucanda» e diversas publicações em jornais e revistas, além de um livro «Por Angola – Etnografia e Guerra», que está a ser teminado.

 


Esboço, feito a esferográfica, para capa de «POILÃO» e paginação, de Albano Mendes de Matos.


Uma noite, ao sair de um café, com Valdemar Rocha, onde nos encontrámos para falar do «POILÃO», encontrei o Aguinaldo de Almeida, caboverdiano, funcionário do BNU e dirigente do Clube Desportivo e Cultural do Pessoal do BNU, que conhecia da UDIB, União Desportiva Internacional de Bissau.

É aqui que entra o Aguinaldo, nas aventuras de «POILÃO» Contei-lhe que estava a organizar o caderno, com poemas de militares, e que seria interessante incluir alguns guineenses e caboverdianos. Achou a ideia interessante. Como eu não conhecia pessoalmente os «poetas» locais, pedi ao Aguinaldo para falar com alguns e pedir-lhes originais, se tivessem interesse em colaborar. Depois, o Aguinaldo apresentou-me alguns no Clube Desportivo e Cultural do BNU. E assim surgiram os poemas.

Foi numa ida para o Clube do BNU que vi o Pascoal D’Artagnan, filho de um italiano e de uma mulher Balanta, subgrupo mansoanca daquela etnia, que só conhecia de nome. Pareceu-me muito tímido.

Entreguei os originais ao Aguinaldo para ler, que devolveu. Escrevi um prefácio, para «POILÃO», cujo original também se perdeu no Cais de Santa Apolónia.

Num econtro com o Aguinaldo e o Valdemar Rocha, eu propus que não fosse incluído o meu prefácio em «POILÃO», e que o Aguinaldo devia de fazer uma introdução, como aconteceu. Eu dactilografei o caderno em «stencil», dei o papel, imprimi e agrafei a capa, com a ajuda de colegas militares. O Grupo Desportivo e Cultural do BNU ofereceu a capa para «POILÃO».

Um alferes miliciano da Unidade de Tarnsmissões desenhou a capa para «POILÃO» a pedido de Valdemar Rocha.

O segundo caderno seria um trabalho meu, com o título de «BATUQUE», já preparado, que foi publicado mais tarde em edição artesanal restrita [Oeiras. 1987]. O terceiro seria com poemas de Pascoal D’Artagnan.

Eu propus o seguinte;

- Que seria o Grupo Desportivo e Cultural do Banco Nacional Ultramarino a publicar «POILÃO».  O dinheiro obtido com a venda de «POILÃO» seria doado à Leprosaria da Cumura.

«POILÃO» foi apresentado após distribuição de prémios de uns Jogos Florais, na Associação Comercial da Guiné, organizados pelo Grupo Desportivo e Cultural do Pessoal do Banco Nacional Ultramarino, e posto à venda sem preço. Os preços oscilaram entre 20$00 e 100$00. Cerca de 300 exemplares foram vendidos num dia e 400 exemplares, uma segunda edição, também num só dia.

Não foram publicados mais cadernos de poesias, porque eu vim de férias, aconteceu a revolta das Caldas da Rainha ], 16 de Março,] e, a seguir, o 25 de Abril. Estava tudo em ebulição.

Agostinho de Azevedo, chefe de redacção de «Voz da Guiné», refere a publicação de «POILÃO» no jornal de 28-02-1974.






