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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8525: Parabéns a você (285): José Zeferino, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

DIA 08 DE JULHO DE 2011

JOSÉ ZEFERINO

NESTE DIA DE ANIVERSÁRIO DO NOSSO CAMARADA JOSÉ ZEFERINO, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR-LHE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE, JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
____________

Notas de CV:

José Zeferino foi Alf Mil At Inf na 2.ª CCAÇ do BCAÇ 4616 que esteve no Xitole nos anos de 1973 e 1974

Vd. último poste da série de 4 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8506: Parabéns a você (284): Agradecimento à tertúlia (Manuel Maia)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4545: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74) (1) (José Zeferino)



1. Mensagem de José Zeferino, ex-Alf Mil At Inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74, com data de 11 de Junho de 2009:


Luís,
Finalmente consegui acabar o texto que tinha prometido.
Foi quase de memória - menos as datas indicadas.
Por isso poderá ser alvo de outras versões.


Envio-te para como é habitual dares-lhe o tratamento que entenderes.


Até dia 20, em Monte Real.


Com os melhores cumprimentos
José António dos Santos Zeferino




Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 - 73-74 na Guiné


(i) BISSAU – de 20 de Dezembro 1973 a 4 de Janeiro 1974 - Chegada. A maior parte, como eu, a 2 Janeiro por avião.


(ii) CUMERÉ - 6 de Janeiro de 1974 – Início do IAO


Foto 1 > Cumeré 1974




(iii) MANSOA - 18 - 19 de Janeiro de 1974. Primeira acção do Batalhão. Segurança\emboscada nocturna itinerário Bissau – Farim.


(iv) CUMERÉ - 25 de Janeiro de 1974 - Primeira baixa no Batalhão: o Furriel Humberto, madeirense, da 3.ª Companhia que iria para Farim, suicida-se com a sua G 3. Por motivos sentimentais.


(v) XITOLE - 11 de Fevereiro 1974 - Chegada da 2.ª CCAÇ .


Foto 2 > Aspecto do Quartel do Xitole




(vi) A partir desta data deixa de haver dias de semana. Passam a ser contados por blocos de três dias: dois de patrulhamento e um de descanso. Um grupo de combate fixa-se na defesa da Ponte dos Fulas com rotação mensal.


Foto 3 > Ponte dos Fulas




(vii) XITOLE – 19 de Fevereiro de 1974 - Primeiro combate, na mata. Sem baixas. Indícios de baixas no IN.


(viii) MANSAMBO – 3 e 4 de Março 1974 - Grande operação no Fiofiol. Sem contacto IN.


(ix) XITOLE – 9 de Abril de 1974 - Segundo combate na mata. Baixas não confirmadas no IN. O alferes Araújo do 2.º GComb é evacuado para a psiquiatria do HMB. O meu GComb, o 3.º, estava na ponte nesta altura. Foi de onde tirei esta foto.


Foto 4 > Fogo do morteiro 10,7 do Xitole, batendo a retirada IN.




(x) XITOLE – 13 de Abril de 1974 - Visita do general Bettencourt Rodrigues. Transportado por héli Allouette IIIG


(xi) XITOLE – 22 de Abril de 1974 - Apresenta-se um guerrilheiro do PAIGC. Má altura, para ele, para desertar das suas fileiras.


(xii) XITOLE – 25 de Abril 1974 - madrugada, cerca das 6 horas:


- Zefruíno, alferes Zefruíno!!!


Era o Jamil, comerciante libanês com grande influência política, social e económica, tanto na Guiné como na restante família, árabe, dispersa por três continentes.


Estávamos a iniciar mais um patrulhamento, a dois GComb, talvez à zona do Duá.


Na varanda da sua casa, tipo colonial, claro, estendiam-se fios de antenas que acabavam num rádio antigo, de válvulas, por onde estava a ouvir a BBC em árabe.


Diz-me:


- Zefruíno, o (não me lembro, ou não quero, das palavras exactas) do Spínola está a fazer uma revolta.


O Jamil tinha tido um contencioso com o general Spínola: tinha querido transferir as suas casas de comércio na zona, para Bissau, no que foi impedido pelo general. Era uma base de apoio para as nossas tropas e para a população.


Foi assim que tive conhecimento do que se passava em Lisboa.


Regressámos de imediato ao quartel. Ficámos na expectativa nos dias seguintes. Patrulhamentos, só o mínimo indispensável-até Endorna. Montagem de segurança nocturna: poucas. Estávamos literalmente presos pela avidez dos comunicados.


Acreditámos que o fim da guerra era desejado pelas duas partes. Pelo menos para a população era-o. E muito.


Entretanto chegou ao nosso conhecimento, não me lembro como, que no PAIGC havia duas correntes: uma para atacar em força aproveitando uma possível desorientação nossa. Outra para entrar de imediato em conversações de paz no terreno.


(xiii) XITOLE – 15 de Maio de 1974 – Violento combate – emboscada. Duas baixas do nosso lado: o Alferes Aguiar e o Soldado de Transmissões Domingos. Cerca de uma dezena de feridos. Sinais de baixas IN.


(xiv) XITOLE – 30 de Maio de 1974 - São detectadas e levantadas várias minas reforçadas com granadas de RPG.


(xv) XITOLE – 5 de Junho de 1974 - Avistam-se grandes queimadas na margem esquerda do Corubal. Prenúncio de preparação do terreno para ataque de canhão?


Sob orientação de Bambadinca, via rádio, procedeu-se a um batimento de zona por morteiros 10,7 e 81.


Ao entardecer o pessoal de Transmissões capta mensagens em francês, creio, através de pequeno um rádio Onkyo que, como sabemos, não tem grande alcance. Sinal que havia movimentos estranhos perto.


As sentinelas são reforçadas. Já de noite uma rajada de G3 na porta de armas leva-nos às valas. Tinha sido avistado um elemento IN a tentar infiltração junto ao arame que nos separava da tabanca. nUma pequena força nossa sai, entra na população e regressa pouco depois, sem resultados. Passámos o resto da noite na expectativa.


(xvi) XITOLE - 6 de Junho de 1974 - Pelas 6 horas, nova rajada. Desta vez de uma sentinela junto ao espaldão do morteiro 81, na zona dos quartos dos oficiais e do abrigo da Breda.
Novamente nas valas avistámos, a umas dezenas de metros, uma coluna IN que se aproximava, vinda da tabanca, pela orla da pista de aviação. Sob o nosso fogo fugiram para o mato do outro lado da pista, deixando um deles ferido. Veio a falecer pouco depois na nossa enfermaria.


Foi este, realmente, o ultimo acto de guerra na zona e ainda hoje não o entendo totalmente.


(xvii) XITOLE – 15 de Junho de 1974 - Na picada, para lá da Ponte dos Fulas, suspensa de uma árvore, é encontrada uma carta com um maço de tabaco Nô Pintcha, e um isqueiro. Convidava o capitão a fazer a paz. O que foi feito no mesmo dia, perto do pontão do Jagarajá.


(xviii) XITOLE – de 16 de Junho a Setembro de 1974 - Começaram então as visitas de comandantes e comissários políticos do PAIGC para combinar a cerimónia da entrega do quartel, com o arrear da nossa bandeira e o hastear da deles. Vinham das matas da margem direita do Corubal – Mina, FioFioli, etc.


Foto 5 > Primeiro encontro no Xitole: de costas um comandante do PAIGC – não me lembro do nome, o nosso médico - Dr. Morgado, eu, o capitão Luís Viegas, o comissário politico Antero Alfama e o 1.º Sargento Pára-quedista Vaz


Houve um jogo de futebol entre nós e os guerrilheiros. Gostavam imenso de falar com o nosso pessoal chegando a trocar impressões sobre o material que tínhamos usado na guerra.