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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de outubro de  DE 2014 > Guiné 63/74 - P13796: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (8): Respondo a algumas perguntas: (i) o poeta Pascoal D' Artagnan, que era filho de mãe balanta e pai italiano; e (ii) o 'making of' do livrinho (Parte I)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13796: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (8): Respondo a algumas perguntas: (i) o poeta Pascoal D' Artagnan, que era filho de mãe balanta e pai italiano; e (ii) o 'making of' do livrinho (Parte I)




Elemento gráfico da capa do documento policopiado do Caderno de Poesias "Poilão", Edição limitada a cerca de 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A editada é de  dezembro de 1973, por iniciativa do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (O GDC dos Empregados do BNU, grupo esse cuja história remonta à I República: foi criado em 1924,

Com o 25 de abril de 1974, esta coleção não teve continuidade: estava prevista publicação de um 2º caderno («Batuque», com poemas do Albano de Matos; será editado mais tarde, em Oeiras, 1987, com o título "Batuque - Poemas Africanos", ) e de um 3º, dedicado ao Pascoal D'Artagnan.



A. RESPONDENDO À PERGUNTAS DO EDITOR

[ Albano Mendes de Matos, ten cor art ref, que esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, como tenente, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo] [, foto à esquerda, Bissau, c. 1973].

Mensagem de 29 de setembro último:

Caro Luís: Enviei mensagem pela sapo.mail, mas não tenho indicação de que tivesse seguido. (...). Vão, também, em anexos: respostas ás perguntas, que pude dar (com os anos passados, há coisas que falham), um registo de como surge «POILÃO», já repetido, e «BATUQUE», o meu caderno de poesias que seria o nº 2. O nº 3 seria do Pascoal D'Artagnan.. Grande abraço.

Em primeiro lugar, vou responder a algumas perguntas relacionadas com  o «POILÃO». (*)

1 – O editor foi, por minha proposta, depois de o caderno estar já alinhavado, o Grupo Desportivo e Cultural do Banco Nacional Ultramarino, que ofereceu a capa.

Foi coordenador o Albano Mendes de Matos em conjugação com o Aguinaldo de Almeida.

2  – Nem todos os poemas eram inéditos. Foram pedidos, pelo menos, 3 poemas a cada autor. Foram solicitados pessoalmente por Albano Mendes de Matos, aos militares, e por Aguinaldo de Almeida, alguns com a presença de Albano Mendes de Matos, aos guineenses e caboverdianos.

3- O Valdemar Rocha entregou, também, os poemas de Jales de Oliveira. Conheci o guineense Baticã Ferreira, médico, na Sociedade da Língua Portuguesa, que lhe publicou uma colectânea de poesia, e incluí um poema seu em «POILÃO»

4 – Só me encontrei uma vez com Pascoal D’Artagnan, junto da sede do Grupo Desportivo e Cultural do BNU, na companhia de Aguinaldo de Almeida. Pareceu-me muito tímido. Falámos sobre a publicação de um caderno com poemas do Pascoal D’Artagnan.

5 – Segundo informação do Aguinaldo, o Pascoal D’Artagnan trabalhava nas oficinas navais da Marinha, nas proximidades do cais «Pindjiguiti» e da alfândega. Foi também o Aguinaldo que me informou de que o D’Artagnan era simpatizante do PAIGC, bem como alguns guineenses com os quais contactei. 

6  – Pascoal D’Artagnan era euro-africano, filho de pai italiano e de mãe Balanta. Nada sei das viagens do Pascoal [no interior da Guiné].  Pode afirmar-se que foi o único poeta da sua geração. Na antologia de poetas da Guiné, «Mantenhas para quem luta! – A nova poesia da Guiné-Bissau», publicada em 1977, não consta o Pascoal D’Artagnan.

7 – Não sei onde estudou Pascoal D’Artagnan.

8 – Jogos Florais da UDIB - 1972:  1º Prémio «Solidão», de Valdemar Rocha, pag. 26 de «POILÃO»; 3º Prémio «Mãos», de Pascoal D’Artagnan, pag 9 de «POILÃO». Desconhece-se a a composição e identificação do júri. (**)


B. O CADERNO DE POESIAS «POILÃO» (**)

por Albano Mendes de Matos


Colocado no GA 7 - CTIG, em Dezembro de 1972, em comissão militar, fui em diligência para a 4ª Repartição do QG-CTIG, a fim de organizar Companhias de Milícias, com guineenses voluntários, que tivessem feito o serviço militar, para defesa das aldeias. Como o chefe de contabilidade do Conselho Administrativo do QG-CTIG terminara a comissão sem ser substituído, fui indicado para o substituir, em Maio de 1973.