Creio que numa dessas conversas foi dito que quem preparou a tal emboscada de 15 de Maio teria sido castigado. Não aprofundámos a questão, pois se até ao 25 de Abril tínhamos tido alguns encontros, na mata, sem baixas do nosso lado o mesmo não se passava com eles.

Quase todos os dias apareciam guerrilheiros procurando refeições na nossa cantina geral. Aúnica exigência nossa: tinham que deixar a arma à entrada do quartel, no posto de sentinela.


Fazendo-se transportar por camionetas civis paravam sempre na casa do Jamil para o cumprimentar.


Foto 6 > Chegada ao Xitole de forças do PAIGC.


Estava com o Jamil na sua varanda numa dessas ocasiões quando me diz, referindo-se ao comandante de canhões que já se dirigia para o quartel depois de o ter saudado:

- Este… - também não me lembro do termo – foi meu empregado numa das lojas que tinha no Corubal!

Um padre foi até ao Xitole fazer a recolha dos ornamentos de prata e ouro e relógios deixados pelos camaradas das companhias anteriores na capela.

Numa das colunas, e em viatura civil, chegaram também duas prostitutas. Alguns aproveitaram.

Igualmente chegou um individuo com farda a estrear. Não falou com ninguém. Limitou-se a esperar pelo regresso da coluna. Informei-me sobre ele, não me lembro com quem, que me disse tratar-se de um desertor nosso, antigo, e que para limpar a caderneta tinha regressado à Guiné. Na altura um comandante do PAIGC, que estava presente e também interessado em saber quem era, disse, rindo:
- Manga de cu pequenino.

O Saltinho já tinha sido entregue.

Bastou um dia para ficarem sem gerador. Os novos ocupantes pedem ajuda ao Xitole para reparar o aparelho. Nesse dia à noite ficámos preocupados por a equipa que foi não ter chegado. Foram encontrados perto de Cambéssé com o Unimog espetado dentro do mato com vários guerrilheiros a tentar repô-lo na picada. O comandante deles, de nome Claude, ficou irritadíssimo quando nos viu. Já estava todo alterado. E foi a única expressão de ódio que registei em todos os contactos com elementos do PAIGC. Mas a nossa equipa foi muito bem tratada por eles.


Entretanto chegam-nos notícias de problemas em Bambadinca: Com as nossas milícias: queriam alimentos e com a CCAÇ 12 que não queria entregar as armas.


Depois… o tempo passou-se… lentamente. E entregámos o Xitole.


Foto 7 > Formados para a cerimónias : lado a lado


Foto 8 > Creio que , no lado esquerdo, se trata do comandante João Gomes.


Foto 9 > Inicio da saída do Xitole


(xix) BAMBADINCA – 2 de Setembro de1974 - Era o depósito do Leste. Todo o material vinha dar aqui para ser transportado para Bissau. Material e pessoas.


Foto 10 > Material no Xime


Foto 11 > Furriéis da 2.ª CCAÇ no Xime


Conhecemos alguns jornalistas cubanos que se sentavam à nossa mesa de refeições. Brindavam-nos, por vezes, com cantares do seu país.


Trabalho pesado para os soldados que faziam a estiva no Xime carregando as LDG.


Foto 12 > Mais material no Xime - este foi carregado manualmente


Ultima baixa na Companhia. Desta vez por doença: o soldado Vivas da Costa do meu Gr Comb, morre no HMB, vítima de paludismo.


(xx) BAMBADINCA – 7 de Setembro de 1974 - Já tínhamos entregue, também, este quartel quando, um dia resolvi ir até ao cais.


Em frente ao depósito de géneros trava-se uma discussão entre o comandante, guinéu, João Gomes e o comissário político, cabo-verdiano, Antero Alfama. Já os conhecia desde o Xitol e fiquei admirado.


Um queria distribuir os produtos alimentares de imediato pela população - claro o João Gomes. O outro queria controlar essa distribuição. De repente e acabando com a discussão o João Gomes vira-se para a pequena força que o acompanhava, uns dez soldados, e diz:
- Quem está comigo fica atrás de mim, quem não está vai para o lado dele…


No dia seguinte regressava a Bissau e depois a Lisboa. Esta já não era, de certeza, a minha guerra.


Foto 13 > BISSAU – 12 de Setembro de 1974 - Embarque no Uíge, para Lisboa.


José Zeferino
Aos 21 de Maio de 2009
__________


Nota de CV:


(*) Vd. poste de 17 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)

domingo, 17 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)



É com todo o prazer que faço o seguinte comentário ao futuro poste do Macau. Se o acharem extenso poderão resumi-lo de acordo com o espaço disponível.

Foi com satisfação que tomei conhecimento do poste do Joaquim Macau, pois não me sentindo, como é evidente, isolado na nossa tertúlia, é bom ter alguém com a mesma origem: a 2ª CCAÇ do 4616.

Tenho só a lembrar ao Macau que a “curva da morte” ficava perto da Ponte dos Fulas e que a emboscada, de 15 de Maio, se deu no limite do nosso sector, com Mamsambo, no pontão do rio Jagarajá.

O Domingos, continuo em crer que foi atingido no peito. A sua G3, toda distorcida, só foi recuperada 15 dias depois, na mesma zona, aquando de uma nova segurança à nossa habitual coluna de abastecimento. Se estava a usá-la com a bandoleira podia tê-la, então, pelas costas - a preocupação dele seria o Rádio - e então o Macau pode ter razão.

O Macau também se deve lembrar que, também o alferes Aguiar faleceu, já no HMB, atingido por uma mina accionada nessa emboscada.

O Allouette III, na foto, fez parte da única formação aérea que pousou naquele heliporto antes do 25 de Abril e no nosso tempo. Tinha transportado o general Bettencourt Rodrigues na visita ao Xitole. O meu GC estava, na altura, destacado na Ponte dos Fulas que o nosso general também foi visitar.

Quanto ao problema da água creio que tem razão. Havia mais dificuldade em manter os níveis no depósito, já que, o mesmo, servia mais pessoal. Pessoalmente, só por ma ocasião tive falta dela, durante um dia , mas o bidão que servia, creio que 2 pessoas, era de fácil enchimento. No entanto não recebi qualquer queixa dos camaradas do meu GC.

Um grande abraço para o Macau e para todos tertulianos.

Com os melhores cumprimentos,

(José António dos Santos Zeferino)

__________

Nota de M.R.:

Vd. Último poste da série em:



Vd. poste anterior do autor em:



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2588: Historiografia de uma guerra (3): a última emboscada do PAIGC, na ponte do Rio Jagarajá, em 15 de Maio de 1974 (José Zeferino)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xitole > 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616 (1973/74) > Jargas, um os guias e picadores do Xitole que estavam na frente da coluna que foi emboscada no Jagarajá

Foto : © José Zeferino (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande, José Zeferino, ex-Alf Mil At Inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74 (1)

Assunto - Comentário de Abreu dos Santos ao post 2565, de José Zeferino (2)


Caros camaradas da Guiné e tertulianos:


A propósito do referido comentário e sem querer nem procurar qualquer tipo de protagonismo ou polémica, tenho que referir o seguinte:

(i) Não tive conhecimento de qualquer espécie de coluna motorizada de Bambandica com o objectivo de contactar o PAIGC. Mas não me admiro que estivesse a ser preparada.

(ii) As únicas viaturas militares presentes no dia 15 de Maio de 1974 no Jagarajá pertenciam ao Xitole.

(iii) Para a instalação da segurança da coluna para Cambessé saíu do Xitole o 4º GC comandado pelo alferes Luís Aguiar, apeado, e procedendo à picagem até ao Jagarajá.

(iv) Um outro grupo de combate, creio que o 2º, seguia-o em dois unimogues e a alguma distância.