De vez em quando, especialmente nos dias festivos, o pessoal do CA (oficiais, sargentos e praças, reunia-se nas respectivas instalações para umas brincadeiras, como festivais da canção, arremedos de teatro, etc, com material da Secção Foto-Cine que estava ao lado.

Soube, pelo jornal «Voz da Guiné», que na Guiné havia pessoas a escreverem poesia, devido a Jogos Florais que a UDIB (União Desportiva Internacional de Bissau) organizara, nos finais de 1972.

Creio que na noite de Natal de 1973, propus fazermos uma sessão de poesia em que cada militar faria poesias para ler ou recitar ou ler poesias de poetas, porque lera no jornal «Voz da Guiné» um escrito em que o chefe da redacção, alferes miliciano, Agostinho de Azevedo, que, depois, foi director do 
«Correio da Manhã, falava de poesia.








Foi nesta altura que imaginei fazer os Cadernos de Poesia «POILÃO» apenas com colaboradores militares, com três ou mais poemas de cada colaborador, e respondi ao chefe de redacção do jornal «Voz da Guiné», com um escrito, só publicado em 02-02-1974.







O poema «Vida», de Joaquim Lopes, escrito para uma sessão no CA-QG-CTIG, incluído no artigo de «Voz da Guiné»:



VIDA


Vida,
Tu nasces nas raízes que consomes
Dás origem a crises e fomes,
Tu és um dom de que se fala,
Dás pobreza a muita alma,
Tu és a desgraça e a sorte
De muitos que te pedem a morte,
Tú és o princípio e o fim do mundo,
Quantos não pensam em ti a fundo.
Vida,
Tu és o tempo no espaço,
De muito viver de cansaço,
Tu és a perfeição dos imperfeitos,
Dominas a paz pelos direitos,
Tu és a força dos seres
Aos quais impões deveres,
Tu és tudo na existência,
Tens poder e resistência.
Vida,
Tu és o signo da verdade
De ricos a viver em felicidade,
Tu és uma paz de alma,
De comodistas a viver na calma,
Tu és a morte obscura
De egoista a pedir luxúria,
Tú és o despertar louco
De ricos a viver por pouco.

(Continua)

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Notas do editor:

(*) Vd., poste de 27 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13657: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (3): "Mãos", "Balantão" e "Cachimbêro", três poemas do poeta maior desta antologia, natural de Farim, Pascoal d' Artagnan [Aurigema] (1938-1991), pp. 9/11

Comentário de LG:

(...) Talvez o Albano de Matos nos possa dar mais informações sobre o "making of" desta coltãnea de poesia, "Poilão"...

Por exemplo, quem foi, na realidade, o "editor literário", o coordenador ? Foi o Albano de Matos ou o Aguinaldo Ferreira ? Ou foram ambos ?

Como foram obtidos os originais ? Houve um contacto pessoal com os autores ? Todos os poemas eram inéditos ?

O Albano terá conhecido pessoalmente o Pascoal d'Artagnan, presumo, que trabalhava nas "oficinas navais", em Bissau... Pertenciam à Marinha ?

Ele já seria, em 1973, simpatizante ou mesmo militante do PAIGC ? Qual a sua origem étnica ? Balanta, manjaco, papel, mandinga ?

Sabemos apenas que nasceu em Farim.. Mas viajou pelo país: Catió, Safim, Ilha das Galinhas... O que é que ele faz na Ilha das Galinhas, em 1967 ?

Pelo que eu li dele, ainda muito pouco, parece-me um poeta com fôlego, e na linha da tradição oral africana... com influência talvez do angolano Viriato da Cruz...

Ele deveria ser um autodidata... não ? (...)