(v) O 3º GC, o meu , de reserva, chegou ao local praticamente no fim da emboscada.

(vi) O procedimento para lá do pontão [do Rio Jagarajá], portanto na zona da 1ª CCAÇ, de Mamsambo , não foi analisado por mim, nem o podia ser.

(vii) Quando se desencadeou a emboscada – não uma simples flagelação, como se pretende – o alferes Aguiar acciona uma mina ao procurar abrigo nas árvores, tendo ficado sem uma perna.

(viii) O comandante da milícia de Cambessé também faz detonar uma mina que lhe amputa um pé.

(ix) Logo atrás, no começo da descida para o rio, o soldado - já confirmei que não era cabo, pelas minhas notas - de transmissões Domingos Ribeiro é atingido por fogo directo, no peito, ao tentar posição que lhe permitisse contactar com o quartel. Já depois de ter estado bem abrigado do fogo inimigo.

(x) Tive conhecimento de um soldado morto na zona de Mamsambo mas não confirmei as circunstâncias. Creio que se prestava para fazer fogo de LGF.

(xi) Assinala, ainda, Abreu dos Santos um morto da 3ª CCAÇ do 4616/73. Em consequência deste ataque de 15 de Maio no Jagarajá? É que não me recordo de ter visto algum camarada da 3ª CCAÇ na zona do Xitole, nem em Mamsambo. A 3ª CCAÇ do nosso Batalhão estava posicionada em Farim e K3.

(xii) Seja : os camaradas mortos, de imediato ou não, e feridos do Xitole NÃO SALTARAM APRESSADAMENTE DAS VIATURAS PROVOCANDO A DEFLAGRAÇÃO DE MINAS.

(xiii) Uma referência ainda aos “disparos longínquos”: Os nossos batedores, guias e picadores - entre eles o Jargas , de quem envio uma foto – responderam ao fogo IN em plena picada. Mais tarde, quando da entrega do quartel ao PAIGC, e já à civil , reconheceram elementos das forças que nos tinham atacado em 15 de Maio no Jagarajá.O reconhecimento visual foi recíproco. Lembravam-se, gracejando, que tinham disparado uns contra os outros. Estavam a alguns metros uns dos outros.

(xiv) Gostaria, por fim, de ver comentários de camaradas que estiveram naquele dia lá. Pois posso ter omitido, sem querer, qualquer facto. E até desconhecer outros. Natural. Foi há 34 anos!

Assim caros editores deixo nas vossas mãos o tratamento que optarem por dar a este mail. Seja qual for, concordo.

Com os melhores agradecimentos e cumprimentos e esperando regressar ao vosso convívio com relatos mais agradáveis .

José António dos Santos Zeferino

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Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2565: Tabanca Grande (57): José Zeferino, Alf Mil At Inf , 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74)

"(...) No dia 15 de Maio de 1974, na zona do Rio Jagarajá, limite de actuação das forças do Xitole, fomos alvo de uma violenta emboscada que nos causou dois mortos (um alferes e um cabo de transmissões), um ferido grave (o Comandante da Milícia de Cambessé) e uns, poucos, feridos ligeiros. Procedia-se à segurança de uma minicoluna com materiais de construção para Cambessé. (...)"


(2) V d. poste de 21 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2568: Historiografia de uma guerra (2): Maio de 1974, Sector L1 (Bambadinca): Os nossos quatro últimos mortos (Abreu dos Santos)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2565: Tabanca Grande (57): José Zeferino, Alf Mil At Inf , 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74)


José Zeferino
ex-Alf Mil At Inf
2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616
Xitole
1973/74



1. Em 19 de Fevereiro de 2008, José Zeferino dirigia-se ao Blogue com esta mensagem:

Caros Luís e camaradas da Tabanca Grande:

Há já vários meses que frequento as vossas páginas com a certeza de que seria inevitável propor-me para me juntar a todos vós nesta vossa e, espero que o possa dizer nossa, Tabanca.

Chamo-me José A.S. Zeferino, sou de 1952, e actualmente Técnico de Estatística, no Instituto Nacional.

Fui Alf Mil At Inf na Guiné, fazendo parte do 3.º Gr Comb, da 2ª CCAÇ (Xitole), do BCAÇ 4616/73 (Bambandinca)

O Batalhão começou a chegar a Bissau a 22 de Dezembro de 1973. Estava completo a 5 de Janeiro de 1974, no Cumeré.

Nesta minha primeira intervenção creio que tenho o dever de rectificar a afirmação, em documentário da RTP1 sobre a Guerra, de que o último combate na Guiné teria acontecido em 26 ou 27 de Abril de 1974.

Mas, no dia 15 de Maio de 1974, na zona do Rio Jagarajá, limite de actuação das forças do Xitole, fomos alvo de uma violenta emboscada que nos causou dois mortos (um alferes e um cabo de transmissões), um ferido grave (o Comandante da Milícia de Cambessé) e uns, poucos, feridos ligeiros.

Procedia-se à segurança de uma minicoluna com materiais de construção para Cambessé.

No dia 30 de Maio de 1974 são detectadas e levantadas minas antipessoal e anticarro reforçadas com granadas de RPG. Foram colocadas depois da emboscada de 15 de Maio

Na noite de 5 para 6 de Junho, o quartel do Xitole foi alvo de tentativas de infiltração. Detectadas pelas sentinelas. Foi morto um elemento atacante.
Se tiver oportunidade voltarei a este incidente.

Por fim, no dia 15 de Junho de 1974 e na sequência de um patrulhamento para além da ponte dos Fulas [, sovre o Rio Pulom,] foi avistada, pendente de uma árvore, uma carta com um maço de tabaco Nõ Pintcha e um isqueiro.
Convidava o Capitão a reunir-se, nesse mesmo dia, nessa mesma picada, com os Comandantes e Comissário Político do PAIGC na zona.

E acabaram, assim, as operações militares no Xitole, nesse mesmo dia.

Por agora envio-lhes, além das minhas fotos de ontem e de hoje, uma da festa da entrega do quartel do Xitole feita à noite na povoação. Estou com dois jovens comandantes do PAIGC


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > 15 de Junho de 1974 > Xitole> José Zeferino no dia da festa da entrega do aquartelamento, com dois Comandantes do PAIGC

Foto : © José Zeferino (2008). Direitos reservados.


As melhores saudações para todos que combateram, de ambos os lados, na Guiné.

As maiores felicitações e admiração para o Luís e camaradas por terem levado e continuarem a levar para a frente esta tertúlia luso-guineense.

José António dos Santos Zeferino

e-mail: josezeferino@netcabo.pt

2. Em 20 de Fevereiro foi enviada mensagem ao Zeferino nos seguintes moldes:

Caro José Zeferino:

Os meus cumprimentos e votos de boa saúde.

Podes considerar-te desde já e enquanto quiseres, membro da nossa Tabanca Grande.
É com muito prazer que te recebemos. Fizeste muito bem em vir até nós.

Fizeste parte da geração de combatentes que fechou a guerra. Pena foi que tenham morrido camaradas já depois do 25 de Abril, como nos dás conta. É inglório que um Batalhão com tão pouco tempo de comissão tenha a lamentar baixas. Ainda bem que tudo acabou.

Esperamos de ti algumas resenhas das tuas experiências na Guiné, se possível acompanhadas de fotos ilustrativas.

Parece que ainda estás profissionalmente no activo, mas deixo-te o convite, caso tenhas disponibilidade, para apareceres no dia 6 de Março pelas 14,30 horas, na Sociedade de Geografia (julgo que moras em Lisboa) onde poderás conhecer alguns elementos da nossa Tertúlia.

Recebe um abraço de boas vindas de todos os camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Carlos Vinhal